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Medéia Pampeana

Uma adaptação da tragédia de Eurípedes.

PERSONAGENS:
Medéia (Hariagi Borba Nunes)
Jasão (Pablo Bertol Castilho de Souza)
Cozinheira (analogia ao coro) (Maria Estefânia)
Ama (Daniela Moreira Raya)
Creonte (Bárbara Gonçalves Hesseln)
1º Filho (Augusta da Silveira de Oliveira)
2º Filho (Thamirez Silva Martins)
Egeu (Lueci da Silva Silveira)
Peão (Loiret Chiappa Ibargoyen)

SOM: MULHERES DE ATENAS – CHICO BUARQUE( Quando chegar no final


da música Medéia grita “ NÃOOO” e o som baixa.
FOCO DE LUZ SOMENTE NA DANI

(Ama está ao pé do altar, fazendo preces aos deudes e desabafando suas penas)( esse
termo “altar” e “preces” me pareceu meio cristão, mas não achei outra definição)
Ama: Quisera que nunca aqui tivesse chegado o velocino de ouro e que nunca esta
pobre mulher tivesse tocado o chão desta fazenda. Ferida no coração pelo amor de Jasão
que inutilmente a tirou da sua terra natal para este inferno terreno. Agora agoniza e
proclama injúrias a toca de leito de Jasão pela filha de Creonte Fagundes, dono desta
propriedade. Em casa deixa seus filhos -pobres crianças- na mão dessa mãe alucinada.
Protejam essas pobres crianças meus Deuses, protejam. (Percebe que Medéia se
aproxima e sai)

MEDÉIA ESTÁ DENTRO DE CASA


Medéia: Ah, como soy infeliz! Sufrimiento cruel! Ai de mim! Ai de mim! Por que no
me muero? (Medéia fica a lamentar-se quando aparece a cozinheira, sua confidente e
conselheira)
Cozinheira: Ouvi a voz, ouvi os gritos da infeliz mulher de Aceguá; e ela não se
apaziguou ainda.

Medéia: Ah! Que o fogo do céu caia sobre minha cabeça! De que me sirve vivir
todavia? Ai de mim! Ai de mim! Que la muerte me traga o alívio, e me arranque a uma
vida odiosa!

Cozinheia: Ó Zeus, Ó Terra, Ó Luz! Estas ouvindo os dolorosos gritos dessa mulher?
Se teu esposo procura um novo himineu, um novo leito nupcial. Não te irrites por isso
contra ele, Zeus será teu vingador. Não chores por quem compartilhava teu leito.

Medéia: Maldito esposo! Posso eu vê-los, a ele e a essa mulher, reduzidos a pedaços
neste palácio, porque, em primeiro lugar, violam contra mim a fé jurada. Ó meu pai, ó
minha pátria que vergonhosamente abandonei depois de ter assassinado meu irmão.
Ama: Ouvis o que ela diz? Não será uma fraca vingança que poderá acalmar o furor de
minha ama!

Cozinheira: (à ama) Vai, pois, buscá-la em casa e trazê-la para junto de nós, dize-lhe
que aqui encontrará amigos. Apressa-te, antes que ela faça algum desatino em casa, seu
desespero tem ímpetos terríveis!(AMA SAI)

Medéia: Mulheres da Fazenda, saio de casa para não merecer vossas reprovações, pois
conheço muitos mortais, por havê-los visto com meus próprios olhos ou por deles ter
havido falar. A justiça, com efeito, pouco esclarece os mortais em seus julgamentos,
antes de terem podido ter claramente no pensamento de seus semelhantes, eles os
condenam à primeira vista, sem haverem sofrido por parte daqueles a menor ofensa.
Mas é preciso que um estrangeiro se acomode os costumes da cidade em que habita.
Não aprovo também o cidadão que, por orgulho, fere os outros, desdenhando fazer-se
conhecer. Quanto a mim, o golpe inesperado que recebo despedaçou minha alma.
Acabou-se! Já não tem para mim encantos a vida; quero morrer, minhas amigas!De
todos os seres que pensam, nós outras, as mulheres somos as mais miseráveis.
Precisamos primeiro comprar muito caro por um marido e depois ele torna-se nosso
senhor absoluto. Depois a questão! Será que ele é ruim? Será bom? Para uma mulher
abandonar o marido é escandaloso, repudiá-lo impossível. O homem, dono do lar, sai
para distrair-se de seu tédio junto de algum amigo; mas nós, é preciso que tenhamos
olhos somente para ele. Dizem eles que nossa vida é sensata, o que temos que fazer é
cuidar do lar, enquanto a deles é dura, de guerras e arma na mão. Pois isso é falso, eu
preferiria fazer parte de três combates a dar a luz uma única vez. Não tenho mãe, nem
irmão nem parente para encontrar junto deles um porto seguro. Então peço que me
ajudes a arquitetar minha vingança. A mulher quando é ultrajada no seu leito, não existe
alma mais sangrenta.

