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2012

FUNDAMENTOS
METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA

Leonardo de Arruda Delgado


Curso de Licenciatura em Educação Física
Barra do Corda - 2012
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA 2012
DELGADO

Índice
PALAVRAS DO PROFESSOR ..........................................................................................4
UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA ............................6
SEÇÃO 1: Conceitos ................................................................................................................ 7
SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica ............................................................... 8
Ginástica na Pré-História ............................................................................................... 8
A Ginástica na Antiguidade........................................................................................... 9
A Ginástica no Oriente Próximo .................................................................................... 11
A Ginástica na Grécia .................................................................................................... 13
A Ginástica em Roma ..................................................................................................... 17
A Ginástica na Idade Média (395-1453) ...................................................................... 19
A Ginástica no Renascimento ....................................................................................... 21
A Ginástica na Idade Contemporânea ........................................................................ 22
SEÇÃO 3: A Inclusão das Ginásticas na Escola e nas Escolas Brasileiras................. 40
A Formação para o Trabalho com as Ginásticas No Brasil ...................................... 43
Considerações Finais do Capitulo.................................................................................. 44
UNIDADE II: MÉTODOS GINÁSTICOS ......................................................................... 45
SEÇÃO 1: Classificação da Ginástica .............................................................................. 46
Ginástica de Condicionamento Físico ........................................................................... 46
Ginástica Geral (Gymnaestrada) ................................................................................ 47
Ginástica Formativa ...................................................................................................... 47
Ginástica Natural .......................................................................................................... 48
Ginástica Competitiva................................................................................................... 48
SEÇÃO 2: Classificação Geral dos Exercícios Físicos ...................................................... 48
SEÇÃO 1: Ginástica de Condicionamento Físico ............................................................. 51
Ginástica Calistênica .................................................................................................... 52
Ginástica Aeróbica .......................................................................................................... 58
Ginástica Localizada ..................................................................................................... 70
Hidroginástica.................................................................................................................. 79
Musculação ...................................................................................................................... 86
Seção 2: Ginástica Médica ou Fisioterápica................................................................... 95
UNIDADE IV: GINÁSTICA DE COMPETIÇÃO OU DESPORTIVA .............................. 96
SEÇÃO 1: Ginástica Artística ........................................................................................... 96
Definição:.......................................................................................................................... 97
História .............................................................................................................................. 98
A Ginástica Olímpica na escola: possibilidades de trabalho ..................................... 98
Segurança na GO/GA e prevenção de acidentes ....................................................... 100
Modalidades..................................................................................................................... 101
Referencial Bibliográfico ............................................................................................. 117

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PALAVRAS DO PROFESSOR

“Todas as partes do corpo que possuem uma função, se usadas com moderação e
exercitadas em algum trabalho físico, se conservam sadias, bem desenvolvidas e
envelhecem lentamente, porém se não são trabalhadas, deixam de funcionar, se convertem
em enfermidades, defeituosas em seu crescimento e envelhecem antes do tempo“
(HIPÓCRATES, 460 A.C. a 377 A.C.)

Prezado Acadêmico:

Você deve estar pensando, que será que vou aprender com meus estudos na
disciplina de fundamentos Metodológicos da Ginástica?, será que vou estudar os exercícios
físicos e os assuntos pertinentes a ele?, com um pensamento de hipócrates (o pai da
Medicina) que está remontando em quase 2.500 anos, iniciamos essa discussão.

Mas, para isso leia atentamente o que está escrito e reflita sobre a verdade
em cada palavra com relação ao organismo humano e a necessidade primordial que seus
ossos, músculos, articulações, sistemas e aparelhos possuem de constante movimento. E o
mais importante é que esse movimento precisa ser dimensionado, constantemente avaliado
e principalmente prescrito e aplicado de maneira correta, constituindo-se em exercícios
físicos, que venham a desenvolver as qualidades físicas inerentes ao corpo humano.

A disciplina Fundamentos Metodológicos da Ginástica visam realizar descreva de


forma clara e resumida alguns dos conteúdos que podem ser abordados no contexto escolar,
seja na aula de educação física, no desporto escolar ou nas aulas de formação técnica, sobre a
modalidade de ginástica.

Veja que ao se falar sobre a Educação Física, faz-se necessário caracterizar o


homem como um ser holístico e que, dessa forma, ele necessita desenvolver-se em três níveis
de conhecimento:

- Sócio-Afetivo, que visa o desenvolvimento do indivíduo como um ser humano


social, buscando estímulo para formação de sua cidadania e de sua ética;
- Cognitivo, relacionado com seu desenvolvimento intelectual e seus processos
reflexivos ;
- Motor, que enfoca o movimento humano em todas as suas áreas de
estudo.

