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1.

BREVE HISTÓRICO DA RADIOLOGIA

• A história da radiologia começou em 1895 com a descoberta experimental dos raios X pelo físico
alemão Wilhelm Conrad Roentgen.

• À época as aplicações médicas desta descoberta revolucionaram a medicina, pois havia se tornado
possível a visão do interior dos pacientes. Com o passar dos anos, este método evoluiu e assumiu
uma abrangência universal na pesquisa diagnóstica do ser humano.

• A primeira radiografia foi realizada em 22 de dezembro de 1895. Neste dia, Roentgen pôs a mão
esquerda de sua esposa Anna Bertha Roentgen no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a
radiação oriunda do tubo por cerca de 15 minutos. Revelado o filme, lá estavam, para confirmação
de suas observações, a figura da mão de sua esposa e seus ossos dentro das partes moles menos
densas.

• Roentgen observou que saíam raios misteriosos de uma ampola de Crookes, capazes de atravessar
folhas de papelão. Por isso, ele os chamou de raios “X”  essa descoberta de Roentgen permitiu
“fotografar” o interior de muitos objetos e o corpo humano opacos à luz, mas transparentes aos raios
X.

• No Brasil, a primeira radiografia realizada foi em 1896. A primazia é disputada por vários
pesquisadores  Silva Ramos em São Paulo; Francisco Pereira Neves no Rio de Janeiro; Alfredo
Brito na Bahia; e físicos do Pará  como a história não relata dia e mês, conclui-se que as diferenças
cronológicas sejam muito pequenas.
2. O QUE É RADIAÇÃO?

• É uma forma de propagação da energia pelo espaço.

Radiação corpuscular:
• É a radiação acompanhada de matéria;
• As partículas alfa e beta são radiações corpusculares que possuem massa e carga elétrica.

Radiação eletromagnética:
• É a radiação feita apenas de energia;
• A luz, as microondas, os raios ultravioletas, os raios X e os raios gamas são exemplos de
radiação eletromagnética;
• Essas radiações são compostas por fótons, que são como pequenos pacotes de energia que se
comportam como “partículas”.

3. RADIAÇÃO IONIZANTE E NÃO IONIZANTE

a) Radiação ionizante:
• Considera-se radiação ionizante qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir
com a matéria, "arranca" elétrons dos átomos ou de moléculas, transformando-os em íons, direta ou
indiretamente.

• As partículas alfa, as beta e a radiação gama, emitidas por fontes radioativas, bem como os raios X,
emitidos pelos respectivos aparelhos, são radiações ionizantes.

b) Radiação não ionizante:


• São as radiações cuja a energia é insuficiente para ionizar átomos ou moléculas.

• São exemplo de radiações não ionizantes o infravermelho, radiação ultravioleta, ondas de rádio,
microondas, laser.
4. O QUE SÃO RAIOS X?

• São radiações eletromagnéticas indiretamente ionizante que podem ser originadas naturalmente
quando um elétron se movimenta de uma camada mais externa para uma interna do átomo.

Formação dos Raios X

• O tubo de raio X é a sua fonte geradora  o interior do tubo é um ambiente à vácuo e possui dois
polos (o ânodo [+] e cátodo [-])  ânodo é o polo que atrai os cátions; o cátodo é o polo que atrai
os ânions, e onde os elétrons são liberados  a diferença do potencial entre o cátodo (-) e o ânodo
(+) induzem a migração de elétrons do (-) para o (+)  ao colidirem com o ânodo (+), haverá geração
de calor (99%) e de raios X (1%).

• O receptor de elétrons do ânodo é uma placa, giratória e aderida a uma base de cobre.

• A ampola é envolvida por uma blindagem de chumbo, possuindo uma única abertura, por onde
passará o feixe de raios X

Filmes radiográficos:

• Os filmes de raio X contêm uma película composta de haletos de prata (Ag) que, ao serem expostos
à luz ou aos raios X, “queimam” (sensibilizados), tornando o filme preto.

