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http://www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/revistas/item/3419-etica-
e-cuidar-em-enfermagem#.WjSMI99l_IU
A ética e a moral são fundamentais na prática dos cuidados. A moral diz respeito aos deveres
profissionais, enquanto a ética fundamenta o agir. A ética em saúde visa essencialmente a
qualidade de cuidados prestados, em que todas as ações desenvolvidas devem promover um
bem ao utente família e comunidade.
Distinguir entre o termo ética e moral torna-se uma tarefa difícil, no entanto urge fazer-se. A
palavra moral deriva do termo latim mos moris. A moral trata da obrigação, do dever ser,
sendo que o dever moral é do tipo deontológico. A ética provém do termo grego “ethos”, o
qual tinha duas grafias diferentes, “êthos” e “éthos”. O primeiro designa o lugar de onde
brotam os actos, a interioridade da pessoa, o caracter; o segundo termo significava o hábito,
referindo-se assim ao agir habitual. (Isabel e Michel Renaud, 1996).
A ética e a moral em enfermagem tem ao longo dos tempos assumido significados diferentes,
a moral – enquanto normas que regulam as relações entre os indivíduos, foi considerada da
maior importância na prática e formação das enfermeiras, e a ética enquanto fundamentação
do agir, tendo em conta os princípios para a acção. A enfermagem, contudo, foi em tempos
vista predominantemente como uma ocupação da mulher: cuidados com o corpo,
alimentação, ajuda no parto, cuidados à criança, ajuda aos idosos e cuidados aos doentes.
Traduzir-se-ia de alguma forma numa obrigação moral da mulher no seio das famílias e
comunidades (Collière,1999). Este sentido de obrigação moral ou dever de serviço tem
acompanhado a história da enfermagem.
A partir da Idade média e até ao século XIX, na medida em que a prestação desses cuidados
foi, em grande parte, assumido por mulheres consagradas á vida religiosa, a moral passou a ser
ditada por regras conventuais.
É a partir do século XIX, com Nightingale, que se inicia a laicização da prática de cuidados e se
fala da enfermeira com uma conotação mais técnica. Nightingale, contudo, ao defender em
1859, uma enfermagem profissional, empenhou-se em insistir no comportamento ético como
uma teoria ou ciência do comportamento moral das enfermeiras (Smith & Davis, 1985, citado
por Rouseia, 1998).
Cortina (1997, p.11) refere que “a ética como reflexão filosófica, tem por objecto o fenómeno
da moralidade que, desde a antiguidade, faz indesmentivelmente parte da vida dos homens”.
Para o mesmo autor, segundo o quadro aristotélico do saber, “ o saber ético é o que se refere
aos fins e valores últimos das acções e não só às suas virtualidades técnicas.
Parafraseando Pedrero, (1998, p.22) “A ética de enfermagem estuda as razões dos
comportamentos na prática da profissão, os princípios que regulam essas condutas, as
motivações, os valores do exercício profissional, as alterações e as transformações através do
tempo”.
Torna-se importante definir o conceito de profissão, e a mesma autora define-a como sendo
uma “actividade humana com um campo definido de acção, um regulamento e um código de
ética elaborado pelos seus membros, que se desenvolve depois de ter um título, e a
solidariedade entre os seus membros torna possível o desenvolvimento pessoal e a
responsabilidade dos serviços prestados”.
Outro passo importante foi a criação do código deontológico do enfermeiro, este já bem mais
recente em 1998, mas não menos importante, pois mais do que um documento normativo,
situa o vértice da excelência no relacionamento pessoa a pessoa. Este pressupõe e exige a
integração de todos os saberes e competências próprias da enfermagem numa atenção
pessoal e única a quem precisa de cuidados de saúde, o qual se subdivide em quatro áreas
temáticas: - Princípios e deveres gerais; - Deveres com a comunidade; - Deveres com os
clientes; - Deveres com o exercício profissional.
A evolução nos diversos códigos, sendo embora importante, não será suficiente para
responder aos desafio se complexidade de situações com que os enfermeiros se defrontam no
seu dia a dia de trabalho. Existem assim dilemas diários, relacionados com o cuidar que exigem
tomadas de decisão constantes e frequentemente difíceis, embora por vezes não se dê conta
que se trata de questões éticas.
Hesbeen, (2000, p. 69) define cuidados de enfermagem como sendo “a atenção particular
prestada por uma enfermeira ou por um enfermeiro a uma pessoa ou aos seus familiares com
vista a ajudá-los na sua situação. Englobam tudo o que os profissionais fazem, dentro das suas
competências, para prestar cuidados às pessoas. Pela sua natureza, permitem sempre fazer
alguma coisa por alguém a fim de contribuir para o seu bemestar, qualquer que seja o seu
estado.”
Sendo a enfermagem uma profissão que centra a sua actividade nas pessoas, deve “basear-se
num discurso ético que encaminha a sua actividade para a sociedade como um bem para a
mesma. (Surribas, 1995, p. 4) Em cada acto profissional, têm que se fazer escolhas, tomar
decisões tendo em conta sempre a pessoa a quem é dirigida a acção.
Surribas, (1995, p.4) refere “que o discurso ético da(o) enfermeiro deve iniciar-se na própria
profissão, de forma consciente, metodológica, clara e objectiva”. Menciona ainda que o estudo
da ética pode ajudar a configurar a profissão de enfermagem de uma forma mais humana,
obrigando a reflectir sobre a realidade da prática dos cuidados em situações específicas. A
prestação de cuidados centra-se na relação entre o ser enfermo e o ser enfermagem, em que a
enfermeira contribui com os seus conhecimentos e experiência, e o doente com as suas
vivências, necessidades e recursos. Ambos são sujeitos activos no processo de cuidar, como
nos refere Collière (1999, p.155), “cuidar é ter em conta os dois parceiros dos cuidados”. Dito
de outro modo, os saberes complementam-se, com o objectivo de determinar e pôr em
prática acções que promovam um bem, em que estas devem ser extensivas e integrativas, não
só do utente, como também dos seus familiares. Embora esta seja a orientação ética que
melhor se enquadra na perspectiva do cuidar, nem sempre é assim, pois em algumas situações
o ser enfermagem adopta uma orientação claramente paternalista, em que “a enfermeira é
um sujeito activo que faz coisas sobre e para o utente, e este é um sujeito passivo que recebe
a ajuda que os profissionais decidiram como sendo o melhor para ele”. (Surribas, 1995, p.5)
Nesta orientação, a acção de cuidar em enfermagem é autónoma em relação ao utente, pois
este aceita os cuidados que na perspectiva do enfermeiro são os melhores, os que mais se
adequam à situação e que supostamente são um benefício para a pessoa cuidada.
http://apps.cofen.gov.br/cbcenf/sistemainscricoes/arquivosTrabalhos/I41832.E10.T80
02.D6AP.pdf
http://www.enfermagem.edu.pt/Informacoes/o-que-e-ser-enfermeiro.html