O Professor de Educação Física é o grande facilitador para que os três níveis de


conhecimento anteriormente citados, se desenvolvam de forma harmoniosa e em sua
plenitude, e dessa forma, faz-se necessário que em nosso curso de graduação tenhamos
conhecimento do corpo humano nos aspectos biológicos em disciplinas como Anatomia e
Histologia. O conhecimento do homem enquanto ser é de fundamental importância, portanto,
as disciplinas de História, Filosofia e Antropologia são estudadas já nos primeiros semestres.
Complementando esta tríade, temos disciplinas que estudam e mensuram o corpo
humano a partir dos movimentos que o mesmo executa (Cinesiologia) e de suas variáveis
antropométricas (Medidas e Avaliação).

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No caso específico de nossa disciplina - Fundamentos Metodológicos da Ginástica


- ela é um dos primeiros momentos na carreira de um Profissional de Educação Física, em que
se conseguem subsídios técnico-científicos, visando possibilitar a esse futuro profissional a
condição de prescrever e aplicar exercícios físicos em classes de alunos com condições físicas e
de saúde de um modo geral, muitas vezes um tanto heterogêneas.

Nossos futuros alunos de instituições públicas e particulares estarão, por certo,


esperando que tenhamos condições técnico-didáticas de sugerir movimentos, que
poderão, dos mais simples aos mais complexos, melhorar as diversas funções orgânicas,
ajudando a construir gerações mais saudáveis e mais comprometidas com a manutenção da
saúde e também utilização da ginástica e do exercício físico como elementos de prevenção
contra patologias diversas.

Nosso desafio foi tornar a tarefa da abordagem da Ginástica, disciplina na qual o


eixo teoria-prática é bastante representativo nos cursos de graduação presencial, em um
processo significativo e vivo no módulo a distancia. Buscamos para isso integrar o texto do
fascículo aos outros textos produzidos sobre o tema e aos vídeos que abordam o assunto.
Sugerimos também algumas atividades que os professores poderão incluir em suas aulas ou
simplesmente realizá-las, caso se sinta à vontade para isso. Pensamos que o estudo da
Ginástica nas aulas de Educação Física Escolar pode ser realizado de forma lúdica e prazerosa,
despertando nos alunos o gosto pelo belo, pelos desafios corporais e pela criatividade.

O material que ora apresentamos, delimita o conteúdo GINÁSTICA, de forma a


facilitar sua aplicação nas aulas de Educação Física. A Estrutura Básica consiste no histórico,
definição e classificação da ginástica, utilizando uma linguagem simples e informações
atualizadas. A fim de subsidiar os professores de educação física no município de Barra do
Corda/MA.

Caro acadêmico do Curso de Graduação de Licenciatura em Educação Física,


tenha bom proveito em seus estudos.

Leonardo de Arruda Delgado

Ementa

Natureza, história e gênese da ginástica. Conceituação, generalidades e


classificação da Ginástica e suas variações. Surgimento e evolução dos métodos Ginásticos.
Estrutura da aula de ginástica.

Objetivos
- Compreender a linha do tempo da história da ginástica.
- Identificar as principais formas de ginástica existentes.
- Diferenciar as diferentes formas de se realizar exercícios físicos.

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UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE


DA GINÁSTICA

Você pode achar que o pensamento constante no tópico Palavras do Professor,


de autoria do Pai da Medicina - hipócrates (460 A.C - 377 A.C.), está um tanto quanto antigo ou
ainda defasado. Porém, perceba que ele apresenta, de forma simplificada, toda a necessidade
de que o corpo humano possui de se manter fisicamente ativo, executando movimentos
naturais ou de maneira disciplinada e contínua da prática da ginástica.

Certamente, lhe atinge-lhe o fato de que uma das características da vida


humana no mundo moderno e tecnológico é a falta ou a drástica redução da quantidade dos
movimentos naturais executados pelo ser humano, caracterizando-se no que
denominamos por Sedentarismo.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), são sedentários todos os


indivíduos que tiverem um gasto calórico inferior a 500 kcal por semana com atividades
ocupacionais.

A presença constante do automóvel, dos controles remotos e das escadas


rolantes, faz com que o homem, nos dias de hoje, execute caminhadas em menor quantidade,
dificilmente corre e os demais exercícios naturais como saltar, lançar, arremessar, saltitar e
outros tantos são movimentos de uma raridade ímpar no cotidiano de um ser humano nos dias
atuais.

Em contraponto, perceba que durante as últimas décadas, estamos vendo a


constante relação feita entre a manter-se fisicamente ativo e a saúde, isto se deve a
preocupação, por parte da sociedade, na promoção e manutenção da saúde no seu amplo
espectro conceitual, ou seja, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é o
completo bem-estar físico, mental e social.

