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Autor
Ana Rute Oliveira Gonçalves
Orientador
Professor Doutor Nuno Albino Vieira Simões
Professor Doutor António José Barreto Tadeu
AGRADECIMENTOS
Pela essência e finalidade académica deste trabalho subsistem contributos que não
podem, nem devem deixar de ser mencionados. Por esta razão expresso os meus verdadeiros
agradecimentos:
Aos meus orientadores, pela disponibilidade que manifestaram desde o contacto inicial. Por
terem sido sempre receptivos, pacientes e por toda a contribuição e apoio que deram ao longo
da realização deste trabalho.
Aos colegas de Mestrado pelo apoio nos bons e maus momentos e pela sua amizade. Por toda
a trajectória que seguimos e o objectivo que atingimos.
Agradeço aos meus amigos e família pela companhia, apoio, amizade e acima de tudo pela
preocupação e interesse que preencheu tantos momentos de desânimo que fui tendo por força
das circunstâncias. Gostaria de citar algumas pessoas que foram presença marcante neste
período: Avó Alice, Cristiano, Joana e Diogo Corrente.
Ao meu namorado e colega de todos os momentos Diogo Portela pela compreensão e ternura
sempre manifestadas apesar da dívida de atenção.
Por último aos meus pais e mana pela paciência e grande amizade com que sempre me
ouviram e sensatez com que sempre me ajudaram. Por me terem proporcionado a
possibilidade de alcançar a meta que sempre desejei sem qualquer dúvida ou arrependimento.
RESUMO
ABSTRACT
The impact on environmental balance faced by the planet is one of the worst
consequences of energy waste. Either due to lacking energy performance of buildings either
due to unconscious use of consumer’s energy, emissions of greenhouse gases and the
improper use of non-renewable sources suffers an exponential increase with overwhelming
consequences on the atmosphere. Currently, in Portugal the buildings sector consumes
approximately 31% of final energy use in the country, being many variables by which energy
consumption depends. However, the use of installations (heating and cooling, lighting, etc.)
and a dissipative behavior of building (buildings without thermal insulation and/or without
thermal inertia) assume the leading role in this energy-efficiency gap.
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS……….………………………….…………………………………….ii
RESUMO……………………………………………………………………………………...iii
ABSTRACT……………………………………………………….……………………….….iv
ÍNDICE…………………………………………………………….……………………….….v
ÍNDICE DE FIGURAS……………………….……………………………………………...vii
ÍNDICE DE QUADROS…………………………………………………………………….viii
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………...1
1.1 Enquadramento…………………………………………………………………………….1
1.2 Motivação e objectivos………….………………….……………………………………...3
1.3 Estrutura do texto….……………………………………………………………….………5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA…….…………………………...……………………………7
3 METODOLOGIA DE DETERMINAÇÃO DE RENTABILIDADE ECONÓMICA……..20
3.1 Definição do quadro de referência…………...…………………………………………...20
3.2 Definição do edifício de referência………………………………………….….………...21
3.3 Definição do modelo de cálculo económico….………………………………...………...22
3.3.1 Cálculo financeiro dos custos globais…………….….……………….…….………...23
3.3.2 Cálculo macroeconómico dos custos globais…...…………………….…….………...24
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA....…….…………………….……………….………26
4.1 Caso de estudo……………………………..….…………………………….….………...26
4.2 Resultados………………………………….….…………………………….….………...33
4.3 Análise dos Resultados…………………………………………………………………..37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………….42
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.….….……………………….……………...………44
ANEXO……..…………………………………………………………………………………A
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 – Poupança de energia para cada zona climática de Espanha [10]..…………......11
Quadro 2.2 – Conceitos construtivos e simulação da necessidade energética [11-12]…….…14
Quadro 2.3 – Custo global incremental para cada conceito construtivo do edifício de
referência [11-12]……………………………………………………………………………..15
Quadro 4.1 – Descrição da solução inicial adoptada [20 – 21]……………...………………..30
Quadro 4.2 – Preços de isolamento térmico sem IVA adoptados [22-23]……………………32
Quadro 4.3 – Coeficientes de transmissão térmica adoptados em cada medida [21]….........33
Quadro 4.4 – Necessidades nominais de energia e poupança energética em Bragança……...34
