Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2017 PMR Africa

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Emmerson Mnangagwa toma posse esta sexta-feira

Págs. Centrais, 16 e 17

48ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA - 1.250.000,00MT

SÁBADO, ANDA A RODA AS 12:00HORAS
EXTRACÇÃO ABERTA AO PÚBLICO
SALA DE EXTRACÇÃO RUA TIMOR LESTE, Nº54
TOTOBOLA : PREVISÃO DO JOCKPOT DO 1º PRÉMIO: 471.907,34MT
TOTOLOTO :VALOR DO 1º PRÉMIO : 250.000,00MT
JOKER: VALOR DO 1º PRÉMIO : 250.000,00MT

Boa Sorte a Todos

  

 







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2 Savana 24-11-2017
$OLFH0DERWDDRÀPGHDQRVDRVHUYLoRGD/'+
´*HULXPÀOKRGXPDIRUPDHUUDGDµ
Por Armando Nhantumbo
A
sua coragem e bravura na
causa dos Direitos Huma-
nos fez dela uma mulher
admirada dentro e fora do
país e chegou a ser apelidada como
“mulher de ferro”. Mas quis o desti-
no que saísse pela porta pequena da
Liga dos Direitos Humanos (LDH),
a organização não governamental
que ela própria fundou, em 1992,
juntamente, com outros três mem-
bros. Ao fim de 25 anos, sai carre-
gando nas costas uma cruz gravada
com dizeres como “arrogante” ou
“inviabilizadora de projectos”. Essa
é Alice Mabota, afastada da direc-
ção da LDH numa Assembleia Ex-
traordinária que teve lugar a um de
Novembro corrente. Ao SAVANA,
a advogada diz que o seu único erro
foi ter agido de boa-fé, perante pes-
soas que, afinal, nada mais queriam
senão assaltar a Liga, como agora o
fizeram.
Depois da tempestade que se vem
abatendo sobre a LDH, desde 2014,
no primeiro dia do mês em curso, um
grupo de membros da LHD decidiu,
em Assembleia Extraordinária, afas-
tar Alice Mabota da direcção da or-
ganização.
Naquilo que chamam de Monção de
Censura, os subscritores reprovam e
censuram a conduta, gestão e lideran-
ça de Alice Mabota, alegando invia-
bilização de projectos, falta de diálogo
e indiferença aos actuais problemas
que a organização enfrenta, caracteri-
zados por uma crise institucional sem
precedentes, com processos judiciais
a serem instaurados a partir de quase
todas as delegações regionais e pro-
vinciais contra a organização, corte de
apoio financeiro dos seus tradicionais
parceiros de cooperação internacional,
cativo das contas bancárias por ordem
judicial e pronunciamentos públicos
prejudiciais à imagem da organização.
“Concebi uma organização
na base de boa-fé”
Esta semana, o SAVANA foi bater
à porta do gabinete de Alice Mabo-
ta, na LDH, onde em suas próprias
palavras diz que vai sair a qualquer
momento. E, de peito aberto, abriu-
-nos o longo dossier sobre o projecto
da Liga dos Direitos Humanos, que
agora larga.
Acometida por uma doença que a
deixa fragilizada, Mabota, voz em-
bargada, começa por dizer que o seu
maior erro foi ter agido sempre na
boa-fé.
“Eu concebi uma organização na base
de boa-fé, com ideias na cabeça para
onde eu vou, mas pelo que se viu, nem
todos íamos na mesma direcção”, in-
troduz,
Diz que quando começou o projecto
da Liga, tinha apenas três membros
e tudo começou quando decidiram
abrir as portas da organização para a
entrada de novos membros.
“Aí os problemas começaram, mas
também por culpa toda minha, não
tomei a peito aquilo que iria aconte-
cer e que teria evitado, mas que por
boa-fé não evitei”, arrepende-se.
“Fui dito que algumas dessas pessoas
que estavam a entrar eram nocivas à
Liga, que eu não as devia ter aceite,
mas eu acreditei que estavam na boa-
“Havia pessoas com mágoa de que lhes tirei de onde comiam”, Alice Mabota.
-fé. Fomos trabalhando até que come-
çaram divergências de entendimento
para onde é que vamos. Começamos
a ter pessoas que também se envol-
viam em corrupção e imediatamente
tomava medidas. São algumas dessas
pessoas que afastei que hoje assinam
a tal monção de censura, foram repes-
cadas. Mas pessoas que fizeram mal
à sociedade e eu tomei medida por-
que eram prejudiciais à organização”,
reage Alice Mabota, para quem “havia
pessoas com mágoa de que lhes tirei
de onde comiam”.
Diz que depois veio o que chama de
problemas de falta de eficiência pelo
crescimento da própria organização,
sem nunca haver também conformi-
dade quanto às saídas da situação.
A casa da discórdia
A defensora de direitos humanos
prossegue explicando que, quando
chega a fase que ela própria chama do
“momento de muita fome”, em 2014,
os colegas foram pedir a presidente
para vender a casa onde funciona a
sede da LDH.
Alice Mabota diz que não aceitou
porque não é uma casa qualquer, mas
um edifício doado em honra e reco-
nhecimento do que a Liga fazia em
prol dos cidadãos.
“Vender significa que estou a trair
aquilo que foram os objectivos da
doação desta casa. Não é a Liga que
comprou para se dizer que estamos
em crise e podemos vender” insiste.
“Eu disse que não sou capaz, vamos
falar de tudo, menos vender esta casa”
refere, acrescentando que os seus
colegas entenderam o seu finca-pé
como arrogância, falta de respeito e
desprezo.
E aí, anota, começou toda a campa-
nha contra si, apimentada com acu-
sações de que quer dirigir sozinha a
LDH e que é tempo de sair do poder
porque estava há muito tempo.
“Este barulho todo é dinheiro e a de-
sonestidade das pessoas. Quando a
pessoa está com fome pode inventar
tudo, mas eu estou de cabeça ergui-
da”, diz, acrescentando que leu mal os
processos.
E na hora do adeus, Mabota des-
confia que o dono da casa esteja em
TEMA
TEMADA
DASEMANA
SEMANA
tipo de doador…não sei…talvez se os
moçambicanos acharem que o que eu
faço ajuda a eles, hão de me ajudar a
ir a frente”, desabafa, lembrando que
quando iniciou com a LDH não tinha
apoios da comunidade internacional,
que só começaram a chegar em 1996,
cerca de cinco anos depois.
Questionada sobre a sensação de dei-
xar a LDH como ela deixa, diz “mis-
são cumpridíssima”, embora a emer-
gência da actual crise institucional a
tenha impossibilitado de realizar um
dos grandes desafios na: transformar
a Liga em Fundação.
Assegura que não deixa mágoas e que
chegou o tempo para ela se dedicar a
si. Para além de continuar na causa
dos Direitos Humanos, diz que vai
regressar a escola. Sobre a proposta
dos subscritores da Monção de Cen-
sura, de Alice Mabota ser presidente
honorária da Liga, de pronto retor-
que: “não quero”.
Questionada sobre o futuro da Liga,
diz que está a ver destruição porque
já impediu muita coisa má na orga-
consonância com os insurgentes, por-
nização.
que não se pronuncia, embora a pre-
“Eu estou a dizer que foram buscando
sidente tenha escrito carta a expor a
pessoas que burlaram pessoas aqui na
situação.
Liga e isto vai ser modus vivendi”, re-
Sabe o SAVANA que o imponen-
mata, frisando que jamais será a Liga
te edifício onde funciona a sede da
de ontem.
LDH, na Av. 24 de Julho em Maputo,
foi adquirido com fundos da Agência
“O acesso à Justiça é
Sueca de Desenvolvimento Interna-
nosso marco”
cional (ASDI), numa operação inter-
Chamada a fazer um breve balanço
mediada pela Diakonia.
E Mabota deixa recados aos donos do
dinheiro. Diz que, nisto tudo, apren-
deu que quem tem dinheiro, quando
impõe, é para se cumprir.
Diz que, tal como alguns membros da 2SDtVSUHFLVDGHPDLV
LDH, um dos doadores chegou a lhe
exigir que exonerasse um membro da
Liga, a quem, sem evidencias, acusa-
DMXVWDPHQWRÀVFDO)0,
O
vam de desvios de dinheiro.
representante do Fun-
“Quando o doador não te diz aber-
tamente e dá voltas, não podes saber” do Monetário Interna-
desabafa, questionando “mas que de- cional (FMI) em Mo-
cisão podia tomar com ouves dizer?”. çambique, Ari Aisen,
“Moçambique está imposto que deve defende que o país precisa de
mostrar caras de pessoas e tem duas um ajustamento fiscal adicional,
opções: ou mostra as caras das pessoas para consolidar os sinais de re-
e sai da crise, ou não mostra e vai se cuperação que tem vindo a re-
afundar como eu me afundei, é um gistar nos últimos tempos.
alerta” compara. Falando na conferência “Ajusta-
mento Orçamental e Diversifi-
“Aprendi” cação Económica: Perspectivas
A activista garante que, embora saia Económicas Regionais. África
da Liga, continuará dedicada à causa Subsariana”, Ari Aisen observou
dos direitos humanos em Moçambi- que a recuperação do crescimento
que. económico em Moçambique ain-
“Não me resta nada, senão dizer que o da é frágil, como em muitos ou-
espírito que me moveu a criar a Liga tros países da África Subsariana.
prevalece. O meu espírito de ajudar O país, prosseguiu, precisa de um
a Justiça prevalece. Não vou fazer ajustamento fiscal adicional, o que
na Liga, mas o espaço está aberto. poderia encorajar o relaxamento
Só peço que digam à sociedade que da política monetária.
Alice não vai deixar de trabalhar para Nessa perspectiva, as reformas na
carentes porque está com fome, vai área fiscal devem prosseguir, sen-
continuar a ajudar, mas aprendeu uma do de realçar a recente aprovação
lição grande: nunca devo dizer que as de uma nova lei de empresas pú-
pessoas estão de bem como eu estou blicas e a eliminação de subsídios.
de bem com outras, devo trabalhar “É necessário prosseguir com os
doutra maneira e ajudar as pessoas esforços para fortalecer a gestão
que necessitam e repor a justiça”, diz. das finanças públicas, incluindo
Não entra em detalhes sobre projec- gestão da dívida e da difícil situa-
tos futuros, afirmando que, por en- ção financeira de algumas empre-
quanto, a única coisa que sabe é que sas públicas”, frisou Ari Aisen.
vai continuar a trabalhar em prol dos Moçambique deve igualmente
direitos humanos. apostar em reformas que favore-
“Pedir dinheiro do doador, eish, vou çam a diversificação da economia,
ter muita dificuldade, talvez um outro
dos 25 anos em frente da organização,
respondeu que o acesso à justiça em
Moçambique é marco da LDH.
“O Estado moçambicano nunca pro-
videnciou acesso à justiça antes da
Liga”, lembra.
“Hoje fala-se de paralegal. Paralegal
é uma palavra que está no dicionário
mas trazida para Moçambique pela
Liga. As cadeias estiveram muito
tempo com problemas, conseguimos
fazer com que nas cadeias não entras-
sem crianças, pessoas detidas fora de
flagrante delito, presas mas sem sa-
ber porquê durante muito tempo, as
medidas alternativas à prisão foram
começadas pela Liga”, menciona, rei-
terando que o grande marco foi fazer
o Estado tomar a consciência de que
deve tomar a sério a questão da Jus-
tiça.
Aos seus críticos, que sempre apon-
taram-na como presidente vitalícia da
Liga, hoje responde. Diz que nunca
cedeu o poder porque se apercebeu
que as pessoas queriam assaltar a
Liga, como hoje o fizeram.
“Eu geri um filho duma forma erra-
da. Eu não me apercebi porque o que
sempre tive é medo que as pessoas as-
saltassem a Liga. Mas as pessoas que-
rem o poder, estão preocupadas com o
poder, porque se não estivessem preo-
cupadas para assaltar o poder, teriam
apresentado soluções, mas só queriam
assaltar para estragar”, remata.
de modo a assegurar um cresci-
mento económico sustentável.
De acordo com os dados que o re-
presentante do FMI apresentou, o
Produto Interno Bruto vai situar-
-se este ano entre 3,5% e 4%, con-
tra menos de 4% no ano passado,
projectando-se um crescimento
de entre 4,5% e 5% em 2018.
Classificando a tendência da in-
flação como recuo, o representante
do FMI destacou que a variação
anual dos preços este ano vai che-
gar a 12,6%, depois de 21,1% em
2016 e face a uma projecção de
8% em 2018.
Por seu turno, o crédito ao sector
privado vem observando uma ten-
dência de queda, tendo registado
apenas 10% do total até Setembro
do ano em curso.
O crédito mal parado vai aproxi-
mar-se dos 12% em 2017, face a
uma média de 14% dos chamados
países intensivos em recursos na-
turais e a 10% dos países não in-
tensivos em recursos naturais.
“A política fiscal mantém-se num
ciclo de consolidação ainda insu-
ficiente para travar o crescente re-
curso ao financiamento domésti-
co”, assinalou Ari Aisen, notando
que a despesa pública de Moçam-
bique chegará próximo de 30% do
Produto Interno Bruto (PIB), de-
pois de ter atingido 35% em 2015.
 TEMA DA SEMANA
Savana 24-11-2017 3
38%/,&,'$'(

     

Convite
Realiza-se na segunda-feira, 27 de Novembro de 2018, das
8.30 às 12.30, no Centro Cultural Universitário da UEM,
em Maputo, a apresentação do Segundo Simpósio Regio-
nal da MenEngage África. A MenEngage África é uma
aliança global, com mais de 600 membros em todo o mun-
do, que trabalha com homens e rapazes para a promoção
da igualdade de género e direitos humanos.
O Simpósio Regional da MenEngage África (Simpósio de
Maputo) vai decorrer em Abril de 2018, sob o lema “Par-
cerias para Justiça de Género em África”. Entre outros aspec-
tos, o evento vai destacar resultados de pesquisa e celebrar
importantes intervenções transformativas implementadas
em todo o continente pelos membros da MenEngage Áfri-
ca e outras entidades cujo trabalho contribui para os direi-
tos humanos de homens, mulheres e crianças.
Género (IMAGEs) e Masculinidades em contextos urbanos de
SyV²FRQÁLWRUHDOL]DGDSHOR,QVWLWXWR352081'2HSHOD
UEM, bem como a campanha EleporEla da ONU Mulhe-
res. O programa da gala inclui ainda um painel de discus-
são sob o tema “Repensando as Masculinidades em África” e
alguns momentos artísticos.
A participação neste evento é aberta a todos os interessa-
dos!
,QIRUPDo}HVVREUHR6LPSyVLRGH0DSXWRSRGHPVHUREWL-
das pelo site www.maputosymposium2018.org.mz ou pe-
los contactos secretariat@maputosymposium2018.org.mz
Tel: 82/842222018/Facebook: Maputo Symposium 2018/
Twitter: MaputoSymposium 2018

A apresentação do Simpósio de Maputo está integrada

na gala de abertura da 6ª edição da semana de género da
UEM. Nesta gala, serão também apresentados os resulta-
dos da pesquisa internacional sobre Homens, Igualdade de




Reunião da Mozal para as Partes Interessadas

A Mozal SA, tem a honra de convidá-lo(a) a participar na reunião da Mozal para as partes
interessadas. A reunião será realizada na Quarta-feira do dia 29 de Novembro de 2017, na
Aliança Eventos, Rua da Mozal no 509, Matola Rio, Província de Maputo.

O registo de participantes iniciará as 08h00, devendo a reunião começar as 09h00.

Esta reunião tem como objectivo informar a comunidade e a todo público interessado sobre
o desempenho da Mozal no que concerne a Saúde Ocupacional, Segurança no Trabalho,
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. Este encontro irá oferecer a
oportunidade de se discutir assuntos relacionados com todas actividades da Mozal.

Queira por favor confirmar a sua participação (das 08h00 às 16h30) através dos seguintes
contactos:

ƒ Telefone: 21735002 ou 21 735106 ou 21 735132

ƒ Fax: 21 735588
ƒ E-mail: enviro.mozal@South32.net

4 Savana 24-11-2017
&7$TXHVWLRQDDXVWHULGDGHGRJRYHUQR
QXPRXWURSULVPD$JRVWLQKR9XPDSURS{VDRH[HFXWLYRRFRQJHODPHQWRGHVDOiULRVHSURPRo}HVQD)XQomR3~EOLFDRTXHOKHYDOHXHVWURQGR-
VDVYDLDVQDVUHGHVVRFLDLVHVHYHUDVFUtWLFDVGRVVLQGLFDWRV
Por Argunaldo Nhampossa
E
mpresários filiados à Con-
federação das Associações
Económicas, CTA, alertam
que não podem ser os úni-
cos a pagar a factura da crise que
assola o país, na sequência das dí-
vidas ocultas, questionando o exe-
cutivo sobre as medidas concretas
que irá tomar no âmbito da auste-
ridade.
Para os homens de negócios, a rea-
lidade mostra um executivo inte-
ressado em proporcionar conforto
para os seus membros.
O primeiro-ministro, Carlos
Agostinho do Rosário, não respon-
deu em concreto sobre as medidas
que estão a ser tomadas, tendo dito
que o executivo está a trabalhar
para baixar a despesa pública e re-
duzir o défice.
Falou também da implementação
de medidas para trazer a inflação
para um dígito, visando o recuo das
taxas de juros e a retoma da eco-
nomia.
O governo e a CTA reflectiram, na
passada sexta-feira, sobre progres-
sos, desafios e constrangimentos
de modo a tornar o ambiente de
negócios mais favorável e atractivo
no país.
Depois dos discursos de praxe e
apresentação da matriz das prio-
ridades que cada um dos sectores
deve fazer, o economista Luís Ma-
gaço colocou o dedo na ferida e
deixou a sala em alvoroço.
Sem rodeios, Magaço, que é presi-
dente do Conselho de Gerência da
Associação de Comércio, Indústria
e Serviços (ACIS), disse que o Es-
tado ainda não entrou no espírito
da poupança derivada exigida pela
crise e ainda não percebeu o seu
próprio discurso.
No entender do presidente da
ACIS, perante o preocupante
anúncio do Banco de Moçambi-
que, que alerta para um 2018 mais
difícil, o governo deveria mostrar
com clareza o que está a fazer para
estar em consonância com aquela
advertência.
“Que medidas o Estado está a to-
mar para a austeridade”, questio-
nou Luís Magaço.
Para o economista, o actual con-
texto impõe o corte despesas su-
pérfluas, porque o aumento da base
tributária leva o seu tempo.
Para o presidente da ACIS, as altas
taxas de juros cobradas pelo ban-
cos constituem o principal entrave
para o sector privado, porque im-
puta a estes o ónus do custo do di-
nheiro e da crise.
Quando o Estado recorre ao leilão
dos Bilhetes de Tesouro (BT´s)
para se financiar, a uma taxa se
27%, dificilmente a banca pode
vender dinheiro aos privados a
uma taxa de 20%, declarou Luís
Magaço.
O crescente recurso pelo Estado
Primeiro Ministro Carlos Agostinho do Rosário exorta privados a procurarem alternativas de
aos BT faz com que a banca tenha
preferência pelo Estado, “porque
não se pode comparar o Estado a
um privado”.
“Durante muito tempo, pensamos
que fôssemos ricos, mas na verdade
somos pobres. As exportações do
gás que são a nossa esperança de-
verão ocorrer daqui a cinco ou mais
anos, pelo que precisamos de cair
na real e não permitir que o priva-
do seja o único a pagar a factura”,
disse.
(VWiJLRGDGtYLGD
Simon Santos, vice-presidente do
pelouro de Cooperação Económi-
ca e Relações Exteriores, referiu
que a busca de parceiros para in-
vestirem no país tende a ser difícil
nos últimos tempos, devido à falta
de informação sobre a dívida ex-
terna.
Entende Santos que é chegado o
momento de o governo partilhar
com o empresariado a situação da
dívida, pois isto irá facilitar a di-
plomacia económica que o sector
privado tem feito pelo mundo.
Aponta que a imagem que se tem
de Moçambique é que a economia
é instável e nessa condição os in-
vestidores procuram outros desti-
nos.
A isto, Fernando Lima, vice-presi-
dente do Pelouro de Comunicação
Social, TIC,s e Serviços, ajuntou a
necessidade de também se saber do
estágio das negociações para a paz,
uma vez que esta é crucial para a
mobilização de investimento.
Já Mubarak Abdul, do pelouro da
Indústria e Comércio na CTA, é
da opinião que se deve recuperar as
fábricas paralisadas.
Segundo Mubarak, o discurso ofi-
cial fala de industrialização, mas na
prática não se vê quase nada.
Considerou o sector como um dos
mais penalizados por não dispor de
um fundo como os outros para a
sua revitalização.
Com indústrias em pleno funcio-
namento, o país vai reduzir as im-
TEMA DA SEMANA
portações e aumentar as exporta-
ções, contribuindo na melhoria da
balança de pagamentos.
Congelar salários
O presidente da CTA, Agostinho
Vuma, apontou que o contexto
obriga o sector privado a operar
num clima de política monetária
de austeridade e conservadora, as-
sinalando que o país assiste à dete-
rioração das condições de crédito.
É fundamental, de acordo com
Vuma, sustentar a estabilidade
macroeconómica, através do equi-
líbrio da política fiscal e monetária,
tendo apontado a desequilíbrio das
contas do Estado como o grande
desafio.
Referiu que para o sector privado
é importante o rápido tratamento
da questão da consolidação fiscal,
pois a persistência de riscos fiscais
na economia deteriora o ambiente
de negócios.
Para a inversão deste cenário, de-
fendeu o alargamento da base tri-
butária, para que todo aquele que
desenvolva actividade económica
contribua para tesouro.
Socorrendo-se dos dados do FMI
sobre as perspectivas económicas
regionais para 2017, que estimam
que 40% do PIB nacional provem
do sector informar, Vuma defende
a integração gradual dos informais
no formal como um dos meios de
alargamento da base tributária.
Uma negociação que permita a re-
dução da magnitude das isenções
fiscais aos megaprojectos, compen-
sando-as com aumento do tempo
de vigência dos contratos, constitui
para Vuma outra forma de incre-
mento das receitas do Estado.
“O que se está a propor é que, neste
momento difícil, os grandes projec-
tos também apoiem a mobilização
de receitas. Isto permite que, neste
momento, Moçambique aumente
os encaixes na receita fiscal e possa
financiar o défice”, anotou.
Por outro lado, prosseguiu, é im-
portante primar pela austeridade
nomia nacional e melhorar a pro-
dutividade do sector privado.
Vamos reduzir a despesa
O primeiro-ministro, Carlos
Agostinho do Rosário, disse que
o governo está alinhado com as
preocupações do sector privado,
assinalando que, neste momento, o
mais importante é saber “para onde
vamos”.
Disse haver um sentimento co-
mum sobre a necessidade de redu-
ção do défice, trazendo a despesa
pública para baixo.
Destacou que a sua equipa está
focada em reforçar o ajustamento
fiscal numa combinação equilibra-
da com a política monetária e o in-
centivo à produção.
O ajustamento fiscal, continuou,
deverá focalizar-se na eficiência
da despesa pública, no aumento da
colecta da receita, reestruturação
ÀQDQFLDPHQWRSDUDID]HUIDFHDFULVH
do sector empresarial do estado e
melhoria da dívida pública.
na despesa pública, neutralizado o
Quanto à gestão da dívida públi-
crescimento da despesa de funcio- ca, disse que, com o apoio do FMI,
namento. está em implementação um plano
O presidente da CTA sugeriu o de acção decorrente das recomen-
congelamento de subsídios auto- dações da Comissão Parlamentar
máticos, promoções automáticas de Inquérito e da Auditoria Inter-
e outras nas carreiras dos funcio- nacional Independente.
nários e agentes do Estado, como O plano prevê o aperfeiçoamento
meio de estancar o crescimento da de gestão de riscos fiscais, processos
despesa de funcionamento. de emissão de garantias e critérios
de contratação de empréstimos.
Num pronunciamento que levan-
Desafiou o sector privado a traba-
tou muitas críticas nas redes sociais
lhar na integração dos operadores
e que lhe valeu muitos epítetos,
informais no sector formal, enco-
Agostinho Vuma recomendou ao
rajando o empresariado a diversi-
executivo que suspenda o paga- ficar as fontes de financiamento,
mento do 13º salário e o congela- dadas as dificuldades de aceder ao
mento dos aumentos salariais em crédito bancário.
2018. Segundo Carlos Agostinho do Ro-
O presidente da CTA afirmou que sário, o tempo é de esperança, pois
a combinação destas medidas po- os sinais de recuperação da econo-
deria aumentar a eficiência da eco- mia nacional são visíveis.
7UDEDOKDGRUHV
DPHDoDPFRPJUHYH
A
s declarações de Agostinho Vuma sobre o congelamento
do aumento salarial para 2018 e suspensão do 13º, como
meio de conter o crescimento da despesa pública, não só fo-
ram alvos de vaias nas redes sociais, mas também a nível da
classe representante dos trabalhadores. Esta terça-feira, a Organiza-
ção dos Trabalhadores de Moçambique (OTM-Central Sindical)
repudiou veementemente a sugestão de Vuma, ameaçando levar os
trabalhadores para a rua.
Segundo Alexandre Munguambe, secretário-geral da OTM, medi-
das daquela envergadura obedecem a um roteiro de negociações e
não podem ser tomadas de ânimo leve.
Munguambe diz que a OTM rejeita categoricamente o ataque aos
direitos fundamentais dos funcionários e agentes do Estado e seus
familiares.
Entende que a CTA, ao avançar com aquela proposta, pretende
apanhar os demais trabalhadores do sector privado em cascata, o
que pode criar uma escalada de instabilidade económica e social no
sector produtivo.
Defende que a factura desta crise não deve ser paga apenas pelos tra-
balhadores e deixou claro que a sua agremiação reserva-se o direito
de accionar medidas enérgicas para defender os direitos e interesses
dos trabalhadores no país, incluindo o recurso à greve.
 TEMA DA SEMANA
Savana 24-11-2017 5
38%/,&,'$'(
 TEMA
SOCIEDADE
DA SEMANA
6 Savana 24-11-2017