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Portanto, quando em atuação profissional, tome a precaução de não iniciar


ou elaborar um programa de exercícios físicos e unicamente relacioná-los com a perfeição
de linhas, mas principalmente, com a melhora ou manutenção da qualidade de vida dos mais
variados tipos e biotipos de indivíduos, desde crianças até a terceira idade.

Procure habilitar-se para prescrever atividades físicas para os obesos que hoje já
são parcela considerável da população principalmente nos países desenvolvidos, para os
indivíduos portadores de necessidades especiais, que no caso do Brasil, estão próximos dos
15 milhões de pessoas, e um dos grandes campos de trabalho que se desenvolve atualmente,
é a prescrição da ginástica laboral que funcionaria como uma espécie de compensação às
atividades normalmente estressantes relacionadas ao trabalho diário.

Para concluir, perceba que é notório e ao mesmo tempo paradoxal, os médicos


recomendarem repouso absoluto para a maioria das enfermidades desenvolvidas pelo
organismo humano, porém, são extremamente entusiastas na recomendação de atividades
físicas regulares e orientadas, para a prevenção, controle e tratamento de inúmeras moléstias,
fazendo-nos perceber claramente o quanto hipócrates estava com a razão.

SEÇÃO 1: Conceitos

A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não


competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade
e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.

GYMNKOS = Origem grega, adjetivo relativo ao exercício do corpo


GYMNASTIQUE= Origem da língua francesa.

Segundo BARBANTI (2003), o termo ginástica originou-se aproximadamente em


400 a.C. É derivado de GYMNOS , que significa "nú", levemente vestido e geralmente se refere
a todo tipo de exercícios físicos para as quais se tem de tirar as roupas de uso diário. Durante o
curso da História as interpretações de Ginástica variaram. Atualmente o termo esta perdendo
o seu uso e tem sido substituído por outras nomenclaturas de exercícios e/ou modalidades
específicas.

Conforme Aurélio (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2000), o termo


ginástica é etimologicamente: o conjunto de exercícios sistematizados; o conjunto de
movimentos, psicomotores para um objetivo.

Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exercícios físicos realizados pelos


soldados da Grécia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e
habilidades semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas.
Naquela época, os ginastas praticavam o exercício nus (gymnos – do grego, nu), nos chamados
gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou a ser retomada - com ênfase
desportiva e militar - no final do século XVIII, na Europa, através de Jean Jacques Rousseau, do
posterior nascimento da escola alemã de Friedrich Ludwig Jahn - de movimentos lentos,
ritmados, de flexibilidade e de força - e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a
melhoria dos aparelhos na prática do esporte. Tais avanços geraram a chamada ginástica
moderna, agora subdividida.

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Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi fundada, para


regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificações surgidas posteriormente. Já
as práticas não competitivas, popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo de diferentes
formas e com diversas finalidades e praticantes.

SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica

Nesta seção iremos estudar os papéis da Ginástica, suas denominações e seus


objetivos no decorrer da história. Conforme Pereira (1988) a cultura física (terminologia
utilizada para designar toda a parceria de cultura universal que envolve o exercício físico, como
a Educação Física, a Ginástica, o Treinamento Desportivo e a Dança) caracterizou-se por ser um
fenômeno universal, pois existem vários exemplos de exercícios físicos em várias civilizações,
em diversas regiões do planeta.

Nesse sentido, podemos dizer que a Ginástica formou-se a partir de diferentes


conceitos, assumindo diversas funções, através dos tempos (desde 3.000 anos a.C. até hoje),
nas diferentes culturas, obtendo diversos significados e objetivos, de acordo com a
comunidade em que estava inserida e sua época.

Ginástica na Pré-História

É claro que a expressão


"Ginástica" aplicada ao homem pré-
histórico é um tanto forçada, pois o
exercício físico não estava
sistematizado, regulamentado,
metodizado, estudado cientificamente,
etc.. Mas tudo isso que nós hoje
procuramos atingir cientificamente
(bem estar físico, saúde, força,
velocidade, resistência,
aperfeiçoamento das funções
fisiológicas, etc.), o homem primitivo atingiu e ultrapassou em muito. É que, pelas condições
de vida, um dia na pré-história, era uma contínua e completa aula de educação física. Para
sobreviver ao perigo das feras e inimigos, para fugir as intempéries, para conseguir o alimento,
para homenagear os deuses, para festejar vitórias, etc., o homem, em pleno contato com a
natureza, precisava correr, saltar, marchar, arremessar, na dar, mergulhar, lutar, levantar e
transportar ,equilibrar, trepar, quadrupedar, dançar, jogar, etc.

Para fins de estudo, podemos classificar as atividades físicas na pré-história


dentro dos aspectos: Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo, Religioso.

