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CAPITULO 7 MINERACAO E TRATAMENTO DAS MATERIAS-PRIMAS INTRODUGAO A mineragao e tratamentos preliminares das matérias-primas sio ope- ragdes importantes na producio de produtos ceramicos, sendo portanto apresentada neste capitulo uma breve exposigao. No passado, a mineragiio de argilas era freqiientemente feita em pe- quena escala e os métodos utilizados eram antiecondmicos quando com- parados com aqueles usados na mineragéo dos metais. No entanto muitas minas estao usando agora métodos eficientes, de maneira que o custo de uma tonelada de argila atualmente é um pouco mais alto do que era uma geragao atras, apesar do grande aumento na velocidade de aumento de salarios. Tém-se feito grandes progressos nos métodos de tratamento para ofe- recer ao consumidor um produto puro e uniforme; tomem-se como exemplo caulins lavados e feldspatos moidos. Por outro lado, como os depésitos de matérias-primas de primeira qualidade esto sempre esgotados, deve ser dada atengao a purificagdo de depositos de menor qualidade. MINERAGAO Mineragdo a céu aberto. A maioria das argilas € minerada a céu aberto, apos a remogao da camada estéril e aproveitamento da camada de argila itil. Essa remogio é feita por meio de escavadeiras trabalhando em uma face, ou, em algumas minas, por tratores ou aplanadores mecanicos de grande apacidade. A profundidade maxima econdmica da camada estéril depende da espessura e do valor da camada de argila subjacente. Essa camada de argila pode ser removida por meio de escavadeiras, aplainadores ou por detonagao, no caso de materiais duros. A argila ¢ geralmente transportada a fabrica por caminhées, de preferéncia ao transporte ferroviario. Em alguns casos, Cc ___ Te Te cy os © Camada de argi de caulim inglés em Cornwall; (b) remogaio de argila refrataria na Alemanh “mogao do caulim da Georgia com escavadeiras; (d) remog&o de uma argila (folhelho) com um aplanador; (¢) remogao de argila do tipo ball-clay com equipa- mento de remogio de terra _ (c) re- dura mineracdo ¢ tratamento das matérias-primas ° 87 como, por exemplo, em Cornwall, a argila é desagregada e recolhida em um poco coletor por meio de um jato de agua. A Fig. 7-1 mostra segdes de um numero de operagées tipicas de mineragao de argilas. Materiais mais duros como quartzitos, feldspatos ¢ cianitas sio mine- rados pelos métodos usuais de perfuragdo e detonag&o. Areias para vidros siio geralmente removidas hidraulicamente. Métodos subterrdneos. Argilas subjacentes a lengdis ou camadas de carvao (coal measure clays) sio mineradas a partir de camadas profundas, usando os métodos convencionais de perfurar com sondas até a profundi- dade necessaria e construir um tunel até um nivel adequado. Como em toda mineragiio, deve ser feito um plano cuidadoso, baseado na perfuracdo com brocas de diamante. Construgao de madeira bem escorada, linha férrea e limpeza sio essenciais para uma operaco eficiente. METODOS DE COMINUICAO Teoria. A reducio das dimensées (cominuicgdo) por subdivisio de uma particula em duas ou mais partes se da de varias maneiras, como mostra a Fig. 7-2. Em (a). a fratura ocorre sob simples compressio se o material é fragil e, em (b), pela compresso por impacto ou choque. Em (c), a fratura se processa por um impacto com energia insuficiente para fraturar a pega inteira, porém suficiente para remover uma pequena aresta. Fraturamento pode ocorrer como o resultado do choque de uma particula com outra a alta velocidade, como em (d). Em alguns casos (e), ocorre subdivisio por abrasiio. No tiltimo caso (f), ocorre uma raspagem em materiais moles quando um dente afiado corta um fragmento. Na pratica é impossivel dividir ma- quinas de cominuicdo em grupos rigidos, tal como aqueles acima mencionados, pois, na maioria dos casos, muitas das agdes