Cozinheira: Faremos o que pedes. Te vingarás deste esposo! Mas (avistando Creonte
que se aproxima) lá vem Creonte Fagundes.

Creonte: É contigo mesmo que tenho que falar intratável Medéia. Ordeno-te que
abandones está fazenda e que partas para outra, um exílio. Leva contigo teus dois filhos
e não te demores. Não voltarei a minha casa enquanto não te ver passar por aquela
porteira.

Medéia: Ai de mim! Sou uma desafortunada. Quero saber Creonte por que me expulsas
daqui?

Creonte: Receio, porque eres dissimulada, que faças algo contra minha filha. E tenho
mais de uma razão para temer: és artificiosa, possuis mil perniciosos segredos, e não
perdoas a Jasão por te haver abandonado. Também me contaram que andas a ameaçar de
vingança a mim e aos meus incluindo Jasão. Prefiro incorrer no teu ódio a ter mais tarde
que me arrepender de minhas fraquezas!

Medeia: Minha ciência me trai ódios é por eles objeto de escândalo. No entando não
ultrapassa a medida comum. Assim, temes de minha parte alguma violência. Entretanto
nada tens a temer de mim, Creonte. Que iniqüidade me fizeste? É ao meu esposo que
odeio. Ainda agora não sinto injeta da felicidade deles. Casem-se, sejam felizes, mas
deixem-me habitar este país. Suportarei a injustiça em silencio. Cedo a alguém mais
forte do que eu.

Creonte: Uma pessoa se resguarda mais facilmente dos impulsos de cólera do que de
tramas silenciosas. Parte pois o mais depressa possível. Nada de palavras vãs! Minha
decisão é irrevogável. Por mais que fizeres não ficarás aqui, és minha inimiga.

Medéia: Não! Pelo nome da tua filha, a jovem desposada!

Creonte: Perdes palavras, não esperas dobrar-me.

Medéia: Então vais expulsar-me, sem considerações às minhas súplicas?

Creonte: Não posso preferir-te a minha família!

Medéia: ó minha pátria, com que força neste momento tua lembrança desperta em meu
coração!

Creonte: Eu também, depois de meus filhos, nada tenho de mais querido que minha
pátria.

Medéia: Partirei para o exílio. Não é este o favor que te peço.

Creonte: Por que me forças então? O que esperas para sair deste país?

Medéia: Permita-me ficar mais um dia, para acabar de decidir quando ao lugar do meu
exílio e como prover a sorte dos meus filhos. Pobres crinaças! Tiveste filhos, sabes
como é.

Creonte: Hoje, ainda mulher, vejo que vou errar e no entanto cedo tua súplica. Pois se
amanhã te verei e aos teus filhos, morrerás. (Sai).

Cozinheira: Para onde voltarás teus passos? Em que casa encontrás exílio?

