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ar 20 alu- (mas tam- fompanhar eemanente- ‘© conheci- mento que visa ass0- fesbua para fra 08 pro- ido conhe- {NDICE ABREVIADO DOS TEMAS seus est ssinados. 2 bioeletri- 2 biofisica fax a biofi- hhumanos. a capitulo ‘seguinte I. Bioeletricidade oe Biot 1. Biofisica das membranas excitaveis 3 Bem 2. Biofisica da formagao das ondas do eletrocardiograma 60 Bec IL. Bioactstica wumbom | 3. Fisica dos sons 89 ‘oracaso, 0 4. Biofisica da fonacio 102 esse tema 5. Biofisica da audicio 117 a Univer- 6. Fisica aplicada ao estetoscépio 132 ‘se, alguns 7. Biofisica da ausculta pulmonar 141 a 8. Biofisica da ausculta cardiaca 148 p= 9, Biofisica aplicada a ultra-sonografia 158 mente de- 10. Efeitos biolbgicos dos ultra-sons 173 yéqueela shar uma IIL. Biotermologia andamen- fepaanca 1, Biofisica das trocas de calor corporal. 181 Fe edous 12. Termometria clinica 203 | 3 13, Biofisica aplicada a termoterapia 212 - IV. Biomecinica Ee 14, Biofisica da respiragio 219 {lo que se atroscam- V. Bio-dptica ste texto studo ea 18, Biofisica da visio 247 vivel para Eeree VIL Biofisica das radiacBes ionizantes {Porisso, 16, Fisica dos raios X e técnicas radiograficas 275 ‘ede texto 17. Fisica dos radionuclideos 296 pres ica das radiagées ionizantes, 323 aS 19. Dosimetria das radiagbes 341 4a.Como 20, Radioprotecio 352 -sugestao §icanacio- VIL. Técnicas especiais 21. Ressonancia magnética nuclear 365 EG. INDICE GERAL Parte I Bioeletricidade 1. Bioffsica das membranas excitaveis 3 ‘A eletticidade animal 3 CContribuigio de Galvani e de Volta 3. Registro do fendme- no elétrico no coragdo 4 Potencal e corrente de injisia4 Potencial transmembrana 4 A membrana das células 5 Erolucio dos modelos 5 © modelo do mossico fluido 6 Composigi lipidica da membrana celular 6 Fluider da membrana celular 6 Comportamento elétrico passivo da membrana celular 7 Circuito RC 7 Constante de tempo da membrana 7 Correntes de membrana 8 © potencial de repouso 8 campo elétrico no interior das membranas biol6gicas vivas 8 Rigidez dielétrica das membranas biol6gicas 8 Pardmetros elétricos da membrana celular 8 Capacitancia das memibranas 8. Resisténcia das membra- mas 9 A assimetria iénica existente nos meios separados pela ‘membrana celular 9 A suspeita de DEAN 9 ‘A bomba de sédio e potéssio 10 ‘A descoberta da bomba Na/K 10 Experimento de Cald~ ‘well I Localizacio intracelular efciéncia da bomba Na/K 11 Afinidades da bomba Na/K 11 Co-transporte e contratransporte 12 Estrutura da bomba Na/K 12 Isofor- ‘mas da bomba Na/K 13 Modelo da bomba Na/K 13. Re- sgulagéo da bomba Na/K 14 AA difusdo de fons e a formagio do potencial de repouso da membrana celular 14 Potencial de equilibrio de um fon e a equagio de Nest 15 A contribuigo do potdssio para formar o potencial de repouso das celulas musculares 16 (Os experimentos de Hodgkin & Horowicz 16 Experimen- tos com miocéndio de mamifero 16 Fatores que alteram o potencial de repouso 17 As principais correntes iénicas que atravessam a membra- na celular 17 © equivalente elétrico da membrana celular passiva 18 © potencial de agao do axdnio 18 ‘A descoberta do potencial de acio e os primeiros experi- mentos com potenciais de injiria 18 Experimento de Erlanger & Gasser 19 A teoria de Bemstein e 0 “overshoot” 19 (s primeiros resultados obtidos com o microeletrodo de vidro 20 A teoria do sédio e do potéssio 21 O estudo das correntes de membrana com a técnica do “voltage clamp” 21 © modelo de Hodgkin & Huxley e suas equagies 23 Estrutura do modelo 23. “Gating current” 25 Equagies do modelo 25 A excitagio da membrana do axOnio 26 Resposta pasciva 26 Resposta ativa 26 Gradiente ménimo excitador e a acomodagso da membrana 26 © potencial de acio do coracio 27 A resposta elétrica do miocérdio 27 Semelhangas e dessemelhangas com 0 nervo 27. As fases do potencial de ago cardiaco 28 Os componentes e os ‘pos do potencial de ago eardiaco 28 Condutincia da membrana durante o potencial de aco 29 As correntes ‘gnicas que formam o potencial de agio cardiaco 30 CCorrentes marcapasso 31 Caracteristicas eletrofisiolégicas e farmacolégicas dos canais inicos 31 (Os canais de sédio 32 Os canais de cicio 32 Substincias aque alteram as correntes lentas 33. A repolarizacio e os canais de potissio 33. Canais controlados por ligantes 34 Canais de potissio e proteina G 38 Antago- nists decanais 35 PCOse PCCs 35 Canais de dloreto 36 Canais de cloreto ativados pelo AMPe 36 Ca- zais de cloreto tivados pelo calcio 36 Canais de loreto ativades por substincias purinéegicas 36 Canais de clot ativados pelo entumecimento celular 36 Genes “Shaker”, Shab", “Shaw” e “Shal” 37 Doengas provocadas por defeitos estruturais dos canais ‘nicos 37 Doengas provocadas por mutagses do canal de sédio 37 Doengas provocadas por mutagSes do canal de cloreto 39 Doengas provacadas por mutagBes do canal de eélcio 40 Doengas provocadas por mutagSes do canal de potissio 40 ede sesimen nembra- ra 18 experi- xdo de ado 23 sages sfases fa da entes ios stancias ntago- 6 Ca- joreto e cloreto haket”, anais 0” 0 39 © acoplamento celular no miocétdlio 41 © coragio como um sincicio 42 A membrana juncional 42 © acoplamento celular no mioeérdio 42 As estruturas do disco interealar 43 Desacoplamento elétrico no miocérdio 44 Estrutura dos nexi 44 As comexinas45 Permeabilidade juncional 46 Fatores que ‘modulam © acoplamento celular 46 Influéncia do acopla- rento intercelular nas respostas tissulares 48 Constante de espaco 45 A propagagio do impulso elétrico miocdrdico 49 © potencial de aco de membrana 49 O potencial de agio propagado 50. O cireuito local de comente 50 Transmis- sio do impulse elétrico no nédulo atrioventricular 50 Mic ermanatomia do miocardio 50 Bibliografia 52 2. Biofisica da formacao das ondas do eletrocardiograma 60 Introdugéo 60 ‘© fendmeno eletromecinico no coragio 60 Referéncias anatomicas de interesse para a eletrocardiografia 61 ixos do coragio 62 Planos geométricos que servem de referéncia para o estudo da eletrocardiografia 62 A atividade elétrica no miocérdio 62 Fibras cardiacas 62. Vetores de despolarizacdo e de repola- rizaglo 63 Espalhamento do impulso elétrico despolari- zante no coragio 63 Ativagdo e repolarizacao dos dtrios 64 Resultant elétrica 64 Vetoresatriais 64 Ativagio ¢ repolarizagao dos ventriculos 65 ‘As principais fases da despolarizagio dos ventriculos 65 A vvariagdo espacial dos vetores resultantes 65 Orientagio do vetor resultante principal de cada cémara cardiaca 66 Vee torseptal 66 Vetor septo-antero-apial 66 Vetor ventricu- lar 66 Vetor péstero-basal 67 A repolarizagio ventricu- lar67 Captagio dos potenciais elétricos cardfacos na superticie do corpo 67 Volume eondutor 68 Momento de um dipolo 68 Poten- ial produzido por um dipolo 68 Camada dipolar 68 Mo- mento dipolar por unidade de drea 69 Potencial num pponto produzido por