ocorrem simultaneamente. thf (a) tb) fe) ry te Figura 7-2. Principios de cominuig&o: (a) compressio; (b) impacto por compressiio; (c) desgaste nas arestas (nibbling); (d) impacto; (e) abraso; (f) raspagem (shredding) Em geral, a energia requerida para fragmentar uma porgao do material é proporcional 4 nova area especifica produzida; assim, o tempo e a poténcia gastos aumentam consideravelmente quando as dimensdes sao reduzidas. A forma das particulas bem como a sua distribuigdo granulométrica variam com o material e com o tipo de maquina. S4o ainda necessarios muitos estudos para se obter um panorama completo do processo de cominuigio. Britador de mandibulas (“jaw crusher”). Como mostra a Fig. 7-3(a), 0 britador de mandibulas é semelhante a um quebrador de nozes, no qual te) a (el f @ thi @ i te 0 (mi to fo) (e fq ‘I ® Figura 7-3. Equipamento para cominuigio: (a) britador de mandibula; (b) britador giratorio; (c) britador de cone; (d) britador de rolo macio; (e) britador de rolo den- tado; (f) britador de rolo simples: (g) laminador; (h) galga seca: (i) galga molhada (j) laminador B e W: (k) britador de cilindro anelado: (I) britador ¢ (m) ventoinha; (n) pulverizador a vapor; (0) moinho de bolas para composig&o de massas; (p) moinho continuo de bolas; (q) britador com rolos tubulares; (r) moinho de rolos. (s) moinho de bola vibratéria; (t) moinho de frigio arte jo @ tratamento das matérias-primas . 89 os. fragmentos sao triturados entre uma mandibula fixa e outra mével. Tais maquinas sio importantes como trituradores primdrios, recebendo uma alimentagao de fragmentos de 30 cm de didmetro (1 pé) ou mais, reduzindo-os a 2,5-7,5 cm (1 a 3 polegadas) de diémetro. A capacidade pode atingir 100 toneladas por hora. O material de alimentagao pode ser duro ou semiduro. Britador giratorio (“giratory crusher”). Como mostrado na Fig. 7-3(b), essa maquina tem a mesma ago do britador de mandibulas, uma vez que © cone interno oscila como resultado de um movimento circular do eixo central. E usado para materiais quebradigos, como magnesita e calcario, e tem capacidade para algumas centenas de toneladas por hora. Britador cénico (“cone crusher”). Essa maquina, como mostrado em (c), obedece ao mesmo principio que as anteriores, exceto que o cone tem um Angulo mais obtuso para dar uma Area de descarga maior. E muito usada para moagem de feldspato. Reduz o material ao tamanho de 20 meshes (aber- tura de 0,833 mm) e tem uma capacidade para 10 toneladas por hora. Moinho de cilindros (“roll crusher”). Esse britador (d) é usado para tri- turar chamota e outros materiais quebradigos de 1 polegada até 8 meshes (abertura de 2,362 mm) de diémetro ou menos. A compressio é continua e sido comuns capacidades até 10 toneladas por hora. Moinho de cilindros dentados (“toothed rolls”), Nesse caso (¢),-0s rolos so rugosos ou dentados e um gira mais rapidamente que o outro. Como nao apresenta tendéncia a parar por entupimento, esse moinho é usado para materiais moles, como os torrdes de argila. A capacidade é grande, chegando a cerca de 180 toneladas por hora. Moinho de cilindro simples (“single roll crusher”). Esse moinho, mos- trado em (f), tem grande capacidade e é usado para materiais de dureza entre média e mole como, por exemplo, calcdrio. Moinho de rolos (“roller mill”), Como mostrado em (g), esse 6 um moinho de rolos no qual a presstio de moagem é exercida pela forca centrifuga. E usado para materiais semiduros e moles, podendo produzir materiais com granulometria correspondente a 325 meshes (abertura de 44 microns) em alguns casos. Pulverizador de bolas (“ball pulverizer”). Esse moinho (j) ¢ semelhante a um grande rolamento de esferas, sendo a moagem executada entre as esferas e as canaletas das esferas de rolamento. E usado principalmente para obter carvao pulverizado, sendo porém