Medéia: Pensais que eu o teria assim lisonjeado sem alguma secreta esperança, sem
alguma segunda intenção? Não, eu não teria dirigido a palavra, minhas mãos não teriam
tocado deus joelhos. Mas vede a que ponto de demência chegou ele: enquanto poderia
arruinar meus intentos, enxotando-me deste país, ainda me concede um dia; e esse dia
me bastará para fazer parecer três dos meus inimigos, pai, filha e esposo. Devo atear
fogo em sua câmara nupcial, ou lhes mergulhar uma lâmina afiada, após haver
penetrado em silencio em seu quarto? Um só obstáculo me detém: se fosse
surpreendida, atravessando a soleira da noite e preparando minha vingança, eu seria
morta e me transformaria no gracejo do meu inimigo?! Não, não, prefiro algo menos
acusativo. Veneno. Os matarei com veneno. Porém antes tenho que achar um exílio para
que possa me vingar e fugir, mas se não conseguir eu mesma me empunharei a lâmina.
Quero que se arrependam amargamente de seu casamento. Vamos Medéia, possuis a
ciência, e, aliás, e nós outras, mulheres, a natureza fez importantes para o bem, porém
mais hábeis do que ninguém para manipular o mal.
Cozinheira: Os rios sagrados remontam à nascente. Já não existe justiça, nada está de
pé. Os homens tramam pérfidas conspirações, e a fé nos deuses já não tem raízes nos
corações. Aproxima-se o dia em que a mulher será reverenciada e uma injuriosa
reputação já não se pesará sobre ela. Ai de ti, outra rainha surgiu, que é dona do teu leito
e manda na tua casa.

Jasão: Poderias ficar nesta fazenda, resignando-te à vontade dos que neles mandam. E
eis que insensatas palavras fazem banir-te. Por mim, pouco me importo, podes continuar
a dizer que Jasão é o pior dos homens. Tentei sempre apaziguar a cólera da casa grande
e o desejo de mandar-te embora daqui. Mas tua loucura não cessa e foste expulsa para o
exílio. Porém não quero que falta nada a ti e aos meus filhos, apesar de tudo não saberia
querer-te mal.

Medéria: Ó mais celebre dos homens, ousas apresentar-te a meus olhos, ousas,
detestado como és? Aliás, fizeste bem em vir, aliviarei meu coração acabrunhando-te de
injúrias e sofrerás ouvindo-me. Eu te salvei a vida, como o sabem todos os gaúchos que
embarcaram contigo no atravessar a fronteira pampianas, quando enfrentaste os touros
que sopravam fogo e semeaste o campo da morte, tudo para obter o velocino de ouro.
Matei meu irmão e abandonei minha pátria e tu, como me tratas agora?
Não te bastam os filhos que te dei? Queres outros?

Cozinheira: Jasão, abandonando tua mulher agiste mal.

Jasão: (a Medéia) Terias, suponho, servido maravilhosamente aos meus projetos de


casamento, seu o tivesse comunicado a quem, ainda agora, não pode resolver-se a
apaziguar o violento ressentimento do seu coração.

Medeia: Não era isso o que te preocupava, mas o temor de desonrar tua velhice
conservando uma mulher bárbara.

Jasão: Não foi para ter outra mulher que busquei esse leito real que agora é meu; mas,
já o disse, eu quis salvar-te , dar uma boa vida as meus filhos e assegurar minha casa.

Medéia: Não quero saber de uma glória que eu pagaria tão caro. Insulta-me, já que tens
um asilo e eu vou fugir deste país e viver abandonada.

Jasão: Foste tu quem o quis, não acusa ninguém.

Medéia: Como? Tomei outra mulher? Traí a fé jurada?

Jasão: Lançaste maldições contra teus patrões.

Medéia: Serei também a maldição da tua casa.

Jasão: Bom, vim aqui para te dar uma ajuda em dinheiro se quiseres e lugar para ficar
no exílio.

Medéia: Não quero nada que vem de ti.


Jasão: Tomo os deuses pro testemunhas de que estou pronto a tudo fazer por ti e pelas
crianças se não queres, fica aí infeliz.

Medéria: Vai! Pois estás impaciente para rever tua nova amante e contas os instantes
que perdes longe da casa grande. Vai causador da minha dor! SOM: GOTA D’AGUA-
CHICO BUARQUE ( o som vai baixando e acompanhando a luz que diminue)
LUZ BAIXA E ACENDE FOCO NA COZINHEIRA (Não lembro bem dessa parte,
acho que era assim)

Cozinheira: O amor, que nenhum freio segura, não deixa aos mortais nem honra nem
virtude.
LUZ APAGA E ACENDE PARA A PÓXIMA CENA
(Egeu e Medéia)

Egeu: Medéia salve uma grande amiga, melhor encontro impossível.