Em Outubro

Preços dos principais produtos sem grandes alterações

Por Abílio Maolela

O
s preços dos principais
produtos de consumo,
na Cidade de Maputo,
continuam a registar
um ligeiro congelamento, des-
de os meses de Junho e Julho
passados. Esta constatação sur-
ge da análise do sexto boletim
de preços de bens alimentares,
produzido pelo Observatório
de Meio Rural (OMR), torna-
do público, esta semana.
Realizado mensalmente, des-
de Maio deste ano, o boletim
de preços de bens alimentares
apresenta a evolução dos pre-
ços dos produtos que compõem
o cabaz de consumo, nos cinco
principais mercados da cidade
de Maputo e nos supermerca-
dos.
Assim, durante o mês de Ou-
tubro, o OMR observou, por
exemplo, que a farinha de milho
foi comercializada, por quilo-
grama, entre 43 e 50 meticais,
nos mercados da periferia da
Cidade (Xiquelene, Xipamani-
ne, Fajardo e Grossista do Zim-
peto), enquanto no Mercado
Central foi comercializado a 60
meticais.
Aliás, o Mercado Central é,
neste capítulo, o mais caro da
capital, pois, os supermercados
comercializaram a farinha de
milho a 54 meticais.
Entretanto, verifica-se a manu-
tenção da tendência do preço
deste produto, desde o mês de
Agosto, tanto nos mercados da
periferia, assim como no merca-
do da zona cimento.
Por sua vez, o arroz importado
variou entre 36 meticais e 39,2
meticais, por quilograma, nos
mercados da periferia, enquan-
to no Mercado Central custou
entre 48 e 40 meticais. Neste
produto, verifica-se uma subi-
da de dois meticais (custava 34
meticais), de Agosto a Outubro,
nos mercados periféricos, en-
quanto no Mercado Central, o
preço alterou nos últimos dias
de Outubro.
Outro produto que não registou
alterações é o amendoim que
foi comercializado a 15 meticais
em todos os mercados, tendo
registado uma descida de dois
meticais nos últimos dias, no
Mercado Grossista do Zimpeto.
Relativamente ao mês de Agos-
to, registou-se uma manutenção
do preço, visto que era comer-
cializado a 15 meticais. Realce-
-se que não há registo da evolu-
ção do preço deste produto, ao
nível do Mercado Central, visto
que a unidade de venda utiliza-
da é o copo e não o quilo.
O primeiro produto que registou
subida é o tomate que foi vendi-
do entre 20 e 40 meticais, por
molho, nos quatro mercados da
periferia. Agosto, esta hortícola
tinha sido comercializada entre
10 e 30 meticais. Referir que o
OMR não recolheu dados sobre
o tomate no Mercado Central,
visto que o mesmo é vendido
por quilograma, diferentemente
dos outros mercados.
O boletim de preços de bens
alimentares prossegue, revelan-
do ainda a subida acentuada da
cebola, por cada 10 kg, que cus-
tava entre 220 e 300 meticais,
nos mercados periféricos e entre
300 a 320 meticais no Mercado
Central. Ao nível dos Super-
mercados, a cebola foi vendida
a 399 meticais.
Em Agosto, a cebola era vendi-
da a 130 meticais, no Mercado
Grossista do Zimpeto e 220
meticais, nos restantes merca-
dos.
De acordo com a fundamenta-
ção do OMR, este facto pode
ser justificado pela redução de
oferta do produto, na África do
Sul, resultante do alagamento
dos campos de produção, após
a tempestade ocorrida no início
do mês de Setembro.
O óleo alimentar também con-
tinua com os preços quase está-
ticos, na medida em que conti-
nua a ser comercializado entre
350 e 370 meticais, nos mer-
cados da periferia e entre 380
e 385 no Mercado Central. No
mês de Agosto, este produto era
transaccionado entre 350 me-
ticais e 455 meticais por cada
garrafão de 5 litros.
Outros produtos analisados
pelo OMR são o carvão vegetal,
açúcar castanho, peixe carapau e
batata-reno.
O carvão vegetal foi vendido
a 20 meticais nos mercados da
periferia, excepto o de Xique-
lene que atingiu 30 meticais o
molho. Enquanto isso, no Mer-
cado Central, o preço praticado
foi de 40 meticais.
O peixe carapau custou entre 95
a 100 meticais, nos quatro mer-
cados da periferia, enquanto no
Mercado Central vendia a 120
meticais. Nos supermercados, o
peixe chegou a custar 169 me-
ticais.

Nyusi lança programa

Pacote para
de produção e distribuição as férias de Natal
O repouso
de carteiras que tanto necessita

O
Reserve um quarto para
Presidente da República, Filipe Nyusi,
4 pessoas por apenas
lança amanhã, 25, na Escola Primária
Completa Mateus Sansão Muthemba,
na cidade de Tete, o Programa de Pro-
R990
dução e Distribuição de Carteiras Escolares, uma Almoço de natal por
iniciativa que prevê produzir pouco mais de 800
mil carteiras escolares até ao fim do quinquénio. R295 adulto e
R120 por criânça.
O Programa, cuja implementação pertence ao Oferta de pequenos presentes
Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvi- de natal.
mento Rural e o Ministério da Educação e De-
senvolvimento Humano, surge como resultado
da OPERAÇÃO TRONCO, uma campanha de
Jantar/festa na véspera
fiscalização florestal madeireira, lançada a 1 de do novo ano.
Março de 2017. A madeira apreendida está a ser
usada para o fabrico de carteiras escolares.
Em Tete, Nyusi fará a entrega de seis mil cartei-
ras escolares, acto que será replicado em simultâ-
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SOCIEDADE
Savana 24-11-2017 7

8 Savana 24-11-2017
Reassentamento em Moatize
Vale considera naturais reclamações das comunidades
Por Benedito Luís
A
Mineradora Vale em
Moçambique, que ex-
plora a mina de carvão
de Moatize, na provín-
cia central de Tete, diz que são
naturais as reclamações deman-
dadas por alguns grupos popula-
cionais reassentados no povoado
de Cateme, para dar lugar ao
ambicioso projecto de explo-
ração daquele minério, na área
onde anteriormente residiam.
Para a multinacional Vale, regra
geral, nos processos de reassen-
tamento das pessoas é comum o
surgimento de vozes discordan-
tes, alegadamente porque não fo-
ram devidamente compensadas.
Apesar de alguns esforços em-
preendidos pela companhia para
suster a vida de pelo menos 717
famílias reassentadas no povoado
de Cateme, a 38 quilómetros da
vila municipal de Moatize, as re-
clamações ainda continuam. Re-
gra-geral, segundo o que a nossa
reportagem apurou no terreno,
na passada terça-feira, os reas-
sentados reclamam pela falta de
oportunidades para desenvolve-
rem as suas actividades agrícolas
derivado, alegadamente, pela in-
fertibilidade das terras atribuídas
para o efeito, conjugado à escas-
sez de chuvas que caracteriza a
zona em causa.
Para as comunidades as terras
são bastante rochosas o que tor-
na difícil a prática de agricultura,
por sinal, a base de sobrevivên-
cia da maioria dos reassentados.
Outros ainda invocam que das
zonas onde foram retirados de-
senvolviam pequenos negócios,
ao exemplo da venda de carvão e
lenha na vila municipal de Moa-
tize, práticas que já não desen-
volvem em Cateme.
Em declarações à imprensa, na
passada terça-feira, o gerente de
Relações Institucionais e Comu-
nitárias, Cirineu Ferreira, apon-
tou uma gama de projectos que
estão a ser levados a cabo em
Cateme e áreas adjacentes, para
o bem-estar das pessoas reassen-
tadas naquele povoado.
Nisto, a Vale Moçambique mon-
tou na chamada “Fazenda Mo-
delo” diversos equipamentos para
a prática de agricultura e pecuá-
rias, com destaque para um sis-
tema de rega (gota a gota), uma
moageira, uma infra-estrutura
para processamento de produ-
tos agrícolas, entre outras infra-
-estruturas.
“O reassentamento foi há pou-
co tempo, por isso é natural que
as pessoas ainda não sintam os
efeitos positivos destes projec-
tos. Mas nós estamos aqui por
35 anos e acreditamos que as
pessoas vão se sentir bem neste
SOCIEDADE
local”, destacou Cirineu Ferreira, sendo que a parte operacional de nominal para 11 milhões de do carvão moçambicano é a Ín-
acrescentando de seguida que as das máquinas é essencialmente toneladas por ano cada”, decla- dia, Japão e o Brasil. Refira-se
comunidades reassentadas em ocupada por trabalhadores mo- rou Sendela anotando que Moa- que apenas 3 por cento do valor
Cateme estão em melhores con- çambicanos. tize tem a particularidade de ter arrecadado na exploração e ven-
dições de habitabilidade agora “Neste momento, a mina opera uma vasta e profunda espessura da do carvão é encaminhado aos
que antes. com duas secções com capacida- de carvão. O principal mercado cofres de Estado.
No que tange as formas de ace-
der aos diferentes projectos em
curso em Cateme, a fonte disse
que a adesão aos mesmos é vo-
luntária. “Mas o nosso desejo é
que todas as 717 famílias estejam
integradas nos projectos para
restaurarem as suas vidas”, subli-
nhou Ferreira.
Como forma de assimilar as pes-
soas ao diferentes tipos de pro-
jectos, os gestores da Vale dizem
estar permanentemente em ac-
ções de formação que são repli-
cadas pelos já formados a outros
membros da comunidade.
Recorde-se que o processo de
reassentamento das comunida-
des abrangidas pelo trançado
da mina de Moatize, num total
de 1.365 famílias, (equivalente
a cerca de 5.500 pessoas) teve
lugar nos anos de 2009 e 2010.
Para além das 717 famílias reas-
sentadas em Cateme, outras cer-
ca de 289 foram encaminhadas
para 25 de Setembro, área loca-
lizada nos arredores da cidade de
Tete. Outras ainda, anunciou o
responsável pelas relações insti-
tucionais e comunitárias na Vale
Moçambique, preferiram fazer
escolhas individuais sobre os lo-
cais a serem reassentadas.
Carvão
Os níveis de produção de carvão
tendem a ascender na rica mina
de Moatize. Até finais do pre-
sente ano, a Vale espera explorar
e colocar no mercado cerca de 13
milhões de toneladas de carvão.
Com efeito, até Outubro passa-
do, a Vale explorou cerca de 10
milhões de toneladas de carvão,
designadamente o carvão térmi-
co e metalúrgico.
No ano passado, a produção fi-
xou-se em 5.9 milhões de tone-
ladas. Porém, com a entrada em A solução ideal que seja para férias ou para uma viagem de negócio. O am-
operação da segunda planta, a biente é extremamente confortável e cuidados ate nos mínimos pormenores.
Vale diz estar na fase ascendente Com uma localização privilegiada, é um excelente ponto de partida. O The
da sua produção, daí a ambiciosa Matola HoteOÀFDQDDYHQLGDSULQFLSDOGD0DWRODDSHQDVNPGH0DSXWR
meta declarada para o presente O Hotel tem também uma posição ideal para percorrer a região, visitando as
ano, fixada em cerca de 13 mi-
Cascatas da Namaacha, e países vizinhos como Suazilândia e África de Sul.
lhões de toneladas.
Na passada segunda-feira, du-
2VHVSDoRVFRPXQVVmRSDUWLFXODUPHQWHDSUD]tYHLVHUHSRXVDQWHV6RÀVWLFDGR
rante uma visita à mina, o geó- e acolhedor o The Matola HoteOWHPjVXDGLVSRVLomRTXDUWRVFRPDGH-
logo Rogério Sendela, anunciou coração e posições variadas, e 5 suítes de alto padrão distribuídas nas seguin-
que a mina de Moatize dispõe tes categorias: 4 suítes VIP’S 1 suíte presidencial. O The Matola Hotel oferece
de uma reserva de cerca de 1,4 WDPEpPDSDUWDPHQWRVVRVVHJDGRVFRPSOHWDPHQWHHTXLSDGRVHGHFRUDGRV
bilião de toneladas por explorar, de forma a proporcionar o máximo conforto num ambiente elegante e actual
num projecto de 35 anos renová-
veis. Instalada em 2008 e, tendo
iniciado as suas operações em $Y'D1DPDDFKD.P0DWROD info@thematolahotel.co.mz
2011, a mina de Moatize empre-
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ga actualmente cerca de 2.380
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Savana 24-11-2017 9

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SOCIEDADE
10 Savana 24-11-2017

Parlamento ignora pedidos da CDM e Coca-cola

Por Argunaldo Nhampossa

C
om voto favorável da Frelimo
e contra das bancadas da Re-
namo e MDM, a Assembleia
da República (AR) aprovou,
esta quarta-feira, a proposta de lei que
aprova o Código de Imposto de Con-
sumo Específico, que passa a incidir
sobre bens considerados nocivos à saú-
de pública ou perigosos ao consumo
humano, ou ainda nocivos ao ambien-
te, sem deixar de lado os produtos que
considera de luxo ou supérfluos.
de enchimento das garrafas de cerveja
é de 40.000 unidades/hora enquanto
que a das máquinas de selagem ronda
a 27.000 unidades/hora. Deste modo,
solicita a remoção do ICE, a obrigato-
riedade da selagem das cervejas produ-
zidas localmente.
Em jeito de resposta, Eneas Comiche,
presidente da Comissão do Plano e Or-
çamento da AR, disse que as empresas
devem abraçar o esforço mundial para a
sociedade contribuir para o orçamento
de saúde, o que passa pela manutenção
da proposta.
9LDWXUDVQmRÀFDPGHIRUD
O ICE é extensivo às viaturas de se-
gunda mão com idade superior a sete
anos, facto que não se verificava até ao
momento. Maleiane argumenta que o
tratamento diferenciado das viaturas
usadas visa estimular a aquisição de
carros novos para reduzir o impacto
ambiental e custos associados à ma-
nutenção. O Ministro considera que
a medida vai estimular a instalação da
indústria automobilística no país.
Explicou que, actulmente, viaturas
novas e usadas com mais de sete anos
pagam uma taxa de 30% de ICE, que
se deverá manter, sendo que para as via-
turas novas e usadas com menos de sete
anos será aplicada de 25%.
Por sua vez, as viaturas de segunda mão
de cilindrada inferior ou igual a 1000
cm3 e com idade inferior a sete anos,
continuarão isentas deste imposto e se-
rão sujeitas à taxa reduzida de 5%. Isto
é visto como uma isca porque nos ha-
bituais fornecedores dificilmente se en-
contram viaturas usadas com menos de
sete anos e por isso os cidadãos deverão
adquirir viaturas novas para que o Esta-
do cobre a taxa de 25%.

Com aprovação desta lei, caiu defini-

tivamente por terra a solicitação das
empresas Coca-cola e Cervejas de
Moçambique (CDM) para que os par-
lamentares intercedessem por elas para
serem isentadas do pagamento do Im-
posto de Consumo Específico (ICE).
Argumenta o executivo que com a re-
visão da lei, com a qual espera encaixar
6,4 mil milhões de meticais apenas em
2018, pretende introduzir ajustamentos
que desencorajem o consumo e a utili-
zação de determinados bens com des-
taque para cervejas, vinhos, bebidas es-
pirituosas, tabaco, veículos automóveis,
produtos de beleza, entre outros.
Assim, entende ser essencial a determi-
nação de procedimentos obrigatórios
de selagem para a produção nacional e
importação de bebidas, para desincenti-
var o contrabando, concorrência desleal
dos importadores informais face aos in-
formais e permitir ao Estado recuperar
receitas fiscais.
Segundo Adriano Maleiane, Ministro
da Economia e Finanças, a nova lei
irá vigorar no triénio 2018-2020 e vai
tributar bebidas espirituosas de acordo
com o seu teor alcoólico e desincenti-
var a utilização de determinados bens
como é caso do saco plástico, fogos de
artifício e refrigerantes.
Foi na perspectiva de evitar o paga-
mento deste imposto, que as empresas
Coca-cola e CDM endereçarem cartas
à AR solicitando que sejam isentos.
Para Coca-cola, o governo vai passar
a cobrar o ICE sobre produtos açuca-
rados (refrigerantes e bebidas energé-
ticas) como forma de desincentivar o
seu consumo devido à sua perigosidade
para saúde pública.
Para o executivo, esta acção visa preve-
nir problemas de saúde pública como
diabetes e obesidade, esta última consi-
derada um factor de risco para contra-
ção de doenças cardiovasculares.
Com aprovação da lei, a Coca-cola
passará pagar 0,50mt/litro em 2018;
0,75mt/litro em 2019 e 1,00mt/li-
tro em 2020. Enquanto que as bebi-
das energéticas serão sujeitas a pagar
0,75mt/litro em 2018; 1,00mt/litro em
2019 e 1,25mt/litro em 2020.

