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Algumas informações acerca da Cerimonia do Olùgbàjẹ

A Cerimônia do Olùgbàjẹ é exclusividade do afro-brasileiro, sua origem remota desde a


época do Terreiro da Barroquinha, depois que a primeira ìyáwò de Ọbalùàiyé foi iniciada e
consagrada ao Deus da Varíola. Este caminho de Ọbalùàiyé vestia-se todo de preto,
inclusive o seu Àṣọ Ìkọ – roupa confeccionada em fibra vegetal ou palha da costa,
denominada de Azem entre os povos da nação Jeje. Após o término do Olùgbàjẹ suas
roupas não podia ser guardadas e deveriam ser queimadas ritualisticamente. Esta
cerimônia, que durava naquela época 14 dias, foi introduzida na ritualística com a
finalidade de prolongar a vida, afastando as doenças e trazendo saúde a todos os
membros da Comunidade Terreiro.
A etimologia dessa palavra nos levam a seguinte interpretação, após ser desmembrada: o
substantivo Olù – abreviação de Olùwa, que tem o significado de senhor, mestre, dono; em
junção com o verbo intransitivo gbàjẹ – aceitar uma comida. Um estudo nos leva à palavra
Olùbájẹ – O termo Olù em junção com verbo transitivo bájẹ, que significa, comer com
alguém, associar-se ou manter comunicação com algum indivíduo. Outro nos leva a
palavra Olùbàjẹ – O Senhor da Putrefação, mas esse com certeza é um título de
Ọbalùàiyé em relação a decomposição de um cadáver e sua relação com Eṣinṣin – a
mosca varejeira. Alem de que a maior parte das doenças sob seu domínio, degeneram os
tecidos dos seres humanos ainda em vida. No tradicional cântico dessa cerimônia: a
palavra A! – interjeição, expressando alegria surpresa, admiração e contentamento; A –
pronome, contração de Awa, nós (1ª pessoa do plural); Jẹun – verbo intransitivo comer, se
alimentar; Bọ – verbo intransitivo, retornar, chegar e vir; e Aràiyé – substantivo que
significa povo ou humanidade.
Como sempre digo: “cantiga de candomblé, não se considera apenas a tradução e sim a
interpretação”, então vou deixar para que cada leitor, faça a sua interpretação de acordo
com o seu entendimento, pois não sou o “dono da verdade absoluta”. Seja qual for a
palavra, Olùgbàjẹ ou Olùbájẹ, ambas designam um ritual onde são servidos alimentos aos
participantes em uma verdadeira comunhão com o Òrìṣà Ọbalùàiyé, ou seja em minhas
palavras, um legitimo e autentico Abánijẹun – Aquele que reparte o mesmo prato com
outro.
Muito tem se discutido a quantidade e as iguarias que devam ser oferecidas durante a
cerimônia, suas variedades e tipos, diferem de uma linhagem a outra. O mais tradicional
de todos, chegam num total de vinte e uma comidas, sendo sete de caráter publico e
quatorze de caráter privado, das quais permanecem acomodadas dentro do Ilé Iji – A Casa
da Família de Ọbalùàiyé .
Sabemos que as de caráter publico são:
1. Feijão fradinho cozido e refogado.
2. Feijão preto cozido e refogado.
3. Milho de galinha cozido em água com sal.
4. Acaça branco.
5. Milho de canjica branco cozido.
6. Acarajé.
7. Carne dos animais oferecidos, cozidos e refogados.
Todas essas comidas serão acomodadas no chão, ao lado de fora do salão principal e
servidas a todos os presentes, em Ewé Lara – folha de mamona, e o que nela sobrar, será
depositada em um grande balaio de palha, que se transformará em um grande “carrego”.
Tradicionalmente, um Terreiro de Candomblé só tem o direito de realizar a referida
cerimonia, se nele existir um ou mais filhos de Ọbalùàiyé, ou seja, não se “pega
emprestado” de casa alheia, ou que o dirigente do terreiro pertença a esse Òrìṣà.

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