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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI


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LEVANTAMENTO DE PLANTAS UTILIZADAS COM FINS TERAPÊUTICOS PARA


ANIMAIS NOS MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DO ALTO MÉDIO GURGUÉIA –
PIAUÍ
Wenderson Rodrigues de Amorim (PIBIC/UFPI), Jamylla Mirck Guerra de Oliveira (Orientador
departamento Medicina Veterinária – UFPI

Resumo - O uso de plantas com fins medicinais vem desde os primórdios das civilizações, uma vez
que são de ampla localização e de fácil acesso. Na medicina veterinária, a fitoterapia vem ganhando
espaço e apontando como uma alternativa a tratamentos convencionais. Assim, este trabalho teve
como objetivo realizar um levantamento das principais plantas usadas com fins medicinais para animais
nos municípios da Microrregião do Alto Médio Gurguéia, Piauí. O trabalho foi realizado na microrregião
do Alto médio do Gurguéia nos meses de maio e junho de 2017, abrangendo oito municípios (Bom
Jesus, Currais, Santa Luz, Cristino Castro, Palmeira do Piauí, Redenção do Gurgueia, Gilbués,
Alvorada do Gurgueia). Foram realizadas visitas a propriedades rurais, agências de assistência aos
produtores rurais (ADAPI e EMATER), e a Universidade Federal do Piauí. Foram citadas 118 plantas,
entre os 61 entrevistados, sendo a Aloe vera L. (Babosa) 14,41%, Drimys winteri J.R. & G. Forst
(Pratudo) 8,47%, Terminalia brasiliensis Camb. (Catinga de porco) 7,63%, Chenopodium ambrosioides
L (Mastruz) 5,93%, Gossypium hirsutum L. (Algodão) 5,08%, Caryocar coriaceum Wittm (Pequi) 4,24%,
Hancornia speciosa Gomez (Mangabeira) 4,24%, Guapira graciliflora (Pau piranha) 3,39% e Mauritia
flexuosa L. (Buriti) 3,39% as mais significativas, pois obtiveram valores iguais ou superiores a 3,39%
das citações, Dentre as partes das plantas utilizadas, destacam-se as folhas, caule e raiz, sendo
preparadas na forma de garrafada, chá, banho, xarope e emplastro. As vias de administração citadas
foram orais e tópicas e as principais espécies tratadas com as plantas foram bovinos, caprinos e ovinos.
Várias foram as indicações terapêuticas apontadas pelos entrevistados, como ação cicatrizante e
retenção placentária. Portanto, conclui-se que babosa, pratudo, catinga de porco, mastruz, algodão,
pequi, mangabeira, pau piranha e buriti são as principais plantas utilizadas para tratar enfermidades
que acometem animais domésticos na Microrregião do Alto Médio do Gurguéia, Piauí.

Palavras-chave: produtos naturais. Bom jesus. Fitoterapia.

Introdução
A utilização de plantas medicinais está ligada intimamente com o homem desde a sua evolução.
O Brasil sempre foi considerado um país de grande variedade de plantas, muitas delas ainda pouco
descritas, por outro lado boa parte é utilizada, principalmente, nas zonas rurais. A maior utilização
destes produtos nestes locais está ligada a criação de animais, o fácil acesso as plantas e o alto valor
cobrado por medicamentos convencionais (TULLER, 2011).
As vantagens conseguidas no tratamento com plantas medicinais são inegáveis. Possui
excelente relação custo/benefício, sem falar que é extremamente eficaz e com potencial tóxico baixo e
poucos efeitos colaterais (OZAKI, 2006). Desta forma, objetivou-se efetuar um levantamento das
principais plantas usadas com fins medicinais para animais nos municípios da Microrregião do Alto
Médio Gurguéia, Piauí.

Metodologia
O trabalho foi realizado na microrregião do Alto médio do Gurguéia nos meses de maio e junho
de 2017, envolvendo oito municípios (Bom Jesus, Currais, Santa Luz, Cristino Castro, Palmeira do
Piauí, Redenção do Gurgueia, Gilbués, Alvorada do Gurgueia). Foram realizadas entrevistas por meio
de visitas a propriedades rurais, agências de assistência aos produtores rurais (ADAPI e EMATER), e
a Universidade Federal do Piauí. Totalizaram 61 participantes na pesquisa. O formulário utilizado para
as entrevistas foi adaptado de Morais et al. (2005), sendo baseado em perguntas sobre plantas com
potencial terapêutico, caso o entrevistado citasse alguma planta, o mesmo era indagado sobre espécies
de animais tratados, a dose e frequência de uso, parte utilizada, via de administração, forma de preparo
e indicação terapêutica. Os dados coletados foram organizados utilizando o Microsoft Excel e
apresentados de acordo com a frequência relativa e frequência absoluta (%) de todas as plantas
citadas, e as demais informações referentes às plantas mais citadas foram apresentadas de forma
descritiva.

