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IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paulo PROJETO DE UM CHUTE DE TRANSFERENCIA DE ALUMINA HIDRATADA USANDO DEM Antonio Mauricio Martelli Trejo + Otavio Nascimento de Oliveira Neto 2 Elton Santa Brigida do Rosario? André Luiz Amarante Mesquita * Resumo Os chutes de transferénoia s4o uma pega importante do sistema de manuseio de materiais granulados por meio de correias transportadoras. O projeto deste componente, além atender a capacidade do sistema, deve proporcionar uma transferéncia de material com o minimo de po gerado, desgaste do chute bem como evitar desalinhamento da correia receptora. O Método dos Elementos Discretos - DEM — € atualmente uma moderna metodologia usada em muitos processos industriais envolvendo materiais granulados, e tem sido utilizado com sucesso para modelar 0 comportamento do material em chutes de transferéncia. No entanto, para obter resultados proximos da realidade, é essencial determinar as propriedades de escoamento dos sélidos particulados no intervalo das condigées de operacio esperadas na pratica. Portanto, este trabalho apresenta os passos necessarios para o projeto de chutes de transferéncia utilizando um programa DEM comercial. Todas as dificuldades de cada etapa sao detalhadas, de forma a proporcionar uma viso ampla para os futuros usuarios desta técnica. Este procedimento foi empregado para o projeto de um chute de alumina hidratada. As propriedades do material particulado sao obtidas usando uma célula de cisalhamento. O atrito entre as particulas e a parede do chute, e das particulas com a superficie das correias foram medidas. Os resultados para um chute de 700ton/h sao mostradas e comentadas. Palavras chave: DEM, CHUTE, METODOLOGIA iV international Aluminum Congress, 18-20/0512010, Sao Paulo, SP JEng. Mecdnico, MSc, Solve Engenharia, Belém - Pa Eng. Mecdnico, Solve Engenharia, Bolém - Pa 2 Eng. Mecdnico, Solve Engenharia, Belém - Pa “Eng. Mecénico, Dr. Ing., Grupo de Turbomaquinas, UFPa, Belém - Pa 367 IV Congreso Intemacional do Aluminio - JV Inte X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paulo 1. Introdugao A transferéncia de material particulado entre correias transportadoras 6 uma das aplicagdes mais comuns para os chutes conforme indicado na figura 1. Esta transferéncia, quando no conduzida de forma apropriada, tem um impacto direto no custo da manutengao dos equipamentos envolvidos, bem como no meio ambiente. A vida de uma correia pode ser diminuida significativamente em fungdo do impacto do material na mesma, ocasionando quebra de roletes, desalinhamento e desgaste da correia; assim como paradas indesejadas devido a obstrugdes do chute. Da mesma forma, 0 meio ambiente é afetado pelo derramamento de material e geragao de po ocorrida no processo de transferéncia. Figura 1 - Chute de transferéncia A escolha da geometria do chute torna-se fundamental para diminuigio = dos-—S—efeitos indesejados citados anteriormente. Para isto, faremos uso de equagdes basicas em conjunto com o método dos elementos discretos (DEM), por meio do uso de um software comercial (Chute Analyst™), para a geracdo e verificagao da sua geometria basica. Correia Alimantacrs Comeia Receptors A seguir seré apresentado uma metodologia de facil aplicagao, tomando como caso um chute para alumina hidratada, que auxilie 0 desenvolvimento de chutes com ajuda de softwares comerciais. Aescolha da geometria do chute de transferéncia toma inicio com a caracterizago do material através de ensaios laboratoriais; dos dados basicos das correias transportadoras, tais como: dimensées, velocidade e capacidade. Segue com uma analise preliminar do comportamento do escoamento do material com ajuda do software. Por ultimo, determinam-se as dimensdes minimas e verifica-se a geometria do chute. 2. Etapas para o projeto de chutes 2.4 Caracterizagao do material A caracterizagéo do material consiste na andlise granulométrica e a medigéo das propriedades mecdnicas de interesse: Angulo de repouso, Angulo de atrito interno, coeficiente de atrito entre as superficies do chute e da correla e massa especifica aparente. 568 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paulo 2.1.1 Andlise granulométrica O resultado da analise granulométrica da alumina hidratada é apresentada na tabela 1 Tabela 1 — Andlise granulométrica da alumina hidratada Rigas] oni] Tepe Massa] DENIS SODEATIOSS Renipa” | Actuceapa| “PassaNre 2 a0 itao0 Ss co an a0 ceed tise ass oD a0 ap am} Xap © programa utilizado aceita somente quatro frages granulométricas, motivo pelo qual foi necessario condensa-las de acordo com a tabela 2. Por outro lado, foi necessario aumentar 0 tamanho da particula em 275 vezes (escolhido de forma aleatéria) de forma a diminuir 0 tempo computacional necessério para realizar a simulag&o conforme sera comentado no item 3.3 Tabela 2 — Granulometria condensada para aplicagao no software DIAMETRO Das ce DE ABERTURADA | PaRTicULAsusapas | 3°2E PENEIRA Gam) | NOSOFTWAREDEM | sprrpa 150. ar 1s 34 1065 30 90 25 2.1.2 Determinacao das Propriedades mecanicas Figura 2 — Angulo de repouso da alumina hidratada © Angulo de repouso foi obtido através da formagao da pilha de material apos 0 mesmo ser liberado para queda livre conforme apresentado na figura 2. Os coeficientes de atrito entre o material (alumina hidratada) e as superticies do chute e da correia, bem como o Angulo de atrito interno foram obtidos utiizando uma célula de cisalnamento do tipo Jenike, ver figura 3.0s resultados obtidos esto resumidos na tabela 3. 