uma camada dipolar 69 © cletrocardiégrafo 70 = Os eletrodos 70. © amplifcador &o sistema de registro 70 As derivagies eletrocardiogrdficas 72 Coneeito 71 Derivagées bipolares dos membros 71 As derivagdes unipolares dos membros 72 Central terminal de Wilson 72. Central terminal de Gold- berger 72 RelagGes entre as derivagbes bipolares e unipola- 185 dos membros 73 O cireulo de Einthoven ~ Plano frontal eletrocardiogralicn 73 Derivagées precordiais 73 Registro dos vetores de despolarizacao e de repolatizagio 75 Conceitos em fibra miocardica isolada 75 Registro da despolarizacao atrial 76 Vetocardiograma atrial 76 Formacio da onda P do eletro cardiograma 77 Relagdes temporais da ativacéo supraven- (cicular 77 Registro da repolarizacéo atrial 78 Registro da despolarizagio ventricular 78 Registro da repolarizacio ventricular 79 Ossegmento ST 79 A onda, 0 intervalo QT e a onda U 80 Anilise vetorial dos fendmenos elétricos do corasdo 80 Projegio dos vetores cardiacos nas derivagbes 80 O eletrocardiograma normal 81 Calibracio do tracado 81 0 tragado eletrocardiogré- fico 81 O intervalo QT corrigido (QTe) 82 A duracio da onda P 82 A duracio do complexo QRS 82 A duracio da onda T 83 A amplitude das ondas do ECG 83 Introdugdo a interpretagao clinica do ECG 83 Morfologia das ondlas 84 Medica das duragSes e amplitu- cies 84 Freqiéncia cardiaca 84 Ritmo 84 Anormalidades Ge conducio 84 Eixos elétricos 84 Sinais de hipertrofia da parede muscular ou de crescimento de cavidade car- dliaca 85 Sinais de isquemia ou de infarto 86 Bibliografia 86 Parte Il Bioactistica 3. Fisica dos sons 89 Introdugdo 89 Onda longitudinal e onda transversal 89 Corpo eléstico e corpo plistico 89 Oscilador harménico 90 Propagagio dos sons 91 Velocidade do som 91 Ressonancia 93 Conceito 93 Impedincia e freqiiéncia de ressonsncia de ‘um sistema 93. Ressoador 94. Tubos acisticos 95 Qualidades fisiolégicas do som 96 Altura 96 Intensidade 96 Timbre 97 Modificagdes da onda sonora durante sua propagacao 98 Allteragio da intensidade 98 Espalhamento 99 Reflexdo refragio 99. Resistencia do meio 99 Alteragdo do timbre 99 Classificagao dos sons 100 (Qs sons ruidosos 100 (Os sons explosivos 100 (Os sons musicais 100 Intervalo musical 100 Escala musical 100 Acorde 100 Harmonia 100 Bibliografia 101 4. Biofisica da fonagio 102 acto 75 Introdugao 102 (© aparelho fonador do homem 102 A produgio da voz 103 peletro- ‘Vibragio das cordas vocais 103 Gradiente de pressio 104 lupraven- Flasticidade, tensio das cordas vocais eefeito Venturi 104 Fafores que alteram a voz 104 Cavidades ressonantes 104 ‘Teoria evolutiva para o desenvolvimento da laringe 105 Fale articulada 106 FungSes da laringe 106 Sons larin- _ge0s anormais 106 nda U 80 (Os fonemas 107 y Classificagao dos sons da fala 107 As vogais 107 ‘As consoantes 108 | O controle da vor 109 seo da Coarticulagio 109 Entonacio 110 Otimizagio energética clo da dda voz 110 Modelagem do controle da voz 110 A audicio ea fala IML A restauracio fonética ¢ 0 sombreamento 111 Mecanismos de producio e de controle da vor 112 Teoria mplitu: motora 112 Teoria do alvo 113 Teoria das posigies lidades relativas e do alvo actstico 113 Graus de liberdade do ‘ofa aparelho fonador 113 Distirbios da voz e da fala 113 for Afasia de Brocea 114 Simplificagio do modelo 114 Estu do com os tentilhses 115 Bibliografia 116 5. Biofisica da audi¢io 117 Introdugio 117 ‘Transdugio da energia sonora em animais inferiones 117 Freqiiéncias sonoras audiveis e limiar de audigio 118 Au- Be iograma 18 © aparetho auditivo 119 ‘Ouvido externo 119 Membrana timpénica 19. Regides| timpinicas e misculos protetores da audicio 119 Ouvido médio 120 Ouvide interno 120 E Biofisica da audicio 122 O owvido externo 122 A membrana timpénica 122 O ouvido médio 123 8 Ganho mecinico 123 Casamento de impedancias 123, &. O ouvido interno 125 Potenciais microfénicos 127 Transmissio do som 20 ‘ouvido interno 128, Tipos de surdez 128 Surdez de condugio 128 Surdez sensorineural 129, Sure ez central 129 ‘Testes para distinguir a surdez. de condugao da surdez senso- ' rineural 129 Vias e centros nervosos da audigio 130 Bibliografia 131 SSS 6, Fisica aplicada ao estetoscépio 132 Historia 132. Estetoscépios compostos 133 Caracteristica actstcae partes do estetosedpio flexivel 134 Audigio mono ¢ biauricular 135 Caractersticas actsticas dos receptors 136. Efeito diafragma 136 Comportamento dos dliafragmas e das campanulas 136 receptor de diafragma 137 Campénulas versus diafragmas 138 Eficiéncia da audicéo biauricular 139 Efeitos das dimensdes dos tubos 139 Bibliografia 140 7. Biofisica da ausculta pulmonar 141 Introdugao 141 Foco de ausculta 181 Caracteristicas fisicas dos sons pulmonares 142 Origem dos sons da respiragao 142 Escoamento de fluidos 142 Qs sons normais da respiragio 142 Biofisica dos sons anormais da respiragao 143 Sons na asma eno enfisema pulmonar 143 Efeito Venturi 144 Sopros 20 nivel toricico 146 Atrito pleural 147 Bibliografia 147 8. Biofisica da ausculta cardiaca 148, Introducao 148 ‘Origem dos sons candiacos 148 Propagagio dos sons ‘eardiaces 148 _Altito pericérdico e tamponamento ‘cardiaco 148 Focus da ausculta cardiaca 149 A sistole e a diastole do coragio 149 Fases do ciclo cardiaco 149 (Os sons cardiiacos normais 150 As bulhas cardiacas 150 Os siléncios do ciclo cardiaco 151 Teorias sobre a génese das bulhas 151 A primeira bulha cardfaca (1) 151 A segunda bulha cardiaca ($2) 152 A terceira bulha careiaca (3) 153 A quarta bulha cardiaca ($4)153 Sons anormais do coragao 153 Allteragio de intensidade das bulhas 154 Desdobramento de bulha 154 Soptos 155; COigem dos sopros 155 ClassificagSo dos sopres 155 Os cliques: bulha de ejecdo sistolica e estalido de abertura valvar 156 Bulhas de ejegio 156 Fstalido de abertura valvar 156 Bibliografia 157 Ceracteristica Audigio icas dos prtamento dos fo Venturi 14 ‘nto ardiaco 151 5155 eabertura 156 9. Biofisica aplicada 3 ultra-sonografia 158 Introdugio 158 O principio do pulso-eco 158 Interasio dos ultra-sons com 0s tecidos bioldgicos 158 Exo 0159 Ecoespecular160 Atenuagéo dos ultra-sons 160 Resolugo 161 Resolugio e suas componentes 161 Resolucio axial 161 ‘Resolucdo lateral 161 ‘© equipamento de ultra-sonografia 162 Sistema gerador ¢ receptor de ultra-sons 163 © transdutor 163. Transdutores focalizados e nlo-focali- 2ados 163 Recepsio, amplificagio, compensago e discriminacdo dos cos 164 Processamento de video, conversio A-D e “display” da imagem 165 Exodoppler-ultra-sonografia 168 Ecodoppler pulsado 166 Ecodoppler de alta freqiéncia de repeticio de pulsos 167 Ecodoppler de onda continua 167, Ecodoppler com fluxo em cores 167 Registro da imagem e sincronizagio dos sinais 168 Tipos de ultra-sonografia 168 Molo A168 Modo M168 Modo B 169. Ultra-sonografia 2D, 3D, colorida e contrastada 169 Imagens obtidas pelos ultra-sons 169 Bibliografia 172 10. Efeitos