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OURO PRETO/MG
2014
LISTA DE QUADROS
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SUMÁRIO
Introdução _________________________________________________________4
Conceitos __________________________________________________________5
Rastejo ____________________________________________________________5
Escorregamento _____________________________________________________5
Queda ____________________________________________________________6
Corrida ____________________________________________________________6
Fatores condicionantes _______________________________________________7
Tipos de obras de contenção e prevenção de movimentos ____________________8
Obras sem estrutura de contenção ______________________________________9
Obras com estrutura de contenção ______________________________________9
Planejamento urbano e os riscos geológicos ______________________________11
Planejamento urbano e os riscos “não planejados” _________________________15
Conclusão ________________________________________________________19
Bibliografia ________________________________________________________20
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INTRODUÇÃO
4
CONCEITOS
Rastejo
Escorregamento
5
Escorregamento circular: a superfície de deslizamento é curva, gerada por uma série
de rupturas sucessivas. Está relacionada a depósito de solos mais espessos e rochas
cristalinas ou sedimentares muito fraturadas.
Queda
Corrida
6
QUADRO 1: CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GRANDES GRUPOS DE PROCESSOS
DE ESCORREGAMENTO (AUGUSTO FILHO, 1992)
Fatores condicionantes
As definições das causas que levam ao colapso de uma massa são complexas,
pois os agentes podem se combinar de diversas formas. De ordem natural ou
antropológica, os agentes podem ser internos ou externos. Os agentes internos são
aqueles que diminuem a resistência do maciço e os agentes externos aumentam a
carga aplicada. A UNESCO adota o seguinte método:
7
Embora o movimento de massa possa ter várias condicionantes, há somente
um desencadeador, uma ação específica que fará com que o evento aconteça.
Embora os estudiosos da área não tenham um consenso sobre a sistematização
desses fatores, quatro temas principais são amplamente abordados como principais
condicionantes. São eles os condicionantes geológicos (maciço de rocha, solo
residual), os processos físicos (chuva, intemperismo), os processos geomorfológicos
(morfologia da encosta, dinâmica superficial) e os processos antrópicos (atividade
humana).
8
Estruturas de contenção ou de arrimo são obras civis construídas com a
finalidade de prover estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou rocha. São
estruturas que fornecem suporte a estes maciços e evitam o escorregamento
causado pelo seu peso próprio ou por carregamentos externos (Almeida Barros).
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Cortina atirantada: uma camada de concreto armado presa por tirantes fixados no
maciço estável. É uma obra de grande porte e de custo alto, usada quando há
grandes esforços e grandes riscos.
Muro de espera: pode ser feito com várias técnicas de construção, sendo comum o
uso de gaiolas de gabião, é projetado, geralmente na base do talude, de tal forma
que sustende caso haja algum movimento de terra para que não cause danos ao
entorno. É uma estrutura de proteção, não de contenção do movimento.
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Planejamento urbano e os riscos geológicos
1
Tais parâmetros são estabelecidos de forma diferenciada para cada município em suas especificidades. O PDM
de Ouro Preto, por exemplo, por suas características de cidade tombada como patrimônio cultural nacional e
internacionalmente (UNESCO), tem um grande foco em diretrizes construtivas da ZPE (Zona de Proteção Especial)
que abarca as áreas e construções de especial interesse de proteção cultural.
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A título de exemplo, embora se aguarde um laudo técnico definitivo, houve em dezembro de 2013 um
deslizamento de terra na rua Cabo Verde, bairro Cruzeiro, em Belo Horizonte em função das obras de fundação
de novo prédio na parte inferior da rua, que fez com que cedesse um muro de arrimo existente. Antes mesmo da
movimentação de terra, construções vizinhas já sofriam com rachaduras após o início das obras. Caso comum de
necessário estudo de impacto de vizinha (EIV). O evento foi amplamente noticiado, como em
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regulamentados no planejamento urbano para se evitar acidentes por movimentos de
massa é o Código de Obras para se garantir que os proprietários, mesmo atuando em
seus espaços particulares, garantam a segurança do público e da coletividade.
Garantia essa que deve ser protegida pelo poder público.
Problemas desse tipo, advindo a partir da execução de obras, acabam por
gerar, na maioria dos casos, apenas danos materiais, embora possam também levar
a desastres maiores, com perda de vidas. Entretanto, há os casos de movimentos de
massa em que os danos materiais acabam ficando em segundo plano diante da
magnitude da perda de vidas humanas, como temos verificado com infeliz frequência
no Brasil.
Voltamos então a pensar na maneira como o planejamento urbano e os planos
diretores devem contribuir para se evitar tragédias desse tipo. O primeiro passo é,
pois, a confecção de cartas geotécnicas que informem a aptidão ou não à
urbanização. As cartas geotécnicas são documentos cartográficos que possuem
variadas informações sobre o meio físico estudado, nesse caso, torna-se fundamental
a correta indicação das chamadas áreas de risco, e a definição do tipos de risco a que
a região está sujeita. A definição das áreas de risco devem também esclarecer quais
zonas não podem ser ocupadas de maneira alguma e aquelas que o risco pode ser
superado mediante intervenções técnicas. Assim, as Cartas Geotécnicas são
documentos obrigatórios que se conectam diretamente à elaboração de Planos
Diretores e Códigos de Obras dos Municípios.
