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1. A ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO
TÉCNICAS
DE
CONTROLO DE
CONDIÇÃO
1.1 Introdução
Dado que em muitos casos não é exequível actuar ao nível de todos os equipamentos, é
importante determinar quais os que têm mais influência na perda de performance da
instalação, de forma a definir prioridades de actuação.
Por outro lado, para melhorar a disponibilidade das instalações e equipamentos, é necessário
caracterizar e avaliar qualitativa e quantitativamente as causas de indisponibilidade, de forma
a poder situar a Manutenção no contexto das funções produtivas e ver de que forma ela
influencia a performance da unidade.
Avarias (1)
Tempo de Operação Paragens Mudança de Fabrico
Afinações (2)
Pequenas interrupções
Tempo Efectivo Redução de
(3)
Operações em vazio
de Operação Velocidade
Redução da velocidade nominal (4)
RENDIMENTO OPERACIONAL i = i1 . i 2 . i 3
Trabalhos Novos
Renovação
Manutenção do Reconstrução
parque material Modernização
Canibalização
Avaria
Sub-contratação
Esperada Antecipada
Correctiva
Fortuita Preventiva
após avaria
MTBF
Inspecção
Rotina
Curativa
Paliativa Conhecido Desconhecido
Reparação
Sistemática Condicional
Melhoramento Planeada Preditiva
MTBF MTTR
Tempo médio de Média dos tempos
bom funcionamento técnicos de reparação
DISPONIBILIDADE
Probabilidade de
assegurar a função
MTBF
D=
MTBF + MTTR
Para obter os diagramas de Pareto é necessário em primeiro lugar classificar as avarias dos
equipamentos por famílias. Assim, num automóvel:
1. Suspensão
2. Direcção
3. Transmissão
4. Motor
5. Equipamento Eléctrico
6. ......
1
4
2
3
t Manutibilidade
3
2
5
1
Disponibilidade
n .t
1 2
3
k famílias
− modificações técnicas
− vigilância acrescida
− medidas preventivas
− a organização da manutenção
A partir do histórico pode-se também traçar a curva ABC de Pareto (figura 7) tendo por
critério n ou n . t , e que dá uma ideia global das prioridades a adoptar nas acções de melhoria
dos equipamentos.
60%
A B C
Decomposição em
módulos funcionai
Figura 7 - Análise A, B, C.
Para realizar uma Engenharia de Manutenção correcta torna-se também necessário realizar
uma Análise Técnica das Avarias, atribuindo um grau de criticidade em função da
disponibilidade e da segurança. Assim, as avarias críticas serão aquelas que provocam
problemas graves de segurança e/ou afectam de modo determinante a capacidade produtiva
do equipamento. (Figura 8).
Podemos pois afirmar que para realizar uma Manutenção correcta não basta conhecer os
equipamentos em termos de fiabilidade, manutibilidade e disponibilidade. Torna-se
necessário melhorar os equipamentos e controlar o seu desempenho de modo a que estes
possam ter a maior disponibilidade possível para a Produção.
- Acidente (choque)
Procura do modo
- Má utilização
de avaria
- Ambiente não conforme
- Em funcionamento
- Não respeito das normas
- Pré-existentes
- Má conservação
- Avaria secundária
- Outra causa
Imputação Processo
extrinseca intrinseco
CAUSAS
mecânica -
eléctrica -
electrónica -
- fugitivo diagnóstico hidráulica -
- permanente etc -
Caracter Natureza
MANIFESTAÇÃO AVARIA IDENTIFICAÇÃO
Velocidade Situação
- súbita espaço -
- progressiva tempo -
POSSIBILIDADE
AMPLITUDE CONSEQUÊNCIAS
DE DETECÇÃO
- parcial
- Vigilância
- completa
preventiva
ANÁLISE
Remédios
Esta informação que indica a probabilidade de falha na situação actual, permite actualizar a
informação que decorre da análise fiabilística normal, e constitui um acréscimo de
informação no sentido da tomada de decisões importantes que afectam quer a Manutenção
quer a Produção.
Por tudo isto podemos afirmar que um serviço de Manutenção não se deve limitar a gerir
avarias, reparações (antes ou após a avaria), stocks de peças sobresselentes ou pessoal, mas
deve, através do recurso a todas as técnicas de análise aplicáveis, relevantes e convenientes,
constituir um factor de melhoria contínua para as empresas, contribuindo para o aumento da
produtividade das instalações e equipamentos.
2.1 Introdução
Neste contexto, a Função Manutenção desempenha um papel primordial uma vez que o seu
objectivo é garantir a operacionalidade dos equipamentos numa perspectiva que leve em
consideração os atributos relevantes dos bens produzidos ou dos serviços prestados
nomeadamente qualidade, custos e prazos. É a Manutenção que deve providenciar para que se
minimizem os períodos de imobilização, os custos de manutenção por bem produzido ou
serviço prestado, as avarias previstas e os erros de planeamento.
De forma análoga ao que sucede com a Medicina, em que a partir de alguns indicadores
(parâmetros) do estado de saúde do indivíduo se traça o quadro clínico que o caracteriza e se
faz o respectivo diagnóstico, também nos equipamentos mecânicos é possível ter ideia da sua
condição de funcionamento e conservação a partir do conhecimento da evolução dos seus
parâmetros significativos.
Esta filosofia de manutenção é hoje em dia possível graças aos avanços científicos e
tecnológicos registados nas últimas décadas e traduzidos em meios de controlo e diagnóstico
Definição dos níveis de referência a utilizar - fase em que para os parâmetros seleccionados
se definem os níveis de referência e os limites que conduzam a alarme, ou intervenção sobre
os equipamentos.
Todavia é conveniente referir que há técnicas específicas, que são muito relevantes para o
acompanhamento da condição de equipamentos, que se baseiam no controlo de parâmetros do
processo produtivo, de que são exemplo a monitorização da pressão ou caudal de uma bomba
que, desde que acompanhada ao longo do tempo, pode dar uma informação preciosa sobre a
forma como esta está a funcionar.
3.1 Introdução
As vibrações são talvez um dos parâmetros operativos mais adequados para avaliar as
condições de funcionamento de uma máquina. Situações como desequilíbrio, estabilidade de
chumaceiras, desalinhamento, folgas exageradas e desapertos, defeitos em rolamentos e rodas
dentadas, etc., produzem comportamentos dinâmicos típicos possíveis de interpretação, para
além de contribuírem para elevar o nível vibratório do equipamento mecânico.
Embora as análises de outros parâmetros, tais como as temperaturas, pressões e condições dos
óleos lubrificantes por exemplo, não devam de forma alguma ser ignorados, como já foi
referido anteriormente elas são aqui entendidas como complementares da análise das
vibrações à qual dedicaremos a nossa atenção.