1 - ASPECTO NATURAL: Aqui colocamos as atividades físicas feitas instintivamente, como


meio de sobrevivência: Correr para fugir ao perigo ou para alcançar a caça; Nadar para
atravessar os rios; Marchar (caminhar) a procura da caça, da pesca, do abrigo; Arremessar a
pedra, a lança, para caçar, pescar, guerrear e ai sim por diante.

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2 - ASPECTO UTILITÁRIO: Na caça ou na pesca, quantas vezes a lança foi atirada


imperfeitamente, deixando o homem sem a sua desejada alimentação. Ele percebeu que
precisava "treinar" aquele gesto para que, quando surgisse a situação real frente a sua presa,
pudesse ter êxito no lance. Esse treino, essa atividade intencional, essa "evolução técnica" já
não mais apenas instintiva, caracteriza o aspecto utilitário.

3- ASPECTO GUERREIRO: Aos poucos, vai o homem dominando a natureza: alguns grupos
desenvolvem o pastoreio e a agricultura e já podem abandonar a vida nômade. Mas outros
grupos, que ainda vivem da caça e da coleta de frutos silvestres, percebem a fartura daqueles
e adestram-se no manejo das armas para atacar e apossar-se do excelente estoque de
alimentos. Os sobreviventes do grupo atacado, por sua vez, percebem que não basta criar o
gado e armazenar os cereais: é preciso dedicar muita atenção ao preparo para luta e às
medidas de segurança. É a educação física sob o aspecto guerreiro. Mais tarde, o crescimento
dos aglomerados humanos exige a especialização do trabalho e surgem os homens dedicados
exclusivamente à segurança: os soldados. E é na caserna que a Educação Física, através de
todos os tempos, encontra apoio enfático e perene.

4 - ASPECTO RECREATIVO: Os homens primitivos brincavam de correr, saltar em altura e


extensão; lutavam, dançavam, atiravam ao alvo faziam encenações representando episódios
de caça, cenas cômicas, simulações de combates e etc.

5 - ASPECTO RELIGIOSO: Para aplacar a ira dos deuses, ou para homenageá-los, o homem pré-
histórico realizava atividades rítmicas e danças. Ao ritmo de bastões, tambores, palmas, gritos
e outros ruídos, executavam movimentos simbólicos de braços mãos, dedos, cabeça, tronco,
balanceamentos, saltitamentos, passos e corridas, batidas de pés e etc.

A Ginástica na Antiguidade

Na Antigüidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas


várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como
exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira
geral.

A ginástica aparece aqui como elemento sinônimo de um conjunto de atividades


físicas, baseada na massagem e nos movimentos respiratórios, com uma freqüência diária, e
com objetivos médicos e morais. Com algumas particularidades, praticamente todas as
civilizações antigas a que temos acesso, a partir de quarenta séculos antes de Cristo (através
de desenhos, escrituras, etc.), tinham esta concepção.

Chineses:
a) Os chineses constituem um dos povos mais
antigos da terra. Sua história perde-se na bruma dos
tempos e no terreno lendário.

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Pode-se, no entanto dizer que já há 3.000 anos A.C. possuíam uma educação
organizada, com escolas de nível primário, médio e superior.

b) A Ginástica não se restringia ao currículo escolar, e por isso alcançou alto nível
entre os chineses, é que ela estava englobada nos preceitos morais e religiosos. Assim, graças
aos sacerdotes e também aos filósofos (entre estes destacamos Confúcio que foi um grande
ginasta) a Educação Física era encarada com muita seriedade pelo povo chinês.

c) O Kong-Fu era um notável tratado de Ginástica elaborado pelos monges da


seita Tao-Tse.

Continha exercícios ativos, passivos e mistos; determinava a manutenção de


posturas, as mudanças de posturas, os modos de respirar; explicava os vários tipos de
massagens; indicava os benefícios fisiológicos e curativos de cada exercício. São famosas as "7
Regras de Saúde de Kong-Fu": levantar cedo, purificar a boca, exercitar-se, massagear-se,
banhar-se, repousar, alimentar-se.

d) Além das práticas morais e higiênicas aconselhadas pelos filósofos e pelo Kong-
Fu, os chineses praticavam muitas outras atividades físicas: o arco e a flexa, a luta, o box, os
jogos imitativos, a esgrima de sabre, o Tsu-Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca) , a
caça, danças religiosas e pantominas.

e) A introdução do Budismo e a influência de alguns filósofos que pregavam a


"inanição e a meditação para alcançar a sabedoria e a felicidade, prejudicaram o progresso da
educação física e da própria China a partir de uns 2 séculos antes de Cristo.

Na atualidade, o povo chinês reage aos séculos de obscurantismo e já comparece


nas competições mundiais de basquete, atletismo, natação, ping-pong, tênis, futebol.