Imposto não paga saúde

A Empresa argumenta que o problema
da saúde pública não pode ser resolvi-
do via aplicação de uma taxa fiscal, mas
sim analisado numa perspectiva sócio-
-económica, com base em aspectos po-
sitivos e negativos para o ser humano.
Alega que o ICE sobre os refrigerantes
não é um remédio eficaz para a gestão
da saúde.
A Coca-cola reivindica a falta de uma
audição ao sector industrial e a partilha
de informações técnicas sobre o açúcar
e os seus efeitos no organismo humano
e no consumo geral e nega que o consu-
mo dos seus produtos seja responsável
para obesidade no país e atira as res-
ponsabilidades para o arroz. E porque
a introdução do ICE pode agravar a
situação da empresa, apelou à reconsi-
deração da decisão.
Enquanto isso, a CDM que, à luz do
artigo 7 da referida lei, deverá passar a
pagar o imposto de selagem das bebi-
das, entende que a mesma deita abaixo
o estímulo à indústria nacional, cuja lei
aprovada ano passado isentava a empre-
sa da selagem dos seus produtos.
A CDM diz que a aquisição do selo
será bastante onerosa à empresa toman-
do em conta os seus níveis de produção.
Mas também fala da quebra de produ-
ção e oferta no mercado em 40%, visto
que a velocidade média das máquinas
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Savana 24-11-2017 11

12
O desabafo é do recém eleito presidente interino do município de Nampula
“É difícil dirigir sem poder”
Por Raul Senda
A
mérico da Costa Iemenle,
presidente interino do Con-
selho Municipal da cidade
de Nampula (CMCN), diz
que está a ser complicado trabalhar
sem poder decisório, considerando
que a lacuna abre espaço para actos
de indisciplina e desobediência.
Iemenle foi eleito à presidência inte-
rina da autarquia a 13 de Novembro,
em substituição de Manuel Tocova,
ora a contas com a justiça. Deverá
dirigir a autarquia até Fevereiro de
2018, altura em que tomar posse o
edil que será eleito a 24 de Janeiro.
Em conversa com o SAVANA, nes-
ta segunda-feira, 20, em Nampula,
Américo Iemenle disse que, por força
do acórdão do Tribunal Adminis-
trativo da província de Nampula, é
obrigado a manter a equipa de ve-
readores e directores vindos do elen-
co do finado Mahamudo Amurane,
mas afirma que estes não alinham no
mesmo caminho com a estratégia do
seu partido.
Iemenle refere que, pelo bem dos
munícipes de Nampula, não tem ne-
nhum problema em “engolir sapos e
aturar” a equipa deixada por Amura-
ne, porém, em pelo menos 10 dias da
governação sente que há tendências
de sabotar o seu trabalho.
O edil interino conta que os actos
Mathária Empreendimentos, limitada
N
a edição nº 1243, do
dia 03 de Novembro
de 2017, pudemos ler
no vosso jornal um ar-
tigo com o seguinte título: “O
cruzamento entre negócios e
política no Corredor de Nacala
” Santos, como é conhecida até hoje,
A Mathária Empreendimen-
tos, Lda. é citada no referido
artigo, e vem deste modo, ao
abrigo do Art. 33 da Lei 18/91
de 10 de Agosto, exercer o seu
direito de resposta, nos termos
abaixo apresentados.
Em primeiro lugar, a empresa e
a família informa que a acusa-
ção feita no artigo é totalmen-
te falsa, tanto que não foram
apresentados quaisquer funda-
mentos.
Quem é a Mathária Empreen-
dimentos, Lda.?
Esta é uma empresa Moçam-
bicana, de cariz familiar, cujos
sócios são Rui M. Bastos dos
Santos, Balbina M. Dorsam
dos Santos, Alexandre C.
Dorsan dos Santos e Pedro N.
Dorsam dos Santos.
A empresa foi fundada em 2010
e opera no sector agro pecuário,
concretamente no distrito de
Ribáue, na localidade da Ma-
thária. A empresa realiza a sua
operação no DUAT registado
em nome do seu sócio Rui M.
Bastos dos Santos, DUAT este
de desobediência às suas orientações
são protagonizados por este grupo de
vereadores e, como não tem plenos
poderes, nada pode fazer para disci-
plinar os prevaricadores.
Aponta a ministra de Administração
Estatal e Função Pública, Carmelita
Namashulua, na qualidade de entida-
de do governo central que tutela os
municípios, de ser um dos responsá-
veis destas instabilidades, na medida
em que não aceita conferir posse ao
edil interino para ter plenos poderes.
Como exemplo de indisciplina dos
vereadores de Amurane, Américo Ie-
menle apontou o facto de, sem infor-
mar e muito menos pedir autorização
ao interino, Francisco Manhiça, ve-
reador das Finanças, ter convocado a
imprensa para denunciar desvios de
fundos da parte do elenco indicado
por Manuel Tocova.
Para Américo Iemenle, antes de fa-
zer pronunciamentos públicos, sobre
questões internas do município, o
vereador Manhiça tinha obrigação de
informar o seu superior hierárquico,
que neste caso é o edil interino.
O autarca interpreta o comporta-
mento de Manhiça como indisciplina
e passível de tratamento disciplinar,
no entanto, o actual cenário limita a
sua margem de actuação.
Iemenle diz que sente que o seu po-
der é frágil e vulnerável a actos de
sabotagens.
que está registado desde a entrada
em vigor da actual lei de terra, uma
vez que a área está atribuída à famí-
lia desde antes da Independência de
Moçambique.
1958: Américo Martins dos San-
tos, fundador da machamba do
iniciou os trabalhos na localidade
da Matharya, com criação de gado
(1500 cabeças de gado) e culturas
diversas, com enfoque no tabaco,
tendo requerido na altura 2200ha.
Importa referir que quando a terra
lhe foi atribuída, na área não havia
uma única pessoa a viver ou a fazer
machamba (eram terras totalmente
livres), cujos limites foram demar-
cados com marcos em betão que
existem até hoje. Para a atribuição
do referido DUAT nunca foi reali-
zado nenhum reassentamento uma
vez que se tratavam de terras livres,
assim reconhecidas pelas autorida-
des administrativas moçambicanas.
1996: dois anos após as primeiras
eleições no país, a produção na ma-
chamba foi retomada, nesta altura
Américo Martins dos Santos havia
falecido, tendo Rui Manuel Bastos
dos Santos, seu filho, ficado a cuidar
da machamba e em cujo nome se
encontra actualmente o DUAT por
um período de 50 anos.
2010: por razões comerciais, a famí-
lia decide formalizar uma empresa,
a Mathária Empreendimentos,
Lda. a qual passou a operar a ma-
chamba. O nome vem da localidade
INTERNACIONAL
SOCIEDADE
SOCIEDADE
Américo da Costa
Refere que a sua condição de interino
sem posse também limita o acesso às
receitas da autarquia, o que pode pro-
piciar desvios de fundos.
“Como edil interino, autorizo o pa-
gamento de despesas do município.
Mas, não tenho acesso às contas, não
sou assinante de cheques, não posso
fazer monitoria directa aos fundos
que entram ou saem do município.
Acho que isso é complicado”, desa-
bafou.
Sublinha que os vereadores e direc-
tores afectos do Conselho Municipal
tudo fazem para dificultar as suas
actividades. Por várias vezes solicitou
documentos ou esclarecimentos de
processos ligados à gestão corrente
onde opera, de modo a enfatizar a
sua origem.
2012 até 2015: a empresa candida-
tou
se a uma oportunidade de fi-
nanciamento do PROSAVANA, o
qual foi aprovado, fruto do trabalho
que já vinha desenvolvendo com os
produtores locais, com os quais já
tinha um programa de fomento da
cultura de soja com 150 produtores.
Quando o financiamento do PRO-
SAVANA foi aprovado, para aqui-
sição de equipamento e recuperação
do armazém, o programa de fomen-
to foi alargado para as culturas de
feijão, amendoim e cebola, passan-
do então a trabalhar com 600 pro-
dutores locais. Importa referir que
estes produtores fomentados envol-
vidos nas actividades trabalham nas
suas próprias machambas nas suas
comunidades, fora dos limites da
área da empresa.
2015 até hoje: a empresa cessou o
fomento agrícola e dedica-se exclu-
sivamente às actividades agrícolas e
pecuária dentro da área do DUAT
acima referido.
Sem mais de momento subscrevo-
-me com elevada estima, aguardan-
do a publicação do direito de res-
posta com a mesma visibilidade que
o artigo acima mencionado.
(Alexandre Santos, Administra-
dor)
Nota do autor
É curioso o argumentário a que a
Mathária Empreendimentos Lda.
da autarquia, mas a informação chega
incompleta ou tarde.
“É difícil trabalhar com pessoas que
não são da tua confiança. Sinto que
há tendências de sabotar o meu tra-
balho, alguns colegas são indiscipli-
nados e desobedientes. Isso é lamen-
tável”, desabafa.
Porém, mesmo com estas adversida-
des, Américo Iemenle diz que tudo
fará para garantir uma transição tran-
quila e que o novo edil venha encon-
trar um município saudável.
Sublinha que a morte de Amurane
não irá prejudicar a ascensão do Mo-
vimento Democrático de Moçambi-
que (MDM) no município de Nam-
pula, porque os munícipes sabem que
esta organização não tem nada a ver
com actos de bandidismo e “apelo à
justiça para fazer o seu trabalho com
celeridade porque o povo de Nampu-
la quer conhecer os mandantes e os
assassinos do seu edil.
Iemenle diz que, mais do que o assas-
sinato do edil Amurane, o que pode
manchar a imagem do partido são os
últimos comportamentos do seu an-
tecessor, Manuel Tocova.
Corrida pela sucessão de
Amurane ao rubro
A corrida pela sucessão de Maha-
mudo Amurane, assassinado a 04 de
recorre no seu suposto esclareci-
mento que no final nada esclarece.
Diz ela que foi “citada” no referido
artigo. Em que termos o foi? Não
o diz. Para melhor esclarecimento
dos leitores, reproduzo aqui o pará-
grafo que deve ter motivado a não-
-resposta da Mathária:
“Segundo a ADECRU, a Mathária
Empreendimentos, uma empre-
sa financiada pelo ProSAVANA,
através do Fundo da Iniciativa de
Desenvolvimento do ProSAVA-
NA (ProSAVANA Development
Initiative Fund – PDIF), em 2014
usurpou terras de mais de 200 fa-
mílias camponesas no distrito de
Ribaué, no Posto Administrativo de
Iapala, na comunidade de Mathá-
ria, para a produção de soja, e que
a população também pedia terras
ao proprietário da empresa para a
produção de alimentos porque, para
além da terra usurpada, já não havia
terra para produzirem nas áreas ad-
jacentes (Ntauzi, 2014).”
Conforme se pode ler, aspectos re-
lacionados com os proprietários da
empresa e seu historial nada têm
que ver com a acusação de usur-
pação de terras. O que se esperaria
da Mathária era um esclarecimento
sobre a queixa feita pelas 200 famí-
lias camponesas da comunidade de
Mathária, contra a Mathária Em-
preendimentos Lda. acusando-a
de usurpação de terra. Essa acusa-
ção foi inicialmente divulgada num
Comunicado de Imprensa emitido
Savana 24-11-2017
Outubro, já mexe com os munícipes
de Nampula.
Enquanto a Comissão Nacional de
Eleições (CNE) prossegue com as-
pectos organizacionais para a eleição,
os partidos, por sua vez, movimen-
tam-se com vista a lançar seus can-
didatos.
Para a eleição intercalar de Nam-
pula, seis partidos políticos e uma
coligação manifestaram interesse,
nomeadamente a Renamo, MDM,
a Frelimo, o Partido Humanitário de
Moçambique, o partido Ecologista
– Movimento Terra, a Acção Movi-
mento Unido para a Salvação Inte-
gral (AMUSI) e a coligação eleitoral
Esperança do Povo (E-Povo).
O SAVANA sabe que o MDM po-
derá avançar com Fernando Bismark,
deputado da Assembleia da Repú-
blica e actual porta-voz da bancada
do MDM. A Renamo terá Arnaldo
Chalaua, antigo deputado e porta-
-voz do partido na Assembleia da
República.
É dado adquirido que PAHUMO
avança com Filomena Mutoropa, ac-
tual membro da assembleia munici-
pal de Nampula, enquanto a AMUSI
poderá apostar na figura de Faizal
Raimo, actual chefe do gabinete do
edil de Nampula e um dos grandes
confidentes de Mahumado Amura-
ne. O mistério ainda gira em torno
do candidato do Frelimo.
pela Acção Académica para o
Desenvolvimento das Comu-
nidades Rurais (ADECRU), a
6 de Outubro de 2014; o mes-
mo está ainda disponível na
internet nos seguintes endere-
ços:  http://www.siemenpuu.
org/pt-pt/news/mozambi-
que-camponeses-acusam-
-candidatos-presidencia-da-
-republica-de-marginalizarem-
-agricultura e https://adecru.
wordpress.com/2014/10/06/
camponeses-acusam-candida-
tos-a-presidencia-da-republi-
ca-de-marginalizarem-a-agri-
cultura-camponesa/#more-276
Não há registo de uma respos-
ta ou desmentido da Mathária
àquele comunicado da ADE-
CRU de 2014. Ademais, depois
de eu ter lido esse comunicado
da ADECRU, quando chegou
a altura de trabalho de campo
fui entrevistar algumas das ví-
timas dessa usurpação de terras
em Iapala, Ribaué, no dia 17 de
Fevereiro de 2017. Tenho co-
migo registo de depoimentos
recolhidos em entrevistas que
fiz em Iapala mas que nunca
vou entregar à Mathária muito
menos publicar a identificação
das fontes por razões óbvias. 
Mais não escrevi!
Thomas Selemane, Economista,
Pesquisador e co-Director do
Observatório do Meio Rural,
OMR
 DIVULGAÇÃO
SOCIEDADE
Savana 24-11-2017 13
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14
O cocktail da destituição presidencial com sabor a golpe militar
A 25ª. hora de Mugabe
Por André Catueira, em Harare
E
ntre clivagens políticas e se-
xuais, desconfortos, descon-
fianças, detenções e prisões,
o Zimbabwe conheceu uma
revolta militar seguida de um levan-
tamento popular jamais visto desde a
independência do país em 1980, que,
ao fim de sete dias intensos, forçou
a resignação na terça-feira do Pre-
sidente Robert Mugabe, há 37 anos
no poder, quando já tinha começado
o seu processo formal de destituição.
A equação militar do general Con-
stantino Chiwenga foi executada
para deter um plano de Robert Mu-
gabe, que já tinha convocado uma
sessão extraordinária da ZANU-PF,
para 12 de Dezembro e que deveria
legitimar Grace Mugabe, então pri-
meira dama do Zimbabwe, como
vice-presidente do país e automa-
ticamente assumir a presidência da
República, em caso de indisponibili-
dade de Mugabe.
Os contornos da crise
A 6 de Novembro, Emmerson
Mnangagwa, foi demitido do cargo
de vice-presidente do Zimbabwe por
Robert Mugabe, a meio de um clima
de “insultos e chantagens” políticas,
avolumando a tensão indisfarçável
entre Grace e Mnangagwa, que usa-
ram nomes pejorativos para se des-
creverem um do outro.
Emmerson Mnangagwa, parte para
o exílio logo após a destituição, su-
postamente devido à deterioração e
vulnerabilidade da sua situação de
segurança, na sequência de lhe terem
sido retirados os guardas protocola-
res, sob controlo do regime de Robert
Mugabe.
Uma fonte da inteligência do Zimba-
bwe confidenciou ao SAVANA que
Emmerson Mnangagwa viajou de
carro de Harare para Chipingue, no
sudeste do Zimbabwe, e atravessou
para Moçambique através do posto
fronteiriço de Espungabera (Mossu-
rize).
Mnangagwa tinha um passaporte
diplomático, e não tendo o protoco-
lo necessário para atravessar a fron-
teira, um funcionário da migração
zimbabweana reteve seu passaporte,
enquanto tentava ter autorização de
Harare para deixa-lo sair do país.
Vendo a situação complicar-se na
fronteira, a equipe de avanço de Em-
merson negociou uma travessia sem
procedimentos migratórios.
Já do lado moçambicano, confiden-
ciou a mesma fonte, uma equipa de
segurança e da secreta do país aguar-
dava Emmerson Mnangagwa, tendo
o escoltado até o aeroporto da Beira,
de onde apanhou um avião privado
até à África do Sul. O seu filho, na
mesma altura, tentou sem sucesso a
saída por Forbes/Machipanda.
O G40 (Geração dos 40 anos), mui-
to contestado pela ala militar do país,
intensificou a sua propaganda de
apoio à nomeação de Grace Mugabe
a vice-presidente do Zimbabwe, “en-
venenando” a opinião pública nas rá-
dios, televisões e jornais com controlo
estatal, o que fez com que a situação
se “elevasse para outro nível”, segun-
do analistas ao SAVANA. O G40
deriva o seu nome pelo facto de já há
alguns anos, Jonathan Moyo, o fami-
gerado ministro da informação e pro-
paganda de então, ter sugerido que a
sucessão do Presidente Mugabe só
poderia ser matéria de interesse para
aqueles que estavam na faixa etária
dos 40. Em Moçambique há um gru-
po com nome idêntico, capitaneado
por Edson Macuácua e Gabriel Mu-
thisse e identificado como os lambe-
-botas do ex-presidente Guebuza
Na segunda-feira 13, a tensão no
Zimbabwe atinge outro nível, quan-
do o chefe do Estado-Maior das For-
ças Armadas, o general Constantino
Chiwenga, condenou, sete dias de-
pois, a demissão do vice-presidente e
avisou que o exército poderia “inter-
vir” se não acabasse a “purga” dentro
da ZANU-PF.
A 14 de Novembro, Chiwenga, or-
denou que o exército marchasse para
Harare com camiões e blindados
anfíbios, tendo tomado o controlo
da capital, sobretudo, dos principais
edifícios do governo, criando “roa-
dblocks” nas principais estradas do
país, sobretudo junto às fronteiras. O
sempre oficioso “Notícias” , apelidou
a ordem de Chiwenga como “treinos
militares” em Harare.
O exército mostrou-se indiferente
à reacção negativa da ZANU-PF,
perante o aviso sem precedentes de
Chiwenga. A ZANU-PF (a ala con-
trolada pelo G40) acusou as Forças
Armadas de “conduta de traição”,
ao afirmar que as críticas do general
Constantino se destinavam “clara-
mente” a perturbar a paz nacional e
demonstravam uma conduta de trai-
ção “já que tinham sido feitas para
incitar a rebelião”.
No princípio da noite do mesmo dia,
o exército desarmou a Polícia de pro-
teção, e retirou a corporação das ruas
do país, incluindo a Polícia de trân-
sito, que deixou de fazer o controlo
rodoviário, passando tudo para o con-
trolo do exército.
Criou um cerco, com cinco blinda-
dos anfíbios lotados de militares,
aos principais edifícios do Governo,
incluindo o gabinete do Presiden-
te, do Primeiro-ministro, a sede do
Parlamento, o Tribunal Supremo e
o Banco central. Nas ruas era possí-
vel ver três tipos de vestes militares,
sendo um grupo de boinas castanhas,
vermelhas e pretas.
Na madrugada do dia 15 de Novem-
bro, o exército, sem alaridos, ocupou
a rádio e a televisão públicas, confir-
mando o golpe militar, mas a ala ten-
ta minimizar a situação evitando “ile-
galidade constitucional” ao anunciar
a detenção de Mugabe e de alguns
ministros que estavam a empobrecer
o país. São também detidos o chefe e
o adjunto do CIO os serviços de in-
teligência do Zimbabwe.
No mesmo dia, o exército colocou
Robert Mugabe e Grace em prisão
domiciliária, insistindo que a opera-
ção do controlo do país visava os cri-
minosos que rodeavam o mais velho
dirigente mundial, tentando afastar a
noção de “um golpe de Estado contra
o Governo”.
No mesmo dia, os media sociais re-
latavam o regresso de Emmerson
Mnangagwa, para criação de um
comité do Governo de transição, en-
quanto as estações de rádio e televi-
sões locais anunciavam um encontro
para quinta-feira, 16, na residência
privada de Robert Mugabe no su-
búrbio de Harare. Sabe-se agora que
Emmerson não regressou ao país,
mas tinha toda a coordenação com as
forças militares revoltosas.
O SAVANA soube que Chiwenga,
que estava em frente às negociações,
se recusou a encontrar-se com Mu-
gabe na sua residência privada em
Borrowdale (casa “tecto azul”), tendo
o encontro, mediado por um clérigo
da igreja Católica, o reverendo Fi-
delis Mukonori, acompanhado pelos
ministros da Defesa, Sidney Seke-
ramayi, e da segurança do Estado,
Kembo Mahodi, passado para a Sta-
te House (Presidência), a residência
oficial, que tinha sido ocupado pelos
militares.
Negociações “picantes” naquela data
para a resignação de Mugabe, se-
gundo confidenciou a nossa fonte,
não deram avanços, “porque Mugabe
ainda não tinha percebido que estava
solitário, já sem nenhum apoio, quer
militar, quer partidário”.
Para transparecer que não houve
golpe de Estado, foi negociada a ida
de Robert Mugabe a uma graduação
universitária em Harare, que já estava
agendada e confirmada aos reitores
pela sua assessoria naquela semana.
Esta foi a primeira aparição que fez
desde a sua detenção, um cenário que
“só beneficiava o exército”, que desde
então teve mais apoio popular.
Na sexta-feira 17, Mugabe não se
rendeu numa nova ronda negocial,
resistindo na posição de se manter no
Governo, apesar das condições ofe-
recidas para exílio e ou de manter-se
amnistiado no país. Fonte próxima
das negociações confidenciou que
Grace Mugabe ter-se-á ajoelhado a
Constantino para evitar a sua prisão.
Mugabe insistia que a posição dos
militares era inconstitucional, apoia-
do pelos sectores mais conservadores
da SADC (Comunidade de Desen-
volvimento da África Austral.
No mesmo dia, foi convocada uma
marcha pacifica para sábado, contra a
resistência de Mugabe no poder e em
apoio à criação de um Governo de
transição, mobilizando milhares de
Savana 24-11-2017
zimbabweanos. O número de zimba-
bweanos brancos nas ruas foi consi-
derado um recorde - denunciando a
impopularidade a que tinha chegado
Robert Mugabe. Nas redes sociais,
tornaram-se virais os vídeos de bran-
cos cantando e dançando “chimuren-
ga songs” (canções da luta). Nas ruas
notavam-se vários cartazes hostis à
potencial ingerência da SADC nos
assuntos internos do Zimbabwe, sen-
do o principal visado o presidente Ja-
cob Zuma da África do Sul.
No domingo 18, Robert Mugabe foi
afastado da presidência da ZANU-
-PF na reunião extraordinária do Co-
mitê Central, que decorreu em Ha-
rare, depois das 10 províncias terem
apoiado a decisão do seu afastamento,
provando assim o isolamento do lí-
der revolucionário no Zimbabwe. Na
mesma noite, Mugabe fez uma paté-
tica comunicação televisiva, mas não
se demitiu.
Na segunda-feira 19, nova ronda
negocial para resignação de Muga-
be também falhou nos resultados,
na sequência da insistência deste
em manter-se no poder alegando ter
sido eleito, levando o exército, com o
apoio do partido a executar um se-
gundo plano.
A demissão
O plano B era proceder para o im-
peachment de Robert Mugabe, para
constitucionalmente ser afastado do
poder e se reformular a governação,
tendo o processo dado entrada na
Assembleia da República, formal-
mente na segunda-feira, com apoio
da bancada da ZANU-PF, a maioria
no parlamento.
Perante a pressão e já sete dias em
prisão domiciliária e sem bases de
apoio, Robert Mugabe “evitou maior
humilhação” e escapou ao impeach-
ment ao demitir-se do cargo no inicio
NO CENTRO DO FURACÃO
da manhã de terça-feira, 21 no Zim-
babwe, o que foi celebrado euforica-
mente pela população em todo o país.
Ao início da manhã, num derradeiro
acto de resistência, tinha convocado
um Conselho de Ministros, mas só
compareceram quatro acólitos. Em
Luanda, Jacob Zuma reunia com o
novo presidente angolano, João Lou-
renço e o presidente da Zâmbia Ed-
gar Lungu. Kenneth Kaunda, o anti-
go presidente da Zâmbia foi a Harare
para tentar convencer Mugabe à re-
signação.
“Eu Robert Gabriel Mugabe, apre-
sento formalmente a minha demis-
são como presidente do Zimbabwe,
com efeitos imediatos”, pode-se ler
na carta apresentada pelo presidente
do parlamento, Jacob Mudenda, e
recebido por aplausos fortes dos de-
putados.
“A decisão é voluntária”, avança
Mugabe e pedia uma “transferência
pacifica de poder” na carta que inter-
rompeu a sessão do parlamento que
já discutia os procedimentos para o
impeachment (destituição) de Robert
Mugabe.
Emmerson Mnangagwa, o vice de-
posto há duas semanas, tinha apelado
na terça-feira a Mugabe a se demitir
imediatamente do cargo, de modo a
“preservar o seu legado” e a permitir
ao “pais avançar”.
Numa nota de imprensa que o SA-
VANA teve acesso, Mnangagwa dis-
se que não regressava ao Zimbabwe
enquanto não tivesse certeza que a
sua segurança estaria garantida, ten-
do confirmado os contactos que teve
com Presidente nos últimos dias so-
bre o estágio do país. Mnangagwa, já
depois de regressar a Harare, agra-
deceu o apoio que recebeu de Jacob
Zuma, do presidente da Namíbia e
do antigo presidente da Tanzania,
Jakaya Kikwete.
Savana 24-11-2017
O povo saiu a rua para saudar os militares
Detenções
O exército, após ter assumido o con-
trolo de Harare, fez várias detenções
de ministros próximos a Mugabe e
ligados aos G40, incluindo Jonathan
Moyo e Savior Kasukuwere, tidos
como a espinha dorsal do G40, “pes-
cados” na mansão privada de Robert
Mugabe em Borrowdale, no subúrbio
de Harare, na noite em que foi en-
viado o comissário Mariyawandah
Nzuwah, para fazer as detenções na
casa de Mugabe.
Até o fecho desta edição estavam
confirmadas as detenções do secre-
tário da Administração e Finanças
da ZANU-PF, Ignatius Chombo,
do secretário da juventude, o vira-
-casaca Kudzanai Chipanga, o de-
legado da organização central da
inteligência(CIO), Albert Miles
Nguluvhe e o comissário da Polícia, o
general Augustine Chihuri.
Recolha obrigatória
Uma medida de recolha obrigatória
no Zimbabwe, desde a eclosão do im-
passe político, na sequência do golpe
militar, forçou à mudanças de hábitos
dos moradores de Harare, que admi-
tiram terem começado a ressentir-se
dos “danos colaterais” da crise.
A circulação nas ruas e subúrbios da
capital estava interdita das 19horas
às 05 horas locais, uma medida que
abrangeu restaurantes e bares, uma
situação que afectou muitos zimba-
bweanos, sobretudo os que prestavam
serviços nocturnos.
“Agora fechamos às 19 horas e já não
atendemos 24 horas como era habi-
tual, devido a situação do país”, disse
Tariro Masa, uma funcionária da rede
de restaurante, afiançando que alguns
serventes nocturnos foram dispensa-
dos.
Um tanque militar circulava tocando
sirene todos os dias às 18:30 locais na
principal avenida de Harare, a Samo-
ra Machel, a mais movimentada, e
em bairros arredores, e em seguida as
ruas ficavam desertas, testemunhou o
SAVANA.
“Esta é uma cidade que não dormia e
agora fica sem pessoas nas ruas às 19
horas desde que começou a situação
(controlo militar)”, disse um taxis-
ta, que cancelou as habituais escalas
noturnas e passou a trabalhar de dia,
num horário “com poucos clientes e
receita”.
Uma estudante, Ennie Munetsi, disse
ao nosso jornal que com os ganhos
do trabalho sazonal em restaurantes
nocturnos na capital Harare, con-
seguia pagar algumas despesas, mas
agora deve dividir o tempo de aulas
com “raras solicitações de trabalhos
diurnos”.
“Isso está a ter um impacto, porque
afecta minha planificação de estu-
dos e trabalhos, além da minha eco-
nomia”, precisou Ennie Munetsi,
adiantando que várias colegas estão
igualmente a ressentir dos “danos co-
laterais” da tensão política no país.
Nesta sexta-feira, 17, a meio da ten-
são política, com os tanques ainda em
posições estratégicas da capital, vários
moradores fizeram longas filas em
bancos de Harare, em busca de reser-
vas, para “o caso da situação evoluir”
no país.
“Tenho tentado obter dinheiro em
espécie desde terça-feira, para ter
reservas em caso de necessidades,
porque a situação política ainda pode
evoluir”, disse Sammuel Murera,
numa longa fila na agência do Eco-
bank, sublinhando que não pretende
deixar o país com a crise.
O Zimbabwe enfrenta uma aguda
crise de escassez de divisas, devido
à deterioração da economia, desde
a introdução do uso do dólar norte
americano, sendo raras as transações
em espécie, depois dos bancos terem
encorajado o uso massivo de cartões
de débito e de crédito.
No ano passado o Governo introdu-
ziu uma “moeda de troca” (uma es-
pécie de título), o bond, que circula
em paralelo no mercado com o dólar
americano, mas igualmente começou
a ser difícil de se obter.
“Preciso colectar um dinheiro en-
viado por um parente no estrangeiro
para garantir as reservas da família.
Podemos vir a precisar de dinheiro
em cash”, disse Miranda Chida, uma
moradora de Harare após chegar às
6horas da manhã para enfrentar uma
bicha de quase 150 metros numa
agência do Western Union.
Algumas pessoas param em caixas
de restaurantes e supermercados, e
pedem os clientes que pretendem pa-
gar com notas a usar seus cartões de
débito para ficarem com o dinheiro,
segundo testemunhou o SAVANA.
Entretanto, alguns automobilistas de
transporte semicolectivos aplaudiram
a medida do afastamento da polícia
de proteção e de trânsito nas ruas da
capital, depois do controlo militar de
Harare, por trazer “dignidade e sos-
sego à nação” por ter acabado com
extorsões e corrupção.
Marcha de repúdio e
celebração
Buzinas e vuvuzelas reforçaram o eco
das vozes populares de repúdio em
Harare, durante uma marcha pacífi-
ca para a resignação de Robert Mu-
gabe, no sábado 18, e que mobilizou
milhares nas ruas, tendo o mesmo
cenário se repetido nesta terça-feira,
com a demissão do líder mais velho
do mundo.
Ruas coloridas de bandeiras e dís-
ticos com palavras de ordem para
Robert Mugabe deixar o governo, e
de apoio ao deposto vice-presidente
e ao exército para continuar as nego-
ciações de transição, foram trocadas
por eufóricas celebrações e emoções,
quando finalmente Mugabe deixou a
presidência.
“Hoje é a nossa segunda independên-
cia, até nós jornalistas respiramos li-
berdade”, disse ao SAVANA um jor-
nalista da estação de rádio ZiFM, na
manifestação de sábado, afiançando
nesta terça-feira, “a vitória está feita”.
O comércio manteve-se encerrado
neste sábado, e várias empresas mo-
bilizaram os seus trabalhadores a par-
ticipar da marcha, que teve presença
massiva de zimbabweanos de raça
branca.
As ruas continuavam patrulhadas
pelo exército armado, mas as palavras
de ordem como “Mugabe deve deixar
o Governo” e “Mugabe deve ir preso”,
“prossiga nosso general”, sugerindo as
negociações para criação de governo
de transição.
“O povo provou que o poder não
se pode transmitir por via sexual, e
amistosamente no quarto. E celebra-
mos esta demissão do Mugabe”, disse
Marylene Mtume, uma manifestan-
te, em alusão à pretensão de Mugabe
candidatar a Grace para sua sucessão.
Grace é conhecida como GucciGra-
ce ou Dis-Grace, devido às despesas
extravagantes que faz no exterior do
país.
“Nunca imaginei que isso fosse acon-
tecer no Zimbabwe. Isso é liberda-
de. É uma revolução”, disse Phanuel
Ndabo, sustentando que a partici-
pação na manifestação dos próprios
partidários de Mugabe revelam uma
nova era no país.
Várias viaturas da ZANU-PF trans-
portaram manifestantes nas carroça-
rias com cartazes, gritando palavras
de ordem, “Mugabe deve sair”, sá-
bado, anunciando o fim ao apoio ao
líder, enquanto helicópteros do exér-
cito sobrevoavam a cidade de Harare.
Os contornos do golpe
O
Chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas do
Zimbabwe, Constanti-
no Chiwenga, escapou
de uma ordem de detenção a que
seria sujeito no domingo, dia 12
de Novembro, logo após o seu
regresso de uma viagem à China.
A detenção teria ocorrido no ae-
roporto internacional de Harare
(agora rebaptizado Robert Mu-
gabe), por uma unidade da polícia
de choque.
Acredita-se que terão sido esses
desenvolvimentos que precipita-
ram a intervenção militar da se-
mana passada, que terminou com
a renúncia do Presidente Mugabe,
nesta terça-feira.
De acordo com fontes citadas
pelo semanário The Independent,
que se publica na capital zimba-
bueana, uma unidade da polícia de
choque tentou deter Chiwenga,
mas foi impedida de concretizar a
sua acção por militares do exército
que haviam sido destacados para
o proteger.
A detenção fazia parte de um
plano para neutralizar todos os
apoiantes do então vice-Presi-
dente Emmerson Mnangagwa,
demitido do governo no dia 6 de
Novembro.
“A situação política deteriorou
quando a polícia recebeu ordens
para deter Chiwenga à sua che-
gada no aeroporto. Uma equipa
foi destacada para o deter, mas
Chiwenga já tinha sido infor-
mado do plano pelos serviços da
inteligência militar”, disse uma
fonte.
Segundo as mesmas fontes, após
tomarem conta do plano de de-
tenção, “os militares chegaram
a contemplar a possibilidade de
Chiwenga aterrar em Lusaka, na
Zâmbia, e depois entrar para o
Zimbabwe via terrestre”.
“Quando Chiwenga desembarcou
do avião, uma equipa de solda-
dos vestidos com o fardamento
de funcionários da empresa de
manuseamento de passageiros e
carga, a NHS, introduziu-se no
aeroporto, enquanto os polícias
se posicionavam para a acção. Foi
quando os soldados tiraram o uni-
forme civil, revelando a sua farda
militar, obrigado os polícias a fu-
girem do local”, disse a fonte.
Na segunda-feira, dia 13,
Chiwenga convocou uma con-
ferência de imprensa na sede do
Estado-Maior, onde na presença
de outros noventa oficiais anun-
ciou que os militares poderiam
intervir para evitar uma potencial
crise provocada por conflitos in-
ternos na ZANU-PF, o partido
no poder.
Na ocasião, Chiwenga disse ao
Presidente Mugabe para que
desse ordens para “parar com de-
clarações irresponsáveis pelos po-
líticos denegrindo a imagem dos
militares”, assim como pôr fim à
expulsão do partido de membros
com história na luta de libertação.
Ele apelou para que “elementos
contra-revolucionários” no parti-
15
do fossem expurgados e para que
a liderança da ZANU-PF garan-
tisse que todos os membros par-
ticipassem no congresso extraor-
dinário marcado para Dezembro
em igualdade de circunstâncias.
Esta era uma exigência indirecta
para a readmissão de Mnangagwa
e de muitos outros membros do
partido que haviam sido ilegal-
mente expulsos.
Na terça-feira, dia 14, o líder da
juventude da ZANU-PF, Ku-
dzanai Chipanga, convocou uma
conferência de imprensa onde
lançou ataques gratuitos contra
Chiwenga, chamando-o de “re-
belde” e “criminoso”, que deve ser
responsabilizado pelas receitas de
diamantes em falta.
No ano passado, Mugabe havia
declarado que 15 biliões de dó-
lares provenientes de receitas de
diamantes estavam em falta.
O porta-voz da ZANU-PF e
Ministro da Informação, Simon
Khaya Moyo, convocou depois
a sua própria conferência de im-
prensa para descrever as declara-
ções de Chiwenga de “traiçoeiras”.
Logo a seguir, os militares respon-
deram com a movimentação de
equipamento de guerra, incluindo
tanques para as ruas de Harare,
tomando conta de locais estraté-
gicos tais como o Munhumutapa
Building, onde funcionam os ga-
binetes do Presidente da Repúbli-
ca e dos seus dois vice-presidentes.
Apoderaram-se também da sede
do Tribunal Supremo, do Parla-
mento e da estação estatal de rá-
dio e televisão, a ZBC.
Avançaram depois, por volta das
22:30 horas para a residência pri-
vada de Mugabe, em Borrowdale,
antes de lançar uma caça aos ou-
tros três membros-chave do grupo
G40, entre as 02:00 e 02:30 horas
da madrugada de quarta-feira.
O Ministro das Finanças, Ignatius
Chombo, o director de segurança
da Organização Central de Inteli-
gência (CIO), Albert Ngulube, o
chefe da segurança presidencial, e
Chipanga foram detidos, enquan-
to o Ministro da Administração
Local e Comissário Político da
ZANU-PF, Saviour Kasukuwere
e Jonathan Moyo escaparam de
um forte tiroteio.
Kasukuwere e Moyo refugiaram-
-se depois na residência de Mu-
gabe.
Até hoje ainda não se ouviu falar
do Comandante Geral da Polícia,
Augustine Chihuri.
Os militares apoderaram-se tam-
bém do centro logístico da ZRP-
SU, perto do principal centro pri-
sional do país, Chikurubi.
Cerca das 03:00 horas, o exerci-
to já tinha assegurado todos os
pontos vitais, criando condições
para que o Major-General Sibu-
siso Moyo anunciasse, uma hora
depois, que a intervenção militar
visava afastar uma potencial cri-
se no país, insistindo, porém, que
não se tratava de um golpe, e que
o Presidente e sua família estavam
seguros.
(F .G)
 INTERNACIONAL
16 Savana 24-11-2017