Outro documento fundamental nessa questão são as chamadas Cartas de
Riscos. Diferentemente das Geotécnicas, as Cartas de Riscos apontam áreas já
ocupadas do território que possam estar sujeitas a determinado risco. As Cartas de
Riscos devem apontar o tipo de risco a que a região está sujeita (deslizamento,
corrida, etc.), medidas preventivas, obras de intervenção ou mesmo retiradas de
moradores. Tratam-se de documentos fundamentais para a atuação dos órgãos de
defesa civil.
Os documentos de informação sobre riscos geológicos tornaram-se legalmente
obrigatórios desde 2012, com a Lei 12.608, que institui a Política, o Sistema e
Conselho Nacionais de Proteção e Defesa Civil. Os documentos fazem parte da
<http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/12/27/interna_gerais,482649/ha-riscos-de-novos-
desmoronamentos-diz-defesa-civil-sobre-rua-do-bairro-cruzeiro.shtml>.
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obrigação do Estado em realizar o monitoramento de áreas de riscos, disponibilização
de informação concernente e promoção de medidas mitigadoras e/ou de solução de
problemas. A lei prevê ainda que, nesses estudos, a unidade de análise deve a bacia
hidrográfica pelo fato de que, em sua grande maioria, os desastres por movimentos
de massa serem de causa hidrológica.
A se seguir a Lei 12.608/2012, Estados e Municípios tem obrigação de
“identificar e mapear áreas de risco e realizar estudos de identificação de ameaças,
suscetibilidades e vulnerabilidades”3. Em termos de gestão urbana, isso significa uma
importância ainda maior dada à questão dos movimentos de massa, pois se tornam
subsídios obrigatórios aos instrumentos de regulação urbana, sejam os já
mencionados Plano Diretor e Código de Obras, seja às leis de Parcelamento,
Ocupação e Uso do Solo Urbano.
Dentro dessa perspectiva, a informação da carta geotécnica que mais interessa
é o conhecimento acerca das suscetibilidades que ela proporciona, sendo, por vezes
classificada especificamente como carta de suscetibilidade dentro das categorias
dentre as cartas geotécnicas. A suscetibilidade diferencia-se do risco, pois entende-
se suscetibilidade como:
3
MINISTÉRIO DAS CIDADES; UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO. Elaboração de Cartas
Geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais no Município de Ouro Preto, MG – Relatório
1. Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto – Dezembro de 2013, p.3.
4
Ibidem, p.7.
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adequadas à solicitação pretendida, porém, nesse caso, torna-se também importante
a consideração do custo econômico envolvido.
Atualmente entende-se o planejamento urbano a partir de vários eixos de
análise, como preservação e sustentabilidade ambiental, concentração/
desconcentração de tráfego, preservação patrimonial, etc. Porém, toda intervenção
urbana planejada deve seguir antecipadamente a aptidão à urbanização. A aptidão à
urbanização, “pode ser definida como a capacidade dos terrenos para suportar os
diferentes usos e práticas da engenharia e do urbanismo, com o mínimo de impacto
possível e com o maior nível de segurança”5. Dessa forma, a definição da aptidão à
urbanização é o dado primordial que se pode obter da carta geotécnica de
suscetibilidades, quando se trata de planejamento urbano. Importante que tais
informações, para uma adequada gestão urbana, estejam sempre disponíveis para o
público/cidadãos que previamente possam conhecer as potencialidades e restrições
de cada área.
Em termos técnicos, a partir da carta de suscetibilidades pode-se produzir uma
carta de aptidão à urbanização em escala maior e que embasem, inclusive
instrumentos legais, para o planejamento urbano, como planos diretores,
zoneamentos ambientais, leis de uso e ocupação de solos, gestão de bacias
hidrográficas, zoneamentos ecológico econômicos, etc6.
Assim, citamos o quadro que detalha os níveis de escala e informações acerca
de movimentos de massa em cada carta geotécnica que aborda a questão:
5
Ibidem, p.8.
6
Ibidem, p.11.
14
assoreamento, subsidências e colapsos, queda e
rolamento de blocos rochosos, processos
costeiros.
Movimentos gravitacionais de massa -
translacionais, rotacionais, em cunha,
inundações/enchentes/alagamentos, corridas de
Cartas de
1:2.000 ou lama e detritos,rastejos, erosões lineares (sulcos,
Riscos
maiores ravinas e voçorocas), solapamentos de margem,
Geológicos
assoreamento, subsidências e colapsos, expansão
de terrenos, queda e rolamento de blocos
rochosos, processos costeiros.
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urbanos brasileiros refere-se exatamente à tomada desordenada das áreas de risco,
principalmente morros, encostas, margens de rios/córregos, etc.