Hindus:
a) A Índia se originou há uns
2.000 anos A.C com a invasão dos ários que
dominaram a vasta península triangular que
vai do Himalaia ao Oceano Indico. Os hindus
estavam organizados em 4 castas
hierarquizadas: os brâmanes (sacerdotes,
poetas, juízes, médicos); os guerreiros; os
negociantes, pastores e agricultores; e os
servos. Havia ainda os sem classe ou parias,
desprezados e sem quaisquer direitos.

b) As principais fontes históricas


para estudo deste povo são os livros Vedas
(livros sagrados do Bramanismo); Mahabárata
(poema que relata uma guerra civil);
Ramayana (poema épico que descreve as
lutas de Rama para reaver sua esposa Sita) e
as Leis da Manu, o celebre legislador da índia.

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c) Os livros mencionados nos dão conta de que os hindus praticavam ginástica,


exercícios respiratórios? Massagens, hidroterapia, a equitação, o box, lutas, corrida, natação,
dança, pólo, esgrima, lançamentos. Eram guerreiros temíveis. Possuíam cidades fortificadas;
usavam os elefantes nas batalhas colocando no dorso desses animais dezenas de arqueiros
que espalhavam a morte e a destruição entre seus inimigos.

A Ginástica tinha grande destaque no sistema escolar e ainda recebia especial


atenção no culto familiar e nos templos. Os preceitos higiênicos faziam parte da essência
moral e religiosa do povo.

Manu preconizava: “Para a sociedade a hierarquia das castas e para o indivíduo a


pureza física e moral”. A purificação era feita pelo fogo, (fumigações) pela respiração e pela
água.

A Ioga é uma interessante prática que nos legaram os hindus. Ela consiste em
técnicas respiratórias, manutenção de posições do corpo, exercícios feitos suavemente e
atitude mental em busca da tranqüilidade interior e das "forças cósmicas”.

d) Na atualidade, após longo domínio e por influencia inglesa, os hindus praticam


futebol, tênis, pólo, hockey, cricket, golf, atletismo.

A Ginástica no Oriente Próximo

Egípcios, caldeus, assírios, hebreus, medos, persas, fenícios e insulares, são os


grupos mais conhecidos entre os povos da antigüidade, no Oriente Próximo. Vamos dizer
apenas que os fenícios eram hábeis navegadores; que os assírios e caldeus eram guerreiros
cruéis; que os hebreus legaram preciosos princípios higiênicos; que os medos e os persas eram
inteligentes, dinâmicos, honrados e guerreiros.

Detenhamo-nos um pouco mais nos Egípcios e nos Cretenses.

Egípcios:
Através de escavações realizadas
pelos pesquisadores franceses Champollion e Botta
e o inglês Rawilson no Egito, encontraram nas
paredes das tumbas e hipogeus, pinturas e
desenhos que revelaram as práticas físicas que
faziam parte do ume egípcio, dentre os quais, os
exercícios gímnicos. MALTA (1994), declara a
existência de uma ginástica egípcia, devido a
grande variedade de atividades físicas praticadas
no Egito, destacando a constatação do trabalho de
algumas qualidades físicas (equilíbrio, força,
resistência muscular e flexibilidade) como também

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a utilização de alguns materiais de apoio {árvore, lança e pesos).

a) No vale do rio Nilo, nordeste da África, floreceu, há mais de 4.000 A.C., a


civilização egípcia.Os egípcios eram altos, de ombros largos, de quadris estreitos, pernas e
braços longos, peles amorenada pelo sol, alegres, trabalhadores, cultos e religiosos.

b) Vivendo em país de clima quente e recebendo as cheias periódicas do Nilo, era


natural que os egípcios desenvolvessem adequadamente seus preceitos higiênicos, exercícios,
hábitos alimentares e vestuário.

c) Assim, a natação era bastante praticada por homens e mulheres (lembram-se


do episódio bíblico que narra o achado de Moisés pela filha do Faraó durante um banho no rio
Nilo?). O remo, a navegação e a caça de aves e animais selvagens nos rios e pântanos eram
muito apreciados (hipopótamos, gazelas, bois selvagens, raposas, lebres, leões, leopardos,
crocodilos). Os jovens perseguiam a nado os crocodilos levavam na mão um bastão ponte
agudo nos dois extremos e ofereciam o ante-braço ao animal; quando este tentava abocanhá-
lo nada conseguia além de ficar espetado.

A ginástica rítmica e as danças tiveram alta expressão no Egito, seja sob o aspecto
religioso, como sob o profano e militar.

Desenvolveram a arte da luta. Nos túmulos de Beni-Hasan foram encontradas


figuras de lutadores, pintadas em verme lho e preto, para melhor compreensão da técnica dos
golpes,em que aparecem mais de uma centena de fases de luta.

