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CONTROLE DE FITOPATÓGENOS
RESUMO - Pesquisas recentes evidenciam que métodos alternativos ao controle químico têm
apresentado bons resultados no controle de agentes causais fitopatogênicos, como a utilização
de óleos essenciais de espécies vegetais, tais como a Melaleuca alternifolia, Aloe vera, Lippia
sidoides, Ocimum gratissimum, Lippia citriodora, Cymbopogon citratus, Curcuma longa,
entre outras. Um dos métodos de extração de óleos essenciais de espécies vegetais é através
da hidrodestilação em aparelho graduado Clevenger, usando-se 100 g de folhas, em 1000 mL
de água destilada, em temperatura máxima de 100 °C até atingir a fervura, reduzindo-se
posteriormente para 75 °C, por um período de aproximadamente 2 h, variando de acordo com
a espécie em questão. O objetivo deste trabalho foi selecionar na literatura espécies vegetais
com potencial ação de controle de fitopatógenos através de seus óleos essenciais, proceder sua
extração através da hidrodestilação em aparelho graduado Clevenger e verificar o rendimento
de 100 g de biomassa da espécie vegetal na extração do óleo. Observou-se que as maiores
quantidades de óleo essencial extraídas foram de citronela (Cymbopogon winterianus) e
Melaleuca alternifolia, seguida da Curcuma longa, pariparoba (Piper umbellatum) e, com
menor quantidade, goiabeira (Psidium guajava).
1 Introdução
Com o crescimento da exigência dos consumidores por alimentos sem agrotóxicos,
pesquisas estão sendo realizadas para a busca de produtos fitossanitários naturais. Os óleos
essenciais vegetais são considerados fontes para o desenvolvimento desses novos produtos.
Entretanto, sabe-se que boa parte da flora brasileira ainda não foi estudada, sendo a descoberta
e estudo de novos compostos químicos, a partir de plantas, capaz de controlar o
desenvolvimento de fitopatógenos, de grande importância (Stangarlin et al., 1999).
O uso de produtos naturais no controle de doenças de plantas tem se tornado um meio
eficiente para a redução do uso de defensivos agrícolas. A exploração da atividade biológica
dos metabólitos secundários dos extratos brutos e dos óleos essenciais de plantas aparece
como potencial de controle alternativo de fitopatógenos. Vários extratos brutos e óleos
essenciais de plantas já foram testados sobre agentes causais de doenças em diversos
trabalhos, tais como os realizados por Takatsuka et al. (2003); Balbi-Peña et al. (2006);
Pereira et al. (2006); Pereira et al. (2007) e Souza Júnior et al. (2009).
1. Aluna do Curso Técnico em Agropecuária Concomitante ao Ensino Médio, 3º ano – Instituto Federal
Catarinense – Câmpus Araquari.
2. Aluna do Curso Técnico em Agropecuária Concomitante ao Ensino Médio, 3º ano – Instituto Federal
Catarinense – Câmpus Araquari.
3. Professor Orientador Engenheiro Agrônomo MSc. Fitopatologista – Produção Vegetal – Instituto Federal
Catarinense – Câmpus Araquari (monzani@ifc-araquari.edu.br).
Os óleos essenciais também conhecidos como óleos voláteis ou etéreos, são
provenientes do metabolismo secundário de plantas aromáticas. Os componentes dos óleos
essenciais pertencem a duas classes quimicamente distintas, terpenóides e fenilpropanóides.
Estes são sintetizados a partir de diferentes precursores metabólicos primários e são
produzidos a partir de rotas biossintéticas diferentes. Os óleos essências são sintetizados,
armazenados e liberados por meio de estruturas do mesófilo ou da epiderme (Souza Júnior et
al., 2009).