Quadro 4.5 – Necessidades nominais de energia e poupança energética no Porto……….….34
Quadro 4.6 – Necessidades nominais de energia e poupança energética em Évora…………35
Quadro 4.7 – Resultados do custo global no concelho de Bragança.……...…………………35
Quadro 4.8 – Resultados do custo global no concelho do Porto…………………………......36
Quadro 4.9 – Resultados do custo global no concelho de Évora……………………………..36
Quadro 4.10 – Período de retorno associado a cada medida de eficiência energética nas zonas
climáticas tidas em consideração……………………………………………………………..38
Quadro 4.11 – Nível óptimo do limite máximo das necessidades anuais de energia primária da
medida 3………………………………………………………………………………………41
Quadro A.1: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da solução de referência....A
Quadro A.2: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 1………………B
Quadro A.3: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 2……………...C
Quadro A.4: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 3……………...D
Quadro A.5: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 4………………E
Quadro A.6 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 5…………........F
Quadro A.7 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 6……………….G
Quadro A.8 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 7……………….H
Quadro A.9 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 8………………..I
Quadro A.10 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 9………….......J
Quadro A.11 Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração da medida 10………........K
1 INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento
No contexto dos efeitos nefastos que iriam resultar no futuro das novas gerações, surge o
acordo europeu designado Protocolo de Quioto [2], em 1997, obrigando os Estados-Membro a
definirem medidas de acção que incentivassem a utilização racional dos recursos energéticos
e, consequentemente, a reduzir a emissão de gases de dióxido de carbono para a atmosfera.
A EPBD exige que todos os Estados-Membro devem implementar estas medidas, nas suas
regulamentações nacionais, até Janeiro de 2006. Neste contexto surge a revisão do RCCTE
(Decreto-Lei nº 80/2006) [4], definindo exigências de conforto térmico e de higiéne, através
da compatibilização mais realista de consumos, e condições que minimizem situações
patológicas nos elementos de constução. Conforme o estabelecido na EPBD, foi legalmente
definida a certificação energética dos edifícios através do Decreto-Lei 78/2006 (SCE).
É neste contexto que surge esta dissertação, em que se prevê a análise desta metodologia
de optimização da rentabilidade, salientando e apresentando as medidas que os Estados-
Membro e, especificamente, Portugal deverá realizar de forma a responder às exigências
definidas na reformulação da EPBD, sendo esta análise apresentada no Capítulo 3 e
demonstrada no Capítulo 4.
Sendo o sector dos edifícios responsável por grande parte do consumo de energia, torna-
se cada vez mais pertinente a necessidade de actuação neste sector. Este aumento do consumo
de energia prende-se não só por razões directamente relacionadas com o comportamento dos
cidadãos como também à falta de políticas coerentes e consensuais sobre a energia e
metodologia de cálculo, em especial no que respeita às medidas de controlo de custos, de
eficiência energética e sustentabilidade a nível ambiental.
Por outro lado, ao exigir a formulação de modelos de cálculo nacionais com base em normas
europeias aplicáveis, permite comparações mais coerentes dos níveis de exigência nos vários
Estados-Membro, eliminado a diferença da definição dos diferentes fluxos de energia e a
forma de estabelecimento dos limites de energia do edifício proporcionada pela anterior
EPBD.
1 5
2 4
3
EDIFÍCIOS nZEB
CUSTO ÓPTIMO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
pequenos edifícios de serviços com sistemas de climatização com potência inferior a 25 kW,
nomeadamente ao nível das caracteristícas da envolvente, limitando as perdas térmicas e
controlo dos ganhos solares excessivos.
Com a crescente utilização de equipamentos de aquecimento e arrefecimento, não revogando
os compromissos comunitários assumidos, foi necessária a actualização do RCCTE através da
introdução de maiores exigências de qualidade térmica ao nível da envolvente dos edifícios.
