Capítulo 1
Por que será que todo começo de ano a gente acha que aquele vai ser “O SEU
ANO”?!?! Não sei. Mas realmente estava pressentindo que esse ano seria
realmente muito diferente. Acho que é porque passei no vestibular e vou
começar a cursar a faculdade, o que é uma coisa novíssima pra mim. Melhor,
talvez esse ano eu ganhe na mega-sena... AHHH... Mas eu nem jogo...! Bom, o
que vai ser só o “ano” pode me dizer.
A verdade é que aqui em casa tá uma confusão nos últimos meses e não sei
se é isso que está me deixando com essa ansiedade ultimamente...!
Bom, nem tenho uma casa propriamente dita. Minha mãe é governanta de uma
família há muito tempo, antes mesmo de eu nascer, então, sempre morei com
ela na casa dos Legrand, que adotei como minha família. Ou será que eles me
adotaram? Que seja! Na realidade não conheço meu pai e minha mãe herdou o
posto de governanta da minha avó, que já trabalhava e morava com a família.
Então, desde que eu me conheço por gente, vivo dentro desse apartamento,
imenso, diga-se de passagem. Gosto muito de viver aqui com os Legrand,
espaço é o que não falta nesse triplex. Apesar de serem de uma família da alta
sociedade paulistana são pessoas de coração muito bom.
Bom, mas como ia dizendo, aqui tá uma confusão. O dono da casa, chefe da
minha mãe, o seu Henrique Legrand, está trazendo de volta da Europa a Alice,
sua filha que tem a minha idade, 18 anos.
Acontece que depois dos nossos 8 anos perdi totalmente o contato com Alice,
naquela idade a gente nem se “ligava” em falar por telefone e fofocar, a gente
queria bagunçar, e já que não dava mais, pra que conversar?! Hoje já não
penso mais assim, claro, e confesso que sempre senti saudades da Alice. A
gente sempre se deu muito bem e pra falar a verdade é bem isso que me deixa
cada dia mais ansiosa... Será que ela vai se lembrar de mim e de tudo que a
gente, com poucos anos de vida, já viveu?!?!
Na verdade eu nem sei como a Alice está hoje, não sei se vamos voltar a ser
amigas por causa dos muitos anos que se passaram, não sei quais são seus
costumes e gostos. Será que ela ainda se enche de sorvete de pistache e
balas de goma com açúcar?! Sei lá! Que pensamento mais infantil!
Bom, agora o seu Henrique decidiu trazer a filha de volta pra ver se ela tem
vocação para cuidar dos negócios da família, já que a garota é a única
herdeira. Ele tá super animado e empolgado. O apartamento todo foi reformado
pra chegada da Alice e ela ganhou o terceiro piso, a cobertura do prédio,
somente para ela.
O seu Henrique acha que a Alice já é uma garota super independente e precisa
do espaço dela para se sentir mais à vontade e livre, como ela foi acostumada
na Europa. Ele vivia me pedindo dicas de decoração e de como deveria ficar o
“espaço” por eu ter a mesma idade dela... Até dei uns toques de como acho
que ficaria legal, mas o meu mundo realmente é bem diferente do dela e pode
ser que os meus gostos, também, afinal, durmo no primeiro andar, num quarto
onde eu mesma decorei, mas que por sorte é só meu.
Então, uma semana antes fui pro cinema, com a Dani e a Mari. Elas são
minhas amigas desde a época que eu e a Alice entramos no colégio, e
realmente são minhas melhores amigas. Sou uma pessoa de poucos amigos e
bem tímida, o que dificulta um pouco a minha aproximação para com as
pessoas, mas amo incondicionalmente as poucas que tenho perto de mim. A
Dani é morena, baixinha de cabelos lisos. É a palhaça, desbocada e
debochada, cara de pau ao extremo, é o tipo de pessoa que faz a gente
queimar o filme e mesmo assim conseguimos rir da situação. Já a Mari é
totalmente o contrário. É completamente meiga, mas ao mesmo tempo forte e
determinada. O que eu acho mais bonitinho nela são as sardinhas sob o nariz e
a bochecha... Uma típica ruivinha que arrasa o coração dos moçoilos!
Foi quando, no meio do filme, meu celular começa a vibrar na bolsa, olhei no
visor e era a minha mãe, achei melhor sair da sala e atender porque ela só me
ligava nessas ocasiões em caso de extrema urgência.
Laura: oi, dona Lúcia! -- ela odiava quando a chamava assim, HÁ.
Mãe: Laura, filha, assim que acabar o filme vem pra casa que a Alice chegou
de surpresa! -- ela nem ligou pro “dona Lúcia”.
Laura: Como assim?! Ela não vinha só semana que vem?! -- eu comecei a suar
frio, aquilo realmente me pegou de surpresa e de repente eu tava com medo de
voltar pra casa.
Mãe: É, mas a garota chegou de surpresa até mesmo para o seu Henrique... E
ela perguntou de você! -- eu só consegui ficar muda. -- Laura?! Alô?!
Nem quis mais saber de assistir nada, passei o resto do tempo só pensando,
pensando e pensando. Até que o filme acabou. E decidimos tomar um milk-
shake. Sim, eu estava embaçando o meio de campo para ir pra casa.
Mari: não creiooooooooooo, que máximo, você não tem noção da curiosidade
que eu tô de ver ela.
Sem opção, peguei um táxi e fui pra casa, quando cheguei minha mãe mais do
que rápido me chamou lá pra cozinha:
Mãe: Laura do céu, a Alice quer te ver, fala um oi rápido e vai se arrumar
porque o seu Henrique inventou um jantar de boas vindas pra hoje à noite!
Laura: Mããããeeeee, mas que jantar? Você sabe que eu odeio as cerimônias
do seu Henrique.
Laura: Tá, então eu vejo a Alice no jantar, certo? -- tentando dar uma de
desentendida pra adiar um pouco mais o tal encontro.
Mãe: Claro que não, ela pediu para que assim que você chegasse, subisse pra
cobertura para vê-la! -- não sei por que, mas eu tava tão incomodada e tão
insegura -- e vaaaiii, que ela tá esperando, menina.
“Ainda bem que aquelas franjas já cresceram, não sei por que eu tive a maldita
ideia de cortá-las tão curtas da última vez, já dá pra disfarçar jogando-as pra
trás”.
Sempre quis mudar a cor dos meus cabelos, mas eles são pretos demais,
minhas amigas acham lindo e dizem que ondulado com cachos na ponta voltou
na moda. Revi o visual e percebi que até gostava de como aquela calça jeans e
a regata branca vestiam no meu corpo.
“Ainda bem que fiz a sobrancelha, tava uma taturana. Ai, acho que preciso de
um bronze, tô mais branca que uma vela”.
Minha mãe tinha mania de me chamar de branca de neve por causa da pele
branquinha, dos cabelos e olhos bem negros e da boca bem vermelha. Esse
apelido realmente me irritava...
“Ei, peraí, se concentra, Laura! Não pode ver um espelho que já fica enroscada
na frente?!”
A garota não se parecia muito com a Alice de 9 anos atrás.... Mas os olhos cor
de mel e o sorriso não se deixavam enganar... Ela realmente estava dançando
aquela música... Com um top branco que deixava à mostra a sua barriga
delicada e definida, e um short curtíssimo preto colado que denunciava a forma
perfeita das suas pernas.
Ela não é sarada, é simplesmente IDEAL. Afinal, que corpo de dar inveja era
esse que a Alice havia conquistado?! E ainda era moldurado pelos cabeços
lisos meio dourados meio castanhos. OPA! Mas e o balé?!?!?! Leve,
encantadora, totalmente sensual... OOOOOOOOOOOOoooooooooo, mas
calma aí... Sensual?!?! Que isso, Laura?!?! Não! Tenho que admitir, ela está
LINDA!!! Só conseguia olhar e olhar...
“Hey baby whether it’s now or later (I’ve got you), you cant shake me (no),
cause I got you on my radar, Whether you like it or not, it ain’t gonna stop,
cause I got you on my radar (I’ve got you), cause I got you on my radar”.
O que foi isso?!?! Essa parte eu vou deixar pra vocês imaginarem, porque
realmente não daria pra descrever. Enfim, não sabia que eu gostava tanto de
ver pessoas dançarem! Fiquei ali, com a maior cara de pateta do universo e
nem que eu quisesse poderia tirar os olhos daquilo... E, ao mesmo tempo em
que não queria, uma força maior não me deixava tirar os olhos dela mesmo...
Foi quando a música terminou e ela se virou pra desligar o rádio... E eu
estática, ali na porta do estúdio... Os olhos cor de mel me entrelaçaram... O
sorriso largo que eu tava com tanta saudade se abriu mais ainda (sim, naquele
momento eu tive mais certeza ainda da saudade) e ela veio correndo, como se
não nos víssemos há apenas alguns dias...
Não conseguia falar, e mesmo ela estando toda suada, a abracei com a
mesma intensidade, fechei os olhos e senti um cheiro que me deixou
completamente abobalhada.
Foi aí que ela me largou... A gente ficou se olhando e rindo por um bom tempo.
Alice: Laura, você não mudou nada... Continua com essa carinha de criança
feliz e tímida!!! Me dá outro abraço, vai!!! -- e já foi se jogando em cima de mim
de novo.
Laura: e você sempre achando que é a campeã nas brincadeiras, né?! -- sim,
agora saiu alguma coisa.
Laura: agora você vai ver quem é fracote aqui! -- corri e a abracei de novo -- eu
também tava morrendo de saudades de você, Alice!!!
Alice: você vai ficar comigo nesse jantar louco que meu pai inventou, né?!?!
Laura: claro que vou!!!
Alice: que bom... A gente tem muito que contar uma pra outra, você podia
dormir aqui comigo, esse andar é grande o suficiente para duas pessoas -- riu,
debochando do exagero do pai dela.
Laura: você quem manda! Depois eu ligo pra elas -- parei, olhei-a como se não
quisesse sair dali -- preciso descer, tenho que me arrumar, então!
Alice: tá, vai lá, a gente se vê daqui a pouquinho, Laurinha -- deu um beijo na
minha bochecha e saiu em direção ao closet.
Nunca desci aquelas escadas tão rápido... Entrei no meu quarto, sentei na
cama... “o que tá acontecendo aqui?!”
Capítulo 2
Não sabia o que realmente tava sentindo... Só sabia que TAVA FELIZ!!! Todo
aquele medo e aquela angústia tinham passado. Até me senti uma boba por ter
sofrido antecipadamente. Acho que, na real, tava com medo da Alice estar
diferente daquela moleca que eu conhecia. Agora que senti que ela continuava
a mesma pessoa eu tava mais tranquila. Claro que tínhamos muita conversa
pra colocar em dia, mas nada que esses últimos dias de férias não nos
deixassem fazer!
O duro foi escolher uma roupa legal. No fim escolhi uma calça preta bem justa
e uma blusinha preta também, afinal, preto é básico e cai bem em qualquer
ocasião. Coloquei uma sandália de salto dourada, brincos e pulseiras. Sabia
que as festas do seu Henrique não eram modestas. Caprichei no perfume e na
maquiagem, nada muito carregado, mas marcante. E finalmente fui pra sala
principal do apartamento.
Alice ainda não tinha descido. Fiquei por ali, perambulando e cumprimentando
alguns amigos mais íntimos da família que eu conhecia.
Depois de já ter bebido uns dois coquetéis, eis quem avisto no topo da escada:
ela! Alice deu uma olhada no ambiente lá de cima e foi descendo cada degrau
com calma, como se saboreasse aquele caminho. Ela estava exageradamente
linda. Um vestido, frente única, vermelho escuro, envolvia o seu corpo. Seus
cabelos pareciam brilhar. A leveza com que andava denunciava a dançarina
que estava ali.
De repente alguém, vindo por traz, me puxa pelo braço e sussurra no meu
ouvido:
Laura: tava achando que não ia conseguir mesmo! -- falei rindo e olhando nos
seus olhos.
Alice: vem aqui! -- e foi me puxando pelo braço em direção a uma das sacadas
-- você deve lembrar que eu odeio essas frescuras, né?! Não sei pra que tanta
formalidade!
A gente ficou se olhando e ela parecendo que tentava ler minha mente como
algumas horas atrás. E eu nem sabia o que realmente tava pensando. “O que
era aquilo, meu Deus, que me envolvia completamente e nem me deixava
enxergar o que estava à minha volta?!”
Alice: a festa tá legal. Mas eu quero ficar com quem eu to com saudade de
verdade! -- disse, abriu outro daquele sorriso lindo e apertou a minha
bochecha.
Alice: mas o assunto vai ser só esse?! -- ela riu -- já disse que AMO!
Laura: tá! Quer fazer uma loucura?! -- ela me olhou com um ponto de
interrogação na cara.
Fui correndo até o meu quarto e peguei a minha bolsa. Quando voltei, Alice
estava me esperando no mesmo lugar.
Alice: eu topei ir com você, mas agora posso saber onde tá me levando?!
Laura: eu sei que tá um pouco tarde, mas nós vamos tomar o sorvete de
pistache mais gostoso de São Paulo.
Ela me olhou como se fosse uma criança que iria ganhar um brinquedo.
A sorveteria era numa das alamedas ali mesmo do Jardins , parecida com um
pub, super aconchegante e familiar, propícia para ficar horas e horas matando
o tempo. Pedimos o nosso sorvete e sentamos em um dos sofazinhos.
Nem lembro como surgiram tantos assuntos. A gente não parava de conversar
e rir. Alice me contou tudo sobre a Europa, as escolas que ela estudou; as
cidades que morou, as apresentações de dança que fez e eu finalmente
descobri que ela não dançava somente balé, mas praticamente todos os tipos
de dança.
Também contei tudo daqui, das nossas amigas, do colégio, das festas e das
coisas de São Paulo que ela praticamente não conhecia.
Alice contou de um namoradinho que teve na França, mas disse que não era a
mesma coisa, os costumes eram diferentes, mesmo ela morando lá. Contou
que foi um namoro rápido, pois logo se mudou para a Rússia.
Também contei dos meus poucos rolinhos e do Vinícius, um carinha quem tive
um casinho um pouco mais sério há dois meses.
O engraçado é que esse assunto foi muito rápido, parece que só falamos pra
constar, mesmo.
Laura: Nova Iorque, com certeza! Adoro metrópoles. Não vivo sem essa
correria. Amo tudo que me transmite modernidade.
Laura: achava que você já tinha ido pra lá em alguma de suas viagens!
Alice: VAMOS!
Laura: nossa, você topa tudo mesmo, hein?! E se eu disser que é pra gente se
jogar no rio Tietê juntas?!
Alice: BOBA! -- bateu no meu braço. -- É que eu sei que você não vai me
decepcionar no que me fizer prometer; afinal, não me decepcionou quando eu
confiei na sua loucura de sair escondida no meio da minha festa!
Laura: pelo amor de Deus, Alice, olha a hora, vamos embora. Não vamos
querer mais nada, moço, obrigada!
Alice: não esqueci que você disse que vai dormir comigo lá em cima!
Laura: nem eu! Vou colocar meu pijama, escovar meus dentes e pegar meu
travesseiro, tá?!
“Que loucura tá sendo essa?! Por que eu to tão boba?! Essa garota realmente
fez falta na minha vida!”
Capítulo 3
Novamente tentei tirar aquelas coisas da cabeça, afinal, aquilo não fazia
sentido nenhum. Só estava empolgada porque a Alice tinha voltado e a gente
tava se dando super bem. Que mal tem nisso?!
Levantei, busquei meu pijama no armário e me troquei. Fui pro banheiro, tirei a
maquiagem e escovei meus dentes. Voltei pro quarto e peguei meu travesseiro.
Passando pela cozinha deixei um recado pra minha mãe avisando que estava
na cobertura com a Alice. Peguei o caminho em direção até o terceiro andar.
Na cobertura, passei pelo estúdio de dança e por uma saleta que antecedia o
quarto dela. Ainda não tinha visto depois de terminada a reforma e realmente o
lugar havia ficado encantador. O ambiente tinha um cheiro gostoso e leve de
perfume, bem parecido com o que ela usava.
Quando entrei no quarto, não a avistei. Fiquei parada na porta, vendo como o
lugar tinha ficado. Realmente o seu Henrique havia usado todas as minhas
dicas, como a cama king size, a cor branca na parede e a roupa de cama bem
colorida. Além dos outros detalhes que o quarto tinha, como um jukebox que
emitia um som ambiente, a TV que mais parecia uma tela de cinema,
eletrônicos de tudo quanto é tipo e uma penteadeira enorme branca, com luzes
ao redor para se maquiar... O sonho de qualquer menina.
Laura: sim, maravilhoso, eu não tinha visto pronto ainda! -- sentindo minha
bochecha queimar de vergonha.
Alice: realmente! -- veio se aproximando de mim com as mãos pra trás -- tenho
uma coisa pra você! -- esticou os braços me dando um embrulho.
Alice: é... Esse presente tá guardado pra te dar desde quando eu cheguei na
França. Comprei com a ideia de te entregar na primeira visita que fizesse ao
Brasil, mas isso nunca aconteceu e eu guardei para a primeira ocasião que te
visse -- disse sorrindo, meio sem jeito.
Laura: Ah! Brigada, Alice! -- dei um beijo no rosto dela e um abraço bem forte. -
- Vou abrir!
Laura: Que LINDA, Alice! ADOREI! Parece você quando era pequenininha! --
disse apertando a bochecha dela.
Alice: era essa a ideia... Você se lembrar de mim sempre que a visse!
Laura: Own.... Vem aqui vai! -- e sai fazendo cócegas nela de novo, sabia que
desde pequena adorava essa brincadeira.
Ela saiu correndo, tentando fugir do ataque dos meus dedos e pulou na cama.
Ainda rindo, disse:
Laura: claro que não! Essa cama ainda caberia a gorda da Dani e a chata da
Mari! -- caímos na gargalhada.
-- Realmente tô sem sono! Minha adrenalina, acho que ta há mil por ter
chegado no Brasil. E também tem o fuso horário que é diferente. Mas se quiser
deitar, fica à vontade, tá?!
Laura: você acha que eu vim aqui pra dormir?! Vim pra te pentelhar, mesmo!
Laura: louca! Meu biquíni ta lá embaixo, deixa pra outro dia. Cadê as suas
fotos? Me mostra!
Ela correu super animada pro closet e voltou com uma caixa cheinha de
álbuns. Passou pelo jukebox e a ligou, parecia um jazz ou blues que tocava.
Deitou-se na cama ao meu lado e começamos a ver.
Vi tanta foto que parecia que tinha até viajado com ela pra todos aqueles
países. Estava compenetrada nos álbuns quando me dei conta que ela havia
ficado quieta fazia um bom tempo. Olhei e a Alice havia pegado no sono.
De frente pra mim tinha uma porta de vidro enorme que dava para uma área
externa com uma piscina, sauna e uma mini academia. A vista de São Paulo de
lá de cima era simplesmente LINDA! Fiquei contemplando a cidade da cama
mesmo e imaginando que não conhecia nem metade do mundo lá fora.
Olhei pra Alice e ela parecia dormir gostoso. Foi quando pensei o quanto
aquela amiga tinha feito falta na minha vida, e o mais incrível: como ainda
éramos tão ligadas, mesmo ficando distantes por tantos anos e vivendo entre
culturas totalmente diferentes.
Tava FELIZ da Alice ainda ser aquela pessoa que cresci junto. Como ia ser dali
pra frente?!
“Que cheiro bom é esse, afinal?! Desde que entrei nesse quarto ta me
embriagando!”
Cheguei mais próxima dela e respirei fundo. Sim, era ela mesma que emanava
aquele cheiro.
“Ahhhh, que isso, Laura?! Cheirando mulher agora?! Pare de coisa, vai!”.
*******
Acordei naquele sábado de sol com alguém passando as mãos pelos meus
cabelos.
...: ei, seu cabelo é tão lindo! Adorei a franja! -- falou baixinho.
Alice: nada não... Vem, já que você levantou, vamos descer pra tomar café.
Laura: tá, tá, tá, dona “fogo no rabo”-- ela ria da minha indignação por já ter que
levantar.
Fui até o banheiro, dei uma ajeitada em mim mesma, lavei o rosto e descemos.
Henrique: bom dia, lindas! Percebi que vocês fugiram ontem, viu?!
Henrique: ok, ok querida! -- não acreditando muito -- tomem café. Tenho que ir
pra minha aula de tênis. Voltarei pro almoço.
Alice: não precisa se preocupar, pai. Fica à vontade pra ficar no clube. Eu e a
Laura vamos passar o dia fora! -- eu nem tava sabendo desse pequeno
detalhe.
Henrique: tá bom! Peça ao Lopes para levar vocês onde quiserem, ok?! --
Lopes é o motorista do seu Henrique -- vou de carro, o Fausto vai comigo --
Fausto é um amigo/irmão do seu Henrique.
Alice: ah! Então, eu vou com você, não quero tomar sozinha!
Fomos pra cozinha e tomamos café com a minha mãe. Elas conversaram
bastante e eu fiquei mais olhando o quanto aquela menina se sentia bem em
qualquer lugar.
Alice: bom, Dona Lúcia, o papo tá bom, mas agora vou roubar sua filha de
você, o Lopes vai levar a gente pra passear!
Alice: provavelmente não. E meu pai também não, pode ficar sossegada.
Lúcia: é, ele me avisou agora há pouco. Então vou passar o dia na tia Cláudia
hoje -- a Cláudia é irmã da minha mãe.
Fui pro meu quarto, peguei minhas roupas e tomei um banho rápido. Coloquei
uma calça pantalona colorida, que era fresquinha, tava calor e realçava o meu
bumbum como eu gostava, e uma regata verde. No pé uma sandália rasteira.
Fiz um rabo no cabelo, mas aquela franja insistia em não ficar presa, decidi
assumi-la de uma vez por todas e deixá-la mais solta mesmo, por fim achei que
ficou até charmosinha caída no olho. Passei um perfume e um gloss. Tava
pronta! O dia estava definitivamente quente em São Paulo.
A Alice ainda não tava na sala. Sentei no sofá e fiquei folheando uma revista.
Foi quando meu celular tocou, era a Dani:
Laura: vou dar uma saída com a Alice. Uma volta de carro, provavelmente, pra
ela rever São Paulo.
Dani: tá bom, gata. Me diz uma coisa.... Ela tá, digamos, legal?!
Laura: para de ser folgada, garota. Ela tá legal, sim. Mais tarde te ligo. Beijo na
bunda.
Tava com uma saia jeans bem curta e uma legging branca por baixo. A regata
era um vermelho bem queimado (ela ficava demais de vermelho), no pé um
tênis bem baixinho, e o cabelo também estava preso. Aquele perfume, de novo,
tomou conta do ambiente.
Ela pediu pra que primeiro ele seguisse pro Ibirapuera. Fiquei quieta,
esperando o que o sábado e a Alice me reservavam.
Alice: é, tava com saudade de quando a gente vinha andar de bicicleta aqui!
Vamos sentar um pouco na beira do lago?!
Laura: tá bom!
Andamos até um local legal pra gente poder sentar e ficamos ali, admirando a
pouca natureza que ainda existe em São Paulo.
Alice: Ah! Sim! Senti falta disso, dessa mistura de tudo um pouco.
Laura: hum! Você pensa em voltar pra Europa?!
Alice: porque quero recuperar todo o tempo que a gente perdeu, e o tempo que
perdi só fazendo as coisas que a minha mãe queria. Dançando ali e aqui.
Alice: sim, mas vivia pra isso. Nem amigas eu tinha, a não serem algumas das
escolas de dança.
Alice: preciso ver ainda. Minha cabeça sempre foi só dança. Meu pai me
apoiou quando eu disse que queria fazer algo diferente.
Laura: pensei que ele havia te trazido pra começar a aprender os negócios da
família!
Alice: também. Mas pedi pra vir porque queria ter uma vida normal, e não ficar
morando de país em país, pelo motivo de minha mãe ser dançarina.
Alice: precisava disso. Ficar perto de pessoas que eu gosto, e que gostam de
mim. Tava com medo de te encontrar e ver que você não era quem eu
imaginava mais.
Laura: e?!
A gente riu e ficamos ali paradas, sem ter mais o que dizer. Até que eu quebrei
o gelo.
Alice: que bom que sabe! -- deu um beijo na minha bochecha e se levantou --
vamos aproveitar o dia.
Era tão bom ficar ao lado dela. Me deixava extremamente animada.
Laura: páááára! Se fosse, tava ótimo! -- não consegui segurar o riso, todo
mundo do cinema me olhou.
Alice: viu, todo mundo olhou porque é verdade! -- sussurrou no meu ouvido e
riu.
Laura: ô, folgada!
Laura: vamos! Mas vamos ali na Bela Cintra mesmo, pode ser?! Às 21h?!
Laura: Beijos!
Dani: beijos.
Alice: beleza, vamos pra casa, então. A gente continua nosso passeio outro
dia.
Fomos direto pra casa nos arrumar e combinamos que eu iria encontrá-la na
cobertura, assim que estivesse pronta.
Antes de subir, me deu um beijinho no rosto. Aquele dia havia sido realmente
muito agradável. Agora ia ver o que a noite me reservava!
Capítulo 4
Quase não tinha dormido aquela noite. Tava um pouco acabada. Decidi
cochilar dez minutinhos na minha cama antes de entrar no banho.
Deitei e peguei no sono. Não sei ao certo quanto tempo dormi. Minha cama
tava uma delicinha!
........: ei, safada! Você nem se arrumou ainda! -- ouvi uma voz gostosa falando
bem perto do meu ouvido.
........: não vai acordar mesmo?! -- quando disse isso senti o tal perfume que me
embriagava.
Alice: são 21h15. Tava te esperando no meu quarto. Vi que deu 21h e você
não apareceu, então decidi ver o que tava acontecendo!
Laura: não, claro que não! Se você não se incomodar em me esperar, tomo um
banho rápido e me troco. Ligo pra Dani avisando que vamos atrasar um pouco
também!
Corri pro chuveiro e tomei um banho rápido. Me enrolei numa toalha e fui pro
quarto escolher uma roupa. A Alice tava sentada na minha cama. Ela não tinha
me visto na porta, mas eu vi que ela tava olhando umas fotos que tinham num
mural. E também reparei o quanto ela tava linda! Com uma calça jeans bem
escura e uma blusinha bem decotada, estampada. A sandália era de salto e o
cabelo ainda estava molhado. Ai, ai, comecei a perceber o quanto eu andava
reparando nela desde quando chegou.
Entrei no quarto, escolhi uma roupa rápido, e voltei pro banheiro pra me trocar.
Nem vi direito que roupa peguei. Só sei que sai do banheiro com uma calça
jeans clara, uma blusinha de alça, meio bata, listradinha de rosa e bege, e uma
sandália de salto marrom. Penteei o cabelo de qualquer jeito, ele ia se
desarrumar mesmo. Passei um blush, um lápis no olho e um gloss rapidinho. O
perfuminho deu o toque final e voltei pro quarto. A Alice ainda tava sentada na
minha cama. Foi quando meu celular tocou.
Laura: Dani, eu sei que estamos atrasadas, foi culpa minha, mas já estamos
saindo.
Laura: ultimamente você anda uma dama, não, Daniela?! Já disse que estamos
indo!
Me voltei pra Alice e ela estava em pé, atrás de mim, me olhando, dos pés à
cabeça.
Alice: não tenho problema nenhum em dizer que nunca vi uma garota ficar
linda tão rápido! -- e riu.
Laura: você tem o dom de me deixar sem graça! -- novamente sentia meu rosto
queimando -- vamos que a Dani já ta dando piti!
Laura: Dani, vou até o barzinho com o Vini, já volto! -- falei no ouvido dela.
Dani: ele me ligou perguntando se íamos sair hoje porque ele queria te ver!
Laura: não acredito que você falou, Daniela! Poxa, legal você, hein?!
Dani: calma, amiga, ele quer se acertar com você, faz o que seu coração
manda!
Sai sem nem olhar mais pra cara dela. Definitivamente meu coração não me
mandava ficar com o Vini. A gente havia terminado um namorico há uns 2
meses porque ele dizia que não lhe dava muita atenção. O Vini é um cara
legal, bonito e gente boa, mas eu não era apaixonada.
Sentei num banco no bar e vi que a Alice me fitava de longe, ela devia estar
sem entender muita coisa.
Vini: Laurinha, queria falar com você. Eu acho que a gente meio que ficou no
ar.
Laura: Vini, não tem o que ficar se explicando, a gente entrou num consenso.
Nossas vidas estão bem corridas. Não fica se culpando.
O DJ começou a tocar “Me against the music” remixada. Era uma das minhas
preferidas. Vi as meninas levantando da mesa. “não, a Alice não vai fazer isso!”
O Vini virou meu rosto fazendo-o olhar pra ele. Eu queria que ele evaporasse!
“Não acredito!”
Sim, ela começou a dançar e eu, como sempre queria olhar, ainda mais aquela
música.
“Que é isso?!?!”
Ela dançava bem junto das meninas que pareciam estar curtindo demais. Ela
olhava pro alto, pra baixo e rebolava como nunca vi. Os caras, claro, foram se
aproximando, como corvos, e dançando com ela, que virou o centro das
atenções do bar. O DJ fez a musica se transformar em “I Love Rock N’Roll” e
as meninas estavam cada vez mais animadas, principalmente a Alice que
dançava mais solta e sensual (de novo!). Os caras falavam no ouvido dela e a
pegavam pela cintura.
Eu não sabia o que fazer pra escapar do Vini. Ele insistia em me beijar.
Quando consegui me esquivar de um beijo dele, o meu olhar cruzou com o da
Alice. Ela me encarou com um risinho safado, quando de repente um cara
roubou um beijo dela. Eu me virei mais do que rápido pro balcão e bebi meu
Martini num gole só. Nem falei com o Vini e fui pro banheiro. Tava tonta. Não
sei se era por causa dos muitos drinks que eu bebi.
Estava apoiada na pia do banheiro, sentindo não sei bem o que, quando a Mari
entrou.
Laura: to bem, Mari, só acho que bebi muitos drinks. Essas bostas sobem
demais!
Mari: é, amiga, eu percebi que você tava tomando num gole só enquanto falava
com o Vini. Aconteceu algo entre vocês?!
Laura: não e nem vai acontecer, Mari. Não gosto do Vini e a Dani não entende
isso, to puta porque ela avisou a ele que vínhamos pra cá! Poxa!
Mari: também achei meio que mancada, mas acho que ela não fez por mal.
Fica de boa.
Laura: não to me sentindo muito bem e ter que ficar ouvindo o pela saco do
Vini no meu ouvido a noite toda não dá! A gente se fala amanhã. Avisa a Alice
daqui uns 15 minutos só, pra ela não querer vir atrás de mim, e poder
aproveitar a noite.
Passei pelo bar sem o Vini e nem a Alice me verem. Peguei o primeiro táxi que
passou e fui pra casa. Minha cabeça latejava demais.
No meu quarto, coloquei pijamas e deitei. A única cena que me vinha à cabeça
era a Alice dançando e o cara a beijando. Naquele momento admiti pra mim
mesma, numa auto-conversa, que eu realmente estava com ciúme. Pensei em
como aqueles dois dias haviam sido apaixonantes, mas que ao mesmo tempo
eu havia sentido algumas coisas estranhas.
Eu acho que eu tava somente animada com o fato de estar bem próxima da
Alice.
“Não é só isso, Laura!”
“Claro que não, palhaça! Você só bebeu um pouco demais e ficou mal!”
“Mas e o jeito que eu reparo nela?! E eu sei que ela repara em mim também!
Que nada, Laura, para de loucura, faz dois dias que você reviu a garota!
Desencana!”
Depois de muito brigar com meus próprios pensamentos, caí no sono. E por
incrível que pareça, dormi MUITO BEM!
Capítulo 5
Alice: te assustei?!
Laura: não, não, de boa! – ela percebeu que eu fiquei super sem graça.
Laura: bom dia! Você não cansa de me acordar?! – disse meio revoltada.
Laura: calma! – segurei o braço dela – eu tava brincando! – ri meio sem jeito –
que horas são?
Laura: nossa, perdi a noção! E a noite?! Como foi hein?! – tentei desviar o
assunto
daquele mal-estar que ficou.
Laura: claro que não! Ele foi pra lá porque a Dani chamou! Aliás, eu achei
super chato da parte dela querer se meter tanto no meu namoro que já
terminou há 2 meses.
Alice: é, a Mari comentou comigo, mas não me disse o porque você foi embora!
Laura: eu fui porque bebi demais e tava passando mal! Não queria que você
fosse por minha causa... e vi você se divertindo com o bonitão lá!
Alice: que nada, cara escroto! Me beijou à força! E o pior, deu confusão, os
caras que tavam perto fizeram um empurra-empurra quando viram que eu não
gostei! Eu e as meninas saímos de fininho e voltamos pra mesa! Depois de 1
hora mais ou menos eu já havia voltado, mas achei que você tava com o Vini,
não queria incomodar!
Alice: hummm, mas olha só, o dia tá lindo! Eu liguei pras meninas virem tomar
um sol aqui com a gente. Vamos?!?!
Alice: deixa de coisa Laurinha, ela percebeu que você não curtiu!
Alice: blz, te espero então! – dessa vez ela saiu sem me dar um beijinho... e eu
senti falta!
Levantei e fui pra cozinha tomar um café. Fiquei pensando nessa coisa chata
com a Dani e decidi deixar pra lá, já que ela havia se tocado. Voltei pro me
quarto, coloquei o biquíni, um shortinho branco, uma regata cinza e um
chinelinho no pé. Peguei minha toalha de subi.
Dani: Laurinha, me desculpa, eu não sabia que você ia ficar tão chateada!
Laura: Dani, tá de boa. Eu só não gosto que fiquem se intrometendo nos meus
relacionamentos. Você é minha amiga, me dá conselhos, mas não tem o direito
de fazer “planinhos” com meu ex pra gente reatar. Achei meio sem noção,
ainda mais numa noite
que seria pra gente se divertir!
Dani: eu sei, dei mancada! Pensei errado, me desculpa mesmo! Não vai mais
acontecer.
Laura: beleza! Chega desse assunto! Agora vamos aproveitar o dia, porque a
noite foi uma bunda!
A Alice foi lá pra dentro ligar o som e voltou só de biquíni. Ela percebeu que eu
quase morri ao vê-la praticamente sem nada. Sim, aquele biquíni pink era
praticamente “NADA”.
Detalhe: eu virei uma estátua, ainda olhando na porta que ela tinha surgido.
Me virei pra mesa, enchi meu copo de suco e virei num gole só. Eu tava
nervosa, sentindo um frio na barriga!!!
Mari: vem cá! – ela se virou pra que as meninas não pudessem ouvi-la – esse
mal humor diz respeito ao Vini..... ou à Alice?!?! – eu me espantei.
Mari: acho que quem ta ficando louca é você Laura! Pensa um pouco! -
dizendo isso nadou pra perto das meninas.
Mais tarde eu decidi deitar numa cadeira de sol pra tentar pegar um bronze.
Depois de uns 10 minutos eu percebi que a Mari deitou ao meu lado. A Alice e
a Dani ainda se divertiam como peixinhos na piscina. Eu me virei, apoiando nos
meus cotovelos como se fosse tomar sol nas costas e puxei o assunto mais
que rápido.
Laura: ô Mariana, o que foi aquilo que você quis dizer, hein?!
Mari: você acha que eu fui ao banheiro atrás de você por que ontem, Laura?!
Mari: passando mal o caramba! Você saiu porque o cara beijou a Alice. Você
acha que eu não percebi o jeito que vocês se olham?! – ela falava baixo.
Mari: Laurinha, não vamos brigar por causa disso! Daqui uns dias a gente
conversa sobre esse assunto de novo, ok?! Agora, desencana! – e voltou pra
piscina como se não quisesse mais tocar nesse assunto.
A Mari é do tipo de pessoa que nunca fala, mas quando fala a bomba é quente!
Parece mãe, que avisa que vai chover, chove mesmo! Por isso eu fiquei mais
encucada! A Mari tem um sexto sentido muito bom, eu conheço muito bem ela!
Eu podia sentir aquele perfume vindo do corpo dela e a sua respiração. Eu não
sabia o que ela estava fazendo, mas as minhas mãos, automaticamente sem
que eu as deixasse, cercaram a cintura dela. Sentindo-as ela sorriu e olhou
minha boca. Naquele momento eu já sabia o que ia acontecer e estava
totalmente entregue.
“Eu não acredito!”. Era a voz da Mari. Eu não sabia o que fazer. Mergulhei e
escapei dos braços da Alice, que mais do que rápido se apoiou na borda da
piscina. Nem eu, nem ela, conseguimos responder o que a Mari tinha falado!
Demos tchau e a Alice mergulhou. Eu fiquei fitando a Mari até a porta. Ela se
virou e piscou pra mim. “Vaca, ela deixou o celular de propósito!”
Aí eu caí em mim e no que eu ia fazer! Foi tudo muito rápido. Saí da água, me
sequei e percebi que a Alice agora era quem tava de costas olhando a vista de
São Paulo. O pôr do sol tava realmente lindo! Não tive coragem de sair sem
falar com ela. Dei a volta na piscina e me abaixei.
Laura: eu tenho que descer! – e dessa vez foi eu quem dei um beijo na
bochecha dela, que só sorriu.
Capítulo 6
Eram infinitas perguntas sem respostas. “E se a Mari estiver certa?! Agora ela
tá mais do que certa, ela previu e viu o que ia acontecer! Será que eu ligo pra
ela?! Não, melhor fingir que nada aconteceu! Eu preciso de um tempo pra
minha cabeça. Eu preciso ficar um tempo longe da Alice!”
Olhei pro meu celular em cima da escrivaninha e tinha uma ligação perdida.
Era o Vini.
Laura: Oi Vini!
Vini: Laurinha, o que aconteceu com você ontem?! Você sumiu! Tá tudo bem?
Laura: Tá sim Vini, eu só passei mal e tive que ir embora correndo, desculpa
por não te avisar, eu ia te ligar.
Vini: Laurinha, não precisa ser gentil, meu amor! Eu já entendi o recado e só tô
ligando mesmo pra saber se tá tudo bem!
Vini: Laura, se cuida! Você sabe onde me encontrar e sabe também que eu te
adoro! Beijos gatinha! -- e desligou.
“Por que eu simplesmente não podia gostar do Vini que é um cara legal, que
gosta de mim e se preocupa comigo?! Por que tudo tem que ser tão
complicado?!”
Olhei no visor, era a Mari. “Atendo ou não? Essa garota quer me sacanear!”
Laura: Fala!
Laura: não, aconteceu nada. Você tá enganada porque não interrompeu nada,
não tava acontecendo nada, Mariana!
Não deixei a Mari terminar de falar e desliguei. Ela me pegou numa hora de
extremo nervosismo e não me deixou raciocinar direito.
Saí do banho, me acalmei e me troquei o mais rápido que pude. Saí sem nem
ao menos me pentear, o cabelo tava molhado e logo se ajeitaria. Eu sabia que
a Mari ia aparecer e eu não queria vê-la. Peguei o primeiro táxi que encontrei
na rua e pedi pra ele me deixar na Avenida Paulista. Eu adorava caminhar na
Paulista, entrar nas livrarias e tomar café. Foi isso que eu fiz, caminhei de uma
ponta à outra, sem destino, só pensando.
A Mari me ligou mais duas vezes e eu não atendi. Não queria falar com
ninguém! Decidi entrar na Fnac, folhear algumas revistas e ver as novidades.
Estava tão concentrada na leitura que nem percebi uma pessoa se aproximar
de mim. Ela veio por trás e tapou os meus olhos com as mãos.
..........: ACREDITE!
Laura: você sabe mesmo como me chamar pra conversar, né gata? -- a gente
riu.
A Paula era um amor, atenciosa ao extremo, amiga mesmo! Era uma graça,
cabelos negros, lisos e longos, olhos verdes como esmeraldas escuras e um
sorriso largo, branquinho! Mais alta que eu e muito, muito fofa. Eu sempre dizia
que ela tinha um cheirinho de bebê!
Laura: vem cá meu cheirinho de bebê! -- e puxei ela pelo braço. A gente riu.
Paula: Laurinha, você sabe que com a gente não tem essa de chateação,
vergonha e coisas do tipo.
Laura: eu sei! Mas é que eu não consigo nem contar, nem mesmo tocar no
assunto!
Paula: Laurinha, eu tô saindo da casa dos meus pais por causa disso!
Naquele instante, decidi que a Paula seria uma pessoa de confiança, afinal, ela
já tinha passado por isso. Descrevi toda a história nos mínimos detalhes e
depois de algum tempo ela chegou numa conclusão.
Paula: Laurinha, não tem jeito! Você realmente está apaixonada por essa
garota. E acho que é coisa desde a infância. Acho também que ela tá a fim, te
provocando. Mas o que você tá sentindo que deve fazer?
Laura: eu não sei! Eu só sei que quero dar um tempo da Alice. Ficar um pouco
longe, pra colocar minha cabeça em ordem. Ver se é isso mesmo que tô
sentindo. Depois eu vejo o que eu faço.
Paula: Laurinha, meu apê é novo, não tem praticamente nada, mas se você
quiser passar uns dias comigo, fique à vontade. Eu peguei férias do serviço pra
poder organizar a minha vida, então a gente pode se fazer companhia.
Nesse instante, o meu celular tocou. Era de casa! Vendo minha aflição, ela
perguntou:
Laura: ai, por favor, não dá pra saber se é ela, ou minha mãe!
Paula: Alô?
Paula: oi Alice, aqui quem fala é a Paula, amiga da Laura. Ela tá no toalete.
Alice: Ah! Eu falo com ela depois então. Obrigada Paula, Tchau!
Laura: Ai Paula, eu não sei o que eu faço. Mas acho que vou aceitar ficar uns
diazinhos com você.
Laura: eu vou pra casa agora, descansar. Amanhã eu te ligo, pode ser?!
Peguei um táxi de volta pra casa. Entrei de fininho no meu quarto. Coloquei
meu pijama comportado. Minha mãe foi me dar um beijo e disse que a Alice
tava me procurando e que a Mari tinha ido até lá também. Respondi a ela que
conversaria com as duas no dia seguinte. Fui deitar.
.........: Eu preciso falar com você! -- sussurrou quase que como um gemido no
meu ouvido.
Aquele cheiro tomou conta do ambiente e quando ela tocou o meu braço eu
senti como se uma fogueira queimasse dentro de mim. Eu sabia que era a
Alice.
Alice: eu preciso te tocar, sentir o seu cheiro, Laura! E eu sei que você quer! --
quando ela disse isso próximo ao meu ouvido, eu me derreti toda, mas tirei
forças não sei de onde pra responder.
Ela segurou a minha nuca e beijou o meu pescoço. Eu senti a mão e a boca
dela ardendo de calor. Quando me soltou, cai com a cabeça no travesseiro e
ela saiu. Depois de um tempo, eu não tinha certeza se aquilo foi um sonho,
enganação da minha mente ou se realmente tinha acontecido.
“Sim, eu tô LOUCA!”
Capítulo 7
Eu não tive uma noite boa. Acordei bem cedo na segunda-feira e fui falar com a
minha mãe, que estava tomando café na cozinha.
Mãe: Mas Laura, a Alice acabou de chegar e você vai largar a menina sozinha?
Laura: Mãe.... são só uns diazinhos, assim a Alice também organiza as coisas
dela e tal. No máximo sexta-feira estou de volta!
Mãe: Dorme em casa e vai de dia ajudar a Paulinha, filha, não tem
necessidade de dormir na casa dela!
Laura: É que vão ser os primeiros dias dela sozinha, ela queria minha
companhia. E a Alice tem a Dani e a Mari mãe!
Mãe: Ok Laura, ok.... mas só dessa vez e atenda a minhas ligações, ok?! E me
deixa o endereço da Paulinha, se eu precisar de algo urgente!
Saí o mais rápido que pude da cozinha e fui arrumar as minhas coisas. Ela só
ficou me fitando. Peguei o celular e liguei pra Paulinha dizendo que eu tava
indo pro apê dela. Ela se animou e disse que estava preparando um café da
manhã especial pra gente.
Arrumei minha mochila, vesti uma calça de moletom larga e uma blusinha,
amarrei o cabelo e saí sem me despedir da minha mãe, para evitar de
encontrar com a Alice de novo. Quando desci do elevador, não acreditei no que
eu vi. Alice estava me esperando no hall do prédio.
Laura: Não, Alice, eu só preciso ir pra casa da Paula. Ela tá precisando de uma
ajuda minha.
Laura: Para de fazer tantas perguntas, Alice! -- foi quase um grito -- O que foi
aquilo no meu quarto ontem?
Alice: Do que você tá falando? Eu tava com a Mari ontem à noite! -- eu não
acreditei, eu realmente tinha sonhado!
Laura: Fazendo o quê com a Mari? -- senti ciúme.
Laura: Então pronto, Alice, fica de boa -- falei isso e fui saindo, estava
visivelmente alterada... e ela também.
Laura: Outra hora a gente conversa, por favor! -- eu voltei e dei um abraço
nela, que correspondeu prontamente... tão gostoso.
Logo me desvencilhei e sem olhar naqueles lindos olhos cor de mel, saí
correndo para pegar um táxi. Não sei o que ela fez, não olhei pra trás pra ver.
Cheguei no apartamento da Paulinha e ela estava à minha espera. Contei tudo
o que tinha acontecido durante aquela manhã e ela logo disse:
Paula: Laurinha, você precisa ouvir o que ela tem a dizer. Pelo que você conta,
ela está desesperada pra falar com você.
Paula: Laura, falar não é tão difícil quanto beijar... Não precisa acontecer se
você não quiser!
Paula: Então se você quer, pega essa mulher logo de jeito -- a gente riu -- Ela
tá te dando muito mole.
Terminamos o café da manhã e fui com a Paula resolver uns últimos detalhes
do apartamento dela. A gente se divertia demais juntas.
Com Paulinha, a semana passou rápido. A gente tava cada dia mais próxima.
Sem que eu nem percebesse, a quinta-feira já tinha chegado. Eram umas 6h
da tarde quando Paulinha decidiu ir comprar algumas coisas pra fazermos um
lanche. Ela saiu e eu fiquei sozinha no apê, vendo televisão. Pensei que por
mais que minha semana tivesse sido muito legal, eu não conseguia parar de
pensar na Alice, em como ela estava, o que ela tava fazendo e coisas desse
tipo.
De repente, meu celular tocou e no visor mostrava o numero de casa. “QUE
BOSTA! A Paulinha não tá aqui pra atender e ver se é minha mãe!”. Decidi
atender porque se fosse a dona Lúcia, ia ficar muito brava, e tínhamos
combinado que atenderia suas ligações!
Laura: Alô?
Laura: Tudo e você? -- “por que ela tá fazendo que nada aconteceu?”
Alice: Tô com saudades! Vem pra casa? -- meu coração começou a bater forte.
Laura: Amanhã!
Laura: Prometo!
Eu não entendi aquela ligação, mas uma coisa ela tinha conseguido... Me
deixar ainda mais, digamos, apaixonada, “ai ai”! Aquela garota tava me
deixando cada segundo mais louca. Paulinha chegou da padaria e eu contei da
ligação. Comemos e fomos ver novela. Naquele dia, a gente tinha decidido ficar
quietas dentro de casa e aproveitar pra papear, pois eu iria embora no dia
seguinte.
Conversamos sobre tudo. TUDO MESMO! E quando duas babacas estão sem
uma ocupação, arranjam alguma coisa pra fazer. Ligamos o rádio e
começamos a brincar de guerra de almofadas. Ríamos demais. Corríamos pelo
apartamento, fazendo a maior bagunça. Paulinha teve a excelente ideia de se
esconder. Fiquei um tempão procurando aquela safada. Entrei no quarto dela e
aquela ogra saiu de dentro do guarda-roupa se jogando em cima de mim.
Caímos no colchão que tava no chão, rindo.
Paulinha era maior que eu e, sem sombra de dúvidas, bem mais forte. Ela me
virou de frente pra ela e segurou as minhas mãos acima da minha cabeça, me
deixando totalmente desprotegida naquele momento. Parou de rir e me olhou
dos pés à cabeça. Eu senti um arrepio subindo na minha espinha e fechei os
olhos. Aproximou-se do meu pescoço, cheirando-o e tocando com sua boca.
Aquilo estava me deixando totalmente entregue. Entrelacei as minhas pernas
nas dela, dando a entender que eu também estava a fim daquilo. Eu só
consegui pensar “A Paulinha NÃO! Ah! A Paulinha SIM!”.
Ainda passeando pelo meu pescoço, ela soltou as minhas mãos. Uma delas
agarrou o meu cabelo e a outra apertava a minha cintura. Naquele momento,
eu não pensava em mais nada. Estava louca já! Apertei forte sua bunda e fui
arranhando suas costas. Ela foi com a boca até o meu ouvido e gemeu:
“Gostosa!”. Eu praticamente gozei só de ouvir a maneira como ela falou. Vendo
que eu já estava completamente alterada ela parou, me olhou e disse:
Paula: Laurinha. Você já é mais que uma sapatão! -- rindo horrores -- Some
daqui e vai atrás da SUA mulher. Não sou eu por quem você está apaixonada!
-- eu a olhei querendo matá-la -- Outro dia eu deixo você passar a mão na
minha bunda -- ria mais ainda.
Levantei rápido, ajeitei minha roupa, dei um beijo demorado no rosto dela e saí
correndo. Quando eu estava na porta e ela ainda deitada no colchão do quarto,
gritei:
Somente quando eu tava a caminho de casa percebi que já estava com minha
calça xadrez e minha regata branca, prontinha pra dormir. Ainda bem que
coloquei, pelo menos, um chinelo no pé e peguei minha mochila. Subi correndo
pro apartamento. Entrei devagar pra minha mãe não reparar. Eu tava doida pra
pegar aquela garota! Corri em direção às escadas.
Entrei no estúdio de sopetão e ela estava dançando, como da outra vez. “QUE
LINDA! Não quero morrer do coração antes de chegar até ela!” Joguei minha
mochila no chão e fui em direção à Alice. Ela me viu e não parou de dançar. Eu
caminhava com passos firmes e sem nem pensar ou planejar o que ia fazer.
Ela sorriu já prevendo o que aconteceria.
Eu tentei segurá-la pela cintura, mas ela se esquivava, indo pra trás e
dançando. Estava brincando comigo. Eu já estava completamente fora de mim,
só de vê-la dançando tão perto, com aquele shortinho curto preto e o top
branco.
Consegui prendê-la entre o meu corpo e a parede. Não cansando de me ver
sofrer, me empurrou numa poltrona que havia ao lado e dançava bem na minha
frente, rindo da minha situação.
“Hey baby whether it’s now or later (I’ve got you), you cant shake me (no),
cause I got you on my radar, Whether you like it or not, it ain’t gonna stop,
cause I got you on my radar (I’ve got you), cause I got you on my radar”.
Foi quando eu, não aguentando vê-la rebolar tanto, puxei-a pela cintura
fazendo-a sentar no meu colo. Ainda de costas para mim, ela insistia em
dançar e eu já beijava loucamente o seu pescoço e os seus cabelos.
“AH, AQUELE CHEIRO!” Sentindo a minha boca arder de desejo em sua nuca,
ela se virou e entrelaçou suas pernas na minha cintura. Me olhava com fogo
nos olhos e eu apertava com toda força as suas costas e a sua cintura.
Respirando fundo, segurei sua nuca e a beijei. Senti Alice amolecendo nos
meus braços, ficando totalmente entregue a mim. Eu tinha conseguido me
domar!
“QUE BEIJO É ESSE?” Suas mãos passeavam pelos meus cabelos, sua língua
procurava a minha com pressa e desejo. Eu estava explodindo por dentro. Eu
queria mais! Foi o sentimento mais delirante que já havia vivido. SURREAL!
Finalmente eu estava sentindo o gosto daquela boca perfeitamente desenhada.
“Eu preciso da boca dela!”. Voltei a beijá-la. Dessa vez o beijo foi doce, meigo e
apaixonado. Abraçava-a forte e ela retribuía os meus carinhos. Estava em
transe total e precisava de ar.
Alice: Eu não queria que você fugisse, eu queria você pra mim -- me deu um
selinho demorado.
Laura: Eu quero que esse momento seja pra sempre! -- olhava-a hipnotizada.
Capítulo 8
Alice: Você tem noção do quanto eu tava esperando por isso? -- falou baixinho.
Alice: Tem? -- ela riu do meu jeito, mas insistia para que eu voltasse à
realidade.
Laura: Não, não sei! Me mostra! -- minhas mãos já tomavam conta de todo o
seu corpo.
Ela beijou minha boca como eu nunca vi, me deitando na cama. O nosso
desejo era mais do que visível. Aquele perfume penetrava não só o meu nariz,
como também a minha pele.
“Ah, Alice!”
Eu queria mesmo era ficar junto dela, então valia tudo. Tirei minha calça e
minha regata e pulei na piscina. Percebi que minha lingerie preta a deixou de
queixo caído. Quando coloquei a cabeça pra fora da água, ela já estava me
empurrando pra borda, me cercando com os dois braços.
A gente só queria matar aquele desejo que ardia em nossos corpos, que nem a
água da piscina conseguia apagar. Alice estava quente, como se ao invés da
lua, no céu, estivesse o sol. Ela beijava o meu pescoço e mordia a minha
orelha. Eu precisava virar o jogo. Eu a queria como minha refém.
Num movimento rápido, me virei e quem ficou sobre a parede foi ela. Mergulhei
e lambi desde a sua barriga até o seu pescoço. Ela se contorcia nas minhas
mãos. Suas bochechas estavam totalmente rosadas. Levou a boca até a minha
orelha.
Laura: Se eu soubesse que seria tão bom, não teria saído dessa piscina
naquele dia! -- sorri.
Alice: E eu não teria deixado você longe de mim todos esses dias!
Laura: Eu sei que não é hora, mas... desculpa! -- a gente não conseguia parar
de se olhar.
Alice: Vem, vamos entrar, tá ficando frio – disse depois de alguns minutos.
Não teve jeito, eu não pude colocar nem calcinha e nem sutiã, ia dormir só de
calça e regata. Depois de uns 15 minutos, Alice foi pegar os chocolates.
Alice: Obrigada, Lourdes. Avise à dona Lúcia que a Laura tá aqui comigo e vai
dormir por aqui, ok?
Laura: Sim, mãe, quando eu cheguei não te encontrei, então subi aqui com a
Alice! Desculpa não te avisar! -- nossa, que “perdido”.
Desliguei e me sentei na cama. Alice estava mais LINDA ainda, com uma
camisetinha cinza que marcava os seus seios sem sutiã e um shortinho largo
azul. Seus cabelos molhados a deixavam ainda mais sensual. Ela me puxou
para encostar no seu colo enquanto bebíamos o chocolate.
Alice: O quê?
Laura: Eu fiquei até com raiva porque ela não parava de me falar que eu tava a
fim de você!