recomendado também para materiais moles como bauxito. Galga a seco (“dry pan”). Essa maquina (h) é usada na indastria cera- mica para moer quartzito para refratario de silica (ganister), chamota, folhe- lho ou xistos argilosos ou argila refrataria, tipo flint (silex ou pederneira). HA, porém, muitas modificagées. Em geral, a carga ¢ alimentada sob as galgas 90 . introdugao tecnologia cerémica por grades (plows) e os finos passam através as placas perfuradas (que agem como peneiras) em um processo continuo. Sio produzidas em varios tama- nhos, podendo uma maquina grande ter 3 metros de didmetro e moer 50 toneladas por hora. Galga a timido (“wet pan”). Essa maquina (i) é semelhante a citada ante- riormente, porém & usada para misturar e moer misturas timidas de solidos. Moinho de martelo (“hammer mill”), Esse moinho (I) ¢ usado para mate- riais quebradi¢os. Uma série de martelos golpeia o material, alimentado continuamente, reduzindo-o até que passe através uma placa perfurada. A capacidade do moinho pode alcangar até 150 toneladas por hora. Britador de cilindro anelado (‘‘ring roll crusher”). Esse britador, como mostrado em (k), é semelhante ao anterior, exceto na forma dos martelos. Desintegrador (“dust blower”). Essa maquina (m) é um ventilador cen- trifugo robusto usado para quebrar torrdes de argila ou “bolos” de filtro- “prensa na preparagdo de pds secos para moldagem por prensagem. Pulverizador a vapor (“steam pulverizer”). Nesse tipo unico de moinho (n), as partes ndo se movimentam. A cominuigdo ocorre como um resultado do impacto e abrasio das particulas umas sobre as outras e do revestimento. Produz moagem fina e age como classificador. Todavia 0 consumo de vapor por tonelada é alto. - Moinho de bolas (“ball mill”). Esses moinhos sao usados na industria ceramica para moagem fina de materiais como quartzo, feldspato e clinquer de cimento portland. Podem ser usados no estado seco ou tmido. A forma mais simples (0) é um cilindro oco revestido com porcelana ou pedra e con- tendo esferas duras e resistentes. Quando o cilindro gira, as bolas chocam-se umas com as outras e moem o material entre elas. A eficiéncia da moagem depende de muitos fatores tais como velocidade de rotag&o, tamanho das bolas, densidade das bolas, e quantidade de carga. Um outro tipo de moinho pode ser usado continuamente, como mos- trado em (p). A forma cénica segrega as bolas de diferentes tamanhos para a moagem eficiente. Um outro tipo conhecido como moinho tubular (tube mill) (q) € usado para moagem continua. O moinho de barras (rod mill) (r) emprega barras de ferro ao invés de bolas. E amplamente usado para minérios, porém tem pouco emprego em ceramica devido 4 contaminagao por ferro. Ha um novo tipo de moinho vibratorio (s) que vibra a massa de bolas a alta freqiiéncia para uma moagem fina e rapida. Moinho de bolas normalmente méi abaixo de 200 ou 325 meshes (74 ou 44 microns) podendo ser obtidos tamanhos abaixo de 5 microns. Um moinho tipico para feldspato pode ter um cilindro com cerca de 2 metros de didmetro e 3 metros de comprimento interno. Necessita de 85 Hp, utiliza mineraco @ tratamento das matérias-primas « 91 um diametro 3/4 de polegada para alimentagio e entrega | tonelada por hora de 90% de material abaixo da peneira n.” 325. Moinhos de fricedo ou atrito (“rubbing mills”), Esse tipo de moinho é mostrado em (t). Pedras pesadas sao arrastadas sobre uma base de pedra e desintegram pelo atrito a mistura tmida. Tem pouco uso. Outra modali- dade € 0 moinho de disco, constituido por duas placas circulares com sulcos paralelos, uma fixa e outra girando com velocidade elevada; € muito usado para moagem de argila seca até po ou moldagem sob pressio de diametro inferior a 80 meshes (0,175 mm). CLASSIFICAGAO GRANULOMETRICA DE PARTICULAS Peneiras. A classificagao granulométrica de