Assim, impõe limites aos consumos energéticos para a climatização e produção de águas
quentes, num claro incentivo à utilização de sistemas eficientes e de fontes energéticas com
menor impacto em termos de energia primária.
Por outro lado, o Decreto-Lei 78/2006, integrando o pacote legislativo que transpôs a
directiva 2002/92/CE, estabelece que os Estados-Membro da UE devem implementar um
sistema de certificação energética de forma a informar o cidadão sobre a qualidade térmica
dos edifícios, aquando da sua construção, da venda ou do arrendamento dos mesmos,
exigindo também que o sistema de certificação abranja igualmente todos os edifícios públicos
e edifícios frequentemente visitados pelo público.
Desta forma, os princípios da Directiva 2002/91/CE são mantidos, bem como o papel
estabelecido aos Estados-Membro na definição dos requisitos mínimos de desempenho
energético. A reformulação da EPBD vem apenas clarificar e alargar o âmbito das disposições
da directiva antecedente e criar objectivos mais ambiciosos.
De uma forma sucinta, procura fornecer aos Estados-Membro um guia de apoio ao cálculo
que permite comparar os actuais requisitos mínimos com os níveis óptimos de rentabilidade
determinados a nível nacional/regional. Para tal, este instrumento de cálculo deverá ser
estabelecido pela Comissão fornecendo um quadro de metodologia comparativa que exigirá
aos Estados-Membro a determinação dos níveis óptimos de rentabilidade dos requisitos
mínimos de desempenho energético.
Assim, a actual EPBD vem estabelecer requisitos no que se refere ao estabelecimento do
quadro geral comum para uma metodologia de cálculo do desempenho energético e à
aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético de edifícios novos e existentes.
Alarga ainda o âmbito da disposição segundo a qual os Estados-Membro devem estabelecer
requisitos mínimos de desempenho energético quando são realizadas grandes obras de
reabilitação e reforça as disposições relativas a certificados de desempenho energético,
inspecção dos sistemas de aquecimento e ar condicionado, requisitos de desempenho
energético, informação e recurso a peritos independentes.
Finalmente, vem ainda salientar aos Estados-Membro a necessidade de cumprir o exposto e
incentivar à criação de planos nacionais de forma a aumentar a existência de edifícios nZEB
até 2020, caracterizados pela necessidade quase nula de energia.
Neste contexto, S. Álvarez em conjunto com outras entidades [10] analisam o Código
Técnico de Edificação, procurando actualizar os requisitos mínimos de desempenho
energético actualmente em vigor em Espanha. Para tal, seguindo a metodologia indicada pela
Comissão europeia, identificam 23 edifícios de referência (9 edifícios unifamiliares e 14
blocos de apartamentos) aplicados em 12 localizações diferentes.
como ciclo de vida, 2,5% como taxa de desconto e 3,5% de incremento no preço de energia e
desprezando os custos de CO2.
Definidos os parâmetros iniciais para aplicação da metodologia de cálculo, alcançou-se a
relação entre as necessidades de energia e o custo associado ao ciclo de vida e,
consequentemente, a definição dos novos requisitos mínimos aplicáveis em cada localização –
Figura 2.3. Identifica-se ainda as poupanças de energia agregadas ao conjunto de medidas
aplicadas quando comparadas com a solução base já referida, salientando-se a grande
discrepância obtida entre o desempenho do edifício padrão e o seu nível óptimo de
desempenho – Quadro 2.1.
Quadro 2.1 – Poupança de energia para cada zona climática de Espanha [10].
A B C D E
Poupança de energia em 32 32 32 27 22
relação ao edifício base (%)
Analogamente, Jarek Kurnitski [11-12] procura determinar o custo óptimo dos níveis
de desempenho energético através da aplicação da metodologia apresentada na reformulação
da EPBD a um edifício de referência. Com base na definição de conceitos de construção que
Define-se um edifício de referência implantado na Estónia com área útil de 171 m2,
três quartos situados no 1º andar e garagem adjacente não aquecida, não sendo por isso
compatibilizada na área de pavimento a ter em conta nos cálculos posteriores.