Alice: E você tava? -- disse rindo
Laura: Eu não queria admitir, mas estava. Quem me ajudou a enxergar isso foi
a Paulinha, minha amiga. Eu contei tudo pra ela. Precisava de alguém pra
desabafar.
Laura: Ela é minha amiga do inglês, de muitos anos atrás. Ela se assumiu
homossexual e os pais não gostaram. Então ela saiu de casa. Me deu muitos
conselhos.
Laura: Mas eu achava que você já tinha ficado com alguma garota, pelas
atitudes que tomou -- realmente tinha ficado perplexa, mas ao mesmo tempo
FELIZ!
Alice: Eu acho que tive mais facilidade por ter convivido com muitas meninas e
meninos homossexuais na dança. Mas você é minha primeira. Eu soube
escolher -- sorriu apaixonadamente.
Nos beijamos devagar, sentindo o gosto uma da outra. Eu não conseguia ficar
muito tempo sem beijá-la.
Laura: O QUÊ? -- pensando que estava bom demais pra ser verdade.
Alice: Eu fui ao seu quarto sim aquele dia de madrugada. Beijei seu pescoço e
me segurei demais pra não fazer outras coisinhas! -- ela riu.
Alice: Eu não estava mais aguentando ficar na minha cama sem você. Não
conseguia parar de pensar em te beijar. Aquele dia eu nem dormi! Por isso
apareci tão cedo na cozinha...
Laura: Hum... agora aproveita e mata o seu desejo... e o MEU!
Soltei Alice, deixando-a livre para fazer o que bem entendesse de mim.
Capítulo 9
Naquele momento, Alice me olhou com uma cara de safada, do tipo “OBA!”.
Ela se esticou até o criado mudo ao lado na cama, pegou um controle remoto e
ligou a jukebox. “Don't cha – Pussycat Dolls” começou a tocar. Ela fez sinal
com a cabeça para que eu me deitasse, como se fosse minha dona. Eu, sem
nem pensar, atendi prontamente. Ela se sentou sobre mim e disse baixinho
roçando a sua boca na minha:
Alice: Ainda não! -- tirando as minhas mãos dela e ainda falando junto da
minha boca.
Aquele corpo era perfeito, suas formas, sua pele. O jeito como ela me olhava e
me provocava era demais. Os cabelos molhados caiam sobre o seu rosto e eu
ficava louca com aquilo. Não consegui agüentar, eu tava morrendo de vontade
de experimentar aquele corpo. Puxei-a pela cintura, jogando-a sobre mim.
Fazia que ia tirar o short, mas não tirava. Se virava de costas, jogando os
cabelos e sorria. Rebolava até se encostar em mim e voltava, não me deixando
tocá-la. Sentia um turbilhão de chamas dentro percorrendo minhas veias.
Rebolava, requebrava e se contorcia toda sobre mim.
Agarrei-a pela nuca, dando um beijo que tirou-lhe o ar. Enfim, ela decidiu se
entregar. Agora eram minhas mãos que dançavam sobre o seu corpo. Mesmo
estando em cima de mim, sabia que estava entregue. Devagar, troquei de lugar
e a deitei.
Mordendo a barriga, tirei a sua blusa. Seus seios, lindos, estavam livres para
que eu os explorasse com gosto. Quando minha língua tocou-os, ela suspirou
baixo e fechou os olhos. Alternava entre eles e seu pescoço, enquanto
apertava aquela bunda maravilhosa.
Alice não se aguentava. Suas mãos abusavam do meu corpo com desejo. Me
pegou forte e me jogou para o outro lado da cama. Numa rapidez quase que
inacreditável, tirou minha regata e sem muita frescura puxou a minha calça. Eu
a agarrei trazendo-a pra mim.
Beijou-me fundo, com vontade. Seu corpo colado ao meu. Mais do que rápido a
despi totalmente, tirando-lhe a calcinha. Sua pele macia estava fervendo. “Não
sabia que eu era tão ágil!”
Senti seus dedos me tocando, me tirando os sentidos, me deixando sem ar. Foi
quando, enfim, minhas mãos alcançaram o seu sexo, arrancando-lhe gemidos
mais altos. Sentei-me para que nossos corpos voltassem a ficar mais próximos.
Alice: Laurinha... eu tenho que te dizer... a minha primeira vez não seria melhor
se não fosse com você! -- aquela hora eu praticamente morri.
Ela desligou a jukebox, se encostou no meu colo e ficou ali. Eu fiquei um bom
tempo em estado de choque. Até que, mais unidas do que nunca, pegamos no
sono.
Capítulo 10
No dia seguinte, acordei com a claridade que entrava pela porta de vidro na
frente da cama. Notei que Alice ainda dormia gostoso.
Coloquei meu pijama que estava no chão, cobri-a com o edredom e desci para
ver minha mãe. Encontrei-a na cozinha.
Eu cheguei bem juntinho dela, dei um beijo bem gostoso em sua bochecha e
um abraço apertado.
Mãe: E a Paulinha? Conseguiu se organizar, filha?
Laura: Ainda não totalmente. Eu disse que às vezes vou lá ajudá-la e tal!
Laura: Tá sim. Falando nisso, pede pra Lourdes preparar um café pra ela. Acho
que tá ficando gripada! -- eu precisava de uma desculpa pra levar o café.
Mãe: Gripada? Será que eu chamo um médico? Ligo pro seu Henrique?
Laura: Que nada mãe, pode ser que ela acorde melhor, vamos esperar ela pra
ver o que ela quer fazer.
Laura: Eu vou tomar um banho rapidinho pra despertar e deixa que eu levo a
bandeja, tá?
Por mais que eu não quisesse tirar o cheiro dela de mim, tomei um banho bem
gelado. Coloquei uma calça de moletom cinza que amarra na cintura e uma
camisetinha rosa. Passei um pós-banho bem gostoso e um perfuminho cítrico
suave. Enquanto me trocava, fiquei olhando pra caixinha de música. Abri e
fiquei reparando a bailarininha dançando.
Quando cheguei ao quarto, notei que a Alice ainda dormia. Coloquei a bandeja
sobre o criado mudo e me deitei devagarzinho ao lado dela novamente, como
se nem tivesse saído dali. Mexi em seus cabelos e enchi seu rosto de
beijinhos. Aos poucos ela foi esboçando um sorriso. Abriu bem pouquinho os
olhos.
Laura: Não... não foi um sonho, meu amor! -- encostando o meu nariz no dela.
Alice: Acho que foi sim... você está com outra roupa... e acordou antes de mim!
-- sorriu largo.
Laura: É... eu desci pra tomar um banho. Mas o porquê eu acordei antes, já
não sei explicar! -- sorri perto do rosto dela.
Abracei-a bem forte puxando-a para mim. Belisquei sua bunda e mordi seu
pescoço.
Alice: Hum... vai ter que continuar, heim? -- falou em tom de safadeza.
Alice: LINDA!
Laura: Ah, olha! Trouxe pra você -- estiquei os braços pegando a bandeja com
o café.
Laura: Claro!
Levantou-se e foi para o banheiro. Eu dei uma arrumada nas coisas e juntei
suas roupas que estavam no chão.
Laura: Ah, esqueci de falar! Você tá gripada, viu?! -- falei, indo até o banheiro.
Laura: Tive que inventar alguma coisa pra minha mãe pra poder trazer o café
pra você. Disse que você tá meio gripada, que não tava muito disposta pra
descer. Ela até me perguntou se eu achava que ela deveria chamar um médico
ou ligar pro seu pai. Disse que você decidiria quando acordasse.
Alice: Boba!
Ela riu alto e entrou no chuveiro. Eu voltei pro quarto e liguei a tv. Dei play no
dvd. Começaram a passar vídeo clipes.
Laura: Aquele dia, no cinema, você me disse que eu era parecida com a tal
atriz. Agora eu encontrei uma pessoa que você é parecida também.
Laura: E você é muito igual à loirinha, que canta e dança naquele grupo.
Alice: Quem?!
Laura: Aquele grupo que canta as músicas que você dançou ontem pra mim.
Laura: Ééé!
Corri novamente pro quarto para terminar de ver o clip. Eu realmente não
acreditava naquela semelhança, só o cabelo da Alice que era um pouco mais
escuro.
Laura: Alô?
Alice: Alô? Oi Mariii, tudo bem? Eu tô bem! Hum, então, não sei, vou falar com
a Laurinha, ok?! Depois a gente se fala. Beijos -- desligou -- O que deu em
você? Era a Mari!
Laura: A Mari anda muito estranha, diferente. Ao invés de ela me ajudar, ela
ficava me provocando quando tocava no seu nome. Fazia piadas. Pô, ela é
minha amiga ou o Bozo? Eu não entendi a dela.
Alice: Calma, Laurinha -- disse se aproximando de mim -- agora deu tudo certo,
não deu?
Alice: Não fala assim, Laurinha. É claro que se você não for não tem graça, né?
Laura: Vou pensar – fiz bico ao qual prontamente ela deu um selinho.
Laura: Oi Paulinhaaa!
Laura: Eu não sei, a Paula tava chorando. Preciso ir até lá -- fui colocando o
tênis que tinha tirado quando entrei no quarto.
Laura: Não, não... deixa pra conhecê-la outra hora. Eu te ligo dando notícias --
indo em direção à porta.
Laura: Ciúmes agora não! Entenda que se não fosse pela Paulinha a gente não
estaria aqui agora. Eu devo muito a ela -- Alice me deu um beijo e saí correndo.
Peguei um dinheiro na minha bolsa para pagar o táxi e corri pra rua. Quando
cheguei em frente ao prédio da Paula, a vi na janela. Subi correndo, toquei a
campainha e ela abriu mais do que rápido.
Paula: Laurinha, ela não me quer mais! -- chorava como uma criança.
Eu não acreditava. A Paulinha tinha mudado toda a vida dela por causa
daquela garota e agora ela deu um passa fora. Devagar, levei-a até o sofá.
Laura: Espera um pouco -- fui até a cozinha e peguei um copo com água e
açúcar -- me conta direito.
Paula: Ela me ligou agora de manhã dizendo que precisava falar comigo, mas
que não tinha como vir até aqui. Disse que sentia muito, mas que não estava
disposta a deixar a vida dela. Deu até a entender que tá com outra pessoa --
ela se debulhava em lágrimas.
Laura: Paulinha, calma, meu amor. Eu só tenho uma coisa a lhe dizer: há
males que vem para bem. Eu tô aqui para o que você precisar, tá?! Eu sei que
é foda esquecer, tentar superar e passar por cima de tudo que você enfrentou
por ela. Mas agora você está de vida nova, totalmente independente pra ir em
busca da sua felicidade. O que não é pra ser, não é.
Paula: Ahhh Laurinha... que BOSTA!
Laura: Quer ir lá pra casa comigo? Você conhece a Alice! Só que agora que tá
solteira não pode me roubar, tá?! -- ela me olhou com uma cara do tipo “Não
acredito”.
Paula: Laura, sua safada! Cara de pau! Me conta tudo... preciso me distrair.
Contei tudo, nos mínimos detalhes, até da dança! Por alguns momentos ela se
esquecia do dia terrível que estava tendo e ria.
Laura: Vamos sair comigo hoje? A gente se distrai, ri um pouco e você pode
dormir em lá casa.
Paula: Tá bom, vamos tentar, mas qualquer coisa eu volto pra casa, ok?!
Quando olhei no relógio vi que já eram quase 4 horas da tarde. “Nossa, a gente
passou quase o dia todo conversando!”. Peguei meu celular.
Laura: Logo tô chegando. Avisa às meninas que nós vamos hoje sim. A
Paulinha vai com a gente.
Paula: Tá bom, vai lá! Obrigada, viu?! Eu te amo! -- e deu um beijo bem
gostoso na minha bochecha.
Antes de sair, corri e apertei a bunda dela. Ela me olhou com um ponto de
interrogação no rosto.
Alice: Você disse que outro dia eu podia passar a mão na sua bunda. Gostosa!
-- e saí batendo a porta.
Chegando em casa, fui até o terceiro andar e contei tudo pra Alice, que até
ficou meio chateada com a situação. Deitamos um pouco na cama dela e,
olhando uma pra outra, pegamos no sono.
“SIMPLESMENTE MARAVILHOSA!”
O vestido preto decotado era demais pra mim. Os detalhes das lantejoulas
pretas no busto realçavam ainda mais os seios divinos, e a sandália de salto
preta a deixava ainda mais charmosa. Aquele cheiro me embriagava. Ela me
olhou vidrada. Eu levantei e fui ao encontro dela.
Capítulo 11
Paula: Oi! -- ela também me abraçou -- Você tá linda! -- disse baixinho no meu
ouvido.
Laura: E aí, vamos?! As meninas devem estar nos esperando por lá já.
Descemos e pegamos um táxi. Não havia muito assunto entre a gente. Sempre
que podia, Alice encostava ou pegava em mim, pra mostrar que tava ali. No
caminho ela tentou puxar assunto.
A Paulinha só sorriu, ela ainda estava meio jururu. A Alice tava com fogo,
ficava me dando beijinho no rosto e me beliscando. Percebi que a Paulinha
chegou a se incomodar com aquelas estripulias.
Paula: Laurinha, acho que não tô de bom humor hoje, não sei se seria bom eu
ficar.
Laura: Relaxa Paulinha. Eu não vou te deixar sozinha. Tô aqui com você! -- ela
sorriu e apertou a minha bochecha. Cheguei mais perto do ouvido dela -- A
propósito... você também tá linda, viu?!
Paula: Quem sabe não encontro o amor da minha vida hoje, né?
Laura: Porém?
Aí veio a Mari.
Paula: Prazer.
Dani: Bora!
Laura: Para Paula! Você tá aí toda carente que nem percebe a cobrinha criada.
Paula: Quem disse que eu não percebi? E lhe digo mais Laurinha... essa
garota vai te dar problema.
Paula: Laurinha, basta você olhar nos olhos dela. Ela tem alguma coisa que me
intriga.
Paula: Não é praga, amiga. Ela não para de te fitar. Você não percebe porque
nem se dá ao trabalho de olhar pra ela.
Entramos atrás das meninas que foram direto pra pista. Eu fiquei um pouco
distante com a Paulinha. Não podia deixar de ficar olhando a minha Alice. Ela
sempre era muito linda dançando. Nossos olhares se cruzaram e vi que ela se
aproximava de mim. Quando notei, já estava dançando colada em mim e eu
ainda parada. Começou a tocar “Stereo Love”.
Alice: Dança comigo, Laura! -- ela disse no meu ouvido enquanto dançava por
atrás.
Eu virei, a olhei e decidi dançar. No começo fiquei meio receosa porque onde a
Alice estava, o povo todo olhava. Ela dançava me cercando e eu fui me
soltando, tentando me acostumar com o seu jeito. A música parecia dominar
aquela garota e ela, consequentemente, me dominava. A gente dançava tão
perto que eu conseguia sentir o cheiro pelo qual eu era totalmente encantada.
Ela me encarava como se nem ligasse pras pessoas. Juro que queria pegá-la
ali mesmo, mas tive que fazer uma forcinha. Logo a Dani e a Mari se
aproximaram.
Peguei na mão da Paula e a levei comigo. No bar pedi uma vodka com
energético e a Paula um wisky.
Paula: Calma, Laurinha. Preciso arejar a cabeça. Agora me diz uma coisa, todo
mundo fitou vocês dançando, essa mulher te pegou de jeito, hein?
Ficamos sentadas numas banquetas no balcão do bar. Hora ou outra uns cara
chegavam fervendo na Paulinha e ela falava na cara que gostava de mulher. A
gente acabava rindo da cara deles. Um cara até a desafiou a me beijar e ela
ameaçou.
Depois de muito lutar contra aquela multidão consegui chegar ao banheiro. Não
tinha muita gente. Me apoiei na pia e fiquei ali, esperando a minha cabeça
parar de me enganar.
...........: Que foi, hein Laurinha? -- uma voz sussurrou no meu ouvido, tocando
os lábios sobre ele.
Laura: Você tá louca, Mariana? Eu não te reconheço mais -- olhava fixo nos
seus olhos pretos e continuava empurrando, mesmo sabendo que não tinha
mais pra onde ir.
Laura: E se eu tiver? Qual o problema? O que você tem a ver com isso? Até
onde eu sei, não lhe devo satisfações, gata. Para de querer fazer cena!
Ela estava ali, me olhando, quase fechando os olhos. Rindo com o canto da
boca, se aproximava ainda mais da minha. Eu, curiosamente, estava entregue.
De repente, senti uma mão macia e forte me tirando dos braços dela. Quando
me virei vi que era a Paula.
Paula: Fica na sua, garota. Se eu ver você de gracinha com a Laura de novo,
eu lhe prego a cara – apontando o dedo pra Mari.
Fiquei muda. Não sabia o que fazer. A Mari ficou lá, estática, mas com um
meio sorriso no rosto. A Paula me guiou pela cintura através da multidão. Eu
não sabia o que estava acontecendo, a Alice se esfregando com os caras,
aquilo que aconteceu com a Mariana no banheiro.
“QUE LOUCURA!”
Laura: Que isso nada, vamos embora agora! Senão, eu vou com a Paula e
você fica aí.
Alice: Então vai! Não sei o que deu em você pra estar me tratando assim.
Laura: Ah! Não sabe? Então se esfrega ainda mais com o pessoal da balada.
Aproveita e organiza uma fila pra você ir se esfregando em cada um.
Laura: Então aproveita sua balada -- disse olhando fixamente nos olhos dela.
Paula: Laurinha, amor, você foi um pouco grossa com a Alice. Tudo bem que
ela tava dançando meio estranho, mas é o jeito dela. E ela não sabe o que
aconteceu no banheiro.
Laura: Que se foda, Paulinha! Eu não sou obrigada a ficar olhando aquela
esfregação. Que é isso?
Paula: Laurinha, calma! Não faz nem um dia que vocês ficaram e você já está
estressando. Vai com calma, você poderia ter falado com paciência com ela.
Laura: Talvez você tenha razão... Pô, eu que devia estar te consolando e no
fim só te trago mais problemas.
Paula: A gente é amiga, não é? -- segurando a minha mão -- Então fica de boa.
Laura: E quem disse que você atrapalha? Para de coisa, Paulinha. Minhas
roupas devem ficar pequenas em você, mas te empresto uma camiseta e uma
calça de moletom que é grande pra mim.
Paula: Tá bom. Mas me diz uma coisa, é impressão minha ou a Mari ia te beijar
no banheiro?
Laura: eu NÃO SEI! Essa garota realmente tá louca, Paula. Ela não é mais a
amiga que eu conheci. Nossa, tô confusa com as atitudes dela.
Enquanto não passava um táxi, contei todo o bafo do banheiro pra Paula.
Laura: Alô?
Alice: Eu não ia porque você foi grossa e estúpida, mas agora, você pedindo
assim, eu vou. Me espera aí na frente.
Laura: Tá bom!
Laura: Mas Paulinha, não comenta nada com a Alice sobre o que aconteceu no
banheiro. Ainda quero descobrir o que a Mari quer com tudo isso.
Logo vi Alice saindo. Ela nos viu e sorriu. A gente tava do outro lado da rua.
Quando ela ia atravessar, um cara a segurou pelo braço e tentou agarrá-la a
força. Saímos correndo. A Paulinha já chegou empurrando o ogro que estava
totalmente bêbado. Peguei Alice pela mão e fomos nos afastando. A Paula
vinha logo atrás. Conseguimos um táxi no outro quarteirão e fomos pra casa.
Laura: Viu o que a sua dancinha provoca? Aprenda que aqui não é Europa,
Alice.
Laura: Então se liga. Eu não gostei nada de ver você dançando com dois
caras, se esfregando -- a Paula só ouvia.
Capítulo 12
Alice: Vocês vão dormir comigo na cobertura? -- ela pegou na minha mão.
Alice: Vou pedir pro Freitas subir um dos colchões de casal dos quartos de
hóspedes.
Interfonou para o Freitas pedindo para que fizesse o combinado e eu fui pro
meu quarto com a Paulinha. Procurei uma camiseta e uma calça de moletom
que dessem naquele mulherão.
Paula: Só minhas canelas que ficaram um pouco de fora, mas tá beleza! – ria.
Paula: Laurinha, eu não faço conta de dormir aqui no seu quarto. Não quero
dar trabalho.
Laura: Eu também!
Acabamos de nos arrumar e fomos pro terceiro andar. Notei que a Alice vestia
um pijama mais adequado. “Até que enfim ela decidiu se comportar!”
Alice: Sua amiga já dormiu. Você poderia chegar mais pertinho de mim! – disse
bem baixinho.
Alice: Vem!
Ela se levantou e me puxou pela mão. “Aonde essa louca vai me levar agora?!”
Alice foi me puxando até a área da piscina. Me guiou até a sauna, entramos e
ela trancou a porta.
Se não fosse uma claridade que entrava por debaixo da porta, o escuro seria
total. Sem dizer nada, me empurrou violentamente contra o degrau, me
fazendo sentar. Colocou-se entre as minhas pernas e começou a me beijar
ferozmente, mordendo meus lábios, meu pescoço e minhas orelhas.
O meu corpo começou a ser tomado por um calor incontrolável. Minhas mãos
já tomavam conta dos seus cabelos e passeavam delicadamente sobre a sua
bunda.
Ela estava louca, me pegava com força e se jogava contra mim. Estava
adorando senti-la tão perto. Mexia nos meus cabelos, pegava nos meus
ombros e descia até minha cintura. Depois voltava passando as mãos sobre
meus seios.
Como se não quisesse mais esperar por nada, tirou a minha blusa. Eu, não
querendo que ela parasse com aquilo, tirei a dela também. Arranhava suas
costas com força, o que resultava em gemidos baixos no meu ouvido.
Fui descendo as mãos na sua cintura, até que tirei sua calça juntamente com a
calcinha. Ela não perdeu tempo, fez o mesmo. Mesmo no escuro, as minhas
mãos me diziam que aquele corpo era perfeito. Mais uma vez, fui embriagada
por seu cheiro. Estava ficando viciada naquilo.
Meus dedos sentiram que ela estava totalmente molhada... entregue! Foi
quando meus lábios buscaram os seus seios. Ela ainda estava em cima de
mim, mas eu a domava. Seus cabelos caiam sobre o meu rosto e ela ficava
cada segundo mais louca.
Mas eu a queria ali, daquele jeito mesmo e dominada. Alice estava doida e
mesmo sem música, rebolava como nunca! Continuava me apertando, me
lambendo, me sugando.
Não conseguia mais abafar seus gemidos. Foi quando, no ápice da loucura,
gozamos juntas. Eu adorava senti-la sobre mim, entregue para eu fazer o que
quisesse. Beijamo-nos com força e ela me abraçou.
Laura: Safada!
Alice: Você é muita tentação para mim! – me dando uma lambida no rosto.
Laura: Mais?
Alice: Eu não sei o que você faz comigo -- já começando a me beijar de novo.
Joguei meu corpo sobre o dela, queria senti-la por inteiro. Ela puxava meus
cabelos, suplicando para que não desgrudasse a minha boca da dela. Suas
pernas me entrelaçaram, me sufocando ainda mais.
Beijei seu pescoço, seu colo, até que alcancei novamente seus seios. Desci
para a barriga gostosinha que ela tinha e parei um pouco ali, cheirando aquela
pele fascinante.
Alice jogava sua cabeça para trás, de olhos fechados, e me descabelava ainda
mais. Desci mais um pouco, a torturando, fazendo-a suplicar através dos
gemidos baixinhos.
Enfim, suguei seu sexo com delicadeza. Ela não aguentou e logo gozou,
tentando, em vão, ficar calada. Parecendo querer que eu sentisse o mesmo
prazer que ela sentiu, se levantou rapidamente, me tirando de cima dela e me
fez sentar novamente. Sem frescuras se colocou entre as minhas pernas e me
lambia com pressa, força e tesão. Era impossível tentar prolongar a onda de
calor que corria no meu corpo, então cheguei rápido onde ela queria.
Fui levantando e a vestindo, brigando com o meu desejo para não possuí-la
mais, mais, mais e mais. Saímos da sauna e ficamos ali, sentadas na área da
piscina, olhando aquela vista maravilhosa. A lua estava demais de linda! Eu a
abracei e ela se encostou no meu ombro, cheirando o meu pescoço. Depois de
algum tempo, fomos pra cama. Notei que Paulinha sequer tinha mudado de
posição no colchão e roncava que parecia um jumento.
Alice: Não me provoca que você sabe que eu não tenho limites – riu com o
canto da boca.
Minhas mãos já estavam entre suas pernas quando decidi que não queria
correr o risco da Paulinha ouvir aqueles gemidos, que eram só MEUS! Ela me
fitou brava por eu ter parado e eu sorri.
Capítulo 13
No dia seguinte, abri os olhos e vi Alice. Ela ainda dormia. Olhei pro colchão e
notei que a Paulinha não estava mais lá. Sentei-me na cama e a vi na beira da
piscina, olhando a vista da cidade. Levantei e fui até o banheiro. Quando voltei,
Paulinha ainda estava lá, na mesma posição. Sentei-me ao lado dela.
Laura: Ei, ei, ei! -- levantei o rosto dela pelo queixo -- Que foi?
Paula: Eu sinceramente não sei como vai ser minha vida daqui pra frente,
Laurinha.
Laura: Vai ser como sempre foi, Paulinha. Você nunca teve realmente a Fabi
perto de você.
Laura: Então! E agora você mora aqui perto, cinco minutos de táxi estamos
uma na casa da outra. Não tema em me ligar, viu?!
Paula: É que, na verdade, eu nunca pensei que iria morar sozinha. Sempre
achei que a Fabi viria. Agora estou sem meus pais e sem ela.
Laura: Tudo na vida da gente tem um propósito. TUDO! Pense comigo. Se não
tivéssemos nos encontrado na livraria outro dia, não estaríamos aqui agora.
Alice: Vou pedir pra Lourdes preparar uma mesa de café aqui em cima pra
gente, tá?
Laura: Tá bom!
Paula: Laurinha, acho que depois do café vou pra casa, tá?
Ela ficou quieta e continuou olhando pro “nada”. Logo a Alice chegou com a
Lourdes. Paulinha foi pro banheiro e eu aproveitei pra falar com minha
namorada.
Laura: Alice, a Paulinha não tá bem, queria fazer alguma coisa pra animar ela,
o que você acha?
Laura: O quê?
Alice: Já ouviu falar que a música espanta os males? Que tal vocês terem uma
aula de dança comigo hoje?
Laura: Será?
Alice: Sim! É gostoso, você vai ver, ela nem vai ver o dia passar.
Paulinha voltou e tomamos café. Alice tem o dom e animar o ambiente, contou
sobre as gafes que cometia quando chegou na Europa, sobre os micos que já
pagou com a dança e também sobre os concursos que já havia ganhado, e eu
nem sabia. Como se não tivéssemos combinado nada, ela disse que iríamos
aprender a dançar. Depois que tomamos o café, de pijamas mesmo ela foi até
o estúdio de dança, colocou uma música agitada e nos chamou.
Alice: Vem gente! Já separei as músicas. Essa é pro nosso alongamento, pra
entrarmos no clima.
Laura: Paulinha, pede pra Alice dançar uma música, a que você quiser, e se
ela souber você entra na nossa brincadeira.
Alice: Isso!
Paulinha: Hum... tá bom! Essa eu quero ver se ela dança -- fez cara de
maligna.
Linda, suave, encantadora, mas ao mesmo tempo parecia uma fera destemida.
Vi que a Paulinha estava de queixo caído. Eu sorria viajando nos seus
movimentos. A Alice parecia dançar com a alma, parecia que deixava a música
levá-la. Encarava-nos, remexia, rebolava, saltava e se jogava no chão.
Sensual, quente e MARAVILHOSA! Foi simplesmente, absolutamente, demais.
Alice: E aí? Acho que agora você vai ter que brincar com a gente.
Paula: Nossa! Parabéns, você realmente dança muito bem. Eu adoro esse
filme e posso dizer, foi perfeito.
Alice: Bom, mas eu acho que você escolheu a música errada. Eu ganhei um
prêmio com essa dança.
Paula: Ah, mas então não vale!
Laura: Eu queria ver você dançar dirty dancing um dia, mas precisa de um
parceiro, né?
Alice: Sim! Essa eu nunca dancei justamente por causa disso. Ah! Esqueci de
te contar. Um dançarino brasileiro que conheci em Moscou, ficou sabendo que
eu tava no Brasil e entrou em contato comigo, me convidando pra ser parceira
dele em um concurso.
Alice: SIM! Ele dança muito bem. Vamos nos inscrever na semana que vem,
mas nem sabemos o que vamos dançar ainda.
Laura: Nossa, que legal -- fiquei com um pouco de ciúme, mas sabia que era
besteira eu estar sentindo aquilo.
Laura: Vamos!
Laura: Não, imagina, as minhas pernas somente não respondem mais aos
meus comandos! -- rimos.
Alice: E aí? O que temos pra essa noite? Vamos sair dançar?
Laura: Tá louca?
Laura: Sair dançar pra não, mas o que acham de jogarmos um jogo e pedirmos
uma pizza?
Paula: Por mim fechado!
Alice: ADOREI!
A noite foi longa, nos divertimos demais. Aquela praga da Paulinha queria nos
roubar.
Alice: Ei, sua cara de pau! Eu vi que você se aproveitou que eu olhei pra Laura
e roubou uma nota de 100 minha.
Alice: Ah, agora quero ver, paga aluguel aí ó! Parou no Morumbi que é meu! --
e ria.
No dia seguinte, decidimos dar uma volta pela cidade. Passamos na casa da
Paulinha, ela se trocou e andamos o dia todo. Shopping, parque, museu. O
nosso final de semana terminou com um passeio a pé na Avenida Paulista. Já
era começo de noite quando chegamos em frente ao apartamento da minha
amiga.
Paula: Ei, meninas, vamos subir um pouco, a gente toma alguma coisa, bate
papo e tal.
Laura: Ai, amiga, deixa pra outro dia, estamos bem cansadas e acho que você
também. Vamos descansar um pouco e amanhã a gente se fala, tá bom?
Paula: Mas quero que vocês venham mesmo outro dia, prometem?
Laura: Que nada, Paulinha! Nós somos amigas, não? -- repeti o que ela me
disse na frente da danceteria -- E fique tranquila, tudo vai dar certo.
Minha amiga subiu e nós pegamos um táxi. Aquele final de semana realmente
havia sido muito divertido, apesar dos pesares.
Laura: Acho melhor eu dormir no meu quarto hoje, senão logo minha mãe dá
piti!
Laura: Claro!
Fiquei bem feliz da Alice dormir comigo, na minha cama. Esperamos minha
mãe ir se deitar e ela veio até o meu quarto. Aquela noite minha cama
realmente ia ser pequena.
Capítulo 14
Laura: Er, minha cama não é tão grande quanto a sua -- fiquei meio sem jeito.
Laura: Então vem mais pertinho, vem -- puxei ela pra mim.
Alice: Faz três dias que a gente ficou pela primeira vez e pra mim já parece
uma eternidade.
Laura: É verdade!
Laura: Ah, as minhas últimas noites pareceram bem reais! -- ela riu e me deu
um tabefe.
Alice: Não isso, Lauraaaa! Tô dizendo que às vezes essas coisas parecem
sonhos, não sei.
Laura: Sim, acho que é porque nunca passamos por isso. É tudo novo, sabe?
Alice: Hum! Não sabia -- ela riu e funguei fundo no seu cangote.
Laura: Como você acha que vai ser daqui pra frente?
Alice: Não sei, só sei que quero aproveitar o meu presente e pensar no futuro
depois.
Alice: Mas pode ser alguma coisa -- ela respondeu baixinho também -- É
rapidinho!
Alice: Tudo bem sim e por aí? Não, não! Meu final de semana foi ótimo. Sim,
sim, ela está comigo, quer falar com ela? Ah, tudo bem! Olha a gente se fala
depois, pode ser? Beijo! Tchau!
Alice: Eu juro que também não entendi. Ela queria saber se o meu final de
semana foi bom e se você estava comigo...
Laura: Alice, sinceramente, eu não entendo mais essa garota. Desde que você
chegou, ela anda muito estranha, diferente. Ela não me trata mais do mesmo
jeito. E eu não consigo achar um porquê.
Laura: Encanação? Olha a hora que a garota ligou no seu celular! Mariana
nunca foi de fazer essas coisas, eu a conheço.
Alice: Hum, esquece ela um pouco, vem aqui vem! -- nesse momento eu tive
uma ideia.
Alice: Sim, só não precisa me empurrar ou eu durmo no chão desse jeito! -- ela
riu.
Alice: Comentei por alto -- eu fiquei muda -- Mas ela é minha amiga, acho que
não tem problema. Ela disse que com ela não precisava encanar.
Alice: Nossa, mas do mesmo jeito que você precisava de alguém pra desabafar
e contou pra Paula, eu também precisava e contei pra Mari.
Alice: Sim, ela disse que eu tinha que fazer o que sentia que deveria. E foi o
que fiz!
Eu estava realmente encabulada com a Mari. Mas não podia deixar ela se
apoderar da minha mente. Deixei as mãos da Alice tomarem conta de mim. A
sua boca estava leve, carinhosa. Ela tocava o meu rosto com seu próprio rosto
e, mais do que rápido, eu esqueci daquele telefonema.
Sua pele macia ouriçava os meus pelos e ela havia percebido. De leve, me
virou de barriga pra cima e se colocou sobre mim. Eu senti seus seios tocando
os meus. Com a maior calma do mundo, me beijava e se esfregava no meu
corpo. Minhas mãos pressionavam a sua cabeça contra a minha e eu sentia
sua língua cada vez mais dentro de mim.
Aos poucos, fui descendo até a sua bunda e tirando a sua calça. Eu já podia
ouvir os seus gemidos baixinho. “AH! QUE BUNDA!”
Ela foi descendo o beijo até a minha barriga e tirou minha blusa com os dentes.
Senti sua língua sobre os meus seios e fui às estrelas. Enquanto os lambia,
passava as mãos sobre minha cintura, conseguindo tirar a minha calça. Seus
movimentos eram lentos, como se quisesse me degustar vagarosamente. Com
cuidado para que não perdesse o ritmo, tirei sua blusa e finalmente ela estava
nua sobre mim.
O rebolado foi ficando cada vez mais intenso e rápido. Foi quando eu decidi
senti-la por completo. Sentei-me na cama e a fiz sentar-se de frente sobre mim,
no meu colo, entrelaçando suas pernas sobre a minha cintura. Agora era eu
quem experimentava seus seios. Ela parecia delirar.
Tive que me segurar porque eu queria mais. Lambia seu pescoço e sua orelha.
Foi quando o ritmo de seu rebolado aumentou e era eu quem gemia agora.
Meus dedos não aguentaram e foram ao encontro do seu sexo a fazendo gozar
rápido. Não segurei mais e deixei o prazer tomar conta do meu corpo.
Deitei-a na cama e a lambi dos pés à cabeça, ainda com os dedos dentro dela.
Vi-a se contorcendo toda e quando alcancei o seu pescoço, ela me puxou pela
cintura com força, fazendo com que nossos sexos se encontrassem. Percebi
que ao se tocarem ela ficou louca, o que me encorajou a iniciar os movimentos
frenéticos sobre ela. Mordia-me, puxava os meus cabelos, me lambia. Em
instantes gozamos novamente.
Logo que entramos no estúdio, Alice foi trocando todas as portas até
chegarmos ao quarto.
Alice: E quem disse que vamos dormir? Nossa noite está só começando.
A semana seguinte passou voando, era a última antes das minhas aulas na
faculdade começarem. Alice e eu passamos praticamente cada segundo
juntas. Fizemos mil e uma coisas, fomos ao cinema, a parques, andamos pelas
ruas sem destino. E quando não tínhamos nada pra fazer, simplesmente
inventávamos.
Minha mãe, sem saber o que estava acontecendo, autorizou que a Mari
subisse até a piscina. Sim, ela foi nos procurar. Eu a vi na porta, com um
sorrizinho de lado no rosto. Eu queria sair dali, fugir dela.
Mari: Oi Aliceee! -- indo em direção à mesa onde Alice estava sentada para
cumprimentar.
Laura: Beleza Mari, e aí? -- juro que queria responde “Ah! Me erra!”. Mergulhei
na piscina.
Ela ficou lá, conversando besteiras com a Alice. Só não saía dali porque queria
tentar “pescar” alguma coisa que ela falava. Depois de eu estar quase
dormindo encostada na borda da piscina, ouvi Alice comentar que ia ao
banheiro. Mari aproveitou que ela não estava mais ali e se aproximou de mim.
Mari: Você não conversa mais comigo, não atende meus telefonemas!
Laura: Para? Mari, não sabia que você fazia coisas sem pensar, pelo contrário,
eu achava que você era uma pessoa totalmente inteligente.
Mari: Não duvide da minha inteligência, Laura. A Mari que você não conhecia
era a audaciosa!
Mari: Não?
Mari: Eu queria mais que isso na danceteria. Pena não ter dado!
Fiquei ali, olhando a cara dela, não acreditando que tinha feito aquilo. Alice
voltou e se sentou numa cadeira de sol. Eu, mais do que rápido, saí da piscina.
Mari voltou ao lado da Alice. Fui até a mesa e virei um copo de suco num gole
só. Aquela garota tava me tirando do sério e percebeu que eu tava tremendo
de raiva. Precisava sair dali.
Laura: Não, não. Vou tomar um remédio e dormir um pouco, tá? Me chama
depois!
Antes de sair, pra dar um basta naquela situação, puxei a Alice pelo pescoço e
lhe dei um beijaço na boca. Ela ficou meio sem entender, mas gostou da ideia.
Eu vi que a Mari ficou sem graça.
Mari nem se ofereceu pra ir embora. Eu peguei minha roupa e desci. Joguei-
me na minha cama e dormi profundamente. Não tinha dormido muito aquela
última semana.
Capítulo 16
Senti um beijo gostoso no meu pescoço. Meu quarto estava bem escuro
quando abri os olhos, não conseguia ver nada.
Alice: Fiquei conversando com a Mari e quando deu umas oito eu disse que
tinha um compromisso.
Laura: E tem?
Laura: Qual?
Alice: Nós duas vamos jantar. Vim te chamar pra você tomar um banho e se
trocar.
Alice: Não é nada chique, pode ficar sossegada. Vamos num lugar legal, mais
cool, que acho que você vai gostar. Nada de gala, super tranquilo, fica a
vontade com roupas.
Pela janela notei que o dia de sol havia se transformado numa noite de garoa.
Escolhi um jeans skinny escuro e uma regata branca básica decotada. Aquele
tempo de chuva me despertou uma vontade imensa de usar tênis, que eu havia
deixado de lado nos dias de calor. Coloquei um com cano médio, por cima da
calça, branco com detalhes pink. Um relógio amarelo deu o toque ao visual.
Acho que eu estava feliz, as cores me entregavam.
Alice estava simplesmente LINDA! Ela também estava com um visual mais
despojado. Uma calça jeans clara colada, uma regata roxa com uma lavagem
desgastada e um sapatinho sem salto, marrom com detalhes dourado. O
cabelo lisinho e os olhos delineados. Uma bonequinha!
Alice: Adorei seu cabelo e sua bunda nessa calça! -- ela ria com safadeza e
apertava a minha bunda.
Alice: Deixa eu me controlar senão a gente não sai daqui. Vamos? -- pegando
na minha mão.
Antes de sairmos, ela me deu um beijo gostoso, tirando todo o meu batom.
Retoquei rapidinho. Avisei minha mãe e descemos. Ela estava tão LINDA! Não
conseguia parar de olhá-la. Pegamos um táxi e ela deu as coordenadas para o
motorista. Parecia que eu conhecia aquele endereço. Depois de quase dez
minutos, chegamos ao destino. Estava começando a achar que aquela garota
já sabia como me agradar.
Era uma lanchonete ali no Jardins mesmo, mas eu nunca havia notado.
Totalmente ambientada estilo anos 50 e 60, do jeito que eu adoro! Ela notou
que eu havia ficado radiante. Entramos e já na porta ela pediu ao garçom a
mesa que havia reservado. Que lugar mágico, parecia que havia entrado no
túnel do tempo. Ele nos conduziu até uma mesa com poltronas revestidas de
couro vermelho, bem aconchegante.
Alice: Hum, que bom, Laurinha! -- a gente não conseguia parar de se olhar.
Aquele lugar, que nos tirava da nossa realidade, me deu vontade de levá-la
onde nossos sonhos queriam. Deu vontade de ficar ao lado dela pra sempre!
Notei que ela olhava pra jukebox.
Alice: Presta atenção na letra, porque eu não posso cantá-la aqui, tá?
Eu somente fiz que sim com a cabeça. Em seguida, ela escolheu a música e
deu play.
My darling, believe me
For me there is no one but you
Please love me too
I’m in love with you
Answer my prayer
Say you love me too
Why don’t you answer my prayer, yeah
You know every day I say a little prayer
I say, I say I say a little prayer
AH, que delícia de música. Que delícia de sorriso que eu via naquele rosto.
Que delícia esse sentimento que fazia meu coração bater cada vez mais forte.
“Por que ela sempre conseguia me surpreender?”
Alice: Gostou?
Alice: Nossa, vou querer experimentar esse milk-shake, deve ser maravilhoso! -
- já pegando o canudo.
Aquela noite foi muito gostosa. A gente ria, se divertia e era totalmente
recíproco, eu sentia isso! Alice sempre contava histórias que eu amava ouvir e
colocou outras músicas, que a gente cantava junto, na jukebox.
Alice: Ela disse que veio com uma amiga e eu liguei fazendo a reserva.
Laura: Amiga?
Laura: NÃO ACREDITO! A minha música preferida dele. Dança pra mim um
dia?
Alice: Não sei. Foi cômico porque as garotas tinham que se caracterizar de um
astro e dançar e eu fui o Elvis. É muito difícil imitá-lo porque o Elvis era muito
autêntico.
Alice: Mas agora o que você acha de irmos? Tenho mais uma surpresa pra
você!
Laura: Mais?
Alice: SIM!
Capítulo 17
Alice: Agora a gente vai subir direto pro meu quarto, tá?
Então abriu as duas portas vitorianas que davam para o seu quarto e notei que
estava iluminado somente à luz de velas, com castiçais de prata. Olhei para a
cama e não acreditei.
Estava coberta com um lençol de cetim branco e pétalas de rosas vermelhas.
Na altura do travesseiro observei uma caixa de veludo preto. Eu estava
absolutamente surpresa, parada na porta do quarto feito estátua. Ela sorria pra
mim.
Alice: Gostou?
Eu virei pra ela, segurei seu rosto com as mãos e a beijei apaixonadamente.
Queria congelar aquele momento. Ela mexia em meus cabelos com carinho.
Alice: Já disse que adorei o seu cabelo hoje? -- eu sorri – Vem, quero te dar
uma coisa!
Estava sem palavras e ela sabia disso. Sorri de orelha a orelha e beijei-lhe a
boca novamente. Abri a caixa devagar... no centro havia um colar. Quando abri
por inteiro, vi o quão maravilhoso era o pingente. Um coração pequenininho
repleto de brilhantes brancos encravados. A corrente, delicada, de ouro branco.
Quando peguei o colar entre os meus dedos a Alice levantou meu rosto pelo
queixo.
Alice: Hoje eu estou te dando o meu coração! Hoje, mais do que nunca, eu
quero que sejamos uma só, que você seja minha.
Ela virou o pingente de coração para que eu visse atrás. Quando notei, o meu
sorriso não tinha mais pra onde ir de tanta felicidade. A inicial do seu nome, a
letra “A”, estava gravada com uma fonte manuscrita. Ela me olhou
profundamente, como se esperasse algo de mim.
Laura: EU AMO VOCÊ! -- falei sem medo, sem receio, olhando fundo em seus
olhos.
Alice: Então você quer ficar comigo? -- ela sorria fazendo carinho em minha
mão.
Dizendo isso, abriu a palma da minha outra mão e colocou outro pingente de
coração. Quando olhei vi que era idêntico o que tinha me dado, porém com a
letra “L”. Eu não sabia o que dizer. Queria congelar aquele momento. Puxei-a
mais perto de mim e beijei aquela boca que agora era oficialmente minha.
Colocamos os colares uma na outra e ficamos nos olhando por um bom tempo.
Laura: Eu não quero mais pensar em nada, só quero ter você comigo. Quero
gritar pro mundo o quanto eu sou apaixonada por você!
Laura: Não querendo ser possessiva, mas já que você é minha namorada,
quero você nua nessa cama AGORA!
Ela se levantou, me empurrou com uma das mãos, fazendo com que eu me
deitasse na cama e sentou-se sobre mim. Alcançou o controle remoto no criado
mudo e deu play num jazz totalmente sensual. Coloquei minhas mãos atrás da
minha cabeça esperando o que estava por vir.
Alice estava deslumbrante com um lingerie vinho bem escura, quase preta.
Aproximou-se e tirou a minha calça sem pressa. Beijou todo o meu corpo até a
barriga. Encarando-me sensualmente, tirou a minha regata.
Ela sorria com sarcasmo. Ainda em cima de mim, tirei o seu sutiã para matar a
sede de seus seios. Suas mãos percorriam todo o meu corpo. Não consegui
esperar muito e a despi de vez, deixando somente o colar brilhante em seu
pescoço.
Alice então beijou minha orelha, meu pescoço e foi descendo, até alcançar a
minha calcinha e puxá-la com os dentes. Eu já estava totalmente louca.
Levantei-me e joguei-a na cama, violentamente, deixando-a ainda mais
excitada. Agora era a minha vez de senti-la por completo.
Minha língua desbravava todo seu corpo e ela respondia com gemidos já altos.
Seus seios pediam a minha boca e eu os obedeci prontamente. Seu cheiro era
como uma droga que quanto mais inalava mais queria.
Ela puxava meu cabelo e pressionava cada vez mais a minha cabeça contra o
seu sexo. Devagar passei pela barriga, mordendo e beijando. Foi quando
cheguei onde ela queria. Senti seu gosto na minha boca e degustava com
calma e delicadeza. Ela queria mais. Aumentei a intensidade, mas logo parei.
Eu ainda não a queria no auge.
Naquele instante eu queria conferir tudo que era MEU! Ela me puxou e me
beijou com força, mordia meus lábios e se contorceu toda quando a toquei. Ela
também queria me ter por completo e também levou os seus dedos até o meu
sexo. Com os corpos completamente colados, embalados por movimentos
prazerosos, alcançamos o ápice juntas. Ela me beijou como se quisesse me
tirar o ar. E conseguiu.
Alice: Trouxe de Paris, ainda não tinha usado. Acho que estava esperando por
você! -- ela sorriu.
Deitei-me ao lado dela, apoiando a cabeça nas minhas mãos para olhá-la de
frente.
Laura: Claro!
Alice: Prometo que vai ser sempre assim! – virou-se olhando em meus olhos.
Alice: Laura, agora que estamos juntas, eu quero contar pro meu pai.
Laura: Acho que devemos ser sensatas e pensar sobre os pontos positivos e
negativos.
Laura: Claro que não, meu amor! Eu só não quero que prejudiquemos nossas
vidas com o preconceito alheio. Você acabou de voltar da Europa, está
reconstruindo a sua vida. Eu vou começar a faculdade e de imediato não posso
sair de casa se minha mãe não aceitar, entendeu?
Laura: Acho que podemos estabilizar nossas vidas e então, depois que eu tiver
como me manter, a gente vê como faz pra contar.
Laura: Pra você não, mas acho que minha mãe não aceitará. Ela, com certeza,
vai achar que eu desrespeitei o seu Henrique.
Alice: Vamos parar com essa tensão, agora não é hora de pensar nisso tudo. A
água tá tão gostosa e você tá mais ainda! -- vindo pra cima de mim.
Alice: Este é um segredo que eu não conto nem sob tortura! -- ela sorriu de
canto.
Sentou-se em meu colo e ficou ali beijando meu pescoço bem devagarzinho.
Eu, com os olhos fechados e a cabeça encostada na borda da banheira, fazia
carinho em suas costas. A gente ficou ali, deliciando uma à outra. Até que Alice
se levantou e pegou uma garrafa de champanhe e duas taças. Era um legítimo
francês.
Capítulo 18
No domingo de manhã acordei com uma musiquinha leve e baixa que vinha do
jukebox. Abri os olhos e vi Alice na minha frente com uma bandeja de café da
manhã.
Laura: Desculpe a pergunta, mas como eu vim parar na cama, sequinha e com
um pijama seu?
Alice: Olha, não me pergunta porque eu também não lembro de nada -- ela riu -
- A gente pode ter corrido peladas na Paulista, de madrugada, que eu não
lembro!
Laura: Mas até sem memória você cuida de mim! Olha como eu estou
comportada -- mostrando o pijama.
Alice: Pois é, acho que já posso casar! -- piscou e sorriu -- Pedi pra Lourdes
trazer o café pra gente.
Estava com muita fome. Aquela noite havia me tomado muita energia.
REALMENTE! Tomamos o café conversando sobre besteiras.
Laura: Não sei, só sei que quero passar o dia com você!
Alice: Desencana, Laurinha, que coisa! Tudo você lembra da Mari! -- aquilo que
ela falou havia me incomodado. Por que será que eu ainda tava encanada com
a Mariana?
Naquele dia, nem vi a minha mãe. Ela me deixou um recado dizendo que ia
passar o dia na casa da minha tia. Minha mãe sabia que eu me divertia muito
com Alice, por isso nem encanava quando eu estava com ela.
Alice: Bem também. Só vou tomar um golinho de água e subir. Boa noite,
querida! -- deu um beijo no rosto da minha mãe -- Laurinha, você sobe lá
depois?
Mãe: E não fique incomodando muito a Alice, filha! Às vezes ela quer um pouco
de privacidade -- pensei besteira e ri por dentro.
Laura: Calma, mãe. Só subo quando a Alice me chama, você sabe que não
sou entrona! -- e nem que eu invadiria o quarto dela e a beijaria como fiz
naquele primeiro dia. Ri mais ainda por dentro.
Mãe: Tá bom, meu amorzinho! Então vai dormir que amanhã você tem que
acordar cedo. Mas, nossa! QUE COLAR LINDO! De onde veio?
Laura: Ganhei da Alice! Não pedi, viu? Ela comprou sem eu saber, por nossa
amizade mesmo – minha mãe ficou meio atônita, mas acreditou -- Boa noite!
Eu te amo, viu? -- beijei o rosto dela apertado e fui andando.
Saí da cozinha e fui para o meu quarto. Separei uma roupa pra colocar no dia
seguinte e meu material do primeiro dia de aula. Aproveitei para colocar o meu
pijama. Subi ao terceiro andar. Quando entrei no quarto da Alice, vi-a
deitadinha na cama, de pijama, vendo TV.
Alice: Ave, quem ouve pensa que eu sou a pessoa mais pervertida desse
mundo!
Alice: Deita aqui. Amanhã você tem que levantar cedo. Vou fazer você nanar! --
com uma carinha de anjo.
Laura: Jura?
Alice: Olha, menina. Presta atenção! -- e riu -- Já pedi chocolate quente pra
você dormir gostoso.
“Que gostoso!”
Alice: Boa noite, linda! Dorme com os anjos, mas sonhe comigo -- ela sorriu.
Capítulo 19
Eu saí com um sorriso enorme no rosto. “Se todos os dias eu dormir e acordar
ao lado dela, não preciso de mais nada!”
Sempre fui apaixonada por cidades grandes, artes e sempre tive uma quedinha
por design e decoração, por isso já pensava há tempos em seguir a profissão.
Logo que cheguei ao corredor, avistei a Dani com algumas meninas, já se
enturmando. Ela me cumprimentou e me apresentou às garotas que havia
acabado de conhecer, Clara, Juliana e Roberta.
Dani: Em quem, hein? Acho que fiquei fora muito tempo nessas férias.
Henrique: Eu sei que é meio sem nexo lhe perguntar isso em tão pouco tempo,
mas você está gostando da faculdade?
Laura: Claro, seu Henrique! Apesar de ser somente 15 dias, acho que vou me
dar muito bem.
Henrique: Que bom, porque eu a chamei aqui para lhe fazer um convite.
Laura: Um convite?
Henrique: Pode acreditar! Eu sei que você é uma menina estudiosa, sempre
provou isso e acho que dará uma ótima profissional. Quero que vá se
habituando à profissão, aprendendo no dia-a-dia.
Laura: Nossa, que oportunidade! Não sei nem como lhe agradecer, seu
Henrique.
Henrique: Ok. Espero você às 13 horas para lhe apresentar a sua chefe.
Saí da biblioteca saltitante e fui correndo pra cozinha contar a minha mãe. Ela
ficou muito feliz, estava sem palavras. Eu sei que havia conseguido o estágio
por mérito meu de ter provado ao seu Henrique que sempre fui uma pessoa
disciplinada. Depois que contei a minha mãe subi correndo contar à Alice.
Depois daquilo tudo, eu só queria ficar ali, nos braços dela. No dia seguinte,
depois da aula, fui conhecer meu novo trabalho. Eu nunca tinha entrado na
construtora do seu Henrique. Ela fica num prédio gigantesco, de vidro, na
Avenida Paulista.
Em frente, estava sentada em outra cadeira, uma mulher, nova por sinal, com
uma roupa social, porém com cortes modernos. Morena de pele, cabelos lisos
e compridos, com luzes carameladas. Seu rosto era bonito e ela aparentava ter
em torno de 27 ou 28 anos.
Henrique: Laura, esta é Luíza, sua chefe. Você será assistente direta dela.
Tenho certeza que irá aprender muito.
Luíza: Prazer, Laura. Espero que goste! -- disse com uma voz que parecia
música.
Laura: Prazer! Pode ter certeza que vou gostar sim -- já havia começado a
gostar ali mesmo.
Luíza: E aqui é a minha sala, Laura. A sua mesa é aquela ali fora, mas sempre
que precisar pode entrar sem receio. Somos uma equipe aqui e não temos
frescuras. Vou lhe passar os serviços gradualmente. O importante é você se
acostumar com o ambiente e qualquer dúvida perguntar mesmo, ok?
“Que sorriso!”
Capítulo 20
Dani: Laura, quero te fazer uma pergunta. Mas não me leve à mal, ok?
Dani: Ela me disse que você não conversa mais com ela, não atende no
celular.
Laura: Mas que drama, Dani! A gente só se estranhou por causa de algumas
coisas que eu nem lembro e não nos falamos mais. Só isso!
Quando eu olhei ao fundo, vi a Mari encostada num pilar. “Não acredito!” Meu
coração disparou. “O que essa garota vai querer aprontar agora?”
Laura: Por que você sempre faz as coisas que dizem respeito a mim sem me
consultar, Daniela?
Dani: Desculpa, Laura. Mas acho que dessa vez vocês têm que conversar.
Somos amigas desde pequenas e não dá pra ficar assim! -- ela se levantou, me
deu um beijo no rosto e saiu.
Eu sabia que a Dani tinha razão quando disse “somos amigas desde pequenas
e não dá pra ficar assim!”. Quando ela saiu, a Mari se aproximou com as mãos
no bolso do casaco de veludo vinho que usava.