O último esforço de Mnangagwa

O
dramático anúncio
da demissão do Pre-
sidente Robert Mu-
gabe, na última terça-
-feira, foi precedido
de uma carta que era o último
esforço de Emmerson Mnanga-
gwa, cuja demissão provocou o
golpe da semana passada, para
persuadir Mugabe a abandonar
o poder que de qualquer modo já
não tinha. No mesmo dia, mem-
bros do Conselho de Ministros
haviam ignorado uma convoca-
tória para se fazerem presentes
na sessão semanal deste órgão.
Mnangagwa falara com o seu
antigo Presidente e, aparente-
mente, o convidara para um en-
contro no palácio presidencial. É
na sequência desta conversa que
Mnangagwa escreveu a carta que
abaixo se transcreve:

Fui informado da declaração

emitida pelo Chefe do Esta-
do Maior das Forças de Defesa
(ZDF), General Constantino
Guveya Chiwenga. Posso confir-
mar que o Presidente Robert Ga-
briel Mugabe esteve em contacto
comigo e convidou-me a regres-
sar ao país para discussões sobre
os actuais desenvolvimentos po-
líticos. Disse ao Presidente que
não regressaria agora, até que me
sinta satisfeito de que a minha
segurança pessoal está garantida,
devido à forma e ao tratamento
que recebi depois da minha de-
missão.
Dados os acontecimentos que se
seguiram à minha demissão na
segunda-feira, 6 de Novembro
de 2017 às 16:00 horas, o pessoal
de segurança colocado à minha
disposição e na minha residên-
cia foi imediatamente retirado.
Isto é contrário a todos os pro-
tocolos existentes no Zimbabwe
para antigos vice-presidentes. O
pessoal da segurança, que é da
minha confiança, advertiu-me da
existência de planos para a mi-
nha eliminação física, a partir do
momento em que eu fosse detido
e conduzido a uma esquadra da
polícia. Estava no interesse da
minha segurança que abandonas-
se imediatamente o país.
No meu contacto com o Presi-
dente Mugabe disse-lhe que a
actual crise política e constitu-
de civil, e de todas as raças e cre-
dos, já demonstraram claramente
e sem violência, a sua insaciável
vontade para que o Presidente
Mugabe se demita. Isto aconte-
ceu nas seguintes datas:
R55
5 '--#05 '(# -.éã)5 5
solidariedade dirigida pelos
Veteranos de Guerra no sá-
bado, dia 18 de Novembro de
2017;
R55
5 ---ã)5 &!&'(.5 )(--
tituída do Comité Central,
culminando em resoluções
tomadas no domingo, dia 19
de Novembro de 2017; e
R55
5,-)&/éã)5.)'5*&5(-
cada parlamentar da ZANU-
-PF na segunda-feira dia 20
de Novembro para a institui-
ção de procedimentos para a
impugnação do Presidente
são testemunho de que o Pre-
sidente já perdeu a confiança
do povo do Zimbabwe.
O povo do Zimbabwe falou de
uma única voz, e é meu apelo
ao Presidente Mugabe para que
ele escute este grito do povo do
Zimbabwe para se demitir, de
modo a que o país possa andar
para a frente e para que ele pre-
serve o seu legado. A intervenção
das ZDF através da “Operação
Restaurar o Legado” destina-se
a preservar os valores da nossa
luta contra o colonialismo britâ-
só pode ser salvaguardado se Sua
Excelência optar por fazer o que
está correcto. Sua Excelência, Ca-
marada Robert Gabriel Mugabe,
sempre defendeu que se o povo
não o quiser mais, ele deixará o
poder, e agora que o povo acaba
de falar, ele deve ACEITAR a
vontade do povo e demitir-se. Na
sua comunicação à Nação, o Pre-
sidente Mugabe admitiu a exis-
tência de um conjunto de pro-
blemas latentes que preocupam
o povo, e referiu-se a uma certa
ausência de poder, e claro que
depois de tal admissão, o senso
comum ditaria que houvesse um
pedido de desculpas, seguido da
demissão imediata para salvar o
legado da nossa luta.
Como prometi na minha última
comunicação, regressarei ao país
logo que as condições de segu-
rança e de estabilidade o permi-
tirem.
Estou esperançado em poder re-
gressar muito brevemente para
me juntar à luta pela revitalização
económica do nosso país, que é
tão rico em agricultura, indústria
e comércio e recursos minerais,
e com um enorme potencial hu-
mano para apoiar os nossos es-
forços. O meu desejo é juntar-me
Emmerson Mnangagwa e Robert Mugabe
a todos os zimbabueanos numa
NOVA ERA onde a corrupção,
incompetência, ausência de po-
der e preguiça, a decadência cul-
tural e social não são tolerados.
Nesse novo Zimbabwe é impor-
tante que todos juntem esforços
para que reconstruamos esta na-
ção à sua inteira glória. Esta não
é uma tarefa para a ZANU-PF
sozinha, mas para todo o povo do
Zimbabwe.
Na minha conversa com o Pre-
sidente, disse-lhe que há duas
opções, que são (a) cooperar nas
actuais negociações com os ca-
maradas das forças de defesa para
uma solução pacífica desta crise,
o que resultaria na preservação
do seu legado, e (b) que se ele
continuar a entrincheirar-se nas
suas posições, em detrimento da
vontade do povo, ele poderá so-
frer uma humilhação porque de-
finitivamente a vontade do povo
prevalecerá contra a de uma úni-
ca pessoa. Convidou-me para que
fosse ao palácio presidencial, e eu
respondi que estava fora do país,
e que ele já havia retirado o meu
estatuto como vice-presidente do
país, e como tal eu não gozava de
qualquer estatuto, e que de qual-
quer modo, só poderia regressar a
convite dos meus colegas no par-
tido e nas forças de defesa, quan-
do eles entenderem que a minha
segurança está garantida.
Estou informado que o parla-
mento pretende destituir o presi-
dente. O parlamento é a expres-
são mais alta da vontade do povo
fora de uma eleição, e no meu
ponto de vista está a manifestar
o sentimento popular através da
implementação dos procedimen-
tos de impugnação e, portanto,
conversações entre eu e o Presi-
dente não se podem sobrepor à
expressão e direitos fundamentais
dos zimbabueanos. Estou infor-
mado de que o país em geral tem
estado a protestar contra o actual
Presidente e acredito que esse
direito existe ao abrigo da nossa
constituição. Estou também a par
do facto de que o partido aprovou
resoluções a coberto dos estatu-
tos do partido. Todos eles têm
direito de o fazer. Não me vou
colocar do lado oposto do povo e
do meu partido. Estarei em con-
formidade com a vontade do meu
partido e do povo em geral.
Para concluir, o destino do nosso
país está nas mãos do nosso povo,
e Sua Excelência deve aceitar o
apelo do povo para se demitir.

Carta de Mugabe
cional no país não é uma questão nico que foi dirigida pelo falecido
entre nós os dois, mas sim entre Joshua Nkomo, Robert Mugabe
o povo do Zimbabwe e o Presi- e muitos outros. Esta guerra in-

dente. O povo do Zimbabwe já
se pronunciou claramente sobre
este assunto. Para mim, a voz do
povo é a voz de Deus, e a sua au-
sência de confiança na liderança
do Presidente Mugabe já foi ex-
pressa. Vários grupos incluindo
estudantes, trabalhadores, mem-
bros dos partidos da oposição,
vendedores, organizações religio-
sas e cidadãos em geral, liderados
pelos nossos veteranos, membros
do partido ZANU-PF, socieda-
E
cluiu uma luta para a emanci-
pação económica e social, que
se perdeu agora devido a razões
claramente detalhadas no pedido
de impugnação apresentado pe-
los deputados da ZANU-PF. O
legado da nossa luta para unir o
povo e a terra, que foi defendido
pelos nossos veteranos, pelo nos-
so povo e pelos valentes comba-
tentes das forças de defesa, fun-
cionários públicos, pelo sistema
de justiça e pelo nosso governo
m conformidade com o artigo 96 (1)
da constituição do Zimbabwe, emenda
número 20, de 2013. No seguimento da
minha comunicação verbal com o pre-
sidente da Assembleia Nacional, Jacob
Mudenda, às 13:53 horas de 21 de Novembro,
informando-lhe da minha intenção de me demitir
do cargo de Presidente da República do Zimba-
bwe, eu, Robert Gabriel Mugabe, nos termos do
artigo 96 (1) da constituição do Zimbabwe, sub-
meto formalmente a minha demissão do cargo
de Presidente da República do Zimbabwe, com
efeitos imediatos.
A minha decisão de me demitir é voluntária da
minha parte e resulta da minha preocupação pelo
bem-estar do povo do Zimbabwe e meu desejo
em garantir uma transferência de poderes suave,
pacífica e não violenta que suporte a segurança,
paz e estabilidade nacionais.
Por favor torne pública a minha demissão quanto
cedo possível, em conformidade com o estipulado
no artigo 96 (1) da constituição do Zimbabwe.

