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Sm lll oeaponentes dt Interpretacio, david ball PARA TRAS E PARA FRENTE UM GUIA PARA LEITUNA DE PEGAS TEATRAIS 9 y | Petia Za ‘Thelo do eriginal inglés Backwards & Fonsards Copyright © 1983 by the Boar! of Trusts, Sauer Incts Dados Internacionais de Catalagagdio nz Publicagte (CIP) iCiehare Brasileica do Livio, SP, Brash wi Por tras para frente = umn pula para leita de pogas teatrals # David Ball; iradapf0 ais Coury], — Sie Pauls; Perspectiva, 2003. — 78 ¥diigids por 3-Guiasburg) “Tuto ceignal: Backwards end forwards, 1 reimpr da 1. ed. de 1999. ISDN 85-272-0207-1 Leitura = Commprocnssio 2, Pogas seats 3, Shakespeare, William, 56-1616 - Tésnice 44 Teatro ~ Histéris © exfiea S. Teatro - Precugio ce diregho 6, Teato - Téemiea 1 Guinsourg J H. Talo, HL Série, os.0113 coos Indices para catdlogo sistemsnio: 1. Ragas tearale Lettre > Literatura 8082 1 edigho = 1 reiepressio Dircitos reservados em lingua portugeosa & EDITORA PERSPECTIVA 5.4. ‘Av. Brigadeino Luss Ansonia, 3025 ‘01401-000 - $a Paulo ~ SP = Bes ‘Teel (11) 3885-8988 woevcedoraperspectiva come 2008 SUMARIO APRESENTAGAQ = Nanci Fernandes . PREFACIO= Michael Langham... ++ eae INTRODUGAO .-..sceseeescteererenersneeerss IT IMEIRA PARTE—A FORMA 1. 0 que Acomece ¢ Fas com que Oura Cos Aeon [eg@? eo eeeeee » Faque Aeantece Depois?- 1 Mas Faga-o para Tritt... exs0000+ J Esrase e lntrusto \ @bsricuto, Conflito (0 Ieiortincia é Bem-Aventtranga. «+ ‘Oque € Teatrat ....« SEGUNDA PARTE ~ 0S METODOS & Exposigdo 2 Oy Para Brea ~ Avis peo. que Vom Depois =» 88 10, Auséncia das Pessoas (Personagem) ....--0.-- 87 If, Imagem 4 Sieectiotanersecess BE 12, Tama. 02-2000 zane 10D TERCEIRA PARTE - SEGREDOS E TRUQUES pooricia 13. Informagdo Contextual (Background). ......--- 13 14, Confianda ao Dramaturge ....0.+--rerreeeee US 15. Familias... apeiron ee 16. Efeito Generalizado ~ Town, Atmosfera 119 17, 0 Fator Gnico st 121 18. Mucanga de Epacas -.- 19, Climax +++ : 20, Comegas/Fins ..-..0.-2206 21. Releituras. ‘3 Ee que Vou Depois?.. sere APRESENTACAO FF possfvel ensinarse a eserever pegas de teatro? Ou, en w palaveas: existe algo que se possa aprender além da ae da prtca de fore ver teatto? [istas so algumas das questdes que esto na riz de mi- hs entrada no-Curso de Dramaturgia e Critica da Escola de ‘vie Dramaétiea, Desde entio. autras questves se acrescenta- ‘ann & minha pesquisa Sobre 0 que bam fentro ~ neste aspec- \isvisto nd@apenas sob ue crtério purammente estético-tteri- vo. mas igualmente sob o-enfoque de sua carpiniaria, di €5- ‘uti praprtamente dita do texto teatral. Se Shakespeare, por compl, €-um dos paradigias de tom teatro, € impossivel eoursetambém a exceléacia das perasde um Feydemoude tina Labiche. Hi um lugar especifieo na.arte teatral em que fiona outra arte penetra 6U s€ Ihe aprosima, Este lugar cspeeifieo & 6 da estratura do texto € de-suas convengSes. (0 gnero dramatico no se situa nem no subjetivismo da ica = embora possa dela emprestar tragas ou aspectos ~ nna historieidade da narrativa pica = da qual, ne Mage 9 Média modcrnamemte (Claudel e Brecht), muitase aproxi- ‘ou ¢ hauria para temiperir a sua configuragSo-de mundo. Teatro, no dizer de Aristétcles, € mais polfica de todas as artes porque se sitw ne-espago em que of homens vivem 4m gelacii. Quer isto dizer que, no exato momento em que ‘esta relago revive ~ no aqui e agora do presente ~ 0 teatro seontece ese configura enguanie tal, Nem antes no prssado © hema depois-no futuro. O teatro nvé a arte do possivel ou bo Imaginivel: 6a arte do viver engquanio ele dura. Tais reflexes vém-mea mente ao releraexcelentctradue so que Leila Coury fer da obra de David Ball, Come professo- rade alunos-atores, por muite tempo ela perseuiu a questo: € passtvel ensinar a atar a Vee ea Evrevaee teatro? Quando sua sobrinha prescnteou-a com Backwards ane Forwande para subsidiar-suas dwvidas, a professaca de.