Medéria: Salve também Egeu Cortês, por que motivos vieste a está fazenda?

Egeu: Vim a procura de uma boa parteira e curandeira que possa salvar a vida de meu
glorioso filho e minha amada esposa.

Medéia: Por aqui encontrarás excelentes mulheres que exercem essa função.

Egeu: Mas porque tu, Medéia, estas com um semblante tristonho e abatido?

Medéia: Egeu, tenho o esposo mais perverso do mundo.

Egeu: Que dizes, quais são os teus pesares? Fala sem rodeio.

Medéia: Jasão me ultraja sem que eu tenha dado nenhum motivo para isso.

Egeu: Que te fez ele? Explica-me mais claramente.

Medéia: Tomou outra mulher, dona da fazenda.

Egeu: O quê! Ele ousou tão infame ação. Será que ama outra mulher ou tem ódio pelo
teu leito?

Medéia: Tudo acabou pra mim! E depois, fui expulsa da fazenda.

Egeu: Por quem? É uma nova desgraça que me contas.

Medéia: Creonte me expulsa da fazenda e Jasão me abandonou. Peço piedade e exílio


na tua propriedade Egeu, posso salvar teu filho e tua esposa com a minha ciência trazida
por gerações. Ajuda-me Egeu, meu amigo.

Egeu: O abrigo está dado, porém quero que partas tu e não que eu seja quem te levará
daqui. Partas para minha fazenda quando desejares e esperarei o que me prometeste.
Medéia: Jura pela Terra, pelo Sol, pai de meu pai e por todos os deuses juntos que não
me entregarás a ninguém?

Egeu: Está jurado, te espero o mais breve possível. (Sai Egeu)

Medéia: Agora estou pronta para por em ação minha doce vingança! Enviarei um dos o
peão a Jasão para lhe pedir que venha até mim. Quando vier, eu lhe falharei com
doçura: que ele me abandona por um melhor futuro os nossos filhos e lhe pedirei que
permita a estadia das crianças na casa grande. Mas eu usarei dos meus meninos para me
vingar dela e do seu pai. Aqui, está incharpe originalmente uruguaia ela irá adorar, e
será um modo de desculpar-me. Quando ela usar esse adereço mergulhado neste ácido
corrosivo, amanhã já não a verão mais pelos campos da fazenda.SOM: MÚSICA
QUÍCHUA DO RITUAL( coloca ela pra tocar e corta) Cheguei à conclusão de que
matar meus filhos também seria um modo de Jasão sofrer, e afinal depois que eu mate a
filha todos viram contra mim e matarão meus filhos. Prefiro que morram por minhas
mãos.

Cozinheira: Quero, por última vez dar-te um conselho. Não faças aquilo que
premeditas.

Medéia: Não posso agir de outro modo. Tu não foste ultrajada como eu.

Cozinheira: O quê, mulher! Ousarias matar teus filhos?

Medéia: Não tem outro meio de dilacerar o coração do pai deles. (a Ama) Vai, traze-me
Jasão, pois é a ti que recorro todas as vezes em que preciso de fidelidade.( NESSA
HORA AMA SAI DA CASA DA MEDÉIA E VAI PARA AS “BANDAS” DO
CREONTE, PASSA POR TRÁS DA CENA E FICA DO LADO DE LÁ”

Cozinheira: Onde teu coração e teu braço conseguirão coragem para mergulhar o fero
no seio deles, ousando essa terrível atrocidade? Será quê, lançando os olhos sobre eles,
poderás reter as lágrimas devidas as tuas vítimas? Não terás coragem.

Jasão: Vim ao teu chamado; por mais mal disposta que estejas e meu respeito, eu não
deixaria de concordar com teu desejo. Mulher, estou pronto a ouvir o que ainda queres
de mim.