Mari: A gente pode conversar num lugar mais reservado? -- ela estava com um
ar calmo e sereno, parecia a Mari de antigamente.
Laura: Vamos.
Levantei-me e saí andando. Ela vinha atrás, com a cabeça baixa. Eu tinha
saudade daquela Mari que eu conhecia. Sempre me dei bem melhor com ela
do que com a Dani. Era ela quem sabia dos meus maiores segredos e
compartilhava comigo os dela. “O que aconteceu com a Mariana?”.
Laura: Aqui tá tranquilo, pode falar -- me sentei num banco que era mais
afastado da muvuca do intervalo.
Ela se sentou, ainda com as mãos no bolso do casaco e me olhou. Eu achava
tão lindo aqueles olhinhos pequenos, que quando ela ria se fechavam. “Porque
eu to com o coração tão mole?”
Laura: Isso eu sei! Mas por que essa tortura comigo, Mariana?
Mari: Não quero entrar em detalhes do porquê, Laura. Só tô aqui porque quero
que me desculpe e quero que a gente volte a ser como éramos antes.
Laura: Mas então assim é muito fácil, Mariana! Fazer a coisas que fez, vir pedir
desculpas e ficar na boa, como se nada tivesse acontecido! E aquilo no
banheiro da danceteria?
Mari: Laura, por favor! Eu não tenho como te explicar -- ela abaixou a cabeça.
Laura: Ei, eu preciso entender! Acho que ainda somos amigas -- levantei a
cabeça dela com carinho.
Mari: Ai, Laura, por favor! Eu só quero que me desculpe, prometo que vamos
ser como antes.
Capítulo 21
A Mari tocou meu rosto com sua mão quente e não tirava os olhos de mim. O
vento ainda batia nos seus cabelos. Eu queria ver até onde ela iria. Fui fraca.
Não consegui manter os olhos abertos, fechei-os e senti seus lábios tocando os
meus.
“O QUE TÁ ACONTECENDO?”
Laura: Você não sabe de nada! -- por que eu estava querendo dar de
ofendida? Eu tinha correspondido aquele beijo.
Mari: Eu sei de tudo! Eu ajudei a escolher esse colar. Mas desencana, Laura.
Já disse, não quero te atormentar, quero a gente como antes de novo.
Laura: Mari, processa meu! Você não percebeu o que acabamos de fazer?
Eu fiquei ali. Parada. Não sabia o que fazer. Não sabia se corria atrás dela, se
a deixava ir. “E a Alice?” Eu estava me torturando por dentro. “Poxa, eu
correspondi ao beijo da Mari, o que isso quer dizer?”.
Não entrei na aula. Fui até a lanchonete e pedi um suco de laranja. Fiquei ali
até dar o horário de almoço. Foi quando meu celular tocou.
Laura: Beijo!
Laura: Alô?!
Laura: Oi linda!
Alice: Então, liguei pra saber se você que ir a uma apresentação de dança
comigo e com o Alessandro essa noite. Nós vamos assistir aos nossos
concorrentes!
“Desencana Laura, você é louca pela Alice. Aquilo foi só um beijo. Esquece!
Foi de momento e pronto!” Eu estava certa. Era perdidamente apaixonada pela
Alice.
Capítulo 22
O tempo parecia não passar no meu trabalho. Eu estava aprendendo bastante
coisa e a Luíza já tinha me passado um monte de serviço.
Paula: Alô?
Paula: Fala logo, Laurinha. Eu acabo com o rostinho lindo daquela garota num
soco só!
Laura: NÃO, calma! Só queria te contar umas coisas e tal. Mas e você? Como
tá?
Laura: Hoje não dá, vou numa apresentação de dança com a Alice.
Laura: Para, boba! É que eu tô com saudade de ficar com ela, então decidi ir.
Você pode amanhã?
“Mas e a Mari?! Como ela está?! Não posso fazer pouco caso, tenho que
admitir que ela falou comigo decentemente hoje. E outra... somos amigas há 10
anos praticamente, não posso deixar as coisas assim!”
Pensando muito, decidi ligar pra ela. Porém não me atendeu. Liguei 3 vezes
seguidas e nada. “Ela sempre me atendeu de primeira!”
Fui pra casa. Chegando, tomei um banho demorado, coloquei uma calça preta,
uma blusinha colada também preta e um casaco chumbo. No pé bota de cano
longo por cima da calça e dei um jeito no cabelo. Fiz um make e passei um
perfume. PRONTO!
E estava mesmo! Uma calça cinza, blusa de manga longa verde musgo e um
sapato de salto marrom. A Alice tinha um bom gosto extremo para se vestir.
Laura: Na verdade eu queria ficar aqui com você, sentindo seu cheiro. Tô com
tanta vontade de você! -- disse manhosa.
Alice: Hum, a apresentação não vai demorar. E eu não vou negar as suas
vontades quando voltarmos -- ela sussurrou no meu ouvido.
Alice: Mas olha, aquele ali é o Alessandro, vocês ainda não se conhecem.
Fiquei pálida! Entrei tão empolgada que nem vi o garoto sentado no sofazinho
de canto no quarto. “Que vergonha, Deus!”
De mãos dadas com Alice, o meu pensamento me levou pra longe dali. Voltei a
pensar na Mari e no que havia acontecido. “Caramba, ela não viu minhas
ligações?”.
Disse à Alice que iria ao banheiro e fui até o saguão do teatro. Peguei meu
celular na bolsa e disquei novamente para a Mari. Desta vez foram 4 chamadas
sem êxito. Decidi então mandar uma mensagem: “Quero falar com você, Mari!
Me liga quando puder. Beijos”.
Nas mensagens eu sempre dizia que a amava, mas naquela ocasião não
estava me sentindo confortável pra escrever aquilo. Esperei um pouco para ver
se ela retornava e nada. Voltei a minha poltrona e Alice se encostou no meu
ombro.
Assim que acabou a apresentação, pegamos um táxi e fomos direto para casa.
Alessandro foi para a casa dele, que não ficava longe. Ainda não estava tarde.
Decidi nem passar no meu quarto e nem ver minha mãe. Eu queria ficar com
Alice e subi junto com ela. Já no elevador me enchia de beijos.
Alice: Não ligo, quero você! Tô com saudade... Vem cá! -- colocando as mãos
na minha cintura.
Assim que entramos no estúdio, ela trancou a porta e jogou a chave longe. Eu
vi seus olhos cor de mel ardendo. Estava morrendo de vontade daquele corpo.
Empurrei-a contra a parede de espelhos e chupei seu pescoço com força.
Eu nem liguei. Apertei-a novamente e levei minhas mãos até sua bunda.
Laura: Delícia!
À medida que beijava seu pescoço e sua boca, desabotoei a calça. Coloquei a
mão por dentro e senti uma calcinha de renda, do jeito que eu gostava. Aquilo
me deixou mais louca ainda. Ela me puxava com força contra ela, me deixando
praticamente sem ar. Levantei sua blusa e tirei.
Enquanto desci beijando seu colo, tirei minha própria blusa e minha calça.
Seus dedos se embaraçavam em meus cabelos e eu procurava tirar a calça
dela o mais rápido possível. Notei a lingerie branca que usava. Totalmente
sensual!
Eu estava perdida em seus seios quando tirei o sutiã. Fui levando-a para o
sofá, onde nos beijamos pela primeira vez. Fiz ela se sentar e tirei sua
calcinha. Eu só queria sentir o gosto dela. Fui com vontade ao seu sexo,
tentando desfrutar cada pedacinho dele. Seus gemidos ficaram mais altos e eu
a sentia estremecer em minhas mãos.
Ela me puxou pelos cabelos e me fez sentar no lugar dela. Subiu em cima de
mim e foi me beijando desde a orelha, pescoço, seios e barriga, até tirar a
minha calcinha e também chegar ao meu sexo. Eu alcancei as estrelas. Ela me
lambia, me sugava, enquanto eu suspirava alto.
Foi subindo novamente e agora era sua mão que me deixava louca. Beijava-
me a boca violentamente e rebolava no meu colo. Minhas mãos já estavam
perdidas no seu seio e no seu sexo novamente. Dessa vez fomos às estrelas
juntas.
Eu agarrei seu rosto e não queria parar de beijá-la nunca mais. Eu precisava
daquela boca, daquelas mãos, daquele cheiro, daquela mulher. Eu era doida,
louca e perdidamente apaixonada por ela.
Laura: Esse é um segredo que não conto nem sob tortura! -- ela riu quando
notou que repeti uma frase que ela já havia dito.
Eu sabia que no dia seguinte ia ficar exausta. Mas que se danasse, eu queria
mesmo ELA!
Capítulo 23
No caminho, novamente tentei ligar para Mari, e nada! Até que cheguei ao
apartamento da Paulinha. Toquei a campainha e rapidinho ela me atendeu.
Depois de nos cumprimentarmos, começamos os assuntos.
Paula: Aiii, Laurinha! Acho que estou apaixonada mesmo. Tô saindo com uma
garota que conheci por acaso num restaurante no meu horário de almoço.
Paula: Faz uns 15 dias que estamos saindo e eu to pensando em pedir ela em
namoro. A gente combina muito! Ela tem 29 anos, um pouco mais velha, mas é
independente e livre.
Laura: Tá apaixonadaaa!
Paula: Acho que tô mesmo, Laurinha. Ela é linda! Falei de você e da Alice e
disse que vamos combinar de sairmos nós quatro juntas.
Paula: E?
Laura: E ela me pediu desculpas das coisas que fez, disse que queria voltar a
ser minha amiga como antes. Eu senti que era sincero.
Laura: É aí que está o problema. Eu insisti pra que ela me contasse o porquê
de tudo e ela pediu pra eu não forçar a barra com ela, que ela não queria
explicar nada.
Paula: Laura, olha pra mim. Eu não acredito! Depois de tudo com a Alice, você
tá se engraçando com a Mariana?!
Laura: Ela foi embora dizendo que sabia que eu gostava da Alice e que não ia
me atormentar mais. Pediu desculpas pelo beijo e foi. Eu tentei impedir, mas
não sabia o que fazer.
Laura: Acabei de admitir que sim. Ainda não tinha admitido nem pra mim
mesma.
Laura: Mas não confunda as coisas, Paulinha! Eu amo a Alice, sou apaixonada
por ela. TOTALMENTE! Mas quero falar com a Mari, esclarecer tudo de uma
vez por todas, pois sempre fomos amigas. Mas agora é ela que não me atende!
Paula: Dá um tempo, Laurinha! E não fique encanada. Foi uma coisa que
aconteceu. Acho que você queria ver a reação dela e acabou se entregando.
Mas calma, você ama a Alice -- minha impressão era de que ela estava
pedindo calma pra ela mesma, que estava nervosa -- Mas acho que vocês têm
que conversar, sim.
Paula: Mas fale com cuidado! Ela gosta de você, e pelo que se percebe, gosta
muito.
Fiquei um tempinho ainda na casa da Paulinha, jantei com ela e fui embora.
Cheguei em casa, dei um beijinho na Alice que ainda ensaiaria mais com o
Alessandro e fui dormir. Estava muito cansada, sem dormir na noite anterior.
Dani: Hoje a Mari e eu vamos naquele barzinho ali no Jardins. Você e a Alice
não querem ir também?
Laura: Claro! Vou falar com a Alice, mas acho que ela vai sim -- era a minha
oportunidade de tentar falar com a Mari.
Dani: Então tá! Umas 21 horas estaremos lá, quem chegar primeiro guarda a
mesa, beleza?
Laura: Combinado!
Eu sabia que meu dia passaria rastejando e estava quase para morrer de
ansiedade. “Antes eu não queria ver a Mari nem pintada de ouro. Agora, estou
contando as horas para encontrá-la. QUE COISA!”
Capítulo 24
E realmente o dia passou devagar. Assim que saí do serviço fui para um salão,
havia marcado horário de manicure e cabeleireiro.
Laura: Pelo amor de Deus, não toque nessa franja! -- disse ao cabeleireiro que
iria cortar.
Alice ainda estava ensaiando e quando estava concentrada não gostava de ser
interrompida. Peguei o celular no bolso e disquei para o dela. De imediato ela
abriu a porta.
Alice: Boba! Era só bater -- suada, se jogou nos meus braços me dando um
beijo -- Hum! Que linda, fez a unha e cortou o cabelinho!
Laura: É! -- eu sorri.
Alice: Vem cá! -- pegou minha mão e me levou pra dentro do estúdio -- Quer
água? -- ofereceu a garrafinha que estava na mão dela.
Alessandro: Menina, você não toma energia dela, não? -- totalmente exausto.
Alice: Você quem pensa que não, meu querido! -- ela respondeu por mim.
Eu sempre achava LINDO quando ela estava com short curtinho, top e sapato
de salto, ensaiando. O cabelo preso, desarrumado e o rosto suado a deixavam
ainda mais sensual.
Alessandro: Ai gata, tô morto de canseira. Fica pra outro dia. Vou arrumar as
minhas coisas e cair na cama!
Alice: DÚVIDO que você vai dormir, bicha fogueteira! Tá só fazendo charme
pra Laurinha -- a gente ria.
Alessandro: Ô garota maldosa! Hoje não quero causar, tô cansado! E você,
com esses ensaios, ainda vai me deixar sem nenhum bofe, de tanta dor no
corpo que eu fico! -- riu.
Alice: Frouxinho!
Laura: Tá, vou descer me arrumar. Assim que ficar pronta vai me chamar, ok?
Estava ansiosa. Nem sabia o que ia falar com a Mari, mas estava ansiosa, fato!
Tomei um banho gelado, apesar de o dia não estar quente. Passei um body
splash e depois de um tempo consegui escolher uma roupa. Um jeans claro
quase branco, desbotado e colado na bunda, e uma blusinha de malha vinho
manga longa, a qual abri alguns botões, na altura do colo, para o decote ficar
mais evidente.
Brincos, blush, uma sombra de leve, lápis no olho, rímel e batom. Ótimo.
Passei um perfume que havia comprado há alguns dias e arrumei o cabelo,
daquele jeito jogado. Depois de um tempo dando uma olhada no espelho, fui
pra sala. Sentei-me no sofá olhando a hora no celular. Nenhuma ligação da
Mari. Foi quando vi Alice descendo a escada.
Alice: Vamos?
“MARAVILHOSA!”
Uma calça jeans de cor tradicional, uma regata cinza, que também deixava à
mostra o colar, e uma jaqueta branca por cima. A sandália preta tinha alguns
detalhes prata. O cabelo molhado e aquele perfume delirante me deixavam
louca. A boca dela ficava linda com aquele gloss avermelhado. Eu estava
enfeitiçada!
Laura: É!
Alice: AMEI!
Ainda não tinham chegado. Escolhemos uma mesa das poucas que ainda
estavam livres, e nos sentamos. Eu estava impaciente. Pedi um Martini, como
sempre, e a Alice uma batida de frutas.
Fiquei reparando no lugar, era bem intimista, luz baixa e amareladas, uma
decoração atraente e garçons bem atenciosos. Enfim, bem gostoso.
Laura: Não, tô só reparando no bar, é bem legal aqui, nunca tinha vindo.
Alice: Hum! -- ela pegou na minha mão que estava apoiada na minha perna --
Sua mão tá gelada, Laurinha! -- percebeu de novo.
Ela não comentou mais nada. Ficamos vendo o cardápio e as pessoas que
passavam. Às vezes trocávamos algumas palavras. Ela percebeu que eu
estava incomodada com alguma coisa.
Alice: Oiii!
A Mari se aproximou meio acuada. Eu reparei o quanto ela estava linda aquela
noite. Ela sempre foi, mas aquela calça preta colada tinha a deixado muito...
muito... sei lá, nunca havia reparado nela, muito menos na sua bunda! E eu
não queria reparar, não podia dar bandeira para Alice do que tinha acontecido.
Quando se aproximou de mim, jogou a franja que estava caída sobre o olho
direito, num movimento que libertou o perfume dos cabelos. Eu gelei mais
ainda. Delicadamente ela segurou o meu rosto e encostou os lábios do outro
lado, me dando um beijo. As mãos e a boca quentes.
E foi isso! Ela se sentou ao meu lado e a Dani na minha frente. “To parecendo
uma idiota, com medo da Mariana!” A Dani e a Alice desembestaram nos
assuntos. Como falavam! Eu tinha que retirar senha pra poder dar algum
palpite sobre as conversas. Às vezes eu fitava a Mari de canto de olho e
percebi que ela parecia estar num mundo paralelo, quieta, pensando, olhando
pro infinito.
A Alice pegava na minha mão e fazia um carinho rápido. A noite foi passando e
comemos alguns petiscos. Eu já tinha perdido a conta de quantos drinks havia
tomado. Marguerita, Cosmopolitan, Alexander, Martini, Martini, Martini.
A Dani e a Alice não cansavam de falar. Foi quando o meu olhar cruzou com o
da Mari. Os olhos pequenos que eu achava lindos finalmente sorriram pra mim.
Ela sabia que eu os adorava, eu sempre brincava dizendo que queria que
meus filhos tivessem os olhos como os dela. A gente ficou alguns segundos se
olhando, até que ela desviou quando um cara bateu na cadeira da Dani, sem
querer.
Alice: Vou ao banheiro com a Dani, tá amor? -- disse no meu ouvido, a música
estava um pouco alta.
Laura: Tá bom! -- eu sorri pra ela.
Capítulo 25
Laura: Mari -- toquei seu braço. Ela me olhou assustada -- Quero falar com
você!
Mari: Esse “impasse”, como você diz, eu não consigo resolver de uma hora pra
outra! -- ela olhou pro outro lado, mostrando que não tinha gostado da palavra
que eu havia usado.
Laura: Desculpa! -- cheguei mais perto dela -- Desculpa por eu insistir aquele
dia. Você tem o direito de não querer me falar nada.
Ficamos ali, em outro mundo. A Mari estava apoiada na mesa e eu não sabia o
que falar para estender o assunto.
Mari: Para de me olhar, Laura! -- ela quebrou o gelo e eu, assustada, olhei pro
outro lado.
Alice: Tá bom. Vou ficar com a Dani. Ela está me contanto os casinhos dela!
Laura: Tá. Logo eu volto.
Laura: Mari, eu vou falar a verdade, não sei o que te dizer! Eu forcei com você
naquele dia, por isso aconteceu.
Laura: Por que a gente não conversa e você me fala tudo que quer e eu te falo
o que acho também?
Mari: O que você quer ouvir de mim, Laura? Você quer ouvir com todas as
palavras que eu gosto de você, que sou apaixonada por você e que sempre
fui? Que eu guardo isso comigo há anos e que quando a Alice voltou, eu
percebi que você NUNCA seria minha? Ou você quer que eu me humilhe pra
você dizendo que o dia que você quiser, eu vou te querer? -- eu fiquei
totalmente estatelada com aquele turbilhão de palavras.
Mari: Agora que eu disse, vou ser sincera e abrir o jogo! -- ela parecia nervosa -
- Já faz mais ou menos 3 anos que eu comecei a sentir alguma coisa diferente
por você, Laura. Achei que ia endoidar sozinha, com aquilo guardado dentro de
mim. Achava que ia explodir a qualquer momento de tanta coisa que eu
escondia. Só eu sei o que eu passei nesse tempo todo tendo que guardar tudo
comigo. O medo! Eu sempre pensava em te contar, mas depois que refletia um
pouco, achava melhor deixar de lado, pois eu não queria nem imaginar em
perder a sua amizade. Saquei desde o primeiro dia que a Alice voltou que você
se apaixonou por ela e eu enlouqueci e me culpei por nunca ter te contado e
por pensar que você poderia me dar uma chance! Eu fiz tudo sem nem pensar,
nem planejar, agi por impulso e acabei com a nossa amizade!
Depois de tudo aquilo eu não sabia o que dizer. Abaixei a cabeça e algumas
coisas começaram a se encaixar na minha mente. Como ela não saia de perto
de mim quando eu estava doente. O carinho excessivo quando eu precisava de
colo. Apoiava minhas babaquices e não brigava comigo, por mais que eu fosse
grossa algumas vezes. Fiquei quieta por um bom tempo. Senti a mão dela
sobre a minha perna.
Laura: NÃO!
Mari: Eu também não tenho mais o que dizer. Então não me tortura mais,
Laurinha!
Laura: Me dá um abraço!
Laura: Eu não quero perder você, Mari! Você é minha melhor amiga.
Mari: Acontece Laura, que não dá mais pra sermos como éramos antes. Eu
não consigo ouvir suas histórias com a Alice. Me mata por dentro. Não tem
como sermos amigas tão próximas mais!
Laura: Por que você não me falou antes, Mari? Por quê? -- eu me sentia
culpada.
Mari: Preciso tomar um ar! -- soltou a minha mão e foi até a sacada mais
próxima.
Dei um tempo pra ela. Eu sentia meu rosto queimando e minhas mãos, que
antes estavam geladas, agora suavam. “O que eu faço, Meu Deus?!” Meu
coração estava apertado. Levantei-me e fui até a sacada. Estava deserto
aquele espaço. Cheguei devagar e a abracei por trás dizendo:
Ela se virou e me abraçou com carinho, acariciando meus cabelos. Num ato
instintivo eu levei o meu nariz até o seu pescoço. Senti ela se arrepiar em meus
braços.
Capítulo 26
A gente ficou ali um tempo. Eu sempre gostei do abraço de urso que ela me
dava. Um batalhão de pensamentos correu na minha mente em questão de
segundos. Nós crescemos juntas. Eu sabia que o sentimento da Mari era
sincero, ela refletia aquilo nos olhos enquanto falava. Despertou-me dos meus
sonhos quando tocou os lábios no meu ouvido.
Laura: Shhh! Não fala nada! -- eu não podia ouvir aquilo, seria demais.
Laura: Mari, nós somos amigas! -- dei um pulo pra trás quando me dei conta do
que faria.
Mari: Você tem razão, Laura. E eu te prometo que vou fazer de tudo pra tirar
esse sentimento de mim -- eu notei seus olhos cheios de lágrima.
“NÃO!”. Um sentimento egoísta tomou conta do meu peito. “Por que eu não
quero que ela deixe de gostar de mim?” Agora quem estava ficando louca era
eu.
Mari: Pode ir, vou dar um tempo aqui -- ela soltou bruscamente da minha mão.
“Eu quero me jogar dessa sacada!” Eu tinha a Alice, mas não entendia o
porquê desse sentimento de vazio que havia tomado conta do meu coração.
Foi com a Mariana que eu passei toda minha vida. Compartilhei com ela todas
as minhas descobertas, meus medos e meus anseios. Agora eu senti que
havia perdido a sua amizade. De agora em diante, seria somente aparência,
para alimentar os olhos dos outros.
Desci as escadas. Eu não estava bem, minha cabeça girava. Cheguei à mesa
e me sentei novamente ao lado da Alice.
Alice: Oi, Laurinha. Cadê a Mari? -- ela notou o meu semblante um tanto
quanto estranho.
Ela cruzou os braços e ficou muda. Eu também não queria conversa com
ninguém. Depois de algum tempo o garçom voltou com o meu pedido.
Olhei para a escada e vi a Dani e a Mari descendo. Mais do que rápido, mandei
o wisky pra baixo e botei o copo sobre a mesa. Parecia que eu havia tomado
um chacoalhão, um sossega leão. Elas se aproximaram e se sentaram.
Dani: LAURA! Você tomou isso? -- vendo o copo de wisky sem gelo.
Eu sorri para ela e ela me devolveu o sorriso. O garçom voltou com o copo e
botou na mesa. A Alice chegou e vendo mais um copo disse:
Mari: Por que você não toma um também? -- Alice arregalou os olhos -- Você
virou de uma vez, Laurinha? -- me perguntou rindo.
Laura: Sim.
Dizendo isso, virou o wisky num gole só. Fechou os olhos com força enquanto
ele descia garganta abaixo e eu ri. Bateu o copo na mesa como se fosse um
bebum de quinta categoria. A Dani e a Alice estavam perplexas.
Laura: Aeee! Agora faz assim! -- segurei nos braços dela e a chacoalhei com
força. Ela ria incessantemente.
Dani: Alice, não liga, às vezes essas duas dão dessas, mesmo! E me dá um
ódio quando elas fazem essas tchonguices!
Alice: Laura, se você pedir mais uma bebida, eu juro que vou embora! Já perdi
a conta dos seus drinks e agora você partiu pros wiskies?
Alice: E por que você tá tão idiota, Laura? Aconteceu alguma coisa que eu não
sei?
Dani: É, já!
Alice: Vem cá, Laura -- pegou na minha mão e me levou até o banheiro.
Laura: Eu não posso nem tomar um wisky? -- disse perto da boca dela.
Alice: Você pode tomar um wisky sim, mas não depois de tudo que já tinha
bebido e ficar dando showzinho na mesa junto com a Mariana.
Laura: Espera, quero fazer xixi! -- eu não conseguia parar de rir, estava
totalmente retardada.
Laura: Quem falou que eu não to bem? -- ela me deu um beliscão no braço e
me olhou queimando de raiva! -- É gente, eu não to bem mesmo!
Alice: Você fica aí que eu não sou babá de bêbada! -- me jogando dentro do
quarto.
Capítulo 27
No dia seguinte acordei com uma pontada na cabeça. “AI! O que eu fiz?” Minha
cabeça pesava, parecia que uma bigorna havia caído sobre ela. Eu tava tonta e
mal conseguia me levantar. Olhei e percebi que ainda estava com a roupa que
fui pro bar, até mesmo de sandálias. Alcancei meus pés e as tirei. Peguei meu
celular na bolsa e olhei a hora, já passava da 1 da tarde.
Alice: Tô ensaiando!
Alice: Sim, posso, mas mais tarde. Você sabe que não gosto que me
interrompam!
Alice: Também te amo, Laurinha! -- mudando o tom de voz para algo mais
delicado.
Me levantei, ajeitei o cabelo com as mãos e fui pra cozinha. Minha mãe estava
por ali, organizando os serviços dos empregados.
Mãe: Assim?
Fiz um café bem forte e passei manteiga em algumas torradas. Mandei o café
pra baixo.
Mãe: LAURA!
Mãe: Calma filha, aconteceu alguma coisa? -- ela viu que eu tava comendo
desesperadamente.
Mãe: Se cuida filha! Hoje eu tenho que organizar uma reunião com o seu
Henrique aqui em casa. Os chefes da construtora vêm!
Laura: Será que a minha chefe vem, mãe? -- aquela tal de Luíza era um
pedaço de mau caminho.
Mari: Alô?
Laura: Oi!
Laura: Hum, então tá! Só liguei pra saber se você tava de ressaca também.
Mari: Com certeza, mas quando quiser encher a cara me chama! -- a gente riu.
Mari: Tchau!
Desligou! “Ei, e o meu beijo?!” Voltei a ficar de bruços com a cabeça apoiada
nos braços. “Preciso contar pra Paulinha”. Liguei pra ela. Prontamente me
convidou a passar a tarde na casa dela. Já que a Alice iria ensaiar, decidi ir.
Estava colocando um tênis, quando alguém bateu na minha porta.
Luíza: Oi Laura!
Alice: Prazer, Luíza! Não vou chegar muito perto porque eu estou um pouco
suada, estava ensaiando.
Luíza: Boa sorte, Alice! -- ela sorriu -- Bom meninas, eu vou cumprimentar os
outros colegas, ok?
Alice: O Ale tá me esperando. Vamos ensaiar até o fim do dia, depois a gente
conversa!
Laura: Tá! Eu vou na Paula, passar a tarde com ela, então. Tomar um café ou
coisa assim. Qualquer coisa me liga no celular.
Laura: Ai Alice, até parece que eu sou descabeçada, só porque bebi um wisky
ontem!
Alice: Tá! -- me deu um beijo no rosto e saiu.
Paula: Laurinha, vai, fala logo! Tô percebendo que você quer desabafar.
Laura: Ai amiga!
Laura: Não, mas eu gosto da Alice, amo ela, você sabe disso! Eu, mais do que
ninguém, sei disso.
Paula: Mas você tem vontade da Mariana. Não quer dizer que você ama ela.
Eu sei que você é louca pela Alice. Mas tá com vontade da Mari!
Laura: Será?
Paula: Amiga, vai por mim. Se distancia dela. É melhor pra vocês duas! Você
não alimenta a paixão dela e nem a sua vontade.
Laura: Acho que você tem razão. Eu quero que a Alice me desculpe.
Laura: Verdade!
Tava difícil escolher alguma coisa para uma garota que tem tudo na vida. Até
que eu entrei numa joalheria. Eu sabia que ela gostava de joias. Logo que vi
aquele anel eu me apaixonei. Era grosso, de ouro branco. O que mais
chamava atenção era o símbolo do infinito vazado (um 8 deitado).
Laura: Alô?
Alice: Terminei!
Laura: Beijo.
Paula: Vai lá! A gente se fala depois! E olha, corta ligações com a Mariana, se
você quiser preservar seu relacionamento.
Cheguei em casa e subi direto para o quarto da Alice. Bati na porta e ela abriu,
de cabelo molhado e um shortinho bem, mas bem curto, e um top.
Alice: Laura, fala a verdade, o que aconteceu ontem pra você tomar aquele tipo
de atitude?
Laura: Que atitude, Alice? Só porque eu pedi um wisky pra beber? Não vejo
nada de anormal nisso! É uma bebida alcoólica como qualquer outra do
cardápio. Você deve tá assustada porque nunca me viu tomando.
Alice: Laura, eu sei do que eu to falando. Você desceu aquela escada estranha
e depois começou a beber e dar showzinho com a Mariana.
Alice: Só não quero que você fique dando showzinho por aí, com as pernas
bambas e bêbada de cair. Odeio isso!
Laura: Tudo bem, isso você tem razão, eu me excedi um pouco. Mas eu queria
beber e pronto. Minha semana foi cansativa, só isso!
Levantei-me com ela agarrada na minha cintura e fui pra área externa. Ela
beijava meu pescoço e minha orelha.
Alice: Sempre!
O dia já tinha caído e a lua cheia já iluminava o céu. Somente com a claridade
dela, me aproximei da borda da piscina e pulei com a Alice na minha cintura.
Estava uma noite um pouco fria, mas eu sentia o corpo dela totalmente quente.
Ela sorriu e nem ligou de estar toda molhada. Encurralei-a no canto da piscina.
Ela me olhava com desejo em seus olhos. Minha boca procurou urgentemente
a dela. Foi quando, no meio do beijo, eu tirei a caixinha do bolso da calça, toda
molhada.
Capítulo 28
Laura: Pra você nunca esquecer que o que eu sinto não tem fim!
Ela sorriu de orelha a orelha. Aquele sorriso maravilhoso que eu tanto amava!
Tirou o anel da caixa e colocou-o imediatamente no dedo anelar da mão direita.
Ela me puxou bem próxima e começou a passar a mão por todo meu corpo.
Sua boca colou na minha e mordia os meus lábios. “Ah! Aquele cheiro da
Alice!”.
Ela prontamente atendeu. Eu fui atrás. Segui-a até o quarto e fui fechando a
porta de vidro. Fiquei ali em pé, parada, ensopada. Ela foi até a jukebox e ligou.
Era uma música suave, lenta. Aproximou-se do meu corpo e começou a dançar
devagar, se enroscando no meu pescoço. Coloquei minhas mãos na sua
cintura e senti o seu corpo requebrando. Ela se virava e esfregava a bunda em
mim. Com calma, querendo me torturar, foi tirando a minha calça. Laçando-me
pela cintura, foi tirando minha blusa. Não aguentando vê-la se insinuar pra mim
tão sensual, a puxei com força. Ela mordia os próprios lábios e não me deixava
beijá-la.
Não suportando mais aquela tortura, joguei-a contra a parede e coloquei minha
coxa no meio das suas pernas, fazendo-a gemer baixinho. Colei nossos corpos
molhados e lhe beijei o pescoço. Tirei o top que me impedia de me perder nos
seios. Violentamente eu os sugava. Coloquei minha mão dentro da sua
calcinha, que delirava me olhando fixamente. Ela tirou meu sutiã e suas mãos
passeavam sobre meus mamilos.
Pegou o interfone e fez o pedido para Lúcia. No mundo da Alice tudo era
simples, rápido e acessível. Depois que ela desligou, puxei o lençol da cama e
nos cobri. Ela se aninhou nos meus braços e ficou ali quietinha. Eu fui pra cima
dela, beijando, tentando matar aquela vontade que nunca era saciada.
Laura: Engraçadinha!
Cheirava sua pele e lambia seu pescoço. Senti que ela já estava ficando louca
novamente, se contorcendo embaixo de mim. Resolvi fazer um joguinho.
Segurei suas mãos e ela nem ao menos tentou impedir, estava entregue.
Comecei a me esfregar sobre ela. Minha boca proibia o toque da dela e se
perdia no pescoço, na nuca. Ela gemia baixinho desesperadamente.
Alice: UAU!
Alice: E diga-se de passagem, como toma conta, hein? Pode fazer sempre o
que quiser de mim! -- ela riu.
Laura: Vai primeiro você. Depois eu vou, senão eu não respondo por mim
mesma -- rimos.
Laura: NÃO! -- e realmente não sabia, a não ser do sentimento dela por mim.
Alice: Ela me contou quando eu contei da gente pra ela. Eu fiquei espantada,
assim como você agora.
Laura: Eu não sabia disso e olha que somos amigas há muitos anos!
Alice: Ela me disse que é apaixonada por uma garota, mas que sabe que não
tem futuro, então está se envolvendo com outra.
Laura: OUTRA? -- fiquei pasma. Mariana sem vergonha.
Laura: Ela disse sobre essa menina que ela gosta e sobre a talzinha que ela
sai?
Alice: Sobre a menina que ela gosta não entrou em detalhes. Sobre a menina
que ela sai, disse que conheceu por acaso numa boate, que é bonita, mas que
nunca passou dos beijos com ela. -- “Menos mal!” pensei.
Alice: Contei sobre a nossa primeira vez, como você entrou no quarto me
agarrando e me deixando louca, completamente rendida. Depois sobre a
piscina e finalmente que acabamos na cama!
Alice: Ela queria que eu contasse detalhes e eu, como sei que ela é minha
amiga, contei. Até parece que você não contou pra Paulinha também!
Alice: Relaxa, ela só queria saber como é transar com mulher, já que ela nunca
fez e tal.
A noite pra mim acabou ali. Eu não queria que a Mariana sofresse, não mesmo.
Ela sempre foi uma ótima pessoa comigo. Acabamos de comer e a Alice foi ao
banheiro. Eu fui até o parapeito e fiquei observando a vista. Aqueles
pensamentos voltaram e eu me peguei novamente lembrando o beijo, na
faculdade.
Alice: AGORA!
Laura: Eu nem bebi. E olha, Dani, sermão essas horas ninguém merece!
Dani: Beleza, mas deixa eu te falar uma coisa, tá lembrada que sábado já é
carnaval, né?
Laura: Uhum!
Dani: Exatamente!
Laura: Ahhh, você sabe que eu gosto! Quem você vai chamar?
Dani: Vai sim, ela e uma amiga que ela perguntou se podia ir. Eu disse que sim
já que quartos é o que não faltam na fazenda.
Laura: AMIGA? E a gente, não serve mais pra ela? -- fiquei puta da vida, não
sei o porquê.
Dani: Sim, mas parece que essa amiga vai ficar sozinha no carnaval,
entendeu? -- ela piscou pra mim.
Dani: Então! Você, a Mari, a amiga dela e a Alice! Minhas primas também vão
e tal. Você acha que a Alice vai?
Liguei para Alice e ela disse que tudo bem, já que o Alessandro iria viajar e não
daria para eles ensaiar. “Que droga de amiga da Mariana é essa? Será que é a
garota com quem ela sai? COM CERTEZA! Eu que não sou babaca!”
Capítulo 29
Laura: Alô?
Paula: Oi Laurinha!
Paula: Tudo ótimo! Laurinha, tô ligando pra te contar que tô namorando. E mais
do que isso, quero que conheçam minha namorada!
Paula: Tudo bem! Nós estaremos num barzinho ali na Alameda Lorena, pode
ser?
Laura: Beijos...
Eu realmente estava bem feliz pela Paulinha. Ela merecia alguém legal ao lado
dela. Afinal, sempre foi uma pessoa magnífica. Liguei pra Alice e ela aceitou na
hora, estávamos curiosíssimas para conhecer a namorada da minha amiga.
Depois do expediente, fui pra casa e tomei um banho. Coloquei uma roupa
mais descontraída. Uma calça jeans num tom de azul bem escuro, uma
blusinha branca de manga curta decotada e uma sandália preta. Somente um
lápis no olho e um gloss na boca. Dei um jeito no cabelo, coloquei um brinco
maior prata e o perfume para finalizar. Peguei minha bolsa, uma jaqueta e o
celular. Subi ao quarto da Alice para chamá-la.
Alice: Oi cheirosa!
Alice: Dá um beijinho!
Alice: Para de ser frescurenta! -- grudou os lábios na minha boca num daqueles
beijos que fazia estremecer minhas pernas -- Lembre-se de passar o batom ou
o gloss no carro, porque eu vou SEMPRE te beijar!
Alice, linda como sempre, estava com uma calça jeans preta, uma blusinha
vermelha e uma sandália preta também. Os cabelos castanhos claros bem
lisos e os olhos cor de mel delineados delicadamente. O perfume eu nem
preciso comentar.
“PUTAQUEOPARIU!”
A minha primeira reação foi pegar na mão da Alice e fazer um giro de 180
graus numa mesa. A Alice ficou com uma cara de tonta, parecendo não
entender nada!
Laura: Tô! Mas fica quieta e vem comigo! -- eu disse rindo e ela sem entender.
Laura: Tá louca? Vou sair correndo do bar feito uma doida varrida? -- a gente
fingia que não havia visto a Paulinha.
Alice: Sai, sai, sai! Vai pra lá, Laura! -- me empurrando em direção à saída.
Laura: Calma, Alice! Vai ser feio se a gente fugir feito duas bandidas. Faz de
conta que você não tá vendo a Paulinha -- segurando no braço dela.
Alice: Oi, Paulinha! Então, querida, você não acredita que eu esqueci a carteira
em casa. Vamos comigo pegar, Laurinha. A gente já volta!
Paula: Não, não precisa! Hoje é por minha conta.
A Alice me deu um chute na canela, como quem diz “inventa alguma coisa
logo!”. Mas eu não consegui. A Paulinha foi nos arrastando até a mesa.
Capítulo 30
Até que ficamos de frente com ninguém mais, ninguém menos que Luíza,
minha chefe! Eu olhei para ela totalmente sem graça. Alice tava escondida
atrás de mim. “Covarde!”
Laura: É!
Paula: É?!?!?!
Paula: Nossa, que mundo pequeno! E essa aqui é a Alice -- puxou a Alice pelo
braço, tirando-a de trás de mim.
A Luíza arregalou os olhos, como quem tivesse pensando “Mais essa ainda?!”.
Alice: Obrigada!
Paula: Meninas, eu sei que é meio chato pra vocês. Mas eu queria apresentar
formalmente a Luíza como minha namorada, afinal, vocês são minhas amigas!
-- Alice e eu sorrimos, achando legal a atitude dela.
Luíza: Eu não sei o que vocês pensam sobre isso, mas eu gosto da Paulinha,
sou uma pessoa totalmente independente.
Alice: Luíza, não precisa ficar tentando se explicar! Com a gente não tem
problema, quem somos nós pra falar alguma coisa? -- ela pegou na minha
mão.
Laura: É, Luíza, fora do nosso trabalho somos pessoas como todo mundo!
Laura: Uma coisa eu tenho que dizer, a Paulinha tem um ótimo gosto!
A Alice me deu uns tapas rindo e depois me abraçou. Ela dormiu e eu me perdi
em meus pensamentos. “Não quero nem ver esse carnaval!”
Luíza: Laurinha, entra e fecha a porta. Sente-se aqui na cadeira -- fiz o que ela
pediu -- Queria conversar sobre ontem, pois somos bem próximas aqui.
Luíza: Não são explicações. Eu só quero que a nossa relação aqui dentro
continue a mesma, que você não me estranhe.
Laura: Quanto a isso você pode ficar sossegada. Mesmo que você tenha um
relacionamento com uma das minhas melhores amigas, aqui dentro somos
profissionais.
Laura: Quem sou eu pra te julgar? Isso é um segredo que vai permanecer entre
nós. Pode confiar.
Laura: Tô liberada?
Luíza: Claro, fique à vontade -- encostou na cadeira e cruzou as pernas, me
olhando fixamente.
Laura: Oi Dani!
Dani: Tudo também! Vocês vem pra fazenda amanhã, né? -- ela já estava lá.
Dani: Eu iria perguntar se vocês não poderiam dar uma carona pra Mari e pra
amiga dela.
Laura: Eu só preciso ver com a Alice como vamos, se o Freitas vai nos levar.
Dani: Ok, depois liga direto pra Mariana e combina, pode ser?
“Mais essa?”
Laura: Beijos.
Laura: Eu ia! É que tô morta de cansaço, tava criando coragem pra tomar um
banho.
Alice: Hum! Já arrumou suas coisas pra viagem?
Alice: Eu também vou. Vê-se que estou precisando de um urgente! Ah! A Mari
passou aqui hoje à tarde. Veio perguntar como iríamos amanhã, se poderíamos
dar uma carona para ela e a amiguinha -- riu com malícia.
Laura: A Dani também me ligou e eu disse que ainda não havíamos decidido.
“Que raiva!”
Laura: Mas de jeito nenhum eu vou dirigir um dos carros do seu Henrique.
Deus o livre!
Alice: Para de coisa, eu vou estar junto! E ele disse que já que seria você que
iria dirigir, ele deixava -- fiquei pasma.
Laura: Ai, Alice, não sei! Acho que o Freitas nos levaria de boa.
Alice: Não! Eu quero ficar um pouco livre. De carro a gente faz o que quiser!
POR FAVOR!
Laura: Então que fique bem claro que só aceitei porque você insistiu muito.
Laura: Alice, a gente nem conhece a garota que ela vai levar -- tentando me
livrar da situação.
Laura: Conhece?
Laura: Talvez!
Levantei-me e fui pegando minha roupa pra entrar no banho. Eu não estava
gostando do rumo daquela conversa.
Alice: Vou subir então, tomar banho também e arrumar a minha mala.
Laura: Aham!
Saí do banho e arrumei minhas coisas com esses pensamentos que estavam
me matando por dentro. Quando fechei o zíper da minha mala o meu celular
apitou, anunciando que eu havia recebido uma nova mensagem. “Saudades de
você!”
Eu não acreditei que a Mariana me mandou essa mensagem! “Por que ela não
fica com a talzinha dela e me tira da cabeça? E por que eu não tiro ela da
minha?” Deletei a mensagem e não respondi. Me joguei de bruços na cama,
querendo que o mundo acabasse em barrancos. Aquele beijo não saía da
minha cabeça.
“Por quê? Por quê? Por quê? Mariana!” Decidi rezar pra ver se tirava aquela
cena da minha cabeça. Mas não adiantou. Ela insistia em me torturar.
Depois de deixar tudo organizado para o dia seguinte, coloquei meu pijama e
fui me despedir da minha mãe. Não sabia se a encontraria na manhã seguinte.
Depois de muitos conselhos e pedidos de juízo, subi até o quarto da Alice. Ela
ainda arrumava algumas coisas.
Alice: Oi Mari!
Eu ouvi a voz da garota que ainda nem sabia como era. Encostei no carro e
cruzei os braços, olhando o movimento da rua. Senti alguém pegando no meu
braço. Arrepiei-me toda.
A garota até que era bonitinha. Não linda. Bonitinha só! Morena, com traços
fortes, cabelos lisos até a cintura castanhos e olhos bem pretos, daqueles que
não dá pra ver a pupila. O corpo era normal, magra. Devia ter a nossa idade.
Não fiquei reparando muito. Aquela garota não me agradava nem um pouco.
Colocamos as malas no porta-malas e seguimos viagem.
Laura: Tá bom.
Avistei o posto e fui em direção ao mesmo. Decidi ficar no carro. Ali já estava
bem calor e eu precisava do gelado do ar condicionado.
Eu abri os olhos rapidamente e olhei pra trás. A Mari sorria com o canto da
boca. Eu estava trêmula.
Laura: Hum -- peguei a água da mão dela e bebi quase metade da garrafinha
sem parar. De tão gelada, quase trincou minha cabeça.
Mari: Calma!
Laura: Não achei nada, ué? A garota é sua, quem sou eu pra achar alguma
coisa?
Laura: Mas ela é bonitinha, se é isso que quer saber -- consegui tirar um
sorriso dela.
Eu não podia desanimá-la, afinal eu queria que ela me tirasse da cabeça dela.
“Queria?”
Descemos almoçar e a família da Dani estava toda reunida. Tinha muita gente
e a fazenda conseguia comportar todo mundo. A família dela sempre teve
muito dinheiro. Herança dos avós que tinham uma usina metalúrgica. O quadro
de funcionários da fazenda triplicava no carnaval, pois era um feriado
comemorado na família desde antes da Dani nascer.
Alice parecia estar adorando o ambiente. Eu nunca vi uma pessoa tão animada
quanto ela, isso me encantava. Com tanta gente pra conversar, consegui tirar a
Mari da minha cabeça.
Capítulo 32
Mari: Ei, vocês não sabem bater antes de entrar? -- ficou vermelha.
Bruna: Tudo bem, não tenho nada pra esconder de vocês mesmo.
Entrei sem falar nada. Peguei uma roupa da minha mala e fui para o banheiro.
A Alice fez o mesmo e foi atrás de mim. Alternadamente, tomamos banho.
Passamos creme no corpo e colocamos um shortinho e uma regata. Saí do
banheiro com os cabelos ainda desarrumados. Percebi que a Mari e a Bruna
estavam cada uma deitada em sua cama, meio sem graça. Notei os olhos da
Mari me seguindo por onde eu ia. Em seguida, Alice saiu do banheiro.
Laura: Ahn?
Alice: Eu gosto dos seus cabelos bagunçados. Não penteia com a escova.
Escutei uma bufada vinda da cama da Mari e a vi se virando pro outro lado. Fiz
o que a Alice pediu. Penteei com os dedos, passando somente um silicone
para amaciá-lo. A Mari se levantou, mexeu nas suas coisas e foi ao banheiro.
Bateu a porta com força.
A minha vontade foi de entrar naquele banheiro e pedir pra Mariana valorizar
só um pouquinho a garota que estava tentando conquistá-la. Mas, infelizmente,
em briga de marida e mulher, ninguém mete a colher.
Olhei para Bruna e ela nos observava com uma cara do tipo “como o amor é
lindo!”. A Alice já beijava a minha nuca quando a porta do banheiro se abriu... e
fechou. A Mari também viu uma cena que não lhe agradara.
Laura: Não faz isso aqui! -- eu tava arrepiada -- Tem gente olhando.
Alice: Bruna? Quem vê pensa até que não era ela que estava de safadeza até
meia hora atrás! -- olhou pra Bruna rindo.
Alice: Viu?
Alice: Não, não. Vamos conhecer a cidade, talvez um barzinho. A minha mulher
é pinguça! -- ela ria. Eu dei um pedala nela -- Ô delicadeza! -- ria mais ainda.
Alice: Vamos pro quarto? Tô com uma vontade louca de te beijar! -- bem
animadinha.
Seguimos para o quarto. Dessa vez a Alice bateu na porta e como não
obtivemos resposta, ela abriu. Estava escuro, mas as grandes janelas abertas
deixavam entrar a luz da lua. Eu tentava não fazer barulho e nem olhar as
camas do outro lado. Alice segurou a gargalhada com a mão na boca e me
cutucou. Eu, curiosa ao extremo, olhei pra cama ao lado da minha. A Bruna
abraçava a Mariana por trás, que parecia estar completamente nua, enrolada
no lençol!
Alice: Ela finalmente deu pra Bruna! -- ria baixinho no meu ouvido.
Laura: O que é isso Alice? Olha o palavreado! -- ela ria mais ainda.
Quando, de repente, eu ouço a Alice rindo bem alto. Saí do banheiro correndo.
Com certeza a Bruna acordou e se assustou com a Alice no quarto. Ela tentava
acordar a Mari, mas não conseguia.
Bruna: Gente me ajuda! Acho que vamos ter que colocá-la embaixo do
chuveiro. A Mari bebeu demais! -- tava explicado o porquê daquela cena. A
Mariana nunca foi mulher de se prestar àquilo.
Capítulo 33
Laura: Para de rir, Alice! E você, Bruna, vai buscar um café bem forte, sem
açúcar! Deixa que eu cuido da Mariana -- ela era minha amiga, não podia
deixá-la naquela situação. Sempre cuidou de mim.
Alice ficou muda, meio envergonhada, e a Bruna saiu correndo pra cozinha. Eu
me aproximei da cama, me abaixei e tirei os cabelos ruivos do rosto da Mari.
Ela era tão linda! Fiz um carinho com os dedos em seu rosto para ver se ela
acordava, mas nada.
Sem querer deixá-la nua, peguei-a nos meus braços com o lençol enrolado
sobre ela. Não sei de onde havia tirado tanta força, afinal, tínhamos a mesma
altura. Levei-a até o box do banheiro, sentei e liguei o chuveiro. A água foi
caindo sobre os seus cabelos. Eu os jogava pra trás. Estava abaixada ao seu
lado, olhando suas sardinhas lindas e a boca bem desenhada, quando ela
finalmente acordou. Olhou-me e foi esboçando um sorriso tímido entre os
lábios.
Laura: Ei, bebum! Não faz mais isso comigo, não -- disse baixinho, bem
pertinho dela.
Mari: Eu não acredito que tô pelada nesse lençol! Como assim, Laura? -- me
olhando como se fizesse força para se lembrar de alguma coisa.
Laura: Isso eu não sei! Mas acho que você teve uma badalada noite de amor
com a sua menina -- sorri pra ela, passando os dedos na sua bochecha.
Laura: Eu sei muito menos que você! Só sei que você estava nua nesse lençol,
desmaiada na cama e eu tentei te reanimar.
Ela sorriu pra mim quando entendeu que eu a estava ajudando a se recompor,
sem pudor. Parecíamos as amigas de antigamente. Sem receios e sem
segundas intenções. Ela ainda estava tonta. Pedi pra Alice trazer o pijama dela,
que devia estar jogado em algum lugar do chão. Ajudei-a se vestir e a sentei na
cama. A Bruna voltou com o café.
A Mari olhou pra Bruna com a cara fechada, pegou a xícara e bebeu o café. Eu
ainda estava ali, ao lado dela na cama, bem pertinho, sempre soube que eu lhe
transmitia segurança. Quando terminou de beber, se deitou.
Mari: Bruna, vai pra sua cama, preciso de ar! -- quando viu a Bruna se
aproximando dela.
Alice assistia a tudo quieta. Eu cheguei bem pertinho dela, ainda molhada e
disse baixinho no seu ouvido:
Laura: Ei, não trate ela assim! Do mesmo jeito que você gosta de mim, ela
gosta de você.
Voltei para o banheiro, me sequei e coloquei meu pijama. Alice fez o mesmo e
nos deitamos. Ela até tentou se deitar comigo, mas eu não queria intimidade na
frente dos outros. Depois de um tempinho sentindo o ventinho que entrava pela
janela, caí no sono.
Deitei-me novamente e fiquei ali, observando ela dormir. Tão lindinha! Lembrei
quando éramos criança e eu ia dormir na casa dela. Sempre me acordava
fazendo cócegas e rindo. Na época ela não tinha um dos dentes superiores da
frente e eu tirava muito sarro por isso. Ela achava graça quando eu dizia que ia
pedir pra minha mãe fazer canjica pra ela colocar no lugar do dente. “Que
besteira!”
Peguei-me rindo sozinha. Foi aí que percebi que ela também estava me
olhando. Quando ela acordava, os olhinhos ficavam ainda menores e eu
achava uma gracinha. Sorri e ela de bruços, abraçando o travesseiro, sorriu pra
mim também.
Laura: Isso a Bruna pode responder melhor, porque a única coisa que eu fiz foi
te dar banho e te colocar pra dormir.
Laura: Não sei, a Alice também não estava aqui quando acordei.
Laura: Eu imagino!
Ficamos nos olhando, tentando decifrar o que cada uma estava pensando. A
Mari respirou fundo e fechou os olhos.
Mari: Vou! Ver se passa a dor. Na verdade, acho que nem acordei ainda. Tô
em meio a um sonho -- respondeu sem nem ao menos abrir os olhos.
Pulei na cama dela e fiz cócegas. Ela ria incessantemente. Passei as mãos nos
seus cabelos, tirando-os do rosto. Ela me olhou e disse:
Laura: Para boba! -- dando uns pedalas na cabeça dela, que ria.
Num movimento rápido ela me puxou para um abraço. Um fogo subiu desde o
meu pé até a minha espinha. Fechei os olhos e curti o momento. Eu amava
tanto a Mari, mas como amiga!
Capítulo 34
Ficamos ali mais um tempo e ela me soltou, sem tentar nada mais íntimo. Eu
me senti bem com aquele ato! Olhei pra ela e disse:
Saí correndo e fiz o que tinha que fazer no banheiro. Quando voltei, a Alice
estava sentada na cama dela.
Alice: A Bruna e eu fomos fazer uma caminhada. Agora ela passou na cozinha
beber um suco.
Laura: Hum!
Mari: Podem ir, vou ficar por aqui, to morrendo de dor de cabeça. Quero
descansar pra hoje à noite!
Ela nem respondeu. Virou-se, insinuando que voltaria a dormir. Eu separei uma
roupa, fui ao banheiro e me troquei. Desci com a Alice pra tomar café. Na
verdade já era hora do almoço, mas mesmo assim preferi algo mais leve.
Depois fomos dar uma volta pela fazenda, que era enorme. Mostrei várias
coisas pra Alice, contei histórias que as meninas e eu já vivemos ali.
Depois de algum tempo andando, a gente parou num lugar deserto, atrás dos
estábulos dos cavalos. A Alice, mais do que rápido me puxou pela cintura e
cortou o que eu tava falando, calando a minha boca com um beijo quente,
fervente.
Alice: Eu tava com vontade disso fazia tempo já! -- ela falava perto da minha
boca.
Puxei-a pela nuca e a beijei novamente. Era só eu sentir a Alice nos meus
braços, falando daquele jeito, que eu me entregava totalmente. Não tinha
dúvidas do quanto eu amava aquela garota. Eu me arrepiava toda somente
com um único toque dela. E definitivamente não podia querer mais nada. Sua
boca, sua pele, seu cheiro me fascinavam. Eu me perdia nos seus beijos.
Ficamos um tempo namorando naquele lugar. Mas, por mim, a gente ficava ali
o dia todo. Só não fomos além dos beijos por medo, pois ânimo não faltou! A
Alice quis mergulhar num lago ali perto, pra refrescar um pouco. Passamos
praticamente a tarde toda sozinhas.
Alice: NÃO! Falta pouquinho, linda. Não vi o seu também, mas senti que tá
cheirosa!