Uma vez efectuadas as medições, a questão fundamental prende-se com o que fazer com o
resultado dessas medições. Se não existirem valores de referência, as medições poderão
perder no todo ou em parte o seu interesse. Há pois que estabelecer critérios, definindo
limites ou intervalos, que permitam a comparação com os valores medidos, a avaliação da
importância dos desvios observados e a correlação dos mesmos com sintomas de eventuais
avarias em desenvolvimento.
Há diversos tipos de limites a considerar. Para começar o próprio fabricante pode estabelecer
limites que se relacionam directamente com o dimensionamento e características do
equipamento. Entre estes situam-se, por exemplo, as pressões, as temperaturas e velocidades.
Com efeito, a maior parte dos manuais de operação dos equipamentos indicam valores
normais e máximos admissíveis dos parâmetros anteriores para um funcionamento em
segurança. De igual forma, as folgas indicadas podem ser interpretadas como valores de
referência de limites posicionais que, quando ultrapassados, resultam em avaria dos
equipamentos.
Em seguida temos limites de teor mais empírico. Estão neste caso os limites que se podem
impôr quanto ao nível das vibrações. Estes limites podem ser encontrados em diversos locais
nomeadamente como dados dos fabricantes (quando existem), valores de orientação
publicados por fabricantes de instrumentação de medida ou por literatura da especialidade e
resultados da experiência recolhida em máquinas semelhantes. Este tipo de informação pode
ainda surgir em Normas ou Regulamentos. É, no entanto, o histórico de cada máquina que
fornece as indicações mais adequadas para o estabelecimento destes limites.
No entanto, não será nunca demais insistir no facto de todos os limites anteriormente
referidos deverem ser encarados com sensatez atribuindo-se-lhes o seu real valor: o de linhas
de orientação! Cada equipamento terá os seus próprios limites, dependentes de diversos
factores nomeadamente o local onde está montado, condições de montagem, condições de
operação, etc..
Partindo do princípio de que se sabe quais as medições a realizar, onde e como medir e que
limites observar, o problema que se coloca é saber como utilizar os resultados com vista à
determinação do "estado de saúde" do equipamento sob observação.
Estabelecido o parâmetro (ou parâmetros) a medir para avaliar a condição de uma máquina,
este deve ser medido periodicamente a fim de detectar eventuais variações no seu valor. Estas
variações quando representativas de um aumento (ou diminuição, em certos casos)
consistente, indicam uma alteração das condições de funcionamento que pode ser indiciadora
de uma degradação, em evolução, conducente a avaria. Uma análise deste tipo designa-se
vulgarmente por Análise de Tendência (figura 1).
Esta informação é, em princípio, possível de se obter numa fase ainda muito inicial do
problema pelo que permite a programação atempada da intervenção de beneficiação. As
vantagens económicas decorrentes desta possibilidade são óbvias: intervenção localizada uma
vez que se sabe o que está avariado, garantia da disponibilidade do pessoal adequado á
intervenção, menores tempos de paragem, garantia da existência de peças de substituição,
etc..
Para frequências médias (entre 10 e 200 Hz., por exemplo), o parâmetro caracterizador mais
adequado é a velocidade. Acima dos 200 Hz é mais adequado medir a aceleração uma vez
que esta quantidade, sendo proporcional à força, representa melhor o factor que contribui
mais para a avaria dos equipamentos.
Seria presunção admitir que um texto como o presente poderia tornar o leitor um especialista
em controlo de condição por análise dinâmica. No entanto, julgamos que a sua leitura terá o
mérito de desmistificar o método familiarizando o leitor com alguns dos seus princípios
fundamentais, técnicas e instrumentação de análise, dando-lhe simultaneamente uma visão
alargada das potencialidades e elevado interesse da sua utilização prática.
Análise Global
x ef =
1
T
z xaft .d
T
O
2
Trata-se no fundo de uma espécie de "valor médio" constante que é considerado equivalente,
nos seus efeitos, ao sinal dinâmico em estudo. De acordo com a sua definição, o valor eficaz é
uma quantidade que "avalia" o conteúdo energético associado ao sinal variável no tempo que
está a ser analisado.
É com base neste parâmetro, calculado em termos da velocidade associada à vibração, que
Normas como as ISO 2372 e 3945 definem a condição de funcionamento de equipamentos
mecânicos (figura 11).
Uma das grandes aplicações da medição da severidade situa-se logo à partida na recepção dos
equipamentos após montagem, verificando-se se o seu nível de vibrações se encontra dentro
de limites aceitáveis.
rms velocity
In The Range 10-1000 Hz Class I Class II Class III Class IV
Range at the range limits
MM/S IN/SEC
0,28
0,28 .011
0,45
0,45 .018 A
0,71
0,71 .028 A
1,12
1,12 .044 B A
1,8
1,8 .071 B A
2,8
2,8 .11 C B
4,5
4,5 .18 C B
7,1
7,1 .28 D C
11,2
11,2 .44 D
18 C
D
18 .71
28 D
28 1.1
45
45 1.8
71
MACHINE CLASSES
CLASS I Small Machines to 20 HP
CLASS II Medium Size Machines 20 to 100 HP
CLASS III Large Machines 10-200 rev/sec, 400 HP and Larger Mounted on
Rigid Supports
CLASS IV Large Machines 10-200 rev/sec, 400 HP and Larger, Mounted on
Flexible Supports
ACCEPTANCE CLASSES
A GOOD C UNSATISFACTORY
B SATISFACTORY D UNACCEPTABLE
Não termina aqui, obviamente, a utilidade deste parâmetro. Qualquer modificação do valor da
severidade que se venha a registar ao longo do tempo é um indicador de alteração do
comportamento do equipamento que pode estar associada a uma deterioração em evolução,
conducente a avaria.
Figura 12 - Comparação entre o valor de amplitude de pico, pico a pico, rms e médio
rectificado, de um sinal sinusoidal
É assim que alguns fabricantes preferem recorrer à análise da vibração que se verifica à
frequência de funcionamento da máquina, ignorando a contribuição de todas as outras
frequências.
Um sinal dinâmico como o da figura 10, filtrado adequadamente para eliminar todas as
frequências menos a correspondente à velocidade de funcionamento da máquina sob
observação, passará a ter o aspecto de uma curva harmónica como a da figura 12.
A severidade desta vibração pode então ser avaliada pelo seu valor de pico (P), mais
vulgarmente designado por amplitude, ou pelo seu valor pico-a-pico (PP) que corresponde ao
dobro da amplitude. À semelhança das tabelas de severidade ISO anteriormente referidas,
utilizam-se agora outras que também classificam os níveis obtidos em intervalos associados a
designações que esclarecem sobre o seu significado (Bom, Aceitável, etc.). Alguns autores (1)
propõem, com base na sua própria experiência, tabelas de severidade alternativas como a da
figura 14.