• Os raios X que são absorvidos pelo corpo não sensibilizam o filme, de modo que as áreas
correspondentes ficarão brancas no filme.
5. NATUREZA DA IMAGEM

• A imagem radiográfica é produzida pelos raios X passando através de um objeto e interagindo com
a emulsão do filme, resultando no seu escurecimento  a extensão do escurecimento do filme
depende do número de raios X que penetra o mesmo e da densidade do objeto.

• A imagem final pode ser descrita como uma imagem bidimensional composta de preto, branco e de
uma variedade de tons de cinza sobrepostos, sendo, algumas vezes, conhecida como gráficos de
imagens.

A quantidade do feixe que é barrado (atenuado) por um objeto determina a densidade radiográfica
das imagens:

As imagens brancas ou As imagens pretas ou Os tons de cinza


radiopacas do filme radiotransparentes representam áreas
representam as várias representam áreas onde onde o feixe de raios
estruturas densas no interior o feixe de raios X passou X foi atenuado em
do objeto que barram através do objeto e não um grau variado.
totalmente o feixe de raios X. foi totalmente barrado.

A densidade radiográfica final de qualquer objeto é consequentemente afetada pelo (a):

Tipo específico de Espessura ou Forma do objeto.


material de que o densidade do
objeto é feito. material.

Intensidade do feixe
Sensibilidade do filme. Posição do objeto de raios X utilizado.
em relação ao feixe
de raios X e filme.

6. DENSIDADE RADIOGRÁFICA

a) Imagem branca (radiopaca):


• O tecido absorve a radiação, não permitindo que os raios X ultrapassem, deixando o local branco no
filme.
• Exemplo  ossos, sínteses metálicas.
b) Imagem cinza (hipotransparente)
• Os tons de cinza representam áreas onde o feixe de raios X foi atenuado (barrado) em um grau
variado.
• Exemplos  tecidos moles (músculos, etc...).

c) Imagem preta (radiotransparentes ou hipertransparente):


• A radiação ultrapassa o tecido facilmente, deixando o local preto no filme.
• Exemplos  ar, gordura.

Hipertransparente
ou radiotransparente

Radiopoaca

Hipotransparente

7. INCIDÊNCIAS OU POSICIONAMENTOS RADIOLÓGICAS

a) Incidência anteroposterior (AP):


• Os raios X atravessam o corpo no sentido anteroposterior.
b) Incidência lateral ou perfil:
• Os raios X atravessam o corpo no sentido látero-lateral.

c) Incidência póstero-anterior (PA):


• Os raios X atravessam o corpo no sentido póstero-anterior.

d) Incidência oblíqua:
• O corpo ou o segmento fica em torção.
e) Incidência axial:
• O termo axial refere-se ao eixo longo de uma estrutura ou parte.

8. USO DE RADIOGRAFIAS EM TRAUMATOLOGIA E ORTOPEDIA

• O exame de raio X é vantajoso por ser um exame de baixo custo, sempre utilizado em nosso meio e
de fácil e rápida realização.

• As radiografias são solicitadas como o primeiro exame, na maioria dos casos de trauma
musculoesquelético principalmente quando há suspeita de lesão óssea (fraturas, lesões
osteocondrais, luxações e subluxações).

• O exame radiológico permite o diagnóstico de fraturas tendo como fundamento o estudo morfológico
da área comprometida, que inclui o exame dos contornos anatômicos e da densidade óssea.

• As alterações da densidade óssea, tanto pelo aumento (fraturas impactadas), como por diminuição
(separação dos fragmentos), são dados importantes para a avaliação.