Savana 24-11-2017
O “crocodilo” toma posse esta sexta-feira
Mnangagwa, o senhor que se segue
O
ex-número dois do
Zimbabwe, Emmerson
Mnangagwa, retornou
ao país esta quarta-feira
para assumir a presi-
dência, iniciando o que rotulou de
“nova era”, após quase quatro déca-
das de governo de Robert Mugabe.
O regresso de Mnangagwa, que es-
tava na África do Sul, para onde foi
após ter sido demitido por Robert
Mugabe, acontece um dia após a
renúncia do velho presidente zim-
babweano
Num discurso meio improvisado
na sede da ZANU-PF em Harare,
Mnangagwa agradeceu às pes-
soas pela pressão contra Mugabe
e disse que o país “dá início a uma
nova democracia”. Lançou também
um apelo “a todos os patriotas” do
Zimbabwe “a trabalharem juntos”.
Mnangagwa aterrou na base aérea
em Harare e dirigiu-se imediata-
mente à sede do seu partido onde o
esperava uma multidão de adeptos
entusiasmados. Mnangagwa será
empossado esta sexta-feira, substi-
tuindo Mugabe, que renunciou seis
dias depois que os militares assum-
iram o controlo das operações. Ele
disse que, duas horas depois de ser
demitido, recebeu informações que
Mnangagwa, o “crocodilo” que esperou a oportunidade certa para atacar
H
omem de mão de Mugabe
durante 50 anos, Emm-
erson Mnangagwa tem
fama de cruel e calculista.
Ao afastá-lo, o velho presidente
poderá ter cometido um erro fatal.
“Crocodilo” é uma alcunha que
lhe assenta bem. A imagem do
predador acompanha Emmerson
Mnangagwa desde a juventude –
é o totem do seu clã. E em mais
de 50 anos de guerrilha, política e
intriga aquele que agora se prefig-
ura como próximo homem forte
do Zimbabwe tudo fez para lhe
merecer a reputação. “Grupo La-
coste” é a designação do seu grupo,
uma alusão à marca de roupa que
tem o crocodilo como seu logo.
Implacável, calculista ou dis-
simulado são adjectivos usados
com frequência para o descrever,
atributos que durante décadas o
mantiveram como aliado de Rob-
ert Mugabe, o velho ditador que
poderá ter ido longe de mais no
dia em que o decidiu exonerar.
“Zimbabueanos, mantenham-se
calmos e escutem as informações.
Estou de regresso ao Zimbabwe e
estarei ocupado nos próximos dias.
Comunicarei convosco através dos
meios de comunicação oficiais”,
escreveu Mnangagwa, de 75 anos
(71, segundo outras fontes), na
sua conta de Twitter na manhã
de quarta-feira, dando a entender
que tinha deixado a África do Sul,
onde se refugiara uma semana
antes, e que estava do lado dos
a sua vida corria perigo e por isso
decidiu abandonar o país.
O novo líder da ZANU-PF acom-
panhou Mugabe desde os anos da
guerrilha em Moçambique, onde
era já um homem dos serviços de
inteligência. Depois da independ-
ência, Mnangagwa, que é licen-
ciado em Direito, assumiu a chefia
dos serviços de segurança do país,
tendo estado em todas as “oper-
militares que acabavam de deter
Mugabe e a sua família.
Com Harare tomada por tanques
e rumores, é pouco certo que pa-
pel lhe estará reservado, mas pou-
cos duvidam que a sua destituição
do cargo de vice-presidente foi a
gota de água que levou o general
Constantino Chiwenga, chefe das
Forças Armadas, a agir para, como
tinha avisado 24 horas antes, tra-
var “a purga contra os membros do
partido que  estiveram envolvidos
na guerra pela independência”. O
alvo: Grace Mugabe, a primeira-
dama que ambicionava suceder
ao marido, e a jovem elite apos-
tada em destronar os veteranos da
libertação, conhecido como G40
(geração 40).
Foi de armas na mão contra o re-
gime imposto pela minoria branca
da então Rodésia do Sul, em 1965,
que Mnangagwa ganhou os seus
galardões de herói da libertação.
Ainda em 1963, recorda a rádio
Voz da América, foi um dos jovens
dirigentes da União Nacional Af-
ricana do Zimbabwe (ZANU)
enviados para treinos militares
na China – onde também fre-
quentou uma escola para jovens
quadros dirigida pelo PC chinês
– e depois no Egipto. Acabaria
por liderar um grupo de guerril-
heiros – o “gang Crocodilo” – que
se dedicava a actos de sabotagem,
incluindo a explosão de comboios
de mercadorias, acabando por ser
preso, torturado e condenado à
INTERNACIONAL
ações sujas” que ocorreram neste
país, nomeadamente a eliminação
de dezenas de milhar de populares
na Matabeleland, às mãos da 5ª.
Brigada do Exército e depois, em
2008, na repressão à oposição en-
cabeçada pelo MDC (Movimento
para a Mudança Democráti-
ca) de Morgan Tsvangirai.
“Apelo a todos os zimbabueanos
genuínos e patriotas para que se
morte pelo regime de Ian Smith.
Tinha apenas 19 anos, o que tra-
vou a sua execução, mas passou
os dez anos seguintes na prisão,
onde conheceu e partilhou a cela
com Robert Mugabe. “Ele tem
cicatrizes dessa altura. Mas ele
era jovem e corajoso”, contou à
BBC um amigo, explicando que
a experiência de tortura que so-
freu tão novo ajuda a explicar o
seu carácter reservado. “Ele está
consciente de que tem a imagem
pública de um homem duro”, disse
à Reuters um correligionário.
Deportado para a Zâmbia, onde
estudou Direito, manteve-se próx-
imo de Mugabe e da guerrilha
e, em 1977, no auge da luta pela
libertação, era já uma personagem
chave, tanto da estrutura militar
como política da ZANU. Com a
independência, em 1980, tornou-
se ministro da Segurança Na-
cional, um dos muitos cargos que
exerceu na sombra de Mugabe,
e foi daí que presidiu à operação
“Gukurahundi”, uma violenta
ofensiva contra os apoiantes da
ZAPU, o movimento de liber-
tação rival liderado por Joshua
Nkomo, grande parte deles pert-
encendo à minoria ndebele. Terão
morrido pelo menos quatro mil
pessoas – embora algumas fontes
denunciem a chacina de 20 mil.
Mnangagwa foi um dos respon-
sáveis pelo acordo que levou Nko-
mo a entrar no governo e à fusão
dos dois movimentos (agora sob a
juntem e trabalhem juntos”, disse
Mnangagwa. “Queremos fazer
crescer a nossa economia, queremos
paz no nosso país e queremos em-
pregos”. O novo líder da ZANU-
PF disse que espera ter a maior co-
operação com os países da SADC e
com os parceiros internacionais, “de
quem recebi inúmeras mensagens”.
As ruas de Harare entraram em
erupção na celebração nesta terça-
sigla ZANU-PF). “Com as bases
aterrorizadas, o partido foi absor-
vido e o seu líder transformou-se
numa mascote”, escreveu o jor-
nalista americano Joshua White
na New Statestman, sublinhando
que a mesma receita voltaria a ser
usada com Morgan Tsvangirai em
2008. Centenas de apoiantes do
líder da oposição foram mortos
na repressão que se seguiu à sua
vitória na primeira volta das presi-
denciais, o que levou o antigo líder
sindicalista a abandonar a corrida,
acabando por aceitar um acordo
para se tornar primeiro-ministro
de Mugabe. Mnangagwa era à
data o responsável pela estratégia
de campanha de Mugabe.
“Ele é um homem muito cruel”,
confessou um veterano da guer-
rilha à BBC, que no perfil que
traça do vice-presidente recorda
o sequestro do seu adversário nas
legislativas de 2000. “Escapou
à morte por um triz quando os
jovens apoiantes da ZANU-PF
o regaram com gasolina mas não
conseguiram acender um fósforo”.
Quase sempre na sombra de
Mugabe, foi acumulando cargos,
influência e riqueza. Os críticos
acusam-no de ser um dos prin-
cipais beneficiários do saque das
riquezas do país e o jornal Le
Monde cita “fontes bem informa-
das” que dão conta da sua prox-
imidade aos grupos chineses que
têm investido na extracção de mi-
nérios do país. Além dos militares,
conta com o apoio das associações
17
feira, quando Mugabe resignou,
depois que o parlamento iniciou
o processo de impeachment. O
Comité Central da ZANU-PF
já havia removido Mugabe como
líder do partido e indicado Mnan-
gagwa, como presidente interino.
Momento histórico
Para o ex-Presidente moçam-
bicano, Joaquim Chissano, a mu-
dança política no Zimbabwe é “um
momento importante na história
de África, um exemplo de que os
povos africanos devem saber con-
fiar nas suas próprias forças e saber
resolver os seus problemas”. O an-
tigo chefe de Estado disse que “a
democracia funcionou”.
Já o ministro dos Negócios Es-
trangeiros moçambicano, Old-
emiro Balói, considerou que, se a
mudança política no Zimbabwe
influenciar as relações entre os dois
países, será “no melhor sentido”.
“Os zimbabueanos escreveram a
sua própria história. Depararam-
se com um problema, resolveram
entre eles, parecem satisfeitos
com a solução e isso é o que in-
teressa”, disse Oldemiro Balói aos
jornalistas, salientando que o gov-
erno acompanhou a “crise” desde o
primeiro momento.
de veteranos que lideraram a cam-
panha de expropriação dos fa-
zendeiros brancos, uma das políti-
cas nacionalistas apoiadas por
Mugabe e que lançaram o Zimba-
bwe no precipício económico.
Desde 2014, quando assumiu uma
das vice-presidências, que não
escondia a ambição de suceder a
Mugabe, um “pecado” cada vez
mais assumido. Em Janeiro, re-
corda a Reuters, jornais locais
publicaram uma fotografia em
que aparecia com uma caneca
na mão onde se podia ler “Sou o
chefe”. Entrara em rota de colisão
com Grace Mugabe e o con-
flito tornou-se público quando
em Agosto, depois de ter sofrido
uma intoxicação alimentar, os seus
apoiantes acusaram a primeira-
dama de o ter tentado envenenar
com um gelado produzido com
leite de uma das suas quintas. 
A exoneração, no passado dia 6,
que inclui acusações de “deson-
estidade” e “bruxaria”, poderia ter
ditado o fim das suas ambições.
Mas os acontecimentos dos últi-
mos dias parecem provar a fama
do “Crocodilo”, que o próprio
Mnangagwa tratou de explicar,
numa entrevista em 2015 ao jornal
Herald e que o Financial Times
recuperou. “O crocodilo entra na
água para caçar a sua presa. Nunca
vai às aldeias ou ao mato em busca
de comida. Só ataca no momento
apropriado”
Redacção/SAVANA e publico.pt
 OPINIÃO
18
Cartoon
EDITORIAL
Crise económica em
Moçambique: melhor
agir agora, antes que
seja demasiado tarde
D
iz-se que o futuro pertence aos que prestam atenção à
economia. Por isso, quando recentemente o Governador
do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, veio a
público anunciar que a situação económica do país tem
dias difíceis pela frente, estava, de facto, a dar um aviso sobre um
período de uma crise económica que irá aprofundar-se nos pró-
ximos tempos, com graves implicações para a vida de cada um
dos mais de 25 milhões de moçambicanos.
Moçambique está mergulhado numa crise económica que só
pode ser ignorada por quem ou assim lhe convém ou incapaz de
fazer leituras e preparar-se para o futuro.
Apesar desta crise ser um facto que não se pode negar, ela pode
ser vista de vários ângulos, dependendo da visão que cada um
tem sobre os vários factores que influenciam a situação econó-
mica do país.
Assim, existem aqueles que olham para a crise como parte inte-
grante de uma conjuntura económica desfavorável, caracterizada
Fazer das tripas poesia
A
por uma queda vertiginosa nos preços dos principais produtos de
chegada de Dezembro anun-
exportação de Moçambique no mercado internacional. ciava uma trégua de desafogo:
Outros, ainda, olharão para factores relacionados com a gestão eram as férias escolares para ce-
interna da economia, e encontrar falhas nas políticas que o país lebrar o Natal e o ano novo, os
dias de 13 ou 14 horas consecutivas de
tem estado a implementar. Para esses, a solução reside na tomada sol, os pés descalços sobre a areia escal-
de um conjunto de decisões políticas que contribuam para corri- dante, ardentes do desejo de passar por
gir as actuais disfuncionalidades. ela num voo rasante, e as jogatanas que
se prolongavam até ao anúncio da noite,
Ambos podem estar dentro da razão. Mas a questão fundamen- por volta das 7 da tarde.
tal que precipitou esta crise é o galopante endividamento a que o Desde cedo, contudo, fui parcialmente
excluído deste universo de cor e alegria.
país se sujeitou nos últimos anos, muito aquém das suas capaci-
Quando completei 9 anos de idade, o
dades de pagar essas dívidas. As dívidas ocultas, contraídas entre meu pai entendeu que já era homem
2013 e 2014, conduzindo a uma resposta punitiva por parte dos suficiente para dar o meu contributo
tradicionais parceiros económicos, só veio a agravar ainda mais no sustento da família, de modo que,
considerando que era um desperdício
uma situação que já de si era precária. eu passar as férias na festança a que as
O endividamento em si não é o problema, se tal tiver como ob- outras crianças se entregavam, me pôs
jectivo impulsionar a capacidade produtiva do país e contribuir a acompanhá-lo no seu roteiro pelos
subúrbios da cidade de Lourenço Mar-
para a criação de novos postos de trabalho.
ques, uma vez que a fonte que ele tinha
Porém, não é o que aconteceu. O país endividou-se, mas torna-se de sustento para a família era a venda
de tripas e dobrada de vaca em estado
muito pouco claro se esse endividamento contribuiu para au-
natural por toda aquela zona.
mentar a produção. No princípio, a minha função era ape-
E mais grave ainda, é que no caso das dívidas ocultas, não pare- nas acompanhá-lo, memorizar o rotei-
cem estar a concretizar-se os objectivos para os quais elas foram ro do percurso e ajudá-lo a entoar, de
tempos em tempos, o pregão anuncian-
contraídas, com alguns dos bens adquiridos o esse dinheiro a do “tripas e dobrada é aqui”; pregão
correrem sério risco de se transformarem em elefantes brancos. a que, à nossa passagem, acorriam as
Isso, para não falar da acção criminosa em que essas dívidas pa- mamanas, assomando pelas portas dos
quintais, para comprar uma dose à me-
recem estar envolvidas, e a incapacidade do governo de agir para dida do tamanho e da quantidade das
repor a legalidade.
moedas disponíveis na ponta da capu-
lana. Tanto podia ser dobrada de 5 ou
A relutante actução do governo sobre as dívidas ocultas, sempre
de 10 escudos, e tripas de 2,50 escudos,
escudando-se no argumento de que a matéria é da competência dependendo da altura do mês em que
do sistema de administração da justiça, deixa transparecer que a nos encontrássemos.
estratégia é de arrastar o problema pelo tempo que for necessário Habituado a esta rotina e aos seus per-
calços – posto que, como se sabe, neste
e possível, até que ele morra de morte natural. tipo de negócio tem de se ser hábil para
É uma estratégia mal ensaiada, e que só contribuirá para piorar enfrentar a verborreia das senhoras na
ainda mais a grave situação em que o país se encontra. O governo tentativa de regateio de preços –, aos 12
anos o meu pai entendeu que eu já es-
precisa de ganhar coragem e confrontar este problema com a tava suficientemente crescido e familia-
devida frontalidade, independentemente das consequências in- rizado com as nuances do negócio para
dividuais que tal representar. me fazer ao caminho sozinho. Deste
modo, a partir dessa altura, durante as
Sacrificar o povo para salvaguardar interesses de indivíduos é férias, cabia-me pegar no burro – que
uma estratégia de alívio a curto prazo, mas de que o governo não era o principal meio de trabalho que
tardará a arrepender-se. É melhor agir agora, porque mais tarde, tínhamos, nos flancos do qual se aco-
modavam dois caixotes com capacida-
já será demasiado tarde. de, não sei, talvez para 5 ou 10 quilos
cada, não me posso arriscar a dizer,
KOk NAM
Francisco Carmona
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Fernando Gonçalves Fernando Manuel, Fernando Lima,
Maputo-República de Moçambique editorsav@mediacoop.co.mz António Cabrita, Carlos Serra,
Savana 24-11-2017
porque com o tempo a tendência é para o limite para lá da Avenida Craveiro
hiperbolizarmos a dimensão das coisas Lopes já não era apetecível, e segundo
que pertencem à nossa infância – para porque, quando se dava essa chegada,
assegurar a fatia que me cabia como normalmente o sol já começava a pôr-
contributo no sustento comum. -se e exigia que eu fizesse o caminho
A minha rotina começava logo pela de regresso.
manhã, quando, com outros como eu,
Apesar de esta actividade me afastar do
mais velhos ou mais novos, nos perfilá-
vamos no recinto do matadouro muni- universo alegre de outras crianças, da-
cipal a fim de adquirirmos a mercado- va-me a satisfação de deixar tempo livre
ria, de acordo com as nossas posses para para que o meu pai se dedicasse a outro
o investimento. Fiz aquela rotina tantas ofício, que era o de sapateiro remendão
na sua oficina pequena montada no
vezes que hoje, passadas estas dezenas
todas de anos e já na fase derradeira da alpendre pequeno mesmo defronte da
vida, ainda posso reconstituir aquela nossa casa de duas divisões no Bairro
trajectória de memória, alicerçando-me de Vulcano.
naquilo que me resta como azimute No princípio, ainda enfrentei o receio
geográfico definitivamente gravado em de sofrer a chacota dos meus amigos
mim. de escola quando me vissem naquela
Posso, assim, recordar nomes emblemá- actividade, mas cedo me livrei disso e
ticos desse trajecto como sejam o Snack
percebi porquê. No fundo, éramos duas
Bar Canecão, na berma da Avenida do
Trabalho, ao lado da qual se situa a via faces da mesma moeda: eles precisavam
pela eu penetrava no Bairro do Cha- da minha mercadoria para a sua dieta
alimentar diária e eu precisava das suas
manculo, minha primeira etapa. Neste
bairro, entrando por aqui ou por outro moedas para ajudar a sustentar a minha
lado, para ir dar à UFA, posso lembrar família.
de nomes como o fontanário público do E foi assim que se deu o grande acon-
Matorissine, a loja do Ximadjana, os ar- tecimento da minha vida: por volta
mazéns do Campanera e a paróquia do dos meus 15 ou 16 anos, conheci nas
Grémio, já a entrar para o Xipamanine. Lagoas uma adolescente de nome
Posso lembrar de como desembocava Rosa Mudjinti. Este nome de guerra
na Rua dos Irmãos Roby, pela entrada advinha-lhe do facto de resultar de uma
da Foto Mário, e dali tergiversava flan-
mestiçagem que se deu entre um canti-
queando o campo do Mahafil, para en-
trar no Bairro de Minkadjuine, em cuja neiro indiano e uma preta das tabancas
de Mandjacaze, em resultado da qual
geografia ainda me posso recordar do
Snack Bar Eusébio, das casas maiorita- ela se apresentava de uma pele de cor
riamente de madeira e zinco ou mesmo tão acastanhada que pendia para o pre-
de caniço esfregando-se umas nas ou- to e ostentava uma cascata de cabeleira
tras numa quase promiscuidade alegre corrida que lhe ia até aos ombros. Foi
e solidária. tiro e queda! Disse-lhe que nunca mais
Posso lembrar-me também de como me separaria dela e que, fosse como
dava na Avenida de Angola, e sempre fosse, a resgataria daquele princípio de
pelas ruas mais largas, para poder aco- carreira de prostituta.
lher a largura do meu jumento e os seus Hoje, olhando para mim e para ela, eu
dois caixotes de tripas e dobrada. Ia dar a caminho dos 90 anos, ela separada
ao Snack Bar Gato Preto – como vêem,
de mim por 5 ou 7, chego à tranquila
os meus principais pontos de referência
são as tascas e os bares, é uma tendên- e serena conclusão de que a minha vida
cia antiga, essa – e por aí, descendo pela em comum com ela se poderia resumir
Rua da Guiné até ao coração da Ma- àquela frase com que se fecham os bons
falala, ia parar ao megaprostíbulo das contos de fadas: casaram-se, foram fe-
Lagoas. Era aí o ponto final da minha lizes, viveram longos anos e tiveram
peregrinação diária, primeiro porque muitos filhos.
Editor Executivo: Ivone Soares, Luis Guevane, João Distribuição:
Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Miguel Bila
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Savana 24-11-2017
Moçambique e o 100º Aniversário da
Revolução Bolchevique
Por João Mosca
E
ste pequeno artigo não tem
como objectivo falar da revo-
lução bolchevique. Não seria
capaz de o fazer sem um es-
tudo aprofundado, coisa que neste
momento não vou fazer. Porém sei
de aspectos gerais que me permi-
tem dizer algo, não sobre revolução
bolchevique e suas múltiplas reper-
cussões no mundo, mas sim, sobre
como o marxismo, base política e
ideológica dos bolcheviques, foi
apresentado, discursado e praticado
em Moçambique. Escrevo, de uma
forma geral, sobre o marxismo no
seio dos estudantes universitários
e, depois, com maior profundidade,
na Frelimo que se dizia marxista-
-leninista.
O marxismo no movimento estu-
dantil, antes da independência, resu-
miu-se a grupos de leitura suposta-
mente semi-clandestinos. Suposta-
mente porque, na realidade, a PIDE
de tudo sabia. Se a secreta portugue-
sa actuou com benevolência, foi por-
que alguns dos jovens leitores, que se
pensavam semi-clandestinos, eram
filhos da burguesia colona e, por
outro lado, seria necessário reprimir
um grupo relativamente alargado
de estudantes universitários. Porém,
alguns, não por serem marxistas
(poderiam sê-lo), mas pelo envolvi-
mento e serem dirigentes nos mo-
vimentos estudantis, já com cunho
político favorável à independência,
foram compulsivamente mobiliza-
dos para o exército português. Mui-
tos destes jovens permaneceram em
Moçambique, optaram pela nacio-
nalidade da terra que os viu nascer
e rejeitaram ir com as suas famílias
para Portugal. Não conheço alguém
dos que saíram que tivesse insuces-
so na sua vida profissional. E, os
que ficaram, não eram exactamente
os piores estudantes de então. Este
parêntesis apenas para clarificar al-
gumas vozes que em determinados
momentos se ouvem, por ignorân-
cia, má intenção, ou com intenções
políticas com conotações racistas.
Ficaram, contribuíram de forma ge-
nerosa no aparelho de Estado, nas
empresas estatais, na segurança do
Estado, nos serviços públicos. Por
decisão superior, os brancos prati-
camente não iam para o exército!
Não havia ajudas de custo, horário
de trabalho, mordomias e corrupção.
Veio o black empowerment aneste-
siante de Chissano e estes são, ago-
ra, cidadãos ocupados em diferentes
funções e actividades. Uns poucos,
não brancos, ocupam algum lugar de
destaque. Alguns agradecem o black
empowerment como forma de os li-
bertar das perdas de valores. Outros
abraçaram e é-lhes útil o rumo libe-
ral, o capitalismo selvagem, a perda
de valores, o estado fragilizado e as
boladas.
Com este primeiro parágrafo, ter-
mino a referência ao movimento
estudantil que, embora de muito pe-
quena importância no processo de
independência e do pós-libertação,
não deixa de ser necessário que se
faça a sua história. Onde estão os
historiadores, particularmente da
geração da independência? Muitos
outros grupos de activistas, em di-
ferentes frentes, contribuíram para
o processo do país, e não apenas o
reivindicado monopólio manipula-
do pela Frelimo.
Centro-me agora no 100º Aniversá-
rio e o processo moçambicano e, so-
bretudo, acerca da suposta Frelimo
marxista-leninista. No III Congres-
so, em Fevereiro de 1997, a Frelimo
proclamou-se como tal. Era, até en-
tão, um movimento de libertação de
base social ampla que, entretanto, se
transformara num processo de revo-
lução popular democrática. Tinha
popularidade, apoio e até legitimi-
dade pelo objectivo central da luta
de então: a independência política,
desejo que qualquer cidadão de um
país. Democrático não era certa-
mente, pois se considerava o único e
legítimo representante do povo, sem
que o povo o tivesse mandatado em
algum acto democrático. Não era,
porque marginalizou, ou simples-
mente eliminou, vozes e tendências
diferentes. As raízes do autoritaris-
mo e da “violência revolucionária”
fazem parte da génese e, portanto,
do ADN da Frelimo (isto para não
recuar ao processo inicial de consti-
tuição do movimento de libertação
em 1962 e posteriores lutas intesti-
nas).
Com o III Congresso, a Frente
transforma-se, de um movimento
de libertação, em um suposto par-
tido de operários e camponeses,
num país com poucos operários, e
estes sem consciência de classe em
si e para si. Uma aliança operário-
-camponesa sem operários e onde
os camponeses foram marginali-
zados pelas políticas públicas. Um
partido marxista-leninista onde a
maioria dos seus dirigentes se dizia
não-marxista, mas sim inspirada pe-
los ideais da liberdade, da justiça e
da independência (valores universais
e atemporais). Eram, dizia-se, mar-
xistas inspirados na terra moçambi-
cana, embora, alguns deles, quando
eram estudantes, militaram em
movimentos de esquerda e até em
juventudes comunistas na Europa.
Inspirados na terra moçambicana
mas levantaram-se contra o que se
designou por socialismo africano,
em defesa do socialismo científico.
Ou simplesmente, alguns líderes
mais honestos dizem agora, depois
de mais de quarenta anos, que, afi-
nal, nunca leram Marx. A estes lí-
deres supostamente marxistas e ao
processo moçambicano, juntaram-se
militantes de esquerda da Europa e
da América Latina que, por gene-
rosidade, ou vontade de participar
num processo supostamente socia-
lista, ou porque fugiam da justiça e
da perseguição política nos seus paí-
ses, deram importantes contributos
OPINIÃO
a Moçambique nos primeiros anos
após 1975. Deles existe um proposi-
tado esquecimento.
No entanto, alguns, não muitos,
leram e conheciam Marx. Estes
tentaram aplicar os ideais marxis-
tas concretizados por Lenine no
pós-revolução de 1917. Ao fazê-lo,
aplicaram, como Lenine, o Marx
ideólogo, o doutrinário. Não apli-
caram o Marx economista. E, muito
menos, aplicaram o marxismo como
uma metodologia de análise de rea-
lidades sociais e suas dinâmicas. E
menos ainda estudaram as realida-
des à luz do marxismo como méto-
do para encontrar as lições ajustadas
à realidade moçambicana. E, assim,
surgiram algumas medidas após o
III Congresso muito semelhantes
à política económica leninista do
pós-revolução socialista (designada
como a “economia de guerra”), pos-
teriormente reformada (em 1921) e
designada a Nova Política Econó-
mica, devido à radicalização e desa-
daptação às realidades das primeiras
medidas na então União Soviética.
Em Moçambique aconteceu a es-
tatização radicalizada da economia
empresarial, secundarizou-se o cam-
pesinato, o principal aliado, partici-
pante e sacrificado da luta de liber-
tação nacional (assim como aconte-
ceu na Revolução Burguesa France-
sa, tal como expressa o livro clássico
18 de Brumário de Karl Marx). A
economia planificada centralmente
sem instituições nem empresas efi-
cientes, deixando de lado mais de
90% dos agentes económicos, das
economias camponesas, informais e
do empresariado em Moçambique.
Quase todos os recursos foram alo-
cados administrativa e politicamen-
te às empresas estatais, consideradas
a base económica da transformação
socialista, mas também uma exten-
são do poder de Estado.
O radicalismo não foi somente
económico. Foi ideológico em de-
fesa do poder. As ideias diferentes
eram catalogadas como a infiltração
do inimigo interno, desvios à linha
política da Frelimo. Os camaradas
não radicais eram apelidados de
sociais-democratas, um desvio à li-
nha política. A pena de morte era
aplicada sumariamente à luz de uma
designada “violência revolucionária”
contra a “violência reaccionária”. As
missões religiosas (escolas, postos de
saúde, moageiras, etc.), foram nacio-
nalizadas, porque a igreja católica
tinha sido uma aliada do colonia-
lismo que benzia os soldados para
depois matar nas operações milita-
res. Alguma religião foi perseguida,
proibida e os seus pastores enviados
para “campos de reeducação”. Ou
era simplesmente para assegurar o
monopólio da “educação”/propa-
ganda ideológica do povo, retirando
qualquer acção de outros agentes
políticos e sociais. Em Moçambi-
que houve algum cheiro estalinis-
ta camuflado por discursos de raiz
populista, em defesa do povo que a
Frelimo dizia representar como mo-
nopólio.
E tudo isto porque, como sempre, na
Frelimo, em momentos chave, man-
da um número muito reduzido de
pessoas. Naqueles tempos, mandava
de facto, um grupo de dirigentes da
“esquerda” frelimista que encontra-
ram a aliança mútua com dirigentes
de origem popular/assimilados/eli-
tes locais, que faziam empolgantes e
mobilizadores discursos e, como se
não bastasse, cantavam muito bem.
Eram comícios fascinantes.
A suposta opção socialista foi de
oportunidade para a criação de
alianças externas com o bloco so-
cialista, face às relações não amigá-
veis e até violentas e de sabotagem
do mundo capitalista, também por
consequência das opções da Freli-
mo e dos seus discursos e práticas
imediatamente pós-independência.
No contexto regional, a contribui-
ção de Moçambique na libertação
do Zimbabué, da Namíbia e na luta
contra o apartheid na África do Sul
em contexto da guerra fria, eram
os ingredientes que justificavam e
davam marketing à suposta opção
socialista. Realmente, mito antes
de uma suposta opção política e
ideológica, pretendia-se o apoio do
bloco socialista para a defesa e para
financiamento ao desenvolvimento.
Olhando para os anos setenta e oi-
tenta do século passado, recordam-
-se alguns camaradas, por ironia
dos mais radicais de então, que hoje
configuram grupos económicos fa-
miliares cujas riquezas não se sabe
de onde vieram. Esqueceram a pa-
lavra socialismo, revolução, povo, os
primeiros nos sacrifícios e os últi-
mos nos benefícios. Arquitectam
o Estado como uma plataforma de
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Genuflexão do eu
C
ada acto de genuflexão
do eu, da nossa von-
tade, tem uma palavra
como êmbolo. E isso é
tão intenso que as palavras pa-
recem ganhar uma autonomia
indiscutível, como se fossem
dominação e servidão em esta-
do bruto.
O percurso da vida é feito de
duas coisas: normalização e
anormalização.
Primeiro ensinam-nos a obe-
decer, depois reproduzimos,
ampliamos e obedecemos. Re-
cebemos e interiorizamos a
obediência. Mas a obediência
19
alocação hierarquizada de recursos e
de negócios, de fidelidades caninas e
de alianças capitalistas internas co-
nectadas com o exterior.
Vénias são merecidas para aqueles
militantes (infelizmente poucos)
que, marxistas ou não, mas que de-
fendiam, e continuam defendendo,
os valores da liberdade, igualdade,
justiça, defesa dos pobres e dos mais
vulneráveis, por um país mais justo,
que defendem os valores da ética, do
profissionalismo e da democracia.
Para os outros somente merecem
indignação.
Para terminar este texto, um grupo
de moçambicanos realizou eventos
em memória ao 100º Aniversário da
Revolução Bolchevique. Saudosis-
mo? Estilo de pessoas que se pen-
saram ou se pensam marxistas (ou
pelo menos de esquerda), mas que
hoje são famosos empresários? An-
tigos supostos marxistas da Frelimo
que não leram Marx e que retomam
a falácia de um “marxismo moçam-
bicano”? Ou simplesmente mais um
acto de lobby político? E se convida
gente da esquerda portuguesa, tam-
bém conhecida como pertencente à
esquerda caviar. Em Moçambique
não há caviar mas sim matapa e
xima. Não são bens da nobreza, mas
são bons e baratos.
Marxismo? O que é isso? A maioria
não sabe o que é e não se pratica. Foi
uma farsa. Uma manipulação políti-
ca em defesa e como instrumento de
reprodução do poder e configurador
de alianças externas pragmáticas na
busca de apoios militares, de segu-
rança e de recursos. Não seria essa a
intenção primeira? O propósito foi
de um socialismo ou de capitalismo
de Estado? Alguns autores funda-
mentam esta hipótese.
554
pode um dia transformar-se
em dominação. As palavras
reflectem plasticamente esse
polimorfismo, essa curiosa ubi-
quidade.
O processo de normalização
consiste em definir o que é nor-
mal e o que é anormal, o que
é aceitável e o que é inaceitá-
vel. Incluimos para excluirmos
e excluímos para incluirmos.
Uma mesma coisa nas duas
coisas de um pêndulo.
Cada palavra é, frequentemen-
te, uma ordem de comando.
Mesmo a mais gentil, mesmo a
mais neutra.