De forma análoga, a medição periódica dos níveis de pico (ou pico-a-pico) do parâmetro
caracterizador da vibração permite realizar uma análise de tendência e assim prevenir a
ocorrência de avarias.
O único requisito de praticamente todas as normas que se baseiam num valor global (seja ele
o valor eficaz referido no parágrafo anterior ou o valor de pico referido neste parágrafo) é que
as medições se façam nas chumaceiras dos equipamentos ou tão próximas das mesmas quanto
possível.
Em termos genéricos e de acordo com o sugerido por Wowk, pode-se dizer que os valores
filtrados, de pico da velocidade, inferiores a 2,5 mm/s correspondem a um bom
comportamento. Entre 2,5 mm/s e 7,5 mm/s a vibração é tolerável mas deve-se prever que,
mais tarde ou mais cedo, surgirão problemas.
A partir dos 7,5 mm/s e até 15 mm/s, a vibração é excessiva e é caso para entrar em alerta ou
seja, há razões para sérias preocupações sobre a condição da máquina. Acima de 15 mm/s é
de esperar que a máquina sofra uma séria avaria muito rapidamente (poucas máquinas
aguentarão muito tempo estes níveis de vibração).
A grande vantagem desta última representação deriva não só de permitir o conhecimento das
componentes em frequência do sinal e da sua importância mas também de permitir associar a
cada componente importante do espectro um componente ou orgão mecânico específico da
máquina em observação (figura 16).
O interesse desta análise reside assim no facto de, por si só, o espectro de frequências
associado ás vibrações de uma máquina poder dar indicações imediatas sobre as condições de
funcionamento dos seus diferentes orgãos. A análise de tendência também é aqui aplicável,
com as vantagens inerentes ao que se afirmou antes. Trata-se agora de apreciar a variação do
nível de cada componente em frequência do espectro a partir da obtenção, em intervalos
regulares de tempo, de uma série de espectros.
Por outro lado, um equipamento mecânico não mantém a sua velocidade de funcionamento
exactamente constante. Pequenas variações são normais. Nestas condições, espectros
recolhidos em intervalos de tempo diferentes darão origem, naturalmente, a componentes
Pelas razões anteriores (e também por outras que não interessa agora referir) torna-se muitas
vezes mais prático e útil representar o espectro substituindo o eixo das frequências por um
eixo graduado em ordens da frequência fundamental.
Até agora temos vindo a referir a análise de sinais que traduzem as vibrações de uma máquina
ou equipamento partindo do princípio de que esses sinais foram obtidos junto do corpo
exterior da mesma máquina ou equipamentos ou seja, junto de uma parte que não se move.
As vibrações, cuja origem são normalmente os orgãos em movimento, transmitem-se ao
corpo exterior da máquina através das chumaceiras como já se referiu anteriormente.
Uma forma de visualizar problemas como o que se referiu acima é analisar a órbita do veio na
chumaceira. Neste caso utilizam-se transdutores de proximidade que se fixam sobre a tampa
da chumaceira de forma a medirem a distância da superfície do veio à superfície da
chumaceira onde o transdutor está instalado.
Se os sinais oriundos de cada um dos transdutores contêm mais do que uma frequência a
órbita resultante será mais complexa. Por exemplo, a órbita representada na figura 19 é o
resultado de dois sinais complexos periódicos contendo cada um uma componente à
velocidade (frequência) fundamental e uma componente subsíncrona a 50% da velocidade
fundamental. Este tipo de sinal (e correspondente órbita) indicam fenómenos de instabilidade
Figura 19 - Exemplo de uma órbita produzida por dois sinais periódicos complexos
Outros tipos de análise existem e são, de forma geral, complementares. Muitas vezes torna-se
necessário recorrer a mais do que uma das técnicas disponíveis a fim de se poder diagnosticar
correctamente o problema. Este texto não pretende, de forma alguma, fazer uma descrição
exaustiva de todas as técnicas até por que se tornaria demasiadamente longo. Faremos apenas
referência a algumas a fim de dar um panorama mais vasto do controlo de condição por
análise dinâmica.
Note-se que se se utilizar uma representação espectral em que o eixo das frequências seja
substituído por um eixo graduado em ordens da frequência fundamental, são os componentes
espectrais à velocidade de funcionamento (harmónicas da velocidade) que se mantêm
inalteráveis nas posições que ocupam nos diferentes espectros.
O método mais vulgarizado e talvez mais familiar de representar a resposta dinâmica de uma
máquina é a representação em diagrama de Bode da amplitude e da fase de uma dada
medição, em função da velocidade de funcionamento (figura 22). Este tipo de representação
contém informação que permite identificar velocidades críticas, avaliar o amortecimento
presente no sistema rotativo e determinar as velocidades mais adequadas para operações
correctivas de desequilíbrio. Em análise de condição de máquinas, quase todos os diagramas
de Bode são realizados a partir do sinal oriundo de um sensor de deslocamentos semelhante
aos utilizados para medição de órbitas. Nestas condições, se existir uma deformação inicial
no veio, por exemplo, o diagrama de Bode pode ser fortemente distorcido não permitindo
uma utilização adequada.
Existe, no entanto, uma outra técnica de representação da mesma informação que não é
afectada por uma distorção inicial do veio. Trata-se da representação de Nyquist ou
representação polar. Neste caso o que se faz é representar graficamente o vector resposta num
diagrama polar (figura 23). O efeito de distorção do veio (ou de qualquer outro desvio que
produza um sinal no transdutor que não está relacionado com a velocidade) pode então ser
cancelado se se deslocar a origem do sistema de eixos para a extremidade do vector
representativo da "resposta" a baixa velocidade ("slow roll vector").
Muito mais se poderia dizer sobre estas e outras formas de representação e análise dos sinais
dinâmicos nomeadamente os espectros de cascata rodados, diagramas de Campbell, análise
de contornos, etc.. No entanto, parece-nos que o âmbito deste texto seria ultrapassado se o
Generalidades
A medição e análise de vibrações só pode ser bem sucedida se também existir alguma
familiaridade com os diferentes tipos de equipamentos de medição, nomeadamente os
sensores e os restantes elementos da cadeia de medição. Os elementos básicos de um sistema
de medição de sinais dinâmicos podem ser representados, de forma bastante simplificada pelo
esquema da figura 24.
O transdutor (ou sensor) é um dispositivo que converte a grandeza fisíca que se pretende
medir (entrada) numa quantidade (normalmente eléctrica) que pode ser facilmente tratada
(amplificada e/ou condicionada) para posterior processamento. O condicionamento inicial
consiste vulgarmente na utilização de circuitos electrónicos adequados que convertem,
compensam, amplificam, filtram e/ou manipulam o sinal saído do transdutor a fim de o tornar
utilizável de forma eficaz.
O processador do sinal é a parte da cadeia de medição que trata o sinal anterior mostrando-o
numa forma em que pode ser lido, interpretado e armazenado permanentemente.