Medéia: Jasão peço-te que me perdoes tudo o que disse. Já demos um ao outro tantos
sinais de ternura, que hoje bem poderias desculpar meus arrebatamentos.Quero que
aceite nossos filhos contigo, que os deixe morar na casa grande e os proteja. Vou sair da
fazenda amanhã e quero que entregues a tua noiva, em minhas desculpas, este encharpe
estrangeiro que passou por uma geração de mulheres fortes. Ó meu filhos, vem ver
vosso pai, abraçá-lo e levem esse presente a nova mulher de vosso pai, diz-lhe que é um
presente meu a ela.

Jasão: Eu aprovo Medéia, a linguagem que usas neste momento, mas não te censuro a
outra. É natural que a mulher se irrite contra o marido quando ele a abandona por outro
casamento. Agora sim, fizeste o que uma mulher se senso faria. Enquanto a vos meus
filhos, vide comigo a casa grande. Terão grande futuro. (saem)
Medéia: O que importa, sobretudo, é que ela mesma receba o presente. Apressai-vos e
trazei-me a feliz nova do sucesso que desejo.

Cozinheira: Pobres crianças caminham para a morte! Podre mulher que vestirá esse
encharpe e terá sua morte instantânea e esse esposo que sofrerá por suas perdas. Temos
piedade também de tua dor materna, ah! Desditosa, que vais matar teus filhos para
vingar o ultraje ao teu leito. ( DESLIGA-SE A LUZ, FIM DESTA CENA)

(entra peão)

Peão: Vim com a grande noticia de que teus filhoa foram aceitos na casa grande! Ó que
grande notícia! Agora podes partir tranqüila ao teu exílio. Teus filhos virão a casa
despedir-se de ti.

Medéia:(VOU DEMORAR UM POUCO ANTES DE COMEÇAR, PARA DAR


UM TEMPO NO “LANCE” DO PEÃO) (FOCO DE LUZ NA MEDÉIA) Infeliz
vítima de meu indomável orgulho! Foi, pois em vão que alimentei meus filhos, foi por
eles que sofri as terríveis dores do parto. Separada de meus filhos, vou arrastar vida
miserável e dolorosa, e vós (fala para uma boneca deixada no chão por seus filhos)
com vossos olhos queridos, não vereis mais vossa mãe, ireis passar a uma nova
existência. Ai, ai de mim! Por que me olhais assim, meus filhos? Por que me ssoris
como se último sorriso? Ah, que fazer? Não, não poderei jamas. Adeus, funestos
projetos meus, levarei meus filhos para fora desta fazenda. Mas... o quê? Quereis eu me
tornar um objeto de sarcasmo? Deixando impune meus inimigos? Eu, eu não deixarei
minha mão enfraquecer. Pare, meu coração, pare! Não conclua. Não, irei matá-los sim, s
deixarei para o ultraje dos meus inimigos. Vide? La vem o peão ofegante! Será que me
trás boas notícias?

Peão: Foge Medéia, foge e não desprezes via nenhuma, mar ou terra, navio ou carro.

Medéia: O que aconteceu para obrigar-me a essa fuga?

Peão: A filha do patrão acaba de morreu com seu pai Creonte Fagundes, vítima de teus
venenos.

Medéia: Feliz nova! Eu te contarei de hoje em diante entre os meus benfeitores e meus
amigos.

Peão: Que dizes? Estás em teu bom senso?