“Introdugiia a0 Tea- 180 da Escola de Arte Drama fer de sua radugio mimea- grafada do livio a base de suas aulas a fim de suacarreira ‘ome professora de teatro — pura proveito des alunos-atores (que a utilizaram ininterruptamente até 0 momento, na falta de sua edig0 em livro, Stage que-esté sanada com a prescmte publieagio. Neste ponto, cabe um rapido esbogo do perfil de Leila ‘Coury (1919-1999): fermada em Letras Clissicas e Portugués, ‘la 56 aposentowi como professora secunssria e Inspetora Fe slcral de Ensina. Sua tajetiria na Escola de Arte Dramaitica iniciou-se logo apis a fundagio desta por Alfredo Mesquita ‘em 1948 e contingou na transteséncia da EAD paraa USP om 1968, onde lecionow até 1990, Como se vE,miais de 40 anos dedicados an ensino-de teatro, Sua ida para EAD prondeu-se 4 nevessidade, na época, deumeurso de Portugués ni Escola, oqual em 1952 incexpo- Fou como seu €ito 6 tema da Mitologia Grega. No entanto, anos afora a Prof, Leila supriu mo seu curso as necessidades, de matérias que desbordavam da grade hordria eeu ensino ola prazeirosamente accitava: Histéria da Arte, Linguistica, Literatura Dramitica ete. est itima, tendo sido a que mo- tivon seu imieresse por Barckwards and Forwards, Dizer-se que Para Tris ¢ Para Frente, de David Ball, dispensn a constila sistemdtica, pelos especialistas, 8 obras a lo base du Dramawurgia Ocidental. & exagerar em diego ‘guile que a obra io se prope. Para quem queira aprofundar- ve na Tteratura dramdtica, ¢ ibvio que 0 caminho 2 tilhar i de Aristétoles © paitlatinamentc deve chegar aos teri- ‘cas modemos ~ no Brasil, parsinal, comtamos com obyas.in- toressaries, coma, ene autras, asde Augusto Boal ¢ Renata jt. Por outro lada, levando-se im conta debilidade histéri- +3, no Brasil, de autores dramsticos no que lange 1 earpintae leatral~salvoas exceydex do passado eosbonsdraratur- os movdernes que revtslizafam o teatro enite 5s ~ assim mo, considoranvlo-s principalmente a nossa juventede tea- ‘ral —que nos coloea na.categoria de aprendizes interessados © ciligentes— ew iriaque Para Tris c Para Freute constitu muna excelente ferraments de trabalho, Entender e iter- )retar ou encenar wm texte teatral ¢ uma tara. suf genet ‘evidentemenite, nin dispensa.o talento € a ténica, Por 1530.4 no apoio desta tEenica.que se encaixa o iro de David Halla partiedesua adequadda utilizagio pode-se afirmar quc. {io importante camo ver e fazer teatro, & dominar at suas de. nicas. E neste sentido estrita e com estas ressalvas que tste livia deve ser-encarado, lene Rermandes Eseola de Arte Drama - USP “ PREFACTO Muitos de nds, alts 9 maicria, que lems textos tetra, (yecuramas imaging las levados cen. Mas nem todos: foi tie deseobri, quando tive o privilégie de trbalhar em Lon. ‘hes, no Birmingham Repertory Theatre. com Sir Barry Jocksoe. Foi talves o dltimo dos grandes patrons do teatro (tinico, além de ter sido um harem de-eerta excentricida- ve Them, quando cle assistta a uma pecs, aque ele procurava or umagini-ta de volta neliveo, ecemtemeits tive oportunidad de pir hprovaessaabcr- slupemao texto, de certo modo, bizarea. Fui convidado a emi- (w upinise sobre a produgao de Blithe Spirir( Espirito Joviat}* sie Noel Coward, que ji estava encenuda ¢ senda repeesentse ‘I pura 0 pablico, Nae havia lido