Para esses casos, as cartas de risco são primordiais, por se tratarem de áreas
já ocupadas e, invariavelmente, de maior risco geotécnico. Além de razões físicas,
esse maior risco possui causas históricas e sociais. Em poucas palavras, a
implantação dos centros urbanos privilegiou a ocupação de áreas mais estáveis e,
devido à fraternidade entre poder econômico e político, recebeu também maiores
investimentos em termo de infraestrutura urbana, seja em serviços (como água, luz,
esgoto, etc.), seja exatamente nas obras necessárias de estabilidade dos terrenos.
Restou à população mais carente a ocupação de áreas periféricas, não urbanizadas,
não fiscalizadas e, durante muitos anos, até invisíveis ao órgãos de planejamento
urbano.
Com algumas exceções, atualmente as ações de políticas públicas sobre
desastres em áreas periféricas, favelas, ocupações irregulares, etc. ainda tem
acontecido como repostas a desastres já ocorridos, ou seja, faltam ações de
planejamento e prevenção, conforme determina o Estatuto das Cidades.
É impossível desassociar os desastres provocados por movimentos de massa
da exclusão social a que também estão sujeitos as vítimas desses fenômenos.
Embora tratados pelo termo de desastres naturais,o fenômenos do movimento de
massa só atinge o estado de tragédia quando acompanhado do elemento humano,
tanto por sua ação na natureza, que muitas vezes participa da causa do movimento,
quanto por suas consequências de perdas materiais e de vidas. Em outras palavras:
Assim, o planejamento urbano para tratar de áreas de risco deve ser mais
complexo do que a interpretação de características físicas de suscetibilidades
7
COSTA, Everaldo Batista da; FERREIRA, Tatiane Araújo. Planejamento Urbano e Gestão de Riscos: vida e
morte nas cidades brasileiras. OLAM – Ciência & Tecnologia – ISSN 1982‐7784 – Rio Claro / SP, Brasil Ano
X, Vol. 10, n. 2, Agosto‐Dezembro / 2010, p. 185.
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elencadas anteriormente e incluir o que se pode chamar de vulnerabilidades de áreas
com nítidas características de exclusão social/espacial.
vulnerabilidade é medida pela estimativa dos danos potenciais que
podem afetar uma área, principalmente no que diz respeito à população
e ao seu patrimônio construído. Refere-se, portanto, às perdas
possíveis, e permite exprimir, por exemplo, a capacidade de resistência
das construções diante de um fenômeno físico8.
Quadro 3 – Avaliação de vulnerabilidades. Fonte: COSTA, Everaldo Batista da; FERREIRA, Tatiane
Araújo. Planejamento Urbano e Gestão de Riscos: vida e morte nas cidades brasileiras. OLAM –
Ciência & Tecnologia – ISSN 1982‐7784 – Rio Claro / SP, Brasil Ano X, Vol. 10, n. 2, Agosto‐
Dezembro / 2010, p.185., p.188.
8
Ibidem, p. 187.
17
Infelizmente, muitas vezes as ações diante de desastre provocados por
movimentos de massa simplesmente omitem questões sociais focando a análise em
aspectos físicos, tomando, muitas vezes, os terrenos como “condenados” e
resolvendo o problema por meio da trasladação das pessoas e residências para outro
local da cidade que, costumeiramente, apresenta as mesmas características.
Também são comuns políticas como “aluguel social”, o “cheque-despejo”, que não
permite que o desabrigado ocupe uma área com segurança maior que o local de onde
foi desabrigado.
As soluções de construções novas áreas das chamadas “habitações de
interesse social” podem ser interessantes, desde que não se desconsiderem os
aspectos de identidade cultural que as pessoas constroem com seus espaços,
principalmente naqueles de edificações autoconstruídas. Ou seja, o processo de
retirada de pessoas de seus espaços de construção social é mais complexo, pois deve
promover meios de readaptação e possibilidade de intervenção pessoal no novo
espaço. Construções fechadas a alterações e sem vínculo com a origem dos novos
moradores são condenadas a conflitos e outros problemas que transcendem a
segurança física/material da habitação.
Assim, as ações de gestão e monitoramento de riscos, a partir de cartas de
suscetibilidade e vulnerabilidade dos espaços urbanos devem, por um lado prever
meios de intervenção e mobilização sobre riscos iminentes, principalmente em
períodos chuvosos, e, por outro empreender ações de urbanização de áreas de risco.
A urbanização é entendida, aqui, como o tratamento não pontual dos problemas, mas,
sim, o cuidado qualitativo, valorizando os próprios espaços em que as pessoas já
ocupam, respeitando suas referências culturais locais, mas provendo segurança,
estabilidade, e serviços de infraestrutura urbana que garantam direito à vida e à
cidadania de pessoas historicamente excluídas desses direitos fundamentais.
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Conclusão
19
Bibliografia
CARVALHO, Edézio Teixeira de. Geologia urbana para todos: uma visão de Belo
Horizonte. Belo Horizonte, 1999.
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PERNAMBUCO. Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa. Programa Viva o
Morro. Disponível em: <http://www2.condepefidem.pe.gov.br/web/condepe-
fidem/biblioteca-virtual-download1> Acesso em: 8 fev. 2014.
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