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Introdução
É provável que um dos problemas mais sérios da Igreja Cristã de nossos dias, em sua
fragmentação e no vertiginoso aumento de seitas em seu seio, seja sua indiferença e
alienação de suas raízes.
A Igreja se tornara uma massa disforme, sujeitando-se ao papa como seu chefe
supremo e à tradição em pé de igualdade com a Bíblia. A própria Escritura se fizera
desconhecida do povo.
O culto cristão cedeu lugar à missa, rezada em latim; a Santa Ceia transformou-se em
corpo e sangue de Cristo, em sentido literal, e o povo não bebia o cálice; Deus não era
mais invocado, e, sim, os santos e anjos; surgiu a doutrina do purgatório associada à
confissão auricular; surgiu a penitência, a venda de indulgência (perdão), a água
benta, a virtude dos mártires, o poder sacerdotal e as imagens nas igrejas.
O poderio romano transformou a Igreja num único organismo bem estruturado, fora do
qual só havia excomunhão e condenação.
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D. A questão moral
Não foi difícil para os humanistas, que passavam a ter contato com o Novo
Testamento grego, perceberem as diferenças gritantes entre a Igreja do Novo
Testamento e a Igreja Católica Romana. O povo começava a se cansar com os
constantes pedidos de dinheiro e não percebiam no horizonte qualquer benefício
espiritual. Ao contrário, somente viam a justiça ser torcida e os fiéis serem
desamparados pelos bispos.
2 – OS GIGANTES DE DEUS
A. Precursores da Reforma
O Senhor Deus disse uma vez a Elias que havia mais 7.000 com ele que também não
dobraram seus joelhos aos ídolos (1 Rs 19.18). Aqui estão apenas alguns nomes, das
centenas que existiram na luta pela mesma fé evangélica (Jd 3). Talvez como Elias
seja difícil saber que estão lá. Mas Deus mesmo os tem guardado.
Gregorio di Rimini e Jerônimo Savonarola eram italianos. Gregório (1358) era filósofo
e tornou-se monge agostiniano. Ele também enfatizou a graça de Deus na salvação.
Savonarola (1452-1498) era um monge dominicano. Foi enforcado e queimado por
heresia em Florença. Ele pregava contra a imoralidade papal.
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Por volta de 1519 ocorreu sua conversão. Passou a levantar a bandeira da Reforma
combatendo a obrigatoriedade de dízimos a Roma. Combateu também o jejum
quaresmal requerendo a autoridade exclusiva da Bíblia. Após vários incidentes as
autoridades resolveram promover um debate público para que os líderes suíços
escolhessem, após a disputa, qual seria a religião adotada. Foi assim que, com sua
defesa, a Reforma começou na Suíça alemã por iniciativa oficial.
Ao longo de sua vida, comentou quase toda a Bíblia. Escreveu tratados em defesa da
fé cristã. Escreveu centenas de cartas, nas quais expunha a fé bíblica. Pregou
milhares de sermões expositivos, do púlpito e em conferências; procurou fazer a Bíblia
um livro aberto e compreendido pelo povo.
John Knox (1514-1572) foi influenciado por Thomas Gwilliam e George Wishart. Em
1549 foi à Inglaterra pregar contra o catolicismo. Em 1553 refugiou-se em Genebra,
sendo influenciado por Calvino. Em 1559 voltou à Escócia, sua terra natal, conduzindo
a reforma lá.
3 – O CONTEÚDO DA FÉ REFORMADA
A. Solo Christi (Cristo somente). Nosso único Salvador (At 4.12); nosso único
Mediador (1 Tm 2.5); nosso único Fundamento (1 Co 3.11); nosso único Soberano e
Senhor (Jd 4; Ap 19.16); nosso único Caminho, Verdade e Vida (Jo 14.6).
O mais poderoso dos homens, a mais poderosa das mulheres, o mais santo dentre os
santos, o mais glorioso anjo - ninguém substitui nosso bendito Salvador. Ele é único
no céu e na terra.
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Só ela faz a Igreja unida e forte, sob o mesmo estandarte da Verdade. Sem a Bíblia
não há Igreja, nem fé genuína, nem esperança no porvir, nem força para lutar e
vencer.