Os três parâmetros mais vulgarmente utilizados para medir vibrações são o deslocamento, a
velocidade e a aceleração. Em análise de condição uma das questões que sempre se colocam é
a de saber qual deles se deve medir. A correcta escolha do parâmetro a medir e a selecção do
transdutor mais adequado para o efeito depende da informação que se pretenda obter. Por
exemplo, se é o movimento do veio que se pretende medir então é melhor utilizar
transdutores de deslocamento. Se é o movimento vibratório da tampa de uma chumaceira
talvez a escolha mais adequada seja a de um transdutor de velocidades. As características de
sensibilidade e gamas de frequências utilizáveis são também indispensáveis à escolha
adequada do transdutor.
Para além das características já mencionadas anteriormente outras há que não podem ser
ignoradas na escolha dos transdutores nomeadamente as condições ambientais tais como
humidade, presença de óleo, pressão, temperatura e acessibilidade.
Transdutores de deslocamento
Dado que a excentricidade de um veio numa chumaceira varia com diferentes condições de
carga e temperaturas do veio e do óleo e ainda com diferentes valores de desalinhamento, é
conveniente dispôr de um transdutor com uma gama de medição alargada.
Uma vez que o sistema opera com base em princípios de indução, a extremidade do sensor
não está em contacto com a superfície sob observação e o sinal que gera não é afectado por
materiais não metálicos nomeadamente ar, óleo, gás e materiais plásticos entre a referida
extremidade e a superfície em observação.
Transdutores de velocidade
O transdutor de velocidade é um sensor sísmico e por isso é um sensor de contacto com uma
configuração típica conforme a representada na figura 28. É constituído por uma bobine
cilindrica rigidamente ligada ao invólucro, no interior da qual se encontra um íman
permanente, ligado por molas aos dois extremos. As molas são dimensionadas de forma a
originar uma frequência natural muito baixa, de modo que o íman permanece praticamente
imóvel no espaço, quando o invólucro vibra a frequências acima dos 8 a 10 Hz.
Todavia, e porque este tipo de transdutor gera sinais eléctricos fortes, a sua utilização pode
estender-se à gama de baixas frequências (abaixo dos 10 Hz), desde que seja conhecida a sua
resposta dinâmica em baixa frequência (ou seja, desde que seja conhecida a sua curva de
sensibilidade nessa zona).
Para frequências elevadas, a resposta está limitada não só pela necessidade do movimento
que se pretende medir dever ser suficiente para vencer a inércia do transdutor, como pelo
facto de existirem nesta zona frequências naturais de ordem superior.
Os transdutores de velocidade são, em geral, robustos e têm pesos que variam entre os 200 e
os 800 gramas; são todavia bastante sensíveis a campos magnéticos, por isso a sua utilização
junto dos motores eléctricos ou linhas de potência pode gerar erros nas medições. Como são
sensores de contacto, haverá que tomar especiais cuidados com a sua montagem a fim de
evitar frequências naturais associadas a essa mesma montagem.
No entanto e apesar daquelas limitações permitem uma montagem simples, não necessitam de
cabos especiais ou sistemas sofisticados de condicionamento de sinal e porque os sinais
Transdutores de aceleração
São transdutores mais pequenos e leves que os de velocidade e chegam a pesar apenas 2
gramas.
Quando o corpo a que o acelerómetro está ligado vibra, o cristal piezoeléctrico fica sujeito a
tensões resultantes das forças criadas pela massa sísmica, o que gera um sinal eléctrico
proporcional à aceleração sofrida. Tal como o transdutor de velocidade o acelerómetro é um
instrumento que autogera o sinal. No entanto este é de alta impedância o que impossibilita a
sua utilização directa na maior parte dos equipamentos de análise e controlo e obriga à sua
modificação num sinal de baixa impedância através de conversão em carga ou voltagem.
Por esta razão a gama linear da resposta em frequência é habitualmente tomada até cerca de
1/5 a 1/3 da frequência natural do acelerómetro.
Por outro lado, acelerómetros pequenos e leves, têm menores sensibilidades, mas apresentam
maiores valores limites da gama linear de funcionamento (em termos de frequência).
Apesar das limitações que os acelerómetros têm, nomeadamente o facto de gerarem sinais
que são susceptíveis de ser afectados pelo ruído induzido pelos cabos, pelo comprimento
destes, pelas deformações da base, etc., são transdutores com elevada gama dinâmica (90 dB
ou mais) e de frequência, o que os torna especialmente adequados para um número bastante
vasto de aplicações.
A selecção da localização dos transdutores numa máquina que se pretende analisar é muito
importante, pois a escolha de locais não adequados para medir vibrações mecânicas traduz-se
normalmente em perdas de tempo, de informação e de paciência.
Os sensores devem ser colocados nos locais de suporte do rotor assim como nos pontos em
que o rotor regista movimentos de maior amplitude (se e quando isso for possível). Nesta
perspectiva a colocação de sensores junto das uniões, bucins, caixas de engrenagens, veios,
chumaceiras, etc, pode ser a mais adequada atendendo a que podem fornecer informação mais
útil.
Basicamente há dois tipos de medição que podem ser efectuadas: relativas e absolutas. Deve
seleccionar-se o tipo de medição que permita melhores resultados, isto é o mais sensível aos
efeitos da vibração. Por exemplo, quando a relação de pesos entre o estator e o rotor é grande,
o rotor pode vibrar nas chumaceiras, sem que no entanto se verifiquem movimentos
significativos do estator; nesta situação a informação recolhida no estator (nos apoios do
rotor) dará informação pouco válida sobre a condição do equipamento. Uma situação oposta é
a que se verifica num sistema em que a relação de pesos entre o estator e o rotor é pequena; a
maior parte da vibração é transmitida ao estator e assim, a medição de vibrações no corpo do
estator ou nos apoios do rotor dá informação útil sobre o funcionamento do equipamento.
O tratamento dos sinais obtidos pelos transdutores é o estágio onde os sinais são
transformados num formato adequado. Para este fim diversas possibilidades estão
disponíveis, dependendo a sua escolha do tipo de análise dos dados que se pretende efectuar.
Apesar das diferentes aplicações, todos estes equipamentos têm que ter altas impedâncias de
entrada para impedir carregar o sistema e atenuar os níveis de voltagem (níveis de vibração).
Um impedância excelente é 1 Mohm, típica de um osciloscópio, menos de 100 Kohms é
inaceitável enquanto 500 Kohms pode ser considerado bom.
Medidor de Vibrações
O aparelho básico mais barato e fácil de usar que deve fazer parte de um sistema de
monitorização de vibrações é o chamado medidor de vibrações.