biolégicos dos ultra-sons 173 Efeitos dos ultra-sons 173 Efeito térmico 173 A absorcio de onergia dos ultra-sons 173 Efeitos ndo-térmicos 175 Micromassagem 175 Aumento da permeab membrana cxlular 175. Vasoconstrigio ou vasodilatasio arteriolar 178. Cavitagio e efeitos presséricos 173 Aplicagées clinicas 176 Fatores que influem no aquecimento Sssular 176 Contra-indicag6es.ao uso dos ultra-sons de poténcia terapéu- tica 177 Bibliografia 178 Parte III Biotermologia 11, Biofisica das trocas de calor corporal 181 Introducio 181 Metabolismo basal 181 Temperatura corporal 181 me Termogénese biol6gica 182 ‘Termogénese mecanica 182 © calafrio 182 ‘Termogenese quimica 182 © tecido adiposo marrom 183 Produgio basal de calor 183 Termélise biolégica 184 Vaporizagio 184 Perda de calor corporal por evaporacio 184 RadiagSo 184 Fluxo de calor 184 Poder emissivo 185. A pele como iradiador de calor 185 ‘Convecgao 185 O clima privado 185 Condugéo 186 quagio do fluxo de calor 186 Controle da temperatura corporal 187 Tmportincia do hipotilamo 187 Variacbes circadianas da temperatura corporal 187 Mecanismos de controle da temperatura corporal 187 A regulacSo da temperatura corporal pela termélise 188 As trocas de calor corpo-ambiente 188, Equagio da troca de calor homem-meio 188 Respostas fisiolégicas a temperatura ambiente 188 Influéncia do peso corporal 188 Influéncia do vestuario 190 Fatores que afetam a temperatura da pele 191 Fatores externos 191 Roupa 191 Poder isolante 191 ‘Temperatura e umidade do ar 191 Movimento do ar 192 Fatores internos 192 Catacteristica fisica da pele 192 Cor da pele 192 Circulagio sangiiinea 193 Papel das fistulas arteriovenosas das extremidades na transferéncia de calor 193 Controle vasomotor 198 In- fluéncia dos anestésicos gerais nas trocas de calor 194 Ingestao de alimentos 194 Velocidades de resfriamento e de aquecimento das extremida- des do corpo 195 Umidade relativa do ar e a temperatura das extremidades 196 O estresse térmico 196 Ambientes quentes 197 Respostas corporais ao calor ambiental 197 Caitérios usados para avaliar o estresse pelo calor 197 Re- {gras getais para o trabalho em ambiente quente 198 Alte rashes orggnicas produzidas pelos ambientes quentes 198 de calor 183 como adianas da role da peratura 193 In- 1M sctremida- dades 196 197 Re- 28 Alte nites 198, Estados patolégicos relacionados com ambientes quentes 198 Prevengio de estados morbicios relacionados com os ambientes quentes 200 Ambientes frios 200 Bibliografia 202 12, Termometria clinica 203 Os termémetros 203 Substincias termométricas 208 Termémetro clinic 203 ‘Media da temperatura corporal 204 Formacio da imagem no fermBmetro cinico 204 Conceito de tempera- fara 204 Conceito de calor 204 Primeinos termémetros 205 Escalas termométrieas 208 ‘Temperatura corporal normal, a hipertermia e a febre 206 Determinasao da temperatura corporal 206 Temperatura superficial e profunda 206 Equilibrio e ritmos térmicos do corpo 207 Febre 207 Tipos de febre 208 A sensagio de quente e de frio 209 Sensores témicos 209 Sensagio térmica 209 Condutivi- dade térmica 209 Fluxo de calor 210 Bibliografia 211 15, Biofisica aplicada & termoterapia 212 Introdugdo 212 As fontes de calor 212 “Tipos de fontes ealorificas 212 Reaches fisiolégicas ao calor 213 ‘Agio tissular do calor 213 _Agio sistémica do calor 243 TTermoterapia 213, Uso do calor 214 Efeitos maléficos do calor 214 Aplicagao de calor no corpo inteito 215 Aplicagao de calor localizada 215 Bibliografia 216 ParteIV Biomecanica 14, Biofisica da respiragio 219 Introchugio 219 Aatmosfera terrestre 219 Caracterstcas da atmosfera terrostre 219 © aparelho respiratorio 221 AAs vias aézeas 221 Os palmes 221 Tubos respratsrios @ alvéolos 222 A parede tardcica 222 Mesculos da inspira- $0 222 Miisculos da expiracio 223 Armecinica da respiragio 223 A movimentagdo dos pulmoes 223 Expansio pulmonar e pressio pleural 223A prensa abslominol 223. Freqiéncin resprntérin 224 A pressio pleural 224 Medida da pressio pleural 224 Forga muscular e tamanho do sarcémero 224 Escoamento do ar nas vias aéreas 225 A equagio de Poiseuille 225 Os tipos de escoamento 226 ‘Niimero de Reynolds 226 Forgas envolvidas no escoamen- 0227 Descoberta de Bernoulli 227 Medidas espirogréficas 227 ‘Volumes e capacidades pulmonares 227 Espirometria nas doencas 228 Espirograma 229 Alga fluxo-volume 230 O esforco nas pleuras 231 © comportamento eldstico das estruturas envolvidas com a respiragao 231 A-equacio de Hooke 231. Elasticidade e extensibilidade 232 ‘Comportamento elistico 232 A complacéncia pulmonar 233 Complacéncia pulmonar especifica 233 A tensdo superficial 234 CCaracterizagio 234 Mecanismo formador da tenséo superficial 234 Medida da tenséo superficial 235. Balanca de Lecompte de Noity 235 Capilaridade 235. Valores da tenséo superficial 237 Tensio superficial e temperatura 237 Sabées e cetergentes 237 Substancias tensoativas e tensor redutoras 237 surfactante alveolar 237 Presséo total de retracio pulmonar 257 Experimentos de von Neengaard e de Clements 238 Composigdo quimica ¢ pro- priedades do surfactante 239 FungSes e produgio do sur- factante 239 Mecanismo tensorredutor do surfactante 240, Os experimentos de Laplace 240 Comportamento laplaciano das bothas de sab 241 Sur factante e ventlagio dos alvolos 241. Surfactante @ sindromes patoligicas 241 Controle da respiracio 242 Centros nervosos superiores 242 Bibliografia 243 Parte V Bio-dptica 15. Biofisica da visio 247 Introdugio 247 © otho humano 248, A anatomia do olho 248 Globo ocular 248 Os sensores de uz 252 Movimentos do globo ocular 252 Dimensées 253 Arretina humana 254 Camada de estulas pigmentares 254 Camada de fotorre- ceptores 255 Membrana limitante externa 255 Camada nuclear extema 255 Camada plexiforme interna 255 Ca- mada de eélulas ganglionares 255 Camada de fibras nervosas 255 Memibrana limitante externa 255 © tamanho pento 226 enetria nas me 230 vidas com bilidade 232 5 Balanga ‘alores da veratura 237 ise tensor sntos de von nica e pro- odo sur- fante 240 2a Sur tree cular 252 = fotorre- Camada 285 Ca, Sarum Formagio de imagens A luz 255 Natureza 255 Velocidade 256 Polarizacio 256 Ditra- fo 256 Interferéncia 256. Reflexio 257 Refracio 257, Refringéncia 257 Reflexdo total da luz 258 Decomposigdo da luz branca 258. Trajet6ria do raio luminoso num prisma 259. As lentes 259 ‘A formagao da imagem nas lentes 259 Aimagem 259 Lentes divergentes 260 Lentes convergen- tes 260 Equagio das lentes delgadas 260 Tipos de fentes 260 Poder de convergéncia das lentes 261 A formagao da imagem no olho 261 lho reduzido 261 A adaptacdo e a acomodagao do olho 262 ‘Adaptaclo a luz e acomodagio a distancia 262 Ponto proximo 262 Defeitos épticos do otho 262 Emetropia ametropia 262 Aberragies 263, Dispersio e difracio da luz no olho 264 Defeitos de transparéncia 264 Defeitos de forma 264 Miopia 264 Hipermetropia 