O empresário brasileiro David Neeleman, controlador da
companhia aérea Azul, ganhou a disputa no processo de
privatização da companhia aérea portuguesa TAP. A informação foi confirmada pela empresa brasileira e pelo governo português. "A oferta selecionada foi a do consórcio Gateway", formado por Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa do grupo de transporte rodoviário Barraqueiro, anunciou Miguel Poiares Maduro, ministro adjunto do primeiro-ministro português, à imprensa.
A companhia aérea Azul investiu cerca de US$ 100 milhões
em títulos conversíveis em ações preferenciais da TAP Portugal, o que dará à brasileira direito de deter cerca de 40% do capital da portuguesa na ocasião da conversão. A TAP foi adquirida por consórcio integrado pelo fundador da Azul, David Neeleman, e possui acordo de compartilhamento de voos com a empresa brasileira.
Em entrevista ao jornal "O Globo", Neeleman afirmou que
pode buscar apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Brasil para ampliar sua fatia na TAP através da Azul dos atuais 61% para até 95%.
Na quarta-feira (25), o empresário anunciou que o consórcio
pretende investir até 800 milhões de euros na TAP-Portugal e expandir as rotas para os Estados Unidos e Brasil, com o objetivo de que a endividada companhia aérea comece a dar lucros já em 2016. Apesar das regras da União Europeia impedirem que companhias aéreas da regiçao sejam controladas em mais de 50% por um proprietário não europeu, o empresário não descarta uma entrada da Azul no capital da TAP. A TAP acumulou dívidas milionárias nos últimos anos, o que diminuiu substancialmente o capital da empresa. Por isso, o consórcio vencedor propõe injetar no curto prazo cerca de 340 milhões de euros na empresa. "O capital será aportado de diversas formas, mas tudo será feito em dinheiro", disse o secretário de Transportes do governo português e responsável pelo processo de privatização, Sérgio Monteiro. "A oferta vencedora apresenta mais dinheiro e mais cedo para fazer face aos desafios de tesouraria. Esse valor de capitalização está assegurado", disse Monteiro.
Como a grande despesa será na capitalização, o valor que
ingressará no caixa do governo português com a venda das ações será de 10 milhões de euros ou 2,84% do valor global da oferta. "O valor é reduzido, mas é importante. É um valor positivo e não negativo", disse Monteiro, ao comentar que avaliações mostravam que, mesmo com o reforço de capital exigido na licitação, a TAP teria valor econômico negativo entre 36 milhões de euros e 140 milhões de euros.
A oferta do consórcio vencedor prevê ainda que, conforme o
resultado financeiro da aérea em 2015, o total a ser desembolsado por Neeleman e os demais acionistas pode ser maior. No limite, esse montante poderia chegar 488 milhões de euros, sendo que a parcela destinada ao governo poderia alcançar até 140 milhões de euros.