Um medidor de vibrações típico é um aparelho portátil (com baterias) que usa transdutores
sísmicos (geralmente transdutores de velocidade) e está capacitado para medir amplitudes,
tanto em velocidade como em deslocamento, em diversas gamas. Electronicamente, o
medidor de vibrações é um mecanismo simples consistindo num circuito de ganho
seleccionável por gamas, um integrador que pode ser comutado para transformar o sinal de
velocidade de um transdutor em deslocamento (se necessário) e um conversor AC-DC para
transformar o sinal AC num valor DC que pode ser lido no medidor (ecran analógico ou
digital).
Osciloscópio
O equipamento mais simples para visualização (ou mesmo aquisição) de dados de movimento
em tempo real é o osciloscópio. De todos os equipamentos disponíveis para o analista, o
osciloscópio dá provavelmente a melhor imagem intuitiva do comportamento dinâmico da
máquina. Apesar do osciloscópio ser predominantemente um equipamento do domínio do
Existem osciloscópios numa vasta gama de tamanhos desde pequenas unidades portáteis até
aos mais sofisticados modelos. Em geral, todos os osciloscópios têm uma frequência de
resposta que é mais do que adequada, para análise de máquinas. Em algumas aplicações, uma
opção de armazenamento é bastante útil. É o caso de observação de dados a frequências
muito baixas, de máquinas de baixa velocidade, fenómenos transientes ou para analisar um
sinal bastante complexo que pode variar irregularmente com o tempo. Quando se utiliza um
osciloscópio para a análise de condição de máquinas é bastante importante dispor da
capacidade de gerar um impulso por rotação, a partir de um sensor que detecte a passagem de
uma marca no veio, que possibilite "apagar" a imagem do écran correspondente à duração do
impulso. A imagem assim obtida do sinal, dispõe de uma zona identificável que normalmente
é utilizada para medições de ângulos de fase.
Dado que a maioria das marcas de referência para medição de fase são uma ranhura ou
depressão no veio, observada pela sonda de proximidade, o osciloscópio deixa de registar
imagem nesse instante, através da produção de um impulso negativo. Um impulso típico é de
cerca de 7 volts. Nestas condições um osciloscópio não deve precisar de mais do que 5 volts
para apagar a imagem.
Tal como os medidores de vibrações simples, muitos analisadores com filtro sintonizável são
portáteis e funcionam com baterias.
Com estas capacidades um analisador seguidor pode ser usado para fazer diagramas de Bode
e diagramas polares.
Gravadores
Analisadores Espectrais
Um analisador em tempo real tem que ter capacidade para fazer medidas de modo a obter
dados estatísticos precisos que podem ser usados para comparações. A possibilidade de fixar
o valor de pico ("peak hold mode") para a maior amplitude alcançada em qualquer
localização é também uma característica desejável e útil. A capacidade para normalizar os
eixos das frequências para ordens da velocidade de funcionamento, pode ser útil em diversas
situações. Muitos analisadores não possuem esta capacidade incorporada, requerendo um
adaptador auxiliar.
4.1 Introdução
Como a resposta dinâmica de um sistema reflecte, em certa medida, o tipo dos componentes
que o integram e a forma como estes estão interligados, para poder ter a possibilidade de
identificar frequências típicas de alguns destes componentes é necessário conhecer as suas
características. A forma como os componentes se associam condiciona a resposta dinâmica
como um todo, e por isso é também necessário conhecer o modo de associação daqueles. Ao
medir a resposta dinâmica de um sistema está-se a ter uma medida conjunta da resposta de
cada componente "de per si".
Cada componente de um sistema mecânico pode ser caracterizado através das suas
propriedades dinâmicas, como a inércia, rigidez e amortecimento, cuja associação determina
as propriedades dinâmicas do sistema, nomeadamente as suas frequências naturais, pelo que
uma alteração daquelas características pode afectar de uma forma mais ou menos sensível o
valor das referidas frequências naturais.
Por outro lado, a alguns componentes estão associadas funções de excitação que existem pelo
simples facto destes componentes terem movimento ou estarem integrados no sistema em
movimento. Estas funções de excitação estão em geral associadas à geometria destes
componentes pelo que a sua frequência depende apenas das suas características mecânicas;
são exemplo os rotores de bombas, as engrenagens, rolamentos, etc..
Contudo existem outros componentes aos quais não estão associadas quaisquer funções de
excitação quando estão nas suas condições nominais de funcionamento, mas que passam a
existir desde que haja um desvio face a esta situação original; é o exemplo de um veio
alinhado e equilibrado, que não origina nenhuma resposta dinâmica particular, mas que se
As características dinâmicas estruturais dos equipamentos, são função das suas propriedades
dinâmicas que por sua vez são o resultado das propriedades dos componentes que os
integram.
Salvo se houver alteração destas propriedades a resposta dinâmica estrutural mantém-se, não
dependendo, por exemplo, de alterações na velocidade de funcionamento.
Há casos, embora raros, de alterações nas características dinâmicas estruturais que resultam
da degradação do estado operacional ou condição dos equipamentos. Constituem exemplo
deste caso a resposta de um veio de um rotor que após fissurado passa a registar frequências
naturais diferentes das originais ou a de um sistema em que o desgaste excessivo de
componentes originou alterações em termos de valor das frequências naturais.
Ressonância
Esta situação traduz-se normalmente por uma resposta dinâmica excessiva ou seja, o sistema
tende a vibrar com elevados valores de amplitude. Caso o amortecimento presente não seja
Na maioria das máquinas os fenómenos de ressonância estão associados quer à parte móvel,
isto é às massas em rotação, quer à parte fixa, ou seja à estrutura da máquina.
A figura 32 exemplifica este tipo de comportamento dinâmico, para um dado sistema, através
da representação da resposta nos domínios do tempo e frequência.
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
FORMA DE ONDA
VELOCIDADE
MM/SEG
TEMPO EM MSEGS
Estas funções de excitação podem ser originadas intrinsecamente pelo próprio componente
que integra o sistema (ex.: frequências de um rolamento) ou serem devidas à associação de
componentes - se são geradas pelo mecanismo de associação de componentes (ex.: frequência
de uma transmissão por correias).
1. Rolamentos
Para o caso mais comum, em que a pista interior roda e a exterior está fixa, as diferentes
frequências típicas são obtidas através das seguintes expressões (ver também a figura 33):
PCRE =
F
N CR
G D IJ
n 1 - CR COSφ
H
2 DP K
PCRI =
N F1 + D COS φIJ
nG
CR CR
2 H D PK
n F D I
P =G G
1 -
2 H D
COS φJ
CR
P K
HG
G H JK JK 2
PCR = n 1-
2 D CR DP
em que:
sendo
Muitas das avarias em rolamentos podem ter origem num manuseamento descuidado, ou na
montagem deficiente, podendo ainda ser devidos à existência de desalinhamento ou
impossibilidade de ajustamento devido a variações térmicas. Outros tipos de causas usuais
são a selecção inadequada do tipo de rolamento, o carregamento excessivo (por defeito, ou
por excesso), a lubrificação deficiente ou desadequada, ou ainda defeitos decorrentes do
processo de fabrico.