A envolvente do edifício foi optimizada para cada perda de calor específica para que a
combinação mais eficaz dos níveis de isolamento para janelas, paredes exteriores, pavimento
e cobertura seja usada para atingir o valor dado da perda de calor específica ao mais baixo
possível custo de construção.
Quadro 2.3 – Custo global incremental para cada conceito construtivo do edifício de
referência [11-12]
Custo adicional de desempenho energético, em relação ao edifício de referência, valor liquido actual, €/m2
Componentes do edifício (isolamento térmico e vão
75.9 50.5 20.8 0.0
envidraçados, estrutura não incluída)
Unidades de ventilação (ductos não incluído) 11.9 0.0 0.0 0.0
Caldeira condensação a gás (sistema de distribuição não
0.0 0.0 0.0 0.0
incluído)
Colectores solares 6 m2 26.2 26.2 0.0 0.0
Preço de ligação: gás 0.0 0.0 0.0 0.0
Custo de energia, gás natural -94,1 -79,9 -23,3 0.0
Custo de energia, electricidade -7,8 -7,8 -5,9 0.0
Por outro lado, na tabela anterior verifica-se que o custo do investimento da solução
DH 0,76 para DH 0,42 corresponde a 9435€ para melhorar o isolamento, 2029€ para a
unidade de tratamento de ar e 4479€ para colectores solares resultando numa diminuição de
energia primaria de 80 kWh/m2a no caso de bomba geotérmica e, consequentemente, a um
aumento de 6757€ no custo global. No caso de edifícios nZEB, este aumento deve ser
Assim, concluíram que o isolamento da cobertura parece ser a medida mais eficiente,
uma vez que representa uma grande parte da envolvente do edifício com grande impacto na
procura de aquecimento mas com baixo investimento quando comparado com restantes
medidas. No entanto, combinando o melhor sistema de aquecimento com isolamento de
reduzida espessura resulta numa solução com valor líquido actual semelhante a uma solução
em que se considera uma espessura óptima de isolamento. Ou seja, no caso de estudo de
edifícios unifamiliares na Bélgica as medidas de eficiência energética mais rentáveis são:
1. Isolamento na cobertura;
2. Isolamento no pavimento, quando facilmente acessível;
3. Envidraçados com melhor desempenho térmico;
4. Sistemas de aquecimento energeticamente eficientes;
5. Sistemas de energias renováveis.
Uma vez que a nova regulamentação se aplica não só a novos edifícios como também
a edifícios a reabilitar, a Universidade de Alicante e a Universidade Politécnica de Madrid,
avaliam a aplicação de novas medidas construtivas com vista a melhorar o desempenho
energético dos edifícios existentes bem como a sua viabilidade económica [16].
Para que a acção de reabilitação seja economicamente viável deverão ser tidos os conta não só
os custos associados construção como também os respectivos custos de manutenção. Assim, o
custo de adaptação em edifícios existentes para responder às novas regulamentações será
avaliado e a eficiência energética será analisada em função do período de retorno do
investimento. A avaliação dos edifícios existentes será efectuada no método de referência
variável usado para regulamentação e certificação energética. Este método baseia-se na
comparação entre o edifício alvo de estudo e um edifício de referência geometricamente
idêntico mas totalmente eficiente [17].
Desta forma, foram avaliados dois edifícios históricos com diferentes níveis de
protecção localizados a sul de Alicante, Espanha, sendo em ambos casos reabilitações com
modificação da sua funcionalidade de forma a justificar o custo associado.
O primeiro edifício, Ermita del Santo Sepulcro, de geometria irregular e envolvente sólida e
bastante espessa (Figura 2.7), sofreu um processo de colapso de parte da estrutura, baseando-
se a reabilitação na recuperação de dois edifícios anexos e as partes danificadas da abobada.