264 ; Presbiopia 264 Astigmatismo 265 A visio 265 Deslocamento de Purkinje 265 Referéncia angular para a retina 266 O experimento de Pirenne 266 Adaptacio do lho ao escuro 267 Pigmentos visuais 267 Decomposicio {da rodopsina pela luz 267 Estrutura dos bastonetes e cones 268 Excitacio dos fotorreceptores 269 Bficiéncia quantica da visio 269 As células ganglionares 270, ‘Trajetos visuais 270 Angiofiuoresceinografia retiniana 270 Bibliografia 272 Parte VI Biofisica das radiacées ionizantes 16. Fisica dos raios X ¢ técnicas radiogrificas 275 Histérico 275 ‘A descoberta dos raios X 275 Modificagies na ampola de ‘Crookes 275 As primeiras radiografias 276 Produgio dos raios X 276 efeito termoidnico e a conveesio de elétrons 276 Raios X caracteristcos e “bremsstrahlung” 277 Espectros de cenergia 277 filamento-citodo 277 Taga de focalizagio ‘atédica 278 Metalizacio das ampolas 278 Anodos siratirios 278 Isolamento e filtragem nas ampolas de rags X279 Caracteristicas energéticas dos raios X 279 Familia eletromagnética 279 Fotons 279 Energia trans: portada pelos {tons 280 Fatores que controlam a intensi- dade e a qualidade dos raios X 280 Elementos de um conjunto gerador de raios X 280, Interagio dos raios X com a matéria 281 wv. Espalhamento coerente 282 Efeito fotoclétrico 282 Efeito Compton 283 Producio de par e fotodesintegragao 284 Atenuago 285 Conceito, equagio geral e covfcientes 285 Fatores que interferem com a atenuagio 285 Filtros, restritores e colimadores 286 ‘As grades radiograticas 287 crans de intensificagao 287 Conversdo dos raios X em luz visivel 287. eran de intensiicagio 288 A chapa radiogréfica 288 Corpo radiopaco e corpo radiotransparente 288 Decodif cacao, visualizagio e registro da imagem 288 Filme radiogratico 289 Formagao da imagem radiogréfica 289 Revelagio da chapa radiogréfica 289 ‘A imagem radiografica 290 Contraste 290 ‘Qualidade dos raios X 290 Natureza do objeto e atenuagio do seu entorno 290 Densidade radiolégica 290 Radiografias contrastadas 291 Densidade do objeto 291 Espessura do objeto 292 Fatores geométricos 292 Relagées geométricas entre o tubo de raios Xe objeto 292 Movimentos relativos 293 O filme e 0 seu processamento 293 Espalhamento dos raios X 293 Tomografia 293 “Tomografa linear 293 Pantomografia 294 Bibliogratia 295 Fisica dos radionuclideos 296 Introdugdo 296 Os modelos atémicos 297 Kandda, Democritus, Lavoisier ¢ Dalton 297, Goldstein e ‘Thomson 297 Rutherford, Chadwick e Bohr 297 Einstein 298 Schrdinger e De Broglie 298, ‘A Tabela Periédica dos elementos 299 A descoberta da radioatividade e os tipos de radiagées 299 Primeiras evidéncias 299 Descoberta das radiagdes alts, beta e gama 300 ‘A nomenciatura nuclear 301 Is6topos e decaimento 301 Isémeros 301 Instabilidade nuclear 361 A desintegragao radioativa 302 Acstabilidade nuclear 302 Forgas nucleares 302 Transmutagio 302 Caracterfsticas das radiagies nucleares 303 © decaimento nuclear 303 Lei fundamental da desintegracao radioativa e ativida- de de uma amostra 303, Atividade de uma amostra radioativa 303 Unidades de atividade 304 equ Meia-vida de um radionuclideo 304 Relagfo entre meia-vida e constante de decaimento radioati- vo 304 Representagao esquemética do decaimento 305 ‘ Simbolos e convenes 305 Decaimento alfa 306 Equagio goral do decaimento alfa 306 A particula alfa 306 decode © esquema do decaimento alfa 306 Propagacio das partculas alfa no ar 306 Interagio e destino das particulas alfa 307 "Straggling” 307 © decaimento beta 307 Decaimento por emissio de négatrons 307 Equagio geral do decaimento beta negativo 307 A particu Ia beta negativa eo antineutrino 308 © papel do antineu- ‘rino 308 A emissdo gama acoplada 8 emissio beta negativa 308 O esquema do decaimento beta negative 308 290 Interacio e destino das particulas bela negativas 309 Pro- das 291 pagacio das particulas beta negativas no ar 309 | Decaimento por emissao de pdsitrons 309 Equagao geral do decaimento beta positivo 309A particu- , Ia beta positiva eo neutrino 310 O papel do neutrino 310 ‘A emissio gama acoplada a emissio beta positiva 310 © fesquema do decaimento beta positivo 310 Interacio & destino das particulas beta positivas 310 | Decaimento por captura de elétron orbital 31. | ‘Equacio geral do decaimento por captura de elétron orbi- tal3IL Acconversio nuclear 311 Captara K 311 Elétions de Auger eefeito fotoeletrco intemo 311 Esquema do decaimento por captura de elétron orbital 311 As transigbes isoméricas 312 Conceito 312 Estado metaestavel e emissio gama 312 Resumo da interagdo das radiagGes com a matéria 312 Detectores de radiagio 313, Detectores com cmaras de ionizagio 313 stein e O eletrosedpio de Lauritsen 313, © Geiger-Miiller (GM) 313 Estrutura tos tubos Geiger-Miiller 313 © “quenching” 314 ‘Tempo de resolugio 314 Efeito da tensio eletrica aplicada “a 420 tubo GM sobre a eficincia da contagem 315 Uso dos alfa, contadores GM 315 Cintiladores sstidos 315 Introdugio 313 lidade A teoria da cintilagao 316 Bandas de valéncia, de conducio e proibida 316 Conceito de “buraco” 316 Centros de ativacio de um cristal 317 Importincia dos centros de ativagao para a emissao de f6tons 317 Excitons 317 ceo da luz 317 fulas fotomultiplicadoras 317 Estrutura do tbo ultiplicador 318 res liquidos 318 5 cintiladoras 318 anismo da cintilagéo nos liquidos 319 ciascintiladoras e do “quencher” 319 10 do processo de cintilagdo liquida 320 Jungio pn 321 Alteraglo na jungio pn Pcada por radiagio ionizante 321 Fficiéncia da jcSo de radiacdo por semicondutores 321 radionuclideos 321 22 radiagBes ionizantes 323 a 323, ito e classificagao das radiagSes $23 As primeiras, Jesdes 323 Exposicio as radiagdes nucleares 324 bito de dose absorvida 324 bs Tipos de efeitos produzi- 8 324 Dose limiar e sub Tes © 0s efeitos biolégicos das radiagbes 325 lise da gua e a producio de radicais livres 3 radicais livres 32 pilidade e 0s mecanismos celulares de defesa 326 Jas biolégicos de defess 326 Radiossensibilidade € fatores que a modificam 326 08 das radiagdes 328 le radiolesGes moleculares 328 Restauracdo das es 528 cos das radiagdes 329 yme aguda da radiagSo 330 Efe 0s e nlo-estocisticos 330 Dose letal 331 Res- Jdos sistemas orginicos & dose absorvida 331 cago 329 Sind: 137 em Goisnia (Brasil) 333 aciente contaminado 835 Depoimentos inacSo do radionuck descontaminasio dos tes 336 para 0 tratamento de pacientes com contami: na 338 ubo 319 jo pn 308 produzi- sub- 325 25 Prin: fesa 326 dade das ) Efei- 31 Res: entos > dos tami 19. Dosimetria das radiagdes 341 Definigdes preliminares 341 Energia, trabalho e poténcia 341 A carga elétrica 342 Fluxo e densidade de fluxo de uma radiagio 342 Intensidade de radiacio 343, Atenuagio das radiagbes 343 Coeficiente linear de absorglo 348 Coeficiente de atemuagio de massa 344 Camada semi-redutora 345 Atividade 345 Decaimento radioativo 345 Meia-vida 346 Unidades