• Apesar desta modalidade ser mais útil nos casos de lesões ósseas, muitas informações sobre
estruturas de partes moles podem ser também obtidas  podem-se avaliar, mesmo que
parcialmente ou indiretamente, a cartilagem articular, ligamentos, tendões e músculos  para obter
informações sobre as partes moles são utilizadas técnicas radiológicas com baixa penetração de
raios X  nestes casos, a radiografia simples pode identificar um derrame articular e edema, pelo
aumento do volume e da densidade de partes moles.

• Com o estudo radiográfico, podem-se classificar as fraturas com relação à localização, número de
fragmentos ósseos (fratura simples ou cominutiva), orientação e grau de afastamento entre os
fragmentos e relação da linha da fratura com a superfície articular.

• As luxações e subluxações, também, são bem diagnosticadas pelo exame de radiografia, porém as
várias lesões de partes moles que podem estar associadas às luxações necessitam de exames
complementares com Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Tomografia Computadorizada (TC).
• As lesões osteocondrais também podem ser diagnosticadas por radiografias  entretanto, se o
fragmento for constituído por cartilagem, que é radiotransparentes (imagem preta), a radiografia será
negativa  nesse caso é melhor a artro-TC ou artro-RM.

• As osteocondroses, como a doença de Osgood-Schlatter, são também facilmente diagnosticadas


pelo exame radiográfico.

• O exame radiológico é importante no seguimento da reorganização das lesões traumáticas,


permitindo seguir o processo fisiológico de reparação (inclusive os procedimentos cirúrgicos) e é útil
para detectar possíveis complicações (retardo da consolidação, infecção perda da redução, etc.).

• O exame radiológico convencional pode contribuir para avaliação de condições articulares, como a
artrose, além de outras artropatias inflamatórias, infecciosas e metabólicas.

• Radiografias com cargas são importantes para demonstrar, o real comprometimento do espaço
articular, além de mostrar deformidades como o valgo e varo de uma articulação.

• Radiografia em estresse pode diagnosticar lesões ligamentares.

• Lesões tendíneas crônicas podem ser diagnosticadas pela radiografia, já as lesões agudas são
dificilmente detectadas  em casos de tendinoses, em que ocorre o alargamento do tendão, é
observado o aumento do volume das partes moles; e em casos de tendinopatia calcária ou
entesopatias, a radiografia pode demonstrar calcificação intratendínea ou na inserção do tendão.

• Miosite ossificante que é uma sequela de lesão muscular crônica (geralmente por contusão muscular)
é diagnosticada pela radiografia, aparecendo como uma imagem branca (radiopaca) e ovalada entre
as partes moles.

• Deve-se ressaltar a importância do diagnóstico diferencial nos casos de trauma musculoesquelético


 outras enfermidades como infecções (osteomielite), tumores ósseos ou de partes moles,
deformidades congênitas e coalização tarsal, podem estar associadas ao trauma  em alguns
casos, estas doenças podem-se apresentar com quadros clínicos e radiológicos, muito semelhante
às lesões traumáticas  por vezes, o trauma pode apenas ser o primeiro motivo para o paciente
procurar o médico, quando, na realidade, uma doença mais preocupante pode já estar estabelecida.
Radiografia em estresse

Lesão do ligamento
talo-fibular anterior.

É reparado a
instabilidade articular.

Fraturas

Fratura de clavícula direita. Fratura cominutiva de parte


Fratura de rádio e ulna.
distal de tíbia e fíbula.

Pós-cirúrgico

Osteotomia varizante. Síntese metálica em tíbia e


fíbula.
Síntese metálica em tornozelo.
Luxações

Luxação da articulação úmerorradial.


Luxação da articulação acrômio-clavicular.

Processos degenerativos

Sinais de osteoartrose
observados na radiografia:
• Diminuição do espaço
articular;
• Esclerose óssea;
• Osteófitos;
• Desalinhamento e deformidade
articular.

Desalinhamentos
Epífises de crescimento

Próteses e osteossínteses

9. SISTEMATIZAÇÃO DE ANÁLISE DE RADIOGRAFIAS

Por onde começar?