Sob o aspecto militar, além do manejo do arco e da flexa, praticavam a corrida de


carros de guerra, o arremesso de lança, a esgrima com um bastão numa das mãos e com
escudo na outra, corridas de velocidade e resistência.

d) Em tão alto conceito tinham os egípcios a educação física que o próprio


herdeiro do trono se exercitava junto com os demais membros da nobreza. E todo o
juramento feito em nome do Faraó, terminava com a expressão “Vida, Saúde, Força”.

Nos Locais dos exercícios físicos, assim como fazemos hoje nos estádios e
vestiários, havia frases de incentivos aos praticantes: "Teu braço é mais forte que o dele; não
cedas"; "Nosso grupo é mais forte que o deles; força, companheiros”.

Cretenses:
a) Entre os insulares, ou povos do mar, brilhou, há
mais de 2.000 anos A.C., a civilização cretense. Embora ainda não
tenha sido possível decifrar os signos da escrita cretense, pelas
ruínas, quadros, pinturas e esculturas, pode-se conhecer algo deste
povo extraordinário, precursor e inspirador da civilização grega no
campo da Educação Física.

b) Os cretenses eram baixos, morenos, queimados


pelo sol, esbeltos, ágeis, enérgicos, usavam roupas leves (uma
simples tanga e saiote ricamente bordado, com uma cinta que

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ressaltava o talhe atlético); as mulheres usavam saias soltas, camisas rendadas, elegantes
chapéus, colares, jóias e braceletes.

c) Seus templos e palácios possuíam inteligente distribuição de ar, luz, água,


drenagens, instalações sanitárias e salas de banho.

d) Hábeis marinheiros e possuindo um tipo de barco guarda-costas muito veloz,


não precisavam de muros e fortificações para guarnecer seu litoral.

Eram apaixonados pelos exercícios de força e destreza. Para seus espetáculos,


construíram os primeiros teatros e estádios do mundo. Apreciavam as lutas de gladiadores e
os combates de homens e mulheres contra as feras. A coragem e a habilidade acrobática dos
cretenses se desenvolveram a tal ponto que casais de toureiros, desarmados, brincavam com o
touro furioso, dando cambalhotas e saltos sobre o dorso do animal.

Conheciam o pugilismo e já dividiam os lutadores nas três clássicas categorias:


leves, médios e pesados. Os lutadores cobriam o corpo com óleo. Como outros povos, os
cretenses também praticaram as danças religiosas e recreativas, as corridas, natação e
massagem.

A Ginástica na Grécia

Na Grécia, definiu-se o primeiro conceito de Ginástica. Os exercícios ginásticos


tinham de ser praticados com o corpo nú, banhados com óleo, nos ginásios, sob uma
orientação determinada por preparadores físicos e filósofos, objetivando a formação do ser
humano, no seu aspecto físico, intelectual, filosófico, artístico (vinculado à estética e à música),
e moral, desenvolvidos a partir do seu método, “a orquestrica e a palestrica”:

“Pouco antes de Platão a ginástica foi erigida em instituição nacional. Foi


metodizada e codificada, juntamente com a instituição dos atletas, e com a dos pedotribas
(professores) que se consagravam exclusivamente nos exercícios corporais, com o fim de
concorrerem aos jogos públicos....

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A Ginástica foi dividida em dois grupos:

- A orquestrica (formação cultural e moral dos jovens, atitudes por meio de


gestos, música, caráter, dignidade do cidadão, danças rítmicas)
- A palestrica (preparo de atletas para os jogos públicos, diversas modalidades
de exercícios físicos e eram realizados nos ginásios)” (BONORINO, op.cit., p.19
e 20)

A Grécia antiga compreendia a extremidade da península balcânica, uma serie de


ilhas nos mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo e alguns pontos nas costas da Ásia Menor.

Vários povos cruzaram a Grécia, mas é com os Helenos, que a invadiram no século
XVI A.C., que o povo grego surge ante a face da História. Os helenos se dividiam em quatro
tribos: aqueus, eólios, dórios e jônios. Os dórios se estabeleceram em Esparta e os jônios em
Atenas e essas duas cidades-estado lideraram por largos períodos a vida dos povos gregos.
Embora da mesma raça, os gregos não possuíam unidade política. Apenas em casos de guerras
com outros povos havia uma união temporária entre algumas cidades.

Somente o desporto e a religião, através dos jogos Pan-helênicos, conseguiam


uma efetiva unidade nacional.

Os gregos, pela harmonia de suas linhas, proporção de seus segmentos e


delicadeza de semblante, inteligência, coragem e cultura, foram considerados o protótipo da
beleza humana.