Por outro lado, no segundo edifício, Los Aljibes de Hurchillo – Figura 2.8, com as mesmas
características que o anterior, a necessidade de reabilitação prende-se no colapso de antigos
depósitos de água subterrâneos como consequência das mudanças de ambiente. Analogamente
Em ambos os casos a modelação dos edifícios foi efectuada recorrendo uma ferramenta de
cálculo, programa LIDER, e a certificação energética a partir do programa CALENER.
Executados todos os cálculos e definidos todos os parâmetros necessários verifica-se que,
apesar de após a aplicação de isolamento exterior a transmissão global em ambos os edifício
diminuir cerca de 15% no inverno e 28% no verão, o período de retorno do investimento fixa-
se em 30 anos quando comparado com o ciclo de vida dos equipamentos de aquecimento
instalados (15 anos) [16].
Sucintamente, são escassas as medidas de melhoria de desempenho energético de edifícios
que se enquadram nesta categoria que permitam a recuperação do investimento efectuado.
Nesta situação, a questão principal centra-se em decidir se a melhoria do desempenho
energético em edifícios antigos é uma prioridade e se esse investimento se torna rentável no
futuro.
A partir da experiência de vários países, parece ser uma aproximação satisfatória ter
especialistas em consulta constante com o mercado para definir um número não muito
complicado de edifícios de referência para diferentes usos de tipologia. Com base nestes
edifícios, uma análise de sensibilidade pode mais facilmente levar a obtenção mais eficaz dos
níveis óptimos de desempenho energético [18].
Por último, salienta-se a existência de uma ferramenta de cálculo vigente nos E.U.A, o
software BEopt TM, de optimização de energia que gera um caminho óptimo de rentabilidade
dos projectos de construção de um edifícios de referência até obter uma tipologia nZEB. Este
emprega uma metodologia de pesquisa sequencial considerando iterações complexas entre
medidas de eficiência energética de edifícios.
Assim, um conjunto de testes de optimização é efectuado de forma a identificar a eficácia de
cada estratégia. Finalmente, combinações de estratégias são efectuadas em conjunto, que vão
desde conservador a mais bruscas, levando a uma diminuição até 71% das simulações
necessárias [19].
Onde se específica, em cada ponto, medidas direcionais com o objectivo fulcral de obter um
método de cáculo análogo a todos os Estados-Membro, permitindo alcançar as metas mais
ambiciosas que se imcubiram de atingir. Assim, a partir da variação dos resultados obtidos,
uma curva de custos pode ser definida (Figura 1.1), identificando a medida ou conjunto de
medidas correspondentes ao nível económico óptimo e os requisitos minímos de desempenho
energético associados.
I. Edifícios unifamiliares;
II. Blocos de apartamentos e edifícios multifamiliares;
III. Edifícios para escritórios e outras categorias não residenciais.
∑ [∑( ) ]
Em que:
Período de cálculo;
Custo glogal (relativo ao ano inicial τ0) no período de cálculo;
Custos de investimento inicial para a medida ou conjunto de medidas j;
Custo anual no ano i para a medida ou conjunto de medidas j;
( )
Sendo p o número de anos a partir do período inicial e r a taxa de desconto real que os
Estados-Membro deverão determinar após terem realizado uma análise de sensibilidade com,
pelo menos, duas taxas diferentes da sua escolha.
Finalmene, a evolução prevista dos preços de energia a longo prazo a ter em conta,
nomeadamente as tendências estimadas de evolução do custo dos combustivéis e da
electricidade, são fornecidos pela Comissão Europeia e actualizados duas vezes por ano. Estas
actualizações estão disponíveis no endereço:
http://ec.europa.eu/energy/observatory/trends_2030/index_en.htm
Ate existirem projeções a mais longo prazo, as referidas tendências podem ser extrapoladas
para além de 2030.