Quando saí do banheiro me deparei com a Mari sentada na cama dela. Olhou-
me e se levantou rapidamente. Eu fiquei pasma de como ela estava linda. Um
shortinho curto branco com duas listras na lateral azul, uma blusinha também
branca com um decote v um tanto quanto exagerado, um lenço azul alargado
no pescoço, bota branca e por cima dos cabelos lisos ruivos, um chapéu de
marujo branco. A franja caía sobre o olho esquerdo.
A gente ficou se olhando e ela sorriu. Sentei na minha cama, de frente pra ela.
A Bruna não estava no quarto.
Laura: Adorei sua fantasia. Combinou com você! -- eu sentia o cheiro do seu
perfume.
Fiquei meio sem jeito, mas não conseguia parar de olhá-la. Cheguei a pensar
se uma marinheira não seria minha fantasia sexual. A gente não encontrava
um assunto pra sair daquela situação. Foram segundos passados lentamente.
Até que a Bruna entrou no quarto.
Alice: Eu, sendo uma autoridade, vou ter que dar um jeito nessa pirata! -- veio
em minha direção segurando o cassetete. Puxou-me pela cintura e ficou bem
próxima de mim. Eu tirei seus óculos e vi aqueles olhos cor de mel, lindos, me
olhando.
Laura: E você tá muito gostosa, pelo amor de Deus, Alice! -- enroscando meus
dedos em seus cabelos.
Bruna: OPA! Desculpa aí, meninas. Não sabia que vocês ainda estavam aqui!
“Viemos?!”
Capítulo 35
No térreo da fazenda, havia uma ampla sala onde eram realizadas as festas.
Era enorme, com janelas imensas que iam até o teto. O lugar estava todo
decorado, confetes e serpentinas eram distribuídos e as luzes eram bem
coloridas. Logo encontramos a Dani, que estava fantasiada de mulher
maravilha e suas primas. A Bruna e a Mari se juntaram a nós. Parecíamos
crianças brincando e pulando. Estava lotado de gente. A novidade daquele ano
era um DJ, que tocaria depois das marchinhas e das músicas tradicionais no
carnaval.
O clima estava super alto astral. A Alice às vezes me provocava, sabendo que
ali eu não podia fazer nada!
Laura: Eu preciso tirar essa roupa de você depois, quero você só de quepe! --
disse no seu ouvido, enquanto ela dançava na minha frente.
Alice: Isso só depende de você, meu amor, por mim eu já estava na sua cama!
-- lambeu meu ouvido sem ninguém ver.
Aquilo me deixou completamente louca. Queria deixá-la nua ali mesmo. Mas
não iria permitir que ninguém desfrutasse de uma visão exclusivamente minha.
Afinal, muita gente morre sem nem ao menos ver uma mulher como a Alice!
A noite foi passando e a festa estava muito animada. Todo mundo dançando e
se divertindo, inclusive a Mari e a sua Bruninha. Fiquei feliz por ela. Porém,
logo as perdi de vista.
Laura: Vou pegar uma água e tomar um ar fresco lá fora, tudo bem?
Fui até o barzinho e pedi uma água. Segui até a área externa da festa, abri a
garrafinha e bebi. Fiquei ali observando o pessoal. Cada figura. Umas garotas
puxaram assunto comigo, sabendo que eu era amiga da Dani. Ficamos um
tempo conversando, até que avistei uma menina sentada num banco, bem
distante da festa, quase imperceptível. Notei o chapéu de marinheiro e percebi
que era a Mari. Pedi licença às garotas e fui em direção a ela.
Mari: Oi, Laurinha! -- olhando pra trás, a fim de ver se tinha mais alguém.
Mari: Eu não gosto dela, Laurinha! Eu fico por ficar, pra ter uma pessoa.
Entendeu?
Mari: Porque eu fiquei com dó que ela ia ficar sozinha no carnaval, os pais
foram fazer um cruzeiro. E eu gosto dela como pessoa, ela é muito legal.
Laura: Acho que você teria que ser um pouco mais aberta aos sentimentos
dela. Tentar aceitá-la um pouco mais!
Mari: Eu não consigo! Não dá! Não vem de dentro, entende? E pra falar a
verdade, essas horas ela deve estar nos amassos com a Rafaela.
Mari: É!
Laura: Como assim?
Mari: Abri o jogo pra ela, disse que gostava de outra pessoa e que não ia dar
em nada as nossas ficadas. Liberei a Bruna! Então ela começou a paquerar a
Rafa e eu apoiei. Mas somos amigas ainda.
Capítulo 36
A Mariana estava sobre mim. Eu podia sentir sua respiração ofegante. Nossos
olhares se encontraram. Notei seu corpo ficando quente. Os cabelos ruivos
caíam sobre o meu rosto.
“AH!” Minhas mãos subiam pelas suas costas. Uma chegou em seus cabelos
enquanto a outra voltou para a sua cintura. Ela levou uma das mãos até minha
coxa e a massageava sem vergonha. Novamente eu estava rendida àquela
mulher. Seus beijos subiram até a minha orelha. Fechei os olhos e me arrepiei
toda. Ela vinha bem devagar com os lábios na minha bochecha.
Laura: Não faz isso, pelo amor de Deus! -- eu disse baixinho.
Percebi que ela sorriu. Continuou fazendo esse caminho, entre o meu pescoço
e a minha bochecha. Eu apertei com força a sua cintura e puxei os seus
cabelos.
Laura: Ah!
Ela passava a língua por todo o meu pescoço, se esfregando inteira em mim.
Eu realmente estava ficando LOUCA. Com as duas mãos peguei na bunda
dela que gemeu baixo. Eu jogava a cabeça para trás, suplicando para que ela
me tomasse toda. Dessa vez eu segurava a cabeça dela, guiando-a sobre o
meu colo, próxima dos meus seios.
Sem querer assustá-la, puxei-a para cima e segurei seu rosto. Ela me olhava
fixamente com os olhos queimando de desejo. Mesmo eu estando com um
tesão absoluto, não podia alimentar aquele amor da Mari, que para mim não
passaria de sexo. Aproximou a sua boca da minha.
Mari: Mais? Fala o que eu tenho que fazer pra ter você que eu faço!
Laura: Não dá, Mari! Vamos tentar seguir como estávamos -- tirando-a de cima
de mim.
Ela se levantou e eu percebi que não ficou nem um pouco brava. Pelo
contrário, parecia sorrir. Eu corri pegar o meu chapéu e ajeitei a minha roupa.
Ela se aproximou e me deu a mão de novo, sorrindo. Não recuei,
demonstrando um ato de amizade e sorri também. Seguimos retornando à
casa, em silêncio. Entramos na sala e eu logo avistei Alice, dançando feito
louca. Vi de longe a Bruna, que me fuzilava com o olhar, não sei o porquê.
Olhei pra Mari e ela ainda parecia feliz. Com o som muito alto, cheguei perto do
ouvido dela e perguntei:
Mari: Tô!
Mari: Porque eu sei que você ainda vai ser minha, Laurinha! -- disse com
segurança.
Laura: Quero você agora! -- disse no ouvido dela, que tremeu toda.
Alice: Vem comigo então!
Alice: Entra!
Apertei sua bunda e ela me beijou com força sugando a minha língua. Jogou
meu chapéu no banco da frente, mas deixou a bandana. Arrancou com força
meu suspensório e só não rasgou minha blusa porque o tecido era bem
resistente, me deixando somente com o lingerie branca que eu havia escolhido.
Entre os beijos que me deixavam insana, eu mesma tirei meu short. De
repente, ela cessou os amassos e colocou as minhas mãos sobre o banco.
Alice: A autoridade aqui sou eu! Fica como você está! -- ordenou com
grosseria.
Estava amando aquilo. Alice tirou os óculos do rosto e abaixou a aba do quepe,
escondendo os seus olhos. Em seguida, molhou os lábios com a própria língua!
Eu, já morrendo de vontade de me deliciar naquele corpo, levei as mãos à sua
cintura.
Novamente obedeci e coloquei as mãos sobre o banco. Ainda sobre mim, ela
começou a rebolar bem devagarzinho, no ritmo da música que tocava. Num
movimento sensual passou os dedos na aba do quepe e o entortou um
pouquinho, me deixando ver somente um dos seus olhos. Começou lentamente
a puxar a blusa azul-marinho que estava por dentro do corpete. Desabotoando-
a tirou por completo. Ela dançava de joelhos sobre mim, rebolava e se roçava
contra o meu sexo. Levou as mãos para trás e abaixou o zíper da saia, tirando-
a totalmente e a jogando sobre o meu rosto. Eu pirei, endoidei.
Alice: SAFADA!
Pegou uma das minhas mãos e colocou novamente no banco, a outra levou até
a boca e lambeu dedo por dedo. “AFF!”
Com o corpete solto na parte de cima, levou os seus seios até a minha boca,
me deixando lambê-los, enquanto dançava e se esfregava no meu corpo.
Gemia gostoso no meu ouvido, mas não me deixava fazer nada que ela não
ordenasse. Depois de deixar eu me perder seus seios, afastou-se e
desabotoou a parte de baixo do corpete. Colocou o cap no banco, para poder
tirar o acessório complicado. Quando se livrou dele, colocou o cap novamente,
escondendo quase todo o seu rosto.
FINALMENTE colou o seu corpo no meu. Ainda recusando o meu toque, foi
tirando o meu sutiã lentamente, lambendo os meus seios. Enquanto os
degustava, suas mãos, agilmente, tiraram a minha calcinha. Ela se afastou e,
me vendo totalmente nua, dançava e se roçava loucamente sobre mim. Jogava
a cabeça de um lado para o outro, batendo os cabelos no meu rosto.
Colou a sua boca na minha num beijo quente, fogoso, necessitado e puxava o
meu cabelo. Eu podia ver o sorriso safado no seu rosto, adorando me torturar.
Depois de muito me beijar, me lamber e de quase me fazer gozar, parou tudo e
se restabeleceu. Eu não entendi. Ela ficou ali, em cima de mim por alguns
segundo, me observando. Até que, de repente, ela levou seus lábios até o meu
ouvido e disse sem nenhum pudor, nem vergonha:
Fiquei louca, chupava e mordia com força o seu pescoço e seu colo. Meus
dedos voltaram até o seu sexo. Uma de suas mãos alcançou o meu, enquanto
a outra me apertava e me arranhava. Mesmo embaixo de mim, ela insistia em
rebolar. Não demorou muito até gozarmos.
Ela me empurrou e trocou de posição comigo. Levou a sua língua até meu
sexo e lambia com força. Suas mãos percorriam os meus seios. Eu empurrava
sua cabeça. Até que, num movimento rápido da sua língua, alcancei o prazer
novamente, na sua boca. Sorrindo, ela novamente colocou o cap e, me
fazendo ficar ainda deitada, sentou-se sobre mim, colocando nossos sexos em
extremo contato.
Alice: Essa é exclusividade sua, meu bem! -- disse gemendo no meu ouvido.
Laura: Acho que a minha próxima fantasia vai ser de chofer, aí a gente fica
aqui o tempo que a madame quiser!
Alice: Hum, acho que seria bom! Mas a sua fantasia ideal seria de astronauta.
Você sempre me faz alcançar as estrelas!
Laura: Alice, faz o que você quiser de mim! Hoje eu deixo você mandar e
desmandar!
Alice: Sério?
Deu-me um beijo gostoso e foi para a cama dela. Olhei para o lado, notei que a
Mari nos observava disfarçadamente. Cobri o meu rosto com o quepe e dormi
gostoso.
Capítulo 37
No sábado, decidi fazer uma surpresinha pra Alice. Por mais que nós sempre
ficássemos sozinhas no terceiro andar, queria dar uma animadinha com algo
diferente.
Sem economias, reservei um quarto totalmente luxuoso num dos motéis mais
requintados de São Paulo. Preparei um figurino especial e pedi para que a
Alice pedisse novamente o carro pro seu Henrique (sem contar pra que
usaríamos). Ele, sem muito questionar, autorizou, pedindo somente que
escolhêssemos um de seus blindados, já que sairíamos à noite.
Preparei-me toda pra ela. Durante o dia fui ao salão e me cuidei geral. Logo
depois tomei um banho e fiz o meu ritual de hidratantes e perfumes corporais.
Prendi o meu cabelo num rabo alto e deixei alguns fios soltos. Fiz um make
marcante. Havia comprado um vestido especialmente para aquele dia, preto,
justo, que acabava no meio da coxa, com a gola em babados, num tecido que
parecia cintilar. A meia-calça escura escondia a surpresa por baixo do vestido.
Um sapato alto no pé, também preto, e perfume, muito perfume.
Arrumei a bolsa e subi ao terceiro andar. Entrei sem bater. A Alice estava
terminando de colocar os sapatos, sentada na cama. Quando me viu, percebi
que ela ficou sem reação. Sim, eu fiz questão de estar um pouco mais sensual
e feminina do que de costume.
Completamente elegante, Alice estava num vestido frente única bordô todo
trabalhado, que terminava no meio das coxas. Olhou-me dos pés à cabeça,
como se eu fosse o prato principal do jantar. Já maquiada e pronta, parecia ter
saído de alguma revista, com certeza aquele vestido era de algum estilista
famoso. Perfeito para ser tirado devagarzinho. Com os cabelos soltos, jogados
para o lado ela se aproximou do meu pescoço e disse:
Laura: Sim, quero te levar pra jantar! -- toda arrepiada -- Tenho certeza que
não vai se arrepender!
Alice: Ah é? Pois saiba que não me arrependo de nada quando estou com
você!
Ela sorriu com o canto da boca prevendo que alguma coisa iria acontecer.
Seguimos até a garagem e pegamos um dos carros blindados, como o seu
Henrique havia ordenado. Não era o mesmo que fomos pra fazenda. Este era
um sedan, preto, com o interior todo em couro cinza. O vidro com insulfilm não
permitia que alguém de fora nos visse, o que animou a Alice a me provocar
com beijos e mordidas o caminho todo.
Levei-a jantar no Terraço Itália. Desde criança ela não subia mais naquele
edifício maravilhoso, onde se via toda a cidade. São Paulo linda, toda
iluminada, era o cenário perfeito para o nosso jantar. Eu queria que ela se
sentisse bem, como nos lugares que ela sempre foi acostumada a frequentar.
Eu teria que me acostumar àquilo, ao mundo dela. A Alice estava radiante, ela
amava todo aquele requinte que a cercava.
Eu sempre soube regras de etiqueta. O seu Henrique me fazia ter aulas desde
pequena, como a Alice. Eu sabia me comportar em qualquer ocasião. Depois
de jantarmos, saímos na parte externa a apreciar um pouco mais a vista
maravilhosa que nos cercava. Uma sensação de liberdade tomou-nos.
Laura: Ninguém pode nos proibir de fazer o que queremos. Vai da gente se
ofender ou não com os olhares tortos lançados sobre nós!
Dizendo isso a abracei por trás e apoiei o meu queixo sobre o seu ombro.
Laura: Esqueça todos que devem estar nos olhando nesse momento e olhe pra
frente, pro mundo que a gente ainda vai conquistar!
Laura: Agora a gente vai sair daqui, com a cabeça erguida, sem olhar pra
ninguém. Somos superiores a todos esses preconceitos mesquinhos. Somos
mulheres lindas e charmosas, qualquer um faria de tudo pra estar conosco
agora! -- eu a encorajava.
Ela sorriu pra mim, pegou na minha mão e saímos, sem nem ao menos dar
atenção às pessoas que estavam ao nosso redor. Entramos no carro e ela me
beijou, com carinho e amor puro que brotavam em seus lábios. Era um beijo
lento, como se degustasse o vinho mais caro do mundo. Eu sentia sua boca de
leve na minha e seu cheiro tomando o meu corpo.
Ela estava ansiosa. Até que chegamos ao motel. Ela se mostrou bem animada,
dizendo que nunca havia frequentado um. Estacionei na garagem privativa e
entramos no quarto. Ela ficou encantada. Era um loft, estilo europeu, todo
branco e com detalhes em vidro. No térreo havia piscina, sauna, uma mesa,
uma cama com tv de LCD e frigobar.
No piso superior, uma hidro bem grande, um sofá enorme, um mini palco para
pole-dance e uma cama que pareciam três juntas. A luz era baixa, deixando o
ambiente num tom mais sensual. Alice observava detalhadamente o local. Em
cima da mesa havia um balde de gelo com uma garrafa de champanhe,
legítimo francês, como ela gostava. Sentei-me numa poltrona e cruzei as
pernas.
Laura: E aí?
Alice: ADOREI!
Caminhou até o balcão e colocou champanhe em duas taças. Levou uma delas
pra mim e ficou em pé na minha frente, bebendo o seu. Eu sabia que ela já
estava louca pela forma que me fitava.
Foi até o rádio e ambientou o lugar com uma música. Quando ela ligava o som
eu sabia que estava mais que empolgada. Deu uma volta pelo quarto,
enquanto eu a observava ainda na poltrona, tomando meu champanhe.
Foi subindo lentamente a escada com a taça na mão, sem se preocupar com o
seu vestido ficando cada vez mais curto pelos movimentos das pernas. Eu
estava achando aquilo tudo muito envolvente. Eu sabia que a Alice pensava
em cada atitude para me provocar. Seu esporte preferido era me deixar louca e
brincar com a minha libido.
Laura: Louca!
Alice: O que é isso, SENHOR? -- jogando a cabeça para trás, parecendo não
acreditar.
Laura: ACERTOU!
Apertei sua bunda e colei o seu corpo no meu, o que a fez soltar um gemido
baixinho. Beijando a sua boca a conduzi até o palco com o mastro de pole-
dance.
Ela amou a ideia. Sentei-me numa poltrona enorme que ficava em frente ao
palco. Ela começou a dançar, me seduzindo, se insinuando toda naquele
mastro. “QUE MULHER É ESSA?”
Então eu mesma decidi. Levei suas mãos até acima da sua cabeça e sem que
ela percebesse amarrei-as com as tiras de couro, no mastro. Empolgada com o
beijo, não percebeu. Quando minhas mãos foram descendo sobre o seu corpo
ela tentou acompanhar e só então notou as mãos atadas. Sorriu pra mim, me
autorizando a tomar conta do seu corpo.
Com as mãos tirei a sua calcinha e ela já tentava se soltar. Lambi as suas
coxas e subi para a virilha. Não aguentando mais a demora, invadi o seu sexo,
enquanto ela rebolava sobre a minha boca. A Alice estava louca para me tocar,
enquanto eu a chupava com vontade. Não demorou muito para ela delirar
sobre mim.
Subi e a soltei. Com rapidez e violência, me empurrou até a cama. Subiu sobre
mim, como uma leoa faminta, e se perdeu no meu pescoço. Com uma vontade
absoluta em me tomar, arrebentou com as mãos os acessórios da minha
perna. Me virou de costas tirando o que restava em mim, com rapidez e
desespero. Começou a passar uma mão sobre o meu seio, enquanto a outra
invadia o meu sexo. Lambia a minha espinha e minha nuca, me fazendo
arrepiar inteira. Se esfregava em mim e puxava o meu cabelo. Rapidamente eu
gozei! Vendo o meu corpo ser tomado por uma onda de calor e tremor, me
jogou na cama novamente.
Mordeu minha orelha e deixou a minha mão assediar o seu corpo maravilhoso.
Sentei e ela entrelaçou as suas pernas na minha cintura, proporcionando um
encaixe perfeito. Perdi-me novamente em seus seios, enquanto a puxava num
movimento frenético pela bunda. Ela gemia alto e dizia sacanagens. Arranhava
as minhas costas e chupava o meu pescoço com força. Logo gozamos juntas.
Beijávamo-nos com força, com tesão e com a certeza de que a noite estava só
começando. Eu necessitava daquela pele, daquele corpo, daquela mulher. E
cada segundo dentro daquele quarto, naquela noite, valeu a pena. O nosso
envolvimento, a nossa paixão, o nosso amor era mais do que óbvio aos olhos
do mundo. A Alice era minha e eu dela. Simples assim!
A noite foi longa e aproveitamos cada segundo e cada canto daquele quarto!
Quando o sol já tinha nascido, tomamos um banho gelado e pedimos um café
da manhã. Antes de irmos embora, nos amamos mais uma vez, com tanta
vontade que parecia a primeira... ou a ÚLTIMA!
Capítulo 38
Mas foi naquela segunda-feira que tudo começou a sair do meu controle.
Cheguei em casa no mesmo horário de sempre. Deixei minhas coisas no meu
quarto e fui ver minha mãe. Encontrei-a na sala de jantar, com as duas mãos
apoiadas sobre a mesa e a cabeça baixa.
Laura: Tudo bem. Mas quem não está bem aqui é você! O que aconteceu?
Mãe: Nada filha! Meu dia só foi um pouco cansativo. Sua tia está um pouco
ruim e eu estou preocupada.
Laura: Não se preocupa, mãe. Ela vai ficar boa, é forte! -- levantei sua cabeça
lhe dando um beijo e a abraçando.
Foi quando escutei uma gritaria vindo da biblioteca e num susto a porta bateu
com força. Era a voz da Alice! Olhei pra minha mãe e saí correndo até a sala
principal. Vi Alice subindo as escadas correndo.
Corri atrás o mais rápido que eu podia e quando estava quase chegando ao
terceiro andar ela bateu a porta do estúdio com a mesma força anterior.
Cheguei exausta e bati para que abrisse.
Alice: Agora não, Laura! -- respondeu ríspida, com uma voz abafada.
Alice: Não!
Desci as escadas, pensativa. Eu nunca tinha visto a Alice tendo uma reação
como aquela. Pensei que algo podia ter acontecido com os ensaios, a
apresentação ou o Alê! Ela estava se dedicando muito àquilo ultimamente e
seria o fim do mundo pra ela se algo não desse certo.
Tomei meu banho, com uma certa ansiedade e coloquei uma roupa mais à
vontade. Passei na cozinha, comi uma maçã e subi novamente à cobertura.
Bati na porta e ela não abriu. Bati novamente, sem respostas. Comecei a ficar
preocupada. Bati e a chamei:
Laura: Alice!
Laura: Alice, o que aconteceu? Por que você tá assim? Você sabe que pode
confiar em mim! -- me sentei em frente à porta.
Alice: Laura, não quero ser estúpida, nem grosseira. Então, por favor, a gente
se fala depois!
Laura: Por que isso? Por que você nem ao menos abre a porta pra eu poder te
ver, te dar um abraço? Te confortar, como sempre fiz?
Alice: Não sei! Você fez? -- na hora me veio à cabeça o beijo na Mariana.
Laura: Por que você tá tentando me confundir? Não tô achando graça nisso!
Alice: A única coisa que tô te pedindo é pra me dar um tempo para respirar, me
deixar quieta hoje!
Eu não tava entendendo o que a gritaria na biblioteca tinha a ver com o beijo
da Mari, que foi a única coisa errada que eu havia feito, e mesmo assim, só nós
duas e a Paulinha sabíamos. “Será que alguém deu com a língua nos dentes?”
Laura: Você sabe que eu me preocupo com você, Alice! Abre a porta e me
deixa pelo menos te dar boa noite.
Laura: Se é assim que você quer, assim vai ser! Boa noite, Alice.
Eu não saí dali como ela imaginava, fiquei sentada no mesmo lugar. Depois de
uns 10 minutos ouvi coisas batendo e a Alice berrando, chorando feito um
bebê! Entrei em pânico. Peguei meu celular no bolso do moletom e disquei o
número dela. Ouvi o celular tocando dentro do estúdio e sem saber que eu
ainda estava ali ela gritou:
Desci correndo pro meu quarto. Milhões de coisas passavam pela minha
cabeça. Até hoje de manhã estava tudo otimamente bem. Será que ela estava
gritando com alguém no telefone?
Fui até a biblioteca ver se encontrava algum vestígio do que tinha acontecido
ali um tempo atrás. Entrei naquela sala cercada de livros, iluminada somente
pelo abajur sobre a escrivaninha. Caminhei pelo lugar tentando observar tudo.
A biblioteca era um dos lugares mais fabulosos do apartamento, toda revestida
em madeira trabalhada e entalhada, com prateleiras que iam até o teto. O piso
era todo atapetado de vermelho escuro e a escrivaninha gigantesca ao fundo
com uma poltrona colonial, era o lugar preferido no seu Henrique quando
estava em casa.
Capítulo 39
Notei outro papel, embaixo deste primeiro, escrito com letras tremidas “Air
France – 4003-9955”. Fiquei tonta só de pensar que a Alice pudesse estar
planejando ir embora novamente. Abaixei a cabeça sobre a mesa e tentei
pensar nas possibilidades do que estaria acontecendo.
Laura: Ei, Alice, eu tô aqui! Deixa eu entrar, vamos conversar, por favor! --
disse baixo, calmamente.
Laura: Acho que foi um dia ruim pra você, mas eu estou aqui.
Paula: Calma, Laurinha! Pode ser que ela tenha brigado com a mãe! Se fosse
doença ou alguma coisa séria você já estaria sabendo através de terceiros. Às
vezes a gente quer se isolar um pouco do mundo mesmo. Ela não tem motivos
de estar brava com você, mas tem o direito de querer ficar um pouco sozinha!
Paula: Vai por mim, amiga. Sem encanações! Todo namoro é assim.
Conversei com ela sobre mais alguns assuntos sem importância pra tentar me
distrair um pouco. Não quis jantar. Fui até a cozinha e encontrei a Lúcia por lá.
Laura: Faz ela comer, por favor! Leva o chocolate quente e os biscoitos dela e
mais alguma fruta, tá bom?
Laura: Você sabe o por que de ela estar assim hoje? Aconteceu algo aqui esta
tarde?
Fui pro meu quarto, liguei a tv e não conseguia dormir de jeito nenhum. Mandei
uma mensagem no celular dela: “Eu te amo muito! Não se esquece! Boa noite,
meu amor”. Já era madrugada quando eu consegui pegar no sono.
No dia seguinte, notei que não havia vestígio algum da Alice, nem no meu
celular, nem um bilhete como eu havia feito e o andar de cima permanecia todo
trancado. Tomei meu café da manhã e resolvi não ligar pra ela logo cedo,
imaginei que ela também deve ter ido dormir tarde.
Nada!
Laura: Eu não vou sair daqui até que você abra a porta!
Sentei-me no chão e fiquei encostada na parede. Liguei pro celular dela que
tocava incessantemente dentro do quarto. Ela não atendia de jeito nenhum.
Mandei mais uma mensagem: “Não faz isso comigo!”. Em vão.
As horas foram se passando. Deitei com a cabeça sobre a minha bolsa e fiquei
ali. Eu não conseguia ouvir nada, nada mesmo! Depois de muito, mas muito
tempo, sem nem ao menos comer ou tomar banho, acabei dormindo. Acordei
com o meu celular tocando. Eu ainda estava em frente à porta da Alice.
Laura: Alô?
Dani: Você não vai vir pra aula? Temos que finalizar aquele trabalho!
Laura: Aula?
Levantei rapidamente, mas caí no chão de novo. Meu corpo estava todo
doendo, cada músculo.
Capítulo 40
Desci, tomei um banho rápido e fui correndo pra faculdade. Consegui chegar
antes do intervalo, mas a Dani não me perdoou.
Laura: Desculpa, Dani! Eu não passei bem à noite e meu celular acabou não
despertando!
Dani: Parece que você passou a noite no Talibã! Deus o livre, sua aparência
está péssima!
Eu só pude rir do que ela tinha dito. Ri de mim também, do nariz de palhaço
que a Alice estava me botando! No horário do meu almoço, tentei novamente
falar com ela, mas não me atendia. Liguei pra Paulinha e pedi pra ela tentar,
ver se ela atendia. Nada feito, ela não estava atendendo ninguém. Decidi então
ligar em casa e falar com a minha mãe.
Naquele dia, não consegui contato com ela novamente. Nem por celular, nem
por mensagens, nem pela porta. Ela simplesmente estava me ignorando e eu
ao menos sabia o porquê de tudo aquilo. Até no final de semana estava tudo
bem. Nosso namoro estava evoluindo cada dia mais e de repente surge um
buraco enorme nos separando e eu nem sabia o motivo. A Alice se fechou em
sua fortaleza e negou o meu acesso, como se estivesse me descartando. Não
sabia mais o que imaginar.
A semana foi passando e eu não tive mais notícias da garota pela qual eu era
totalmente apaixonada. A gente vivia na mesma casa, mas desde aquela
segunda-feira eu não consegui mais olhar pra ela. Uma bailarina trancada em
sua caixinha de música. Minha mãe também não tinha notícias. Sempre que eu
chegava do serviço, Alê já tinha ido embora e a cobertura já havia sido tomada
por um silêncio perturbador.
Era sexta-feira e eu estava disposta a falar com a Alice naquele dia. Mesmo
que tivesse que derrubar a porta daquele estúdio. Mas tive uma ideia melhor.
Depois da faculdade, conversei com Luiza e disse que não poderia ir ao serviço
naquele dia por problemas particulares. Ela não negou, já imaginando o que
era.
Fui pra casa e entrei na surdina, sem que ninguém me visse. Subi ao terceiro
andar e pude ouvir os ruídos vindo do estúdio. Não conseguia ouvir a música,
pois o lugar era dotado de uma acústica especial. Me sentei no chão e fiquei
ali, esperando o momento certo.
Laura: Eu é que pergunto, Alice! O que você está fazendo comigo? Fazem
cinco dias que você não fala e se eu não invadisse o seu estúdio você iria
continuar sem falar. Até quando?
Laura: Agora você vai conversar SIM! Eu tenho o direito de saber o porquê de
você estar me ignorando, Alice! O que eu te fiz?
Alice: Você não me fez nada, pelo contrário! Você me fez a pessoa mais feliz
desse mundo e eu não poderei retribuir!
Laura: Do que você está falando? Já que eu estou aqui seja sincera! -- olhava
fixamente para ela.
BANG BANG, MY BABY SHOT ME DOWN! Aquilo caiu como uma pedra na
minha cabeça! “E TODAS AS PROMESSAS QUE FIZEMOS UMA PRA
OUTRA? FOI MENTIRA?”
Alice: Minha mãe conseguiu uma bolsa pra mim numa escola de dança
conceituada.
Laura: O QUÊ? Você disse que não voltaria mais, que queria ficar aqui e de
repente, de uma hora pra outra decide ir? Eu não entendo! -- tremia.
Laura: E por que me fazer sofrer mais ainda? Já não basta o fato de você ir
embora, teve também que me ignorar?
Alice: Laura, eu estou desnorteada com a notícia, não sei o que fazer! Pelo
amor de Deus, me entenda. Quanto mais cedo a gente se distanciar e acabar
com tudo, menos sofrimento depois!
Laura: Vamos aproveitar o tempo que nos resta! Eu estou trabalhando agora,
posso ir te visitar nas férias, não há necessidade disso tudo!
Abracei-a com força. Ela se aninhou nos meus braços. Beijei o seu pescoço e
quando fui beijar a sua boca ela se afastou.
Alice: Laura, minha vida nunca foi normal. Eu vivi de cidade em cidade com a
minha mãe. A única certeza que eu levo comigo é a dança. Não posso deixar
você mudar a sua por mim. Não posso estragar a sua vida!
Laura: Estragar? Eu faço de tudo por você, vou pra onde você quiser! Eu só
quero ficar com você, como fazíamos até uns dias atrás.
Alice: O que a gente viveu eu nunca vou esquecer! E eu jamais vou encontrar
uma pessoa no mundo que eu ame tanto como eu te amo! -- as lágrimas
começaram a cair dos seus olhos.
Laura: Eu não entendo! Até o final de semana éramos o casal mais feliz do
mundo, eu tive a melhor noite da minha vida com você no sábado. Eu carrego
o seu coração comigo pra onde quer que eu vá e eu amo você do fundo do
meu coração, da minha alma! Por que tudo isso agora?
Laura: Alice, o que tá acontecendo? É impossível você jogar todo o nosso amor
pro alto e fugir assim de mim!
Alice: Laurinha, as nossas vidas têm destinos diferentes. Eu nem tenho uma
casa fixa. Eu amo tanto você que quero que você fique com uma pessoa que te
faça feliz!
Alice: E eu também sou a pessoa mais feliz do mundo com você, mas isso vai
acabar, Laurinha! Eu tô abrindo o meu coração. Eu vou te amar pra sempre.
Mas quero que você siga sua vida que eu vou tentar seguir a minha!
Eu chorava em litros e não acreditava no que estava acontecendo. Ela estava
despedaçando o sentimento maravilhoso que existia entre a gente, acabando
com todas as minhas expectativas de vida e esmagando o meu coração!
Alice: Eu já sei que ela te ama, Laurinha, ela é completamente louca por você!
Laura: Espera aí! Tudo isso é por causa da Mariana? Eu vou acabar com
aquela garota! -- eu andava de um lado para o outro com o ódio estampado
nos olhos -- Eu vou acabar agora com a raça dela! -- ia saindo do quarto
quando ela me segurou pelo braço.
Alice: Ela não é o motivo disso tudo! Só disse isso porque sei que ela gosta de
você e que é uma boa pessoa. Vocês se dão bem e ela saberia cuidar de você.
Quero, mais que tudo, que você seja feliz, Laura! -- chorava loucamente.
Laura: A Bruna?
Alice: É, na fazenda. Naquele dia que a gente pegou as duas nuas na cama.
Ela me contou depois, enquanto caminhávamos, que a Mariana chamava o seu
nome a noite inteira. Estava bêbada e ficou com ela, chamando por você.
Laura: Alice, isso é loucura! Eu amo você, eu quero você, não a Mari! É um
absurdo tudo isso. Toda essa situação. Você não está me dando motivos
concretos para terminarmos. Eu vou pra Europa com você! A gente se assume
e eu vou!
Alice: Como se fosse muito simples, Laura! Entenda de uma vez por todas: eu
não posso mais!
Laura: Você tá com outra pessoa e eu vou descobrir quem é, só pode ser isso!
Laura: Você deve ter se arrependido de ter deixado alguém na Europa. Por
isso a pressa de ir embora!
Alice: Eu não deixei ninguém na Europa, você sabe disso! A maneira como eu
me entreguei a você foi mais que corpo e alma, foi mais que amor, foi coisa
além desse mundo!
Laura: É exatamente por isso que não estou te entendendo!
Alice: Laura, por favor, não vamos ficar discutindo! Vamos encerrar essa
conversa aqui, eu preciso ficar sozinha.
Laura: Eu não entendo o porquê da sua frieza, minha cabeça está a mil!
Eu chorava sem nenhuma vergonha. Olhava nos seus olhos cor de mel, que
estavam vermelhos, e não conseguia enxergar o que realmente estava
acontecendo. Eu sabia que ela ainda me amava, como sempre amou! Segurei
o seu rosto com as duas mãos e disse:
Laura: Eu sempre fui sua! Desde criança, eu sempre soube que te amava.
Quando você chegou eu fiquei nervosa, ansiosa, desesperada! Quando eu te
vi, meu coração acelerou e a paixão que sempre esteve dormindo, despertou.
Eu quase morri escondendo esse sentimento. Mas criei coragem e te encarei.
E você me levou às alturas quando soube que era recíproco, me proporcionou
os melhores dias da minha vida e as melhores noites, com certeza! Me ensinou
que amor e amizade andam juntos e pela primeira vez, num relacionamento, eu
disse que amo alguém, com a maior certeza do mundo, com a mais pura
sinceridade! Eu sonhei, me entreguei... amei e fui amada! -- ela me olhava com
as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e soluçando -- Você chegou, mudou a
minha vida completamente, me fez a pessoa mais feliz do mundo e me ganhou
pra vida toda! Agora, de repente, está me tirando tudo isso. Tentando arrancar
do meu peito tudo o que eu sinto e querendo que eu a esqueça, a deixe ir,
como se fosse algo simples. Eu não entendo como a sua paixão por mim está
aceitando tudo isso. Vou acatar, por enquanto, o que você está me pedindo
porque eu jamais pensei em faltar o respeito com você. Mas uma coisa eu te
falo, Alice: pode demorar o resto da minha vida, mas e vou ter você
novamente! Eu vou até o inferno se for preciso, mas você vai ser minha de
novo!
Num ato mais que impulsivo, voltei pro estúdio. Abri a porta com violência e a
Alice ainda estava parada no mesmo lugar que eu a havia deixado. Com
passos firmes fui até ela e sem a deixar reagir, puxei-a pela nuca e dei-lhe um
beijo apaixonado, quente e ofegante. Ela se agarrou no meu pescoço. Minha
boca queria a dela com pressa, meu corpo suplicava o contato do seu. Durante
o beijo cheirava a sua pele, fazendo com que aquele cheiro, que sempre me
deixava louca, entrasse dentro de mim. Foi intenso, longo e esboçava todo o
amor que sentíamos uma pela outra, que era mais que evidente! Quando já
estávamos sem ar, ela se afastou, dando alguns passos para trás.
Eu não podia estar ouvindo aquilo. Ela sabia, mais do que qualquer pessoa,
que a minha felicidade estava com ela.
Capítulo 41
Naquele momento, eu percebi que ela realmente estava decidida. Minhas mãos
pareciam estar atadas e não adiantava o que eu falasse ou fizesse, ela parecia
não mudar de opinião. Por isso pensei também que algo mais pudesse estar
acontecendo. “A Alice acha que não sou capaz de ir com ela, de fazê-la feliz
mais do que a dança!”.
Esse sentimento de incapacidade fez meu mundo cair sobre a minha cabeça!
Sem nenhuma reação plausível, me virei e saí definitivamente do estúdio e
talvez, da vida da pessoa que eu amava.
Fiquei vagando pelo segundo andar sem reação, sem nem saber o que pensar.
Aquilo parecia ser um pesadelo. Eu nunca imaginaria que a Alice faria uma
coisa dessas comigo. Foi quando meu celular começou a tocar. Olhei e notei
que era a Paulinha, a única pessoa no mundo que me entendia!
Paula: Laura! Que foi? Aconteceu alguma coisa? Liguei pra saber se você
conseguiu se resolver com a Alice.
Desci para o meu quarto e entrei no chuveiro gelado, de roupa e tudo! Não
conseguia pensar em nada. Não conseguia raciocinar sobre o que a Alice tinha
me dito. “Voltar pra Paris??? Procurar a minha felicidade??? Como pode uma
pessoa mudar de ideia tão rápido???”
Fiquei um tempo sentada no chão, deixando a água cair! Finalmente tirei a
roupa e tomei um banho. Quando voltei pro quarto, a Paulinha estava sentada
na minha cama. Minha mãe sempre permitia a entrada dela, da Mari ou da
Dani.
Laura: Ai, de boa, Paulinha, eu não quero sair. Quero morrer nessa cama hoje!
Paula: Deus o livre, Laura! Vira essa boca pra lá! -- batendo três vezes na
madeira.
Paula: Pô, Laurinha, não fica assim... Não quero te ver sofrendo!
Paula: Eu sei o quanto é difícil perder a pessoa que a gente ama! Mas dá um
tempo pra ela se acalmar também. E se você achar que vale a pena, lute pelo
seu amor! O que não é pra ser, não é, Laurinha! Lembra?
Paula: Se a gente pudesse prever o futuro, que graça teria nossas vidas? E
outra coisa, quem disse que terminou?
Laura: Acho que depois do concurso, porque ela não parou de ensaiar, então
quer dizer que ainda vai competir.
Paula: Você tem um tempo até lá! Nunca se arrependa pelo que fez, o
importante é tentar! Seja firme, amiga.
Seria melhor passar a noite com a Paulinha. Eu já estava tão sozinha esta
última semana! Ela ligou pra Luiza, só avisando.
Laura: Não quero comer, Paulinha. Fico com você lá na cozinha só fazendo
companhia.
Paula: Não não, você vai comer sim! Vou pedir um big mac pra você que eu sei
que ama!
Eu sorri e me deitei na cama, vendo ela passar a mão no telefone e ligar pro
delivery. Fez o pedido exatamente como eu gosto: sem cebolas. A Paulinha me
conhecia muito bem! Depois de desligar o telefone, deitou na cama, de frente
pra mim e disse:
Laura: Tá!
Ela ficou tentando procurar um assunto me vendo tão chateada daquele jeito.
Ligou a TV e ficamos vendo a novela, comentando sobre as atrizes que
achávamos bonitas, coisas de amigas babacas. A Paulinha me distraía por um
tempo, mas logo eu me lembrava de tudo e voltava ao choro silencioso.
O lanche chegou e ela arrumou tudo certinho para comermos. Eu não queria,
mas a Paulinha insistindo era muito chata e acabei cedendo. Quando
acabamos de comer, escovamos os dentes e deitamos na cama novamente,
tentando encontrar um filme legal nos canais da tv.
Ela saiu do quarto e foi ao terceiro andar. Fiquei ansiosa esperando. Aqueles
10 minutos que se passaram pareciam uma eternidade. Foi o tempo que ela
demorou pra voltar.
Paula: Sim! Estava bem abatida, mas o Alê estava lá e me disse, quando eu
estava saindo, que ia cuidar dela.
Paula: Sim, perguntou. Eu disse que você tava bem mal, mas que eu iria
passar a noite com você.
Laura: E ela?
Paula: É dela?
Laura: Pior que eu gosto dessa garota! Mas como amiga, claro.
Contei tudo sobre o nosso envolvimento. Sobre minha vontade. Mas que tudo
não passava de tesão, porque a Mariana é uma garota muito bonita e
interessante.
Paula: Você quase comeu a garota, mas não beijou! -- ela ria incessantemente.
Capítulo 42
Laura: Credo, que palavreado, dona Paula!
Paula: Mas é, ué! Eu não sei se seria tão forte quanto você!
Laura: Você foi no dia que eu estava quase DANDO pra você!
Paula: Se liga, Laurinha! Aquilo foi pra você cair na real. Se fosse pra eu te
comer seria bem diferente! -- ela ria porque eu fazia cara feia quando ela dizia
“comer”.
Laura: Você não faria nada, porque nunca vou DAR pra você, sua convencida!
Laura: Sai fora! Você se acha, garota, me larga, você está me assediando -- ria
mais ainda, ela estava me distraindo.
Laura: Aliás, você já conseguiu levar a Luiza pra cama ou tá difícil? Por que
você é meio lentinha, que eu sei!
Paula: Para o seu governo, não só levei pra cama, como pra mesa, pro chão e
pra onde você olhar do meu apartamento! -- eu abri a boca como se tivesse
espantada.
Laura: Eu é que não vou mais no seu apartamento, deve tá cheirando xana! --
ria da cara dela.
Paula: Coitada de você, garanto que mais 2 dias dormindo nessa cama você
me agarraria!
Laura: Você poderia dormir um mês nessa cama, pelada, que eu não ia nem
ligar...
Paula: HA HA HA!
Laura: Você se acha a rainha da bala chita, Paula! -- disse rindo da cara dela.
Paula: Ah, Laurinha, fala a verdade! Não era eu que quase DEI pra mim, uns
tempos atrás...
Laura: HA HA HA!
Paula: Aquele dia foi você quem me deixou na vontade! Tô te contando porque
somos amigas e tô super segura com a Luiza.
Laura: Agora fala assim: posso te confessar uma terceira coisa? Sou caidinha
por você, Laurinha! -- fazendo voz de baitolinha, rindo da cara dela.
Paula: TONTA! -- me deu um tapa -- Você sabe que gosto da Luiza. Você é
minha melhor amiga!
Laura: Já que você está segura com a Luiza e eu sou apaixonada pela Alice,
posso matar a sua curiosidade tranquilamente.
Dizendo isso me aproximei dela e toquei bem de leve os seus lábios. Fiz que
não ia adiante e sorri com o canto da boca. Ela então me puxou pela nuca e
me deu um beijo pra valer. Não senti nada demais, afinal, a Paulinha era minha
amiga. Mas confesso que aquele beijo foi demais! Superou minhas
expectativas. Ela beijava bem gostoso! No fim, nos olhamos e rimos sem parar.
Laura: Desencana, Paulinha! A gente sabe que não tem nada a ver, é frescura
mesmo. Matou a curiosidade?
Paula: Claro, você beija mal pra burro! -- eu ria e batia nela -- Brincadeira,
Laurinha! Olha, eu quero, do fundo do meu coração que você lute pela Alice!
Eu tava me sentindo protegida por aquele mulherão, mas como se ela fosse
uma irmã pra mim, me consolando e me apoiando. O meu verdadeiro amor
estava no terceiro andar, fazendo sei lá o que, ignorando o meu amor!
Acordei no sábado e a Paulinha ainda estava na minha cama. Uma baita dor
latejava na minha cabeça. Levantei, fui ao banheiro e dei um jeito no rosto.
Voltei ao quarto e me troquei. Com o barulho que fiz sem querer ao mexer no
guarda-roupa, a Paulinha acordou.
Paula: Laura, dá um tempo pra ela, não vá se machucar mais ainda. É muito
recente, espera ela pensar um pouco, refletir. Espera até semana que vem, vai
por mim!
Laura: Eu não posso perder tempo, Paulinha. Logo ela vai embora!
Paula: Ela não vai embora assim, sem falar com você, sem vocês se
resolverem! Tenho certeza! Mas foi tudo muito rápido pra ela!
Laura: Paulinha, até agora eu não consigo colocar na minha cabeça toda essa
explicação que ela me deu, sabe?
Paula: Calma! Eu sei que é meio sem fundamento esse negócio de ela não
aceitar você ir junto e tal. Mas acho que ela não quer que você se desfaça da
sua vida por ela, porque se você for pensar um pouco, ela tem razão. É meio
sem cabimento você largar tudo pra ir atrás dela!
Paula: Laura, acho que você tem que pensar um pouco em você também!
Concordo que há muita coisa sem explicação nesse assunto, que com o tempo
você vai descobrindo, mas e você? Sua faculdade, seu trabalho, sua mãe? Não
merecem um pouco mais de esforço seu também?
Laura: Mas minha vida não tem sentido sem ela, Paulinha!
Paula: Claro que tem, Laura! Até tempos atrás você nem tinha a Alice pra viver!
Eu não tô dizendo pra desistir do amor dela, não é isso! Só tô dizendo pra você
se valorizar um pouco também nesse relacionamento, entendeu? Nada de
desistir da vida por alguém e sim progredir por esse alguém!
Capítulo 43
Mari: Hum! -- ela percebeu que havia acontecido alguma coisa -- O que vocês
vão fazer agora?
Laura: Beleza!
Laura: Acho que não recebi não! -- era a única coisa que eu podia falar.
Laura: Agora você já sabe que pode! Bom, mas a gente já vai e depois você
me liga.
Paula: Você ficou o tempo todo segurando a mão da Mari enquanto conversava
com ela!
Laura: Acho que é porque eu sempre fui acostumada a ser assim com ela.
Paula: Tenho certeza que, ainda hoje, ela te liga! Já disse que essa garota é
brasileira -- e riu.
Laura: Será?
Paula: Depois de tudo que você me contou, agora eu noto o quanto a Mari é
apaixonada por você!
Laura: Eu gosto dela, mas já disse que como amiga! Eu confesso que passei a
sentir uma atração muito forte por ela depois que ela me contou o que sentia
por mim, acho que porque ela é fofa, bonita, charmosa, mas é só coisa de pele,
entende?
Laura: Larga de ser insensível, Paulinha! Foram muito fortes as coisas que eu
ouvi ontem.
Paula: Ah, você vai sim! E depois vai dormir lá em casa. Não vou te deixar
sozinha. Você não me deixou quando eu precisei de você! Vamos passar na
sua casa e você pega uma mochila com suas coisas.
Eu não podia deixar ela me esquecer. Uma lágrima caiu dos meus olhos e a
Paulinha foi logo me dando a mão.
À tarde, fomos ao cinema e eu até que me diverti com as duas. Quando o filme
acabou demos uma olhada nas vitrines e fomos embora. A noite já estava
começando e até o momento eu não tinha mais nenhum sinal de vida da Alice,
NADA! Nem uma mensagem de agradecimento pela caixa de bombons.
Estava perdida nos pensamentos que me levavam a ela, quando meu celular
tocou na bolsa.
Laura: Alô?
Mari: Oi Laurinha!
Mari: E aí? O que vão fazer hoje? Vão pra algum lugar?
Laura: Ah, hoje não Mari, a gente pode combinar outro dia? -- a Paula veio pra
sala e parou bem na minha frente pra ouvir a conversa.
Paula: Mariana? É a Paula, tudo bom? (...) Você vai fazer alguma coisa hoje?
(...) Então vem pra cá, a gente inventa alguma besteira pra fazer! (...) Ah, legal!
Vem daqui a pouco então. Beijos.
Paula: Me agradeça depois por arranjar uma companhia legal pra você! -- eu
sorri pra ela e dei um abraço -- Lu, hoje você vai conhecer a amiguinha da
Laurinha! -- disse piscando pra ela.
Capítulo 44
Eu não estava a fim de beber nada, só queria ficar ouvindo a conversa delas.
Às vezes o meu pensamento me levava pra junto da Alice. “O que será que ela
está fazendo agora? Será que recebeu a caixa de bombons? Nem uma
mensagem de agradecimento! Não parece a Alice extremamente educada que
eu conhecia”.
Paula: O que vocês acham de umas esfirras abertas? Aqui perto tem umas
deliciosas! -- todo mundo topou. Eu particularmente sempre amei esfirras
abertas.
A Paulinha pediu pra Luiza ir com ela até a cozinha pra elas fazerem o pedido.
Fiquei na sala com a Mari vendo TV. Eu estava bem desanimada.
Laura: Claro que gostei, Mari, não fala assim! -- olhei pra ela e tirei a franja que
estava no seu olho -- Você sabe que adoro sua companhia! -- os olhos
pequenos sorriram infantilmente pra mim.
Mari: Com a Alice? Não a vi com vocês hoje e ela não está por aqui também.
Laura: Sim! Mas não quero estragar a noite, tá? Depois a gente conversa com
calma.
Ela pegou na minha mão e ficou me olhando, com a cabeça encostada no sofá.
Mari: Ei, vem cá! -- colocou minha cabeça nos ombros dela -- Eu não sei o que
aconteceu, mas não fica triste. Eu já disse que você fica tão linda sorrindo! --
ela conseguiu tirar um riso tímido de mim.
A Mari não saía do meu lado, ela sempre me transmitiu segurança, sempre
esteve comigo. A Paulinha tinha tantas histórias que, com certeza, daria pra
escrever um livro. Fomos até altas horas no embalo dos seus casos. Às vezes
eu olhava pra Mari e lembrava a menina doce que ela sempre foi e perguntava
a mim mesma: “A Mari sempre foi uma garota de muita atitude e personalidade,
por que não me contou antes? Eu podia ter me apaixonado e não estaria
sofrendo agora!”
Ela sempre foi a garota mais cobiçada entre Dani e eu. Aqueles cabelos ruivos
lisos que às vezes caíam nos olhos, o sorriso branco e alinhado, com a boca
rosada, as sardinhas tão bonitinhas e os olhos pretos pequenos que matavam
qualquer um, sem contar o corpo, nem gostosona e nem magrela, na medida.
“Se não existisse a Alice, eu podia perfeitamente ter me apaixonado por ela!”
Paula: Laurinha, eu vou ali com a Luiza dar uma ajeitada na cozinha.
Elas foram pra cozinha e Mari e eu fomos pra sacada, dar uma olhada na
Paulista.
Mari: O cara da sacada do outro prédio tá olhando pra gente! -- rindo, ainda
abraçada comigo.
Mari: Não, mas acho que ele tá esperando o que vai acontecer. Homem é um
bicho besta mesmo!
Laura: O que vai acontecer é que eu não vou te soltar tão cedo!
Mari: Então vem cá! -- me encostou contra a parede da sacada -- Aqui é melhor
pra gente dormir abraçadas -- eu ri -- Mas se você quiser dormir abraçada
comigo na cama eu não ligo também! -- fazendo cara de safada.
Laura: Cumpri-las eu posso, só não sei se devo! Você sente uma coisa e eu
outra
Capítulo 45
O meu momento de transe foi por água abaixo quando abri os olhos e vi a
Paulinha na sala fazendo sinal de positivo com as duas mãos. Eu me segurava
pra não rir, ainda abraçada com a Mari. Não aguentei quando ela começou a
fazer bico e, através de umas mímicas muito cômicas, pedindo pra eu beijar.
Ela percebeu que eu ia rir e saiu correndo. “Praga!”
Consegui me conter e abaixei o rosto, cheirando os ombros dela.
Mari: Por que a gente não mostra logo o que ele quer ver?
Sorriu parecendo aliviada. Eu fiquei olhando, hipnotizada nos seus olhos. Eles
definitivamente ficavam lindos quando ela sorria.
Laura: Em como eu gosto dos seus olhos, você sabe disso -- ri de volta.
Laura: Convencida!
Cruzei os braços, ainda encostada na parede e fiquei olhando pra ela, que
estava nitidamente sem jeito, com as mãos nos bolsos da calça. Era claro que
ela não queria tentar nada naquela noite, ela sabia o quanto eu estava abalada.
Mari: Eu pisei na bola com você. Mas prometo que vamos ser sempre amigas,
tá?
Mari: Eu sei que fui bem chata! Mas é que eu nunca quero sair de perto de
você, não quero te forçar a nada, nem pressionar. Eu me contento em ser sua
amiga e só olhar pra você, te ver feliz!
Mari: Não chora, Laurinha! Eu fico me sentindo impotente, sem saber o que
fazer.
Mari: Vamos descer um pouco? Dar uma volta nesse quarteirão? Te pago um
sorvete do mc. Qual você escolher!
Laura: Fechado!
Vesti uma blusa de frio e botei o tênis. Convidei a Paulinha e ela disse que iam
ficar por lá mesmo. Descemos e fomos andando em direção ao mc.
Mari: Então vamos! -- ela pegou na minha mão e saiu correndo, me levando
junto.
Mari: LOUCA? Só se for por você! -- ela gritava no meio das pessoas que nos
olhavam.
Fomos correndo até chegar no mc. Entramos e eu fui logo procurando uma
cadeira pra sentar.
Mari: Laurinha, você sabe que eu não sou a melhor pessoa pra te dar
conselhos nessa hora. Mas você sabe que pode contar com a minha
companhia como sempre contou. Sou meio tonta, nem um pouco engraçada e
até um pouco chata. Mas fico do seu lado quando você precisar!
E era verdade tudo aquilo que ela tinha dito. Eu sabia que podia contar com ela
pra sempre! O caminho de volta pro apartamento da Paulinha foi tranquilo. Ela
tentou arranjar outros assuntos pra me distrair.
Mari: Agora que eu já gritei pra Paulista inteira ouvir que sou louca por você,
posso segurar sua mão?
Como das outras vezes, não respondi, apenas cedi. O engraçado é que ela
sempre me pedia quando queria fazer alguma coisa. Fomos caminhando
devagarzinho até chegarmos em frente ao prédio.
Mari: Pode deixar! Agora que não corro mais risco de apanhar de você, eu
apareço -- elas riram lembrando do episódio da boate.
Laura: Mariana, para de perguntar essas coisas. Você nunca foi disso!