Medéia: Diz-me como padeceram eles? Será de brado prazer para mim se a morte lhes
foi bem cruel.
(FOCO SÓ NO PEÃO? )
Peão: (Narra) Teus dois filhos tinham chegado com o pai e entraram a câmera nupcial.
Quando estávamos felizes, nós, os servidores, que teus pesares cessaram. Imediatamente
na casa se espelhara a noticia de que Jasão e Media haviam esquecido sua antiga
contenda. Nossa queria senhora, que agora deve estar com Hades, encontrava-se feliz e
assim que viu seus filhos com o presente, não resistiu mais e prometeu tudo ao esposo.
Ela pega o encharpe venenoso e põem em sua linda cabeça e olha-se no especo, sorri
feliz! Pobre moça. De repente algo terrível começa a acontecer, ela muda de cor, recua,
treme em todos os membros e é com grande dificuldade que chega a sua poltrona e se
abate, exatamente no momento em que cai no chão. Uma velha escrava começa a urrar
no momento em que vê uma espuma branca sair-lhe da boca, seus olhos se abatem o
sangue se lhe retira das veias. Então os gritos religiosos dão lugar aos gritos de dor. As
velhas serventes chama a o marido e o pai enquanto ela levanta-se e corre tomada pelo
fogo, sacode em todos os sentidos a cabeça e os cabelos! Cai em fim ao chão , vencida
pelo sofrimento , irreconhecível para outro qualquer que não fosse o pai. Não se podia
distinguir nem o lugar dos olhos, nem os traços de seu belo rosto. Ninguém ousava tocar
no cadáver; sua sorte era para nós uma lição. Entretanto, o infeliz pai, que ignorava essa
desgraça, entra de repente no quarto, precipita-se sobre o corpo da filha e solta gritos
dilacetrantes. Aperta-a entre os braços, cobre-a de beijos e lhe fala: “Infeliz criança, que
deus a fez perecer com esta horrível morte? Quem a arrebata à ternura de um velho
próximo do túmulo? Ah, por que não posso morrer com você minha filha?” Quando
parou de lamentar-se tenta levantar seu corpo do chão, mas fica preso. Suas carnes
começam a soltar-se e ambos morrem. Triste cena.

Cozinheira: O destino parece hoje acabrunhar Jasão com todos os males que mereceu.
Quanto lastimo tua sorte, desventurada filha de Creonte, tu a quem o himineu de Jasão
faz atravessar as portas de Hades!

Medeia: Amiga, minha decisão está tomada: quero sem tardar, matar eu mesmo meus
filhos e fugir desta terra, em vez de expô-los, por minhas lentidões, a perecer sob golpes
inimigos. É absolutamente necessário que morram, e , pois que é preciso, sou eu que
lhes darei a morte, como fui eu quem lhes deu vida. Vamos, arma-te meu coração. Que
esperas? E tu mão infernal toma o punhal! Vai Medéia nesse caminho de dores que se
abre a tua frente.

Cozinheira: Infeliz! Por que está tua alma presa a está cólera fatal, cujo delírio faz
suceder o assassinato ao assassino? Ai dos mortais que se macularam com o sangue dos
seus parentes! O assassino clama contra os assassinos e os deuses fazem recair saber sua
casa calamidades iguais ao crime.

As Crianças: ...(gritos- essa cena será feita atrás da tela?)

Cozinheiras: Ouves? Ouves esse grito das crianças? Ah! Desgraçada mulher! Destino
cruel!

1º Filho: Ai de mim! Que fazer? Como fugir da mão de minha mãe?

2º Filho: Eu não sei irmão querido! Estamos perdidos!

Cozinheira: Entrarei nessa casa em socorro dessas crianças?

Os Filhos: Sim, socorro, em nome dos deuses! O tempo urge, vamos cair nas
emboscadas do punhal

Cozinheira: Miserável! Tens então coração de ferro para ferir assim teus filhos?
Funesto hemineu, quantas desventuras causaste aos mortais!
Jasão: Mulhere, que permaneceis junto a casa, essa Medéia, que acaba de cometer tais
atrocidades, ainda está, ou se salvou pela fuga?

Cozinheira: Infortunado Jasão, não conheces ainda a extensão das tuas desgraças; de
outro modo, não usarias essa linguagem.

Jasão: Que está acontecendo? Será que ela quer também matar-me?

Cozinheira: Teus filhos foram mortos pela própria mãe.

Jasão: Mulher, o que queres dizer? Feriste-me o coração!

Cozinheria: Sim, teus filhos já não vivem!

Jasão: Onde os matou ela? Em casa ou fora?

Cozinheira: Abre a porta e verás as crinaças assassinadas.

Jasão: Que horror, meu filhos mortos, vou fazer com que pague por isso!