Separados política e geograficamente, era natural que diferentes fossem os tipos


de educação dos Gregos.

Os espartanos eram rudes, fortes, enérgicos, belicosos, colocando o amor a Pátria


acima de tudo.

Por isso a educação espartana visava a formar soldados eficientes e prontos a


morrer pela Pátria.

Até os 7 anos a criança ficava com a mãe; era então entregue ao Estado passando
a viver em comum com outras crianças, tendo uma alimentação sóbria, realizando exercícios
violentos e habituando-se aos rigores da natureza. Aos 13 anos ingressava em regime ainda
mais violento, praticando exercícios militares como equitação, funda, arco e flexa, manejo da
lança. Formavam bandos de adolescentes e eram mandados a assaltar sítios e viajantes para
prover sua própria alimentação. Se não conseguissem atingir seu intuito eram severamente
castigados.

Dos 18 aos 20 anos o jovem espartano passava a guardar a cidade e a treinar os


grupos mais jovens nos exercícios físicos e militares.

Dos 20 aos 30 anos entrava nos plenos poderes militares, podendo comandar
tropas. Depois dos 30 gozava de privilégios políticos; após os 60 podia aspirar os mais altos
postos da vida política.

Por tudo isso, é fácil concluir-se que a Educação consistia quase que
exclusivamente na Educação Física. Afora, e a educação cívica, os jovens recebiam apenas

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alguns rudimentos de aritmética, leitura, e poesia. As meninas também recebiam uma


educação física intensa e, para escândalo dos de mais gregos, participavam dos jogos públicos;
corriam, manejavam o arco e a flecha, dirigiam um carro de guerra e lutavam como qualquer
homem; tinham obrigação de manter-se belas, fortes e saudáveis a fim de que aos 20 anos
fossem desposadas e pudessem gerar filhos saudáveis. Eram educadas a colocar o amor a
Pátria acima do amor maternal.

Já a educação em Atenas era diferente. Até aos 7 anos os meninos ficavam ao


inteiro cuidado materno, brincando livremente.

Aos 7 anos ingressavam na escola onde aprendiam as primeiras letras, canto,


musica, jogos, como comportar-se em sociedade. Vemos, então que os atenienses buscavam a
formação integral do indivíduo: alma; corpo, mente. Dos 12 anos aos 15 estudos se
aprofundavam (Desenho, Astronomia, Matemática, Legislação, Literatura e etc.) e a ginástica
ia se tornando cada vez mais dura.

Dos 15 anos aos 18, recebiam a ginástica mais difícil e dedicavam-se ao atletismo.
Dos 18 aos 20 ingressavam na efebia, espécie de aspiração militar. Além do treinamento cívico
e militar, recebiam ensinamentos sobre política, administração e oratória. As meninas eram
educadas pela mãe Sua educação era voltada para o lar; aprendiam a fiar, coser, bordar, ler,
escrever, tocar citara, dançar e praticar alguns jogos.

Por esse tipo de educação compreende-se porque o ateniense era forte, bravo,
amante da sua Pátria, do seu lar, da sua liberdade, e tenha atingido altos níveis em todos os
ramos das ciências e das artes, causando admiração e servindo de exemplo para todos nós.

Os gregos possuíam excelentes locais para as práticas gimnicas e desportivas:

a) Estádio - local onde se realizavam as corridas de velocidade e resistência.


Ficava na planície junto ou entre morros nos quais construiam-se arquibancadas. "Estádio" é
uma medida grega que corresponde mais ou menos a 192 metros.

No estádio realizavam-se as corridas, lutas saltos e arremessos.

b) Palestra - (palé = luta) - recinto destinado às lutas. Alem do local das lutas havia
vestiários, salas de ginástica, banheiros frios e quentes, salas de reuniões e salas de
massagens.

c) Hipódromo - local destinado às corridas à cavalo e de carro.

d) Ginásio – Local destinado à prática da ginástica e dos jogos, englobando às


vezes também à educação intelectual. Com o tempo, o ginásio passou a constituir um conjunto
desportivo completo (hoje, nós usamos a palavra “estádio” para designar o conjunto
desportivo).

Assim como em nossos dias, também na velha Grécia o desporto exerceu


extraordinária missão de paz.

Nem sábios, nem políticos conseguiram unir os gregos; isso só o desporto o fez.
Por ocasião dos jogos Pan-helêmcos, toda a Grécia se reunia e confraternizava, ressaltando o
valor do povo grego e homenageando a seus deuses.

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Os mais célebres jogos foram os Olímpicos, Nemeus, Píticos e Istmicos.

Os Istmicos eram realizados em Corinto; os Píticos em Delfos; os Nemeus em


Neméia; e os Olímpicos em Olímpia, (em Élis). Além desses Jogos de caráter geral, cada cidade-
estado tinha seus próprios "jogos municipais".