ESPECTRO
ACELERAÇÃO RMS
G-S
FREQUÊNCIA EM Hz
FORMA DE ONDA
ACELERAÇÃO G-S
TEMPO EM MSECS
Este tipo de equipamento tem rotores com uma geometria particular, caracterizada pelas suas
pás, que têm um efeito excitador próprio, decorrente da existência de variações de carga em
função das posições angulares das pás.
Este efeito provoca no veio flutuações de binário e variações de pressão. A frequência destas
variações é função do número de pás e da velocidade de rotação do veio.
Todavia, o escoamento do fluido, perturbado pelo efeito das pás do rotor, poderá também ser
perturbado pelas pás fixas (do estator), provocando estas também outro tipo de excitação que
é função do seu número e da velocidade de rotação do veio.
Pm = Zn * n
Pe = Ze * n
Pc = Zm * Zc * n
Sendo
Estas máquinas, que trabalham com fluidos, têm em geral problemas relacionados com
avarias e desgastes nos orgãos móveis ou devidos a problemas de escoamento ou de carácter
termodinâmico.
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
FORMA DE ONDA
VELOCIDADE
MM/SEG
TEMPO EM MSEG
Os compressores de parafuso são um caso especial do tipo de máquinas aqui descritas, tendo
a particularidade de serem formados por um sistema de dois rotores (figura 36).
z1n1 = z2n2
A existência de uma transmissão por engrenagens (que nunca são geometricamente perfeitas)
altera a velocidade de rotação de parte do sistema, introduzindo variações de velocidade sem
que todavia haja alteração da amplitude do sinal. Como esta variação da velocidade no tempo
é periódica, deste tipo de transmissão resulta uma modulação de frequência.
Sendo o engrenamento, ou seja os dentes das engrenagens, mecanismo responsável por este
tipo de excitação ele terá uma frequência de excitação típica (pico central) dada por :
z1n1 = z2n2
z2 é o nº de dentes da roda
Na maior parte dos casos a frequência de engrenamento z1n1 é acompanhada pelas bandas
laterais acima referidas, sendo o afastamento destas em relação à frequência central função
das frequências correspondentes às diferentes velocidades de funcionamento dos orgãos em
movimento. As bandas laterais mais usuais encontram-se afastadas da frequência central de
engrenamento de um valor correspondente à velocidade de rotação do veio de entrada ou de
saída.
As caixas de engrenagens sofrem muitos dos problemas que afectam outras máquinas mas
têm problemas especiais como os desvios de diâmetro primitivo, descentramento e erros de
talhe dos dentes que se revelam nos valores medidos de vibração no engrenamento. Muitos
dos problemas podem ser causados por defeitos de fabrico, montagem e ajustamento
inadequados, utilização excessiva, lubrificação incorrecta, contaminação, mau alinhamento,
fadiga do material ou excesso de carga.
ESPECTRO
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
Tal como na transmissão por engrenagens esta transmissão introduz uma variação da
velocidade de rotação de parte do sistema, sem que todavia haja efeito perturbador do
engrenamento.
Este tipo de transmissão (figura 39) introduz assim uma perturbação típica que é função dos
diâmetros dos tambores de entrada e saída e da distância entre os respectivos eixos, para além
da velocidade de rotação.
Di - diâmetro do tambor i
a f
L - comprimento da correia = 2C + 1,57 (d+D) + D d
2
4C
ESPECTRO
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
Apesar das respostas dinâmicas dos equipamentos conterem informação referente aos orgãos
que os integram, incluem também outro tipo de informação que pode estar associado à
existência de algumas deficiências de funcionamento ou montagem, e que não decorrem
directamente dos componentes "de per si".
De forma a ilustrar esta situação apresentam-se a seguir alguns casos de situações típicas
nomeadamente desequilíbrio, desalinhamento, folgas excessivas ou desapertos, que estão já
referenciadas na tabela da figura 15 (página 23).
Desequilíbrio
ESPECTRO
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
FORMA DE ONDA
VELOCIDADE
MM/SEC
TEMPO EM MSEGS
Para o caso mais comum que é o de uma linha de veios, o desalinhamento é uma situação que
ocorre quando os dois equipamentos acoplados têm linhas de centro dos respectivos veios que
ou não são paralelas ou, se são, não coincidem existindo folgas entre elas. Esta situação
representada na figura 436 , pode ser quantificada por medidas destas folgas, que na literatura
anglo-saxónica são designadas por "gap" e "sag".
O desalinhamento pode ser motivado por montagem ou afinação deficientes, avarias nas
fundações, aumentos de temperatura, acoplamentos sem liberdade de movimento, etc..
Para alterar esta situação haverá que corrigir as posições relativas dos vários componentes
que integram o sistema que deve ser alinhado.
VELOCIDADE RMS
MM/SEG
FREQUÊNCIA EM Hz
FORMA DE ONDA
VELOCIDADE
MM/SEG
TEMPO EM MSEG
A existência de folgas excessivas e apertos insuficientes, pode levar a que a rigidez inicial da
ligação do equipamento quer ao fixe quer a outro componente, se altere. Esta situação traduz-
se por uma resposta dinâmica típica e é bastante corrente.
Este fenómeno pode ocorrer se houver perda da rigidez inicial ao nível da estrutura ou corpo
do equipamento, ou se houver diminuição da rigidez de ligação dos elementos em rotação.
AMPLITUDE
AMPLITUDE
5.1 Introdução
Estas resultam mais uma vez da deterioração do lubrificante, devido à emissão de partículas
de desgaste pelos sólidos em contacto no interior do mecanismo, ou devido à alteração das
propriedades fisico-químicas do lubrificante durante o funcionamento.
Os vários aspectos atrás referidos mostram o quão importante pode ser a análise periódica de
um lubrificante em serviço, de modo a avaliar o seu grau de deterioração, e assim poder
inferir da probabilidade de avaria de um dado componente lubrificado.
Contaminação do Lubrificante
Degradação do Lubrificante
Filtragem e Limpeza
Este equilíbrio pode ser afectado por várias circunstâncias como o período de rodagem de um
mecanismo novo, durante o qual se produzem quantidades significativas de partículas, ou a
passagem de um processo de desgaste normal a um processo de desgaste severo ou
catastrófico.
O principal objectivo de uma operação de vigilância de uma máquina é detectar o mais cedo
possível a aparição de fenómenos de contaminação anormais, em particular no que diz
respeito ao desgaste.
A frequência com que determinado lubrificante deve ser examinado depende de vários
factores operacionais, tais como:
Esta frequência é ainda fortemente influenciada pela variação das tendências exibidas pelos
resultados de análises anteriores.