Várias são as formas de extração de óleos essenciais, como prensagem a frio, sendo o
método mais usado para a extração de óleos de frutos cítricos; a turbodestilação que é a
técnica mais usada para se extrair o óleo de plantas cujos tecidos retém a seiva de forma mais
intensa; a enfleurage que é utilizada na extração de óleos mais instáveis e podem perder
completamente seus compostos aromáticos se extraídos por outros métodos; o uso de gás
refrigerante, que baseia-se na utilização de uma substância química que tem afinidade com as
moléculas constituintes do óleo essencial, agindo assim como solvente; e o uso de dióxido de
carbono hipercrítico sob extrema pressão (200 atm) e temperatura mínima de 30oC para
extraição do óleo. Na hidrodestilação a matéria-prima vegetal é completamente mergulhada
em água, sem que a temperatura ultrapasse os 100oC (Figura 01).
2 Metodologia
3 Resultados e Discussões
Através da hidrodestilação de 100 g de Melaleuca alternifolia, goiaba (Psidium
guajava), pariparoba (Piper umbellatum), citronela (Cymbopogon winterianus) e Curcuma
longa obteve-se o resultado disposto na Tabela 01.
Verificou-se através dos resultados que nem todas as espécies vegetais produzem
grandes quantidades de óleo essencial e que as quantidades obtidas são bastante heterogêneas,
considerando que todos os óleos foram extraídos de 100 g de matéria verde pelo método de
hidrodestilação. Observou-se que as maiores quantidades de óleo essencial extraídas foram de
citronela e Melaleuca, seguida da Curcuma, pariparoba e, com menor quantidade, de
goiabeira.
Considerando que existem outros métodos de extração do óleo essencial vegetal, além
da hidrodestilação que é uma técnica bastante antiga, usada intensamente em países cujas
caldeiras a vapor ainda são de difícil acesso, outros métodos podem ser utilizados para
melhorar a eficiência na extração de óleo, apesar da hidrodestilação ter se mostrado eficiente
na extração de óleos essenciais.
Houve ainda a tentativa de extração da babosa (Aloe vera), observando-se durante o
processo de aquecimento da matéria verde no balão de hidrodestilação um aumento de volume
da biomassa, extraindo-se uma quantidade insignificante de óleo essencial. Realizou ainda a
extração do óleo essencial de mirra (Commiphora myrrha), constatando-se que o óleo
apresentava elevada densidade e aderência nas laterais do hidrodestilador, sendo dificutosa a
retirada do óleo.
As quantidades extraídas de óleo estão diretamente relacionadas as condições
ambientais que a planta está inserida, pois em diferentes condições de desenvolvimento, as
quantidades de óleo extraídas podem variar. Considerando o potencial antimicrobiano,
principalmente contra agentes fitopatogênicos, poderia se pensar na produção dessas espécies
em condições ambientais que melhor proporciossem condições de produzirem os metabólitos
para compor o óleo essencial.
Todas as espécies vegetais utilizadas neste trabalho quanto à extração do óleo essencial por
hidrodestilação já foram testadas em experimentos in vitro, com sementes ou em casa-de-
vegetação e tiveram comprovada ação fungitóxica, como nos trabalhos realizados por Takatsuka
et al. (2003); Balbi-Peña et al. (2006); Pereira et al. (2006); Pereira et al. (2007); Souza Júnior et
al. (2009) e Ribeiro et al. (2010).
Este trabalho terá continuidade testando-se os óleos esseciais extraídos destas
espécies vegetais no controle do Colletotrichum gloeosporioides, agente causal da antracnose
do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis f. var. flavicarpa Deg.) in vitro e em casa-de-
vegetação.
4 Conclusões
Nas condições que o trabalho foi conduzido é possível afirmar que:
1) A hidrodestilação é uma técnica eficiente para a extração de óleo essencial vegetal;
2) Das espécies utilizadas no trabalho para extração do óleo essencial vegetal, observou-se
que as maiores quantidades extraídas foram de citronela (Cymbopogon winterianus) e
Melaleuca alternifolia, seguida da Curcuma longa, pariparoba (Piper umbellatum) e, com
menor quantidade, goiabeira (Psidium guajava).
5 Referências