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20/12/2017 A Ilegalidade da Exigência de Propriedade ou Certificação para Execução do Objeto Licitado - licitantevencedor.com.

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25 ABR A ILEGALIDADE DA
EXIGÊNCIA DE PROPRIEDADE
OU CERTIFICAÇÃO PARA
EXECUÇÃO DO OBJETO
LICITADO
Posted at 08:01h in Licitações by Rodrigo Soares de Azevedo 
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A Ilegalidade da Exigência de Propriedade ou Certi cação para Execução do


Objeto Licitado

         Não são poucos os casos de Editais de Licitações regedores de processos


licitatórios, nas suas mais variadas modalidades, que tem como m a contratação
para fornecimento de determinados produtos ou execução de especí cos serviços
que trazem em seu corpo exigências quanto à necessidade de prévia comprovação
de propriedade de equipamentos que serão necessários na execução dos serviços
licitados ou certi cações quanto à regularidade detida pela licitante em razão da
atividade desenvolvida.

               Da mesma forma, não é insigni cante a divergência doutrinária e


jurisprudencial quanto à matéria, havendo sido objeto de Súmulas exaradas por
Tribunais de Contas em todo o Brasil.

               A título de exemplo, trazemos no presente artigo, a Súmula 14 do Egrégio


Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, decorrente dos inúmeros e repetitivos
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julgados sobre o tema ora abordado, assim regulando:

Súmula 14:

Exigências de comprovação de propriedade, apresentação de laudos e licenças de


qualquer espécie só são devidas pelo vencedor da licitação, dos proponentes
poder-se-á requisitar tão somente declaração de disponibilidade ou de que a
empresa reúne condições de apresenta-los no momento oportuno. (Deliberação TCA
29.268/026/05, publicada no DOE de 21 de dezembro de 2005)

De logo se veri ca a importância do entendimento contido acima, seja para bene ciar
o licitante, seja para por “em risco” a administração pública promovente do certame.

O posicionamento dos aplicadores e intérpretes da referida norma é bem distinto.  Os


que com a mesma concordam, entendem que o condicionamento da comprovação
da propriedade de equipamentos ainda no momento do certame, sob pena de vir a
ser inabilitado o licitante que assim não proceder, enseja em inequívoca restrição à
disputa pelo objeto licitado e afronta ao princípio da isonomia, não trazendo qualquer
benefício à Administração Pública, posto que o equipamento para o qual se exige a
comprovação de propriedade apenas se fará necessário quando, e somente se,
celebrado o Contrato Administrativo.  Da mesma forma, no que tange à apresentação
de laudos e licenças de qualquer espécie, promovem tal defesa sob o mesmo
fundamento, ou seja, tais licenças apenas serão necessárias ao se dar a execução do
objeto contratado, podendo ser obtida a partir da adjudicação do objeto apenas por
aquele licitante efetivamente vencedor do certame.

Os que são contrários ao entendimento sumulado e acima transcrito, entendem que


tal põe em risco a Administração Pública, posto que, conduzirá todo o certame sem
saber se aquele ofertante da menor proposta terá condições de celebrar o contrato e
efetivamente executar o objeto licitado.

Bem, expostas resumidamente as teses de cada um dos lados em con ito quanto ao
referido entendimento, sem querer “ car em cima do muro”, adoto um
posicionamento misto. Misto não em relação às correntes defendidas, mas em razão
dos itens abarcados na referida Súmula 14 do Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo.

A título de exemplo, imaginemos os seguintes casos:

               Exemplo 01: determinada Administração Pública lança uma licitação para


contratação de serviços relativos a uma obra de engenharia e que em decorrência
dos trabalhos que serão realizados a licitante que vier a ser contratada deverá
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dos trabalhos que serão realizados, a licitante que vier a ser contratada deverá
disponibilizar equipamentos diversos, tais como veículos; retro escavadeiras; etc. 
Tendo em vista as características da obra, envolvendo, por exemplo, a utilização de
explosivos, terá a contratada que deter licença especí ca e expedida pelo Exército
Brasileiro, autorizando-a a operar explosivos especí cos para os serviços que serão
executados em favor do órgão promovente do certame.

Em razão das características dos serviços licitados pela hipotética Administração


Pública, o Edital de Licitação traz em seus regramentos a exigência de (a)
comprovação de propriedade daqueles veículos que serão utilizados na execução
dos serviços e (b) licença expedida para a operação dos explosivos que se farão
necessários na execução dos trabalhos.

Com relação à referida hipótese, entendo ser inadmissível as exigências do Edital de


Licitação, tanto em relação à propriedade dos veículos, quanto em relação à licença
para operar explosivos, posto que tais apenas se farão necessários por parte daquele
licitante que vencer o certame e efetivamente vier a celebrar o Contrato
Administrativo, não se justi cando a restrição à participação do certame a apenas
poucas empresas que já detiverem tais comprovações disponíveis no momento do
credenciamento.

               Exemplo 02: determinada Administração Pública lança uma licitação para


contratação de serviços relativos à elaboração e fornecimento de refeições para as
unidades escolares do Município ou Estado.  Tendo em vista as características do
objeto licitado, o Edital de Licitação regedor do certame, traz em seu corpo
exigências quanto à demonstração de propriedade de equipamentos inerentes à
uma cozinha industrial já instalada e em funcionamento, tais como: fogões e fornos
de determinada especi cação; panelas e caldeirões com dimensões especí cas, etc. 
Exige, também, comprovação de alvará de funcionamento e licença junto à vigilância
sanitária competente.