∑ [∑( ) ]
Em que:
Custo do carbono para a medida ou conjunto de medidas j durante o ano i;
Desta forma, os Estados-Membro devem calcular o custo acumulado do carbono das medidas
ou conjunto de medidas no período de cálculo, multiplicando a soma das emissões de gases
com efeito de estufa pelos preços previstos, por tonelada equivalente de CO2, das licenças de
emissões de GEE emitidas cada ano.
Por último, à semelhança do cálculo financeiro do custo global, neste modo de cálculo, os
Estados-Membro devem determinar a taxa de desconto após terem realizado uma análise de
sensibilidade com, pelo menos, duas taxas diferentes; neste caso, uma dessas taxas, expressa
em termos reais, deve ser 3%.
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
Salienta-se que, para avaliação das necessidades energéticas associadas à aplicação das
medidas de desempenho energético nos edifícios de referência, recorrer-se-á à legislação
nacional actualmente em vigor, DL 80/2006 – Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios. Posteriormente, a avaliação da respectiva
rentabilidade económica associada terá como base as indicações expostas pelo Parlamento e,
consequentemente, pela Comissão Europeia na reformulação da EPBD.
O caso estudo deste exemplo prático é um edifício composto por dois pisos, onde o
rés-do-chão apresenta espaço fechado destinado a comércio e uma galeria exterior e,
finalmente, o 1º andar destina-se a habitação, possuindo dois apartamentos (fracções
autónoma A e B).
Prevê-se que a estrutura do edifício seja em betão armado com sistema porticado de pilar viga
e com lajes maciças onde a envolvente vertical se caracteriza por parede dupla de alvenaria de
tijolo furado. A solução inicial será ainda constituída por pavimento revestido e laje maciça de
betão armado, isolamento térmico leve (XPS) em tecto falso.
Por outro lado, a fracção envidraçada será constituída por janelas de caixilho em alumínio de
classe 3 sem quadrícula e vidros duplos, munidos de dispositivos de protecção solar com
cortina interior e estore veneziano.
A solução a aplicar na cobertura do edifício consiste num sistema de cobertura invertida, com
o isolamento térmico aplicado sobre as telas de impermeabilização e sob uma protecção
pesada [20]. Assim, tendo em conta que a cobertura é em terraço e que o edifício irá dispor de
uma exposição solar adequada, esta será munida de sistemas e colectores solares orientados a
sul e com um depósito de 200 litros de capacidade. O sistema de aquecimento é obtido por
bomba de calor com eficiência de 4, o sistema de arrefecimento por máquina frigorífica com
eficiência de 3 e o sistema de produção de AQS é um termoacumulador com rendimento de
0,9.
Para iniciar a avaliação desta componente define-se a solução de base de referência que
servirá de ponto de partida para alcançar o objectivo deste trabalho. Assim, de acordo com as
Medida 2: Aumento do isolamento térmico XPS nas paredes exteriores para 6 cm com
caixa-de-ar não alterando restante referência;
Por outro lado, sendo a base deste estudo a alteração das características do isolamento térmico
das componentes da envolvente do edifício considera-se desprezável a necessidade de
manutenção contígua a cada medida.
4.2 Resultados
Por outro lado, após aplicação da metodologia comparativa de cálculo do nível óptimo
dos requisitos mínimos de desempenho energético determina-se o valor adicional de custo
associado ao cálculo macroeconómico e financeiro de cada medida aplicada.
Nos quadros 4.7, 4.8 e 4.9 salientam-se o incremento de custo inerente à aplicação das novas
soluções construtivas associadas ao reforço do isolamento térmico nas várias componentes da
envolvente térmica. Deste cálculo confirma-se que as medidas que optimizam a poupança de
energia estão associadas a maior incremento de custo relativamente à solução inicial de
referência. Em todos os concelhos considerados as soluções correspondentes à aplicação de
isolamento térmico de 6 cm no pavimento e 6 cm na cobertura correspondem às medidas com
menor custo global acrescido relativamente à solução inicial, incluindo o custo associado à
Quadro 4.10 – Período de retorno associado a cada medida de eficiência energética nas
zonas climáticas tidas em consideração.