o-texto, mas sentado ali na |sisia por és dias, esforce-me por detectar quais intengies \.nwor haviam sido perdidas oa haviam sido-escumoteadas * No lait :pcs fo presenta pels Cis. Datelna ¢ Odi comm © Wat RB pela produce. istoé, procure trazer de volta otexiocriginal. Figuei surpreso aodescobrir que, para apreender o sentidode ‘uma pega, méindo de Sir Barry € de imediato, bem mais c’fetivo que ométedo normal aque David Ball se prope nes 1c livro, als dereal vilidade; todavia, o método &e Sit Barry cexige que a pega jdesteja encenada, ‘A utilidade de Paro Tras © Para Frente reside no fato de sevelor uty (ekt6, nlo apenas como Hteratura, mas como a matéria-prima para a represeatagio teatril ~s vezes, com caracteristicas estratrais queo tornar comparével ama par- fra musical. Hi uma total diferenga entre o mundo da fite- raturn ¢ do drama, Som, misica, movimento, aspectos din mmicos de uma poga~¢ muito mais ~ devem ser descobertos ha profundidade do texto sinda . no podem ser detectados por métoxos de leitura ede anihive estritamente literivios. Exar ‘nar o contetdo deste pequeno livre €oomo examirar 0 com ‘cGido da caina de ferramentas de um dramaturgo, com a it Lengo de descobri os instrumentos. espectfiens de sua art. aca quem sé iia na Ieitura de peyas de teatro Para Tras ¢ Para Frente oferece métodos de tal modo abrangentes, que incorporam tudo que ¢ realmente Gil eitura dé pega. Para 6 leitor de maior experiéncia ~ 6 mesmo pura os de muita ‘espcrigneia —h, sobre a natureza do texto tearal,orienta- jes ¢ eselarecimtentos que podem proporeionar fururas Curses no genero, no sé+maisticas-mas também mais pes- soni Michael tangham The Juilliard School , Bt ce mucous 0 seb doe, seu peas eutos rerbara as ots dt ws oa e eda ram 0s ocho barat wn eo "S clhonre ore con fora, qve se iaumadicisen 0 asmédogos or okens« ox nivire.¢ ftw 2 ‘disease bila: “Que qe eres acraura ¢ ie decrar atm inervesago, sent verte td de pina etrars ana cada de cirw av peso DASE 5. 67, Pago ~ Que exam Senor? Hiurirr —Palzzas, pal, para FPexoino = Qual questo, mea Sele? Hast ~ Ente quer ‘Pongo — Quero der, geestosebre que esas tod, moe Senn Hosvart Calla, seer [poss mesma. sce, viendo hogar mina dads [1s pedis etrceder coo umctange ‘Pee a ler samente) ‘Poutnao(h pate) Eloxxe, mas hi io meta® ane, hw Cena 2, 195-208 © As wraduges di excemos de Mamfer st de Pics Eapinio Sia Rane, ¢ a3 facie nee trade, fal atizada pelo aio, ‘ii, dreampeme 8 tendetra. (M. &a 7) INTRODUGAQ Este € um livro para aqueles que levam a cena peeas de lcatto: atores, diretores, cendgrafos, figurinistas, técnicos € \leamaturgas, (Também para aqueles que Item teatro, pela li ‘ura em si mesma, mas desde que concordeni que o objetivo tum texto € 0 de ser encenado; diretamemte, porém, 0 ivto \lestinaese Aqueles que encenam wma pega. Quaito aos dé- sais, sempre poem, é claro, passar os olhos.) {Um textomdo 6 uma prosa narrtiva em forma dislogada, simplesmaenee. E modalldads da ingungem escrita, que de- ppendeextremamente de métodos ¢ de enicas especifias para ato, As thonicas deste livro 0 ajudaro ex aealiticaments, 3 time discemir como fimcione uma pesa. A preocupasiio pri- ‘wardial néoserd “o que significa a pega”, pois, para o artista ‘nu técnico de teatro, mais importante do que saber que horas 490 € fundamental saber aque faz orekpio faneionat. Quan coed, procure nio-comegar tentando encontrar sigrificado slo texto. deve, primeiro, conipeeender o seu funcienaments. m AAmies do encenar-uma pegs, comece por entender-the a -mecdnicae os valores, Sendo estiverem bem elaros para vooe, ‘todos os seus esfargos se