01 Trovadorismo: Aspectos Sócio-Culturais nas Manifestações Líricas A Certeza de Vencer CT150108
A religiosidade foi um aspecto marcante da
cultura medieval portuguesa. A vida do povo lusitano Fale conosco www.portalimpacto.com.br
estava voltada para os valores espirituais e a salvação da
alma. Nessa época, eram freqüentes as procissões, além Manifestação artística que ocorre durante a Idade das próprias Cruzadas - expedições realizadas durante a Média. Era composta por poemas que possuíam uma forte Idade Média, que tinham como principal objetivo a relação com a musica. Daí a denominação cantigas libertação dos lugares santos, situados na Palestina e medievais. venerados pelos cristãos. Essa época foi caracterizada por Aspectos da Cultura Medieval uma visão teocêntrica (Deus como o centro do Universo). Trovadorismo foi a Até mesmo as artes tiveram como tema motivos primeira escola literária religiosos. Tanto a pintura quanto a escultura procuravam portuguesa. Esse movimento retratar cenas da vida de santos ou episódios bíblicos. literário compreende o Quanto à arquitetura, o estilo gótico é o que predominava, período que vai, através da construção de catedrais enormes e imponentes, aproximadamente do século projetadas para o alto, à semelhança de mãos em prece XII ao século XIV. tentando tocar o céu. A partir desse século, Na literatura, desenvolveu-se em Portugal começava a afirmar- Portugal um movimento poético se como reino independente, chamado Trovadorismo. Os embora ainda mantivesse laços econômicos, sociais e poemas produzidos nessa época culturais com o restante da Península Ibérica. Desses laços eram feitos para serem cantados surgiu, próximo à Galícia (região ao norte do rio Douro), por poetas e músicos. (Trovadores uma língua particular, de traços próprios, chamada - poetas que compunham a letra e galego-português. A produção literária dessa época foi a música de canções. Em geral feita nesta variação lingüística. uma pessoa culta - Menestréis – músicos - poetas A cultura trovadoresca refletia bem o panorama sedentários; viviam na casa de um fidalgo, enquanto o histórico desse período: as Cruzadas, a luta contra os jogral andava de terra em terra, Jograis - cantores e mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero. tangedores ambulantes, geralmente de origem plebéia - e O período histórico em que surgiu o Segréis - trovadores profissionais, fidalgos Trovadorismo foi marcado por um sistema econômico e desqualificados que iam de corte em corte, acompanhados político chamado Feudalismo, que consistia numa por um jogral) Recebiam o nome de cantigas, porque hierarquia rígida entre senhores: um deles, o suserano, eram acompanhados por instrumentos de corda e sopro. fazia a concessão de uma terra (feudo) a outro indivíduo, Mais tarde, essas cantigas foram reunidas em o vassalo. O suserano, no regime feudal, prometia Cancioneiros: o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o proteção ao vassalo como recompensa por certos serviços da Vaticana. prestados. Essa relação de dependência entre suserano e A POESIA MEDIEVAL PORTUGUESA vassalo era chamada de vassalagem. A produção poética medieval portuguesa pode ser Assim, o senhor feudal ou suserano era quem agrupada em dois gêneros: detinha o poder, fazendo a concessão de uma porção de gênero lírico: em que o amor é a temática constante, são terra a um vassalo, encarregado de cultivá-la. as cantigas de amor e as cantigas de amigo. Além da casta da nobreza e dos servos, havia gênero Satírico: em que crítica aos costumes é a ainda um outro grupo social: o clero. Nessa época, o temática constante, são as cantigas de escárnio e as poder da Igreja era bastante cantigas de maldizer. forte, visto que o clero possuía grandes extensões de CANTIGA DE AMOR terras, além de dedicar-se Nesta cantiga o eu- também à política. Os poético é masculino e o conventos eram verdadeiros autor é geralmente de boa centros difusores da cultura condição social. É uma cantiga mais "palaciana", VESTIBULAR – 2009
medieval, pois era neles que
se escolhiam os textos desenvolve-se em cortes e filosóficos a serem palácios. Quanto à temática, divulgados, em função da o amor é a fonte eterna, devendo ser leal, embora moral cristã. inatingível e sem recompensa. O amante deve ser
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submetido à dama, numa vassalagem humilde e paciente, OBRIGA VOSSA lINDEZA
honrando-a com fidelidade, sempre. Autor: Anônimo O nome da mulher amada vem oculto por força Obriga vossa lindeza das regras de mesura (boa educação extrema) ou para não Na mostra de seus primores compromete-la. (DIZEM que, geralmente, nas cantigas de Que vivo moura d’amores amor o eu-poético é um amante de uma classe social Quem vos vio dama Bayonesa inferior à da dama). Nunca de mi sospeitei A beleza da dama enlouquece o trovador e a falta que meu mal tanto valia de correspondência gera o tormento de amor. Além disso, matai-me já cada dia a coita amorosa (dor de amor) pode fazer o eu-poético que por vida o tomarey desejar a morte. Porque de vossa crueza A CANÇÃO DA RIBEIRINHA fundirey tatos favores (Esta cantiga de Paio Soares de Taveirós é que valhão mais minhas dores considerada o mais antigo texto escrito em galego- que tesouro de Veneza português: 1189 ou 1198, portanto fins do século XII. Segundo consta, esta cantiga teria sido inspirada por D. A CANÇÃO QUEIXA – de Caetano Veloso Maria Pais Ribeiro, a Ribeirinha, mulher muito cobiçada e que se tornou amante de D. Sancho, o segundo rei de Um amor assim delicado Portugal). Você pega e despreza No mundo nom me sei parelha, Não o devia ter despertado mentre me for' como me vai, Ajoelha e não reza ca ja moiro por vos - e ai Dessa coisa que mete medo mia senhor branca e vermelha, Pela sua grandeza queredes que vos retraia Não sou o único culpado quando vos eu vi em saia! Disso eu tenho certeza Mao dia que me levantei, que vos enton nom vi fea! " Princesa, surpresa Você me arrasou Serpente, nem sente Que me envenenou Senhora, e agora? Me diga onde eu vou Senhora, serpente, princesa
Love Song
No mundo ninguém se assemelha a mim / enquanto a
minha vida continuar como vai / porque morro por ti e ai / minha senhora de pele alva e faces rosadas, / quereis que eu vos descreva (retrate) / quanto eu vos vi sem manto (saia : roupa íntima) / Maldito dia! me levantei / que não vos vi feia (ou seja, viu a mais bela). "E, mia senhor, des aquel di' , ai! me foi a mim muin mal, e vós, filha de don Paai Moniz, e ben vos semelha Pois nasci e nunca vi amor d'aver eu por vós guarvaia, E ouço d'el sempre falar pois eu, mia senhor, d'alfaia Pero sei que me quer matar nunca de vós ouve nem ei Mais rogarei a mia senhor valia d'ua correa". Que me mostr' aquel matador
E, minha senhora, desde aquele dia, ai / tudo me foi
VESTIBULAR – 2009
muito mal / e vós, filha de don Pai / Moniz, e bem vos
parece / de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupas luxuosas) / pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi / algo, mesmo que sem valor. FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!