I. Alinhamento das estruturas:


• Como as estruturas se relacionam umas com as outras.

II. Densidade e dimensão das estruturas:


• A densidade que a estrutura se apresenta (se é normal ou não).
• Se a dimensão e o tamanho da estrutura apresentam-se normais.

III. Cartilagem:
• Normalmente a cartilagem aparece como um risco branco.
• Observar o espaço articular.

IV. Tecidos moles:


• O tecido mole aparecerá com evidência na radiografia se estiver com alguma alteração
• Exp: miosite ossificante, tendinite calcária, etc...
10. ANÁLISE RADIOGRÁFICA DOS MEMBROS SUPERIORES

a) Ombros:

b) Cotovelo:
c) Punho:

11. ANÁLISE RADIOGRÁFICA DOS MEMBROS INFERIORES

a) Pelve e quadris:

b) Joelho:
c) Tornozelo e pé:
12. ANÁLISE RADIOGRÁFICA DA COLUNA VERTEBRAL

a) Coluna lombar:
• Incidência AP/PA  observar o alinhamento entre as vértebras (traçar uma linha ligando os
processos espinhosos); verificar os espaços intervertebrais e o espaço radiológico da articulação
sacrilíaca e lombossacral; verificar a presença de formação óssea (osteófitos); observar a densidade
dos tecidos moles.

• Incidência de perfil  verificar a lordose lombar (hiperlordose ou retificação); observar o


alinhamento das vértebras umas em relação às outras (espondilolistese = deslocamento anterior de
uma vértebra superior em relação a inferior); verificar os espaços intervertebrais.

• Incidência oblíqua  nessa incidência é melhor para verificar o sinal do cachorro ou do cão
holandês (sinal formado pelo arco vertebral)  olhar para o pescoço do cachorro para ver se tem o
sinal da coleira = fissura na região que pode ser sinal de uma espondilose (degeneração da vértebra).
b) Coluna torácica:
• Incidência AP/PA  observar o alinhamento das vértebras (escoliose); posição das costelas;
espaços intervertebrais (são menores que na coluna lombar).

• Incidência de perfil  observar a curvatura cifótica (hipercifose ou retificação).

c) Coluna cervical:
• Incidência AP/PA  observar o alinhamento dos processos transversos e espinhosos; o formato
das vértebras (formato em “U”); espaços intervertebrais.

• Incidência oblíqua  dá para verificar melhor os forames vertebrais; não é observado o sinal do
cachorro; processos espinhosos.

• Incidência de perfil  observar a lordose cervical (retificação ou hiperlordose); os formatos dos


processos espinhosos.

• Incidência AP transoral  é realizado com a boca aberta; dá para verificar melhor o atlas e o áxis
(investigação de fraturas).
REFERÊNCIAS

• Sociedade Paulista de Radiologia. Histórico da Radiologia. Disponível em:


http://spr.org.br/institucional/historico-da-radiologia;2016.

• Cardoso, E.M. A Energia Nuclear (e-book). Col: Apostila educativa. [S.l.]: Comissão Nacional de
Energia Nuclear.

• Roger L. Brauer (2006). Cap 21: Nonionizing Radiation. Safety and Health for Engineers, 2 ed.
Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons. p. 383-398. ISBN 978-0471291893.

• ICNIRP (1985). Review of Concepts,Quantities, Units and Terminology for Non-Ionizing Radiation
Protection Health Physics. 49 (6): 1329-1362.

• Alvares LC, Tavano O. Curso de Radiologia em Odontologia, 4º ed. Santos.

• Whaites E. Princípios de Radiologia Odontológica, 3º ed. ArtMed; 2002.

• Fisioplay. Aula sobre exames de imagem. André Mendes. 2017.

• Cohen M, Abdalla RJ. Lesões no esporte, diagnóstico e tratamento, 2 ed; Revinter; 2015.

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