Laura: Você sabe que pode me ligar quando quiser! -- disse levantando o
queixo dela, que sorriu.
Ela foi e eu voltei pro apartamento. A Paula e a Luiza pareciam tontas sentadas
no sofá me esperando entrar.
Paula: Rolou?
Laura: Claro que não! Eu só sei pensar em Alice, Alice, Alice! A Mari foi uma
ótima companhia. Só isso!
Elas ficaram me zoando e eu fui me arrumar pra deitar. Assim que encostei a
cabeça no travesseiro os pensamentos voltaram: Alice! “Será que acabou tudo
mesmo?” Infelizmente eu estava sentindo que ela não ia me procurar. “Por que
ela quer tanto me tirar da cabeça? Ou será que já me tirou?”
Cheguei em casa e dei um jeito nas minhas coisas. Conversei um pouco com a
minha mãe que estava no quarto dela e dei uma olhada pelo apartamento. Não
notei nenhum vestígio da Alice. Tentei manter a calma conforme a Paulinha me
pediu. Passei na cozinha, peguei um copo de água e voltei pro meu quarto.
Eu não ouvia absolutamente nada. Apoiei minhas duas mãos sobre a porta e
em seguida minha testa, como se quisesse poder passar por aquela barreira
que nos separava.
“Como uma pessoa pode ter tanto poder sobre a gente? Como eu pude me
apaixonar só de olhar pra ela? Tenho certeza que foi o cheiro maravilhoso! O
jeito como aqueles olhos cor de mel me olhavam não era de mentira, não era
falsidade! Eu sei que era real e forte, como o que eu sentia!”
Lembrei dos conselhos que a Paula me deu e me levantei. Olhei mais uma vez
pra porta e desci as escadas enxugando as lágrimas. Já no meu quarto, vi a
caixinha de música e a abri. A bailarininha começou a rodopiar e as
lembranças de como a Alice dançava pra mim vieram à tona. O jeito como ela
se entregava nos meus braços, como ela me deixava levá-la pra onde eu
queria, eu sentia amor naquilo tudo!
Fui pra faculdade morrendo de sono e ainda zonza com toda essa situação. Na
hora do meu almoço mandei outra mensagem: “Vamos conversar?” O tempo
passou e ela não me respondeu novamente. Decidi ligar. E obviamente que ela
não atendeu! Minhas esperanças estavam zeradas. Mas eu não podia desistir!
A semana foi passando e eu, a cada dia, mais desanimada de tudo. Aquela
situação estava me matando. Bem que eu sempre ouvi: “a pior coisa do mundo
é ser ignorado”! Qualquer coisa que eu fizesse seria em vão, ela não falaria
mesmo comigo.
Era quarta-feira, horário do meu almoço, quando meu celular tocou. Mais do
que rápido olhei, pensando ser a Alice. Era a Mari! Eu estava tão desanimada
que não me deu vontade de atender. Mas pensei melhor e lembrei o quanto eu
estava sofrendo por ser ignorada. Atendi!
Laura: Oi Mari!
Mari: Tô te ligando pra te falar que tô com dois ingressos pra aquele stand up
que você tanto queria ver. Quer ir comigo? -- disse meio tímida -- É amanhã à
noite!
Eu sabia que precisava me distrair, sair um pouco. Afinal, faziam quase duas
semanas que a Alice estava me ignorando. Decidi abrir meu coração e deixar
as coisas rolarem.
Laura: Beijo!
Mas o que me causou um calor foi a jaqueta de couro preta, estilo Halley,
daquelas com uma fivela na gola, que contrastava com os cabelos ruivos. A
franja querendo cair em cima do olho direito, que estava muito bem delineado.
Um estilo totalmente diferente da Alice. Nada de menininha delicada. Eu sabia
que a Mari tinha atitude e isso estava mais que evidente na roupa que ela
vestia. Fiquei encantada com o figurino, que junto com o seu jeito, era perfeito!
Fui em sua direção. Ela me abraçou forte e me deu um beijo gostoso no rosto.
Estava cheirosa, quente e ofegante.
Mari: Vamos?!
Entramos no carro e ela ficou um pouco parada, olhando pra frente e rindo pro
nada.
Laura: Ei, adorei sua jaqueta! Tá linda em você -- disse olhando pra ela.
Depois disso mexeu no cabelo e ligou o carro. No caminho ela não conseguia
disfarçar o nervosismo. Eu entendia porque sempre me sentia assim com a
Alice.
Laura: Tá tensa, Mari?!--– olhei pra ela que parecia fugir do meu olhar.
Laura: Tá, então me conta sobre sua faculdade, como está e tal -- tentando
descontrair.
A partir disso ela foi se soltando, contando sobre o dia-a-dia. A Mari estava
cursando Fisioterapia em outra universidade. Ela sempre gostou dessas coisas
de saúde e biologia, mas nunca teve coragem de prestar medicina, sempre
dizia que ia ficar abalada a vida toda se um paciente viesse a falecer por culpa
dela.
Mari: Vamos comer alguma coisa agora? Tô com fome, você não está?
Laura: DEMORÔ!
Ela me olhou nos olhos e eu fui atacada por uma sensação de entrega.
Naqueles poucos segundos, meu corpo foi tomado por uma avalanche de
arrepios. Com os dedos, acarinhou o meu rosto. O semáforo abriu e só
percebemos com o nervosinho do carro de trás buzinando. Votei ao meu
banco, encostando minha cabeça e fechando os olhos. Tentando acalmar os
ânimos. A Mari olhava pra frente, compenetrada.
Mari: Depois que a gente sair daqui, posso te levar num lugar?
Pagamos a conta e fui com ela pra onde eu nem mesma sabia. Chegamos à
Paulista e entramos na garagem de um prédio. A Mari abaixou o vidro do carro
e disse ao porteiro:
Mari: E aí Doug! Deixa eu só levar a minha amiga ver a cobertura? Juro que
não demoro!
Doug: E aí Marizinha! Beleza? Ó, vou deixar, mas tem que ser rapidinho, ok?
Laura: Doug?!
Mari: O Douglas é amigo do meu primo há anos. Ele nos trouxe aqui um dia e
eu curti!
Pegamos um elevador e subimos até o último andar. Ela abriu uma porta de
ferro e eu pude, enfim, ter uma vista magnífica da cidade. De um lado a
Paulista e de outro o resto de São Paulo. Apoiei-me no parapeito e fiquei
olhando o horizonte, deslumbrada.
Laura: Nossa! Demais! Não sabia que daqui a gente enxergava praticamente o
mundo! -- ela riu.
Ficamos lado a lado recebendo aquele vento quase congelante. Dessa vez ela
não pediu permissão, me abraçou, como quem quisesse me aquecer. Eu
deixei, eu queria, eu precisava. Era tão bom senti-la! Virei-me, ficando de frente
pra ela, a encarando com um sorriso nos olhos! Aquele olhar me derretia toda,
me deixava entregue!
Capítulo 47
Mari: Se for só pra me enlouquecer mais uma vez, você pode parando por aqui!
-- se afastou um pouco.
Com as mãos no seu pescoço a puxei com força de volta, fazendo com que
nossos narizes se tocassem. Senti as mãos me apertarem mais ainda.
Mari: Eu sou completamente doida por vo...
Calei a boca dela num beijo que nem eu mesma esperava. Minhas mãos se
enroscavam nos seus cabelos. Eu queria sentir o gosto daquele beijo de novo!
Aquela boca gostosa e macia. Sua língua me invadia com desejo, ódio e
paixão. Eu definitivamente adorava me perder nos cabelos ruivos. Da boca,
passei pro pescoço. Minhas mãos desceram até sua bunda e minha boca foi
até sua orelha.
Ela sorriu e continuou de olhos fechados. Era ótimo poder beijá-la sem culpa e
sem medo. “QUE PEGADA!” Tocava-me de um jeito que eu me entregava
toda. Dessa vez eu pude sentir melhor o seu corpo, seus toques e sua boca.
Seu corpo se arrepiando me deixava louca. Foi um beijo longo, gostoso e
louco. Suas mãos se esfregavam em mim com desespero e sua boca
procurava a minha com vontade. A gente nem sentia mais o frio. Nossos
corpos eram praticamente um só. Eu me enfiei dentro da jaqueta dela e a
abracei carinhosamente.
Mari: Laura, não precisa falar nada! Eu tenho que te dizer uma coisa, que eu
guardo há muito tempo -- sua boca roçava na minha e suas mãos seguravam
meu rosto -- EU AMO VOCÊ!
Beijei-a novamente. Dessa vez calmamente. Ela mordeu meus lábios e sorriu,
voltando a me beijar. Um beijo que não dava vontade de parar. Perdi-me
naquela boca e eu só conseguia pensar: “Ah, Mariana!”
Laura: Por que você não me contou antes? -- perguntei parecendo não
acreditar no tempo que havia perdido em não ficar com ela.
And now,
I miss everything about you
Can’t believe that I still want you
and after all the things we’ve been through
I miss everything about you
Without you
And now,
I miss everything about you
Can’t believe that I still want you
and after all the things we’ve been through
I miss everything about you
Without you
And now,
I miss everything about you
Can’t believe that I still want you
and after all the things we’ve been through
I miss everything about you
Without you”
Fechei os olhos, apoiei meu queixo no seu ombro e fiquei ouvindo. Senti o seu
coração bater acelerado, como se fosse sair pela boca. Comecei a me lembrar
de coisas que vivemos juntas, como quando matávamos aula e íamos ao
metrô. Entrávamos num vagão vazio e quando ele começava andar corríamos
e pulávamos, nos pendurando nas barras de apoio. Ficávamos balançando até
a estação seguinte, quando começava tudo de novo. Só a gente achava graça
nisso, só a gente ria. Lembrei as vezes que dividíamos um pirulito e as outras
meninas achavam o cúmulo da nojentisse. Fazíamos questão de lamber e
passar uma pra outra na frente de todo mundo só pra rir da cara do pessoal.
Foi quando, com um beijo no rosto, ela me acordou da viagem.
Laura: Amei a música! -- ela me viu com os olhos cheios de lágrimas causadas
pelas lembranças de nós mesmas.
Mari: Ei! A gente vai continuar fazendo tudo que a gente sempre fez! -- me
apertando forte nos braços dela.
Beijei sua boca de olhos abertos, pra reparar como aquela garota era linda! Eu
estava ficando viciada naquele beijo, em como encostava o seu rosto no meu,
parecendo querer me ter por inteira. Ela abriu um pouquinho os olhos e se
assustou.
Mari: Acho que temos que descer, senão o Doug vai ficar puto comigo!
Laura: NÃO! Não é isso! Eu queria dizer que apesar de eu amá-la, eu adoro
estar com você, ficar com você!
Ela ficou me olhando, com aqueles olhos maravilhosos, como se me pedisse
para continuar.
Laura: Porque eu não quero que isso que aconteceu termine essa noite!
Ela estava imóvel, não acreditando no que eu dizia. Aproximei-me de seu rosto,
fiz um carinho com os dedos e lentamente beijei a boca que me fascinava. Ela
correspondeu passando a mão sobre os meus cabelos.
Laura: Depois daquele dia na faculdade, do primeiro beijo, eu tinha que ficar
me segurando ao seu lado. Eu sinto uma atração muito forte que admito que
não sei o que é, Mari!
Mari: Não precisa ficar explicando nada! Eu só peço que seja sempre sincera
comigo. Você sabe o que eu sinto por você, que eu quero ficar com você! Eu
sei que não foi pelo que aconteceu que estamos namorando. Mas pelos meus
sentimentos, seja sincera quando não quiser mais me ver, só peço isso! -- dizia
me olhando firme nos olhos.
Mari: Então chega de papo, vamos aproveitar enquanto estamos juntas HOJE!
Capítulo 48
Ela acelerou o carro fazendo uma cara de má. Como ela estava linda com
aquela jaqueta de couro, toda invocada! Liguei o som e sintonizei numa rádio
mais animada. A gente cantava alto, dançávamos e andávamos sem destino
pela cidade. Agarrava-me ao seu pescoço e mordia sua bochecha.
Paramos num semáforo e um cara do carro ao lado abaixou o vidro e foi logo
dizendo pra Mari: “NOSSA! QUE GOSTOSA!”. Ela riu e eu, num ato totalmente
insano, abri o vidro dela e gritei pro cara: “TAMBÉM ACHO!”. Puxei-a pra mim
e lhe beijei a boca, mordendo seus lábios e em seguida fechando o vidro! Ela
riu e arrancou com o carro, a gente só ouviu o babaca gritando:
“UHUUUUUUUUU!”. A gente gargalhava.
Laura: É da Paulinha! -- sorri aliviada. Ela também -- Vou ligar zoando com a
cara dela!
Disquei...
Mari: Não! Não quero falar com a Paula, pelo amor de Deus -- falando baixinho.
Laura: Vai, larga de frescura! Não percebeu que eu te assumi pra minha
amiga? -- fazendo cara de dengo.
Mari: Oi Paulinha, tudo bem? (...) Beleza também! (...) Pois é! (...) Valeu, beijos!
Laura: É mentira, babaca! E deixa pra mim que você sabe que não deixo a
desejar, meu bem! Beijos...
Ela dirigiu até o prédio que morava e subimos para o apartamento. Entramos
de mansinho. Estava um silêncio total, todos deviam estar dormindo, afinal, já
era tarde.
Fazia um bom tempo que eu não ia à casa da Mari. Quando entrei no quarto,
muitas lembranças vieram à tona, nossas tardes estudando, nossas bagunças,
as vezes que assistimos a filmes e mais filmes. Fiquei ali, próxima à porta, em
pé, observando cada detalhe daquele lugar que eu conhecia bem.
Sentei-me ao lado dela, que pegou devagarzinho a minha mão. Ficamos nos
olhando, compenetradas em nossos pensamentos. A Mari sempre foi minha
amiga, desde pequenininhas mesmo, eu sabia todos os seus sonhos, seus
medos, suas vontades. Mas agora ela parecia um grande mistério pra mim. Era
surreal tudo aquilo, eu ficando com uma das minhas melhores amigas.
Mari: Já disse que acho seu cabelo lindo? -- passando os dedos sobre ele, me
tirando do transe.
Laura: E eu acho você inteira linda! -- ela ficou sem graça, com as bochechas
rosadas.
Mari: Ei! Tem uma coisa aqui que eu acho que você vai adorar!
Laura: O quê?
Mari: Já volto!
Depois de uns cinco minutos, voltou com uma taça de sorvete na mão!
Peguei a colher com um pouco de sorvete e melequei a boca dela, que sorriu.
Devagarzinho me aproximei e lambi cada cantinho que estava sujo. Percebi ela
se arrepiar inteira e apertar a minha cintura.
Mari: NOSSA!
Peguei uma cereja e coloquei na sua boca. Assim que a mordeu aproximei
meus lábios do seu e beijei-a calmamente sentindo aquele gosto maravilhoso
na sua língua. Calmamente coloquei a taça no criado mudo e a continuei
beijando. Sua boca me deixava louca. “QUE BEIJO É ESSE??? ALGUÉM
PODE ME RESPONDER???”
Com uma força sem igual me pegou pela bunda e me colocou no seu colo,
ajoelhada, de pernas abertas.
Segurei com força a gola da sua jaqueta, devorando a sua boca. Suas mãos
alcançaram as minhas costas, debaixo da minha blusa. Quando seus dedos
tocaram a minha pele de leve senti aquele forte arrepio subindo a minha
espinha, um efeito típico que ela proporcionava em mim. Desarrumava seus
cabelos tirando-os dos olhos e jogando-os para trás. Seu cheiro, seu toque, a
pegada que me deixava louca e rendida.
Percebi o amasso ficando cada vez mais quente... e gostoso! Eu não queria
parar com aquilo, mas uma sensação de perigo maravilhosa tomava conta da
minha cabeça.
Dizendo isso me jogou na cama e subiu sobre mim, com o tesão estampado
nos olhos. Eu não pude resistir, amoleci inteira nos seus braços que
seguravam com força o meu pulso. Vendo-me totalmente rendida, soltou as
minhas mãos e começou a passear sobre a minha barriga e a minha bunda
enquanto cheirava, lambia e chupava o meu pescoço. Fechei os olhos
permitindo seus toques ousados. Levei a cabeça para trás e puxei seus
cabelos, dando mais espaço para fazer o que ela bem entendesse.
Não conseguindo mais conter a minha vontade e o meu tesão, tirei sua jaqueta,
deixando a mostra os ombros largos e macios. Mordi de leve um deles e
apertei as suas costas, ganhando um gemido gostoso no meu ouvido.
Calmamente fui descendo minhas mãos, até que alcancei seu cinto. Tirei-o
com a maior tranquilidade do mundo.
Ela cessou o amasso, me olhou e sorriu, prevendo o que iria acontecer. Sorri
de volta e, pegando o cinto com as duas mãos, passei-o entre suas costas e a
puxei com força, fazendo com que caísse inteira sobre mim.
Com uma pressa mais do que evidente, tirou a minha jaqueta com violência,
enquanto mordia meus lábios com força, fazendo com que minha calcinha
ficasse extremamente molhada!
Laura: Hum, que delícia! -- disse gemendo, apertando sua bunda por dentro da
calça.
Ela ficou louca. Rapidamente tirou a minha blusa e desabotoou a minha calça.
Fiz o mesmo deixando somente de sutiã. Abaixei de leve a sua calça e pude
ver a pontinha da sua calcinha. “AFF! O QUE É ISSO? UMA LINGERIE
PRETA! SENHOR!!!’’
Não me contive somente com a pontinha, eu queria vê-la por completo naquela
lingerie. Tirei sua calça, ao mesmo tempo que ela tirava a minha. Um
desespero, uma vontade imensa de possuir aquele corpo inteiro. Ainda em
cima de mim ela parou e me olhou dos pés à cabeça. Segurei sua cintura de
leve e fiz o mesmo. “GENTE, QUE LINGERIE É ESSA, POR FAVOR? OU
MELHOR, QUE MULHER É ESSA?”
Dessa vez ela jogou o sorvete sobre o meu colo, próximo dos meus seios.
Deixando-o escorrer um pouco sobre a minha barriga, veio de baixo para cima,
lambendo, sugando, chupando toda a minha pele. Eu não me aguentava de
tanto tesão, meu corpo estava todo arrepiado e meu sexo suplicando pelo seu
toque. Mas naquele momento ela mantinha a calma e degustava o quanto
podia de mim. Chegou com a língua bem próxima dos meus mamilos, por
debaixo do sutiã, me fazendo sofrer MARAVILHOSAMENTE de vontade.
A Mari curvava todo seu corpo para trás, deixando evidente a vontade que
estava de eu possuí-la. Foi quando, finalmente, cheguei à calcinha. Ela não se
aguentava mais. Pulei a peça íntima propositalmente, levando minha boca até
suas coxas. Ela puxava meus cabelos e gemia baixo quando toquei meus
lábios em sua virilha. Apertava sua bunda com vontade e passava minha boca
em seu sexo por cima da calcinha.
Com os dentes, puxei sua calcinha, tirando-a de uma vez. Minha língua invadiu
seu sexo com força, tesão, violência, fazendo com que ela se contorcesse
inteira. Chupava, lambia e alternava com os meus dedos. Quando a penetrei,
senti o seu corpo se enrijecendo ao mesmo tempo que soltou um gemido mais
alto. Logo relaxou e eu continuei com os movimentos. Ela estava totalmente
molhada e seu gosto era inexplicavelmente DELICIOSO!
Sentindo aquele contato perfeito, fechou os olhos, jogou a cabeça para trás e
me puxou ainda mais contra ela. Notando que havia gostado, comecei a
rebolar e ela já gemia novamente. Passava as mãos por todo o meu corpo, o
que me deixava louca. Apertava a minha bunda e também já se movimentava
embaixo de mim. Sem muita demora, gozamos juntas. Sussurrava no seu
ouvido e lambia sua orelha.
Virou-me fazendo com que eu ficasse deitada na cama. Olhando-me nos olhos,
penetrou seus dedos no meu sexo, fazendo com que eu arranhasse toda sua
costa. Eu estava mais do que molhada, encharcada. Lambia meus seios com
vontade, tesão, demoradamente, enquanto de olhos fechados eu delirava com
seus movimentos. “AH! MARIANA! GOSTOSA!”
Descendo devagarzinho, alcançou meu sexo com sua língua, o qual tomava
com vontade. Mordia de levinho, me deixando louca. Não demorou muito e eu
gozei para ela, que não se cansava e continuava se aproveitando de mim. Foi
subindo calmamente, até que alcançou novamente a minha boca, num beijo
quente, desejado, forte e gostoso! “DELIRANTE! QUE TRANSA FOI ESSA???”
Mari: Laura! -- sussurrou, segurando o meu rosto -- VOCÊ DEFINITIAMENTE É
UMA DELÍCIA! -- eu ri.
Laura: Juro que não fazia ideia dessas suas habilidades! -- brinquei com ela.
Mari: Nem eu sabia! Já estava desacreditava que iria perder a virgindade com
você!
Laura: Eu vi você nua com ela, ué! Eu mesma dei banho em você!
Mari: Eu tava completamente bêbada, não conseguia nem me mexer, ela até
tentou, mas eu sou chata, o máximo que ela fez foi tirar minha roupa!
Capítulo 49
A noite voou e a gente aproveitou cada minuto dela. Acabamos não dormindo.
Quando o dia estava clareando, tomamos um banho e ficamos mais um pouco
deitadas na cama da Mari, fazendo carinho uma na outra.
Mari: Agora que o sol vai nascer, não me diz que tudo foi um sonho!
Laura: Claro!
Mari: Eu sei que a noite ainda nem acabou direito, mas você quer fazer alguma
coisa comigo esta noite também?
Mari: Então se você quer dormir, dorme comigo essa noite? -- ela riu.
Laura: Vou precisar consultar minha secretária e depois te ligo, pode ser? -- ela
riu olhando pro teto.
Mari: Larga de ser convencida, garota. Fala logo que você não vê a hora de me
ver de novo!
Mari: Última vez que vou perguntar e vou ser direta: quer ficar comigo essa
noite?
Andréia (mãe da Mari): LAURINHA, que surpresa! Não sabia que você estava
aí com a Mari.
Laura: Bom dia, dona Andréia! Como vai? -- a cumprimentei com um beijo no
rosto -- Bom dia seu Bernardo! -- cumprimentei o pai dela também.
Bernardo: Bom dia, Laurinha! Que gostoso ter você aqui com a gente já cedo! -
- ele sempre foi muito agradável.
Laura: É, Dona Andréia, muita coisa pra fazer! Ontem eu e a Mari saímos um
pouco e como estendemos a conversa ela me convidou pra dormir aqui.
Andréia: Sinta-se em casa, você sabe que pode vir quando quiser!
Laura: Obrigada.
Laura: Só não brinco de pular com você porque tô de salto! -- nós ríamos.
Naquele horário também nem dava pra brincar, era lotado de gente. Chegamos
à faculdade e ela foi comigo até a minha sala.
Mari: Bom, gente, eu preciso ir. Também vou pra aula. Te vejo mais tarde,
Laurinha!
Mari: NÃO! -- riu da cara dela -- Tô brincando! É que a Laura vai me ajudar em
algumas coisas, que depois te conto.
Deu tchau pra Dani e um abraço bem apertado em mim. Vi-a se distanciando
no corredor até que a perdi de vista. Fui pro meu lugar pra assistir a aula. Pra
falar a verdade, eu não prestei atenção em bulhufas, estava sem material
mesmo. Fiquei pensando no quanto aquela noite tinha sido especial e no
quanto eu tinha gostado de ficar com a Mari.
Uma coisa eu sabia: agora o sentimento bom era bem superior ao mal estar
que eu ainda sentia. É claro que eu não iria esquecer a Alice da noite para o
dia, afinal, o tempo que passamos juntas foi arrebatador. E eu tentei voltar pra
ela, juro que tentei, mas ela só me ignorava. A Alice fez com que eu deixasse a
Mariana se aproximar.
“E ela vai voltar pra Europa e, pior, é fora de cogitação ela aceitar que eu vá
junto!” Peguei-me pensando novamente em como ela havia mudado de
comportamento em tão pouco tempo. A Alice havia se tornado uma dúvida pra
mim, enquanto a Mari se transformou numa certeza!
Laura: Não, não! É que fomos dormir tarde mesmo -- mal sabe ela que eu nem
dormi ainda.
Mari: Oi Laurinha!
Mari: Tava pensando, o que você acha de eu alugar alguns filmes e assistirmos
aqui em casa? Eu posso fazer aquela pipoca com queijo que você adora! -- que
fofa!
Mari: JURO!
Meu almoço não rendeu, pois logo que a Mari desligou, o celular tocou
novamente.
Laura: Fala, Paula fofoqueira!
Laura: Tenho certeza que você ligou pra saber de ontem à noite!
Paula: Claro, bem! Sou sua melhor amiga e, além disso, uma pessoa
curiosíssima!
Laura: Ah! Vou tentar resumir! Nós fomos assistir a uma peça de teatro e
depois comer no Chico Hamburguer. Aí ela me levou num lugar sensacional,
era uma cobertura de um prédio da Paulista. Eu não aguentei e a beijei! A partir
daí a gente ficou a noite toda juntas, e eu fui dormir na casa dela!
Laura: Na verdade eu tô sem dormir até agora... enfim, ela perdeu a virgindade!
Laura: Ai Paulinha! Eu acho que tem mais que tesão nessa história!
Laura: Não, isso não! Eu ainda amo a Alice! Mas a Mari tá sendo a companhia
perfeita. Bom, amore, eu tenho que acabar de almoçar senão não chego na
construtora hoje!
Laura: Ela é foda mesmo, você não tem noção! Mas sério, vou ficar na casa
dela hoje, vamos ver filme!
Laura: Beleza! O que você acha de fazermos alguma coisa amanhã? Tipo um
barzinho ou algo do gênero? Eu e a Mari e você e a Luíza?
Paula: Demorô, me liga pra gente combinar! Beijos!
Laura: Beijos!
Trabalhei a tarde toda sem parar, pra ver se o tempo passava rápido. Depois
do expediente fui pra casa e tomei mais uma gelada da minha mãe. Dessa vez
avisei que iria dormir na Mari. Na verdade, eu nem sabia se ia, mas já deixei
avisado. Tomei um banho demorado e coloquei uma roupa mais à vontade.
Uma calça jeans escura, mas larguinha, um moletom listrado de vermelho claro
e escuro e um tênis branco. Passei um perfume que eu sabia que a Mari
gostava e penteei os cabelos com a mão, do jeito que a deixava louquinha.
Arrumei uma mochila com algumas roupas (suficiente para o final de semana
todo, sempre fui exagerada) e minha nécessaire. Dei um beijo na minha mãe e
pedi para qualquer coisa ela me ligar no celular. Peguei um táxi em fui pra casa
da Mari, pois mesmo sendo pertinho, eu tava morrendo de preguiça.
Mari: Que nada, meus pais estão entretidos com os amigos, jogando poker, e
meu irmão saiu com a namorada.
Ela estava tão linda com uma calça de moletom preta e uma camisetinha cinza.
Laura: Trouxe minha mochila, o que quer dizer que tô preparada pra qualquer
coisa hoje! -- eu não tinha vergonha da Mari. Sempre frequentei a casa dela.
Mari: Eu não ia deixar você ir embora mesmo... Ainda bem que você é realista!
-- sorriu.
Pegou minha mão e entramos. Ela me apresentou aos amigos dos pais e eu
cumprimentei todos. Avisou a mãe que íamos ver filme no quarto e fomos pra
lá. Nem sequer entramos e ela já foi me agarrando.
Mari: Que saudade do seu cheiro, do seu cabelo, de você toda! Meu dia foi um
martírio, esperando pra te ver -- ela me pegava forte, gostoso, em seus braços.
Laura: Claro!
Ela me levou pra cama e deitou ao meu lado. A gente nem queria assistir a
filme. Só de estarmos juntas bastava. É difícil explicar o que eu sentia quando
estava com ela. É como diria Lulu: “Eu experimentei uma sensação que até
então não conhecia, de se querer bem, de se querer quem se tem! Ela me faz
tão bem, ela me faz tão bem, que eu também quero fazer isso por ela!”
Capítulo 50
Mari: Não, foi só com ela e se eu pudesse voltar atrás nem tinha ficado.
Mari: A gente não tem nada a ver! A Bruna é legal, mas foi num momento de
desespero que fiquei com ela.
Laura: Desespero?
Mari: Eu não gosto muito de falar sobre essas coisas que já passaram. Mas
aquele dia que a gente passou a tarde na piscina da cobertura e eu voltei pra
pegar o celular, vi vocês quase se beijando. Então à noite eu fui sozinha pra
uma boate LGBT e conheci a Bruna e várias outras meninas. Decidi que eu
precisava fazer alguma coisa pra tentar sair da fossa, então fiquei com ela. Mas
não foi legal, porque não era a pessoa que eu queria.
Laura: Aquele dia da piscina que você esqueceu o celular foi de propósito?
Mari: Foi! Mas eu jurava que não ia ver nada de mais, me ferrei!
Dei um beijo na boca dela e ficamos ali, grudadas por um bom tempo. Eu não
cansava de olhar naqueles olhos maravilhosos. Ela passou o dedo sobre a
minha boca dizendo:
Mari: Você não tem noção do quanto eu tinha vontade de beijar a sua boca!
Eu lambi o seu dedo e a senti arrepiar-se toda. Apertei sua cintura e a beijei
ficando em cima dela, que pegava forte na minha bunda. Suas mãos eram
muito boas e me deixavam louca rapidinho. Eu beijava com vontade, invadindo
e explorando sua boca inteira. A respiração dela começou a ficar mais ofegante
e as bochechas avermelhadas. O jeito como ela me pegava era inexplicável, eu
parecia caber inteira em suas duas mãos. Percebi que o amasso estava
ficando mais quente e ousado.
Laura: Calma, seus pais estão acordados ainda! -- disse tentando me segurar.
Mari: E daí?
Mari: Eu não ligo, podem derrubar a porta que eu não deixo você sair daqui!
Desabotoou a minha calça e apertou minha bunda com as duas mãos. Subindo
a sua blusa, alcancei seus seios, que mesmo com o sutiã, eu podia sentir que
estavam esperando pela minha boca. Tirei sua camiseta e o sutiã, jogando-os
para o lado. Perdi-me beijando aquele colo maravilhoso. Com os dedos
alcançou o meu sexo e o tocou com vontade, não me deixando outra escolha a
não ser gemer baixo. Tirou a minha calça e minha calcinha com pressa. Eu fiz
o mesmo.
Tirou o meu moletom e meu sutiã tocando os meus seios. Ela foi se
levantando, até que se sentou, e eu fiquei de joelhos com ela entre as minhas
pernas. Novamente, com os dedos, invadia o meu sexo e a boca encontrou o
meu seio. Ela sabia como me pegar de jeito. Eu tentava gemer baixinho, no
ouvido dela. Arranhava suas costas e me enroscava nos seus cabelos.
Ela tremeu toda. Meu corpo era todo dela, que fazia questão de se aproveitar
de cada partezinha. Invadindo-me com os dedos safados, gozei, suspirando no
seu ouvido, o que a deixou louca. Empurrei-a para que deitasse novamente,
ela riu com malícia e me puxou junto. Com rapidez, agora eram meus dedos
que procuravam seu sexo. Ela me beijava violentamente e puxava os meus
cabelos.
Dizendo isso, fui descendo sem pressa por todo seu corpo. Seus seios
imploravam a minha boca e eu os tomava por inteiro. Ela guiava a minha
cabeça e se contorcia toda. Minhas mãos trocavam seu sexo pela sua coxa,
quando eu sentia que o gozo estava se aproximando, fazendo com que o tesão
fosse prolongado. Degustei a sua barriga com calma e fui descendo
lentamente. Mordia de leve as suas pernas.
Laura: Vem!
Minha boca estava com sede do seu sexo e o encontrou com vontade, desejo,
tesão. Ela gemia gostoso e rebolava pra mim. Não demorou muito para gozar,
já que eu estava a torturando há um bom tempo. Puxou-me pra cima e passou
a mão por todo meu corpo.
Mari: Eu sempre te quis na parede! -- disse no meu ouvido ainda ofegante.
Laura: VAI!
Mari: Eu não fiz sozinha, amor! -- irônica -- Aliás, acho que você também não
estava nem um pouco preocupada!
Laura: Eu disse que ia perder a cabeça! -- sorri bem perto da boca dela.
Mari: Tô pouco ligando se alguém ouviu. O que importa é que você é muito
gostosa, principalmente nua pra mim!
Eu adorava esse jeito de “TÔ ME FUDENDO PRO MUNDO!” que a Mari tinha.
Ela era singular, do jeito que ela queria. Os incomodados que se retirassem.
Sabia se impor e ser autêntica. Isso me encantava. Ela levantou minha cabeça
com violência e mordeu meu queixo.
Eu a empurrei e nos levantamos nos beijando. Olhei rápido pra porta e conferi
que ainda estava trancada. “POR QUE EU NÃO CONSIGO DIZER NÃO PRA
ESSA GAROTA?”
A água fazia com que as suas mãos se deslizassem com mais facilidade. Eu
puxava sua cintura contra mim e sentia sua perna pressionar contra o meu
sexo, e a minha no dela. Com os dedos mais maliciosos que já senti, me fez
gozar loucamente. Depois de gemer mordendo a sua orelha, virei-a de costas
pra mim e comecei a chupar sua nuca, o que a arrepiou toda. Com uma mão
abusava dos seus seios, enquanto a outra já lhe penetrava. Ela se esfregava
contra mim e rebolava contra o meu sexo. Gozou rápido, sem espera e sem
frescura. Virou-se e me puxou pela nuca me dando um beijo louco embaixo da
água que caía.
Laura: Ah é? -- invadi novamente seu sexo com os dedos -- Não deixo mesmo!
-- ela gemeu.
Laura: O interessante vai ser se a sua mãe perceber que estamos de cabelo
molhado!
Laura: Como não? Ela é mãe, Mari! Não ia gostar nem um pouco se soubesse
o que estamos fazendo.
Mari: Claro!
Mari: Eu sou uma pessoa normal, assim como você. Não tem nada de anormal
aqui, Laura. Larga de ser preconceituosa contra você mesma!
Mari: Não é de hoje que ela sabe! Ela sabe desde o início!
Mari: Laura, a gente ACHA que esconde as coisas dos nossos pais, mas é o
contrário! Quando a gente tinha 15 anos e eu comecei a pirar o cabeção
porque percebi que estava gostando de você, minha mãe percebeu. Achei
melhor ser franca, afinal, seria a única pessoa em quem confiar!
Mari: no começo não, mas ficou do meu lado! Ela me levou pra igrejas tentando
espantar um demônio que não existia, a um psiquiatra achando que eu estava
louca. Até que começou a frequentar, comigo, consultas num psicólogo que é
perito no assunto -- eu ouvia atentamente -- Depois de algum tempo ele
clareou a cabeça dela, explicou que não era doença, que eu era normal e
trabalhou para que ela me aceitasse. Eu disse que não sabia se queria ficar
com meninas, que a minha única certeza era você. De uns tempos pra cá,
vendo que nada iria mudar, ela aceitou de vez e passou a me dar conselhos,
ser minha melhor amiga.
Mari: Foi difícil, mas graças a Deus, hoje está tudo bem!
Mari: Ela dizia que achava que você também sentia algo por mim, que não era
pra eu desanimar! Quando eu contei que você estava namorando a Alice ela
me disse pra eu ver pelo lado bom: que você também gostava de meninas, o
que facilitaria minha situação. E quando eu fiquei com a Bruna ela tacou o pau,
dizendo que a Bruna não prestava, pra eu ter calma, que eu ia conseguir ficar
com você um dia.
Laura: Fico feliz por você! Não posso dizer o mesmo da minha mãe, acho que
ela me mandaria pra fora de casa...
Mari: Será?
Laura: Acho que sim. Agora me diz uma coisa, o que ela disse de ontem?
Mari: Nossa, ela ficou radiante! Disse que sabia que eu iria conseguir e disse
que você seria a nora ideal! -- eu fiquei sem graça e ela ria.
Laura: Eu não vou nem ter coragem de olhar pra cara da sua mãe agora!
Mari: VAMOS!
Eu me escondia no seu pescoço quando a cena era muito forte e ela, toda
corajosa, ria da minha cara! Depois que o filme acabou, escovamos os dentes
e nos deitamos. Eu queria dormir na mesma cama que ela. A Mari se levantou
e foi avisar à mãe que iríamos dormir. O povo estava animado no pôquer.
Mari: Quando eles se encontram pra jogar, passam a noite toda! -- se deitando
ao meu lado, esticando o edredom.
Mari: Tipo o quê? -- nos cobrindo e me puxando pra bem perto dela.
Beijei a sua boca de leve, com carinho, enquanto a abraçava gostoso. Ela
passava as mãos nos meus cabelos e no meu rosto.
Mari: Você já percebeu que tudo isso aconteceu sem a gente dormir, num dia
só?
Laura: Vem mais pertinho, vem! -- a puxei mais perto ainda, entrelaçando
nossas pernas.
Quando ela dizia essas coisas profundas, eu procurava não responder algo tão
forte. Afinal, eu tinha dito que não sabia como seria o dia de amanhã, uma vez
que eu ainda amava a Alice. “Mas até que ponto eu amo a Alice?”
Mari: Linda!
Sorri e a beijei. Não conseguia ficar muito tempo longe daquela boca. O sono
foi tomando conta de nós. O cansaço foi chegando ao nosso corpo, resultado
de não dormir na noite anterior e por enfrentar uma maratona de sexo. Eu não
queria cair no sono. Queria ficar ali com ela, mas depois de um tempo não
consegui mais suportar a leseira. Dormi gostoso cheirando seu rosto, sentindo
seus dedos fazerem carinho nos meus cabelos.
No dia seguinte abri os olhos e notei que ela me olhava. Os olhos da Mari
ficavam ainda mais fechadinhos quando acordava.
Deu-me um beijinho.
Mari: Calma!
Mari: Ué, a gente foi dormir tarde e não tínhamos dormido a noite anterior!
Respondi colando a sua boca na minha. O pijama dela era tão quentinho que
dava vontade de voltar pra cama e ficar abraçada.
Mari: Quer tomar café ou prefere almoçar?
Marcos: Melhor agora que você está aqui! -- cantada mais sem graça.
O Marquinhos era 3 anos mais velho que a gente. Ele e a Mari eram super
parecidos. Mas pensem num cara que se acha o rei do pedaço, é o
Marquinhos. Mulherengo ao extremo, pega geral. Sempre me jogava altos
xavecos, mas nunca me interessei por esse tipo de garoto. E agora menos
ainda, né?
Laura: Esqueci de te falar, eu combinei de sairmos com a Paula hoje. Eu, você,
ela e a Luíza!
Mari: Ah, legal! Onde vamos? -- enquanto dava uma arrumada no quarto.
Mari: Por mim tudo bem! Tem um bem legal aqui perto, que é pro nosso
público. Só vai gente bonita e tal. E se não me engano hoje tem DJ.
Laura: Ahhh, então tá! Vou ligar pra Paulinha confirmando!
Capítulo 52
O dia estava bem nublado e frio. Eu particularmente amo dias assim. Não que
eu seja nostálgica, mas quando se está acompanhada, é o melhor clima.
Laura: O quêee?
Ela foi logo ligando o Wii e dando uma das guitarras pra mim. Nós sempre
fomos criançonas. A Mariana amava jogos, brinquedos e afins. Passávamos
tardes jogando vídeo game e às vezes deixávamos de sair pra ficar
competindo, o que nos rendia boas risadas e momentos divertidíssimos. A Dani
dizia que éramos babacas e que nunca um cara ia querer uma namorada
assim. Agora eu podia claramente responder: “E quem disse que nós
queremos um cara?”
Andréia: Que bom que você está aqui novamente com a gente, Laurinha. Fico
muito feliz!
Laura: Eu adoro!
Eu tava com muita vergonha da mãe dela. Mas a dona Andréia parecia bem
confortável com a minha presença, o que me acalmou um pouco. Sentamo-nos
à mesa junto com o seu Bernardo e a dona Andréia foi logo fazendo os
lanches. Estavam realmente muito bons e a conversa super agradável.
Mari: Bom gente, tava ótimo o lanche, mas agora a gente tem que se arrumar!
Eu e a Laurinha vamos sair com duas amigas.
Andréia: Tudo bem filha, podem ir! Juízo, hein? -- deu uma piscadinha.
Tomamos um banho e nos trocamos. A Mari estava tão linda! Uma calça jeans
preta, bem justa, uma jaqueta branca cheia de bolsos, com o zíper fechado até
a gola alta, e um tênis xadrez no pé. Os cabelos ruivos do jeito que me
deixavam babando, caindo no olho direito. Fez uma maquiagem leve, passou
perfume e colocou um relógio pink. Eu tava vidrada vendo como ela se
arrumava rápido.
Mari: Vai, acaba de se arrumar, senão a gente não sai hoje! -- ria.
Coloquei uma calça jeans colada bem clara, uma jaqueta grafite e o meu tênis
botinha branco e pink. Maquiei-me o mais rápido que pude e penteei o cabelo
com os dedos, passando um silicone de leve, e me perfumei. A Mari estava
compenetrada me olhando, sentada na cama.
Laura: Eu tô pronta!
Mari: Você tá linda! -- se levantando e vindo ao meu encontro -- Agora eu sei o
segredo do seu cabelo ficar tão bonito!
Laura: Então não conta pra ninguém! -- disse baixinho no ouvido dela.
Deu um beijo gostoso e saímos. Decidimos ir a pé, já que o frio estava gostoso
e o bar era perto. Peguei a mão dela e seguimos. A gente andava sorrindo,
conversando, bem perto uma da outra.
Estávamos num canto, apoiadas num pilar. A Mari segurava a minha cintura e
olhávamos o ambiente. Umas meninas a cumprimentaram de longe.
Laura: Vaaamos!
“PROMISE I’LL BE KIND, BUT I WON’T STOP UNTIL THAT GIRL IS MINE”
A gente dançava uma pra outra, parecia que o mundo havia parado para nós.
Eu pude sentir o meu coração bater mais forte. Sabia que alguma coisa estava
mudando dentro de mim, pra melhor. Sentia-me protegida nos seus braços e
guiada pelo seu olhar. Eu sabia que nunca conseguiria viver sem o seu sorriso,
a Mariana era uma pessoa essencial pra mim, FATO!
De repente o DJ mudou o som para Radar, a música que me trazia
lembranças!
Laura: Vamos tomar alguma coisa? Não quero dançar essa música! -- disse no
ouvido dela.
Mari: Laurinha, temos que ir embora, a Luíza não tá passando bem! -- disse no
meu ouvido.
Laura: Como assim? Acabamos de chegar praticamente, e ela tava normal até
agora!
Nisso ouvi gritos e assovios vindos da pista de dança. Virei-me e notei que
havia uma roda animada. A Paula parou na minha frente dizendo:
Paula: Vamos?
Capítulo 53
Laura: Seja sincera! É por causa dela que vocês queriam ir embora?
“Hey baby whether it’s now or later (I’ve got you), you cant shake me (no),
cause I got you on my radar, Whether you like it or not, it ain’t gonna stop,
cause I got you on my radar (I’ve got you), cause I got you on my radar”
Laura: NÃO!
Laura: Eu preciso! Tenho que parar de ser tonta! -- a raiva me tomava por
dentro.
Luíza: Laurinha, querida, vamos pra outro lugar, vamos nos divertir de verdade.
São Paulo é enorme!
Ela me olhou meio assustada. A Mari tentou me puxar, quando viu que eu
havia parado. Foram segundos intensos olhando naqueles olhos cor de mel
que me matavam. A Paula se aproximou dizendo no meu ouvido:
Num tranco soltei a mão da Mariana e caminhei na direção da mulher pela qual
eu era perdidamente apaixonada.
Puxei-a pela nunca e dei-lhe um beijo na boca. Peguei sua mão e a puxei junto
comigo. Enquanto andava, me esbarrando nas pessoas, não conseguia
planejar o que ia fazer. Eu estava hipnotizada pelos seus olhos que me
encaravam. Eu sentia as meninas tentando me puxar pelo braço, mas uma
força sobrenatural tomou conta de mim.
Cada vez que chegava mais perto da mesa, minha visão ia ficando cada vez
mais nítida. Percebi que havia mais uma pessoa além da Alice e do
Alessandro... a Bruna! Enchi-me de raiva!
Laura: Era só me dizer que você tava a fim de outra pessoa, Alice! -- olhei a
Bruna de cima pra baixo.
Alice: Laura, eu não lhe devo mais satisfações. Você deve estar bem feliz com
“essazinha” aí! -- olhando pra Mari atrás de mim.
Num impulso, segurei a Alice pela gola da jaqueta que ela usava e a levantei
da cadeira.
Laura: Presta atenção como você fala da Mariana! -- a fulminava com o olhar.
Paula: Larga ela, Laura! -- puxando o meu braço -- Você não precisa ficar
fazendo esse tipo de cena, cara!
Alice: Segue a sua vida Laura e me deixa em paz! Olha que ridículo o que você
tá fazendo.
Mari: Ridícula é você garota! Por que você não volta pro seu mundinho
encantado?
Alice: Todas vocês ficam me sacrificando, mas ninguém tem ideia do que se
passa!
Laura: Então por que você não fala logo? Porque ninguém aqui está entendo
você!
Paula: Chega, Laura, vamos embora! Eu não vou admitir você se rebaixando a
esse nível pra Alice.
Alice: NÃO! Agora eu quero falar, agora eu vou falar pra todo mundo ouvir!
Quem quiser escutar pode vir!
Eu não tava acreditando naquilo. Ela iria expor pra todo mundo uma coisa que
nem eu sabia ainda.
Alice: Vai por mim, Laura. Você não vai querer ouvir isso sozinha!
Paula: Laura, vamos embora. Não vá deixar a Alice te humilhar, já não chega o
que ela te fez!
Laura: Eu preciso ouvir, Paula. Preciso tirar de vez essa garota da minha
cabeça!
Capítulo 54
Alice: Olha, eu não vou ficar dando voltas, porque eu também já me machuquei
muito com esse assunto!
Alice: Laura, quero que você me perdoe do fundo do meu coração por tudo.
Quero que você seja extremamente feliz!
Laura: Você sabe que é recíproco! Mas agora fala, por favor!
Ela olhou pra baixo e respirou fundo. O Alessandro segurou seu ombro, como
se tivesse a encorajando. Ela passou os dedos nos olhos, querendo evitar que
as lágrimas rolassem e me olhou novamente.
Laura: O QUÊ?
Minhas pernas ficaram bambas. A Mari segurou minha cintura e a Paula o meu
braço. Minha visão ficou escura e senti meu corpo mole. APAGUEI! Acordei
com uns tabefes que a Paula me dava no rosto.
Alice: Você acha que é mentira? Fala com sua mãe então! Aproveita e
pergunta pro seu pai, que é meu também!
Laura: O QUÊ?
Alice: Naquele dia que você ouviu a discussão na biblioteca era porque eu fui
contar pra ele que estávamos namorando. Eu queria assumir que eu te amava
e que queria ficar com você pra sempre! Foi um tapa na cara quando ele me
disse que não podíamos ficar juntas porque somos irmãs! A gente brigou,
discutiu e ele ligou pra minha mãe dizendo que eu ia voltar pra casa dela.
Marcou meu voo pra depois do concurso, pra nos separar de vez. Somos
irmãs, não podemos ficar juntas!
Laura: Eu não quero ouvir mais nada! NADA! -- tampei os ouvidos com as
mãos.
Eu só conseguia chorar, chorar e chorar! Era mais forte que eu. Meu peito
estava apertado com a ideia de JAMAIS poder ter a Alice novamente. Minhas
mãos formigavam. Eu chorava alto, sem vergonha. Não conseguia tirar a dor
que eu tava sentindo.
Paula: Não faz isso com ela, Laurinha -- dizendo baixinho -- Ela te ama!
“A ALICE? MINHA IRMÃ? NÃO PODE SER!” Não queria sair dali. Queria que o
mundo acabasse em barrancos. Eu sei que estava me comportando mal por
causa da Mari. Eu tinha que ter mais consideração por ela, afinal, tinha me
proporcionado dias de extrema alegria. Mas naquele momento eu só conseguia
pensar no caos que estava acontecendo na minha vida.
Eu nunca tive uma referência de pai. E agora descubro que o seu Henrique,
uma pessoa exemplar na sua postura como homem, seria essa pessoa a quem
eu devesse me espelhar. E minha mãe? Sempre cuidou muito bem de mim, me
educou e me deu carinho. Mas o que adianta tudo isso se me enganou? Nunca
me faltou nada, mas ela escondeu uma coisa valiosa sentimentalmente pra
mim!
Sei que não posso reclamar pelas pessoas que eles são. Nunca me faltou nada
na vida. Mas eles acabaram arruinando com a única coisa que eu tinha certeza
até então... meu amor pela Alice!
“Eu perdi as contas de quantas vezes fui pra cama com a minha irmã? Eu fiz
juras de amor com a minha irmã? Eu acho a minha irmã a mulher mais
sensacional desse mundo? E quando a vejo meu corpo se arrepia todo? NÃO
PODE SER! E meu sexto sentido feminino? Não presta pra nada?!”
Minha cabeça rodava. Parecia que eu havia tomado dez litros de whisky. Tava
me sentindo suja, um lixo. Uma sensação horrível de impotência. Uma dor
cruel no meu peito, parecendo me sufocar, me tirando o ar.
Paula: Não! Claro que não! Você vem com a gente, vamos pro meu
apartamento. Vai, entra aí!
Paula: Vamos Mari, se você quiser ir embora depois você vai, mas vamos até
lá!
Paula: Tudo bem amor! Os pacotinhos estão ali no armário. Obrigada, viu?!
Peguei uma almofada e coloquei no rosto. Não queria ver nada. Tava até com
vergonha daquela situação, de ter tido um relacionamento com minha própria
irmã! Encostei a cabeça no sofá. Eu queria parar de chorar, mas a decepção
era tanta que não conseguia.
Mari: Obrigada!
Paula: Laura, se acalma, poxa! Depois a gente apura os fatos, mas se acalma,
cara!
Laura: Eu quero ir pra casa! Preciso falar com a minha mãe, preciso saber
dessa história!
Paula: Não, agora não! Amanhã você vai e eu vou com você, mas agora não.
Você está nervosa e vai acabar perdendo a razão.
Mari: Eu não vou ser uma boa companhia pra ela agora. Não é comigo que ela
gostaria de estar, Paulinha!
Mari: Qualquer coisa vocês me ligam. Vou pedir pro meu irmão trazer as coisas
dela pra cá.
Paula: Tudo bem, faz o que você quiser. Mas eu sei que ela gosta muito de
você!
Paula: Laurinha, eu sei o quanto você está triste com tudo isso, mas posso ser
sincera? Você vai acabar perdendo a única mulher que realmente sempre te
amou!
Mari: Laurinha, calma! Eu só acho que não vou ser uma companhia legal pra
você.
Laura: Você sabe que sempre foi a companhia perfeita pra mim!
Mari: É diferente hoje, Laurinha! Melhor você ficar com a Paulinha e depois a
gente se fala.
Abracei-a mais forte ainda. Naquele momento senti que não queria mesmo que
ela fosse embora. O elevador chegou. Ela puxou a porta para entrar, mas eu a
segurei.
Mari: Laurinha, eu sei que você tá triste e magoada, mas tenta entender um
pouquinho o meu lado. Vou ter que ver você chorar a noite toda pela Alice!
Mari: Não é tanto pelo choro, mas seu pensamento não vai estar comigo. Eu
sei que seu pensamento é todo e exclusivamente dela!
Eu abaixei a cabeça e a soltei, consentindo com o que ela tinha dito. Entrou no
elevador parecendo decepcionada por eu não negar aquilo. Eu não podia
mentir, não conseguia mentir. Estava estampado na minha cara o desespero
de não poder ter a Alice novamente.
Capítulo 55
Paula: Talvez porque é uma coisa realmente bem difícil de se crer. Posso dizer
que até nós estamos chocadas.
Laura: Vou ser sincera com você! Eu estava com a Mari e nem conseguia
pensar na Alice. Mas agora parece que meu sofrimento triplicou, não sei! E
tudo voltou!
Paula: Com certeza. Triplicou mesmo, agora são três pessoas: Alice, seu
Henrique e dona Lúcia! Mas fica calma, não adianta ficar sofrendo
antecipadamente. Você nem falou com a sua mãe ainda. E se a Alice estiver
blefando?
Laura: Ela não teria coragem de brincar com uma coisa dessas, Paulinha!
Laura: Que droga! Eu queria a Mari aqui, a gente tava se dando tão bem.
Paula: Entenda o lado dela, Laurinha! Ela deve tá se sentindo super mal te
amando e você apaixonada pela Alice.
Paula: Fala!
Laura: Traz o que você tiver e a gente escolhe, preciso me distrair um pouco.
A Paulinha foi até a cozinha e voltou com algumas garrafas. A primeira que eu
avistei foi uma enorme de whisky.
Laura: Que nada, tô acostumada! -- tive a impressão de que já tinha dito isso
algum dia.
Laura: Amanhã você vai comigo falar com a minha mãe, né, Paulinha? -- já
dando umas bicadas no copo.
Laura: Vai, vamos virar as três de uma vez só! -- a Luíza se divertia -- Vou
contar até 3!
Laura: 1, 2, 3, JÁ!
No dia seguinte. Antes mesmo de abrir os olhos, senti como se minha cabeça
tivesse sendo pressionada por uma bigorna. Levei as mãos ao rosto, como se
quisesse arrancar aquela dor. Depois de alguns minutos tentando abrir os
olhos, finalmente consegui, de leve.
Minha vista estava embaçada e meio escura, parecia que havia acabado de
sair de um carrossel em alta velocidade. Quando passei a mão pelo meu corpo
percebi. “MEU DEUS, EU TÔ PELADA!”
Levantei num salto, fazendo minha visão ficar ainda mais atrapalhada. Aí então
concluí, “SIM, EU TÔ PELADA!”. Fui até o banheiro correndo, lavei o rosto e
coloquei uma camiseta comprida da Paula, que achei por lá. Quando voltei pro
quarto reparei na zona que estava o ambiente. Tudo jogado, coisas quebradas
e roupas por tudo. “O QUE É ISSO? UM TORNADO PASSOU POR AQUI?”
Foi quando olhei pra cama e não acreditei. “A PAULA E A LUÍZA TAMBÉM
ESTÃO NUAS!”. Notei que o espaço em que eu estava deitada era justamente
“NO MEIO DAS DUAS?”.
Fiquei ali, pasma, parada, perplexa. “NÃO PODE SER!”. Corri para o banheiro
novamente e olhando detalhadamente no espelho, reparei um canto da minha
boca inchado, como um chupão! Parei um pouco, tentei lembrar alguma coisa,
mas era totalmente impossível. Minha cabeça ainda doía demais! “LAURA DO
CÉU! VOCÊ FEZ UM MÉNAGE À TROIS!”