20
Temos de fazer diferente e melhor
Por Anne Lene Dale*
E
ste ano celebramos o jubileu de 40 anos de
cooperação e parceria entre Moçambique e
Noruega.
A cooperação evoluiu para o petróleo e gás
e outras áreas. As prioridades da Noruega são o
sector privado, a criação de empregos, a saúde,
educação, ambiente e clima.
É um facto que um Estado forte só é possível com
um sector privado forte!
A Scatec solar está em vias de investir na produ-
ção de energia solar para alimentar a rede nacional
em Mocuba. Este é o maior parque solar até hoje
construído e ligado à rede na África Austral com
40 MegaWatts. É um investimento Norueguês em
parceria com Norfund e a EDM.
A Norfund já investiu cerca de 50 milhões de dó-
lares em Moçambique. Mas o potencial é muito
maior. A Norfund tem mandato para investir 50
por cento dos seus recursos nas energias renováveis
e a África a Sul do Sahara é uma prioridade. O
que nos dizem é que é muito difícil investir em
Moçambique, mesmo quando estão associadas à
EDM. Mocuba vai ser um teste decisivo se conti-
nuam ou desistem de vez Moçambique.
Moçambique tem toda a oportunidade para se co-
nectar ao mercado global de energia. O gás é ape-
nas a porta de entrada. O que é mesmo crucial são
os recursos humanos, a paz, boa governação e que
seja estável e previsível que propicie o desenvol-
vimento. É igualmente importante a estabilidade
macro-económica, um bom ambiente de investi-
mento e esforços renovados para um crescimento
inclusivo e equilibrado em todo o país.
Empresas fortes precisam de ambiente previsível,
boa gestão pública e transparência.
Hoje o risco no país (situação financeira) é mui-
to alto. É preciso resolver esta questão. Ainda não
sabemos se no próximo ano haverá apoio ao or-
çamento ou um programa do FMI. Será um ano
difícil.
Mas ao mesmo tempo penso, que depois de vários
anos seguidos de crescimento económico robusto
e um forte apoio internacional, Moçambique não
se classifica onde seria de esperar nos rankings in-
ternacionais.
É lamentável ver que a malnutrição ainda é grave.
A média de escolarização é de 3, 2 anos, a espe-
rança de vida é de 55 anos - 10 anos menos do
que a Tanzânia. Apenas 26 por cento têm acesso
à electricidade apesar de todo o esforço e investi-
mentos massivos dos parceiros de cooperação ao
longo de 40 anos.
Reconhecemos que houve uma guerra desestabili-
zadora logo após a independência, mas em alguns
indicadores o país está ao nível de países em guerra
permanente como o Afeganistão ou o Sudão do
Sul.
SACO AZUL
Mugabe obrigado a libertar-se
F
oi uma decisão forçada não só pe-
los membros do partido ZANU-PF
como pelo povo, em geral, quando se
percebeu que o então Presidente não
queria dar o braço a torcer. Há uma semana
o sentimento era de que Mugabe derramava
teimosia desnecessariamente quando estava
tudo muito claro quanto à necessidade ur-
gente da sua resignação. Aparentemente,
o então Presidente demorava perceber que
estava sob efeito de um K.O (”knock out”)
bastante convincente e que só lhe restava
cumprir formalismos. É normal ou natural
que um grande lutador não acredite que um
K.O. possa pô-lo de rastos no tapete e que
o público comemore com animosidade a sua
queda; ainda tentou esboçar algum gesto
como quem continua em condições de lutar,
quando anunciou que iria presidir ao Con-
gresso do seu partido em Dezembro, mesmo
OPINIÃO
O Afeganistão tem estado em guerra contínua e
nunca teve os índices de crescimento económico
de Moçambique.
Trago também o índice de igualdade do género.
Aqui Moçambique situa-se entre os melhores.
Número CINCO em África e número VINTE E
UM no mundo.
Para concluir, estes exemplos e ilustrações mos-
tram:
Primeiro: O ambiente de negócios envolve muitos
ministérios e sectores e deve ser um esforço con-
junto.
Segundo: Para melhorar o ambiente de negócios
é importante ouvir as empresas. Em todos os sec-
tores empresas grandes e pequenas devem ser cha-
madas para dar o seu contributo e aconselhamento
ao governo.
Terceiro: A Noruega coordena hoje o grupo de
trabalho de apoio ao sector privado. A situação ac-
tual é difícil. As coisas não serão mais como dantes.
As estatísticas que vimos não foram causadas pelos
empréstimos ocultos ou a falta de transparência no
ano passado. Para mim estas estatísticas são uma
chamada de atenção também a nós doadores que
estamos aqui faz mais de 40 anos. Penso que deve-
mos rever com seriedade como trabalhamos: entre
nós, e com o Governo.
Quarto: Queria também elogiar o foco no comba-
te à corrupção. Esta mensagem ao nível mais alto é
muito importante e necessária.
Estamos prontos para ajudar de forma concreta e
em conjunto nesta frente.
Uma nota importante neste aspecto é a transpa-
rência. Estou feliz com a decisão recente do Con-
selho de Administração de não suspender Mo-
çambique do EITI - (Iniciativa de Transparência
da Indústria Extractiva). Mas o país tem de arre-
gaçar as mangas: Um dos maiores pontos penden-
tes é a transparência no tocante aos beneficiários e
proprietários e o sector empresarial do Estado. A
questão da transparência nas empresas do Estado
é fundamental.
Um exemplo: As leis devem ser amplamente deba-
tidas na sociedade antes de aprovação. Isto melho-
rará de forma significativa o ambiente de negócios
e não custa nada, é de borla.
A MAIOR RIQUEZA DE MOCAMBIQUE
Quinto: A maior riqueza deste país é o seu povo.
Como ajudar todos estes jovens a realizar o seu po-
tencial? O capital humano é chave para o desen-
volvimento. Uma agenda de desenvolvimento do
sector privado tem de ser seguida de uma agenda
forte na educação.
Moçambique é uma nação jovem. Isto em si é um
recurso.
Por Luís Guevane
sabendo que deixara de ser Presidente do mes-
mo. Mas, o K.O. preencheu essa teimosia. Estava
numa situação de ausência de discernimento e,
no lugar de ser calculista, restava-lhe teatralizar
queimando os últimos cartuchos. Mas não foi a
tempo, porque já estava mal na fotografia: cabis-
baixo, sem dignidade, sem chão, num falso e des-
conhecido passo de makwaela que não arranca
nem a mais distraída poeira do chão.
Foi tudo muito “inglês”, muito civilizado, porque
não houve derramamento de sangue. Sectores
ortodoxos esperavam pelo momento da espe-
tacularidade, à moda africana, apimentada com
tiros, sangue a correr pelas avenidas, um am-
biente incontrolável de gás lacrimogéneo, terror
e horror e, finalmente, a cabeça decepada e exi-
bida de mão em mão tipo “chama da unidade”
muito urgente. Mugabe escapou dessa. Nas ruas,
festejou-se duplamente a sua saída. Ao cumprir
as formalidades, o “libertador” que se transfor-
Moçambique tem igualdade de género. Outro
grande recurso.
Por favor usem isso!
Moçambique é o país menos racista que eu co-
nheço e visitei. Tem uma sociedade muito amigá-
vel e que recebe bem as pessoas. É outro recurso.
Em Moçambique povos de distintos grupos
étnicos e religiosos vivem juntos em paz. Isto e
único. Deve ser valorizado, acarinhado e manti-
do.
Quero terminar por dizer de forma clara e inequí-
Devemos ter medo do Buldózer?
Por Rui Verde*
E
m pouco mais de um mês, João Lourenço
quebrou como um buldózer o “círculo de
ferro” com que José Eduardo dos Santos o
tinha cercado. É certo que a inépcia dos ju-
ristas eduardinos ajudou, mas a realidade é que a
questão era essencialmente de poder, e Lourenço
usou os poderes presidenciais na sua magnitude,
abandonando o papel de “presidente das ambulân-
cias” que lhe estava destinado.
Como é próprio da natureza humana, perante a
demonstração de força por parte de Lourenço, os
anteriores bajuladores de JES e aqueles que ainda
o apoiavam devem estar a correr como ratinhos
para adorarem o novo chefe.
E o mais irónico é que a própria oposição ficou
sem palavras, limitando-se a balbuciar ridicula-
mente sobre os Lexus e esquecendo a sua função
de controlo permanente dos actos do governo.
Era obviamente importante tomar as medidas que
João Lourenço tomou, sobretudo depois da forma
vergonhosa como se aprovaram apressadamente,
antes da sua tomada de posse, leis e decretos desti-
nados a condicionar-lhe a acção governativa.
Contudo, a oposição não pode perder de vista –
nem tão-pouco os cidadãos angolanos – o cami-
nho que Lourenço está a seguir.
Para onde vamos?
Até ao momento, Lourenço substituiu os homens
(e mulheres) do antigo presidente pelos seus. Na
realidade, actuou segundo a típica tradição do
presidencialismo norte-americano que promove
o chamado spoils system, prática segundo a qual
o partido político que ganha uma eleição recom-
pensa os seus trabalhadores de campanha e outros
apoiantes activos através da nomeação para cargos
governamentais e outros favores. Caso o partido
perca, os funcionários públicos que se envolve-
ram na respectiva campanha são destituídos. Uma
mudança no controlo partidário do governo traz
necessariamente novos funcionários para altos
mou em “ditador”, encheu de alegria ao seu povo
resignando ao poder, com efeitos imediatos. As
imagens retratam uma pura e profunda alegria.
Aplausos reais e não condicionados. Sorrisos
não forjados por baionetas. Sorrisos rasgados até
ao limite, festejando uma espécie de liberdade há
muito desejada, mas proibida por uma ditadura.
Por detrás de um grande homem, aliás, de uma
grande resignação ao poder, esteve uma grande
mulher. Expulsa da ZANU-PF, provavelmente
um dia a Grace Mugabe forme o seu partido.
Ainda é “jovem”, na casa dos cinquenta. Até
chegar à casa dos noventa como Mugabe, terá
várias oportunidades de concorrer à presidência
da república sem a bengala do Bob.
Coisa boa: Mugabe negociou as “imunidades”,
para si e sua mulher, e o direito aos seus bens, e
saiu-se muito bem. A espetacularidade da tran-
sição negociada esteve no profundo aplauso dos
próprios zimbabweanos e no respeito que ain-
Savana 24-11-2017
voca que como representante do grupo do apoio
ao sector privado, que teremos todo o prazer em
apoiar os esforços corajosos do Governo em fazer
diferente e melhor.
Nós também como parceiros precisamos de repen-
sar a forma como nos engajamos e trabalhamos
com Moçambique.
* Embaixadora da Noruega em Maputo. Excertos da
sua intervenção na Conferência sobre Fazer Negócios
em Moçambique a 3 de Novembro de 2017. Edição e
título da responsabilidade do SAVANA
cargos com responsabilidade política. Nos Estados
Unidos, este sistema funciona porque há muitos
e diferentes poderes: presidente, Senado, Câmara
dos Representantes, governadores, etc, que se con-
trolam mutuamente, além de uma imprensa activa
que depressa denuncia corruptos e incompetentes.
Em Angola, como se vê, só há um poder. É o pre-
sidente da República quem, com a ponta da sua
caneta, decide tudo, desde as nomeações até à sorte
dos angolanos.
Para quem possa deixar-se atordoar pelos aplausos
ao ímpeto exonerador de João Lourenço, é bom
recordar: Carlos Saturnino, de novo conduzido à
presidência da Sonangol, foi afastado por Isabel
dos Santos debaixo de acusações graves que nunca
foram consubstanciadas. Regressa agora sem que
essas acusações tenham sido esclarecidas. Não
houve acusação formal, mas também não houve
esclarecimentos.
E é este o problema de termos um governo de ho-
mens e não de leis. Isabel despediu Saturnino sem
consideração nem fundamento. Lourenço recupe-
ra Saturnino. Mas fica a interrogação: Saturnino
foi ou não foi incompetente? Segue-se agora a
prova dos nove.
A questão não está em Saturnino. A questão está
em saber se “tudo deve mudar para que tudo fique
como está”. Isto é, não estará João Lourenço me-
ramente a mudar as chefias e o controlo dos pos-
tos fundamentais do Estado para assegurar o seu
próprio poder dentro do quadro de autoritarismo
disfarçado que tem habitado Angola? Depois das
naturais celebrações, é esta a pergunta que deve-
mos colocar.
A exoneração de Isabel dos Santos só tem sentido
se anunciar uma nova fase na política e na história
de Angola. Uma fase de progresso e de liberdade,
rumo a um Estado de Direito.
Mais do que nunca, devemos manter-nos atentos
ao que aí vem. *makaangola.org
da nutrem pelo ditador. Assim o povo foi
educado durante os 37 anos em que ele per-
maneceu no poder. Mas, quando o ditador
resigna não leva consigo toda a máquina di-
tatorial. Tanto mais que tudo foi despoletado
dentro do próprio partido. Os ditadores de
segunda, terceira e quarta categorias também
devem ou deviam abandonar o poder. O G
40 (de lá), conformou-se com a situação.
Cá entre nós: esperamos que o exemplo do parti-
do ZANU-PF sirva para os poucos partidos li-
bertadores que ainda se mantêm no poder e cujos
membros só conseguem “abrir a boca” fora de fó-
rum próprio. Sujeitam-se à ditadura, fingindo
respeitar e obedecer à disciplina partidária. Não
gozam de liberdade de expressão. Quanto maior
for este grupo mais rija será a festa um dia. Mu-
gabe agora está livre, assim como o seu povo!
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Savana 24-11-2017 21
 DESPORTO
22 Savana 24-11-2017