particulas é feita por meio de peneiras abaixo de 15 meshes (0,124mm) ou, em alguns casos, abaixo de 325 meshes. Essas peneiras sio usualmente feitas de arame de bronze; formam uma série (no caso a série tyler) mostrada na Tab. 7-1. As peneiras mais grossas sio geralmente feitas de placas perfuradas ou grelhas, como mostra a Fig. 7-4. O perfil trapezoidal ilustrado é atil para evitar o entupimento das pe- neiras ou grelhas. OC Figura 7-4, Peneiras pesadas com aber- BO CE turas , KEELE Recentemente foi possivel aumentar bastante a eficiéncia de qualquer peneira aquecendo o arame por corrente elétrica. Isso evita o entupimento e aumenta a vida da peneira. Peneiras de seda ou nailon (silk screens) sdo geralmente usadas para materiais abrasivos finos, uma vez que elas duram mais que as peneiras de metal. Para fornecer um escoamento constante do material através da peneira, © suporte deve ser vibrado de algum modo. Sao usados varios tipos de vibradores, alguns dos quais séo mostrados na Fig. 7-5. O peneiramento pode ser feito por via imida e por via seca, porém, para materiais muito finos, 0 peneiramento por via umida € 0 mais eficiente. Varias peneiras sio geralmente superpostas, com as mais grossas colocadas na parte superior, a fim de separar o material em varias classes e evitar sobre- carga nas peneiras mais finas. Classificadores de ar. Quando se usa o produto final no estado seco, é mais econémico moer a seco para evitar as despesas de secagem final. Por- tanto produtos como quartzo ou areia de granulometria fina para uso cera- mico (flint) e feldspato sio moidos a seco. Durante a moagem, se 0 pro- cesso € continuo, os finos so carreados do moinho por uma corrente de ar ou levados por um transportador mecAnico. Eles séo colocados num classificador, 0 qual retira o material grosso para retornar ao moinho; entdo os finos so levados ao armazenamento (silos). 1,050 26,67 0,888 22,43 0,742 18,85 35 0,624 15,85 0,120 0,525 13,33 0,105 0,441 11,20 0, 105 0,371 9,423 0,092 0,312 7,925 24 0,088 0,263 6,680 3 0,070 0,221 5,613 3 0, 065 0,185 4,699 4 0,065 0,156 3,962 5 0,044 0,131 3,327 6 0,036 0,110 2,794 7 0.0328, 0,093 2,362 8 0,0320 0,078 1,981 9 0,0330 0,065, 1,651 10 0,0350 0,055 1,397 2 0,0280 0,046 1,168 “ 0,0250 0,0390 0,991 16 0,0235 0,0328 0,833 20 0,0172 0,0276 0,701 4 0,0141 0,589 28 0,0125 0,495 32 0,0118 0,417 35 0,0122 0,351 42 0,0100 0,295 48 0,002 0,246 60 0,0070 0,208 65 0,0072 0,175 80 0,056 0,147 100 0,0042 0,124 15 00038 0,104 150 0,026 0,088 170 0,0024 0,0021 A velocidade de sedimentagio das particulas finas no ar ou na agua é dada pela lei de Stockes, como segue: = 2 P=?) 9 4 v ’ admitindo esferas ou esferas “equivalentes”. Nessa equagdo, p, é a densi- dade das particulas sélidas, p, é a densidade do fluido, r é 0 raio da particula en €a viscosidade do fluido. Na Tab. 2 so mostrados valores de v, obtidos pelo uso de valores adequados das constantes. minerago @ tratamento das matérias-primas 93 Mot P08 88, Alimentagio =! Peso descentrado — Excéntrico, 600 rpm Grosso Fino Fino Alimentacao Vibrador elétrico Muito fino Grosso Fino Figura 7-5. Varios tipos de peneiras Tabela 7-2. Velocidade de sedimentacio das particulas no ar e na gua Velocidade de sedimentagio, m/s ‘Tamanho da particula em didmetro esférico equivalente em microns nou NE 1 0.0077 0,000082 2 031 0.00032 5 019 0.0020 10 077 0.0081 25 48 0.030 44 (malha 325) 15 0.16 74 (malha 200) 2 os 104 (malha 150) aI 087 Se uma coluna de ar ou de Agua carregada de poeira estiver subindo verticalmente num cilindro, particulas que tiverem uma velocidade de sedi- mentag&o menor que a do fluido ficardo na parte superior do cilindro, e aquelas com um maior valor ficarao no fundo. Apés 0 equilibrio ser alcancado, verifica-se uma divisdo nitida em duas fragdes de tamanhos de particulas. Esse é 0 