Capítulo 56
Laura: Não sei, filha. Não me interessa o que tem aí embaixo desse edredom! -
- eu ri -- Vou esperar vocês lá na sala.
Fui pra sala e dei uma ajeitada. O apartamento tava um lixo. Joguei as garrafas
vazias e comi uma maçã pra tomar um remédio. Fiz um café bem forte e puro
pra podermos tomar. Depois de um tempo, o ap já estava arrumado e já
havíamos tomado o café.
Paula: Tem certeza que precisa ser já, Laurinha? Não quer esperar mais um
pouco?
“O que é isso?!” Percebi que a pasta de vídeos estava aberta. “Eu nem mexi
nisso aqui hoje!”. Abri o primeiro vídeo que apareceu. “NÃO ACREDITO!”
Mais do que rápido, peguei o celular da Paula e da Luíza que estavam junto
com o meu, na mesa, tentando procurar alguma pista da noite anterior. Olhei
entre fotos, vídeos e gravação de voz. NADA! “UFA! MENOS MAL!” Coloquei-
os de volta na mesinha e liguei pro celular da Mari.
Mari: Alô?
Laura: Mari?
Laura: Hum. Eu vou falar com a minha mãe agora sobre o assunto.
Ela ficou muda e eu ouvindo sua respiração. Fechei os olhos e pude sentir
como se ela tivesse ali! Até que quebrei o gelo.
Senti que ela me cortou geral, como se não quisesse mais ouvir. Me despedi
rápido e desliguei. Nisso a Paulinha apareceu.
Ela me abraçou apertado. Aquele abraço de urso gostoso que só ela me dava.
Olhei pra ela e sorri. Era bom saber que eu podia contar com uma amiga tão
especial nesse meu momento de desespero. Tenho que admitir, no mundo de
hoje, os amigos não são mais os mesmos.
Ela ficou pálida, mas foi atrás de mim sem questionar. Entrei na biblioteca sem
bater, estava tremendo de nervoso. A Paula e minha mãe vieram atrás. O seu
Henrique estava sentado na sua cadeira predileta com um livro aberto e uma
xícara de café sobre a mesa. Olhou-me como se não entendesse o porque de
eu estar parada na frente dele de nariz empinado.
Laura: Senta mãe! -- puxei a cadeira em frente à mesa para que ela se
sentasse.
Respirei fundo, olhei pro alto pedindo forças a Deus para ir em frente com
aquela situação e, depois de longos segundos, disparei:
Laura: Então quer dizer que eu sou filha do senhor, seu Henrique? É isso mãe?
Capítulo 57
Nenhum dos dois conseguiu me responder nada, apenas continuavam ali. Ele
em pé, me olhando e ela sentada, chorando de cabeça baixa.
Laura: Já ouviram dizer que quem cala consente? Pois bem, quero ouvir da
boca de vocês!
Virei as costas e fui em direção à porta. Queria sair daquele lugar que havia se
tornado sufocante pra mim. Mas senti as mãos do homem me puxarem pelo
braço.
Henrique: Sua mãe não podia ir embora daqui, ela precisava te sustentar e
meus pais com certeza a mandariam. Eu prometi que cuidaria de você, caso
ela ficasse e guardasse o segredo.
Sim, eu sabia disso há muito tempo, quando certa vez procurei saber sobre a
família pela qual minha mãe sempre trabalhou.
Laura: Em termos materiais não! Mas eu podia ser outra pessoa! Eu podia
AMAR OUTRA PESSOA AGORA E NÃO A MINHA IRMÃ!
Mãe: O QUÊ?
O seu Henrique soltou as mãos da minha mãe do meu braço e se virou pra ela
dizendo:
Laura: Você é louco? Sua vida é feita de mentiras. Você é uma FRAUDE, seu
Henrique!
Ele me olhava fundo nos olhos e minha mãe continuava ao lado dele,
chorando.
Laura: Não ache que vou te chamar de papai! Vocês arruinaram meus sonhos!
Laura: Assim o quê? Você quer dizer LÉSBICA? -- olhei fixamente nos seus
olhos.
Ela soltou um choro alto, sofrido, como se não acreditasse no que estava
ouvindo.
Eu nunca assumi nem pra mim mesma. Mas aquela era a hora de quebrar
todas as barreiras, de fazer escolhas e lutar pelo que eu queria! Minha mãe
caiu chorando nos braços do seu Henrique, que a segurou firme.
Laura: Eu NUNCA vou poder ter a pessoa que mais amo nesse mundo!
BOSTA! Vocês entendem que estou falando da minha irmã?
Sentia meu corpo queimando de raiva. Achei melhor acabar com aquilo tudo,
antes que me esgotasse ainda mais. Virei-me pra Paula e disse:
Laura: Eu não sou mais estagiária da sua construtora e nem quero ela pra mim!
Sou capaz de lutar com as próprias mãos para conseguir o que quero! Mas a
minha faculdade você vai continuar pagando, porque eu não tenho culpa pelas
besteiras que vocês fizeram na vida!
Laura: Paulinha, posso ficar na sua casa até saber o que vou fazer da vida?
Laura: A gente divide as contas e tal, pode ficar tranquila! -- disse ainda com
lágrimas nos olhos.
Peguei duas malas e comecei a juntar minhas roupas e minhas coisas íntimas.
De repente minha mãe entrou no quarto.
Laura: Mãe, preciso sair daqui! Por favor, entenda, esse lugar está acabando
comigo!
Laura: Vou!
Minha raiva era do seu Henrique, pois eu sabia que ele nunca havia me
assumido por causa do status e da herança. Tinha certeza que minha mãe
havia se calado por todos esses anos para me dar uma educação de qualidade
e coisas boas.
Capítulo 58
Laura: Não tem mais clima de eu ficar na construtora. A história foi confirmada
e não dá mais pra ficar lá!
Luíza: Você é boa no que faz, Laurinha. Vou te ajudar no que for preciso!
“Até que ponto a Alice foi boa pra mim? Até o último dia em que estávamos
juntas? Por que eu tenho que amá-la?” As dúvidas pairavam na minha cabeça.
Eu não conseguia pensar em outra coisa sequer! “Eu vi que ela estava
abalada, mas ela não me disse que me ama!”
Paula: Laura, se comporte como uma mulher! Vai comer sim! Ou prefere que
eu te pegue no colo e dê na sua boquinha? -- me fazendo cócegas no final.
Laura: Tá bom, eu vou! Mas só porque foi a Luíza que fez! -- chegando na
cozinha e rindo pra Luíza.
Paula: Tudo bem, linda. Mas olha, vamos ficar com você!
Laura: Obrigada por tudo, gente. Se não fosse vocês, não sei como seria!
Paula: Ei minha coisa linda! A Luíza foi pra casa dela, dar uma arrumada lá.
Posso ficar aqui com você?
Pronto, quebrou minhas pernas! Eu sabia que tudo aquilo não passava de
carinho entre amigas, quase irmãs. Não era malicioso. Não tinha nada de
sensual, era simplesmente admiração!
Laura: Eu também!
Laura: Vai passar, Paulinha! Eu posso tá sendo burra, mas eu não acredito
totalmente nessa história. Não posso ser tão inocente!
Paula: Calma! Tudo vai se encaixar, Laurinha! Mas me diz uma coisa... e a
Mari?
Paula: Ela gosta muito de você! É mais do que visível e ela não faz mais
questão de esconder de ninguém.
Laura: Eu sinto uma coisa muito forte por ela. Eu gosto de estar perto dela, dos
carinhos. Seus beijos me deixam completamente louca! O jeito como ela me
pega, me domina... É tudo muito bom!
Logo peguei no sono, aninhada nos seus braços. Acordei um tempo depois
com a Paulinha me dando um beijo no rosto.
Laura: Tô sem fome, Paulinha! -- me virei pro outro lado para voltar a dormir.
Paula: Sabia que você ia querer! Vem comer que ele já tá na mesa te
esperando! -- me deu um tapa na bunda e riu.
Laura: Sua tratante! Vem cá! -- agarrei-a pelo pescoço e a enchi de beijos --
Cadê a Lu?
Paula: Tá na casa dela. Disse que vai ter que terminar uns serviços pra levar
amanhã.
Laura: Hum, entendi. Então quer dizer que você é só minha hoje?
Capítulo 59
Pegando a minha mão, me levou até a sala e trouxe o meu Big Mc. Ficamos
vendo tv, conversando besteiras e rindo do Silvio Santos. Gente, vocês têm
que admitir, o cara é bizarro!
Laura: O quêee?
Laura: Alô?
Laura: Para de coisa! Não tem que pedir desculpas de nada, eu que lhe peço
desculpas.
Mari: Fala.
Mari: Eu também tô com saudades! Não abandonei, só acho que você precisa
de um tempo pra colocar a cabeça no lugar e depois conversar comigo, só
isso.
Mari: Beijos!
Paula: E aí?!
Laura: Não sei, Paulinha! Ela tá meio distante de mim. Eu gosto dela, sei que
gosto; Eu sou apaixonada pela Alice, amo a Alice, mas se essa história for
realmente verdadeira em todos os pontos, não quero mais vê-la, não quero
sofrer!
Laura: Eu acho que quero tentar com a Mari, ela me faz tão bem!
Paula: Laurinha, vou dar uma de advogado do diabo agora. Dá um tempo antes
de começar um relacionamento com a Mari! Não a machuque tentando
esquecer a Alice!
Laura: Você tem razão, amiga. Mas tô sentindo tanta falta dela!
Paula: Calma, dá um tempinho pra ela. Não é de hoje pra amanhã que ela vai
deixar de gostar de você!
Fiquei ali no sofá, pensando em como eu queria que a Mari estivesse ali.
Enquanto isso a Paulinha se matava de rir vendo tv.
Tudo era muito recente ainda. Eu estava um pouco decepcionada com a Alice,
da forma que ela fez. Não deveria ter escondido isso o tempo todo de mim, me
fazendo pensar milhões de coisas. Não deveria ter me ignorado e me tratado
mal do jeito que me tratou. E acima de tudo, ela não deveria ter me contado a
história no meio da rua, na frente de todo mundo!
Mas apesar de tudo que sofri, ainda amava aquela garota e ainda a desejava
como nunca. O que mais me deixava louca era que eu sabia que irmãs não
podiam se desejar tanto assim, é diferente, por isso eu ainda desconfiava de
tudo aquilo. Mesmo sabendo de toda a história, eu queria a Alice pra mim.
Mas e a Mari? Eu não sabia... só queria estar com ela. Com a Mari era outra
coisa. Eu adorava o jeito que ela me pegava, como me usava e como fazia eu
me sentir desejada. A maneira como ela me valorizava, como me olhava e
como me beijava. Era mágico. E o que me deixava mais encantada é que
nunca imaginei que a minha amiga de infância, de todos os dias de colégio, me
despertaria sensações tão... tão... prazerosas!
Sempre fui uma pessoa ausente de preconceitos. Nunca havia ficado com uma
menina. Nunca havia pensado em ficar com uma. Mas também nunca torci o
nariz pra quem tinha atração pelo mesmo sexo.
Ela chegou bem pertinho de mim e passou os dedos sobre meus cabelos.
Olhou-me bem no fundo dos meus olhos e disse:
Paula: Se você beijasse bem, te beijaria agora mesmo! Mas lembrei de como é
um fiasco! -- ela riu.
Paula: Não costumo perder uma mulher que entra em casa. Mas no seu caso
prefiro passar a vez! -- ria alto.
Laura: Ih! Vai começar... a rainha das mulheres! -- eu ri também -- Quem disse
que se você quisesse me beijar eu ia querer também, ô folgada?
Laura: NÃO MESMO! Aliás, acho que quem tá com vontade de beijar é você!
Laura: Duvido que agora você quer que eu saia daqui! -- disse roçando meus
lábios no dela.
Paula: Se começar vai ter que continuar, Laura! -- ela estava um pouco
trêmula.
Paula: Já disse, você escolhe, se começar vai ter que continuar! -- pegou firme
na minha cintura.
Paula: E se estiver?
Laura: PEDE!
Não estava nem aí pra nada, afinal, estava solteira e começando a ser
ignorada pela segunda mulher que eu havia ficado. Um beijo gostoso, violento,
quente e envolvente. Suas mãos me tomavam por inteira e tenho que dizer, a
Paulinha era muito boa! Em todos os sentidos! Mulher grande, forte, durinha,
gostosa! Tinha onde pegar, apertar e morder. Era firme, pegava gostoso e
sabia onde tocar!
Paula: Porra! O que a gente fez? -- percebi que a ficha dela também caiu.
Paula: É, tem razão! -- ela riu passando a mão sobre a boca, limpando-a.
Sentei novamente no sofá, mas percebi que ela não conseguiu se restabelecer.
A Paulinha pegou o DVD e deu play. Sim, “Mamma Mia!” realmente era meu
filme favorito!
Eu cantava as músicas enquanto assistia, a Paulinha achava graça naquilo.
Filme alegre, feliz e contagiante, era o que eu estava precisando pra me sentir
renovada! Depois que o filme acabou ainda ficamos vendo um pouco de tv.
Olhei no meu celular e nada da Mari dar um sinal. Muito menos a Alice, claro!
Fui pro quarto dei uma arrumadinha nas minhas coisas, apaguei a luz,
deixando um abajur aceso e me deitei. De novo os pensamentos voltaram. Eu
tentava dormir, parar de pensar um pouco na Alice, mas era praticamente
impossível. Aquela garota me tomava completamente a cabeça.
Laura: Claro!
Dei espaço e ela se deitou. Estava frio e nos cobrimos com o edredom. O
abajur era fraco então não a enxergava direito. Ela tocou a minha cintura e se
aproximou do meu rosto.
Capítulo 60
Não pensei duas vezes. Um mulherão daqueles me pedindo um beijo, não era
de se negar. Segurei seu rosto, dessa vez com delicadeza e a beijei de leve.
Suas mãos me tocavam com carinho, devagar, me provocando arrepios. Meus
lábios se encaixavam nos seus e minha língua tocava a sua. Era um beijo
calmo, parecia tímido. Parei por um momento dizendo:
Ela calou a minha boca com mais um beijo. Decidi deixar rolar, afinal, acho que
sempre tivemos uma queda uma pela outra. Então que ficássemos de uma vez
por todas.
A Paulinha foi aproximando mais ainda seu corpo do meu, até que nos
grudamos totalmente, durante um beijo afobado, sussurrado, melado! Suas
mãos foram pra debaixo da minha blusa e tocavam as minhas costas. As
minhas puxavam seu pescoço e apertavam sua nuca.
Soltei-a e me distanciei.
Laura: Tá na dúvida?
Paula: Não! Só tava pensando em que posição vou querer te comer! -- ela riu.
Laura: Já passou!
*******
Laura: E?
Eu apaguei novamente.
Paula: Me cortou?
Paula: Claro!
Beijei-a novamente, dessa vez com vontade, força. Peguei-a pela cintura e ela
rapidamente veio pra cima de mim. Apertava-me, chupava meu pescoço e
lambia minha orelha.
Laura: Quero!
Ela riu e não esperou, puxou minha blusa e tirou meu sutiã. Beijava-me e
passava as mãos nos meus seios, massageando-os. Abriu as minhas pernas e
se colocou entre elas. Mordia minha boca e sorria com safadeza.
Tirei seu moletom e arranhando suas costas grandes, desabotoei o sutiã. “Que
costas GOSTOSA, PORRA!” Desci com as mãos até a sua barriga durinha,
coloquei-as dentro da sua calça e apertei sua bunda, puxando para que nossos
corpos ficassem ainda mais próximos.
Com aquele mulherão sobre mim, estava sem ar. Ela não me deixava respirar.
Mas eu não queria que ela saísse dali. Desceu as mãos até a minha calça e a
tirou. Passou os dedos sobre o meu sexo rapidamente, me fazendo gemer alto,
fechando os olhos com força.
Ela mesma tirou sua calça e se colocou novamente entre as minhas pernas.
Puxei-a contra mim, fazendo nossos sexos se tocarem.
Ela riu. Primeiro colocou a língua de leve, fazendo meu corpo todo se arrepiar.
Depois invadiu com violência, sugando. Um calor inexplicável me atingiu.
Arranquei o edredom de cima de nós e pressionava sua cabeça contra meu
sexo. Vi estrelas, constelações, planetas! Gemia alto e sem querer, rebolava
pra ela!
A Paula sabia onde pegar, onde tocar, o que fazer! Dava para perceber sua
experiência no corpo feminino. Não deixava a desejar. Realmente era uma
deusa na cama!
Paula: VIRA!
Já sabia o quanto ela sabia dar prazer à outra mulher, então me virei sem
receio nenhum! Ela me fez ficar de quatro, enquanto beijava minha nuca,
descendo sobre as minhas costas. Suas mãos massageavam meus seios.
Alcançou minha bunda e mordia feito louca. Voltou, e aproximou seu corpo do
meu. Estava queimando! Enquanto lambia minhas costas, uma das mãos
desceu lentamente até o meu sexo. Seus dedos me penetraram com
delicadeza. Eu jogava minha cabeça para trás e gemia alto. Agora ela já me
mordia e me penetrava cada vez mais rápido!
Quando ouvi isso, sentindo seu corpo suado sobre o meu e seus dedos dentro
de mim, gozei com vontade, longamente! Rapidamente me virei, empurrei-a
com força, fazendo-a deitar e me joguei sobre seu corpo.
Fui direto aos seus seios, passando de leve a língua nos mamilos. Ela me
apertava toda e suspirava feito doida. Enquanto isso, penetrei meus dedos em
seu sexo. Explorava cada canto. Ela estava totalmente, absolutamente,
molhada! Percebi que ela tentava se conter, prolongar, mas diante dos meus
dedos desesperados, gozou rápido. Com pressa para sentir seu gosto, levei
minha boca até seu sexo, lambendo-a por completo. A Paulinha gemia alto,
desesperadamente.
Apertava suas coxas gostosas e colocava minha língua dentro dela. Até que
meus dedos também a penetraram novamente. Ela se contorcia, tremia. Estava
totalmente entregue, rendida! Quando chupei com força, senti-a amolecendo
nos meus braços e suspirando alto... gozou novamente!
Subi até sua boca e a beijei, alternando entre violência e delicadeza. Ela
passava as mãos sobre meu corpo, tocando cada parte!
Paula: O quê?
Laura: Fez bem. Adorei SEXO com você! -- dando um selinho nela.
Laura: CLARO!
Ficou ali, passando a mão sobre a minha barriga e dando beijinhos de leve no
meu pescoço. Tava uma delícia! Ela grudou mais ainda o corpo no meu, se
esfregando de leve. Eu já estava ficando louquinha de novo. Percebendo
minha respiração ofegante, começou a passar a mão de leve nos meus seios.
Laura: ADORO!
Rapidamente colocou uma das mãos sobre o meu sexo, enquanto a outra
ainda estava nos meus seios.
Paula: GOSTOSA!
No dia seguinte, acordei e notei que estava sozinha na cama. Virei-me e vi uma
bandeja no criado mudo, com café da manhã e um bilhetinho que dizia:
“Bom dia, Laurinha! Fui trabalhar, quando acordar me liga no celular. ADOREI
A NOITE!
Beijos”
A Paula era fofa, mas nem um pouco boba! Aquele bilhetinho não a incriminava
nem um pouco, afinal, podia ter sido escrito por qualquer pessoa. E era isso
que eu amava nela: a cordialidade e a esperteza. Ri por dentro e me sentei na
cama dando uma mordida na maçã.
Eu não tinha ido à aula e nem sabia se queria ir tão cedo. Minha vida estava de
cabeça pra baixo. E se não tivesse sido a noite regada a sexo com a minha
melhor amiga, com certeza eu iria acordar toda borocoxô!
Como sempre, bem delicada essa minha amiga. Disquei pro celular da
Paulinha.
Paula: Alô?
Laura: Oi Paulinha!
Paula: Demais! Arranja alguma coisa pra fazer, tá? Não quero você trancafiada
em casa.
Desliguei e notei que havia nenhum sinal da Mari. “Será que eu tô perdendo a
Mariana também? Será que não seria o caso de eu ligar pra ela?”
Decidi dar mais um tempinho, esperar até o dia seguinte, talvez. Levantei-me e
tomei um banho demorado. Logo depois, dei uma geral no quarto e no
apartamento. Quando terminei, notei que não tinha absolutamente nada pra
fazer. Não tava a fim de almoçar sozinha e eu sabia que a Paulinha almoçava
na rua em dia de trabalho. Foi quando escutei meu celular tocando.
Laura: Alô?
Laura: Tudo Dani! Recebi sim, mas ainda não tinha dado pra responder.
Laura: Não tô passando muito bem, amiga! Se melhorar amanhã eu vou, tá?
Dani: Promete que vai amanhã? Se quiser a gente mata aula e vai dar um role!
Laura: Beijo!
Desliguei e me sentei no sofá. Eu odiava ficar sem fazer nada. Pior que vegetar
é ficar fazendo fotossíntese, olhando pro nada! Eu não queria de jeito nenhum
ficar pensando na Alice, coisa que já estava começando a acontecer.
Ainda era hora do almoço e a Paulinha ia demorar pra chegar pra me distrair.
Eu tinha que fazer alguma coisa.
Mari. Mari. Mari. Decidi enviar uma mensagem no celular dela: “Saudades,
linda! Beijos!” Esperei um pouco e não obtive resposta. “Porra, já passei por
isso antes!”
Fiquei rodando feito uma barata tonta no apartamento. Olhei na janela e São
Paulo estava totalmente nublada, com um vento bem forte. Logo ia chegar o
outono e isso era de se esperar! Foi quando, olhando aquele clima nostálgico
que eu amava, decidi fazer um bolo. Eu não cozinhava muito bem, mas lembro
perfeitamente de quando a Mari me ensinou a fazer um bolo de cenoura, há
muito tempo.
Não sei o porquê, mas esse dia do bolo, que aconteceu há anos, eu nunca
esqueci. Nem havia anotado a receita, mas a decorei. Lembro que era um dia
de inverno, um frio bem intenso e eu e a Mari estávamos estudando para uma
prova de química. Ela estava com a calça vinho do colégio e um moletom cinza
quando decidiu que faria um bolo especial pra mim. Fomos até a cozinha e
fiquei reparando em como ela preparava. Ia me ensinando, fingindo ser a Ana
Maria Braga e eu ria demais dela. Por fim, fez uma calda de chocolate durinha
que dizia ser um segredo dela, mas que mesmo assim me ensinou.
Simultaneamente ela preparou um capuccino.
Senti uma lágrima escorrendo no meu rosto pelas lembranças. Uma culpa
bateu no meu peito por eu ter me esquecido, por um tempo, esses momentos
que já vivi com pessoas especiais. Por que será que quando a gente se
apaixona por alguém parece que nada mais importa? Mas a gente sabe que
importa e que fez diferença na nossa vida.
Fui até minha bolsa pegar o dinheiro pra comprar os ingredientes. Eu queria a
todo custo fazer esse bolo. Quando abri minha carteira, me deparei com uma
foto minha com a Mari e a Dani. Aí sim as lágrimas saltaram de vez. Como
fazia falta o tempo que passávamos juntas, que ríamos e nos divertíamos. A
última vez foi aquele dia do cinema, quando a Alice chegou!
Eu olhava a foto me lembrando das coisas bobas que já passamos e que elas
podiam estar ali comigo. Mas a Dani nem sabia de toda a situação e a Mari,
mais do que envolvida, não tava a fim de me ver.
Notei que eu não tinha nenhuma foto da Alice. As únicas lembranças de tudo
que vivemos era a caixinha de músicas e o colar que ainda estava no meu
pescoço.
Mari: Alô?
Laura: Oi!
Mari: Oi Laurinha!
Mari: Recebi, Laurinha. Mas ainda não havia dado tempo de responder. Tô
com aula hoje à tarde. Tô na faculdade ainda!
Laura: Desculpa interromper então! Beijo! -- desliguei sem ouvir o que ela
respondeu.
Por que eu tava querendo cobrar alguma coisa da Mari se ela nunca me cobrou
nada? Por que essa falta imensa dela? Não deu 5 minutos e eu ouvi o celular
apitando, uma mensagem!
Capítulo 62
Era da Mari. Subiu-me um calor tão forte no meu coração que eu não sabia o
porquê! Apertei o celular na minha mão e o joguei longe, contra a parede! Caiu,
se partindo em alguns pedaços. Larguei-o lá e voltei pra cozinha.
.........: Oi linda!
Paula: Que cheiro bom! O que você aprontou aí? -- disse olhando pra mesa.
Paula: Hum, QUE DELÍCIA! Vamos comer? -- ela ainda segurava a pasta do
trabalho na mão.
Paula: Tudo bem! Daqui a pouco a gente conversa, já volto -- e saiu pro
banheiro.
Contei pra Paulinha todo o ocorrido e ela novamente me pediu paciência com a
Mari, por ela estar com a cabeça confusa. Comemos até a barriga estufar e
ficamos vendo TV. Novelas e mais novelas. Até que decidi ir dormir, queria ir
pra faculdade no dia seguinte.
A Alice!
A Mari!
Será que deveria realmente esquecer a Alice? Mas eu a amava! O que devo
fazer com a Mari? O tempo que a gente ficou juntas foi tão curto, mas tão
intenso! O carinho que eu sinto por ela é tão forte, praticamente inexplicável!
Coloquei meu celular pra despertar pro dia seguinte e me virei pra tentar
dormir. Já estava cochilando quando acordei assustada.
Laura: Te amo, viu? Não sei nem como lhe agradecer por tudo!
Paula: Também te amo, Laurinha! Não tem do que agradecer, somos amigas e
pra sempre! -- me deu um cheiro no rosto -- Se precisar pode me chamar, tá?
A Paula era madura o suficiente pra saber que aquela noite foi somente sexo e
nada mais. Era minha melhor amiga e quem nunca teve fetiche com a melhor
amiga? Falem a verdade, vá! Por um momento me senti uma pervertida. Até
um tempo atrás eu só ficava com caras, poucos por sinal. Daí veio a Alice, a
Mari e agora a Paula. “SENHOR! ILUMINA!”
São coisas da vida... gosto de sexo e de mulher (essa segunda opção soube a
pouco tempo). Não poderia perder a oportunidade daquele mulherão na minha
cama, querendo passar a noite comigo! Logo consegui pegar no sono e dormi.
“NOSSA!” Espantei-me da forma como ela estava linda! Toda de preto, de salto
e uma maquiagem leve. Sensualíssima. Eu nada a ver, com minha calça e
jaqueta jeans, ainda vestia um moletom com capuz embaixo da jaqueta por
causa do frio.
“Não faz isso pelo amor de Deus! Porra! Por que quando uma pessoa faz sexo
extremamente bem, a gente quer sempre mais?”
Laura: Claro que não, Paulinha! Tá louca, cara? Só tô com sono mesmo! -- me
desvencilhando da sua mão.
Paula: Tudo bem então! Diz aí, gostou do figurino? Tenho uma reunião hoje!
Laura: O problema é que eu não quero mais problemas! -- sorri sem graça e
coloquei o copo na pia.
Paula: Comigo você não terá problemas, Laurinha, pode ficar tranquila! -- disse
se virando pra mim novamente.
Laura: Ih, Paula, vira o disco, vai! Para de ser safada e deixa eu ir pra
faculdade!
Ela riu e eu fui saindo em direção à porta. Ainda consegui ouvi-la gritando:
Peguei o caminho pra faculdade e chegando lá, logo encontrei a Dani. Ela veio
correndo e me deu abraço apertado, como se quisesse me dizer algo!
Dani: Oi bebê!
Dani: Vamos ali na lanchonete que eu quero um café com pão de queijo, não
comi direito ainda!
Dani: Depois as meninas passam a matéria. Não tem nada de mais hoje!
Laura: Tá bom, vai! Também tô com um pouco de fome ainda -- claro, tive que
sair fugida da Paula, né?
Fomos até a lanchonete e nos sentamos numa mesinha. A Dani pegou um pão
de queijo pra cada uma e uma xícara de café pra ela e capuccino pra mim.
Voltou e se sentou. Começou a comer e num susto disse:
Capítulo 63
Dani: Fala o porquê você tá assim! E o porquê você tá morando com a Paula!
Dani: Ué, eu liguei na sua casa e sua mãe me contou. Mas não entrou muito
em detalhes.
Laura: É uma história muito longa, amiga. Acho que você não está preparada
pra ouvir.
Dani: Laurinha, não fala assim! Sempre fomos amigas e sempre estive disposta
a te ouvir. Sei que não estamos mais tão próximas porque agora você tem sua
vida, seu estágio e tal, mas sempre vou ser a sua Danizinha!
Laura: Dani, não tenho mais estágio, não tenho mais vida praticamente!
Laura: Tá, mas se prepara, acho que você nunca esperou isso de mim!
Dani: Só isso que eu não queria ouvir! Do resto, sou sua amiga e vou estar do
seu lado.
Laura: Eu e a Alice.
Dani: Eu já sabia!
Dani: Eu sei!
Dani: Tá, Laurinha. Vou adiantar seu lado. Eu sei de tudo já, beleza? Queria
que você me contasse, mas fica aí dando faniquito!
Dani: Quando a Alice voltou e todo mundo reparou o quanto você estava
apaixonada por ela, eu pensei comigo mesma “Isso vai dar merda!”.
Dani: Não sei nem o que te falar, Laurinha, porque eu sei o quanto gosta dela!
Mas posso mandar a real?
Laura: Fala!
Dani: Cara, não quero que você fique comovida com nada disso! Mas só eu sei
o quanto essa garota sofreu por você todos esses anos e como ela ficou
completamente feliz quando vocês ficaram! Ela não conseguia se conter de
felicidade!
Laura: Dani, é foda! Eu sempre deixei claro pra ela que amo a Alice! Gosto de
ficar com a Mari e tal, mas acontece que eu acho que ela tá começando a
sofrer mais ainda.
Dani: Ela tá triste com a situação. Mas fazer o que, né? A gente não manda no
nosso coração!
Fui fraca! Abaixei minha cabeça na mesa e comecei a chorar. Estava tudo
muito péssimo. A Dani se aproximou e me abraçou.
Laura: Ah Dani, eu não quero a Mari triste! Tô começando a achar que eu não
deveria ter ficado com ela. Hoje só eu estaria sofrendo!
Dani: Para, boba! Não tem nada a ver! Você ficou porque sente alguma coisa
por ela. Eu sei que você sente! Tá guardadinho ainda aí no seu coração que a
Alice devastou. Mas logo você vai perceber!
Laura: Eu queria tanto ela aqui comigo, gosto tanto dela, Dani!
Dani: Eu sei, eu sei! Ela só quer dar um tempinho pra você, deixa a Mariana
um pouco quieta.
Laura: Acho que ela quer me castigar, pelo tanto que já fiz ela sofrer!
Dani: Não fala assim, Laurinha! Ela te ama tanto, não seja injusta!
Laura: E por que ela não me deixa mais ficar com ela? Eu só queria estar com
ela, PORRA!
Dani: Boca suja, coisa feia! Não é assim que uma dama se comporta. Vai me
bater também é?
Não aguentei e ri diante do que ela tinha dito. A Daniela tinha o dom de
infernizar as pessoas.
Dani: A Mari não tá aqui, mas eu tô! -- eu a olhei com uma cara de dúvida --
Não querida, eu não quero te agarrar e muito menos ficar com você, não é
minha praia. Mas tive uma ideia!
Capítulo 64
Dani: Vou te levar num lugar SUPER legal pra você se sentir melhor!
Laura: ADOREI!
Dani: sempre faço questão de vir até aqui. O salão é ótimo e o pessoal muito
legal!
Passei o dia com a Dani no salão. Tinha um espaço de café, com lanches para
almoço e tal, por isso comemos por lá mesmo. Realmente o lugar era muito
legal. Na verdade era um espaço onde só iam altas executivas, mas percebi
que era como se fosse um refúgio delas, onde podiam fofocar, desabafar e rir.
Foi bom para a minha vista. Afinal, uma mulher mais linda que a outra! Fiz
unha, limpeza de pele, massagens e cabelo. Decidi fazer um corte diferente e
repicar geral. Achei que ficou diferente, legal até! Como não tenho os cabelos
totalmente lisos, ficou charmoso, atual.
Já era final de tarde quando voltamos para casa. Eu fiquei na Av. Paulista e a
Dani seguiu para a casa dela.
Olhei pro relógio e imaginei que a Paulinha já tinha chegado. Subi para o
apartamento, abri a porta e lá estava ela, esparramada no sofá. Quando me
viu, deu um pulo, se sentando.
Laura: O quê?
Percebi que a Paulinha veio atrás, feito um cachorro sem dono. Joguei minha
mochila na cama e fui pegar uma roupa na mala pra tomar banho. Quando me
virei, a vi encostada na porta, com os braços cruzados.
Laura: Linda, não é por nada, mas não tô a fim de mais problemas!
Quando fui sair do quarto, a Paulinha me puxou pela cintura, me fazendo ficar
de frente pra ela.
Laura: Não fala comigo como se eu fosse qualquer uma das suas! -- olhei
brava pra ela.
Laura: Se liga, Paula! A Luíza é linda e tem o corpo mil vezes melhor que o
meu! Você tá é com safadeza. Como você mesma disse, todas que entram na
sua casa não escapam!
Laura: E a Luíza?
Paula: Tá bem. Tá bastante ocupada já que agora não tem mais uma
estagiária!
Laura: Hum, entendi. Logo ela arranja outra! -- sorri pra ela.
Quando deu certa hora, decidi ir me deitar, afinal, queria ir pra faculdade.
Levantei-me, fui até a cozinha pegar um copo de água. Alcancei o armário e
quando fui me virar pra pegar a água levei um susto com a Paulinha atrás de
mim.
Laura: Aiii! Encosto! O que foi?
Paula: Percebi!
Virei-me de frente pra ela, que obstruía a minha passagem. Peguei na cintura
dela como se pedisse licença. Foi quando ela segurou meus braços e com
rapidez me virou, me jogando contra a mesa.
Laura: OPA!
Ela me olhou e eu percebi que a força que ela fazia diminuiu. Então, mais do
que rápido, eu me soltei e saí correndo pro quarto rindo, deixando o copo em
cima da mesa. Ela veio atrás. Entrei pulando na cama, me encolhendo no
canto. A Paulinha, forte como só ela, me pegou e me virou, ficando por cima de
mim.
Paula: Ainda bem que você não gosta de mulher como eu, então. Assim não
precisamos nos relacionar, além de sexo.
Laura: Aliás, você anda muito cara de pau! -- olhando nos seus olhos.
Dizendo isso levou sua boca até a minha, me dando um beijo forte, violento,
agressivo. Sua língua invadia minha boca como se estivesse me beijando à
força. Suas mãos apertavam minha cintura.
Laura: Vou ligar pra Luíza, dizendo que você tá na falta, Deus o livre!
Ela foi correndo na cozinha e logo voltou com o copo. Deitou-se ao meu lado e
a abracei de frente. Era muito bom dormir com ela, parecia um ursão gostoso!
No dia seguinte acordei e fui pra faculdade. Durante a aula, uma das
professoras comentou sobre um intercâmbio de um semestre que a faculdade
proporcionaria a alguns estudantes, numa escola de arquitetura em Nova
Iorque. Meus olhos brilharam e imaginei como aquilo seria perfeito!
“Será que não é isso que eu preciso pra esquecer um pouco as coisas que
estão acontecendo?”
Saí da faculdade e pensei que tinha que fazer alguma coisa naquela tarde. Não
queria ficar a toda novamente! Me deu uma vontade imensa de andar de roller,
porém o meu havia ficado no meu quarto, em casa.
O dia estava frio e eu queria sentir o vento no meu rosto. Decidi ir buscar!
Entraria pela porta dos fundos e pegaria rapidinho, sem ninguém me ver.
Foi o que eu fiz! Fui até o apartamento e entrei pelo acesso dos funcionários.
Cheguei no meu quarto, peguei o roller e o coloquei na mochila. Quando ia
saindo, me lembrei do intercâmbio na faculdade em Nova Iorque.
“O seu Henrique não deve estar em casa, acho que vou pegar uns livros na
biblioteca pra fazer a pesquisa que a professora me pediu!”
Até que encontrei uma em que estávamos eu, a Alice e o seu Henrique. Eu e a
Alice devíamos ter uns 6 aninhos. Na foto, o seu Henrique estava abaixado,
com os joelhos dobrados e eu e a Alice em pé, uma de cada lado dele.
Comecei a reparar nos nossos traços. Realmente eu era parecida com ele.
Meus cabelos negros, minha pele branca, minha boca avermelhada!
“Mas peraí!”
Comecei a notar a Alice. Ela não era absolutamente nada parecida com o seu
Henrique. Quando era pequena os cabelos eram loiros, porém a pele era mais
moreninha que a nossa. A boca, o sorriso, nada dele! Muito menos os olhos cor
de mel. Nossos olhos eram completamente negros!
“Será?”
Eu não me lembrava muito bem da mãe da Alice. Ela podia ser parecida com a
mãe. Comecei a remexer compulsivamente naquela caixa. Depois de um
tempo revirando, encontrei uma foto da mulher. SIM! Boca, rosto, cabelos,
mãos! Tudo parecido! A não ser o que eu mais amava nela: seus olhos!
“Deve ser parecido com o da avó ou avô! Mas eu nem os conheço! SACO!”
BINGO!
Reparei, reparei, reparei! Nada! Ninguém com olhos fascinantes como aqueles!
“Eu não posso estar enganada! NÃO POSSO! A Alice não é minha irmã!”
Quando estava passando pela sala, ouvi o elevador apitar, anunciando que a
porta iria se abrir. Me encolhi num canto, atrás de uma cortina e esperei. Pude
ver a Alice e o Alessandro saindo.
Minhas pernas ficaram bambas, eu não sabia o que fazer! Me arrepiei toda e
suspirei fundo pra não chorar! Notei que ela estava com o shortinho curto e o
top, que usava para ensaiar, ou seja, ela só estava acompanhando-o até a
porta!
Capítulo 66
- Tamanho do Texto +
Entrei e coloquei minha mochila no chão. Fiquei ali, encostada numa barra de
apoio da parede, de braços cruzados. Escutei novamente o apito do elevador!
“É ELA!”
Laura: Oi!
Nesse momento, senti aquele cheiro maravilhoso. Fixei meu olhar nos olhos
cor de mel e sorri. Ela abaixou a cabeça, não querendo me ver.
Eu estava agindo por impulso, sem planejar, sem nem pensar! Puro instinto!
Num movimento rápido a abracei com força. Seu corpo quente colado no meu
era tudo que eu mais queria. Senti suas mãos envolverem meu pescoço e seus
dedos se enroscarem nos meus cabelos, do jeito que eu amava! Juntei minha
boca no seu pescoço e o beijei demoradamente, ao mesmo tempo que uma
lágrima caía dos meus olhos.
Continuamos um bom tempo daquele jeito, sentindo a paixão uma pela outra.
Separei nossos corpos e segurei seu rosto com as duas mãos. Limpei suas
lágrimas que caíam e acariciei sua bochecha. Ela ainda me segurava pelo
pescoço.
Quando me dei conta, nossos lábios se colaram. Sua língua invadiu a minha
boca com timidez. A minha respondeu se enroscando ainda mais na dela. Foi
quando nos grudamos totalmente, naquele encaixe perfeito, profundo, quente!
A Abracei com força, queria levá-la embora comigo! A Alice também me
colocou em seus braços, tão fortemente que parecia não querer me soltar
nunca mais!
“Ah! Que saudade dessa boca, desses braços, desse cheiro, dessa mulher!”
Foi quando, mais do que rápido, num susto, a Alice se separou de mim, dando
um salto para trás.
Alice: Essa não é a questão Laura! O que é igual na gente, corre entre nossas
veias!
Laura: Pára de não querer enxergar a verdade! Irmãs não sentem tanta paixão,
tanto tesão assim uma pela outra!
Peguei minha mochila do chão e a coloquei nas costas. Saí do estúdio batendo
a porta com força, sem nem olhar pra ela.
“Coração BURRO!”
- Tamanho do Texto +
Estava revoltada com toda aquela situação. Sentia uma angústia no peito, um
vazio!
Cheguei ao local e escolhi uma mesinha, na área externa mesmo, pra não ter
que tirar o roller dos pés. Logo fiz o pedido: capuccino e pão de queijo.
ADORO! Coloquei a mochila na cadeira ao lado e fiquei ouvindo as músicas do
ipod.
MARI!
“NÃO ACREDITO!”
Aquele trecho era o início da música. Me lembrei das inúmeras vezes que
dançamos ao som daquela batida e o quanto a gente amava cantá-la alto,
olhando uma pra outra!
Eu fiquei feliz pelo simples fato de ela dar um sinal de vida. Estava começando
a perceber o quanto aquela menina fazia falta pra mim!
Eu estava lá, toda boba olhando as mensagens, e nem reparei que uma
pessoa se sentou na minha frente.
..........: Oi Laurinha!
Laura: VINI???
Ele ficava lá, falando igual uma maritaca e não se tocava que eu não queria a
presença dele ali. Me concentrei e escrevi a seqüência da música pra Mari:
Esperei a resposta com os olhos grudados na tela do celular. Nem ligava mais
pro Vinícius ali. Pela saco!
“Aiii, cadê?”
.............: Cause everytime we touch, I get this feeling. And everytime we kiss I
swear I can fly! – senti alguém sussurrando no meu ouvido.
Dei um pulo da cadeira e quase caí por conta do roller no pé! Porém, a mesma
pessoa me segurou por trás, me colocando em pé novamente. Me virei
rapidamente e meu rosto ficou a apenas alguns centímetros do dela!
“Ah! Mari!”
Beijei seu pescoço e senti seu cheirinho gostoso. Nos separamos e ficamos
bem próximas, cara a cara, olho no olho. Sem aguentar a vontade, roubei-lhe
um selinho.
Mari: Louca!
Ela ainda me segurava pela cintura. Eu estava completamente feliz com ela ali!
Estávamos em outro mundo, somente eu e ela!
Laura: Porque não acredita? E olha o respeito, aqui ninguém se pega não!
Laura: Mari, vamos sentar em outra mesa, vem! – peguei na mão dela.
Mari: Laura, eu te conheço! Liguei pra Dani e ela me disse que você comentou
que tava a fim de andar de roller. Lembra quem sempre andava com você? E
quem sempre parava no Fran’s contigo pra tomar capuccino depois das voltas?
Era verdade! A Mari sempre me fazia companhia em tudo! Olhei pra ela e não
aguentei!
Mari: Só hoje?
Laura: Tá!
Fiquei reparando nela, no seu jeito, no seu cabelo. Como eu amava ver sua
franja de lado, caindo no olho. Ela estava com um jeans básico e um casaco de
moletom cinza, com o zíper fechado até o pescoço. Básica e linda! Voltou
dizendo:
Ela sorriu e arrastou a cadeira bem próxima a mim. Enrosquei meu braço no
dela e tive a impressão de que todos à nossa volta nos olhavam.
Tenho que admitir que um alívio muito grande surgiu no meu coração. Fazia
tempo que eu não sentia uma coisa boa, como estava sentindo naquele
momento. A tensão que eu havia passado minutos atrás com a Alice, havia
ficado pequena perto da felicidade em rever a Mari!
O jeito como ela me olhava, com carinho, diferente da Alice, que me via como
algo que repugnava!
Laura: Adoro quando suas bochechas ficam vermelhas por conta do vento! –
olhei-a sorrindo com os olhos.
Mari: Sua boca também fica! – colocando os dedos nos meus lábios.
Dei à ela que colocou nas costas. Imediatamente saiu correndo e saltou, se
pendurando num dos ferros de apoio.
Mari: VEM!
Eu não pensei duas vezes. Peguei impulso e pulei também! Ficamos rindo e se
balançando enquanto o metrô praticamente voava. As poucas pessoas que
haviam no vagão, pareciam se divertir com aquela cena.
Laura: É tão bom saber que temos uma pessoa que gosta das mesmas coisas
bobas que a gente!
Capítulo 68
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Laura: Oiii Paulinha! – dei um beijo no rosto dela. – A Mari veio tomar um
lanchinho com a gente!
Mari: Você fazendo bolo, Laurinha? – riu não acreditando no que tinha ouvido.
Fomos pra cozinha e a Paulinha foi logo fazendo um café. A Mari se sentou e
eu fui logo sentando no colo dela, pegando a assadeira com o bolo.
A Mari ficou parada, olhando, parecendo não acreditar no que estava vendo!
A Paulinha olhava pra gente, com um semblante do tipo “ai que bonitinhas,
gente!”
Laura: E aííí???
Paula: Meninas, fiquem à vontade! Eu trouxe serviço pra casa e vou pro meu
quarto dar uma organizada, qualquer coisa é só me chamarem, ok?
A Paulinha saiu e a Mari se sentou no sofá de frente pra mim, com a cabeça
relaxada no encosto. Fiz o mesmo e ficamos nos olhando. Ela passava os
dedos sobre os meus cabelos e o meu rosto, enquanto em segurava a sua
cintura.
Laura: QUAL?
Mari: Que bom que gostou da ideia! – disse mordendo o lábio inferior.
Mari: Só vai ver amanhã! Mas é nada de mais! Só quero fazer alguma coisa pra
você!
Passou a língua sobre os meus lábios e eu, mais do que rápido, invadi a sua
boca. Estava com saudade daquele beijo gostoso, quente, envolvente e
apaixonado que ela sempre me dava. A Mari sempre me beijava como se fosse
a última vez, como se quisesse levar aquele gosto pra vida inteira.
Eu adorava quando ela aproximava tanto o seu rosto do meu, como seu
quisesse entrar dentro de mim.
Aquela pegada gostosa que eu não sentia havia um bom tempo. O frio na
espinha novamente.
Esse tal arrepio que só ela fazia eu sentir. E ela sabia, porque sempre que eu
me tremia inteira, ela sorria com safadeza.
Era impossível parar de beijar aquela boca. A abracei forte e ela retribuiu.
Mari: Laurinha, preciso ir, tá tarde já! – disse olhando pro celular, vendo a hora.
Mari: Não dá, preciso dar uma organizada nas minhas coisas da faculdade.
Amanhã tenho algumas aulas importantes.
Laura: Tudo bem! – dei um selinho. – Não vejo a hora que chegue o jantar
amanhã!
“Ai, Mari!”
Depois que a Mari foi embora, me despedi da Paulinha e fui me deitar. Ela
ainda estava atolada nos serviços.
No dia seguinte eu estava mais animada. Fui pra faculdade como de costume e
no intervalo, uma professora me interviu.
Laura: Claro!
Laura: Eu adoraria ir pra Nova Iorque, ainda mais estudar, professora! Mas
acho que não estou num bom momento da minha vida! Acho que irei deixar
para outra ocasião.
Professora: Laura, você é uma ótima aluna e seria uma ótima representante da
nossa faculdade. Consegui com a coordenação do curso para que você passe
15 dias conhecendo as dependências do campus e experimentando assistir
algumas aulas. Se gostar e for do seu interesse, você é a nossa primeira opção
para o intercâmbio, a nossa pioneira!
Laura: Nossa, que honra professora! Mas não sei se posso aceitar, não sei se
estou num momento bom da minha vida! E eu sei que isso requer dedicação!
Professora: Olha, aqui estão os papéis necessários para você preencher para
participar desses 15 dias experimentais. Irão mais 3 alunos, porém de outros
cursos. Fique com os papéis e pense até semana que vem! Pense bem, ok?
Dani: Valeu, hein? Vê-se mesmo que não somos mais amigas!
Dani: Ãhn? Você tá louca, Laura? Olha só! – percebi que ela havia ficado
chateada.
Laura: Ei, você tá brincando, né? – fui atrás dela segurando seu braço. –
DANIELA!
Laura: Tudo isso só porque eu não te mostrei as coisas que estava mexendo?
Dani: Não, Laura! Simplesmente porque você não me conta mais nada, não
confia mais em mim!
Dani: Laura, faz quanto tempo que você não me conta suas coisas? A última
vez quem me contou foi a Mari, eu já tava sabendo de tudo e se dependesse
de você até hoje eu estava sem saber!
Laura:Ttudo bem, é besteira minha! Vem cá, pra te provar, vou te mostrar o
que eu estava olhando! – peguei na mão dela e a puxei de volta pra minha
carteira. – Eram essas fotos!
Laura: Dani, não é nosso pai! Me responde, quem se parece com ele nessa
foto?
Dani: Você!
Laura: Esse povo é toda a família dela, da França! Ela se parece com a mãe,
mas alguém tem os olhos dela?
Laura: Eu não sei! Não estou convencida com toda essa história Dani!
Dani: Mas você quer alguma coisa com isso tudo, não? – já supondo que eu
queria a Alice de volta.
Laura: Eu só não acredito nisso tudo, porque o que aconteceu entre a gente foi
MUITO forte! Mas não sei se quero ir adiante ou enterro esse assunto!
Dani: Laurinha, ela vai voltar pra Europa, custe o que custar! E a Mari?
Laura: Eu sei! E eu acho que tô gostando da Mari! Não digo que estou amando
ou completamente apaixonada, porque a Alice ainda toma 50% da minha
cabeça, mas tô curtindo demais a Mari!
Dani: Boba, vem cá! – ela me puxou e me apertou nos seus braços. – Tá chega
senão você vai querer me agarrar também! – rimos alto.
Dani: Laurinha, sua cara! Vamos entrar pra ver! Preto combina demais com
você, com seus olhos!
Laura: nossa, que profundo! Você serve pra ser personal stylist assim! – ria da
cara dela.
Realmente a roupa ficou muito bonita. Uma calça preta bem justa, sem bolsos,
o que ajudava a marcar ainda mais o corpo, e uma blusa de linho preta
também bem justa, principalmente nos braços, onde no pescoço se formava
um recorte na diagonal, com botões... o frio finalmente havia chegado em São
Paulo!
Paguei pela roupa e saímos. Já era final de tarde e eu precisava ir pra casa,
dar uma geral no visual. Me despedi da Dani e fui direto pro apartamento da
Paulinha.
Fui logo pro chuveiro, tomar um banho demorado. Eu tentava fazer as coisas
calmamente, mas a ansiedade estava me tomando a cada minuto que
passava. Eu nunca fiquei tão ansiosa assim em pensar que iria ver a Mari.
Tudo bem que os pais dela estariam em casa, mas só em imaginar que eu iria
estar perto dela novamente, aquele frio curioso na espinha já subia.
Fui apressada em direção à porta e nem me dei conta que a Paulinha já estava
em casa.
Paula: Boa sorte, viu? Você sabe que torço por você! – me deu um beijo no
rosto.
“NOSSA!”
“PAPAI, ME SEGURA!”
A Mari estava somente com uma calça jeans, bem justinha e clara e uma
regata cinza bem decotada. Um perfume delicioso veio em minha direção.
Mari: Não importa! – pareceu decepcionada por eu não ter respondido sua
pergunta.
Ela quase me fazia gozar com o simples toque da sua língua na minha e das
suas mãos no meu corpo.
Laura: Ai linda, claro que é! Você fazendo um prato pra mim já é TUDO!
Mari: Vamos comer, linda! A gente ainda vai ter tempo pra ficarmos juntas! –
ela sorriu perto no meu rosto.
Realmente estava uma delícia aquele jantar que ela havia preparado. O
ambiente aconchegante e a música faziam com que tudo ficasse ainda mais
perfeito.
Mari: Topa?
Lambeu a minha orelha, fazendo com que o arrepio na espinha subisse mais
acelerado quanto de costume, e foi em direção à outra cadeira. Puxou-a,
distanciando-a um pouco da mesa, e fez sinal com a cabeça para que eu me
sentasse ali. Curiosa com o que estava para acontecer fui sem nem pensar.
Me sentei e a Mari ficou em pé, na minha frente. Não aguentei e peguei na sua
cintura, subindo um pouco a blusa e dando um beijo na sua barriga, perto do
botão na calça. Imediatamente ela enroscou os dedos em meus cabelos e o
puxou com força, fazendo com que eu a olhasse nos olhos.
Eu sorri. De repente ela tirou do bolso de trás da calça uma tira de cetim preta.
Tirou as minhas mãos da sua cintura e foi para trás de mim. Devagarzinho
passou o tecido sobre os meus olhos e deu um nó atrás da minha cabeça, me
vendando. Esbocei um sorriso nos lábios e mexendo nos meus cabelos disse
praticamente gemendo:
Tremi dos pés à cabeça. Aquele clima de mistério e aquele tecido encharcado
com o seu perfume me deixaram em pleno êxtase! De repente ela colocou uma
música que eu adorava: Touch My Body – Mariah Carey.
“QUE TESÃO!”
Mordi os lábios só por imaginar o que ela fazia enquanto eu estava com os
olhos tapados. Quando, de leve, senti suas mãos quentes já passeando pelo
meu rosto. Foram descendo cada uma em um lado no meu pescoço, ombro,
braços, até que encontraram ass minha mãos. A Mari as pegou e as colocou
na sua cintura!
“ELA ESTÁ SEM A BLUSA!”
Eu não conseguia ver nada, mas as minhas mãos agora eram meus olhos e
isso estava me deixando totalmente enlouquecida. Seus beijos foram descendo
para o meu pescoço.
Mari: Touch my body, know you like my curves, c’mon and give me what I
deserve! – sussurrou no meu ouvido junto com a música.
Apertei sua bunda com força, fazendo com que ela chegasse mais perto de
mim.
Ela passou as pernas sobre a minha cintura e se sentou no meu colo. Minhas
mãos queriam cada canto daquele corpo. Apertava suas coxas enquanto ela
beijava meu colo. Suas mãos foram subindo a minha blusa, me despindo. Eu
estava completamente entregue ao momento!
Joguei a cabeça para trás, suplicando para que seus beijos continuassem.
Massageou com as duas mãos os meus seios e lambeu os meus ombros. Eu
arranhava suas costas devagarzinho, fazendo com que gemesse baixinho, só
pra mim.
Fiz que ia tirar o tecido dos olhos, mas ela interviu, afastando a minha mão e
me dando um beijo fogoso na boca.
Mari: SAFADA!
Sorri e ela continuou. Foi descendo com a boca até que finalmente alcançou
meus seios. Não tirou meu sutiã, passava os lábios sobre ele, me fazendo
querer mais, mais e mais! Suas mãos chegaram no zíper da minha calça e
enquanto minhas mãos estavam sobre sua cintura, sentia que ela dançava
sobre mim, bem devagarzinho, gostoso!
Mari: GOSTOSA!
A música mudou: Brake The Ice – Britney Spears. Com o corpo totalmente
colado ao meu, foi tirando devagarzinho o tecidos dos meus olhos, enquanto
me beijava. Abri os olhos, enquanto ela jogava o tecido no chão e pude ver
aquele corpo perfeito numa lingerie maravilhosa vinho escuro.
“MAMÃE!”
Minhas mãos a queriam inteira. Num fogo intenso, ela me levou em direção à
mesa. Me beijando desesperadamente, passou o braço sobre as coisas,
jogando tudo que havia sobre o móvel no chão, me empurrando, fazendo com
que eu me deitasse. Veio pra cima de mim, como uma leoa contra uma presa!