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(VWUHODYDLSXULILFDUILOHLUDVSDUDDFDEDUFRP
VDERWDJHP
Por Paulo Mubalo

O
presidente do Estrela
Vermelha, Luís Ma-
nhique, e seu staff têm
evidências de ter ha-
vido, no seio do clube, alguns
jogadores da equipa de futebol
que prejudicaram, deliberada-
mente, a colectividade e, mes-
mo sem citar nomes, porque as
investigações continuam, diz
que para o próximo ano a di-
recção vai ser implacável contra
esse tipo de conduta. Outros-
sim, regozija-se pela extraordi-
nária prestação das modalida-
des de salão que, ano após ano,
vão se destacando pela positiva.
Sequem-se os excertos da con-
versa.
Presidente, o Estrela Vermelha
fez, no ano passado, um grande
investimento, mas os resultados
não surgiram no futebol, con-
trariamente às modalidades de
salão...
-O investimento que o Estre-
la Vermelha fez para o fute-
bol foi realmente substancial e
vem o fazendo desde 2014, na
perspectiva de que, em 2015, a
equipa estaria no Moçambo-
la e, de lá para aqui, consolidar
esta posição. Conseguimos, em
2015, garantir a ascensão ao
Moçambola de 2016 e, quando
tudo parecia estar bem encami-
nhado, estranhamente coisas
fora do nosso controlo, entre o
intervalo da primeira e segunda
volta, começaram a dar cabo da
nossa equipa .
Que coisas são essas?
-Tivemos jogadores que come-
Presidente do Estrela Vermelha, Luís Manhique
ção. infelizmente, os níveis de
infiltração continuaram e ti-
vemos, no plantel, atletas que
vinham de clubes e de pessoas
ou habituados a vender jogos
ou habituados a comprometer.
Alguns desses atletas só foram
descobertos numa altura em
que já não podíamos fazer nada,
porque o período de inscrição,
o da reabertura da época, tinha
encerrado e fizemos tudo o que
estava ao nosso alcance, ini-
bindo, denunciando, dentro do
nosso meio, as coisas que fomos
constatando, na perspectiva de
que as pessoas fossem inibidas
de eventuais agendas.
Pelo que está a dar entender as
medida não resultaram...
neste momento, a direcção do
clube trabalha, de uma forma
extremamente arrojada, para
fazer uma limpeza de todos os
focos internos alimentados ou
não por outros, de modo que o
Estrela regresse, em 2018, com
uma equipa saudável, do pon-
to de vista de profissionalismo,
para poder lutar para os nossos
objectivos que foram desviados
a partir dos meados do campeo-
nato nacional de 2016.
Faltou, acima de tudo, profis-
sionalismo nos atletas?
-Em algum momento sim, ti-
vemos atletas devidamente
identificados que lhes faltou
profissionalismo, mas também
no próprio mecanismo de ava-
liação, purificação e selecção,
houve fragilidades que permi-
tiram a infiltração de jogadores
corruptos, que vendem jogos na
nossa equipa. Portanto, era im-
possível fazer um campeonato
nos nossos objectivos, com uma
equipa em que alguns vinham
com agendas diferentes daquela
que era a nossa.
O treinador Sérgio Faife terá
sido parte dos problemas do
Estrela Vermelha ou parte da
solução ?
-Eu não quero citar nomes,
quero dizer que toda a estrutura
falhou e, se houver quem tenha
culpa, ela começa do presidente
para baixo.
Era suposto, por questões de
solidariedade, o Estrela apoiar
o Matchedje, na luta que este
clube desenvolveu em nome da
verdade desportiva, até porque
assinou uma carta na qual posi-
cionava-se a favor dos militares,
mas acabou distanciando-se
deles. Como explica este para-
doxo?
-Primeiro devo dizer que o Es-
trela vai apoiar sempre o Ma-
tchedje e vai apoiar todos os
clubes que lutam e enveredam
pela verdade desportiva, des-
de que esses pautem por uma
reivindicação dentro de um
quadro disciplinar e legal acei-
táveis. O delegado do Estrela
assinou aquela carta, mas não
tinha mandato para o fazer. Daí,
a direcção teve de intervir para
clarificar que uma coisa é es-
tarmos solidários ao Matchedje
quando a reivindicação for legal
e ter ocorrido, a outra coisa é
enveredarmos por uma violação
das normas como apoio, e isso
não vamos fazer. Portanto, se o
presidente de direcção retirou
o Estrela da lista de clubes que
tinham intenção de boicotar a
última jornada é que isso não
faz parte da nossa característi-
ca, da nossa forma de estar e de
ser, mas não deixaremos, nunca,
de apoiar todas as acções com
vista a salvaguardar a verdade
desportiva.
Em função de tudo o que des-
creveu, quais as medidas que o
clube vai tomar?
- Entre as medidas que estão
a ser tomadas, o treinador do
Estrela Vermelha do próximo
ano tem de ter capacidade não
só para treinar, mas sobretu-
do para conhecer a ficha social
de cada jogador, por forma a
conhecer os seus comandados
dentro e fora, portanto, este será
um aspecto muito importante
para a selecção e contratação
de jogadores, pese embora tudo
indique, por aquilo que estamos
a receber do aconselhamento do
nosso gabinete técnico, que em
grande medida, os nossos joga-
dores serão os que virão da nos-
sas camadas de formação.

çaram a ser aliciados para ou-
tros clubes, numa altura em que
não era normal que essas coisas
ocorressem. Muitos deles até
nos trouxeram, arrependidos,
cópias de contratos que tinham
sido propostas de regalias, diga-
-se, acima da média e que, entre-
tanto, nunca entraram em vigor.
Esses aliciamentos os coloca-
ram no relaxamento, porque as
expectativas que tinham eram,
eventualmente, conservar-se
para garantir, no ano seguinte,
lograr todas aquelas benesses
que tinham sido prometidos.
Claramente, não esperavam
esta triste realidade?
-Bem, estávamos convencidos
de que uma mudança subs-
tancial na estrutura da equipa,
sobretudo a técnica, este ano,
teríamos estancado esta situa-
LEILÃO
-Devo dizer que não fomos
felizes como pensávamos, mas
se conseguimos o 7º lugar, que
não é prestigiante para o Estrela
Vermelha, em função do nível
do campeonato que participou,
O Alto Comissariado do Canadá venderá mobiliário diverso, electrodomésticos
até devemos dar graça a Deus
porque o que estava projectado e equipamentos electrónicos usados (nas condições em que se encontram) na
era para fazer o clube pior do sexta-feira 24 (9 - 17) e no sábado 25 (9 - 13) de novembro. Os artigos poderão ser
que conseguimos fazer.
vistos no armazém da CityMover, Av. Zedequias Manganhela nº 1580.
Limpeza aos focos tóxicos
Pode explicar-se melhor? As propostas serão recebidas no local utilizando o formulário que será fornecido;
-Um elemento que pode con- os vencedores serão contactados no dia 27 por correio electrónico e telefone.
substanciar as evidências que te-
mos é de que se o problema fos- Os bens adquiridos deverão ser pagos em numerário exacto e levantados nos dias
se interno, então não teríamos o 28 e 29 de novembro no mesmo armazém (9 - 17).
hóquei campeão, não teríamos Reserva-se o direito de recusar propostas que não atinjam um valor aceitável.
o boxe campeão. Como sabe,
todas as modalidades de salão Mais detalhes: www.facebook.com/CanadainMozambique/
do clube, como o boxe, hóquei,
karatè, estão a renovar os títu-
los, mas a situação continuou a
ser problemática no futebol. E
 PUBLICIDADE
DESPORTO
Savana 24-11-2017 23
 CULTURA
24 Savana 24-11-2017

Dialogar de forma íntima com o público

“
Foi com uma guitarra de lata
que aprendi a tocar”, esta é a
frase que Roberto Chitson-
dzo não esquece quando fala
do seu percurso artístico.
Por isso, 2017 é o ano em que Chit-
sondzo sedimenta a sua carreira
com a edição da sua nobre obra de
estreia intitulada Kwiri. Uma obra
que abre espaços para expor as di-
versas dimensões da sua música.
Kwiri, em formato livro-disco, uma
nova abordagem de apresentação
artístico-cultural em Moçambi-
que, retrata a caminhada de Ro-
berto Chitsondzo na sua infância
em Xai-Xai, passagem pelo ensino
como professor de educação física,
primeira aparição musical até in-
gressar nos Ghorwane (sua segun-
da família), sua militância política,
vida parlamentar e a jornada até a
Roberto Chitsondzo apresenta nova abordagem de apresentação artístico-cultural
concepção do Kwiri. “Esta obra é
feita de lugares, encontros, dissabo-
em Moçambique
res e, por fim, alegria. Kwiri é uma
obra que dialoga com o país”, expli-
ca o músico Roberto Chitsondzo.
A obra tem a participação, com
depoimentos e textos inéditos, de
diversos segmentos que fazem ou
constituem o percurso de Chit-
sondzo como familiares, Bertina
Chitsondzo, Leonor Chitsondzo,
Luís Bila, amigos, Elísio Macamo,
Jaime Cuambe, Marcelo Panguana,
políticos, Ivone Soares, Mateus Ka-
tupa, Manuel Tomé, escritores, Mia
Couto, Paulina Chiziane. “E músi-
cos que dão uma riqueza sublime
ao disco ( Ernesto Ndzevo, Yolanda
Kakana, Jimmy Dludlu, Moreira
Chonguiça, Nelton Miranda”, frisa
Chitsondzo.
Kwiri é primeira obra editada pela
Khuzula sob direcção artística e
executiva de Paulo Chibanga, con-
tou com a coordenação editorial do
escritor Cremildo Bahule. Com a
obra Kwiri, Chitsondzo não abdica
dos Ghorwane. Ele continua sen-
do membro da família Ghorwane.
Com Kwiri, Chitsondzo pretende
mostrar, dialogar de forma ínti-
ma com o seu público e oferecer o
perfume da sua melodia. “Por isso
a Khuzula e Roberto Chitsondzo
preparam-se para lançar esta obra
na primeira quinzena de Dezem-
bro, como forma de partilhar este
feito, salienta.
Para o director artístico do projec-
to, Paulo Chibanga, Roberto Chit-
sondzo “é um cantor que não ape-
nas nasceu em Moçambique, mas
também é verdade que Moçambi-
que está nascendo dele, do talento
dele que nos encanta a todos nós e
que celebra os lugares e os nomes
que temos sem que o soubéssemos
antes”, finaliza Paulo Chibanga.
A.S

O Canto dos Escravos IVERCA internacionaliza Mafalala

chega a Lichinga
A
Associação IVER- tina. Fizeram parte deste encontro contro Afroinnova – Diáspo-
CA – Turismo, Cul- o presidente da organização, Ivan ra Africana na cidade de Me-
tura e Meio Am- Laranjeira, e a líder do grupo Tufo dellin. Ao tomar parte destas
biente toma parte, da Mafalala, Saquia Rachide. actividades fora do país, a
Por Pedro Fabião, em Lichinga desde o último sábado, de

A
conceituada escritora mo-
çambicana Paulina Chi-
ziane lançou, esta semana,
na cidade de Lichinga,
capital provincial do Niassa, a sua
mais recente obra literária, “O
Canto dos Escravos”, numa ceri-
mónia que contou com a presença
do governador daquela província,
Arlindo Chilundo, que aproveitou
a ocasião para expressar a sua ad-
miração pelo trabalho da escritora.
Detalhando um dos sete capítulos
que compõe a sua obra, Chiziane
sublinhou que o livro faz referência
ao tratamento, desespero, do que os
escravos estiveram votados.
Chiziane defende que os sete capí-
tulos da obra constituem um con-
vite aos leitores para um passeio ao
passado porque, segundo disse, a
escravatura parece algo do passado,
mas continua presente porque “nos
temos escravizado nós mesmos”.
A escritora vai ainda mais longe,
apontando a religião como princi-
pal espelho desta vivência. “A reli-
gião está a invadir o país. Não me
resta mais nada senão ir buscar as
histórias que fizeram marcos, in-
clusive os marcos religiosos. Vejam
o que acontece no Norte, Centro
ou Sul de Moçambique. Recorde-
mos o passado e reflictamos o nosso
futuro”, aconselha.
Por sua vez, o Governador da pro-
víncia de Niassa não escondeu a sua
satisfação pelo lançamento daquela
obra naquele ponto do país, afir-
mando que Niassa “está carente de
cultura”.
Chilundo salientou, na ocasião, que
aquela província também esteve na
rota dos escravos, pelo que agradece
a chegada de “O Canto dos Escra-
vos” naquela parcela do país.
“Foi tempo de muito sofrimento
dos africanos porque muitos mor-
reram pelo caminho. Com ‘O Can-
to dos Escravos’ sinto que a autora
está a respeitar a nossa história”,
constata o Governador do Niassa.
Refira-se que “O Canto dos Es-
cravos” é o 13º livro publicado por
Paulina Chiziane, com destaque
para Niketche, uma história de po-
ligamia.
um conjunto de actividades
sócio-culturais nalgumas ci-
dades latino-americanas.
A primeira actividade teve
lugar no dia 18 de Novembro
corrente, na cidade de São
Paulo. Trata-se da partici-
pação da IVERCA na Feira
Preta, o maior evento de cul-
tura africana da América La-
Arrenda-se
Uma Flat Tipo 3, na
Av. Paulo Samuel
Kankomba, com
2 casas de Banho,
uma cozinha grande,
em frente a Universidade
Apolitécnica Contactos:
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Terrenos em INTAKA per-
to do FIPAG 15X30 (3 terre-
nos), contacto 822881481 preço
490.000,00MT negociáveis.
Ainda no Brasil, concretamente IVERCA pretende explorar
no Rio de Janeiro, Saquia Rachide um novo mercado para as
vai orientar oficinas workshops so- suas obras e internacionalizar
bre cultura africana, no Museu da a Mafalala, bem como divul-
Maré e Universidade Federal Flu- gar o seu trabalho.
minense. Refira-se que a IVERCA
Fora do Brasil, na Colômbia, de 27 acaba de realizar a 10ª Edi-
a 29 de Novembro, Ivan Laranjei- ção do Festival Mafalala, que
ra orientará um curso sobre em- contemplou diversas activi-
preenderismo na cidade de Choco dades e contou com a par-
Quibdo. E entre os dias 29 e 03 de ticipação de intervenientes
Dezembro, vai participar do 3º En- nacionais e estrangeiros. A.S
Agenda Cultural
Campismo/Praia de Xai Xai
Sábado. 02 de Dezembro às 19h
Grace Evora e Swit ao vivo
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
“Jogo de Intrigas”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
CCP Maputo/Camoes
Quarta, 29/11/17 15h00
“Colóquio” Festival Teatro de Inverno

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Paulina Chiziane
 Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1246 ‡ DE NOVEMBRO DE 2017
2 Savana 24-11-2017 SUPLEMENTO Savana 24-11-2017 3
 OPINIÃO
Savana 24-11-2017 27

Abdul Sulemane (Texto)

Naita Ussene (Fotos)

Já nem escondem
S
empre soubemos que o povo tem uma força para derrubar qualquer gover-
nação de um país. Muitas vezes isso demora e faz a sociedade acreditar que
nunca haverá mudanças. Passa muito tempo, mas quando a página da his-
tória quer mudar não há hesitações. Acontece como se fosse algo natural.
De alguma forma a queda de um líder pelas forças que menos se esperava desperta
alguma preocupação por parte dos que ocupam lugares similares. Estamos com
semelhante situação de governação de um partido único durante cerca de 40 anos.
A diferença é que nós somos governados por presidentes diferentes.
As crises que enfrentamos nos últimos tempos são catalisadores comuns de mu-
danças de governação. Sabemos que existem outros prismas como o económico por
exemplo. Os países que têm grandes investimentos nesses países, quando se sentem
ameaçados, interferem de alguma forma na política de um país. Chegam a mudar
dirigentes desses países.
O ambiente de festa vivido hoje pode amanhã tornar-se em tristeza. Outros até
aparecem com o slogan de que estão preparados, firmes e coesos. Entretanto, quan-
do o vento da mudança chega nada resiste. Será que estão conscientes disso.
Digo isso por causa da primeira imagem onde alguns membros do partido dos ca-
maradas ostentam uma pose um tanto embaraçosa. Edson Macuácua não escondeu
a sua satisfação por estar no meio de tantos colegas da agremiação. Aproveitando o
momento em que a vida nos sorri.
É preciso saber que nestes lugares cai-se bem fundo, sem ter a oportunidade de
usufruir certas regalias. Com uma pose de troça, o actor Gilberto Mendes e Hen-
rique Mandava, aproveitaram para analisar o comportamento do camarada Edson
Macuácua.
Recorde-se que Henrique Mandava foi deputado pelo partido dos camaradas na
escolinha do barulho e membro do Comité Central. Fazia parte da antiga direcção
da agremiação juvenil do partidão em 2012, caiu em tudo. Não se esqueça da mú-
sica que diz: tudo que voa vem para baixo.
Há aqueles que se rotulam com certos nomes, mas nunca demonstram as verda-
deiras aspirações. Mostram uma coisa e fazem outra. Não quero dizer que seja o
caso. Só recordo da vez em que o cantor MC Roger foi banido de participar num
evento organizado por um dos antigos estadistas, Armando Guebuza, por lá se
fazer presente sem ser convidado. Sabemos que em todos os eventos o artista do
Guebas foi o MC Roger. Depois disso acabou tudo. Quem sabe, o apresentador de
televisão Gabriel Júnior não está a tentar fazer lobbies ao cargo vago a Guebas e sua
esposa Maria da Luz Guebuza?
Ou foi para convidar o casal Guebas a participar do seu programa, Moçambique
em concerto. Este comportamento do filho do povo fez com que a Procuradora-
-Geral da República, Beatriz Buchil, no fundo da imagem, inclinasse a cabeça e
tapasse a boca para esconder a gargalhada.
Em situações dessas é preciso criatividade para disfarçar. Foi o que fez Samora
Machel Júnior apontando o céu na conversa travada com Graça Chongo, ex-Chefe
do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, agora
às ordens do Xerife da 25 de Setembro. É preciso ter viagem.
Decorreu em Maputo a cerimónia de graduação dos estudantes finalistas da Escola
Superior de Jornalismo. Para os graduados é um fim de uma jornada que durou
quatro anos. Dos 100 graduados três são jornalistas do jornal SAVANA e Media-
fax. São eles Armando Nhantumbo, Abílio Maolela nos extremos da imagem que
fixam o olhar na pose fotográfica. E o do centro é o Ilódio Bata que fixa o seu olhar
para o canudo. Esperamos que apliquem os conhecimentos alcançados em prol do
jornalismo. Não precisam esconder.
Ilec Vilanculo
 À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz 
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canos, que lá para os lados da Palmeira lançaram um dos mais moder-
nos matadouros do país, com direito a inauguração presidencial. Um
dos bancos a quem pediram dinheiro, esgotou a paciência e quer de
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sustentável …

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ço do seu capital, para ombrear com os bigues cá da praça, aparente-
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central para liquidar parte da facilidade de liquidez, que foi posta
à disposição da instituição desde o inditoso dia 30 de Setembro de

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que pertence ao banco reserva.