de exposigao a radiagio 346 Dose absorvida 347 Eieito biol6gico relativo 347 Transferencia linear de energia e fator de qualidade de uma radiagio 348 Dose equivalente 349 Resumos das principais unidades 349 Doses permissiveis 350 Classificagdo das instalagies onde se trabalha com radiagSes ionizarites 350 Organizacdes internacionais responsav das radiagdes ionizantes 350 Bibliografia 354 pelo controle do uso 20. Radioprotegao 352 Introdugao 352 {As fontes naturais de radiaglo ionizante 352 "background” radioativo 352 Fontes externas 352 Radiagio césmica 382 Fontes terrestres 353 Fontes internas 354 Fontes artificiais de radiagdo 354 Resumo da contribuiggo das principais fontes de radiagdo que atuam sobre o homem 354 Limites de exposigio recomendados 355 Protegao contra as radiagbes 355 Objetivos 355 Protesao ractiolégica para os diversos tipos de radlia- oes 356 Raios X e radiagées gama 356 Distincia 356 Blindagem 356 Radiacdes alfa e beta 357 As fontes de radiacio 357 Fontes internas 357 Energia das particulas 357. Tipo de radiacio emitida 357 Distribuigdo do redionuclideo no corpo 387 Taxa de ‘eliminagio do radionuclides 358 Fontes externas: concentragées ambientais méximas permitidas 358 As radiagdes e os riscos & satide 359 Seguranca no uso de material radicativo 359 Simbolo universal de adverténcia 359 Fontes radioativas 359 Controle das fontes radioativas 360 Fontes externas 360 Monitores de ambiente 360 Monitores portéteis 360 Do- simetros de bolso 360 Dosimetros termoluminescentes 360 Fontes internas 360 Regras gerais de seguranca 361 Descontaminagio 361 Vidraria 362 Respingos 362 Bibliografia 362 Parte VII_ Técnicas especiais 21. Ressonancia magnética nuclear 365 Propriedades magnétias dos ncleos 365. Dipato magnéti- c0 3660 campo magntico 366 Campo majnético usedo na IRMN 366. Orientagio paralelae antiparaleln 367 Fre gjiéncia de Larmor 367. componente transversa 368 Angulo “lip” 368 Precessi coorentee vetor magnstico transverso 368. Ressonincia miclar 368. Relaxagao © nutagio do vetor de magnetizagto nuclear 369. Perda da coertncia com a nutacio 369 Inomogeneidade magntica ddo meio 369 DeteeeSo da componente transversal do vetor ‘agnéico nuclear 369 “Fid” ou decaimento livre de indugo 370. Puls de 180° e co dos “spins” 370 Obtengio de imagem por RMN (IRMN) 371 Pulsos RF selativos 372 Definiggo da imagem 372 Imagem por RMN 373 Bibliogratia 374 Indice Remissivo 365 PARTE I Bioeletricidade sagnéti- yusado 1 Fre 58 Btico, ada ‘ética © vetor tengo 37 e Biofisica das membranas excitdveis 60 __Bioffsica da formacao das ondas do eletrocardiograma CAPITULO 1 Biofisica das membranas excitaveis A eletricidade animal Contribuicao de Galvani e de Volta. A geracao de eletricidade por certos peixes jd era conhecida quando LUIGI GALVANI descreveu sua eélebre observagio sobre a contrasao da pata de ra. Galvani ensinava anatomia em Bolonha (Itlia) e PUELLES (1956) conta que, certo dia, quando trabalhava com ras decapitadas e penduradas numa haste de cobre observou que, quando a pata do animal toca- vva 0 ferro de um baledo préximo, os mtisculos se contraam. Conta também uma outra versio. Nesta, Galvani, em 1760, colocou algu- ‘mas rs mortas sobre tum prato metdfico e um dos seus assistentes, usando a maquina eletrostdtica de Ramsden, apticou um choque elétrico sobre uma delas, produzindo contragdo muscular. O fend- ‘meno foi prontamente reconhecido por Galvani como algo especial ea partir daquele momento passou a dedicar-se ao estudo da ele- tricidade animal. Galvani observou que, mesmo sem a aplicacdo de choque elétrico, ‘era possivel obter a contragao dos misculos das patas posteriores da ra. Para isso, eles eram colocados em contato com o nervo lom- bar que, por sua vez, era estimulado por um par bimetdlico (cobre ¢ezinco). Dos seus experimentos, concluiu: “o miisculo eo nerco cons- fituem uma espécie de condensador de uma prépria e peculiar eletricidade que existe em todos os animais vivos”. Galvani acreditava que “nos amuisculos se rete o fluido elétrico, que lago se difnde pelo corpo median- tea rede de neroos, os quais sfo condutores naturais do fuido elétrico e ‘que seinsinuart com suas extremidades dentro das muiseulos” Suas prin- Cipais observagbes estdo no seu livro De viribus Electricitatis in motu ‘muscularis (1871), Na época de Galvani, ALEJANDRO VOLTA ensinava Fisica na Universidade de Pavia. Volta, estudando o fenémeno descrito por Galvani, concluiu que 0s metais podiam produzir eletricidade e, em 1800, construiut 0 primeiro gerador quimico de eletricidade empilhando alternadamente discos de cobre e zinco. Os metais fo- ram separados por papel ou camurga embebidos em soluc30 aquo- sa acidulada com vinagre. Concluiu dizendo que os miisculos e os nervos sao apenas condutores de eletricidade e que no par bimeta- lico usado por Galvani estava a fonte geradora de eletricidade. 3 4 Parte I~ Bioeletricidade [Nao satisfeito, Galvani redangiiiu relatando os resultados de novos ‘experimentos nos quais conseguiu obter a contragaio dos mtisculos da pata de uma ra quando eles eram postos em contato com o ner= vo ciatico de uma outra ra. Nesses experimentos nao usou 0 par ‘bimetdlico para estimular. Com isso, mostrou que os elementos gera- dotes de tensio e de corrente elétrica estavam situados no animal Accontenda cientifica entre Galvani e Volta somente pode ser resol- vida com 0 desenvolvimento da ciéncia. Hoje se sabe que ambos estavam certos. De fato, as estruturas nervosas so capazes de ini- iar e de propagar estimulos elétricos e estes participam decisiva- mente na promosio da resposta contratil muscular. Por outro lao, laminas bimetdlicas podem produzir uma diferenga de potencial elétrico suficiente para estimular 0 aparecimento do impulso elétri- co nos nervos. Registro do fendmeno elétrico no coracio. Depois que Galvani chamou a atengdo para a eletricidade animal, ndo tardou muito ‘para que WALLER (1887, 1899) descobrisse que os batimentos car- iacos ocorriam concomitantemente com o aparecimento de cor- rentes elétricas e que elas podiam ser detectadas na superficie do corpo. EINTHOVEN (1913), tendo inventado 0 galvandmetro de mola, registrou pela primeira vez essas correntes, obtendo os pri- meiros eletrocardiogramas ¢ abrindo para a ciéncia uma importan te vertente de investigagao. A detecgao dos fenémenos elétricos nos nervos precedeu os traba- Ihos de EINTHOVEN. Em 1850, HELMHOLTZ conseguiu medir a velocidade de propagacio da onda de excitacio no nervo gastroc- némico da ra e, pouco depois, BERNSTEIN (1868) obteve o registro da evolucao temporal do potencial de injuria do nerve lesado. Potencial e corrente de injuiria. Chamou-se de potencial de injtria a diferenca de potencial que se podia medir entre uma regiao de _miisculo integro e outra de muisculo lesado. Nas regides lesadas, os potenciais refletem o potencial