principio do elutriador, que ¢ uma importante maquina para clas- sificagdo granulométrica. Geralmente a classificagdo é apressada pela aio introdugo tecnologia cer8mica Alimentagao —_ Separador de po Js Material magnético a Alimentagao Ny Retorno da fracdo grossa Raspadeira helicoidal 395 rpm Le Carcaca, 900 rpm 1.800 rpm — > Barbotina Alimentagao Finos ou ‘gua Areia grossa ou argila Figura 7-6. Operagdes de classificagao: (a) moinho continuo de bola, com separador de ar: (b) separador magnético; (c) centrifuga desaguadora; (d) dispersor de alta velo- cidade; (e) classificador dorr tipo taga mineraco @ tratamento das matérias-primas 95 centrifuga do classificador de ar. Um sistema tipico de classificador de ar conectado com 0 moinho de bola é mostrado na Fig. 7-6(a). Classificagéo por dgua. Esse método é semelhante a classificagéo por ar, exceto que o meio de dispersio ¢ agua. E usado comumente para eliminar o material grosso do caulim. Na Europa, grande parte do quartzito (flint) e feldspato ¢ moida a umido e classificada continuamente pela sedimentacio em agua. Na Inglaterra, o caulim é lavado, passando uma barbotina (slip) contendo cerca de 2% de sdlido a uma velocidade de 30 a 60 cm/s através de longas calhas, chamadas “micas”, que contém sulcos ou canaletas, onde a areia (grit) e a mica sao retidas. O caulim é entdo sedimentado em grandes tanques ou filtro-prensa para remover a agua. Um outro método de lavagem consiste em passar a barbotina agitada e bem defloculada através de um classificador cilindrico, como é mostrado na Fig. 7-6(e). Consiste num grande tanque raso com um fundo cénico. A medida que a areia sedimenta, uma raspadeira de rotagdo lenta empurra-a para dentro do orificio no centro do fundo enquanto a barbotina limpa passa pelos bordos para uma calha, onde é floculada e alimentada a um classificador semelhante, porém maior para eliminagao da agua. Um clas- sificador de 7,5 metros de diametro, com uma barbotina de 2% de sdlidos, eliminaré a areia de 50 toneladas de caulim ou argila por dia, com cerca de 3% de perda de argila ou caulim. Um outro tipo de classificador para lavagem de argila € a centrifuga continua. A Fig. 7-6(c) mostra uma segao transversal dessa maquina. A arcia & arremessada 4 superficie interna do recipiente, sendo raspada na extre- midade de menor didmetro do recipiente, enquanto a barbotina lavada é langada através dos pequenos furos na extremidade de diametro maior. Uma centrifuga de 90cm de diametro, movimentada por um motor de 15 HP a uma velocidade de 1400 rpm, livrara de areia 10 toneladas de argila (seca) por hora. A argila limpa pode, ento, ter a agua retirada, pas- sando-a através uma outra centrifuga trabalhando em velocidades maiores. E necessario um sistema de rolamentos bem construido para dar a velocidade diferencial lenta para o raspador ou agitador. O fluxograma no final do capitulo mostra alguns desses processos. DESINTEGRAGAO E necessdrio individualizar as particulas dos argilo-minerais da argila, pois os cristais ttm dimensdes pré-determinadas pelas condigdes naturais de formagio. Isso € condig&o preliminar de qualquer processo de lavagem ou, as vezes, para preparar uma barbotina a partir dos “bolos” de argila retirados do filtro-prensa. Isso é feito a tmido em um misturador de hélices, as vezes denominado agitador ou dispersor (blunger). Essa operagao era feita em tanques cilindricos nos quais pas com movimento circular lento ee ti nn nn el 96 introdugdo & tecnologia ceramica eram fixas a um eixo vertical. Os tipos mais modernos usam um motor com grande velocidade, que circula a barbotina e desagrega rapidamente os “bolos” ou torrdes, como mostra a Fig. 7-6(d). TRATAMENTOS QU{iMICOS Matérias-primas ceramicas, exceto para as substncias quimicas usadas em vidrados ou esmaltes ceramicos (glazes) ou refratérios