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Dipak Malik, e que tem por tarefa, manejar um suculento fundo nór-
dico, há muito estabelecido em Moçambique. Malik gosta de banca
e já fez aquisições no Uganda e no Gana. Esteve para se casar com a
Moçambique Capitais, mas a troca de alianças não foi à frente por-
17 anos sem Carlos Cardoso que o xerife da 25 de Setembro tinha outros planos para o banco
intervencionado em 2016. Eventualmente, estarão a ser programadas
segundas núpcias com um fundo de pensões de denominação nacio-
nalista, para evitar adicionais cabelos brancos e arreliadoras dores de
Créditos mal parados DBCFÎB
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Tribunal executa Matama

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verdades politicamente incorrectas. Despesismo no Estado, endivida-
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aperto do cinto com cortes em mordomias, congelamento de salários

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sonho de um grupo de No mesmo despacho, o TJPM normal para quem aventura em em lume brando nas redes sociais como se fosse o culpado da crise
empresários moçambica- ordenou a penhora de vários bens grandes investimentos, mas que EP
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nos de erguer o maior e pertencentes à empresa Matadou- vai ser superado. esta ajuda preciosa …
mais moderno matadouro ro da Manhiça no valor 77.6 mi- Mutombene recusou comentar so-
do país está à beira de ruir. lhões de meticais. Com a ordem bre a ordem de execução referindo t



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O fim precoce do projecto ava- de penhora de todos os bens da RVF
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chão, depois de tanto esforço para entregar a ponte que dá brilho a ci-
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liado em 450 milhões de meticais Matama - Matadouro da Manhi- partes e que seria tratado em fó-
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deriva de dívidas mal paradas com ça, a empresa viu-se obrigada a pa- rum próprio. que não desarmam com as exigências de indemnizações tipo “sorte
alguns bancos, agudizado por fal- ralisar actividades que nos últimos Referiu que o fracasso deriva da grande” como condição para abandonarem o local. Mas há quem ga-
ta de matéria-prima para viabili- dias funcionavam a meio gás. GBMUB
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zar o investimento. 0T
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com mola adicional dos chinocas que ainda não chegou. Como anima
Matama não se limitam ao Mo- que ainda há investimentos por este informal …
Trata-se da empresa Matama – zabanco, mas outras instituições fazer.
Matadouro da Manhiça, localiza- financeiras. &N
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do no distrito da Manhiça, pro- Uma auditoria às contas da firma, TVCNFUFV
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cumprem ordens em detrimento da lei não está para brincadeiras. Em
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referentes ao exercício económico onde 47 accionistas juntaram-se menos de um mês de reinado conseguiu levar para os túmulos nove
foi inaugurada a 16 de Junho de 2015 e levada a cabo pela consul- aos 35 fundadores e totalizaram “cadastrados”. Esperamos que a magistrada que foi para vice intro-
2016, pelo presidente da Repúbli- tora Ernst & Young indica que a 82. duza alguns conceitos de Estado de direito e respeito pelos Direitos
ca, Filipe Nyusi, no meio de muita empresa tem passivos na ordem Questionado sobre os investimen- )VNBOPT
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pompa. de 170 milhões de meticais. Com tos feitos na compra de acções,
Em Maio de 2017, a empresa foi o Standard Bank, a Matama tem .VUPNCFOF
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uma dívida de 18.8 milhões de vai perder seu dinheiro porque as na remodelação do xadrez incluindo nas “intocáveis” forças de defesa
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acções estão subscritas e a empresa
dizer do engenheiro do planalto, que por estas alturas, pode estar a
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18 de Julho do próximo ano. Com voltará a operar visto que tem na consultar o seu tutor sobre quem nomear para dirigir a província que
uma empresa de abate e proces- o Millennium Bim, a companhia manga projectos ambiciosos. o viu nascer, quando já passam 15 dias sem governador.
samento de carne bovina, dedi- UFN
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cando-se à venda da carne bovina, NFUJDBJT
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operando na zona Sul do território de Julho de 2021. ÎBNCJRVF
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sítio, os tais que agora vão passar a processar o milho dos camponeses,
Nacional. 1BSB
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CBO- comentar a execução da Matama, numa versão “phombe” bem caprichada, com marca e vasilhame uni-
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PC- cárias, a Matama-Matadouro da BMFHBOEP
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jectivo principal o processamento Manhiça tem um passivo na or- cionistas da empresa. nas cervejas e dar umas isenções à marca holandesa que se prepara
de carne bovina, dedicando-se à dem de 34 milhões de meticais i0mDJBMNFOUF
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DPOIFDJ- para assentar arraiais em Bobole? Brincadeira tem hora …
venda da carne bovina, viu a nona com fornecedores de serviços, Es- NFOUP
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secção cível do Tribunal Judicial da tado entre outras entidades. NPT
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ferir a ordem de execução dos seus tombene, administrador da em- na Bolsa na imprensa”, sintetizou
fórum gera tantas desconfianças entre os camaradas. Será por isso que
bens a favor do Mozabanco, no presa, desdramatizou o cenário re- 7BMÈ





o engenheiro do planalto gazetou na abertura …
valor de 14.4 milhões de meticais. ferindo que se trata duma situação (Raul Senda)
Savana 24-11-2017 1

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Inaugurado o centro comercial de Maputo

O
BAÍA MALL, o mais
moderno centro comer-
cial de Moçambique,
abriu as portas ao pú-
blico, na quarta-feira da última
semana. O shopping estará em
regime de pré-abertura, com os
primeiros espaços comerciais já
em funcionamento e que pode-
rão ser visitados pelos consumi-
dores.

Este regime de pré-abertura, em

que a oferta de novas lojas será
crescente, funcionará até à inau-
guração oficial que terá lugar em
Abril de 2018.
A cerimónia de abertura contou
com a presença de David Si-
mango, Presidente do Concelho
Municipal da Cidade de Maputo,
Ana Flávia Azinheira, vice-Mi-
nistra da Juventude e Desportos,
António Marques, Presidente do
ATCM, Jock Seeliger, Director
da RPP Developments e pelos
representantes dos investidores,
através da Actis.
O BAÍA MALL vai contar com
as melhores marcas nacionais e
com novas marcas internacionais,
que encontraram neste espaço O projecto imobiliário do BAÍA junto à baía de Maputo, que his- também, com o facto de, nos cuperando a vida social de outros
instalações de qualidade e em MALL foi desenvolvido com toricamente foi sempre o local últimos anos, ter sido realizado tempos e será uma das zonas de
conformidade com os exigentes base no conceito “o lugar dos en- onde as pessoas se encontravam um forte investimento público maior expansão imobiliária da
padrões a que estas marcas estão contros”. O empreendimento fica para actividades de lazer. A apos- nos trabalhos de reabilitação da Cidade de Maputo.
obrigadas a obedecer. localizado na Avenida Marginal, ta nesta localização prende-se, marginal que, aos poucos, foi re-

Standard Bank Acácia Jazz:

Depositantes nas ATM’s habilitam-se a ganhar bilhetes

O
Standard Bank vai
oferecer aos seus
clientes 10 bilhetes
duplos de acesso ao
festival Standard Bank Acá-
cia Jazz, agendado para 30 de
Novembro, e que encerra com
chave de ouro o mês em que a
cidade de Maputo celebra os
seus 130 anos.
Os ingressos serão atribuídos por
sorteio aos clientes que efectuarem
depósito nas ATM’s, no período
entre 15 e 27 de Novembro.
As ATM’s para depósitos do Stan-
dard Bank são caixas automáticas
que conferem comodidade, autono-
mia e flexibilidade de atendimento
24 horas por dia, por permitirem
que o cliente deposite dinheiro,
pessoalmente, na sua conta, sem
intervenção de um gestor bancário.
Estas ATM’s estão habilitadas para
receber notas, contá-las mesmo
sem estarem arrumadas, identificar
e rejeitar as notas falsas, devolven-
do-as ao depositante.
A introdução desta inovação tec-
nológica resulta da jornada digital,
iniciada pelo banco nos últimos
anos, consistindo na melhoria dos
seus sistemas, por forma a tornar os
processos mais simples e ainda pos-
sibilitar aos clientes o acesso rápido
e instantâneo ao banco a partir de
qualquer lugar, através de platafor-
mas electrónicas.
Importa realçar que o festival terá
como figura de cartaz o músico
moçambicano de classe mundial
Jimmy Dludlu, autor da melhor
música – “Ha Deva” - de 2016
no Ngoma Moçambique.
Juntar-se-ão a Jimmy Dludlu
os artistas Judith Sephuma, da
África do Sul, Oliver Mtuku-
dzi, do Zimbabwe, e a conheci-
da Banda Kakana, de Moçam-
bique, liderada pela vocalista
Yolanda e o guitarrista Jimmy
Gwaza.
2 Savana 24-11-2017
ONU Mulheres lança
campanha Eles por ELA
S U
ob o lema, “Acabar com a
violência contra Mulheres
e Raparigas – Não deixar
ninguém para trás” a ONU
Mulheres, Entidade das Nações
Unidas para a Igualdade de Género
e o Empoderamento das Mulhe-
res, lança amanhã, na província de
Gaza, a Campanha ElesporElas
(HeForShe), um movimento de
solidariedade pela igualdade de gé-
nero, desenvolvido pela ONU Mu-
lheres para envolver homens e ra-
pazes como defensores e agentes de
mudança para alcançar a igualdade
de género e promover os direitos
das mulheres.
Em Moçambique, a campanha tem
como enfoque temático a elimina-
ção de violência contra mulheres e
raparigas, uma vez que, de acordo
com a ONU Mulheres, apesar de
todos os esforços do Governo e dos
parceiros para prevenir e combater a
violência contra as mulheres, a prá-
tica ainda é aceite por vastos secto-
res da sociedade moçambicana.
Por exemplo, uma em cada três
mulheres sofre de algum tipo de
violência, física ou sexual, princi-
palmente por um parceiro íntimo.
Outros dados dessa entidade inter-
nacional indicam que 48% das mu-
lheres casaram antes dos 18 anos e
14% antes dos 15 anos. É daí que se
considera que é preciso o envolvi-
mento dos homens para acabar com
esta prática.
ElesPorElas encoraja homens, jo-
vens, entidades influentes no sector
privado e em instituições académi-
cas, a trabalhar lado a lado, a levan-
tar as suas vozes e a agir contra as
desigualdades e violência enfren-
tadas por mulheres e raparigas em
Moçambique.
A Campanha ElesporElas será
lançada no dia 25 de Novembro,
dia em que as Nações Unidas e a
sociedade civil comemoram o Dia
Internacional para o Fim da Vio-
lência contra a Mulher. No mesmo
dia será lançada a campanha global
Pedro Lopes vence a 1ª edição
do Prémio Literário INCM
P
edro Pereira Lopes é o
vencedor da 1.ª edição do
prémio Literário INCM/
Eugénio Lisboa. O Prémio
INCM/Eugénio Lisboa contem-
pla a edição da obra vencedora,
bem como a atribuição do valor
monetário de 5000€ (cinco mil eu-
ros) ao vencedor.
A atribuição do Prémio Literário
INCM – Eugénio Lisboa a “Gente
Grave” deve-se, segundo o júri, ao
facto de o autor explorar um género
pouco trabalhado em Moçambique
e de combinar o policial e o fan-
tástico. O júri sublinhou, também,
a correção, coerência e coesão lin-
guística da obra da autoria de Pe-
reira Lopes.
Técnicos do INSS formam-se
em contagem de tempo
“16 Dias de Activismo”, que decor- m total de 37 funcio- de tempo de serviço. cálculo de encargo do tempo
rerá até 10 de Dezembro. Durante nários do Instituto O evento, que iniciou nesta terça- não descontado.
esse período, a directora Executi- Nacional de Segu- -feira, é organizado pelo INSS e A efeméride decorre no âm-
va da ONU Mulheres, Phumzile rança Social (INSS) tem por objectivo dotar os funcio- bito do recentemente aprova-
Mlambo Ngcunga irá viajar para e de outras instituições ligadas nários de conhecimentos ligados à do Plano de Desenvolvimen-
diferentes cidades do mundo para a questões laborais terminam instrução de processos de contagem to de Recursos Humanos,
realçar ideias inovadoras que têm nesta sexta-feira, na cidade de tempo de serviço, de processos pelo INSS, alinhado com o
sido usadas para impedir a violência da Beira, província de Sofala, de fixação de pensão, de subsídios e Plano de Actividades para o
contra mulheres e raparigas. numa formação em contagem de pensão de sangue, bem como ao ano de 2017 desta instituição.
A Campanha dos 16 Dias de Ac-
tivismo é realizada desde 1991, em
130 países pelo Fim da Violência
Contra Mulheres e Raparigas e
busca estabelecer um elo simbólico
entre a violência contra as mulheres
e os direitos humanos, enfatizando
o fortalecimento da autoestima da
mulher e seu empoderamento como
condições para romper com as si-
tuações de violência.
A campanha acontece todos os
anos, entre 25 de Novembro, Dia
Internacional para a Eliminação da
Violência contra as Mulheres e 10
de Dezembro, Dia Internacional
dos Direitos Humanos.
Phumzile Mlambo-Ngukam lança
o convite para a participação de to-
dos na campanha ElesPorElas e nos
16 Dias de Activismo pois conside-
ra que a igualdade de género não é
apenas um problema das mulheres,
é uma questão de direitos humanos
que toca a todos.
Na intervenção, que marcou a ses-
são de abertura, o chefe de Depar-
tamento de Recursos Humanos do
INSS, Daniel Clemente, instou os
participantes a dedicarem-se intei-
ramente nesta formação, “por forma
a assimilarem, no máximo, as maté-
rias que serão aqui abordadas e para
melhor preparação dos processos de
contagem de tempo de serviço”.
Importa referir que, para além de
funcionários provenientes de to-
das as delegações provinciais do
INSS, esta formação em contagem
de tempo de serviço conta também
com a participação de funcionários
públicos afectos às Direcções Pro-
vinciais do Trabalho, dos Centros
de Mediação de Conflitos Laborais
e da Inspecção Geral do Trabalho.
A Imprensa Nacional — Casa da
Moeda (INCM) de Portugal criou
o Prémio Literário INCM/Eugé-
nio Lisboa em Moçambique, em
2017, com vista a incentivar a cria-
ção literária no país.
A atribuição de menção honrosa foi
para António Manna com a obra
“Bebi do Zambeze”.
Refira-se que júri foi constituído
pelo escritor moçambicano Un-
gulani Ba Ka Khosa, na qualidade
de Presidente, Teresa Manjate e
Alexandra Pinho. Concorreram à
1.ª edição do Prémio INCM – Eu-
génio Lisboa um total de 36 textos,
dos quais 22 entregues em Maputo,
11 em Nampula, 2 na Beira e 1 em
Lisboa.
 3
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Savana 24-11-2017

Cursos vocacionais contribuem para alfabetização

O
recurso ao programa inte-
grado de habilidades para
vida, que consiste em aliar
cursos de formação voca-
cional ou profissionalizantes e a al-
fabetização, está a contribuir para
a redução dos níveis analfabetismo
no país.
A constatação é do director regio-
nal da DVV, na África Austral, Da-
vid Hurrington, que falava no se-
minário de balanço das actividades
daquela organização que teve lugar
semana finda em Macaneta, no dis-
trito de Marracuene.
Segundo Hurrington, a alfabeti-
zação é a chave para o desenvolvi-
mento de qualquer sociedade, mas
em Moçambique mostrava-se difí-
cil porque os jovens e adultos, que
são os principais beneficiários, ale-
gavam que tinham outras responsa-
bilidades na vida.
Assim, foi feito um estudo para
perceber a situação, que resultou na
introdução do programa integra-
do que, para além da componente
alfabetização, inclui cursos profis-
sionalizantes como agro-pecuária,
carpintaria, serralharia bem como
melhorar os níveis de produção nas
machambas, que pelos resultados
está a ter um impacto positivo.
A DVV, que é uma organização
alemã que trabalha na alfabetiza-
ção e educação de jovens e adultos,
aponta que o programa está sendo
implementado nas províncias de
Maputo e Sofala e conta com cerca
de seis mil participantes. Aponta
que a extensão do país é um dos
factores que tem influenciado na
expansão do programa.
Por sua vez, David Uamusse, da Di-
recção Nacional de Alfabetização
de Adultos, entende que a parceria
entre o Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano com a
DVV está ajudar para o alcance das
metas da estratégia do sector que
prevê baixar os índices de analfabe-
tismo dos actuais 44.8% para cerca
de 30% em 2019.

AMOSAPU e jornalistas reflectem sobre o tabagismo

O
consumo de tabaco con-
tinua a ser uma das prin-
cipais causas de morte no
mundo e as estatísticas
mostram que uma em cada dez
pessoas no mundo morre por
doenças relacionadas ao tabagis-
mo.
Estes dados foram avançados pela
Organização Mundial da Saú-
de (OMS), durante a realização
do encontro entre AMOSAPU
e Editores de diversos órgãos de
comunicação social, que teve lugar
entre quinta e sexta-feira passada,
em Macaneta, no distrito de Mar-
racuene.
O evento visava discutir em torno
da implementação da Convenção
Quadro para o Controlo de Tabaco
(CQCT) e dos Objectivos de De-
senvolvimento Sustentável (ODS).
Recorde-se que, em Novembro
de 2016, Moçambique ratificou
a CQCT e, no passado dia 12 de
Outubro, a lei entrou em vigor no
território nacional.
A Convenção é um tratado baseado
em evidências que reafirma o direi-
to de todas as pessoas ao mais alto
padrão de saúde. O instrumento foi
elaborado pelos países em resposta
à globalização da epidemia do ta-
rão dos países do terceiro mundo, este assunto, e os profissionais de
dos quais Moçambique é parte”, comunicação social têm um papel
explicou Cabral. muito importante a desempenhar
Num outro desenvolvimento, a re- para corrigir isso e criar um am-
presentante da OMS em Moçam- biente favorável para a implemen-
bique afirmou que o encontro com
tação da convenção quadro”, disse.
os jornalistas é de extrema impor-
tância, pois a comunicação e a par- Por sua vez, o Jornalista Salomão
tilha das informações tecnicamente Moyana referiu que é papel da co-
correctas serão fundamentais para municação traduzir informações
as próximas etapas. capacitantes de forma a criar uma
“Há muitas inverdades e muitas consciência cívica maior sobre os
verdades destorcidas que poluem mitos a volta de tabaco.
bagismo e visa combater algumas
das causas da epidemia, tais como a
liberalização do comércio, a publi-
cidade, a promoção e o patrocínio
do tabaco, assim como combater
o comércio ilícito de produtos do
tabaco.
Falando na ocasião a representante
da OMS, Djamila Cabral, referiu
que a dependência de tabaco foi
classificada pela OMS como um
distúrbio comportamental.
“O tabaco mata mais de 7 milhões
de pessoas por ano. Mais de 6 mi-
lhões dessas mortes são resultado
do uso directo do tabaco, enquanto
cerca de 1 milhão são não-fuma-
dores expostos ao fumo do tabaco.
Até 2020, sete em cada 10 pessoas
mortas por consumo de tabaco se-

BancABC consciencializa
na limpeza das ruas do país

C
olaboradores do BancA-
BC realizaram, recen-
temente, no âmbito da
campanha “A sua Cidade
mais Limpa” concebida pelo Ban-
cABC, uma limpeza de resíduos
sólidos em prol de causas ambien-
tais e de saúde pública nas cidades
de Nampula, Nacala, Chimoio e
Tete.
A iniciativa realiza-se pelo segun-
do ano consecutivo em coorde-
nação com o projecto Operação
Caco, campanha permanente de
Educação Ambiental através de
acções de limpeza e monitoria do
lixo no chão ou lugares públicos, e
enquadra-se nas várias acções de
Responsabilidades Social que o
BancABC tem vindo a desenvol-
ver em prol do bem-estar da co-
munidade
Segundo o Administrador De-
legado do BancABC, Orlando
Chongo, “o movimento visa cons-
ciencializar as nossas comunidades
o quão importante é manter as
nossas cidades limpas. Não apenas
por uma questão de estética, mas,
acima de tudo, por uma questão
de saúde pública, visto que o lixo
em lugares inapropriados é um
vector de muitas doenças que apo-
quentam a nossa sociedade”, frisou
Chongo.
Carlos Serra Júnior, responsável
do projecto Operação Caco, dis-
se na ocasião: “a atitude do Ban-
cABC em juntar-se a esta causa
ambiental é louvável, pois só com
a massificação destas iniciativas é
que realmente podemos contribuir
para a causa global do Lixo Zero,
no qual os princípios da redução,
reutilização e reciclagem assumem
uma importância fundamental”.
4 Savana 24-11-2017
Naguib Omar lança obra sobre o ensino superior
F
oi, lancada na quarta-feira
da semana finda, na cidade
de Maputo, a obra “O En-
sino Superior em Moçam-
bique: Políticas, Concepções e
Práticas Dominantes”, da autoria
do académico moçambicano Mao-
mede Naguib Omar, que resulta
de uma investigação científica e
que culminou com a defesa de uma
Tese de Doutoramento.
“É com profunda satisfação que
hoje testemunhamos o lança-
mento deste livro que aborda um
tema, o Ensino Superior, tão fun-
damental para o desenvolvimento
do conhecimento e de uma socie-
dade” – disse o Presidente da Co-
missão Executiva (PCE) do BCI,
ST Projectos &
Comunicação
Cermónia de inauguração
Dossiers de escritórios e Conferência
Factos
A data da cermónia
passará de 17 a 24 de
Novembro de 2017
9:00hr
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Paulo Sousa, felicitando o autor e vamos recuar terrivelmente. Ora o nós contribuímos para a ampliação mento que se procura transmitir no
agradecendo-lhe “a oportunidade país merece dar um salto em fren- do conhecimento numa determi- presente livro possa ser utilizado
que nos proporcionou de associar te”. nada matéria. O objectivo da inves- pela inteligência colectiva, contri-
a marca BCI aos seus trabalhos. O vice-ministro da Saúde, João tigação é produzir conhecimento. buindo deste modo para a melhoria
Como Banco “orgulhosamente da- Leopoldo da Costa, autor do pos- Publicando, projectamos a insti-
dos processos decisórios, sobretudo
qui”, assumimos desde sempre uma fácio da obra, fez referência à ne- tuição a que estamos vinculados, o
na esfera pública, principalmente
postura de intervenção activa de cessidade de publicação dos traba- investigador e o país” – sublinhou .
lhos de pesquisa efectuados pelos Já para autor da obra, a esperança pelas autoridades do ensino supe-
valorização da cultura moçambica-
académicos, porque “só publicando é que “o pensamento e o conheci- rior e também pelas demais”.
na, e esse é um factor determinante
para a elevação da auto-estima e da
defesa de uma identidade cultural
de Moçambique cada vez mais rica
e mais forte. Todos sabem que este
é o nosso compromisso e a nossa
missão”.
Após congratular o autor, Óscar
Monteiro, prefaciador do livro, re-
feriu que “é muito bom continuar
a pugnar por um ensino de quali-
dade. Hoje já há essa batalha, senão
sobre o Jornalismo e
Desenvolvimento
Tchumene 1, Rua Carlos Tembe
Parcela Nº 696, Matola
NB: Em frente a Inspecção de Viaturas
(Control Gold), na rua ao lado da Esquadra.
Savana 24-11-2017 95
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10 Savana 24-11-2017
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