569 IV Congreso Intemacional do Aluminio - /V International Al Congress X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio - x Internationa ng Seminal 18, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paulo Figura 3 - Célula Jenike Tabela 3 ~ Propriedades mec4nicas da alumina hidratada Propriedades Mecanicas da Alumina Hidratada Massa especifca (umida) 7055 kai Angulo de repouso 35° Angulo de tito interno 4087" Coeficiente de atito interparticula | 0,86 (Coeficiente da atrito com a os parede do chute (Coeficiante de atrito com a 048 parede da correia 2.2 Pré-avaliacaéo do comportamento do escoamento do material particulado Nesta etapa sera feita uma avaliagao preliminar do escoamento do material com o objetivo de verificar a trajetoria e velocidade das particulas. 2.2.1 Dados das correias transportadoras Os dados basicos das correias esto indicados na tabela 4. Tabela 4 — Dados basicos das correias de alimentagao € receptora Diametro do correia | “zed? | vazdo Nominal |Largura| Largura|Velocidade | Rolo rojet tont) Go). |Liquida |< (ms) | Acionado (fon) (ent) (mm) i 907 flimentagio| 795 so az 73 630 Receptora co | 1192 [2.25 - 570 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 e 20 de maio de 2010 em 2.2.2 Dimensées do chute A geometria e dimensées do chute convencional s4o orientadas pela posi¢éo e dimensdes das correias transportadoras existentes ou previamente dimensionadas, ver figura 4 Figura 4 — Chute convencional © re / 2.2.3 Resultados preliminares Para uma simulagao com duragéo de 18s foi necessério multiplicar as dimensdes das particulas indicadas na tabela 2 por um fator de 275, escolhido aleatoriamente, de forma a diminuir 0 tempo computacional. Para este fator, foi consumido um tempo equivalente a 15,17h baseado numa CPU de 3GHz e 2GB RAM. Em caso de se aplicar a granulometria real, o tempo de computacéo aumenta significativamente para 247.402h, inviabilizando 0 processo de simulagao. Dada a limitago da versdo utilizada do Chute Analyst™, os unicos resultados disponiveis de forma direta so as velocidades e as trajetorias das particulas ao interagir com as superficies do chute e das correias, ver figura 5. Pode-se observar na figura 5 que ha: © Concentragao de material num dos lados da correia receptora, figura 5c; co Elevada velocidade de queda de até 6,931m/s, figura Sa. © Dispersao de particulas no sentido da largura da correia de alimentag&o, figura 5b. 371 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 8, 19 @ 20 de maio de 2010 em Sdo Pat Figura 5 — Escoamento da alumina hidratada num chute convencional (a) vista lateral (b) vista frontal (c) vista superior 2.3. Dimensionamento do chute A seguir, o chute final sera dimensionado e sua geometria gerada conforme as recomendagées usuais. 2.3.1 Recomendacées para. um dimensionamento eficiente Concentrar e conduzir a corrente de material particulado © chute deve ser suficientemente inclinado e liso para permitir o escorregamento e autolimpeza do material manuseado; © Assegurar uma area transversal suficiente; Controlar a velocidade das particulas: Minimizar 0 desgaste do chute e da correia Controlar a geragao de pé: Minimizar a quebra de particulas. 57 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 e 20 de maio de 2010 em So Paulo - Ma 2.3.2 Area minima da secao transversal Figura 6 - Segdo transversal do chute O-pyd a) Onde @, p, ve A correspondem a vazo (kg/s), massa especifica aparente (kgim’), velocidade (m/s) e area da secao transversal (m*), respectivamente, 4 Portanto, para uma velocidade de 3m/s na entrada no chute, tem-se: o 700r0n | hr 1000kg — 3005 = 0,06 1m? Pay 3m) s-L.055kg / in? A CEMA recomenda que a largura (L) do chute seja inferior a 2/3 da largura efetiva da correla receptora (Ls). Desta forma, para a largura efetiva 132mm, tem-se (2) L$ =1.132= 755mm 3 Adotando a largura do chute como sendo: 1 = 480mm Alguns autores recomendam que nivel (H) permanega dentro de uma faixa que varie de 1/3 a % da altura do chute (Hr), tomando em consideragao 0 ponto de menor velocidade. 