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ESTRELA Edite, SOARES, Maria Almira, LEITÃO, Maria José, Saber Escrever Saber Falar, Dom
Quixote.
AREAL, Américo, Curso de Português – Questões de Gramática, Noções de Latim, Edições ASA.
Escreve-se porque:
1.º - Quando esta palavra é uma conjunção causal.
Trabalho muito porque preciso.
És bom porque compartilhas a desgraça alheia.
Os ociosos são inúteis porque nada produzem.
N. B. Segundo Rebelo Gonçalves, em escritores modernos esta conjunção só aparece por imitação da língua antiga. Caso
contrário, escreve-se a locução por que.
Obs. Porque, como conjunção final, tanto do gosto dos nossos clássicos, praticamente caiu em desuso. Leva sempre o verbo
para o conjuntivo:
“Régulo, porque a pátria não perdesse,
Quis mais a liberdade ver perdida”
Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, IV, 53
3.º - Quando se trata duma locução conjuncional final a seguir de verbos como lutar, fazer, esforçar-
se, e outras acepções análogas.
Lutamos por que a vitória seja nossa.
Tudo farei por que ela seja muito feliz.
Vou esforçar-me por que ele venha.
Faço votos por que te saias bem.
Por vezes, há frases que só diferem na grafia conforme o sentido.
1.º -
Porque esperas? (isto é: esperas porquê?) (porque, advérbio interrogativo = porquê) (=
Qual a causa da tua espera?)
Por que esperas? (que, pronome interrogativo = que coisa, qual coisa.) (por que coisa
esperas?)
2.º -
Porque suspiras tanto? (isto é: suspiras porquê?) (porque, advérbio interrogativo) (Qual a
causa do teu suspirar?)
Por que suspiras tanto? (que, pronome interrogativo – que coisa) (Por que coisa suspiras
tanto?)
3.º -
Não sei porque te apaixonaste. (porque – advérbio interrogativo) (= Não sei qual é a causa
da tua paixão.)
Não sei por que te apaixonaste. (que, pronome interrogativo) (= Não sei por qual coisa te
apaixonaste, isto é, qual é o objecto da tua paixão.)
CUNHA, Celso e CINTRA, Luís Filipe Lindley, Nova Gramática do Português Contemporâneo,
Edições Sá da Costa, Lisboa.