Dizendo isso foi descendo devagar por todo o meu corpo. Finalmente tirou o
meu sutiã, tomando meus seios em sua boca. Meu corpo suplicava por aquilo.
Joguei a cabeça pra trás permitindo-a fazer o que quisesse de mim. Suas mãos
na minha barriga, devagar, me deixavam doida. Foi descendo a boca mais um
pouco até encontrá-las. Eu já me contorcia por inteira. Apertava minhas coxas,
enquanto esfregava o rosto sobre meu sexo, ainda coberto pela lingerie. De
repente, com violência, tirou minha calcinha com força e me invadiu com a
língua, me fazendo gemer ofegantemente repetidas vezes. Ao mesmo tempo
me penetrava. Com sua língua safada e sua boca esperta, gozei
demoradamente.
A puxei para cima de mim de novo, beijando a sua boca violentamente. Mordi
com força seu lábio inferior enquanto tirava seu sutiã. Me levantei rapidamente
e fui guiando-a até o sofá. Empurrei-a com força, fazendo com que se
sentasse. Fiquei de joelhos sobre ela, que rapidamente quis beijar minha
barriga. Agora era minha vez. Tirei sua calcinha enquanto beijava, sugava e
lambia seus seios maravilhosos. Meus dedos sentiram seu sexo totalmente
molhado. Penetrei-a ao que ela fechou os olhos e mordeu o próprio lábio.
Afastei suas pernas e fui descendo devagar por toda a extensão da sua
barriga, até, finalmente chegar ao seu sexo. Chupei com vontade, força e
tesão. Ela rebolava pra mim, pedindo mais. Senti seu corpo tremer e seus
gemidos ficaram mais altos. Ela gozou e eu pude sentir o seu gosto na minha
boca. Fiquei ali mais um tempo acariciando aquele corpo maravilhoso. Depois,
fui subindo devagar, indo ao encontro da sua boca, que sorria, esperando a
minha.
Sentei no seu colo, de frente pra ela e nos beijamos como se o mundo fosse
acabar naquele mesmo minuto. Nossos corpos quentes e unidos como nunca.
Era muito bom sentí-la comigo.
Sempre que ela me olhava daquele jeito eu sentia como se quisesse invadir
minha alma, me desvendar por inteira!
Laura: Olha o que você faz ali! – rindo e mostrando a bagunça sobre a mesa.
A beijei novamente. Aquele beijo que me fazia ver estrelas, flutuar. Aquela
boca que parecia se encaixar perfeitamente à minha. E aquela pegada que me
fazia arrepiar toda.
Mari: Fique tranqüila, ninguém vai aparecer tão cedo! Hoje é tudo nosso!
Entre beijos e amassos me levou até o seu quarto e meu jogou na cama. O
ambiente estava com o seu cheiro e com uma luz bem fraca, como na sala de
jantar. Veio para cima de mim, devagarzinho, sorrindo de canto, até que
alcançou minha boca novamente.
Suas mãos passeavam de leve sobre mim e seus lábios calmamente selavam
os meus. O modo como ela me tocava era diferente de tudo que eu já havia
sentido. Envolvia muita vontade e carinho ao mesmo tempo. Os cabelos ruivos
sobre o meu rosto, fazendo cócegas, me deixavam ainda mais relaxada e
entregue a ela.
Era como apreciar o pôr do sol numa praia paradisíaca. O alaranjado brilhante
dos seus cabelos me deixavam cada vez mais envolvida e o calor do seu corpo
me satisfazia de uma maneira inacreditável. Sua respiração era como as ondas
do mar, gostosa de ouvir!
Eu podia passar a noite toda com ela sobre mim, me beijando! Estar ali,
deitada, sentindo todo seu amor, era a coisa mais gostosa do mundo. Minhas
mãos, sem malícia, passavam de leve sobre as suas costas e iam até seus
cabelos. Seus dedos acariciavam meu rosto de uma forma tão pura que me fez
acreditar que aquilo era um sonho!
Mari: TE AMO! – disse quase sem voz, roçando sua boca na minha.
Puxei-a pela nuca para um beijo intenso, profundo, que no meu íntimo, parecia
querer dizer o mesmo para ela. Percebi que, involuntariamente, senti vontade
de dizer, mas me contive, não podia!
Aquele momento era tão intenso quanto a primeira vez que havia ficado com
ela. Nossas línguas, calmamente dançavam e em alguns momentos eu
ganhava uma mordiscada.
Ela fez que ia se levantar, mas eu fui junto. A segurei-a pela nuca e a puxei
novamente para minha boca.
Ela sorriu, me olhou e voltou a me beijar, dessa vez jogando ainda mais o peso
sobre mim.
Não sabia o que estava acontecendo, mas eu não queria sair dali, não queria
deixar o corpo dela se afastar do meu. Naquele momento eu só queria ter o
poder de parar o tempo e estagnar o universo, pra podermos viver todas
aquelas sensações que estávamos sentindo.
Nada daquilo era novo, mas meu coração estava transbordando de alegria em
poder ter a Mari comigo novamente. Ela fazia eu me sentir extremamente
amada!
Querendo senti-la ainda mais próxima de mim, troquei de posição, ficando por
cima. Minhas mãos agora passeavam sobre sua barriga e suas coxas. Eu
brincava de morder de leve seu rosto, causando cócegas e sorrisos. Era tão
lindo vê-la sorrindo, mais ainda quando eu estava tão próxima da sua boca.
Laura: Eu estou completamente viciada em você, sabia?
Aos poucos, ela abriu as pernas, fazendo com que eu ficasse entre elas.
Apertava minhas costas e me puxava mais perto dela. Minha língua estava
ainda mais em contato com a dela. Suas mãos desceram lentamente até minha
bunda e enquanto sentia seus dedos deslizarem bem devagar, aquele arrepio
foi tomando conta de todo meu corpo.
De repente, com força, apertou a minha bunda, fazendo com que nossos sexos
se tocassem. Ela me olhou e mordeu o lábio inferior.
Mari: Gostosa!
Não tive dúvidas. Lentamente comecei a rebolar sobre ela. O contato ainda não
era total. Ela fechou os olhos e se arrepiou toda. Ao mesmo tempo comecei a
beijar o seu pescoço. Ela apertava ainda mais a minha bunda, para que eu
intensificasse o toque.
Ela sorriu e jogou a cabeça para trás, suplicando para que a minha língua
viajasse pelo seu corpo. Mas eu queria brincar um pouco mais com seu tesão.
Enquanto beijava seu colo, rebolei com rapidez, pressionando ainda mais o
meu sexo no dela, que gemeu abafado. De repente parei. Ela me olhou com
uma cara do tipo “como assim?”. Eu sorri e calmamente comecei a beijar seus
seios. Dessa vez ela enroscou os dedos nos meus cabelos e acariciava a
minha nuca. Minhas mãos foram descendo através do seu corpo e apertaram
suas coxas e sua bunda. De leve passei os dedos sobre sua virilha. Seu corpo
amoleceu. Foi quando a penetrei com os dedos.
Arqueou o corpo para frente e me puxou ainda mais contra seus seios. Eu
sabia que ela estava extremamente excitada. Meus dedos não se mexiam, era
ela quem rebolava para eles.
Mari: Vai... delícia!
Quando eu percebi que seu corpo iria alcançar o auge, tirei os dedos e afastei
meus lábios dos seus seios. Ela me olhou, sorriu de canto, com safadeza e
puxou os meus cabelos.
Mari: Gostosa!
Novamente senti seus pelos se ouriçarem. Foi quando toquei seu sexo
novamente com o meu. Ela abriu ainda mais as pernas para facilitar o contato e
arranhou as minhas costas com vontade. Comecei a rebolar novamente, bem
devagar, enquanto mordia e chupava seu queixo e seus lábios. Com uma mão
ela puxou minha cabeça para um beijo quente. Sua língua entrou na minha
boca com tesão, se enroscando na minha sem pudor. Enquanto a outra mão
apertou a minha bunda novamente, querendo o contato mais profundo. Eu
queria fazê-la sofrer mais, porém naquela pegada me rendi totalmente,
soltando gemidos altos entre beijos. Minhas mãos a apertavam contra o meu
corpo e eu rebolava cada vez mais rápido. Ela se esfregava e também tentava
rebolar embaixo de mim. Eu sentia seu corpo todo colado ao meu. Aquele calor
gostoso. Aquele cheiro maravilhoso. Aquela mulher deliciosa. Gozamos juntas,
gemendo alto, chamando uma pela outra. Aquela mulher ainda me matava de
tanto tesão.
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Passamos a noite toda juntas... muito amor e muito carinho. A Mari era perfeita,
um encanto de mulher, a pessoa que qualquer um gostaria de ter ao lado.
Mari: Tá quase na hora, por isso estou te perguntando! Se quiser, pode ficar
aqui!
Laura: Eu vou sim, não posso ficar faltando tanto! Posso tomar um banho? –
me espreguiçando.
Mari: Que boba! Você acha que precisa perguntar isso, Laura? – riu da minha
cara.
Laura: Só não peço pra você me dar um banho porque não chegaria hoje na
faculdade! – dando um cheiro no seu pescoço.
Mari: Ooolha, eu sou uma menina muito comportada, viu? – fingindo estar
brava.
Laura: Claro!
Laura: Eu tenho que passar na casa da Paulinha colocar uma roupa mais
adequada pra aula e pegar meus materiais. Vamos comigo?
Peguei minha bolsa e ela a mochila para depois também ir à aula e seguimos
em direção à Paulista. O dia tava bonito, céu bem azul, limpinho e um vento
gelado, bem frio. Fazia tempo que eu não via um céu tão bonito em São Paulo.
Fomos caminhando até a casa da Paulinha, ainda tínhamos um tempinho, mas
se chegássemos atrasadas não estávamos nem aí!
Mari: A gente vai! A Laura veio buscar os materiais dela e trocar de roupa!
Dei um beijo na Paulinha e fomos. Troquei a roupa por uma mais confortável e
coloquei um tênis no pé. Peguei minha mochila e fomos. Antes de sairmos, de
frente pra porta, a Mari me segurou pelo braço, me olhando nos olhos.
Mari: Eu faria quantas vezes fosse preciso! Inventaria um prato por dia pra ter
você comigo!
Laura: Eu não posso dizer muita coisa, Mari! Mas gostaria que soubesse que
você é extremamente importante pra mim e que está me fazendo muito feliz!
Peguei na sua mão e descemos até o metrô. Eu iria para um lado e ela para o
outro. Nos despedimos e fomos para direções diferentes. De longe fiquei
fitando o quanto a Mari era linda e pensando no quanto ela estava me fazendo
bem. Então corri em sua direção. Ouvindo meus passos acelerados ela se
virou assustada.
Mari: Que foi Laurinha? – cheguei abraçando-a.
A abracei mais forte ainda e a enchi de beijos no rosto. Todos olhavam, alguns
explicitamente, outros tentavam disfarçar.
Soltei-a e fui pra plataforma do metrô que eu teria que pegar. Parei e fiquei lá,
pensando, em tudo aquilo, na noite anterior.
“Acho que estou começando a me envolver com a Mari. Ela está me fazendo
tão bem, tão feliz! Eu quero faze-la feliz também! Tenho vontade de fazer com
que ela se sinta realizada! Acho que finalmente a Alice está saindo da cabeça,
como ela queria! Eu sei não somos irmãs, mas a Alice não me deixa escolhas,
não me quer por perto, eu gostaria de provar a ela que não sou louca, nem
doente por gostar dela. Mas ela não quer saber disso, não quer saber de nada
que venha de mim! Já a Mari, ahhh a Mari! Ela é perfeita, carinhosa, atenciosa,
amorosa e uma pessoa extremamente sensata e companheira! EU QUERO
ELA SÓ PRA MIM!”
.........: Acho que nenhum homem nunca te pegou de jeito, isso sim!
“Que abusado!”
Laura: Olha só, cara! Eu ia te ignorar! Mas não preciso esconder de ninguém,
eu gosto sim de mulher. A minha é maravilhosa, você viu? E você? Deve ser
um mal amado que nem namorada tem!
Laura: Sou lésbica com muito orgulho! Você deve ser um frouxo que as
mulheres não querem! Sai de perto de mim que tenho nojo de você! – eu dizia
sem nem pensar, com o tom de voz alterado.
..........: Ei! Deixa a garota em paz, cara! – disse outra menina atrás de mim.
.........: Ah! Mais uma pra se juntar à laia dessa aí! – o cara ainda insistia.
..........: É... seu hipócrita, vai procurar o que fazer! – a menina se intrometeu de
novo.
Laura: Se você tocar um dedo sujo em mim você não perde por esperar! Olha o
tanto de gente que é testemunha, seu imundo! – encarei-o.
.........: Desculpa me intrometer, é que não consigo ver esse tipo de coisa e ficar
quieta.
..........: Pois é! Mas tá cheio disso por aí! Eu mesma já vivi coisas piores!
Laura: A Mariana, por enquanto, é uma pessoa muito especial! Somos amigas
desde os 7 anos de idade e a pouco tempo estamos “ficando”! – sorri sem jeito.
Carol: Nossa, que história bacana! Parabéns! Vocês combinam... digo... fazem
um casal bonito! – ela sorriu também. – Tomara que ela consiga uma chance a
mais com você!
Carol: Percebi que esse “gosto” tem algum bloqueio, algum impedimento. Mas
tudo bem!
Laura: Arquitetura!
Laura: Até mais Carolina! Obrigada viu? Por me dar uma força no metrô! –
sorri.
Dani: Não não, obrigada! Mas me conta, como foi o jantar ontem? Tô super
curiosa!
Laura: Ai Daaani! Foi mais que maravilhoso! Você acredita que a Mari fez, ou
melhor, criou um prato pra mim?
Laura: Pára de zoar com a cara dela! Ela é linda mesmo e eu tô encantada!
Acho que tô começando a me envolver mesmo com a Mari! – com cara de
pateta.
Laura: Depois eu dormi na casa dela e vamos almoçar juntas hoje. Eu que
convidei!
Dani: Aaai... não acredito! Tô torcendo muito por vocês, viu? – abrindo um
sorriso enorme e pegando na minha mão.
Laura: Eu preciso tirar a Alice da minha cabeça, Dani! Não consegui ainda
100%, mas sei que estou evoluindo e a Mari está sendo essencial pra mim!
Dani: Você vai conseguir! A Mari te ama, Laurinha! Eu não tenho dúvidas disso!
Laura: Sabe... eu ainda não consegui dizer “eu te amo” pra ela! Acho que
porque ainda não esqueci totalmente da Alice. Ontem me deu muita vontade de
dizer, quando ela disse que me amava, mas me segurei!
Dani: Mas você tá certa, Laurinha! Só diga isso a ela quando tiver certeza que
a ama e que esqueceu de vez a Alice!
Fiquei ali, sentada, viajando nas pessoas que passavam e tomando o meu
suco. Foi quando, de longe, avistei a Carol. Ela vinha em minha direção com
um sorriso estampado no rosto.
Laura: Ah! Nem vale a pena ficar esquentando a cabeça com gente ignorante!
Carol: Não, por enquanto! Mas eu estou completamente apaixonada por essa
“amiga”!
Carol: Sim! Eu conheço ela há muitos anos também! Já havia ficado com ela
há algum tempo atrás, agora por acaso a reencontrei e estamos ficando
novamente!
Laura: Ainda não sei, porque até a algumas semanas eu namorava outra
menina e é muito recente toda a história. Foi um baque muito grande pra mim a
gente terminar e mais ainda por alguns motivos graves! – fechei a cara.
Carol: Mas o jeito como a ruivinha te olhava na estação entregou o quanto ela
gosta de você!
Laura: Eu nem ligo. Vou ficar esquentando a cabeça com isso, Dani?
Laura: Ahh! Eu queria mais era sair de perto daquele nojento, isso sim!
Carol: É verdade! Bom, meninas, eu tenho que ir, depois a gente se fala mais!
– deu um beijo na nossa bochecha e saiu. – Tchau!
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Dani: Eu vi a folha cheia de corações e imagino pra quem seja! – sorriu com
malícia.
Dani: Ai Laurinha! Tô tão feliz! Você está apaixonada pela Mari! – disse no meu
ouvido.
Dani: Eu acho!
Ela sorriu pra mim com aquela boca maravilhosa. Um sorriso que me tirou o
chão e me levou às nuvens. Acelerei os passos e quando a alcancei a apertei
num abraço forte, demorado, gostoso.
Mari: Oi linda!
Laura: Almoçar! Acho que numa cantina italiana. Eu sei que a Mari adora! –
olhei pra ela, que sorriu. – Vamos também?
Dani: Tô fora, ser vela. Vou comer arroz e feijão em casa mesmo, fiquem
tranquilas! – rimos.
Mari: Vamos!
Nos despedimos da Dani e fomos caminhando. Pegamos o metrô e voltamos
pra região da Av. Paulista. Levei a Mari numa cantina italiana perto da
Brigadeiro. Era um lugar bem aconchegante, familiar e que eu sabia que
serviam as melhores massas da região. As mesas eram separadas
intimamente, sendo que quem sentasse ao lado não conseguiria ouvir o que
conversávamos. Nos sentamos e logo o garçom se aproximou com os
cardápios.
Mari: Hum, não sei, o que você acha deste? – apontando para um prato
gratinado.
Laura: Você vai gostar desse vinho, é muito bom! – aproximei a minha cadeira
da dela e peguei na sua mão que estava apoiada na sua perna.
“Será? Paixão? Amor? O que é isso que sobe fazendo cócegas na minha
barriga e aflora como um sorriso imenso no meu rosto?”
Mari: Não consegui parar de pensar em você hoje na aula! – sorriu de canto.
Laura: Eu também! Você bem que podia gostar de arquitetura pra estar na
minha sala! – brinquei.
Laura: É verdade! Você não sabe o que me aconteceu hoje no metrô, depois
que me despedi de você!
Mari: Nossa, linda! Devia ter me dado um toque no celular que eu voltava!
Laura: Mas eu saí e ignorei o cara! Não vale a pena, Mari! E também a
Carolina foi comigo e por acaso a gente estuda na mesma faculdade, mas ela
faz jornalismo!
Laura: Ih! Não precisa ficar de ciuminho, boba! – dei-lhe um beijinho no rosto –
Tem nada a ver, ela só foi legal comigo, em ter me dado uma força. Até me
contou que está apaixonada por uma amiga e que tá ficando com ela! – eu
conhecia a expressão de ciúmes da Mari, ela franzia a testa e apertava os
olhinhos, parecendo emburrada, desde criança ela fazia assim... LINDA!
Nesse momento o garçom chegou com o nosso pedido. A massa estava bem
apresentável num prato de barro, o que encheu de água a boca. Serviu-nos o
vinho em duas taças e colocou a garrafa sobre a mesa. Em seguida serviu-nos
com a massa e saiu, pedindo licença.
Muitas vezes ali, olhando pra ela, naquela mesa, eu me dispersava dos
assuntos e meus pensamentos me desafiavam a pedi-la pra ficar comigo, não
só naquele momento, mas sempre, todos os dias. Um namoro? Sim! Mas o
medo, sempre o medo, me fazia recuar. Eu sabia que precisava de mais um
tempo e fazer tudo de uma forma mais que especial, afinal, a Mari não é uma
garota qualquer. Às vezes eu pensava até que eu não a merecia, ela era tão
perfeita no seu jeito de ser!
Laura: Muito boa a massa daqui! É tudo feito pela casa! – sorri pra ela, que
correspondeu.
Eu observava a maneira como ela gesticulava, sorria e me olhava. Era tudo tão
natural e tão lindo! A Mari não queria ser outra pessoa, era ela mesma, na sua
singularidade. Quando queria explicar alguma coisa, fazia uns movimentos
engraçados com a mão, como se estivesse desenhando no ar, dando uma aula
a uma criança, ao mesmo tempo tentava arregalar os olhos, o que era
praticamente impossível, definitivamente eram tão pequenos. Mas quando me
olhavam... ah! Quando me olhavam... eu me derretia! E quando sorria? Eles
fechavam e eu não entendia como ela ainda conseguia enxergar! Eram coisas
assim que eu reparava quando estava com ela.
Abri a mochila e peguei um estojinho que sempre levava com uma escova de
dentes e um creme dental. Me levantei e fui em direção ao banheiro. Eu
definitivamente estava nas nuvens. Foi maravilhoso esse tempo que
almoçamos juntas, conversando, rindo, nos divertindo. Pensei que poderíamos
estender a tarde num shopping pra pegarmos um cinema ou coisa parecida.
Fiz o que tinha que fazer e voltei pra mesa, decidida em passar a tarde com a
Mari.
“Tadinha, deve estar cansada da noite passada! Um cinema vai ser bom
mesmo pra ela relaxar.”
Laura: Mari! – me espantei, afinal, eu tinha deixado ela ali feliz e não chorando.
– O QUE ACONTECEU?
Aproximei minhas mãos das dela, que rapidamente as tirou de perto de mim.
Não entendi! Aquilo me apertou o coração e eu nem sabia o porquê! Ela estava
estranha, parecia extremamente nervosa e fora de si.
Laura: Mari! Calma! O que foi? Por que você está chorando tanto?
Quando fui limpar as lágrimas que caiam dos seus olhos ela virou o rosto.
“Ai meu Deus! O problema é comigo mesmo!” pensei, já aflita.
Laura: Mariana! Vamos conversar! Fala comigo pelo amor de Deus! – meus
olhos também já se enchiam de lágrimas.
Ela não disse uma palavra sequer, apenas colocou em cima da mesa alguns
papéis, que as lágrimas que queriam cair, não me deixaram ver direito.
Mari: Eu não mexi na sua mochila. Quando você pegou o estojinho, eles
caíram e você não percebeu. Eu só os peguei do chão. – abaixando a cabeça e
chorando ainda mais.
Tentei limpar os olhos com as mãos, para tentar identificar do que se tratava.
Foi aí que notei!
“AH! NÃO!”
Fiquei atordoada. Não sabia o que a Mari podia estar pensando ao ver aquilo
tudo. SIM! Eram as fotos que peguei na biblioteca e o papel de preenchimento
para o intercâmbio em Nova Iorque.
Ela me olhou com uma dor profunda. Aquilo partiu o meu coração em pedaços,
até que não aguentei e uma lágrima saltou dos meus olhos.
Mari: Sabe! Eu não estou brava com você, não é isso! Eu só estou triste
comigo mesma, só.
Laura: Não, Mari! Não tem motivo pra você estar triste. – eu definitivamente
não sabia o que dizer.
Mari: Laurinha, agora eu sei... eu nunca vou ter você! NUNCA! – passando as
mãos nos olhos.
Mari: Essas fotos! Você não se conforma de serem irmãs! Você não se
conforma de ter perdido a Alice, Laura! – ela começou a ficar mais
desesperada ainda.
Mari: Calma, Laura? Como eu posso ter calma se a pessoa que eu amo não
me ama? Está comigo pensando em outra.
Mari: Como eu pude imaginar que conseguiria fazer você me amar? Como
pude me enganar a tal ponto? Desde o início você é dela. – abaixou a cabeça
na mesa.
Mari: Você quer enganar a quem, Laurinha? Olha aí, é só você preencher.
Laura: Mas eu não vou preencher! A professora insistiu para que eu pegasse e
eu só peguei pra não ficar chato, só isso.
Mari: Laura é seu sonho, você tem que ir! Eu só queria que você tivesse me
contando. Eu queria me preparar pra isso, pra ficar longe de você!
Mari: Você não vai por causa dela? – mostrando a foto da Alice.
Laura: Eu não vou porque não é o momento certo! Ainda tenho quatro anos de
faculdade pela frente, não vai ser minha única oportunidade!
Mari: Você tem que ir, Laurinha. Você tem que ser feliz! – chorava sem parar.
Eu não sabia mais o que pensar. Tudo foi como um tiro no peito. Desmanchou
todo aquele clima que havíamos construído.
“Por que eu tive que deixar essas besteiras na minha mochila? Sou muito burra
mesmo! Não quero fazer a Mari sofrer, NÃO MESMO!”
Laura: Ninguém tem nada a ver com a gente. Vamos conversar, Mari!
Mari: Eu realmente preciso ir, Laurinha. – puxando o seu braço e saindo com
pressa.
Eu sabia que não era teimosia da Mari. Estava mais que estampado no seu
olhar que ela realmente estava envergonhada com toda aquela situação. A
Mari nunca foi possessiva, nem teimosa, mas sim muito tímida.
Guardei as coisas na minha mochila e não pensei duas vezes, fui atrás dela.
Quando cheguei na calçada a vi de longe, andando rápido, de cabeça baixa.
Corri o mais rápido que pude e consegui alcançá-la, antes que atravessasse
uma avenida. A abracei por trás, chorando desesperada.
Ela se virou, ficando frente a frente comigo. Levantou o meu rosto pelo queijo e
olhou nos meus olhos.
A abracei com toda força que Deus me deu e, naquele mesmo minuto, um
trovão iniciou uma tempestade fortíssima. A água gelada começou a nos
encharcar e eu não queria soltá-la. Eu não podia perder a Mari, aquilo tudo
estava doendo demais!
Laura: Eu não quero ficar longe de você, por favor! – chorava ainda mais.
Mari: Venha, Laurinha. Eu vou com você. – me levantou pelo braço e me guiou
até o elevador.
Mari: Você não tem que me pedir desculpas de nada, Laurinha. – me deu um
beijo no rosto.
Fomos pro meu quarto e eu separei uma roupa minha pra Mari colocar.
Fomos pro banheiro e eu liguei o chuveiro pra ela, que sem esperar muito
entrou debaixo da água. Me sentei no vaso sanitário para esperá-la. O clima
estava tenso. Estávamos em meio a um silêncio cortante, que machucava. Eu
não podia perder a Mariana. Naquele momento eu passaria por tudo, menos
por isso!
“Será que estou apaixonada por ela? O que está acontecendo comigo? Por
que esse medo imenso de perder a Mari?”
Ela continuava ali, tomando banho. A olhei, ela estava de costas, linda!
Observei todo seu corpo e seus cabelos lisos molhados.
Não suportei! Me levantei com pressa e entrei no box com roupa e tudo. A Mari
se assustou e me olhou. A segurei pelos braços e a puxei pra junto de mim,
envolvendo-a num abraço apertado. Apertei sua nuca com força e suguei sua
boca num beijo precisado, desejado... apaixonado! Ela puxou os meus cabelos
e me levou pra baixo da água.
Mari: Laura! Você não me ama como eu te amo. Não sou eu quem você quer e
hoje eu tive mais que provas disso. – se enrolando na toalha.
“Por que eu ainda tenho que amar a Alice? Por que essa garota não sai da
minha cabeça? Por que eu não posso fazer a Mariana feliz?”
Ela saiu do box e foi logo se enxugando e colocando a roupa que eu emprestei.
Mari: Tome banho logo, antes que você se resfrie! Vou te esperar lá fora! – e
foi saindo, ainda colocando a roupa aos tropeços.
Tirei a minha roupa e fiquei ali, recebendo a água quente no meu corpo.
“BURRA! BURRA! BURRA! Como você pode ser tão idiota, Laura? Como seu
coração pode se enganar tanto?”
Eu não sabia mais o que fazer. Estava sentindo que naquele momento eu
também estava perdendo a Mariana. Eu entendi perfeitamente a sua reação às
coisas que ela viu. As fotos que peguei na biblioteca não deveriam ter ficado na
minha mochila e eu deveria ter esquecido essa história, da mesma maneira
que a Alice também esqueceu. Mas eu não conseguia me desprender daquilo
tudo, de todo aquele drama e daquela confusão. Eu sentia que ainda tinha
coisas a fazer, mas sentia também que eu não podia magoar a Mari, eu não
tinha o direito disso. Ela que sempre quis meu bem, sempre me tratou como
um tesouro, uma jóia, não podia fazer com que ela se sentisse um nada. Ao
mesmo tempo que a minha vida precisava ser esclarecida, eu também tinha
sede de dar a Mariana tudo que ele me dava, me proporcionava, me fazia
sentir. Eu precisava fazer com que ela se sentisse viva. Mas e todas as dúvidas
e mal entendidos que ainda rondavam a minha história com a Alice? Seria
melhor deixar o vespeiro de lado e seguir em frente? Eu ainda não tinha
respostas para todas as perguntas que assombravam a minha mente, mas eu
as queria!
Laura: Claro!
Fui até o quarto e revirei minha nécessaire. Eu sempre levava comigo uma
bolsinha com remédios. Olhei através do vidro da janela e a tempestade ainda
estava forte. Me aproximei ainda mais da janela e pude ver com maior clareza
o caos que São Paulo havia se tornado. Semáforos desligados, carros
buzinando, pessoas correndo e o céu, que na mesma manhã estava um azul
limpinho, agora era acinzentado, quase negro!
Mari: Olha, não quero te pressionar, nem nada. Mas quero que você resolva a
sua vida.
Mari: Quero que você vá pra Nova Iorque porque eu sei que é o maior sonho
da sua vida. Ainda mais para estudar arquitetura numa escola super
renomada. Você não pode perder essa oportunidade.
Laura: Mas a minha vida está muito turbulenta, Mari! Não é a hora!
Mari: É a hora sim, Laurinha! Você tem que recomeçar. E eu vou estar aqui
sempre que você precisar, porque eu nunca vou deixar de te amar.
Laura: Não é justo isso. Não quero ficar sem você.
Mari: Você não vai ficar sem mim. Nós sempre fomos amigas e sempre
seremos. – seus olhos se encheram de lágrimas e ela parecia fazer força para
não deixá-las cair.
Laura: Mas eu quero você sempre comigo, Mari! Você não entende? – peguei
na sua perna.
Mari: Laurinha! Eu acho que você tem que resolver todo esse sentimento que
tem pela Alice. Não posso fingir que não sei que a ama. Não dá pra ficar com
alguém que, mesmo eu sendo louca e apaixonada, não me ama e ainda por
cima sofra por outra pessoa.
Abaixei a cabeça e comecei a chorar baixinho. Eu não queria amar a Alice, não
mesmo! Eu queria amar a Mari, que eu tinha certeza que me amava também.
Que sentimento terrível era o de não poder corresponder às expectativas de
uma pessoa que faz de tudo por você!
Mari: Vou só ligar pra minha mãe! Ela deve estar preocupada comigo com toda
essa tempestade, tá bom?
Fiz que sim com a cabeça e ela pegou o celular, discando pra mãe. Logo que
falou com ela voltou, ficando de frente comigo e passando os dedos sobre os
meus cabelos.
Dei um espirro e comecei a bocejar. A abracei pela cintura e a puxei pra bem
pertinho de mim, ficando aconchegada no seu pescoço. Ela me fazia carinhos
e dava beijinhos na minha cabeça. Depois de um tempinho, mesmo não
querendo, peguei no sono.
Não tive sonhos e nem senti frio, acho que o calor do seu corpo me esquentou.
Já era noite quando eu acordei com alguém passando a mão sobre o meu
rosto. Certa que era a Mari, abri um sorriso largo e continuei de olhos fechados.
Laura: Claro! Quando eu me deitei aqui, era com ela que eu estava abraçada! –
ainda meio zonza de sono.
Paula: Ela foi embora quando cheguei do trabalho! E, como eu vi que você não
ia acordar tão cedo, achei melhor pedir para que você fosse dormir na cama,
senão amanhã você não se mexe de tanta dor no corpo. – riu.
Percebi que não tinha dito tudo que gostaria pra Mari e que ela havia ido
embora sem que eu pudesse dizer tchau. As lágrimas voltaram a tentar cair
dos meus olhos.
Paula: Calma, linda. Eu já sei o que houve. Ela me contou. A sua Paulinha tá
aqui com você, tá? – percebendo que eu ia me desabar em chorar, se
aproximou de mim e me abraçou forte.
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Laura: Ai Paulinha, o que eu faço? Não era pra ter acontecido isso! Eu fui muito
burra mesmo!
Paula: Calma, Laurinha! Não foi culpa sua! As coisas estavam ali na mochila
porque você até se esqueceu delas! Mas a Mari foi franca comigo!
Paula: Ela disse que sabe, mais do que ninguém, que você ama a Alice! Que
nem ela, que te ama além de tudo, vai conseguir fazer com que você a
esqueça. Isso tem que ser uma coisa vinda de você, só de você, entendeu?
Paula: Laura! Presta atenção! Você estava esquecendo a Alice porque estava
com a Mari, mas quando você vai pra sua casa, pensa em quem? Antes de
dormir, pensa em quem? Seja sincera.
Paula: Você precisa resolver tudo que tem pra resolver, Laurinha! E só depois
vai realmente conseguir ver se ama a Alice ou a Mariana!
Laura: Eu estou tão dividida, Paulinha! Mesmo a Alice me fazendo tudo que
fez, a vontade de vê-la não passa, sabe? E quando eu a vejo, tudo volta. Mas
com a Mari é tudo tão perfeito, ela é a garota perfeita.
Paula: Você tem que se decidir, Laurinha! Não importa de que forma. Tem que
se decidir!
Laura: Será que indo pra Nova Iorque, dando um tempo pra isso tudo, eu
consigo colocar a cabeça no lugar?
Paula: Não é fugindo que se resolve um problema, Laura. Você ir ou não pra
Nova Iorque é uma decisão que você deve tomar separadamente. Isso é outro
assunto. Tente não misturar as coisas.
Laura: Você tem razão, Paulinha... como sempre, né? Só você mesmo pra me
salvar.
Paula: É porque eu amo você, sua cabeça dura! – sorriu com os dentes
branquinhos.
Paula: Vamos por partes. Você realmente quer descobrir se é irmã da Alice?
Paula: Então você tem que resolver isso. Não sei como ainda, mas vamos
bolar um plano. Estou com você!
Laura: Boba! – ri também. – Mas é a segunda opção. Ela mexe muito com os
meus sentidos, o meu tesão. Essa garota tira a minha razão, Paulinha!
Laura: Você adora, né? – ri horrores. – Mas eu adoro ser paparicada pela Mari.
E a pegada dela, meu Deus, é demais! O beijo, o sexo, o amor que ela me dá,
é tudo muito bom.
Paula: Amiga! Desculpe te falar! Mas realmente você está dividida, você quer
as duas! Mas assim, se fosse pra você escolher agora com quem gostaria de
ficar, quem você escolheria?
Laura: Aaai, Paulinha. Não faz pergunta difícil, pô! – coloquei as mãos no rosto.
Paula: Eu acho o seguinte, Laurinha: vamos colher provas de que vocês não
são irmãs. E desde que você começou a se envolver emocionalmente com a
Mari, não ficou mais com a Alice. Só ficando vai saber se ainda a ama ou não.
Caso contrário, a dúvida vai continuar martelando na sua cabeça. Dê um
tempinho pra Mari pensar, se acalmar, mas não se afaste dela, ela precisa
muito de você.
Paula: Essas fotos já irão nos servir. Guarde-as muito bem! Teremos que
conseguir alguma coisa pra um exame de DNA, tanto da Alice, quanto do seu
Henrique.
Laura: Ééé... eu sei onde fica a escova de cabelos dela. Mas aquele estúdio é
uma fortaleza, ninguém entra sem ela.
Paula: Isso a gente ainda vai pensar melhor. E do seu Henrique pode ser a
saliva. Eu notei que ele fumava um cachimbo quando fomos à biblioteca
conversar com ele.
Laura: Isso. Esse é mais fácil, porque o cachimbo fica sempre em cima da
mesa. Eu mesma consigo pegar.
Paula: Mas é sua oportunidade. E se ficar com alguma das duas, elas terão
que entender que é pelo seu bem. Amiga, nunca deixe uma oportunidade ótima
como esta escapar.
Paula: Eu entendo amiga! Mas pensa, tá? É um grande passo para a sua
independência também.
Paula: Come só alguma coisinha, Laurinha. Vamos pedir um Mc? Do jeito que
você gosta? – me fazendo cócegas novamente.
Mas naquela noite eu queria os braços da minha amiga. Senti falta dela ali na
minha cama, me dando uma força. Acho que ela tinha criado juízo e decidido
me dar um tempo dos seus ataques de segundas intenções. Mas era tão bom
dormir com ela. Então peguei meu travesseiro e meu edredom e fui correndo
pro quarto da Paulinha. Entrei devagarzinho e dei uma espiadinha, ela já
estava deitada. Mas quando me ouviu caminhando, se virou e me olhou.
Paula: Claro, linda. Deita aqui. – se encolhendo num canto e batendo com a
palma da mão no colchão.
Corri pra cama, deitei e me cobri. O frio naquela noite era intenso e a Paulinha,
meu ursão, iria me esquentar muito bem.
Paula: Gostoso você vir dormir comigo. – disse baixinho, me abraçando.
Fiz o que ela pediu e nossos corpos agora já pareciam um só. Me aninhei no
seu pescoço e ela ficou afagando os meus cabelos e acarinhando as minhas
costas.
Laura: Muito cheirosa essa minha amiga! – dei uma fungada no seu cangote.
Ela riu e me deu vários beijinhos no meu rosto. Até que, depois de um tempo
ganhando dengos, peguei no sono.
Fiz os pães para nós e os coloquei no forninho, para derreter a manteiga, enquanto
preparava um café pra ela e um capuccino pra mim.
Laura: Nossa, Paulinha. No fim das contas nem te contei o que aconteceu ontem.
Laura: Não mais que a Luíza! – olhando brava nos seus olhos, lembrando-a que já tem
namorada.
Paula: Tá sim. Ela só está muito ocupada, disse que você está fazendo muita falta e
quase dobrou o serviço pra ela. Acho que hoje ela vem pra cá.
Terminamos de tomar o café da manhã e fomos pra rua. A Paulinha seguiu para o
serviço e eu fui pro metrô, rumo à faculdade. Enquanto esperava na plataforma, no
meio de tanta gente, avistei de longe a Carolina descendo as escadas rolantes. Ela
não me viu, então decidi ir cumprimentá-la.
Carol: Oi, Laura! Que bom te encontrar aqui. Tudo bom? – me cumprimentando com
um beijinho no rosto.
Laura: Tudo sim e você? Na casa da “amiga”? – fiz o aspas com os dedos.
Carol: Tudo bem também. E sim, na casa da “amiga”! – ela riu e repetiu o gesto.
O trem chegou e entramos num vagão. Tivemos que seguir em pé, pois o mesmo
estava lotado!
Carol: Ah, Laura! Queria o número do seu celular. A gente pode combinar de sair
qualquer dia desses, você com sua ruivinha e eu com minha “amiga”. – ela riu.
Carol: Mas como assim? Até ontem vocês estavam lindas juntas. – se espantou.
Laura: É uma longa história, mas enfim, ela terminou comigo porque tem certeza que
eu ainda amo minha ex namorada.
Laura: De certo modo sim, porque tudo aconteceu de repente, tão rápido, sabe? Mas
acontece que eu tô gostando mesmo da Mariana agora. Porém, eu acho que ela está
certa quando disse que eu tenho que resolver meus problemas com a ex namorada.
Laura: Não, Carol, tudo bem. Eu vou resolver toda essa história, eu preciso que tudo
esteja em ordem para ficar bem comigo mesma, sabe?
Laura: Por enquanto quero ser amiga dela como sempre fomos, ver como tudo vai se
proceder, entendeu?
Carol: É verdade. Tem que ir com calma, pra não se machucar e não machucar
ninguém.
Laura: Mas pode me ligar sim, mesmo que você vá com a sua “amiga”, eu posso
convidar algumas amigas também, que são super legais!
A Carol tirou o celular do bolso da calça e gravou o meu número de celular. Fiz o
mesmo com o dela. Depois de um tempinho descemos na estação perto da faculdade.
E nos despedimos.
Enquanto eu caminhava pelos corredores, decidi ligar pra Mari, ver como ela estava.
Não queria me distanciar dela, afinal de contas, eu amava a Mari, como amiga.
Mari: Alô?
Laura: Mari?
Mari: Oi Laurinha!
Laura: Tudo bom também. Você foi embora ontem sem me falar tchau.
Mari: É que você estava dormindo tão gostoso, que não quis acordá-la.
Mari: Não fica brava, Laurinha. A gente combina de se ver, tá bom? Olha, não quero
fugir de você não, mas minha professora chegou aqui na sala, preciso desligar, tá?
Laura: Então tá! Beijos, boa aula e já estou com saudades, viu?
Desligamos e eu fiquei até feliz da Mari não estar diferente comigo ou tentando fugir.
Quer dizer que podemos nos acertar mais pra frente, se for isso mesmo que tiver que
ser.
A aula foi super tranquila, tudo bem que mais conversei com a Dani que estudei.
Contei tudo o que aconteceu com a Mari e ela me deu os mesmos conselhos da
Paulinha, apesar de ficar sempre do lado da Mari e nunca da Alice.
Dani: Mas olha, Laurinha. Se for pra você ficar com a Alice, vamos continuar sendo
amigas como sempre fomos. Mas não deixa a Mari sofrer não, por favor.
Laura: Eu nunca faria a Mari sofrer, Dani. NUNCA! Eu acho que eu gosto mais dela do
que eu mesma imagino.
Ficamos ali sentadas, como sempre, perto da lanchonete. Logo meu celular tocou.
Laura: Alô?
Carol: Tudo também. Olha, nem eu imaginava que ia te ligar tão rápido, mas surgiu
uma balada bacana pra hoje e eu e minha “amiga” vamos. Topa? Garanto que o lugar
é bem legal!
Laura: Vou ligar pra minha amiga, ver se ela topa, e te retorno, pode ser?
Laura: Beijos.
Laura: Calma, Dani! Ela é só uma colega. E fique tranquila que a garota que ela está
saindo também vai.
Mari: Laurinha?
Laura: Então, sabe a Carol? Aquela menina que te falei daqui da faculdade?
Laura: Então, ela me convidou pra uma baladinha hoje que vai com a garota que tá
saindo. Você não tá a fim de ir comigo?
Eu não acreditei quando a Mari disse que não poderia. Ela sempre desmarcava o que
tinha pra ir comigo nos lugares que a gente curtia. Até a Dani achou um pouco
estranho.
Laura: Será que ela está fazendo isso pra ver se eu sinto falta dela, Dani?
Dani: Não sei, Laurinha! Mas a Mari deve ter os motivos dela. Deixa ela pensar um
pouco também. Talvez ela só não queira cair na tentação de ficar com você enquanto
você não resolve seus problemas.
Laura: É verdade, você tem razão! Eu vou chamar a Paulinha e a Luíza então. Acho
que vai ser bom pra me distrair.
Liguei pra Paulinha, que no mesmo minuto topou, pois disse que já havia combinado
com a Luíza de fazer alguma coisa naquela noite e achava que a balada seria legal.
Retornei para a Carol e confirmei que iríamos. Combinamos o local e a hora: numa
danceteria nova do Jardins, às onze e meia da noite.
Laura: Ah, Paulinha. Dá um tempo, né? Vai demorar ainda. – não querendo
nem abrir os olhos.
Paula: Não. Só tô a fim de pegar uma balada muito boa e dançar pouco. – ria
incessantemente.
Paula: Vem depois. E aí? Que roupa você vai? – tirando o edredom de cima de
mim.
Laura: Pára de me pentelhar, Paula! Nem sei que roupa eu vou, na hora eu
vejo. – puxando o edredom de volta.
Laura: Você me conhece mesmo, né Paula? – agora eu ria das cócegas que
seus lábios faziam quando estralavam na minha bochecha.
Laura: Boba! Você sabe que eu ADORO pizza de frango e cheddar, ainda mais
com borda recheada.
Até que chegou a hora de nos arrumar. Tomei um banho, nem tão demorado,
mas também nem tão rápido. Não podia deixar de lado meus cremes corporais.
Escolhi uma roupa, nada de exagerado, mas quente, pois o frio de São Paulo
estava demais! Uma calça preta skinny, uma bota marrom com alguns detalhes
em dourado, uma camisetinha branca básica e por cima um casaco xadrez
vermelho cereja, todo fechado com botões dourados também. Passei um
silicone com os dedos no cabelo e fiz um make leve, nada muito chamativo,
apenas um pó, um gloss avermelhadinho e nos olhos lápis e delineador.
Perfume é a parte que eu mais gosto, então caprichei em um meio termo, nem
tão doce e nem tão cítrico. Logo eu estava pronta.
Luiza: Está tudo bem, fora a correria do trabalho. Você tá fazendo muita falta,
viu?
Laura: Então pelo menos eu sei que fazia meu trabalho certinho. – sorri.
Laura: Oiii Carol! Estávamos indo pro bar. – olhei pra ela e sorri. – Deixa eu te
apresentar minhas amigas, Paula e Luíza.
Laura: Faz tempo que você chegou? – percebi que ela estava meio eufórica.
Carol: Laurinha, me desculpe, mas não vou poder ficar! Deu uns problemas
com o carro da minha irmã, ela me ligou agora pedindo uma ajuda, talvez eu
volte depois, tem problema?
Laura: Claro que não, Carol! Quer uma ajuda? Precisa de uma mão pra alguma
coisa?
Decidimos ficar por lá mesmo e aproveitar a balada, afinal o lugar parecia bem
legal e a música estava muito boa. Fomos pro bar e pegamos uma bebida.
Ficamos um tempo ali, observando o ambiente e as pessoas. Uma mulher mais
linda que a outra. Realmente aquele lugar era a mina do tesouro.
Luíza: ei, Laurinha, vamos dançar? – colocando o copo vazio sobre o balcão.
Com a música boa nos ouvidos e vendo as minhas duas amigas, comecei a
pensar como é bom encontrar alguém que nos complete e que seja parte
daquilo que não temos, alguém que precisamos. Naquele momento eu estava
na dúvida total. Não conseguia colocar uma resposta ou um ponto final na
minha cabeça. Muitas coisas mal resolvidas e deixadas ao vento.
PAREI!
Não sabia ao certo o que estava sentindo. Estava surpresa, com certeza! Eu
não conseguia vê-la nitidamente, por causa da multidão na pista de dança.
Tentei ficar tranquila. Não queria fugir. Eu tinha que fazer alguma coisa.
Esperei um pouco, pelo menos até as minhas pernas pararem de tremer.
Paula: Por favor, Laurinha! Não vamos gerar mais uma confusão.
Laura: Tudo bem, eu sei o que fazer. Só peço que fique me olhando de longe,
caso eu precise.
“Será que eu sei mesmo o que fazer? Meu Deus, Laura! Muita calma, por
favor!”
Tentei focar na Bruna, mas ela definitivamente não estava por perto. Nem o
Alessandro.
“Que estranho!”
“VAI!”
Como quem não quisesse nada, comecei a dançar atrás dela, que não me
notou.
Sentindo seu corpo tão próximo do meu, não consegui me conter, coloquei
uma mão sobre a sua barriga, a cercando, e aproximei o meu nariz da sua
nuca. Me encaixando a ela, seguindo o seu rebolado.
Continuamos ali, no mesmo ritmo, porém ela já jogava o seu corpo contra o
meu e a cabeça para trás, com os olhos fechados. Todas as meninas agora
reparavam naquele jogo de sensualidade. Comecei a cheirar o seu pescoço.
QUE CHEIRO MARAVILHOSO! Ela se amoleceu ainda mais em meus braços
e seu corpo todo roçava no meu, enquanto dançava.
Uma sensação deliciosa tomava conta de mim. Tê-la em meus braços era
inexplicável! Não hesitei, coloquei a outra mão sobre a sua barriga e a cerquei
de uma vez por todas. Agora éramos praticamente uma só, levadas pela batida
daquela música. Tudo em volta pareceu sumir e parar, era um momento nosso.
De repente ela se virou, ficando a poucos centímetros de mim, seu nariz quase
tocando o meu. Olhou fundo nos meus olhos e eu pude sentir que eles sorriam,
que eles haviam ficado contentes por eu estar ali.
Que saudade daquela boca, daquele cheiro, daquela pele e de tudo que vinha
dela. A abracei forte e senti a sua língua na minha. Era um encaixe perfeito, um
beijo violento e desejado. Ela bagunçava os meus cabelos, enquanto eu
apertava a sua cintura.
Era uma mistura de tudo o que eu sentia quando ela me beijava! Eu parecia
flutuar no meio de toda aquela multidão! A Alice tinha o poder de fazer com que
eu me sentisse viva novamente. A forma como ela me beijava era como se
nossas bocas tivessem sido feitas uma para a outra. Por incrível que pareça,
ela parou de dançar e se concentrou no beijo, como se fosse a coisa mais
importante do mundo naquele momento. Era impossível não me sentir feliz
naqueles minutos que passamos nos beijando. A gente se apertava forte, com
vontade. Eu só não entendia como ela pode se render assim tão rápido!
A música mudou e Rihana – Rude Boy, tomou conta das caixas de som.
Ouvindo-a, a Alice começou a se empolgar.
Parou o beijo, encostou de leve o seu rosto no meu e começou a rebolar pra
mim. Minhas mãos seguravam a sua cintura e a sentiam requebrar. Entrei no
seu jogo e comecei a dançar também. Estava morrendo de saudade das suas
provocações.
Ela me levou até um canto na boate e me jogou contra a parede. Fiquei sem
reação. Com o sorriso mais sem vergonha do mundo, me olhou e começou a
dançar novamente, só pra mim. Virava de costas e esfregava sua bunda em
mim. O canto era meio escuro, mas algumas pessoas ainda podiam nos ver.
Nem imaginava que naquele dia eu iria ganhar uma dança totalmente sensual
da Alice. Não mesmo! Eu estava totalmente sem reação, mas tentava entrar no
clima.
O tesão começou a tomar conta de todo meu corpo e pelo modo como ela
estava entregue, percebi que também me queria mais do que podia. Minhas
mãos alcançaram sua cintura nua e eu me arrepiei toda. Ela fechou os olhos e
jogou a cabeça para trás suplicando para que eu não parasse. Coloquei os
dedos dentro da calça, na altura do cós e apertei. Ela gemeu baixinho no meu
ouvido, só para eu ouvir. Praticamente gozei. O gemido da Alice era único,
afrodisíaco, poderoso!
Laura: Você quer? – sussurrei no seu ouvido, enquanto aproximei uma mão do
seu sexo, dentro da calça.
Beijei sua boca violentamente e mordi seus lábios de leve, enquanto meus
dedos se aproximavam ainda mais do seu ponto. Agarrada ao meu pescoço,
puxava meu cabelo cada vez mais forte, deixando evidente o tesão guardado.
Alice: Eu não quero aqui. Eu quero ser só sua! – disse mordendo a minha
orelha.
Olhei pra ela e afastei meus dedos. Seus olhos queimavam de tanta vontade,
eu podia ver aquilo. Pegou novamente na minha mão e me puxou.
Alice: cadê a sua comanda? Me dá. – tentando andar rápido entre as pessoas.
Tirei a comanda do bolso da calça e dei a ela. Não pegamos fila para pagá-las.
Chegamos à porta e a Alice simplesmente as entregou ao segurança
acompanhadas de 3 notas de 100 reais. Me olhou e piscou, como se fosse a
dona do mundo. Eu adorava a autoridade que ela transmitia quando queria
alguma coisa. Pegamos um dos táxis que estavam em frente à danceteria. Já
que entramos no carro a Alice tirou mais uma nota de 100 reais e a deu ao
motorista, pedindo para que o mesmo nos levasse à nossa casa. Achei
estranho, pois geralmente aquele caminho daria menos que 15 reais.
“Ai, Alice! Como assim?” pensei comigo mesma, mas decidi deixar rolar do jeito
que ela quisesse.
De repente, logo que o taxista arrancou, a Alice me puxou para um beijo. Ela
subiu em cima de mim e começou a se esfregar, de leve.
“LOUCA!”
O motorista, entendendo o porquê de tanto dinheiro, fez de conta que não viu.
Ela me tirou o fôlego. Lambia meu pescoço e se roçava inteira em mim. Soltava
seus gemidos baixos enquanto eu apertava a sua bunda gostosa. Ela,
definitivamente, queria me deixar louca!
Alice: Eu também! Quero você toda pra mim. – já apertando a minha bunda,
me puxando ainda mais perto dela.
Abriu o estúdio e entramos. Estava a meia luz, do jeito que ela sempre deixava
à noite. Não aguentei, ela fechou a porta e eu a joguei contra a mesma, de
costas para mim. Comecei a beijar a sua nuca e a cheirar os seus cabelos,
enquanto minhas mãos já abusavam do seu seio e do seu sexo, mesmo por
cima da roupa. Ela se rendeu. Colocou as mãos sobre a porta e empinou a
bunda, rebolando-a contra o meu sexo! Gemíamos juntas. O tesão era
totalmente recíproco e a vontade era enorme. Minhas mãos queriam mais e
seu corpo suplicava por isso. Por baixo da roupa uma delas invadiu seus seios,
enquanto a outra começou a abusar do seu sexo. A penetrei com gosto, ela
estava totalmente encharcada e seu sexo pulsava para mim. O seu rebolado se
intensificou, enquanto eu a tomava por inteira. Em pouco tempo gozou,
gemendo alto, chamando pelo meu nome. A vendo sentir aquele prazer
incontrolável e me chamar, gozei também.
A puxei e senti todo seu peso sobre o meu corpo. Com o controle remoto que
já estava em cima da cama, ligou a jukebox num house gostoso, hipnotizante.
Me encaixou entre suas duas pernas e voltou a me beijar. Lentamente
começou a roçar seu sexo contra o meu, no ritmo na música.
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Com beijos, lambidas e mordidas foi descendo pelo meu corpo. Dançando
devagarzinho, tirou as minhas duas blusas, me deixando somente de sutiã. Fiz
o mesmo com ela, tirando também a sua calça. Delirei na sua lingerie preta.
Chegou no meu colo e roçou o nariz nos meus seios, sobre o sutiã. Pressionei
sua cabeça e ela entendeu. O tirou devagar e mergulhou, lambendo, sugando
e beijando de leve cada um deles. Ela fazia de um jeito que me deixava
completamente louca! Gemia baixinho pra ela, enquanto suas mãos brincavam
na minha virilha.
Desceu até a minha barriga e passou um tempo ali. Suas mãos agora
massageavam os meus seios. Ela continuava dançando sobre mim e aquilo era
uma delícia! Chegou na minha calcinha e lambeu um pouquinho por dentro
dela, me enlouquecendo!
Alice: Gostosa!
Apertando a minha bunda, tirou minha calcinha com pressa e invadiu o meu
sexo com a língua quente. Joguei meu corpo para trás e abri um pouco mais as
pernas. Me chupava com vontade enquanto suas mãos abusavam das minhas
coxas. Não se contentando, me penetrou e continuou com a língua ali. Quando
sentia que eu ia gozar, parava e se afastava um pouco, sorrindo para mim, até
que, não agüentando mais tanto sofrimento, segurei sua cabeça contra o meu
sexo e ela chupou o quanto pode. Ela sabia me levar às estrelas! Gozei
demoradamente! Ela não parou, continuou ali... foram múltiplos!