0,061 048m Portanto, a altura total do chute deve ser no minimo #7, = 3 384mm 2.3.3 Posicao angular de corte para um chute curvo A posig&o angular ( @. ) de corte para um chute curvo ¢ estimada conforme: @, > tan(y1,)+5° (3) Onde 1,eK, 880, respectivamente, 0 coeficiente de atrito equivalente e 0 coeficiente de press&o (normalmente entre 0,4-0,6). 573 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 8, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paul aw (ieK, 2 (4) Figura 7 ~ Posigao angular de corte e inclinagao do chute Tomando K, = 0.5 Resulta, portanto: 384/3 u, = 0,48-[1+0.5 . 480 @. > tan “(0,55)+5° = 28,8145 = 34° 2.3.4 Velocidade resultante Figura 8 - Velocidade na saida do chute ‘A velocidade de saida das particulas do chut é da ordem de 3.5m/s, conforme pode ser abservado na figura 8 2.3.5 Verificacdo do impacto e do desga na correia Sera determinado 0 impacto e o desgaste forma indireta conforme a seguir. velocidade apés o impacto opi (5 te ste de Recomenda-se que para escoar materiais coesivos (tal qual a alumina hidratada) o impacto seja reluzido, bem como maximizar a ) 574 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 8, 19 @ 20 de maio de 2010 em So Paul a) o Onde ©, , Wa, Ll, Vb, Ves Vy S80, respectivamente, a pressdo de impacto (Pa); desgaste sobre a correia (Pa m/s); coeficiente de atrito com a parede da correia ( - ); velocidade da correia (m/s); velocidade da particula na horizontal (m/s) e velocidade da particula na vertical (m/s), Tabela 5 ~ Pressdo de impacto e desgaste Angulo de ims is) | Impacto | Desgaste Chute | Descarga (=) | (8) |_ wim's) (Pa) | (Pamis) Convencional 0 0 esi] 50687 54249) Curve 35 2,80 415| 18128 4925) Conforme indicam os resultados da tabela 5, a presséo de impacto e desgaste na corteia so significativamente diminuidos ao adotar uma geometria curva para o chute. 2.3.6 Verificagao da centralizaco do escoamento Figura 9 - Centralizagao do escoamento Na figura 9 observa-se que a centralizagao do escoamento € conseguida através da impiementacéo do chute curvo. Com isto, o derramamento de material pelas laterais da correia devera ser diminuido ou até evitado. 3. Conclusao © programa, embora, numa versdo limitada, mostrou-se, ainda, de grande utilidade na concepgao da geometria do chute. Ha no mercado softwares mais completos que podem fornecer uma riqueza mais ampla de resultados melhorando significativamente a andlise tomada de decisées Ressalta-se a importéncia da realizagao de ensaios do material para ser ter resultados mais fieis e proximos da realidade. 57: IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio - 18, 19 e 20 de maio de 2010 em So Paulo - Ma 4. Bibliografia Dick, D. S. e Royal, T. A: Design Principles for Chutes to Handle Bulk Solids. Bulk Solids Handling. Vol. 12, No. 3, Sept. 1992, pp 447-450. Roberts, A. W.: Chute Performance and Design for Rapid Flow Condition. Chem. Eng. Technology. 26. (2003) 2, p. 163-170. CEMA: Belt Conveyors for Bulk Materials. 5" Edition. 1997. Overland Conveyor Technology: Chute Analyst™ versao 2.03. 576 IV Congreso Intemacional do Aluminio X Seminario Internacional de Reciclagem do Aluminio 18, 19 e 20 de maio de 2010 em So Paul Design of Alumina Hydrate Transfer Chute Using DEM Antonio Mauricio Martelli Trejo * Otavio Nascimento de Oliveira Neto ? Elton Santa Brigida do Rosério* André Luiz Amarante Mesquita * Abstract Transfer chutes are an important part of belt conveyor system for handling bulk solid materials. The design of this component, beyond matching the material transport capacity of the system, also must provide a dustless process with minimal wall chute wear and no perform misalignment on the receiving belt conveyor. The DEM - Discrete Element Method is nowadays a modern design methodology for many industrial process involving bulk materials, and has successfully been used to model the behavior of material in transfer chutes. However, to obtain realistic results, it is essential to determine the flow properties of the bulk solid for the range of operation conditions expected to occur in practice. Then, this works presents the steps for a transfer chute design using comercial DEM software. All the difficulties of each step are detailed, in order to. provide good overview for future users of this technique. This procedure was employed for the design of an alumina hydrate transfer chute. The bulk material flow properties are obtained using shear tester. The wall friction between particles and wall chutes, and particle and belt surfaces were measured. Results for a 70 ton/h chute transfer chute are showed and discussed. Keywords: DEM, CHUTE, METHODOLOGY Vinternational Aluminum Congress, 18-20/05/2010, S80 Paulo, SP jMechanical Eng., MSc, Solve Engenharia, Belém - Pa ? Mechanical Eng., Solve Engenharia, Belém - Pa 2 Mechanical Eng., Solve Engenharia, Belém - Pa “Mechanical Eng,, Dr. Ing., Turbomachinery Group, UFPa, Belém - Pa 577

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