Bem, entendo que o Exemplo 02 acima citado, assemelha-se ao Exemplo 01 quanto


à comprovação prévia de propriedade de equipamentos, todavia, difere radicalmente
quanto à comprovação do Alvará de Funcionamento e Licença junto à Vigilância
Sanitária.

Antes que se a rme que essa minha conclusão é óbvia e dispensaria maiores
discussões quanto à matéria, destaco que em diversos julgados do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo que ensejou a referida Súmula 14, encontra-se
expressa e textualmente defendido que licença ou alvará de espécie alguma pode
ser exigido de qualquer licitante antes de encerrado o certame, posto que apenas o
vencedor terá a necessidade de apresenta lo fato que permitirá a qualquer
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vencedor terá a necessidade de apresenta-lo, fato que permitirá a qualquer
concorrente obter tais documentos se, e apenas se, vier a ser apontado como
adjudicatário do objeto licitado.

Sou radicalmente contrário à tal conclusão.  Entendo que sempre que a licença ou
laudo exigido disser respeito à atividade principal da sociedade empresaria licitante –
ou seja, que para o funcionamento da mesma, independentemente de sua atividade
se dar em favor da Administração Pública – exigir que ela detinha a referida licença
ou pretendido laudo descrito no Edital de Licitação, inexistirá qualquer óbice a dito
regramento, posto que, sem tais documentos, a empresa sequer poderia se
encontrar em atividade.  Tal se aplica, perfeitamente, ao Exemplo 02, quanto à
exigência de Alvará de Funcionamento e Licença junto à Vigilância Sanitária.

Já com relação à comprovação de prévia propriedade, entendo inexistir exceção. 


Dita exigência con gura-se inequivocamente como abusiva e restritiva à livre
concorrência, afrontando o Princípio Constitucional da Isonomia e impedindo que se
instaure no referido certame a e ciente e ampla disputa ao objeto licitado.

Nada obsta, por óbvio, que a Administração Pública exija como condição à
habilitação, a apresentação de declaração no sentido de inexistir qualquer espécie
de restrição à disponibilização dos equipamentos que se farão necessários à
execução do objeto licitado, quando da celebração do Contrato Administrativo, posto
que apenas neste momento se dará a utilização dos referidos bens.

O m maior contido na Súmula 14 consiste na pretensão de que se amplie ao


máximo a competitividade entre os interessados em contratar com o Poder Público,
retirando-se do procedimento licitatório amarras e especi cações que possam ser
comprovadas quando da convocação para a assinatura do Contrato Administrativo.

A prévia declaração de que inexistirá empecilho à disponibilidade dos equipamentos


necessitados para a execução do objeto licitado, dará à Administração Pública a
segurança quanto ao ressarcimento de qualquer prejuízo, posto que se encontrará
legitimada a penalizar o licitante contratado e que, por razões diversas e que em
nada se relacionam com a Administração Pública, venha a descumprir com a
obrigação de disponibilizar os equipamentos exigidos.

Necessário se faz lembrar que a Súmula 14 pauta-se no que se encontra regulado no


artigo 30, § 6° da Lei 8.666/1993; disposição que veda a exigência de propriedade
dos licitantes quanto a equipamentos, maquinário e outros bens que deverão ser
alocados à execução do futuro contrato.  Tal preceito regula a obrigação dos
licitantes em declarar de maneira formal a disponibilidade dos bens necessários à
execução do objeto licitado Assim dispões tal regramento:
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execução do objeto licitado.  Assim dispões tal regramento:

Art. 30.  A documentação relativa à quali cação técnica limitar-se-á a:

(…)

§ 6oAs exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas,


equipamentos e pessoal técnico especializado, considerados essenciais para o
cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de
relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas
cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.

Como se vê, apesar da referida norma traçar claramente a proibição quanto à


exigência de prévia propriedade, inúmeros foram os casos levados às Cortes de
Contas, acabando por ensejar a Súmula acima transcrita e em, como se demonstrou,
amplitude ainda maior que a norma em referencia, posto que abarcou, inclusive, a
vedação à exigência de licenças ou laudos prévios, como exposto acima.

O fato é que poucas são as licitantes que optam por enfrentar e resistir aos abusos
cometidos por parte da Administração Pública, todavia, como se demonstra, o
comportamento passivo não traz qualquer benefício, enquanto que a irresignação às
normas restritivas e ilícitas é o caminho à condição de Licitante Vencedor.

Não há qualquer dúvida que levar o caso ao judiciário demanda não apenas longos
períodos de tempo, mas, acima de tudo, elevados custos nanceiros que, na grande
maioria das vezes, desestimulam os licitantes a lutar contra tal ilícita prática, deixando
os gestores públicos descompromissados com a probidade, livres para atuarem em
afronta à legislação vigente.

Ao contrário dos que muitos pensam, são vários os caminhos que podem ser
adotados e que implicam em medidas praticamente imediatas e pouco dispendiosas,
justi cando a luta pela legalidade e correção dos atos abusivos cometidos por
servidores públicos desquali cados ou, pior, ímprobos.

Rodrigo Soares de Azevedo

Advogado – OAB-PE n. 18.030

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TAGS: exigência de propriedade e habilitação, ilegalidade da exigência de propriedade,


inabilitação por não comprovação de propriedade

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