Equipamento Horas
Reactores de avião 50
Sistemas hidráulicos de aviões 50
Motores secundários de aviões 50
Motores a diesel 200
Transmissões 200
Sistemas hidráulicos 200
Turbinas a gás pesadas 250 - 500
Turbinas a vapor 250 - 500
Grandes motores alternativos 250 - 500
Figura 46 - Exemplos de intervalos de amostragem
O método que permite obter a amostra mais representativa consiste na recolha de uma
amostra, a partir da tubagem de circulação do lubrificante, num ponto situado imediatamente
após uma zona considerada vulnerável e antes do filtro, através de uma válvula de drenagem.
Outro processo consiste na recolha da amostra directamente do tanque usando uma bomba de
vácuo. Neste caso a recolha deve ser realizada aproximadamente a meia profundidade,
evitando a superfície do lubrificante e o fundo do tanque, contrariando assim o problema da
decantação do lubrificante e da acumulação no fundo.
É normalmente muito útil poder dispor de uma amostra de óleo virgem, pois que os
resultados da sua análise são uma base de referência para acompanhar a variação das suas
características no tempo.
Precauções na Amostragem
(3) As recolhas de amostras devem ser realizadas com o equipamento em serviço, com o
lubrificante à temperatura de funcionamento.
A degradação de um lubrificante pode ser avaliada através da medida de algumas das suas
propriedades e comparação com os valores correspondentes ao lubrificante virgem. A
contaminação de um lubrificante pode ser medida através da realização de vários testes.
Existem "kits" que permitem realizar testes de campo e medir nomeadamente a viscosidade, o
teor em água, a quantidade de partículas e o grau de oxidação, e assim avaliar a deterioração
do lubrificante.
Estas análises permitem medir várias propriedades dos lubrificantes e avaliar a sua
degradação. As análises em seguida apresentadas são algumas das mais divulgadas.
1. Viscosidade
2. Índice de viscosidade
4. Água
5. Acidez
O TAN (do inglês "Total Acid Number"), é a medida mais corrente da acidez de um
lubrificante. O TAN é a medida do grau deterioração por oxidação de um lubrificante.
Para a maioria dos lubrificantes o TAN apresenta um valor inicial baixo, que vai aumentando
gradualmente durante a vida em serviço do lubrificante.
6. Outras propriedades
Existem outros parâmetros que podem ser avaliados, mas cujo interesse em termos de análise
de lubrificantes em serviço é mais reduzido. Podem-se citar a gravidade específica, a
temperatura "Flash", o teor em insolúveis, a tensão interfacial (IFT), a desmulsibilidade, a
esfumagem, e o teste de ferrugem, e o teor em cinzas.
1. Espectrometria
Elemento Origem
Alumínio e Sílica. Poeiras.
Borato, Potássio e Sódio. Resíduos de anticongelante.
Cálcio e Sódio. Resíduos de água salgada.
Crómio, Cobre, Ferro, Chumbo, Estanho e Desgaste, corrosão e resíduos de
Zinco. montagem.
Bário, Cálcio, Magnésio, Fósforo e Zinco. Aditivos de óleos lubrificantes.
Figura 49 - Elementos detectados em motores e sua origem mais frequente.
Hoje em dia estas análises são usadas na maioria dos serviços militares, caminhos de ferro,
companhias aéreas e outras, como um procedimento standard para a monitorização de
lubrificantes, para a programação de mudanças de óleo e mesmo para a detecção de avarias e
apoio à manutenção condicionada.
Exemplos
Neste caso o compressor acabou por avariar devido ao colapso dos segmentos dos cilindros,
antes que a inspecção recomendada em consequência tivesse sido efectuada.
2. Ferrografia
A ferrografia é uma técnica de análise relativamente recente, desenvolvida nos EUA no início
da década de setenta. Esta técnica destina-se a estudar e acompanhar o desgaste dos
mecanismos lubrificados através da análise das partículas contaminantes.
A primeira resulta do facto de que o método foi especialmente concebido para reter os
contaminantes do lubrificante, nomeadamente as partículas de desgaste. Deste modo é
possível isolar, observar e mesmo analisar vários tipos de partículas. Estas análises podem
abordar vários aspectos como sejam as dimensões e morfologia das partículas, ou mesmo a
sua estrutura cristalina.
Existem dois tipos de técnicas, a ferrografia de leitura directa e a ferrografia analítica, que
fornecem resultados complementares entre si.
Um sistema óptico permite medir a densidade óptica dos dois depósitos e assim avaliar os
valores de "L" e "S" que representam respectivamente as quantidades de pequenas e grandes
partículas presentes na amostra de lubrificante analisada.
Com base nos valores de "L" e "S" é possível definir dois parâmetros ligados à severidade
dos fenómenos de desgaste. Esta possibilidade de quantificar a contaminação do lubrificante,
levou alguns autores a designar este método por Ferrometria.
L + S
WPC =
Volume da amostra
Recentemente foram introduzidos novos critérios que fazem intervir a taxa de diluição da
amostra de lubrificante "d". Entre eles são de destacar dois parâmetros:
Ferrografia Analítica
A ferrografia analítica, por vezes designada apenas por Ferrografia, é normalmente utilizada
para aprofundar a análise das partículas contaminantes do lubrificante, quando os resultados
da ferrometria indicam um desgaste ou contaminação importantes ou anormais.
Neste método, as partículas são depositadas num substrato transparente (placa de vidro),
designado por ferrograma, por acção de um campo magnético e por sedimentação.
O processo de fixação das partículas origina que, da zona de entrada do ferrograma até à zona
de saída, haja uma graduação das partículas, que depende essencialmente das suas dimensões
e das suas propriedades ferromagnéticas.
O ferrograma é pois uma óptima base de análise dos contaminantes de um lubrificante. Essa
análise é realizada ao microscópio óptico, com dupla iluminação (luz bicromática). A análise
e identificação das partículas, embora delicada, pode ser rapidamente realizada por um
técnico experimentado.
A análise e classificação das partículas é baseada em vários aspectos, dos quais são de
destacar os seguintes:
− etc.
A associação das partículas observadas com uma das famílias atrás referidas, permite avaliar
o estado de desgaste de um dado mecanismo e mesmo prever a sua vida remanescente.
Este tipo de detectores deve ser colocado numa posição tal, ao longo do circuito de
lubrificação, que permita captar um máximo de partículas.
Poluição gravimétrica
Este método consiste em filtrar, entre duas membranas sobrepostas e no vazio, um dado
volume de lubrificante. A diferença das variações de massa das duas membranas permite
determinar o teor em impurezas sólidas.
Contagem de partículas
Esta contagem, é hoje em dia realizada através de contadores automáticos, que permitem
determinar rapidamente a quantidade de partículas contidas num dado volume lubrificante.