PERÍODO DE RETORNO
Cálculo Financeiro Cálculo Macroeconómico
Bragança Porto Évora Bragança Porto Évora
Medida 1 4 4 4 47 87 125
Medida 2 7 8 9 16 29 35
Medida 3 3 3 3 30 7 73
Medida 4 3 3 3 21 8 50
Medida 5 16 23 26 14 25 30
Medida 6 4 4 4 26 10 62
Medida 7 4 5 5 17 13 41
Medida 8 96 112 76 15 28 34
Medida 9 6 7 7 26 13 59
Medida 10 7 8 8 17 18 41
No entanto, para que o objectivo deste trabalho seja atingido, seguindo a metodologia
de cálculo definida no regulamento nº 244/2012, é imprescindível efectuar uma análise Custo
– Benefício de forma a obter uma solução com desempenho energético rentável. Como tal
representa-se uma curva aproximada da relação existente entre o custo global associado a
cada da medida e a respectiva necessidade final de energia – Figura 4.5, 4.6 e 4.7.
35,0
Custo Global (€/m2)
30,0
Cálculo Macroeconómico
25,0 REF.
20,0
15,0
parede
10,0
Pavimento Cálculo Financeiro
5,0
Cobertura
Cálculo Financeiro
0,0
70,0 72,0 74,0 76,0 78,0 80,0 82,0
Necessidade de energia final (kWh/m2)
30,0
(€/m2)
25,0
Custo Global
15,0
10,0
Paredes
5,0 Pavimentos
Cobertura
0,0
43,0 44,0 45,0 46,0 47,0 48,0 49,0 50,0
Necessidade de energia Primária (kWh/m2a)
Figura 4.6 – Análise Custo – Benefício das medidas aplicadas no concelho do Porto
30,0
Custo Global (€/m2)
25,0
15,0
10,0
Paredes
Figura 4.7 – Análise Custo – Benefício das medidas aplicadas no concelho de Évora.
Quadro 4.11 – Nível óptimo do limite máximo das necessidades anuais de energia
primária da medida 3.
Nt actual Nt óptimo
2
Kgep/m a
BRAGANÇA 8,40 6,25
PORTO 7,62 5,94
ÉVORA 7,58 5,26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto, pretende-se que este trabalho constitua o reequacionar dos diversos factores
que concorrem na definição de uma estratégia de melhoria do desempenho energético dos
edifícios. Esta pesquisa apenas equaciona a alteração da espessura do isolamento térmico na
envolvente exterior de um edifício de referência multifamiliar. No entanto, como já referido,
para uma avaliação correcta do nível de eficiência energética dos edifícios nacionais é
necessário uma avaliação profunda de todos os parâmetros que condicionam esta lacuna.
Como tal são apresentadas algumas propostas de trabalhos futuros no contexto deste trabalho,
nomeadamente:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Clima, 11 de Dezembro de 1997. Disponível em:
http://www.diramb.gov.pt/data/basedoc/TXT_LI_22177_1_0001.htm
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Paving the way for effective implementation of policy requirements. Buildings Performance
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Heiselberg, Lennart Jagemar, Risto Kosonen, Jean Lebrun, Livio Mazzarella, Jorma
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[21] Santos, C.A. Pina dos; Matias, Luis – Coeficientes de transmissão térmica de
elementos da envolvente dos Edifícios. Lisboa: LNEC, 2006 (versão actualizada)
[23] Sotecnisol – Materiais. “Placa Cobertura EPS”. Acedido em 15 de Julho de 2012 em:
http://www.sotecnisol.pt/resources/Materiais/Poliestireno_Expandido__Placas_de_Cobertura
_Moldada.pdf
[25] Boermans, Thomas; Petersdorff, Carstes (2007, Outubro). U-values For Better
Energy Performance Of Buildings. Eurima, Germany, 2007.
ANEXO
Quadro A.1: Cálculo auxiliar do custo acumulado de exploração em cada conselho para a
solução de referência.