Ela é o referencial máximo do cristão. O que não pode ser provado por ela, deve ser
rejeitado, mesmo que haja sido comunicado por um anjo (G11.8,9). Então cunhou- se
o slogan: "A Bíblia, somente a Bíblia, é a religião dos protestantes." E continua sendo!
A nova Igreja, à luz da Bíblia, abandonou tal engano, e firmou-se na fé que é o veículo
da justificação do pecador diante de Deus. Aliás, foi Lutero quem redescobriu a
gloriosa afirmação paulina: "O justo viverá pela fé " (Rm 1.17).
Então proclamaram: "Fora de Cristo não há salvação" - e ele só pode ser recebido
através da fé que é dom de Deus (Ef 2.8,9). Não é a Igreja que nos salva para Cristo;
é Cristo mesmo que nos salva para a Igreja. A "fé salvadora" é distinta da fé carnal ou
natural. Todos possuem fé, mas nem todos possuem a Fé.
A fé natural ou carnal nos leva a crer em qualquer coisa: a fé espiritual, que é dom de
Deus, nos conduz a Cristo e a tudo o que é dele. Só o renascido pelo Espírito Santo
possui esta fé.
D. Sola Gratia (a graça somente). Retorno à graça que salva. A Igreja de Roma
havia substituído a graça de Deus pelos méritos humanos. Ao abrirem a Bíblia,
descobriram: "A tua graça é melhor que a vida " (SI 63.3). "Pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não das obras, para que
ninguém se glorie " (Ef 2.8,9).
Mas esta graça não é algo 'barato', vulgar, que gera a indiferença, a
irresponsabilidade. É a graça que produz: (a) gratidão humilde a Deus; (b) serviço
alegre; (c) responsabilidade consciente; (d) testemunho vivo; (e) amor pelos
pecadores; (f) espírito de oração e louvor; (g) espírito de quebrantamento; (h) profunda
comunhão com Deus; (i) prática da genuína caridade.
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Cada salvo é um sacerdote no reino de Deus (a) para interceder por todos; (b) ensinar
a todos a verdade divina; (c) interpretar a santa Escritura com humildade, com fé, com
sabedoria, com obediência, para si mesmo e para os demais.
Ele é um sacerdote porque (a) é santuário de Deus pela habitação do Espírito Santo (1
Co 3.16,17). (b) é membro da Igreja que é "raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus" (1 Pe 2.9).
Na genuína Igreja de Cristo não há lugar para displicência, ociosidade, vida profana,
religiosidade irresponsável. O cristão, como sacerdote, (a) é comprometido com sua
família e com a sociedade; (b) é honesto no exercício da profissão; (c) sua linguagem
é sadia e edifica os ouvintes; (c) sua vida transpira o evangelho da graça de Deus na
forma de testemunho pessoal; (d) na Igreja e na sociedade, ele é dinâmico,
participativo, responsável; (e) seu interesse é ser exemplo dos fiéis. Sua vida cristã
não é através da Igreja; é diretamente com Deus.
O único Mediador é Jesus Cristo, e o Espírito Santo habita o coração de cada crente.
"Agindo eu, quem o impedirá? " (Is 43.13). A Igreja de Roma assenhoreou-se das
consciências, e o papa tornou-se o soberano da Igreja. Na Igreja do Novo Testamento
não há 'papa', e os ministros são servos de Deus e da Igreja. Só Deus reina! Tudo terá
que concentrar-se na glória de Deus e em sua soberania!
Conclusão
Não é sem motivo que a Reforma tenha produzido cristãos tão vigorosos, sinceros,
dinâmicos, fiéis, santos, justos, corajosos, humildes e cheios de boas obras. Pois que
as boas obras não geram a salvação, senão que são geradas por uma vida salva,
abençoada, reconstruída, direcionada para o altruísmo, para o bem, para a justiça,
para a paz, para o progresso, para a glória de Deus.
Não é sem motivo que a Igreja tenha crescido tanto em tão pouco tempo. Não é sem
motivo que nações tenham se transformado em povo forte e progressista. A Igreja
moderna precisa inspirar-se no exemplo da Reforma Protestante.
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