A escolha do método de análise é função de vários parâmetros, como por exemplo a categoria
de lubrificante industrial ou ainda os tipos de mecanismos lubrificados, os níveis médios de
contaminação ou mesmo exigências de limpeza dos circuitos.
Todas as técnicas de análise das partículas de desgaste, contidas num lubrificante em serviço,
são fortemente dependentes do tamanho das partículas.
Verifica-se, por outro lado, que a escolha do método de análise está dependente do tamanho
característico das partículas emitidas pelo sistema lubrificado que se pretende monitorizar.
A figura 56 apresenta uma comparação da utilidade dos vários métodos de análise disponíveis
nos casos de um fluido hidráulico e de um lubrificante para engrenagens.
Esta análise mostra que o lubrificante pode continuar em serviço, mas deve ser vigiado
atentamente.
Nota-se alguma deterioração e é necessário melhorar a filtragem, como indica o nível do teor
em partículas. O aumento de 8% da viscosidade a 40°C juntamente com o teor em insolúveis
É corrente definirem-se níveis de alerta e níveis de alarme, que são frequentemente obtidos a
partir da análise de tendência, por métodos estatísticos, dos resultados obtidos ao longo do
tempo.
Dos processos descritos para a análise dos lubrificantes, há que distinguir aqueles que têm
que ser realizados por pessoal especializado, sobretudo no que diz respeito à análise dos
resultados e aqueles cujos resultados podem ser analisados de forma expedita.
Quer a espectometria, quer a ferrografia analítica, por exemplo, são processos de laboratório.
A amostra de lubrificante, depois de retirada do circuito hidráulico, deve ser devidamente
tratada e analisada por técnicos qualificados.
Mas se o método seleccionado for a ferrografia de leitura directa ou ferrometria, esta pode ser
executada no próprio local onde se encontra o equipamento a analisar, se tal for
absolutamente necessário.
Outras técnicas podem ser directamente aplicadas no terreno. Podemos citar as buchas
magnéticas ou os contadores de partículas, técnicas estas que podem ser aplicadas com êxito
em determinadas situações (controlo de qualidade do óleo de um circuito hidráulico de
accionamento, por exemplo).
Estes aparelhos, comercializados por várias empresas, podem muitas vezes ser integrados em
Sistemas Informatizados de Controlo de Condição, tal como a Análise de Vibrações.
Depois destes limites estabelecidos, poderá evoluir-se para sistemas mais expeditos, com a
utilização de equipamentos menos sofisticados, mas em que os resultados obtidos se revelam
suficientes para o fim em vista. A utilização destes equipamentos poderá ser feita pelo
pessoal de manutenção da empresa cujo equipamento está a ser monitorizado. Os custos das
análises efectuadas são necessariamente menores que as análises feitas em laboratório.
6.1 Introdução
As técnicas de Controlo de Condição a que temos vindo a fazer referência, sendo as mais
usualmente utilizadas pela vasta gama de informações que produzem, não são de modo
nenhum as únicas disponíveis. Com efeito, existem diversas situações em que a análise das
vibrações mecânicas e/ou dos óleos lubrificantes não é suficiente ou nem sequer aplicável.
Nestes casos torna-se necessário recorrer a técnicas complementares ou alternativas.
Neste âmbito e apenas a título de exemplo, apresentam-se a seguir de forma muito resumida,
duas outras técnicas de análise de condição: a análise de corrente eléctrica e a termografia.
Note-se ainda que embora não se tenha feito referência ao ruído este pode ser utilizado com o
mesmo fim. O facto do ruído ter a sua origem numa vibração mecânica e portanto ser
analisável e produzir informações semelhantes às da análise de vibrações, justifica não ser
necessário fazer-se-lhe aqui referência mais completa.
Finalmente não é demais referir que o controlo das diversas variáveis de processo, em
qualquer instalação industrial ou outra, é um bom complemento da análise de condição, não
devendo ser de forma alguma desprezado.
Introdução
Um motor eléctrico convencional que esteja a actuar uma máquina consumidora de potência
funciona como um transdutor, na perspectiva em que quaisquer variações na carga do
consumidor, ou na sua condição, são convertidos pelo motor eléctrico em variações da
corrente eléctrica que são transmitidas pelos cabos de alimentação do motor.
Se o corpo magnético tiver movimento de rotação, então a corrente induzida no circuito, fará
o circuito rodar.
O estator é pois um electromagneto fixo, construído por uma série de enrolamentos sobre um
corpo de ferro. Se for percorrido por corrente eléctrica alternada com uma frequência de 50
Hz, a direcção da corrente eléctrica que o percorre é alterada cinquenta vezes por segundo, ou
seja a sua polaridade varia 3000 vezes num minuto. Se o motor tiver dois polos o corpo
magnético rola a 3000 rpm se o motor tiver quatro polos o corpo magnético roda a 1500 rpm.
Considerando um motor de rotor em gaiola de esquilo, o rotor é constituído por uma série de
barras, de cobre ou alumínio, montadas sobre um núcleo laminado, que são ligadas a dois
anéis terminais.
À medida que a velocidade do rotor vai aumentando, vai decrescendo a diferença entre o
movimento do rotor e a variação do campo magnético no estator e o rotor tende a rodar à
mesma velocidade da variação do campo magnético, mas de facto, existirá sempre uma
diferença entre os dois movimentos; esta diferença de frequência é a chamada "frequência de
escorregamento". À medida que o movimento do rotor se aproxima do sincronismo
relativamente à variação do campo magnético do estator, a corrente que atravessa as barras do
estator diminui.
O valor mínimo de corrente eléctrica ocorre quando o motor roda sem carga a uma frequência
muito próxima da frequência da rede.
Por outro lado o Controlo de Condição de um motor eléctrico permite detectar fenómenos
diversos, por exemplo desequilíbrios na sua alimentação e alterações no consumo típico, que
indicarão determinado estado de degradação do equipamento.
6.3 Termografia
Introdução
Princípios
Este processo de análise baseia-se em sistemas portáteis de fácil utilização não necessitando
de qualquer contacto físico com o equipamento inspeccionado.
Uma aplicação típica diz respeito aos equipamentos eléctricos onde a termografia detecta
com grande facilidade variações térmicas decorrentes de contactos mal apertados ou
oxidados, sobrecargas, envelhecimento do material, etc..
Neste âmbito é de salientar a sua utilidade para inspecção periódica de subestações, postos de
transformação, etc..
Uma outra aplicação de grande interesse reside na análise do estado de isolamentos térmicos
e de refractários. No primeiro caso salientam-se a verificação da qualidade das montagens e
da sua degradação, a detecção de fissuras, etc. (tubagens de fluidos quentes ou frios, tanques
de processo e armazenamento, paredes de câmaras frigoríficas e de edifícios, etc.). No
segundo caso é óbvio o seu interesse no controlo de condição dos revestimentos de caldeiras,
fornos e chaminés.