Resultado e discussão
Foram citadas 118 plantas, entre os 61 entrevistados. As plantas Aloe vera L. (Babosa) 14,41%,
Drimys winteri J.R. & G. Forst (Pratudo) 8,47%, Terminalia brasiliensis Camb. (Catinga de porco)
7,63%, Chenopodium ambrosioides L (Mastruz) 5,93%, Gossypium hirsutum L. (Algodão) 5,08%,
Caryocar coriaceum Wittm (Pequi) 4,24%, Hancornia speciosa Gomez (Mangabeira) 4,24%, Guapira
graciliflora (Pau piranha) 3,39% e Mauritia flexuosa L. (Buriti) 3,39% foram classificadas como as mais
significativas, pois obtiveram valores iguais ou superiores a 3,39%, correspondendo ao mínimo de 4
citações da amostragem total (118 plantas). As mesmas plantas também são descritas por Neto et al
(2015) com potencial terapêutico.

Tabela 1. Plantas com potencial terapêutico citadas por entrevistados na Microrregião do Alto
Médio do Gurguéia
ANIMAIS PARTE VIA DE FORMA DE
PLANTA INDICAÇÃO
TRATADOS USADA ADMINISTRAÇÃO PREPARO
Aloe vera L./ Bovino; Caprino; Folha Oral; Tópica Garrafada; Febre catarral maligna;
Babosa Ovino; Equídeos; Seiva Tônico; Estimulante do
Suíno; Aves; Cães e apetite; Diarreia; Retenção
Gatos placentária; Cicatrizante
Drimys winteri Bovino Casca; Oral Garrafada Retenção pascentaria; Febre
/ Pratudo; Entrecasca catarral maligna
Para-Tudo.

Terminalia Bovino; Caprino; Casca; Tópica; Oral Garrafada; Miíase


brasiliensis Ovino; Equídeos Entrecasca Banho; Cicatrizante
Camb./ ; Folha Diarreia;
Catinga de Lambedor;
Porco Chá;
Emplastro;
Chenopodium Bovino; Caprino; Folha; Oral; Tópica; Garrafada; Fraturas; Ferimentos;
ambrosioides Ovino; Equídeos; Caule Emplastros; Infecção cutânea; Retenção
L. / Mastruz Suíno; Aves; Cães e placentária; Tônico
Gatos
Gossypium Bovino; Caprino; Folha Oral Garrafada; Retenção placentária;
hirsutum L. / Ovino; Equídeos Sumo Fraturas; Diarréia
Algodão
Caryocar Bovino; Caprino: Folhas Oral Garrafada; Retenção placentária;
coriaceum Ovino; Equídeos novas Lambedor;
Wittm / Pequi Sumo
Hancornia Bovino; Caprino; Raiz; Tópica Banho; Miíase; Cicatrizante;
speciosa Ovino; Equídeos; Folha; Emplastro;
Gomez / Aves Casca;
Mangabeira Entrecasca
Guapira Bovino; Suíno Casca; Oral Garrafada Retenção placentária
graciliflora / Entrecasca
Pau-piranha
Mauritia Bovino; Caprino; Fruto Oral; Tópica Óleo Antiofídico; Fraturas;
flexuosa L./ Ovino; Equídeo; Ferimentos
Buriti Cães

Na tabela 1 estão apresentadas informações relativas às plantas mais citadas, como as


espécies de animais tratados, parte da planta utilizada, via de administração, forma de preparo e a
indicação terapêutica de cada planta. Dentre as partes das plantas utilizadas, destacam-se as folhas,
caule e raiz, sendo preparadas na forma de garrafada, chá, banho, xarope e emplastro. As vias de
administração citadas foram orais e tópicas e as principais espécies tratadas com plantas foram
bovinos, caprinos e ovinos. Várias foram as indicações terapêuticas apontadas pelos entrevistados,
como ação cicatrizante e retenção placentária.

Conclusão
As principais plantas utilizadas para fins medicinais na Microrregião do Alto Médio do Gurguéia,
Piauí são: Aloe vera L. (Babosa), Drimys winteri J.R. & G. Forst (Pratudo), Terminalia brasiliensis
Camb. (Catinga de porco), Chenopodium ambrosioides L (Mastruz), Gossypium hirsutum L. (Algodão),
Caryocar coriaceum Wittm (Pequi), Hancornia speciosa Gomez (Mangabeira), Guapira graciliflora (Pau
piranha) e Mauritia flexuosa L. (Buriti).

Referências bibliográficas
MORAIS, S. M.; DANTAS, J. D. P.; SILVA, A. R. A.; MAGALHÃES, E. F. Plantas medicinais usadas
pelos índios Tapebas do Ceará. Revista Brasileira de Farmacognosia. v.15 n.2 João Pessoa
Apr./June 2005.
NETO, J. R. A.; BARROS, R. F. M.; SILVA, P. R. R. Uso de plantas medicinais em comunidades
rurais da Serra do Passa-Tempo, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. R. bras. Bioci. Porto Alegre, v.
13, n. 3, p. 165-175, jul./set. 2015.
OZAKI, T.A.; DUARTE, C.P.; fitoterápicos utilizados na medicina veterinária, em cães e gatos. Rev.
Infarma , v.18, nº 11/12, 2006.
TULER, A. C. Levantamento etnobotânico na comunidade rural de são josé da
figueira, durandé, MG, Brasil. 2011. 57 f. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (Graduação)-
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, ESPIRITO SANTO - SC, 2011.

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