intracelular que é diferente do po- tencial extracelular. Os potenciais de injiria podem representar de 30 a 60% da magnitude do potencial normalmente existente entre ‘5 lados da membrana celular integra. lesdo provocada sobre mtisculo destr6i o sarcolema e, por rompé-lo, expée 0 citoplasma, ‘cujo potencial elétrico & menor do que 0 do meio extracelular. En- quanto as células estdo integras, com 0 miisculo quiescente, tanto 0 ‘meio extracelular, quanto o intracelular, s30 volumes eqiiipotencias. Todavia, alesao cria um gradiente de potencial entre a zona lésada a intata e isso faz. com que ocorra um fluxo de corrente elétrica entre essas regides (corrente de injtiria. Potencial transmembrana. A descoberta das correntes de injiria {foi fundamental para que se soubesse que a membrana superficial das células vivas se encontra submetida a uma diferenca de poten- ial, que é chamada de potencial transmembrana ou potencial de membrana, As células nao-excitaveis, tais como as epiteliais do ho- ‘mem, apresentam um potencial de membrana constante, cujo valor estd em tomo de ~20mY. Nos nervos e nos mtisculos, contudo, es- ses potenciais chegam a-90mV. Quando a célula est quiescente, 0 seu potencial de membrana apresenta valor constante e é chamado de potencial de repouso. Figura Figua td sco del Malic bs de novos = muisculos com 0 ner- sou par lentos gera- animal. ser resol- gue ambos s2es de ini- 2 decisiva- putro lado, » potencial ulso elétr- .e Galvani fou muito tentos car- to de cor rerficie do Jmetto de 0 05 pri- smportan- 5 traba- amedir a > gastroc- ‘registro sado. se injiria regia de ssaclas, os se do po- tentar de rte entre sobre o plasma, ular. En- ptantoo falesada elétrica > injiria perficial poten acial de do ho- jovalor ado, es- cente, 0 tamado Biofisia das membranas excitiveis 5 A membrana das células Figura 1.1 Modelo da membrana celo- larproposte por Robertson. (Modificado sdeDanielli[E, or Lacar-Viira & Malnic, 1981, p62) Figura 12 Modelo da membrana cels- lar proposto por Stvin & Daniel (Modi- fieado destin, WD.&-Daniell }F, in De Mello, 1972 p.91.) Figura 1.3 Modelo da membrana cela: lar proposte por Lucy éGlauert (Modi fiendo de Hendler, RW, i Lacas Vieira Malnic 1981, p.70) Evolucdo dos modelos. O conhecimento sobre a estrutura do sar- colema cresceti muito desde os estudos pioneiros de GORTER & GRENDEL (1925). Esses pesquisadores, trabathando com eritréci- tos, mostraram que 0 contexido lipidico das membranas, quando separado e espalhado sobre uma superficie liquida, ocupava uma rea duas vezes maior do que a superficie da célula e, assim, postu- laram existir na membrana plasmatica uma bicamada lipidica, Nela, as extremidades hidrofébicas das moléculas lipidicas deveriam es- tar voltadas para o interior da membrana, enquanto as suas por- ‘Ges hidrofilicas se dirigiriam para os meios extra e intracelular. DANIELLI & DAVSON (1935) previram a participagao de protet- rnas na membrana celular. Eles propuseram tum modelo no qual 40 1 50% da massa da membrana era composta por lipidios que se encontravam arrumados em camada dupla. A massa restante (50 a 60%) era formada por protefnas globulares e filamentosas que reco- briam os lados da matriz lipidica. Posteriormente, ROBERTSON (1957, 1959) (Fig. 1.1) modificou a idéia original de DANIELLI & DAVSON e propés que as proteinas estivessem na membrana sob forma globular e situadas completamente fora da bicamada lipi- dica. Aidéia de uma membrana composta por lipidios e forrada por pro- tefnas nao estava compativel com a permeabilidade que as mem- branas bioldgicas apresentam aos fons hidrossohiveis. Por isso, STEIN & DANIELLI (1956) desenvolveram a idéia dos poros hi- Arofilicos (Fig. 12) formados por tapetes de proteinas e dispostos transversalmente & membrana, de forma a conectar 0s meios intra © extracelular. LUCY & GLAUERT (1964) idealizaram um modelo para a mem- ‘brana (Fig. 13) no qual os lipidios formavam micelas globulares ‘que, por sua vez, estavam revestidas por proteinas. Em 1966, BENSON sugeriu que as membranas celulares deveriam ser compostas por uma matriz proteica onde os lipidios se disper- savam por entre 0s sitios hidrofbicos das proteinas (Fig. 14) LENARD & SINGER (1966), por sua vez, propuseram que o sarco- lema fosse formado por uma dupla camada descontinua de lipi- dios. Fixadas & membrana lipidica estariam as proteinas (Fig. 1.5). es Figura 14 Modclo da membrana cel- Figura 15 ~ Modelo da membrana clu larproposto por Benson, (Modifcado de Jar propdsto por Lenand de Singer (Modi Singer Si st Lacaz-Vieira & Malnie, —flcado de Lenard, J &e Singer 8. i La- 1981. p.71) caz-Vieira de Malic, 1981, p.72) ll 6 Panel -Bioeieticidade Figura 16 Modelo da membrana ceia- lar proposto por Singer & Nicolson. (Mo~ difeado de Singer $}.& Nicolson, GL fn Lacaz-Vieia & Malnic, 981, p. 7 © modelo do mosaico fluido. Muitos foram os esforgos para re- presentar a membrana das células. Todavia, 4 medida que os testes experimentais tornaram-se mais rigorosos, 0s modelos mostraram- se incompletos e, por isso, foram sendo paulatinamente abandona- dos. Somente em 1972, SINGER & NICOLSON acumularam 0 co- nhecimento necessério para formular uma ptoposta mais consis- tente. Para estes autores, a membrana celular é constitufda por uma matriz lipfdica onde existem proteinas globulares parcialmente mergulhadas na matriz lipidica, e outras, as proteinas intrinsecas, que atravessam toda a espessura da membrana, estabelecencio uma ponte entre 0s meios intra e extracelular. As proteinas de superficie sao chamadas de extrinsecas, enquanto as intrinsecas permitem a comunicagao entre o citoplasma e 0 meio extracelular. Esse modelo prope que as proteinas devem estar flutuando na matrz li podendo assim nela submergir ou dela emergir. O aspecto ordena- do dessa matriz e a possibilidade da existéncia de movimentos la- terais ou transversais das proteinas de membrana fizeram com que esse modelo ficasse conhecido como modelo do mosaico fluido (Fig. 1.6). (© modelo de SINGER & NICOLSON responde a uma série de re- quisitos morfoldgicos necessarios ao funcionamento celular. Por exemplo: as proteinas que, na matriz lipidica, flutuam parcialmen- te imersas e voltadas para o meio extracelular atendem as necessi- dades topolégicas dos receptores de membrana para drogas e hor- maénios, enquanto aquelas de imersao parcial, mas volladas para a superficie citoplasmatica, atendem aos requisitos posicionais de ‘enzimas associadas a membrana celular, tais como a adenilciclase e a Na/K/ ATPase. Por outro lado, as proteinas intrinsecas, por se alongarem por toda a extensdo transversa da membrana, s30 possi- vveis loci pata os canais iénicos hidrofilicos, bem como para os siste- ‘mas de transporte de fons e substancias Composicao lipidiea da membrana celular. Tiés tipos de lipidios estdo presentes na membrana da célula animal (ROUSER, NEL- SON & FLEISCHER, 1968): * fosfolipidios: lecitina csfingomielina fosfatidileolina fosfatidiletanolamina fosfatidilserina * slicolipidios + esterdides: colesterol Fluidez da membrana celular, Estudos tém demonstrado que a zona mais central da membrana celular é dotada de fluidez. As moléculas de colesterol s4o capazes de reduziressa fluidez, enquan- 00s fosfolipidios tendem a aumenté-la. Também, a baixa tempera- tura, 0s fons Ca e Mg diminuem a fuidez, © Ca'* e 0 Mg atuam reduzindo a repulsio elétrica entre os grupos carregados presentes nos fosfolipidios (JAIN, 1972) HERMAN & FERNANDEZ (1976) e APPEL & ROSES (1976) cha- ‘maram a atengio para 0 fato de que a fluidez das membranas bio- ogicas pode estar alterada em certos estado patolégicos, tal como Figura ceiulae Prenniosd jos para re- joe os testes mostraram- tabandona- Iaram 0 co- pais consis- a por uma cialmente intrinsecas, kendo uma esuperticie dermitem a {se modelo fe lipidica, to ordena- {ments la- ‘mcom que tico fluido série de re- ‘lular. Por arcialmen- gas e hor- das para a sionais de silciclase e ‘as, por se sho posst- raos siste- 4e lipidios ER, NEL- do que a sidez. As enquan- tempera- fr atuam presentes 976) cha- anas bio- tal como Figura 17 - Modelo atual da membrana culular. (Modifcado de Lossntzer, K hennigsdort,G. Brive Hi 1984, p22) Figura 1.8 Circuito cétrico qivatente A membrana celular R ¢ C representa, respoctivamentearesistincia ea capac tacia da membrana F diferenca de potencialexstente entre ox ses lados ‘Biofisica das membranasexcitiveis 7 ‘ocorre na doenga de Duchenne (distrofia muscular pseudo-hiper- trdfica), no céncer e na distrofia miotonica. Uma membrana com viscosidade alterada deve responder anormaimente durante suas tarefas elétricas. De fato, BRYANT & MORALES-AGUILERA (1971) mostraram que fibras musculares mioténicas apresentavam con- dutancia anormal para os ions cloreto. Por isso, quancio essas fi- bras so estimuladas com um pulso tinico, respondem com uma salva de descargas, dificultando 0 relaxamento muscular. ‘A membrana celular, além dos lipidios das proteinas, apresenta nna sua superficie externa um glicocalice (G) polissacaridico (Fig. 117). Essas moléculas esto relacionadas com propriedades imuo- Tgicas. Comportamento elétrico passivo da membrana celular Circuito RC. A resposta das eétulas a pulsos elétricos sublimiares sugere que a membrana superficial se assemelha a uma associagao do tipo resistor-capacitor em paralelo. Considere-se 0 circuito mos- trado na Fig. 1.8 que é constituido por uma fonte eletromotriz.(E), tum resistor (R) e um capacitor (C). Nesse tipo de associagao, a aplicaggo de um pulso retangular de voltagem faz.a carga do capacitor variar segundo uma fungao ex ponencial simples que obectece a equacio: w= 2b onde: q ~ &2 carga do capacitor num tempo t qualquer Q -€a carga maxima do capacitor ‘Quando a tensio é desligada pela abertura da chave (1) 0 capacitor perde progressivamente a carga acumulada. A corrente de descar ‘ga passa pelo resistor R e a carga do capacitor varia obedecendo A equaglo: qu =Q-e RE Constante de tempo da membrana. Para esse tipo de circuito elé- trico, define-se como constante de tempo (1) o tempot que énume- ricamente igual ao produto RC. Assim, tem-se que: * para a carga: ia = 063 -Q + para a descarga: } = 037° ‘Assumindo-se que a membrana celular equivale eletricamente a ‘um circuito RC em paralelo, pode-se definir para ela uma constan- te de tempo (tq) “i= Ry X Cu onde: R,, ~ € a resistencia da membrana medida em © - cm? ,, ~ €a capacitancia da membrana medida em iF /cm? 8 Parte -Bioeletricidade Correntes de membrana. R,,, pode ser a expresso dos canais hi- rofilicos por onde passam os fons, enquanto o capacitor C,, repre- senta 0 comportamento da bicamada lipidica envolvida pelos meios condutores intra eextracelular. Porisso,amembrana apresenta duas vvias para a passagem de corrente elétrica: uma que obedece Lei de Ohm e esté associada aos canais idnicos, ea outra que tem natu- reza capacitiva e que corresponde ao dielétrico lipidico. Dai, pode- se escrever que: Lath onde: I,- corrente total de membrana (WA /em?) I, = corrente iénica (A/cm?) I, - corrente capacitiva (iA /em?) O potencial de repouso campo elétrico no interior das membranas biolégicas vivas Rigidez dielétrica das membranas biolégicas. As membranas das células vivas estio submetidas a uma diferenca de potencial elétri- cco existente entre as suas superficies interna ¢ externa. O desenvol- vimento do microeletrodo de vidro (LING & GERARD, 1949) per- mitiu a DRAPER & WEIDMANN (1951) mostrarem que as cétulas do coracio possuem um potencial de repouso cujo valor varia de ~60mV nas células nodais a -90mV nas células de Purkinje. Essa diferenca de potencial, quando aplicada sobre o sarcolema, cuja espessura é de 70A, cria um campo elétrico importante no interior da membrana. Para ilustrar, admita-se que a espessura da mem- brana 6 de 100A e que o potencial transmembrana seja de 100mV. Nessa situagdo, a intensidade do campo elétrico (E) sera de 10.000.000V/m, © que é um campo extremamente forte. A dificuldade para obter campos elétricos muito intensos esta no dielétrico, pois a substancia que o constitui deve ter uma rigidez dielétrica suficientemente alta para permitir o desenvolvimento do campo e, consegiientemente, 0 aparecimento de forca elétrica de grande magnitude. Os estudos experimentais mostram que a rigi- dez dielétrica das membranas celulares chega a20.000.000V /m! Isso significa que essas membranas apresentam uma tensao de ruptura em torno de 200mV. Uma rigidez equivalente pode ser detectada nas bicamadas lipidicas artificiais, o que reforga a tese de que os lipidios da membrana encontram-se organizados sob a forma de bicamada (SPERELAKIS, 1979). Para comparagao, a Tabela 1-1 fe- laciona os valores de rigider. dielétrica de alguns materiais. Parametros elétricos da membrana celular Capacitincia das membranas. As membranas biolégicas possuem uma matriz lipidica que é responsaivel por suas propriedades die- létricas. Isso implica admitir que, por separar dois meios conduto- res, as membranas tem propriedades capacitivas. Sua capacitancia momen tum nibule) Faw ps © dos canais hi- tcitor C, repre- Fda pelos meios bapresenta dias f obedece a Lei 3 que tem nate fico. Dai, pode- embranas das btencial elétri- 2. Odesenvol- RD, 1949) per- que as células talor varia de Purkinje. Essa ‘roolema, cuja tte no interior ‘ura da mem- ja de 100mV. »(E) serd de te ensos esta no ‘uma rigidez lvimento do fa elétrica de mm que a rigi- 200V/m! Isso lode ruptura ‘er detectada se de que os a forma de [bela 1.1 re- rials. ‘2s possuem ledades die- ‘0s conduto- capacitancia Figura 19 ~ Micrografiaeletrdniea da membrana daedlula cardiaca mostrando ‘um tibuloT 1,000) De MeNutt, NS. & Fawoet DW, in Langer Brady, 1974, p25) Biofisica das membranas