(NÃO ESQUECE DO FOCO NA MEDÉIA- VOU ESTAR NA ESCADA,


PRECISO DE LUZ)
Medéia: Para que sacudir e levantar essa porta a fim de procurar teus filhos mortos e a
mim que os fiz perecer? Não te dês esse trabalho. Se precisas de mim, podes falar, mas
teu braço não poderá atingir-me: aqui vês o carro que me deu o sol, meu avô, para
submeter-me aos ataques de meus inimigos.

Jasão: Ó monstro, ó mulher execrável, que causa horror aos deuses, a mim, a todo o
gênero humano! Não receaste matar teus filhos, sendo mãe!Quanto a mim, só me resta
chorar minha sorte, ai de mim! Não gozei d meu novo himeneu, e estes seres queridos
que gerei, que alimentei, não os verei mais vivos, não lhes falarei mais, perco-os para
sempre!

Medéia: Depois do ultraje ao meu leito, eu não te poderia permitir viver feliz insultando
minha dor, nem deixar a filha do patrão nem ele próprio Creonte.

Jasão: Minha dor é a tua, sofreste como eu.

Medéia: Sim, tens isso por certo, mas ganho com isso, pois, a esse preço, já não sou teu
objeto de zombaria.

Jasão: Ó meus filhos, que monstro encontrastes em vossa mãe!

Medéia: Ó meu filhos, foi à perversidade de vosso pai que nos perdeu!

Jasão: Ao menos não foi meu braço que os imolou.

Medéia: Foi teu ultraje, teu novo himeneu.

Jasão: O quê? Foi para vingar teu leito que te resolveste a matá-los?
Medéia: Pensa que para uma mulher seja isso uma fraca injúria?

Jasão: Sim, para aquela que é ajuizada, mas para Medéia tudo se torna ofensa.

Medéia: Eles já não vem, eis o que me dilacera o coração.

Jasão: Neles encontrarás demônios vingados, encarniçados contra teu repouso.

Medéia: Sabem os deuses quem foi o primeiro autor deste desastre.

Jasão: Sim, eles sabem todo o negror de tua alma.

Medéia: Odeia-me! Detesto tua odiosa palavra.

Jasão: E eu, a tua. Mas é-nos fácil livra-nos um do outro.

Medéia: Como? Que é preciso fazer? Sinto a respeito disso também o mais impaciente
desejo.

Jasão: Deixa-me enterrar meus filhos e chorá-los.

Medéia: Certamente que não. Sou eu que os enterrarei com minhas mãos. Enquanto a
ti, infame, perecerás miseravelmente, como o mereces e reconhecerás os amargos frutos
de teu novo himeneu.

Jasão: E tu, possam fazer-te perecer as Erínias de teus filhos e a justiça, vingadora do
assassínio!

Medéia: Volta a casa grande e entrerra tua jovem esposa.

Jasão: Volto ai de mim! Privado para sempre de meus dois filhos.

Medéia: Eles te reservarão mais amargas lágrimas, espera pela velhice!

Jasão: ó meu filhos queridos!

Medéia: queridos por sua mãe e não por ti.

Jasão: e, no entanto tu os mataste.

Medéia: Agora tu os queres? Mas outra hora tu os repelias.

Jasão: deixa que eu toque em seus corpos!

Medéia: Não, tua súplica é inútil. ( DESLIGA A LUZ DA MEDÉIA)

Jasão: Ó Zeus, prouvera os céus que não lhes houvesse dado vida, para vê-los
trucidados por tua mão.
(LUZ SOMENTE NA COZINHEIRA)
Cozinheira: Zeus, do alto do Olímpio, determina o ruma de muitos acontecimentos, e
muitas vezes os deuses enganam nossas previsões na execução de seus desígnios. O que
se esperava não acontece e um deus franqueia o caminho aos acontecimentos que menos
se esperavam. Tal é a conclusão deste drama. (No meu livro não havia o final ilustre da
fuga de Medéia para junto ao sol, quero por essa parte. Me ajude LOIRET)( A LUZ
APAGA E VOLTA COM OS ATORES NO PÁLCO) (TOCA A ÚLTIMA MÚSICA
“ SONETO DA SEPARAÇÃO”- VINÍCIUS DE MORAES)

FIM(FEITOOOOOOOO!)

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