Devagarzinho ela começou a subir. Nenhuma parte do meu corpo ficou livre
dos seus beijos. Eu estava em transe. Beijou minha boca demoradamente
enquanto eu me recompunha.
Dizendo isso, finalmente aproximou seu sexo da minha boca, deixando com
que eu tomasse conta dele. Chupei com toda vontade que eu estava daquele
corpo enquanto a puxava ainda mais para cima de mim. Porém, era ela quem
dominava todo aquele contato. Continuava dançando e jogando os cabelos. Eu
arranhava desde as suas costas até a sua bunda. Aos poucos ela foi se
rendendo e amolecendo o seu corpo sobre mim.
Deitamos de lado, uma de frente para outra, bem próximas e ficamos nos
olhando. Eu passava a mão no seu rosto, enquanto ela fazia carinho nos meus
cabelos. Eu não acreditava que estava ali com a Alice. Aquele momento
dispensava qualquer palavra. Nossos olhos já diziam tudo!
Ficamos um bom tempo daquele jeito, nos apreciando. Naquele momento eu
lembrei de todas as coisas que vivemos desde que a Alice voltou! Ficamos
juntas pouco tempo, mas foi tudo muito intenso, como aquilo que estávamos
vivendo!
Laura: estava morrendo de saudades de você! – cheguei mais perto dela.
Laura: Shhhh! – toquei a sua boca com meu dedo indicador. – Vamos
aproveitar que estamos juntas agora. Sou só sua hoje e você só minha!
Alice: Eu amo o jeito como você me pega. – lambendo ao redor dos meus
lábios.
Aquilo tudo foi ficando cada vez mais intenso, formando um tesão inevitável.
Sentia seus seios tocando os meus e aos poucos me deixando louca.
Lentamente a Alice foi se levantando, me puxando junto. Me fez sentar na
beirada da cama e ficou em pé na minha frente. Beijou a minha boca mais uma
vez, abriu as minhas pernas e se sentou no meio, de costas pra mim.
Levei minha boca até o seu ombro e comecei a beija-lo lentamente. Minhas
mãos foram até as suas coxas e começaram a massageá-las. Ela, com os
braços pra trás, segurava a minha cabeça e jogando a sua de lado, chupava e
lambia a minha orelha. Vê-la encaixada em mim estava me deixando
totalmente insana. Ainda beijando seus ombros alternadamente, fui subindo as
mãos por toda extensão do seu corpo, até alcançar seus seios.
Alice: E se eu fizer desse jeito? – afastou ainda mais as minhas pernas e abriu
mais ainda as delas. Encaixou meu sexo no dela, fazendo com que nossos
clitóris se tocassem perfeitamente.
Laura: Desse jeito logo eu gozo! – disse gemendo, mordendo seu lábio inferior.
Me beijou fundo, invadindo minha boca com a sua língua sedenta de desejo e
começou a rebolar num ritmo gostoso, movimentando nossos clitóris. Minhas
mãos apertavam ainda mais sua bunda, pedindo para que praticamente
entrasse em mim.
Laura: VAI ALICE! VAI DELICIA! – gemi alto, do jeito que ela queria.
Ficou ainda mais louca, rebolando mais rápido e arranhando as minhas costas.
Que delicia aquilo. Eu não queria gozar tão cedo, pra poder sentir mais
demoradamente todo aquele tesão!
Laura: Não goza já! Eu quero mais! – disse baixinho no seu ouvido.
Comecei a beijar o seu colo. Ela parou um pouco o rebolado, ficou de joelhos e
suplicou para que eu sugasse seus seios. Enquanto fazia os movimentos com
a língua que lhe davam tesão, sentia o seu cheiro maravilhoso!
Voltou aos movimentos lentos, beijando loucamente a minha boca. Aos poucos
foi acelerando novamente.
Laura: Vem!
Aquela noite foi repleta de sexo, amor, paixão, carinho, tesão! Era uma mistura
de tudo o que era bom! A gente não se cansava de gozar uma para outra,
como se quiséssemos provar que ninguém era melhor pra gente que nós
mesmas!
Acordei com o meu celular vibrando em cima do criado mudo. A Alice estava
agarrada em mim, ainda dormindo. Devagar, para não acordá-la, peguei o
celular e atendi.
Paula: Calma? Já são quase 4 horas da tarde e você sumiu! Tava em estado
de nervos já aqui!
Laura: Desculpa amiga! É que não deu pra te avisar! Foi mal!
Paula: Olha, eu vou até o mercado, mas é rápido. Deixo a chave na portaria
caso você volte logo, tá?
Paula: Beijos!
Desliguei o celular e o coloquei novamente onde ele estava. Olhei pra Alice e
ela dormia feito um anjo, linda, serena e parecia sorrir! Fiquei um bom tempo
ali, vendo-a bem de pertinho! Dei um cheiro nos seus cabelos e levantei bem
devagar. Eu definitivamente precisava de um banho.
Vesti minha roupa de qualquer jeito e desci. No meu quarto ainda havia
sobrado algumas mudas de roupas. Tomei um banho demorado. Coloquei uma
calça e um casaquinho de moletom cinza e um tênis velho no pé e fui pra
cozinha.
Laura: Também estou com muitas saudades de você mãe. Muita mesmo, sinto
tanto a sua falta!
Laura: Eu sei mãe, mas estou com tantos problemas, que não sei se é a hora
certa.
Mãe: Filha, você precisa sair um pouco daqui, do meio de todo esse turbilhão
de coisas e informações. Você precisa conhecer lugares novos, pessoas novas
e aprender a viver de outras formas também.
Laura: Você tem razão mãe! Mas eu estou pensando com carinho, pode ter
certeza. – sorri pra ela. – Agora eu vou subir um pouco e depois a gente se vê
mãezinha.
Mãe: Eu vou sim filha. Assim que der uma acalmada em toda essa correria eu
vou.
Laura: Mãe, você não precisa mais trabalhar. – disse a abraçando novamente.
Laura: Tudo bem, mas você sabe que não precisa e que não precisa se matar
por isso aqui. – olhei em volta.
Laura: Eu ainda vou te dar a vida que você merece mãe. Pode deixar comigo!
Mãe: Eu te amo filha. E minha vida é você, viu? – me deu um beijo gostoso e
me soltou.
Me despedi da minha mãe e subi. Já tinha passado um bom tempo depois que
saí do quarto da Alice.
Entrei no estúdio novamente e fui pro quarto. Quando passei pela porta, vi a
Alice sentada na cama, com o cabelo todo despenteado e os olhos apertados,
meio fechados. Ela ainda estava nua. PAREI.
Laura: Bom dia! Ou melhor, boa tarde. – disse baixo, em meio a um sorriso.
Alice: Boa tarde. – com cara de poucos amigos.
Alice: Alô? ... Oi, Carol! ... Tá tudo bem sim. ... Não, hoje não vai dar. ... Porque
eu quero ficar em casa. ... Já disse, não vou. ... A gente pode se falar depois?
... Que saco! Eu quero ficar em casa, você pode entender? ... Tudo bem, faça
como quiser. ... Não precisa vir aqui também não. ... Porque não! Hoje eu
quero ficar quieta, dá pra ser? ... Carol, desencana, pára de coisa. Vai você e
depois a gente conversa. ... Ai, tá bom, se não quiser não me ligue, pronto! ...
Nossa, quanto drama! ... tá, tá, tá, tchau Carolina!
“Quem será essa Carolina? Será que a Alice está namorando com ela? Pelo
tipo da conversa, parece que tem um “algo” a mais entre elas! Será? AI MEU
DEUS!”
“Pensa, pensa, pensa, Laura! Será que tudo pra ela não passou de uma noite
de sexo? Pensa, Laura!”
Comecei a ficar nervosa com aquela situação! Tentava entender o que estava
acontecendo! Até que avistei, na penteadeira de luzes, uma escova de cabelo
da Alice.
“A Paulinha me pediu para que colhesse provas. Vai ser útil caso venha a
acontecer alguma coisa!”
Levantei rápido e peguei a escova. Tirei todos os fios de cabelo que podia e
embrulhei num lenço de papel, daqueles de remover maquiagem, e coloquei no
bolso do meu moletom! Sentei novamente na cama e logo a Alice apareceu, já
de banho tomado e de pijamas.
Alice: Não, Laurinha, está tudo bem. – se sentando ao meu lado e pegando na
minha mão.
Laura: Não sei se tenho o direito de lhe perguntar e você também só responde
se quiser, mas quem é Carolina? Você está namorando?
Alice: É uma amiga da dança. E não estou namorando não. Apenas ficamos
algumas vezes e foi só! – ela me olhava.
Alice: E a Mariana?
Alice: Ah! Entendi. Olha, Laurinha, a noite passada foi extremamente especial
pra mim, mas você sabe que não podemos.
Laura: Sei o que? Que somos irmãs? – parei e a segurei pelos dois braços.
Laura: Irmãs sentem tanto tesão assim uma pela outra? – a puxei bem perto da
minha boca. – Que só de você me sentir já se arrepia inteira?
Alice: Isso é resultado de tudo que a gente já viveu, da intensidade como tudo
aconteceu quando ainda não sabíamos!
Laura: Você só pode ser cega, Alice! – eu estava começando a ficar com raiva.
Alice: Laura, não há o que a gente faça que mude isso. Não tem como.
Laura: Pára de coisa, Alice! Seja sincera, você acredita mesmo nessa besteira?
Alice: Não tenho o porquê não acreditar, Laura!
Alice: Onde?
Laura: Qual o problema? Vamos tirar essa dúvida de uma vez por todas da
nossa cabeça. – eu insistia.
Laura: RIDÍCULA?
Alice: Olha o papel baixo! Exame de DNA! Não precisamos disso. Se toca de
uma vez por todas. A noite passada foi a última pra nós!
O ódio subiu na minha cabeça, sentia o sangue borbulhar nos meus olhos! A
agarrei pelo braço e disse baixo.
Laura: Você ainda vai se arrepender, Alice! Lembre-se MUITO BEM disso! E
lembre-se também que EU TE AMO!
A soltei com força, virei as costas e sai dali com pressa. Não queria mais ver
seu rosto naquele momento. Não podia! A raiva tinha tomado conta de mim e
seus olhos doces não me deixariam pensar com a razão, somente com a
emoção!
Saí batendo a porta do estúdio com força! Estava transtornada! Eu não podia
acreditar que depois de uma noite de amor como essa a Alice ainda
acreditasse que somos irmãs!.
“Como pode?”
“Como uma pessoa consegue transar a noite toda com a outra sem culpa
nenhuma e falar aquilas coisas quando acorda? Não pode ser!”
“Não posso atender! Não consigo falar com ela depois de tudo isso, depois
dessa noite. Eu preciso tirar toda essa história a limpo, sem prejudicar a
Mariana, ela não merece.”
Laura: Ah! Paulinha. Eu não aguento mais tudo isso! Eu preciso resolver de
uma vez por todas.
Paula: Calma! Respira. Vamos parar ali no Fran’s tomar um café e você me
conta tudo.
Paula: Laurinha, fala! Mas fala com calma. – segurou a minha mão.
Laura: Pois é. E ela me levou pra casa. Deu uma grana alta pro taxista e quase
fizemos sexo no carro.
Paula: Sério? Não acredito! Mas e aí?
Laura: Perguntei quem era a menina e ela disse que ficou algumas vezes com
ela. Então ela perguntou da Mari, eu disse que não estávamos nem ficando.
Ela disse que a noite foi especial, mas que foi a última porque a gente não
podia e eu sabia o porquê, claro! Aí fiquei nervosa e disse que ela iria se
arrepender, mas que eu a amava. Ela até disse que se pudesse, ela seria só
minha. Aí saí batendo tudo e estou morrendo de raiva até agora.
Paula: Ai meu Deus, Laurinha! Eu não entendo mais a Alice. Ela se entrega
inteira pra você e depois vem com essa conversa?
Laura: E o pior, Paulinha, eu pedi para que ela fosse agora comigo fazer um
exame de DNA e ela disse que isso era ridículo.
Paula: Ótimo então! Se ela não quer colaborar, vamos fazer do nosso jeito.
Laura: Eu não atendi. Ela não merece, Paulinha. Me ver assim e com certeza
ela iria saber que eu passei a noite com a Alice. A Mari não pode mais sofrer e
eu tenho que tirar ela dessa confusão que está a minha vida.
Ali naquele vento gelado, com a minha melhor amiga ao lado, tomei a decisão
que precisava para a minha vida.
Laura: Já decidi, Paulinha. Eu vou. E lhe digo mais. Você acha que a clínica
apronta esses exames para essa semana?
Laura: O quanto for preciso pra ter esses exames até sexta-feira, tudo bem?
Paula: Tudo bem. Hoje mesmo vou ligar para a minha amiga que trabalha lá e
vamos ver o que é possível.
Laura: Já esperei demais que as coisas caíssem no meu colo, Paulinha. Está
na hora de eu agir!
Paula: Você nem tem passaporte, muito menos visto e NADA para ir para Nova
Iorque, Laura. Coloca a cabeça no lugar, menina. – fazendo gestos curiosos.
Laura: Isso tudo quem vai resolver é o meu papai Henrique! – disse com raiva
no olhar.
Paula: Fica comigo. Não vai embora, não! – disse manhosa e se escondendo
no meu pescoço.
Laura: Vamos embora comigo. Não vou saber viver sem você, Paulinha! – a
apertei mais forte ainda.
Dessa vez uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Desde a discussão com a
Alice, eu ainda não tinha derramado nenhuma sequer. Mas aquela lágrima era
pela Paulinha, pela falta que aquela amiga iria me fazer.
Paula: Ei! Psiu, linda. Não chora, tá? – quando ela disse isso, aí sim comecei a
me debulhar em lágrimas.
Paula: Eu também te amo, meu amor. – ela também deixava algumas lágrimas
caírem. – Te amo tanto, que só quero o seu bem. – tentou sorrir.
A abracei de novo e ficamos um bom tempo ali, ela deitada por cima de mim,
no sofá da sala. Era ótimo me sentir protegida e a Paulinha fazia isso muito
bem. Depois de um tempo ela deitou de lado e ficamos de frente uma para a
outra. Já era noite e a única luz que mantinha o apartamento um pouco claro
era a da própria Avenida Paulista. E a gente continuava ali, se olhando, às
vezes conversando sobre alguma besteira e às vezes só fazendo carinho uma
na outra. A Paulinha sempre foi a minha companhia perfeita, acho que já disse
isso.
Paula: Linda!
Paula: Vamos pra minha cama? Dormir juntinhas do jeito que a gente gosta?
Laura: Vamos!
Ainda nem estava na hora de dormir, era cedo, mas eu não estava com
vontade de fazer nada mesmo. Com certeza a melhor pessoa pra mim agora
era a Paulinha.
Paula: Vem cá! Bem pertinho, vem. – me puxava, como sempre fazia.
Paula: Sim, claro. Ela não merece nem um pouco ser ignorada, Laurinha.
Mari: Alô?
Laura: Oi Mari.
Mari: Tudo também. Eu liguei pra saber como foi a balada ontem.
Laura: A Carol, do curso de jornalismo? Como assim? Ela que me convidou pra
ir na boate ontem e teve que sair às pressas porque o carro da irmã tinha
quebrado na rua.
Mari: Pois é. Eu não sabia, mas a irmã mais nova dela, a Camila, está na
minha sala. E ela veio sim socorrê-la e levou um tempão pra chegar o guincho
e tal. Ela me contou que me viu com você no metrô, se lembrou de mim!. Disse
até que estava com você na boate na hora que a Camila ligou e teve que te
deixar lá com suas amigas. Aí como todo esse trâmite foi lento, ela acabou
ficando e bebendo algumas coisas com a gente.
Mari: É verdade. Mas nossa, ela é muito legal. Muito gente fina. Adorei. Disse
que vamos combinar de sairmos juntas.
Laura: Se ela não tiver que socorrer a Camila de novo, né? – rimos.
Mari: Entendi. Então tá bom, Laurinha. Eu vou dar uma saída agora e qualquer
coisa pode me ligar, tudo bem?
Mari: Beijos.
Paula: LAURA!
Paula: Você está saturada de Carolina por hoje, Laurinha. Alice e Carolina,
Mariana e Carolina. Deus o livre! Seu mal são as “Carolinas”.
Laura: Tonta!
Paula: Laura. Deixa a Mariana. Ela não merece sofrer! Ela tem que se
acostumar a ter outras amigas, ou você não se lembra que decidiu ir pra Nova
Iorque?
Laura: Eu sei. Mas senti ciúmes.
Paula: Claro. Até antes de ontem você estava com ela. É normal sentir ciúmes,
até porque a Mariana não é uma mulher de se jogar fora e com certeza
qualquer menina gostaria de uma namorada como ela.
Paula: Laurinha, desculpa. Mas ela não merece toda essa dúvida que você
tem. Resolva tudo e veja se é ela ou não quem você realmente ama. Simples!
Paula: Aiii!
A Paulinha ria incontrolavelmente. Fui de novo pro seu pescoço, mas dessa
vez dei uma mordida.
“Ai, Laura. Que confusão, viu? Por que a Alice teve que voltar da Europa? Por
que esse coração burro teve que se apaixonar por ela? Por que agora toda
essa dúvida com relação à Mariana? São tantas perguntas e nenhuma
resposta!”
“Que mulher forte! Deus me livre levar uma porrada do Paulão... OPA! Da
Paulinha!”.
Ri comigo mesma, baixinho. Mas o braço realmente parecia cada vez mais
pesado. A segurei pela cintura e parei quando olhei seu rosto. Sua pele tão
lisinha, seus cílios grandes, a bochecha rosada e os cabelos lindamente
desarrumados. Sorri com o canto da boca e dei um beijinho de leve na ponta
do seu nariz. Com os dedos comecei a fazer carinho do seu rosto e às vezes
ela apertava os olhinhos, como se estivesse fazendo cócegas. De repente ela
sorriu.
Laura: Então tá! – dessa vez não dei um beijo, mas sim uma mordida.
Paula: Aiii!
Laura: Essa foi pelo tapa na bunda de ontem.
Paula: Mas tudo bem. Estou com a minha melhor amiga, então tá tudo bem. –
sorriu.
Paula: Quero! E tem pão de forma e frios que comprei ontem no mercado.
Paula: Ah sim! Mas e sua faculdade? Não vai perder esse semestre?
Laura: Então, vou conversar com a professora amanhã e dizer que decidi
aceitar a proposta de Nova Iorque, mas que já vou sábado. Se perder o
semestre não ligo, Faço-o quando voltar.
Paula: Relaxa. Vamos tomar nosso café, linda. – sorriu pra mim. – Adoro ter
você aqui comigo, viu?
Laura: Eu adoro ficar aqui com você também. Quando eu voltar de Nova Iorque
posso morar com você definitivamente?
Laura: Pode ficar tranquila. Vai ser uma conversa calma. Eu espero!
Paula: Tudo bem. Qualquer coisa me liga, vou ficar aqui. Fazer um almoço pra
gente, a Lu vem almoçar também.
Paula: aham. Pode deixar. Gostoso do mesmo jeito que eu te co... deixa pra lá.
Laura: Vou fingir que nem ouvi. – ria alto. – Tchau, menina mais safada desse
mundo.
Paula: Tchau, menina mais gostosa desse mundo. – ria ainda mais alto.
Peguei um táxi e fui pra minha casa. Eu sabia que iria encontrar o seu
Henrique por lá. Ele sempre passava as manhãs de domingo lendo jornais,
revistas e livros na biblioteca.
Henrique: Fico feliz em vê-la aqui novamente, filha. – fez que viria até mim.
Laura: Nao se dê ao trabalho, seu Henrique! Pode ficar onde está.
Laura: Não, seu Henrique! Vim lhe pedir um favor, uma ajuda, como preferir.
Henrique: Que ÓTIMO. Fico muito FELIZ por você. Estou ORGULHOSO. –
abrindo um sorriso enorme. – E em que posso lhe ajudar?
Laura: Eu tenho certeza que com a influência que o senhor tem em São Paulo,
não será difícil conseguir um passaporte e um visto americano para mim nesta
semana, seu Henrique.
Laura: Você não está entendendo que eu vou deixar a Alice livre? Que eu não
vou mais atormentar a sua filhinha? Pois então, por favor, faça o que estou lhe
pedindo, seu Henrique. Preciso desse passaporte e desse visto para esta
sexta-feira! – disse firme.
Henrique: Tudo bem. Isso é mais fácil. Conheço vários arquitetos que moram
em Nova Iorque e eles podem me ajudar.
Laura: Tá. E a última coisa. Gostaria de 10 mil dólares para poder me manter
por lá, por enquanto, pois sei que o custo de vida é meio alto. Depois vou tentar
arrumar um estágio na própria faculdade.
Laura: Olha, aqui nesta pasta estão todos os meus documentos. Posso deixá-
los com você esta semana, até que você consiga. Só vou ficar com minha
carteira de habilitação, pois já estou deixando o CPF e o RG. – coloquei a
pastinha pequena sobre a mesa e a empurrei para perto dele.
Assim que saí da biblioteca fui procurar pela minha mãe. A encontrei numa das
salas reservadas no primeiro andar do apartamento. Estava preparando uma
reunião que o seu Henrique teria naquela tarde, em pleno domingo.
Mãe: Que ótimo filha! Estou muito FELIZ por você! Nem imagina o quanto! –
me abraçando.
Ficamos muito tempo conversando. Esclareci como havia combinado tudo com
o seu Henrique e o que havia acontecido na manhã passada com a Alice.
Mãe: Filha, você pode contar comigo para o que precisar, viu?
Mãe: Filha, isso infelizmente eu não poderei responder. Eu sei que você é filha
do seu Henrique, mas sobre a Alice e a família dela eu não sei praticamente
nada. Eles raramente vêem ao Brasil e o seu Henrique dificilmente fala sobre a
família da esposa. Desculpa, Laurinha.
Laura: Tudo bem, mãe. Mas eu vou descobrir. Vou fazer um teste de DNA.
Laura: Não, mas eu consegui fios de cabelo dela e vou levar para uma análise.
Vou provar, mãe. Vou mostrar que o seu Henrique pensa somente no seu
status e em como as pessoas irão vê-lo.
Mãe: Laurinha, eu sempre quis o seu bem e a sua felicidade. Ainda não aceito
totalmente como você leva a vida, ou melhor, a forma como o seu coração
ama. Mas vou estar do seu lado, filha!
Quando saí da sala onde estava conversando com a minha mãe, esbarrei com,
ninguém mais, ninguém menos que, a Alice. Eu tinha certeza que ela ouviu
alguma coisa da nossa conversa. Ficamos nos olhando, frente a frente, seus
olhos pareciam marejados. Eu era completamente apaixonada por eles. Eu não
conseguia ver maldade, nem raiva, muito menos ódio ou rancor dentro deles.
Depois de alguns segundos, que pareciam não passar, esboçamos nenhuma
palavra. Senti as lágrimas se aproximarem, então, para que ela não as visse,
abaixei o rosto, desviei meu corpo do dela e saí dali apressadamente.
Laura: Não, Paulinha, não é isso. Pelo contrário, ele vai fazer tudo para que eu
embarque na madrugada de sábado para domingo.
Laura: Eu a encontrei, Paulinha. Tenho certeza que ela ouviu a minha conversa
com a minha mãe.
Paula: Mas estranho. A Alice não é de ficar andando pelo apartamento. Ela fica
no estúdio, no quarto. Eu mesma notei quando passei aqueles dias com vocês
lá. Ela parecia fazer de tudo para não descer. Até mesmo almoçar e jantar, era
sempre no andar dela.
Laura: Não sei, Paulinha! Eu acho que nem conheço mais a Alice.
Paula: Tá! Mas vamos almoçar e você nos conta como foi a conversa com o
seu Henrique.
A Paulinha havia feito uma feijoada maravilhosa. Almoçamos eu, ela e a Luíza.
Contei a conversa com o seu Henrique na íntegra e conversamos sobre mais
algumas coisas.
Logo depois do almoço a Paulinha pegou o telefone e ligou para a amiga dela
do laboratório.
Paula: Você terá que dar uma grana a mais pra que ela pague as horas extras
que irá precisar para o pessoal fazer as análises.
Laura: Sem problemas, Paulinha. Eu vou pegar aquela grana com o seu
Henrique na sexta também.
Luíza: Olha, se você quiser, Laurinha, eu pago pra podermos retirar os exames
e depois, quando você pegar a grana, você me devolve. Assim dá tudo no
tempo certinho.
Laura: Ai, Lu. Obrigada! Não sei nem como agradecer a ajuda que vocês estão
me dando, gente.
Fui para a faculdade e já que cheguei fui à sala dos professores, conversar
com a professora coordenadora do intercâmbio. A encontrei tomando um café
e lendo o jornal do dia.
Professora: Bom dia, Laura. Que surpresa boa! – sorrindo. – Sente-se, por
favor. Posso lhe ajudar?
Laura: Professora, eu vou. Decidi. Vou pra Nova Iorque! – me sentando ao seu
lado.
Professora: Que ÓTIMO, Laura. Fico muito FELIZ. Você sabe que eu gostaria
muito que você decidisse por ir.
Laura: Mas eu vou para Nova Iorque já neste final de semana, na madrugada
de sábado para domingo, professora. Quero conhecer as dependências da
universidade, as redondezas e tudo. Estou passando por alguns problemas e
acho que será bom eu ir já, nem que eu perca todo o semestre.
Professora: Confesso que fiquei um pouco espantada com toda essa pressa,
Laura. Mas tudo bem. Só teremos que ver o problema do dormitório, se já está
disponível.
Laura: Não se preocupe, professora. Vou ficar num apartamento que o seu
Henrique, chefe da minha mãe, está arrumando para mim.
Laura: Tudo bem, professora. Estou muito agradecida e tenho certeza que a
senhora não vai se arrepender de ter me escolhido. Obrigada mesmo!
Assim que entrei no bloco do meu curso, encontrei a Dani, que logo veio me
cumprimentar. Eu sabia que precisava contá-la sobre a minha decisão naquele
mesmo dia, senão ela não iria me perdoar. Então a chamei para uma conversa
particular na lanchonete.
Dani: Laurinha, você sabe que lhe dou total apoio e sei que você precisa do
seu tempo, mas acho que você precisa conversar com a Mari e contar tudo.
Laura: Eu sei, Dani. Vou fazer isso sim. Só preciso criar coragem.
Dani: Faça isso o mais rápido possível, para ela se acostumar com a idéia,
Laurinha.
Laura: Vou ligar pra ela, ver se podemos nos ver hoje.
Mari: Alô?
Mari: Tudo bem. Que horas e onde? – percebi que o papo de trabalho era
mentira, ela não queria me ver mesmo.
Laura: Beijos!
Desliguei e entristeci!
Dani: Ela está apreensiva, Laurinha. Ela sabe que você ama a Alice. Poxa,
entende a Mari.
Laura: Ai que aperto no meu coração, Dani. A coisa que eu menos quero nesse
mundo, EU JURO, é fazer a Mari sofrer. Você promete que cuida dela, Dani?
Por favor.
Abracei a Dani e chorei, desabafei tudo que queria. Aquela semana seria de
despedidas.
A segunda passou mais rápido do que eu imaginava. E logo era a hora da Mari
chegar. Ouvi a campainha tocando e a Paulinha foi pro quarto dela, dizendo
que ia trabalhar, mas eu sabia que era pra nos deixar mais a vontade. Fui abrir
a porta pra Mari.
A Mari estava linda como sempre. Aquele abraço me deu uma angústia tão
grande. Eu gostava tanto da Mariana, tanto, que nem eu sabia o quanto.
Laura: Eu queria conversar com você sobre uma coisa que eu decidi, Mari.
Gostaria desde já que me compreendesse, por favor. – segurei a sua mão.
Mari: Tudo bem, Laurinha. Só fala de uma vez, não me deixa mais apreensiva
do que já estou.
Laura: Eu vou pra Nova Iorque, Mari. Vou fazer o tal intercâmbio. Mas olha, eu
sei que posso parecer louca, ansiosa e tudo mais... mas eu vou este final de
semana, na madrugada de sábado para domingo.
Laura: Calma, Mari. Sabe, eu entendi tudo que você me falou aquele dia. Eu
entendi que preciso de um tempo só pra mim. A última coisa que eu quero
nesse mundo é te ver triste e sofrendo. Eu acho também, que estando longe de
todo esse turbilhão, você vai ficar mais tranquila. Poxa, Mari, eu quero que
você viva feliz também, sabe? Você não tem culpa de nada, NADA! E tenha
certeza que você foi a única pessoa que só me deu alegrias, a ÚNICA! EU TE
AMO TANTO! – a puxei e a abracei forte.
Mari: Você ficou com ela esse final de semana, não foi?
Laura: Mari. De onde você tirou isso?
Laura: Ah, Mari! – voltei a chorar. – Me promete uma coisa? Por favor?
Laura: Quero que você fique feliz enquanto eu estiver em Nova Iorque e que
vai se divertir, sair, passear, fazer novas amizades, beijar na boca e quem
sabe, arranjar uma pessoa bem legal pra você? – disse fazendo carinho nela.
Mari: Vou ficar feliz porque sei que você está realizando um sonho. E prometo
que vou tentar me divertir, sair e tudo mais. Só não sei a parte sobre arranjar
uma pessoa. Poxa, EU TE AMO, Laurinha!
Laura: Eu também TE AMO, Mari. Mas vou estar em Nova Iorque e, como você
disse, realizando meu sonho. Não quero ser egoísta. Abra o seu coração.
Sempre seremos especiais uma pra outra e, acima de tudo, AMIGAS
ETERNAMENTE. Mas seria injusta se pedisse para me esperar. Vou tentar ser
feliz e quero que você também seja.
Quando nos demos conta já era tarde. A noite tinha sido legal, apesar de
estarmos tristes porque íamos nos separar, eu tinha ficado contente, pois há
muito tempo não passávamos horas de conversa como amigas de muitos anos.
Laura: Não quer ficar, Mari? Você dorme comigo lá no meu quarto. E a gente
pode ficar conversando mais um pouco. Liga pro seu irmão e pede pra ele
deixar seu material aqui amanhã de manhãzinha, quando ele for trabalhar. Fica
vai. – eu queria mesmo que a Mari ficasse, estava com saudades dela e iria
ficar mais ainda.
Mari: Tá bom, Laurinha. Aproveitar que você ainda tá aqui, né? Vou ligar pra
ele então.
Ela pegou o telefone e falou com o irmão. Logo depois fui até o quarto da
Paulinha e a chamei para um lanche comigo e a Mari. Fiz um capuccino e assei
uns pães de queijo. Comemos num clima descontraído e logo a Paulinha nos
deu boa noite, pois acordaria cedo no dia seguinte. Eu e a Mari também fomos
pro quarto. Emprestei um moletom mais aconchegante pra ela e deitamos na
minha cama.
Conversamos mais algum tempo, mas logo o sono começou a bater. Ficamos
de frente uma pra outra, mas de braços cruzados.
Mari: Vou sentir tanta saudade de você, Laura. TANTA! Promete que vai me
ligar, mandar e-mails, fotos e tudo que puder?
Laura: Claro, Mari. Vamos conversar pela internet, skype, msn e tudo. Vou
mandar fotos e muitos presentes pra você, viu? – a apertava com força.
Mari: Saiba que não vou te esquecer um diazinho sequer, viu? Porque acima
de tudo, somos amigas, tá?
Laura: Eu também não vou te esquecer. Poxa, você é uma das pessoas mais
importantes da minha vida Mari... você é A MINHA VIDA!
Já era tarde! Entre carinhos, mesmo tentando lutar contra o sono, acabamos
dormindo, com os rostos colados, sentindo o cheiro uma da outra.
Naquele mesmo dia uma coisa estranha aconteceu. Logo depois que saí da
aula meu celular tocou. Era o número da minha casa. Quando eu atendi,
desligou. Retornei e a Lourdes atendeu. Chamou a minha mãe e a mesma me
disse que não havia sido ela e que o seu Henrique não estava em casa,
somente a Alice e os outros funcionários. Desliguei.
“A ALICE!”
Pensei a tarde toda enquanto já fazia os trabalhos para a faculdade. Até que,
no começo da noite, decidi ligar pro celular dela. Tocou, tocou, tocou e ela não
atendeu.
“Como sempre. Já nem sei mais há quanto tempo a Alice não me atende. Mas
ela me ligou, poxa. Garota complicada!”
“Laura, você já decidiu, vai para Nova Iorque e o seu Henrique já disse, a Alice
vai voltar pra Europa.”
Mais tarde a Mari chegou na casa da Paulinha. Ela e a Dani iriam dormir lá
todos os dias, pra eu passar a úlima semana com as minhas amigas.
Com elas por perto a semana passou voando e quando percebi, a sexta-feira
havia chegado.
Laura: É O EXAME!
Paula: SIM!
As abracei forte, dei um beijo no rosto de cada uma e respirei fundo. Eu tremia
tanto que não acertava abrir o envelope.
Me sentei no sofá, fechei os olhos e muita coisa passou pela minha cabeça
naquele instante... a Alice... a Mariana.
“Será que eu estou fazendo besteira? Por favor, Deus, não me deixe proceder
da forma incorreta.”
Depois de um tempo ali e com minhas duas amigas do meu lado, criei coragem
e abri o envelope.
“De acordo com a análise dos genéticos presentes nos integrantes do estudo,
declaramos a paternidade POSITIVA de Henrique Legrand sobre Laura De
Biasi.”
Respirei fundo.
Paula: É amiga. Você sabe que estaremos com você para o que der e vier. Nós
TE AMAMOS!
Eu chorei ainda mais. Era ótimo poder contar com pessoas tão queridas quanto
elas.
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“De acordo com a análise dos genéticos presentes nos integrantes do estudo,
declaramos a paternidade NEGATIVA de Henrique Legrand sobre Alice
Legrand.”
Laura: Gente, vocês não imaginam o peso que eu tirei das minhas costas. –
chorava feito criança, bem mais que no dia que aconteceu toda a confusão.
Laura: Eu vou pra Nova Iorque, Lu. Mas antes vou mostrar tudo isso à ela. A
Alice precisa saber. Eu só precisava tirar essa culpa, esse sentimento ruim de
mim. A gente não tem mais chances. Nosso amor se despedaçou com toda
essa mentira.
Laura: Lu, não dá. Isso foi pra mim, sabe? Eu vou mostrar à Alice, antes de ir
embora, mas eu tenho certeza que ela não irá aceitar. Acabou gente. Amanhã
é a apresentação dela e logo depois eu vou embarcar.
Laura: Alô?
Henrique: Filha?
Henrique: Pode vir esta noite. Sua passagem já está aqui e mais algumas
coisinhas. Venha hoje para conversarmos com calma.
Laura: Tudo bem, seu Henrique. Muito obrigada, eu sabia que o senhor iria
conseguir. Até mais. – desliguei.
Laura: Ele conseguiu! Está tudo pronto para eu viajar amanhã. Ai gente, que
saudades já de vocês. Mas olha, vou voltar, tá? – eu me sentia um pouco mais
tranquila.
Logo elas saíram para voltar ao trabalho e eu passei a tarde arrumando minhas
coisas, minhas malas. Decidi não levar muita tralha, somente coisas pessoais e
algumas roupas, pois compraria novas por lá.
Laura: Tirei um peso das minhas costas Mari. Você nem imagina. A culpa que
eu sentia pela possibilidade de um dia ter ficado com uma irmã.
Laura: Agora eu vou lá buscar todas as minhas coisas, com o seu Henrique.
Você vem pra cá mais tarde?
Mari: Laurinha, você sabe que eu odeio despedidas. Não quero me despedir de
você.
Laura: Mari, por favor. Só vou amanhã, vem ficar aqui comigo hoje.
Mari: Não consigo, Laurinha. Não vou conseguir ficar aí com você sabendo que
amanhã você não estará mais aqui.
Mari: Desculpa, Laurinha. Não dá! Boa sorte. Me liga depois. EU TE AMO
MUITO! Beijos.
Desligamos.
“Ai, que dor no coração. Ah, Mariana. Como eu queria que nada disso tivesse
acontecido. Como eu queria ser só sua.”
Terminei de arrumar tudo que precisava, tomei um banho, me troquei e fui pra
minha casa, encontrar o seu Henrique.
Cheguei e fui direto para a biblioteca, rápido o suficiente para não olhar para os
lados e ver a Alice.
Bati na porta e entrei. Ele já me esperava e minha mãe estava sentada numa
das cadeiras à sua frente.
Henrique: Bom, Laura, antes de tudo eu quero que saiba que estou
imensamente FELIZ por conseguir sozinha essa oportunidade e quero que
saiba que o que precisar irei lhe apoiar. Peço-lhe que nos mantenha sempre
informados sobre você e seus estudos e lhe desejo sorte e sucesso nesse seu
novo caminho.
Henrique: Bom, aqui está o seu passaporte. – esticou o documento para que
eu o visse. – E como você pode notar, aqui está o seu visto.
Henrique: Aqui está sua passagem. Seu vôo é com a Tam, saindo do aeroporto
de Congonhas às 00:45 de sábado para domingo.
Henrique: Fiz questão da primeira classe. É seu primeiro vôo. – ele sorriu
novamente.
Henrique: Neste envelope está uma quantia em dinheiro, como você me pediu.
Por favor, tome cuidado. E aqui, neste outro, estão os documentos de um
banco próximo à sua faculdade. Assim que chegar, vá até a agência e fale com
o gerente Watson e o mesmo irá lhe disponibilizar todos os cartões da sua
conta e suas senhas. Através dela irei enviar sua mesada.
Henrique: E por último, Laurinha, aqui está um celular Nextel para você e um
para sua mãe. – ele deu um a cada uma de nós – Vocês poderão se falar todos
os dias e a qualquer hora, sem problemas ou preocupação.
Laura: Poxa! Obrigada mesmo, seu Henrique. – sorri pela primeira vez.
Por incrível que pareça, os celulares foram o que eu mais gostei. Falar com a
minha mãe a qualquer hora ou lugar seria maravilhoso e eu poderia pedir às
minhas amigas para comprarem um daqueles também.
Mãe: Filha, quero que seja MUITO FELIZ. Agora tenho certeza absoluta que
você fez a escolha certa.
Laura: Obrigada mãe. Vou sentir saudades. Mas vamos estar próximas através
do celular, me ligue a hora que quiser.
Mãe:Ttudo bem filha. Eu te amo mais que tudo nesse mundo. Você sabe.
Laura: Quanto a isso a senhora sabe que pode ficar tranquila, dona Lúcia. –
nós rimos – Agora eu preciso ir, tenho mais alguns detalhes a acertar, mais
algumas coisas pra arrumar.
Dei um beijo nela e ficamos abraçadas por um longo tempo. Porém, antes de ir,
pedi para ficar sozinha na biblioteca por um instante.
Juntei todas as coisas que o seu Henrique havia me dado e coloquei na pasta,
onde já estavam guardadas. Me sentei novamente na cadeira e bebi um copo
de água, que estava sobre a mesa.
Passei um bom tempo ali, naquele lugar maravilhoso pensando sobre como iria
ser minha vida dali pra frente, torcendo para que tudo desse certo.
Meu coração estava partido pela Mari não querer ficar comigo naquela noite,
mas eu entendia o seu lado. Pensei bastante nela, no quanto eu só era grata
ao seu amor por mim e no quanto eu também a amava. A Mariana
definitivamente era um sonho real.
Quando olhei no relógio, notei que uma hora havia se passado, então decidi ir
embora, terminar de ajeitar minhas coisas e ficar mais um tempinho com
minhas amigas.
Parei e a encarei. Não respondi. Ela me olhava diferente, com uma doçura nos
olhos que eu não conseguia entender.
Não aguentei, uma delas caiu e num impulso, me soltei da sua mão e corri dali.
Alcancei a porta e saí do apartamento. Desci dois andares correndo pela
escada de incêndio e peguei o elevador. Alcancei um táxi ali no quarteirão.
Tentava conter minhas lágrimas. Nem havia conseguido me despedir da minha
mãe, mas tudo bem, ela entenderia.
Quando cheguei no prédio da Paulinha, já estava mais calma. Sabia que foi um
absurdo fugir da Alice, mas ela me pegou totalmente desprevenida e se ela
quisesse realmente falar comigo, podia me ligar depois e sabia exatamente
onde me encontrar. Tentei desencanar, afinal, quantas vezes ela já havia feito
isso comigo? Aliás, fez coisas até piore.
.............: SURPRESAAA!!!
“A Mari?”
Quando a vi, não acreditei, corri e lhe dei o abraço mais apertado que uma
pessoa pode oferecer.
Laura: Você tá aqui, Mari. Eu nem acredito! – ainda abraçada com ela.
Mari: Depois que você me ligou, eu percebi que não podia deixar de vir.
Laura: Eu TE AMO TANTO, meu foguinho. – rindo dos cabelos ruivos, era
assim que eu a chamava, brincando, quando éramos pequenas.
Mari: Vou. Porque depois você já vai dormir em Nova Iorque. Posso ir te visitar
nas férias?
Laura: CLARO que pode! Passa suas férias inteira comigo. Combinado?
Chorei, chorei, chorei e choreeeeeeei horrores. A Mari era tudo que eu poderia
querer. A gente ainda ia se ver e resolver. A minha ruivinha precisava ser
FELIZ.
Paula: Não pense que ela saiu daqui sorrindo. Estava assim, como você.
Paula: Aprenda, Laurinha, que no coração a gente não manda. Ele é quem
manda na gente.
A dor que eu sentia por saber que não veria mais a Mari, por muito tempo,
estava me matando por dentro. Me tirava o ar, o chão e os sentidos.
A Paulinha ficou ali comigo, não dizia mais nada, apenas segurava a minha
mão. E para mim isso bastava, ela estar ao meu lado.
Paula: Vem, Laurinha, vamos pra lá um pouco. – disse depois de muito tempo.
Guardei o bilhete na minha carteira e fomos para a sala. A Luíza veio ao meu
encontro e me abraçou apertado.
Realmente não sabia o que fazer, por onde começar. Minha cabeça estava a
mil. E, só de lembrar que no dia seguinte, neste mesmo horário eu estaria em
Nova Iorque, entrei em parafusos. Chorava alto e me descabelava.
Paula: Calma, amor. Você escolheu isso. Vai ser o melhor pra você. Vai ver.
Paula: Vai passar tão rápido. Sem contar que nós vamos te visitar, lembra?
Luíza: JÁ COMPRAMOS!
Laura: Ahhh! Vocês são as melhores amigas que alguém pode querer.
As abracei de uma vez só. Ficamos ali na sala, conversando. Na verdade, elas
ficaram me acalmando.
Dei uma última ajeitada nas minhas malas e nas minhas coisas. TUDO
PRONTO!
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Dupla por dupla iam se apresentando. Uma coreografia mais linda que a outra
e uma dançarina mais talentosa que a outra. Seria difícil para a Alice. Ao final
de cada apresentação, os jurados faziam comentários às duplas e algumas
perguntas.
Foi quando a próxima dupla foi anunciada: Carolina Alencar e Pedro Salles.
“Meu Deus! Era ela no telefone com a Alice. Era a Carolina. NÃO PODE SER!”
Fechei os olhos e não a vi dançar. Eu estava fervendo com essas dúvidas que
pairavam na minha cabeça.
De repente a música mudou do seu ritmo original para uma versão mais rápida
e dançante. A Alice saltou e o Alessandro a pegou no ar, iniciando uma etapa
totalmente emocionante da coreografia. Todos no teatro se levantaram e
aplaudiram alto, antes mesmo da música terminar. Eles eram um espetáculo a
parte, COM CERTEZA!
A Música acabou com a Alice nos braços do Alê e o teatro inteiro não parava
de aplaudi-los. Fizeram a reverência sorrindo e se abraçaram. Foram até os
jurados e esperaram até que todos cessassem as palmas.
Alice: Uma pessoa muito especial disse que um dia gostaria de me ver
dançando essa coreografia. Então resolvemos apresentá-la e dar uma
atualizada nos passos. Espero, do fundo do meu coração, que essa pessoa
esteja me assistindo agora. Foi pra ela.
Todos aplaudiram e eles se retiraram, acenando. Aquilo foi demais pra mim. As
lágrimas começaram a cair e eu sabia que era especial pra ela também.
Paula: Eu não acredito que foi para você, Laura. – apertou a minha bochecha.
Me deram um beijo no rosto e saíram. Eu fui em busca dos camarins. Ela devia
estar por lá e eu a chamaria para uma conversa particular.
Carol: Você sabe o quanto TE AMO! – a apertando ainda mais contra o seu
corpo.
Alice: Carol...
Eu queria sair dali. Eu não acreditava no que estava vendo. Saí correndo pelos
corredores cheios de gente, trombando e atropelando todos que atravessavam
meu caminho.
Corria, corria, corria. Não via nada com exatidão. Só queria sair dali.
Até que esbarrei num homem alto, que me parou. A Alice me alcançou e me
segurou pelo braço.
Alice: LAURA. Pelo amor de Deus, calma. – a Carolina chegou logo atrás.
Carol: Laura? É ela Alice? Ela é a Laura, sua irmã? – a raiva subiu por todo o
meu corpo.
Laura: DEIXE EU SAIR DA SUA VIDA, ALICE, DE UMA VEZ POR TODAS! –
puxei com mais força e finalmente saí correndo novamente.
Alice: LAURAAAA...
Foi a última coisa que a ouvi dizendo.
Laura: Ela e a Carolina. Ela mentiu pra mim, Paulinha. A Carolina me disse que
a menina que ela saia já conhecia há muito tempo e já havia ficado a alguns
anos atrás. A Alice mentiu, ela disse que eu fui a primeira. – chorava sem
parar.
Paula: Calma, Laurinha, calma! Agora ela já sabe que não são irmãs?
Laura: Eu joguei os papéis nela, não vi se ela leu. Saí correndo de lá. Vamos
embora daqui, não quero encontrá-las.
Laura: Antes de irmos até o aeroporto, podem me levar num lugar? Prometo
ser rápida. – ainda chorando.
Laura: MARI?
Ela se virou e me olhou, parecendo estar vendo uma miragem. Estava linda,
toda de preto e uma boina xadrez por cima dos cabelos ruivos sobre o olho
direito.
Corri para os seus braços e pulei, a abraçando. Ela me apertou forte e cheirou
o meu pescoço.
Laura: Eu queria me despedir da cidade. Não acredito que você está aqui! –
segurava seu rosto e olhava nos seus olhos.
Laura: Não importa! Agora eu estou com você. EU AMO VOCÊ, MARI! –
encostei minha testa na dela.
Mari: Você sabe que não dá, Laura. Nascemos para ser amigas. E assim vai
ser.
Mari: A gente prometeu, lembra? Vamos ser FELIZES! – ela tentava sorrir, mas
chorava.
A Puxei para um beijo! Um beijo que eu desejava desde o dia que ela se
distanciou de mim. Ela segurou minha nuca, puxou meus cabelos e
correspondeu como nunca. Sentia o seu corpo totalmente colado no meu. Eu
precisava tanto da Mari. Nossas línguas se desejavam. Nossas mãos
suplicavam pelo abraço. Foi um beijo longo, apertado, molhado e perfeito.
Mari: Vai, Laurinha! Você tem que ir. Quero que seja feliz, assim como vou
tentar ser.
Laura: Não esquece que você é a pessoa mais especial pra mim e que não
importa o que aconteça, seremos eternamente ligadas. – ela afirmava com a
cabeça.
A Mari tinha razão. Estava na hora de consertar todos os meus erros e deixá-la
ser FELIZ. O que eu mais queria era a Mariana feliz, realizada e amada por
alguém só dela. ELA MERECIA.
Seguimos pro aeroporto, sem muito assunto. A gente tava triste com a
despedida. Já estava na hora de eu fazer o check in e ir pra sala de embarque,
pois todos esses acontecimentos haviam me atrasado um pouco.
Paula: Amiga, MUITA SORTE! Seja FELIZ. E nos ligue todo santo dia, hein? –
soltava algumas lágrimas e me abraçava.
Laura: Pode deixar. Obrigada por tudo, Paulinha. TUDO MESMO! Sem você eu
nem sei como seria. EU TE AMO MUITO, viu?
Paula: Também TE AMO DEMAIS, Laurinha. Nos espera nas suas férias. –
sorriu pra mim.
Laura: CLARO! É pra irem MESMO, viu? – olhei pra Luíza que também me
abraçou. – OBRIGADA por tudo Lu. E desculpa qualquer coisa. E eu já te amo
também, viu?
Luíza: Ai que saudade de você já, Laurinha. Também te amo, viu? Sorte. Vai
com Deus.
Mãe: Ai, filha. Por favor, se cuida e juízo, tá? VOCÊ É MINHA VIDA,
LAURINHA. – chorando.
Laura: Fique tranqüila mãe. Vou voltar pra você, tá? Se cuida também, VOCÊ
É TUDO PRA MIM! TE AMO MAIS QUE TUDO, MÃE.
Mãe: Também TE AMO MAIS QUE TUDO, FILHA. – me apertou mais ainda e
me deu muitos beijos no rosto.
.........: LAURAAAAAAAA!
Laura: Daaaaaniii!
Corri e a abracei.
Dani: Te amo, te amo, te amo. Boa viagem e vai com Deus, meu amor. Me liga,
tá? – me abraçou e me beijou.
Laura: Te amooo minha louquinha. Ligo sim. Se cuida e cuida da Mari, por
favor, Dani.
Dei minha passagem, entrei no avião e procurei minha poltrona. Era primeira
classe. Super aconchegante e espaçosa. Ajeitei minhas coisas e me sentei.
Abri a janelinha e fiquei olhando as luzes de longe da minha cidade. Como eu
amava São Paulo.
As lágrimas voltaram quando eu lembrei que estava deixando tudo para trás:
minha mãe, minhas amigas, um amor.
“Agora já era!”
Ainda de olhos fechados, senti alguém se sentando ao meu lado. Não estava a
fim de conversar, pelo menos não naquele momento. Continuei ali, ouvindo a
música. Com a mão sobre o apoio, senti a pessoa se encostando nela. Afastei
minha mão, pensando que fosse sem querer.
Nesse momento a pessoa segurou firme a minha mão. Apertei os olhos, não
querendo abrir. Tirou o fone do meu ouvido e aproximando a boca da minha
orelha, dizendo num sussurro:
Laura: ALICE!
Alice: LAURA!
Alice: Eu fui a pessoa mais idiota desse mundo, mas eu TE AMO, Laura! Tive
medo, muito medo. Por favor entenda. - ela chorava ainda mais.
No outro fone, que ficou no meu ouvido, começou a tocar “Pretty Baby”, ainda
da Vanessa Carlton. Vendo a garota que eu amava ali, naquela situação, nao
pensei duas vezes, a puxei pela nunca e a beijei. Ela se agarrou no meu
pescoço e correspondeu. Nossos corpos se suplicavam num beijo desejado,
com saudade e vontade. Suas lágrimas se misturavam às minhas e
continuamos por algum tempo. Eu não ligava para o que as pessoas iriam
pensar.
Alice: Eu também vou para Nova Iorque. - sorriu grande, me olhando fixamente
nos olhos. - A gente prometeu, lembra?
Laura: E a Europa?
Alice: Laura, eu já estava sabendo que não éramos irmãs. Depois que você
falou ao meu pai que iria viajar, ele me chamou e contou a verdade. Disse tudo,
pois a consciência dele pesou. E eu pedi para vir com você. Tentei te falar
várias vezes essa semana, mas nunca dava certo.
Laura: Alice, você mentiu pra mim. - meus olhos se encheram de lágrimas.
Lembrei de todas as besteiras que fiz com a Mari enquanto ainda estava com a
Alice. E ela tinha razão, eu também errei.
A abracei forte e chorei. Não adiantava eu negar ou tentar fugir, era ela quem
eu realmente amava
Alice: Relaxa, linda. É tranquilo. Estou aqui com você. - sorriu pra mim, com os
olhos ainda molhados.
Logo o avião decolou e o frio na barriga passou. Conversamos sobre tudo que
ainda não sabíamos naqueles últimos tempos. A Alice contou detalhes da Carol
e eu da Mari, tudo abertamente.
Alice: Realiza meu sonho. - se enroscou no meu pescoço com força e mordeu
meu lábio inferior, me deixando doida.
Laura: Qual é o seu sonho? - segurei na sua cintura e lambi sua boca.
Alice: Que saudade de você, meu amor! - disse baixinho no meu ouvido.
Laura: Eu também. Saudade de você inteira. - apertei sua bunda com força.
Não conseguimos aguentar muito tempo, pois o desejo contido uma pela outra
era muito grande, e logo gozamos juntas, demoradamente.
Saímos do banheiro com a maior cara de pau e os sorriso mais cínico no rosto.
A gente não ligava pra mais nada.
Alice: Você não tem idéia de como eu estou feliz de estar aqui com você,
Laurinha.
Laura: Eu também, meu amor. - virei o rosto e lhe dei um beijo. - Só pode ser
um sonho, me belisca? - ela mordeu minha bochecha. - É, acho que não é um
sonho. - rimos.
Alice: Ei, Abre o envelope que o Louis te deu. O que será que é?
Laura: calma! Antes vamos ligar para minha mãe e para o seu Henrique
avisando que chegamos.
Alice: É verdade.
Ligamos para a minha mãe e contamos. Ela já sabia que a Alice viria e estava
feliz em ver a minha felicidade. Disse que o seu Henrique não poderia atender,
pois estava numa reunião com as arquitetos chefes, então desencanamos e
dissemos que ligaríamos depois.
“Minhas filhas, espero que tenham feito uma ótima viagem. Quero que sejam
extremamente felizes e me perdoem por toda a confusão que provoquei na
vida de vocês. Agora quero que aproveitem todo o tempo que perderam,
principalmente vivendo em harmonia no apartamento que É DE VOCÊS. Um
beijo do pai que lhes ama! Henrique Legrand.”
Nos beijamos e curtimos cada cantinho do nosso apartamento. Era muito bom
saber que eu tinha um lar com o amor da minha vida.
Ligamos para o seu Henrique agradecendo e logo depois pra Paulinha e pra
Luíza, contando TUDO. Elas não se aguentavam de tanta felicidade em saber
as novidades.
Paula: Elas ficaram. Liguei pra ela ontem, depois que deixamos você no
aeroporto. A convidamos pra sair e ela aceitou. Fomos num barzinho e a Carol
estava lá. E quando vimos, elas estavam ficando. A Mari acabou contando que
já havia ficado com a Carol, no dia que você ficou com a Alice na boate. E elas
vão continuar ficando, deu química amigaaa!
E estava mesmo, a Mari merecia, mais do que ninguém, ser MUITO FELIZ. Eu
a amava, mas como amiga e ela estava entendendo que o amor dela por mim
também não passava de admiração, amizade e ternura.
Quando desliguei o telefone, olhei para o lado e vi a Alice abrindo uma cortina
enorme. A Janela era toda de vidro e a vista era simplesmente maravilhosa:
uma mistura do Central Park com as avenidas movimentadas.
Alice: Olha. - apontou para um canto. - Uma jukebox. - ela amava jukebox.
FIM!