exctiveis 9 ‘Tabela 1.1 - Rigider diclétrica de alguns materiais Rigidex Rigides Materiat dieletrce Material dieletricn (Win) 108 (iw) 108 ra os iu 20 Porcelana 4 3 Didwido detitinio 6 Polietleno 50 Quarteo fundido 5 Teflon © Baguelta 2 Ambar 50 Neopreno 2 Mice 160 piranat 2 Varo Pirex 8 Véeuo 2 Fonte: Halliday, D. & Resnick, R, 1966, p. 830 € de 1NF/cm®. Em fibras de Purkinje, WEIDMANN (1952, 1970) ‘mediu capacitancias de até 12uF /cm’. Este valor, no entanto, refle- te também a contribuigao dos tibulos T para a capacidade elétrica das células dessas estruturas, Os ttibulos T sao invaginagdes do sarcolema que geralmente coincidem com as linhas Z do sarcdme- ro, tal como se pode ver na Fig. 1.9 obtida por McNUTT & FAWCETT (1974). Resisténcia das membranas. As membranas artificiais apresentam resisténcia muito elevada (10° a 10°.cm") quando comparadas aos 1.000 ou 8.00002.cm? das membranas celulares (WEIDMANN, 1952, 1970). Os estudos com membranas artifciais tm mostrado, no en- tanto, que a inclusao de certas proteinas a sua estrutura faz baixar a resisténcia, sugerindo ser este um modelo adequado para repre- sentar a situagao in zivo. A assimetria idnica existente nos meios separados pela membrana celular © potencial de repouso é geraclo em virtude de a membrana apre- sentar permeabilidade diferente aos diversos fons, bem como pela assimetria na distribuigdo idnica entre os lados intra e extracelular (Tabelas 1.2, 13 ¢ 1.4). Também, a bomba Na/K, por ser eletrogéni- a, eontribui para a criagdo do potencial transmembrana.. A suspeita de DEAN Desde os trabalhos pioneiros de DEAN (1941), usando sédio e po- tassio radioativos, é conhecido que a membrana superficial das células, mesmo durante o repouso, é permedvel a vérios fons. Para explicar a baixa concentracéo do sédio e a alta concentragao do potdssio no meio intracelular, DEAN propds a existéncia de “some sort of a pump possibly located in the membrane which can pump out the sodium or, what is equivalent, pump in the potassium”. De fato, a investigagio comprovou que a membrana das células pode bombear sédio e potdssio no sentido dos seus gradientes eletro- quimicos. 10 Pate I - Bioeletricidade Tabela 12 - Masculo cardiaco Ton Concentracao extracelular Concentracao intracelular Relacio e (mM) i (mvt) eli K 4 150 0037 Nat M5 Fe 97 ao 120 5 4 ca 2 104 2x10" Fonte: De Sperelakis, 1979, p. 193 ‘Tabela 13 ~Miisculo esquelético da 3 on Concentracio plasmatica Concentracao intracelular Relagio (mM) i (mM) eli rs 124 0,018 ca 49 043 Nt 104 105 a 15 517, ‘Tabela 14 - AxGnio gigante da lula Ton Concentragao sangitinea Concentragio no axoplasma Relacao (mM) i (mM) li Ke 20 400 0,05 Nat 440 50 88 oy 550 40-150 43,7 Cr 10 04 5 Fonte: De Hodgkin, 1958, A bomba de sédio e potdssio A descoberta da bomba Na/K. HODGKIN & KEYNES (1955), tudando os fluxos de fons radioativos em axdnio gigante de sépia (Gepia officinalis, L.), observaram que o sédio intracelular passava para 0 meio extracelular transportado por um sistema que consu- mia energia metabélica. Para realizar os experimentos, 0s autores mantiveram ax6nios gigantes de Seyria em agua do mar artificial contendo sédio radioativo. O axénio foi estimulado durante um determinado periodo, a fim de levar o s6dio radioativo para 0 axo- plasma. Depois, o axnio foi cuidadosamente lavado e, em segui- da, mergulhado em égua do mar cujo sédio nao era radioativo. Em seguida, monitoraram o aparecimento de radioatividade no meio extracelular, 0 que indicava existir um efluxo do sédio marcado. A Fig, 1.10 mostra o efluxo de sddio radioativo em fungao do tem- po do experimento. Nos primeiros 100 minutos, 0 axénio estava mergulhado em gua do mar artificial, quando, entao, foi adiciona- do dinitrofenol (DNP) ao banho, a fim de bloquear a cadeia respi- rat6ria. Em tomo dos 200 minutos, a solugo do banho foi trocada, voltando-se para a égua do mar. Pode-se observar que 0 s6dio moveu-se de uma regido de baixa concentragao (axoplasma) para outra onde estava mais concentrado (banho). A energia para esse proceso foi fornecida pelo ATP isso péde ser evidenciado com o bloqueio imposto pelo DNP. Observe-se que, em presenca do DNP. 0 efluxo de sédio foi drasticamente reduzido. HODGKIN & KEY- Relagio eli 005 88 437 2 no meio acado. do tem- oestava \diciona- fa respi. trocada, © sédio fa) para ara esse ecomo 4oDNB. & KEY ein) Na (contages/m “Tempo (in) aA ‘Figura 1.10 — Efito de dinitrofenol (DNF) sobre o efluxo de Figura 1.11 — feito do ciancto (CN) sabre o eftuxo de sdio sti radiotivono axbnio gigantedaSepizoficinali.(Modif- _ ragioaivo no axdnio gigante dalla (Loligo forbes). (Modifica ‘ado de Hodgkin, AL. & Keynes, RD. Adley, 1971, .25) _ dode Caldvvell RC. cel m Ailey 1971, p.25) NES observaram ainda que o transporte de Na‘ para fora da eélula dependia da presenca de K' no exterior e que a eficiéncia desse mecanismo de bombeamento variava com a temperatura. Experimento de Caldwell. Em 1960, CALDWELL ¢t ali completa- ram 0s experimentos de Hodgkin & Keynes, injetando ATP no inte- rior de axdnios cujas cadeias respiratsrias tinham sido bloqueadas pelo cianeto (Fig. 1.11), Eles observaram que 0 efluxo de Na* radio- ativo dependia da concentragao de ATP no meio intracelular. Os experimentos de Hodgkin & Keynes e de Caldwell etal vieram comprovar a suspeita levantada por Dean de que a eélula possufa ‘um sistema de transporte ativo para bombear fons. A esse sistema chamou-se de bomba de sédio e potéssio. Localizagio intracelular ¢ eficiéncia da bomba Na/K. A bomba Na/K estd localizada na membrana celular e, provavelmente, tam- ‘bém nos tibulosT (SPERELAKIS, 1979). Para transportar sédio para fora e potdssio para dentro da célula, ela retira energia da hidrolise do ATP, Para cada ATP hidrolisado, trés fons Na sio removidos da célula e dois fons K sao levados para dentro dela. Assim, a cada ciclo, uma carga positiva ¢ transferida para o meio extracelular. A corrente gerada pela bomba Na/K ajuda a formar o potencial trans- membrana, sendo responsavel, no entanto, por uma parcela muito pequena da diferenca de potencial observada no repouso. Quando ela é estimulada a bombear fons em grande velocidade, sua corren- te passa a contribuir de modo relevante para a formacao do poten- cial de membrana, atuando no sentido de hiperpolarizar a célula (VASSALLE, 1970), 3s glicosideos cardiacos, especialmente a ouabaina, s20 capazes de inibir a bomba Na/K. A Na/K/ ATPase, que constitui a proteina identificada como a bomba Na/K (SKOU, 1990), encontra-se mer- gulhada na matriz lipidica da membrana celular, tendo, contudo, acesso as duas superficies dessa estrutura Afinidades da bomba Na/K. O Na* intracelular (SEJERSTED, WASSERSTROM & FOZZARD, 1988) ¢ 0 K* extracelular (KEYNES, 1961) ativam o funcionamento da bomba. A afinidade da bomba

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