especiais, sio raramente tratadas quimicamente devido ao custo adicional. A magnesita (magnésia) da égua do mar ¢ uma exceciio, a qual ¢ agora produzida em grandes quantidades, como é mostrado no fluxograma da Fig. 7-12. Na Europa, as areias para vidro sio, as vezes, tratadas para remover © ferro, enquanto que, nos Estados Unidos, alguns caulins empregados na industria do papel sio branqueados com hidrossulfito de zinco. Os materiais para alguns dos refratarios especiais e para ceramica nuclear sdo produzidos quimicamente, por exemplo, alumina, magnésia, zircénia, torio e titania, berilios e 6xidos de uranio. Porém, como esses processos ainda representam uma fragdo pequena em volume na industria ceramica, nao serio discutidos neste livro. SEPARACAO MAGNETICA Esse método é largamente usado, especialmente para remover ferro ou minerais de ferro encontrados em feldspatos. E mostrado na Fig. 7-6(b) um corte transversal de um separador magnético de alta intensidade. Minerais com baixas susceptibilidades magnéticas podem ser retirados pelo intenso campo gerado. Uma unidade relativamente pequena poder tratar 2 a 4 toneladas de feldspato por hora, com um consumo de apenas 1 kwh por tonelada. Naturalmente, é necessdrio moer o mineral até uma granulometria suficientemente fina para liberar os gros magnéticos. Por outro lado, material muito finamente dividido nao passa através de um separador magneético facilmente por causa da aglomeracao ou empelotamento (caking) e escoa- mento irregular. FLUTUAGAO PELA ESPUMA (FROTH FLOTATION) Nos ultimos 25 anos, os métodos de flutuagao tém revolucionado o tratamento de minérios de interesse industrial. O método consiste em mis- turar o minério finamente dividido, suspenso em Agua com um agente espu- mante, havendo uma adsorgao diferencial na superficie das bolhas entre as particulas do mineral util e as particulas da ganga. Um ou outro flutua na superficie e € removido, como mostra a Fig. 7-7. No campo ceramico, n&o se tem usado flutuagdo em grande escala na produgao industrial, embora se tenha realizado um grande niimero de pes- quisas com varios minerais. Atualmente, a industria de feldspato usa flutuagdo Para remover quartzo do feldspato e fluorita de pegmatito (cornish stone). minerago @ tratamento das matérias-primas Figura 7-7. Flutuagdo pela espuma de- vido & adsorgao seletiva de bolhas sobre um dos minerais em suspensio Também lamelas de micas sdo flutuadas de areia e quartzo como um sub- produto da lavagem do caulim. Parece razoavel esperar que durante os préximos dez anos os métodos de flutuaciio serao usados cada vez mais na industria ceramica. FILTRACGAO, Remogio de agua por filtragao é uma pratica comum na indistria cera- mica porque permite eliminar os sais soliiveis. O filtro-prensa de placas é de uso geral, porém filtros continuos do tipo tambor (com vacuo tipo Oliver) séo recomendaveis para grandes produgdes. SECAGEM A secagem dos “bolos” de argila lavada e retirados do filtro-prensa é ainda realizada em barracdes abertos sob condigées naturais, porém em fabricas modernas é feita em secadores rotativos, geralmente do tipo indireto (Fig. 7-8), para evitar contaminagdo pelos produtos da combustio. Gases de escape : Alimentagéo B} | Gases quentes Argila seca Figura 7-8. Seg%io transversal de um secador rota trabalhar com fragmentos de argila ‘0 aquecido indiretamente para Alguns materiais volumosos, tais como “bolos” de filtro-prensa, podem ser secos em vagdes de secadores continuos (tipo tunel) com umidade con- trolada ou em secadores de esteiras. Secagem de barbotinas de argilas por nebulizacdo, feita pela injecdio de uma névoa ou aerosol da suspensio comumente designada por sprav- 98 introdugao a tecnologia cerémica -drying em uma camara quente, tem sido usada para algumas argilas, porém um controle cuidadoso