perderio, pois, ns hf coma torn Iosclarosaum pablico, Teatm ¢ um acordo, uma combinacto de artistas e de t6ewicos,¢ de um texto, Vooe nfo prde entrar ‘em combinagiso com aquilo que nao enlende. No entants, os estudantes de tearo paracam de ler pga. Confinuam a passar 08 olhos por elas, até 180m paginas, mas poucos tém ura idéia, por menue que seja, do porqué. Pot isso, atoves hd que ni tém forga (garra), mi abstontes ten to e treino sofisticado. Cendgrafos ¢ figurinistas adquirem nog, no caneeitos, Bramaturgos nem se dio conta de par que o fantasma do pai de Hamlet nfo-diz wa palavea até a Cena 3, nem t&m idgia do que se diz sobre tipicas décadas de twivialidades. E diretoes, esses fazem marcagdes, nada mais. O artista de teatro que apreende pau da texto, eoloc powco no paleo. Assim, hi lepides dos que “pretendem ser mas cuja caeeies jamais pode recebero nome de atuagto. Do nada, afinal de conias, nada provém. ste livro trata dexéenicas para leitrade textos. Avver- dade Eque. técnica nem sempre é bem aceita pelos estudan tes. Tedavia, do mesmo modo que a atuasio inspirata, a ce- nografia ¢ adieegio dependem do dominic da técnica, assim também a letura inteligente ¢ imaginativa do texto dela ne prescindem, Inspiragio sem tenica se €que isso existe afi- nal ~ no passa de pendor. Se 0 que voo8 poss &s6 inspira (20, cla o abandonard quando mais dela precisar. Este live apenas desereve weicas, De sus parte, voot deve contribuircom inspragao,inleligéncia,imaginagio que 140 podem ser ensinadas, nem sobre clas x pode discores. ‘Mal podm ser descvitas. A tecnica. ae contririo, emerge com mnsis possibilidades e oconduzid nas ineviliveisefreqdenies situagies em que se ausentarein a inspiragio, a inteligéncia e aimaginagio. {A técnica, como qualquer bom instrument de trabalho, ro opde limites aos resultados a serem obtis. E werdade que nfo-existe ur Gea interpretago “correla de urna ba ‘ga: mas enicas eficazes de leitura ajudam.s garantir que a verpretaga seja vida e de vale tetra B A andlise do texto exige muito trabatho ~ pele menos, nt trabalho quanto qualquer tro que se realiza no teatro. Nis, se woo contar com a téenicaecum aleitura cuidadosa © taelos textos, seu valor no mercadade trabalho terd wma ie eompetitiva, Se ator, wo tansporé facilmente a lei- tun de textos para dstibuigan de papeis, numa nica oporta- ci, tentativa, CenGgrafo, voe8 faré cenografia ¢ no de~ wai de pegas. Diretr, voe8 serd um dirctor de fate ~ no resister de etpresrinde teato ~ e seré contratndo na ‘incra entrevista por produtores conscios de seu valor. Viaaurgo, WOE® peterd descobrir como produzir wn LENO ju um pablico que nao aguele de cursos de lingua Neste liv, muitas ¢ muitas vezes se farko referéneia a Irwalerele Shakespeare. Leta Haufere tenha-o. rile, quan: lo lereste lito Para Tris e Parn frente. Far-se-t0 refers muitasoutras pogax. Se voeé nao as conhece, considere ula primeira referéncia como um compromisso de leitura poster No se faga enganar,ignorarndo-as ox folheando-as {iyesramente. Haverd sempre muita gente bservando seu tra- (ali no teuwo (se vor’ vier atte), pora que passa a! sobre- ‘iver, sehdo um preguigoso. ‘Depots de ter daminado as técnieas de feitura, nerhum esto @ intimidard, E voot usuliuird de wm prazer especial, com a Jeitura. ditigida e habilidesa do texto. Uma letra stesanal em nada se parece 60m o cansngo gerado por uma leituea imbesilizada lnfelizmente, a verdade & que-¢st ‘aieesanal nem sempre & eneontradica Cnet Palavea sobre Tervnas Climax, panto de ataque,solugae, agae ascencente, aco

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