de temperatura é necessdrio para evitar a fragmentagao da estrutura da argila e, assim, subseqiiente redugao de plasticidade. O uso industrial de spray-driers tem aumentado para a preparagdo de massas cera- micas constituidas por esferas, que permitem um escoamento gravitacional bem controlado para prensagem automatica. ARMAZENAMENTO E MANUSEIO As indistrias ceramicas, como a de louga de mesa (whiteware pottery), que usam relativamente pouca quantidade de matérias-primas podem arma- zenar um suprimento por semanas e até meses. Nesses casos, a matéria-prima é recebida de alguma distancia e uma interrupgdo na entrega deve ser evitada. Por outro lado, fabricantes de refratarios e materiais de construgao civil (heavy clay products) ou ceramica vermelha geralmente mineram suas argilas perto da fabrica e usam quantidades tais que o armazenamento de um dia pode ser todo econémico. Nas fabricas de louga da Europa, 0 armazenamento serve a um outro fim, que ¢ 0 amadurecimento das argilas. Em muitas fabricas, as argilas so deixadas*expostas ao ar, por um ano ou mais, para congelarem e derreterem ou para serem molhadas pelas chuvas, e secadas pelo Sol, processo pelo qual, indubitavelmente, sio melhoradas suas propriedades de trabalhabilidade e plasticidade. Contudo essa pratica nfio é sempre benéfica ao processo ceramico. A tendéncia moderna quanto ao manuseio ¢ transporte desses materiais é a de substituir o trabalho manual por transportadores mecanicos como esteiras ou canecas. Nao ha espago aqui para discutir os varios tipos dis- poniveis, mas uma visita a uma fabrica moderna mostrard que sao usados muitos meios para economizar o trabalho manual. Fluxogramas. E fornecido nas Figs. 7-9 e 7-14 um certo numero de fluxo- gramas tipicos para mostrar o processamento tecnoldgico das materias- -primas na industria ceramica. REFERENCIAS Bowles, O., Asbestos ~ Milling, Marketing and Fabrication. U.S. Bur. of Mines, Inf. Cire. 6869, 1935 Burgess, B. C., Milling Feldspars. U.S. Bur. of Mines, Inf. Circ. 6 488, 1931 Garve, T. W., Factory Design and Equipment and Manufacture of Clay Wares, 2." ed. T. H. Randall and Co., Wellsville, N.Y., 1945 Koenig, E. W., “Froth Flotation as Applied to Feldspar”. Ceramic Age, 47, 192, 1946 Ladoo, R. B., Feldspar Mining and Milling. U.S. Bur. of Mines, Repts. Invest. 2396, 1922 al - minoragio @ tratamento das matérias-primas: 99 Riddle, F. 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The MacMillan Company, New York; Collier MacMillan Limited, London, 1966 TDispersor| |, (olunger) |} Aplainador_| de fothelho ea Centrifuga _fapida © Cenuifug lenta Spas Areia grossa etna ‘Armaze- Maquina de ob } jnamento ae | | ensacamento | pam) sacos, Silos de | | | armaze- Cilindros de desintegracao| | Peneira de | matha 200 : “Armaze~ Desinte a Za ¢ grador de sacos Figura 7-10, Fluxograma da produgio de caulim lavado, pelo método europeu P| nament borane! | i 100 introdugdo & tecnologia cerdmica ye Rimaze Kimate= Rimaze= name namento namento lassificacdo} do minério do mineno do minerio em pedacos, fem pedacos lem pedacos jde mandibulas| {| namento nel ‘ensacamento Figura 7-11. Fluxograma do processo de moagem de feldspato TT Forno H rotativo CaCO,+Ca0 + CO, Conchas marinhas | Bombas eee Tanques 1 decantacdo rotativo Agua do mar Agua Agua usada Figura 7-12. Fluxograma mostrando 0 processo da cal na obtengdio de magnésia da gua do mar Peneira Figura 7-13. Fluxograma para a produgio de Britador de mandibulas | = Cela de llutuarso. Rac Rejeito “Pulverizador | Figura 7-14. Fluxograma para produgio de talco pelo proces Ey Moinho ée_| martelos. Peneira | de matha 35! mento de| } fit 101 Forno rotativo| Lee Malha 35-65 para argamassa chamota classificada para ,refratarios [Mesa vibratoria | | (wiifley)

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