Pelo seu esplendor e importância, detenhamo-nos um pouco mais nos Jogos


Olímpicos.

Eram celebrados de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos deuses. Tiveram


início em 776 A.C. e foram extintos em 394 D.C. pelo imperador romano Teodósio, tendo sido
celebradas 291 Olimpíadas ao longo de um período de quase 1.200 anos! Os jogos eram
organizados e dirigidos pelos 10 helanoicas, homens da mais destacada envergadura moral e
social de Elis. Em junho saiam os arautos por toda a Grécia pregando a Trégua Sagrada e
convidando para os Jogos. Cessavam então todas as guerras entre os Gregos! As cidades se
reconciliavam; todos tinham livre trânsito para Olímpia e ninguém podia ser molestado; as
armas não entravam na cidade no período dos Jogos. Na noite de 27 de julho realizavam-se
banquetes, procissões e ritos sagrados e ao alvorecer o dia 28, com um majestoso desfile,
preces e apresentação dos atletas, iniciavam-se os Jogos. Uma entusiástica multidão de 40.000
pessoas, (só homens) vibrava com os feitos dos atletas, considerados como semi-deuses.

Para participar dos jogos o atleta passava por severos testes e provas: ter sido
vencedor em sua cidade, submeter-se a estágio em Olímpia, ser grego de nascimento, ser do
sexo masculino, não ter sido concebido na velhice dos pais, não ter cometido crimes contra o
Estado ou a Religião, não chegar atrasado, jurar obedecer às regras e às autoridades.

A primeira Olimpíada constou apenas da corrida de um estádio; depois foram


incluídas outras provas e a programação passou a durar uma semana: corridas de
resistência,arremesses de disco e dardo, lutas, saltos em distância, corridas à cavaIo e de
carro, pentatlo. O pentatlo consistia em corrida, salto, arremesso de dardo, arremesso de
disco e luta. Os pentatletas iam sendo em parte eliminados, a medida que se realizavam as
provas, até que na última prova, a luta,ficassem somente dois concorrentes.

Terminadas as disputas, os atletas eram coroados com uma coroa de louros


diante do templo de Zeus e recebiam um ramo de Oliveira.

Seguiam-se outras solenidades religiosas, banquetes e comemorações.

Que a contemplação dessa magnífica época e o exemplo que ela nos dá nos ajude
a levar nossa Pátria pelos caminhos do desenvolvimento sem perda dos padrões morais e
espirituais.

Com o tempo, especialmente após a invasão romana, a Olimpíada foi perdendo


seu caráter espiritual e de pureza moral. Surgiram o profissionalismo disfarçado, a corrupção,
as apostas; os atletas recebiam grandes vantagens materiais em suas cidades; os romanos
viam nos jogos apenas um divertimento. Esse afrouxamento, como é fácil de se concluir,
trouxe consigo a decadência para a própria Grécia.

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Sócrates (468-399 a.C), Aristócles, mas conhecido pelo cognome Platão ( 429-347
a.C), Hipócrates (430-377 a.C.) e Aristóteles (348-322 a.C.) deixaram grandes contribuições no
que se refere às atividades físicas. Por exemplo as idéias pedagógicas sobre ginástica para o
corpos música para a alma, que influenciaram as bases educacionais defendidas por Platão.

Segundo Oliveira (1987), as artes da Ginástica (todos os exercícios físicos, inclusive


o esporte) e da Música (cultura espiritual) formaram o que os gregos chamavam de Paidéia, o
que hoje é entendido corno tradição, cultura, educação, enfim, a própria formação do Homem
PEREIRA (1988), relata que na cultura grega, foi a primeira prática de atividades físicas
realizadas em grupos, de forma consciente, metodizada e intencional. A cultura física era
marcante no universo grego, sendo usual a exercitação física conjunta, entre amigos, em suas
próprias residências, de cunho físico e social; Na vida atlética dos cidadãos gregos estendia-se
até a velhice; os ginásios viviam tomados de pessoas exercitando se... .

A Ginástica em Roma

Com a derrota militarista da Grécia (145 a.C), na passa a combater a ginástica


grega, pois achavam imoral e repulsiva a nudez dos atletas e ginastas gregos (MARINHO
1981). TUBINO (1992) descreve que as atividades físicas romanas possuíam características
militaristas bem marcantes, porém com a decadência do império Romano foi aos poucos elo
cruéis espetáculos circenses de gladiadores, pugilatos, luta livre e naumaquias. Deste período
romano surgiu a frase "Mens sana in corpore sano'', que até hoje está relacionada aos estudos
dos problemas da Educação Física.

Guerreiros, e de espírito prático,


os romano viam na educação física apenas o
instrumento para adestrar suas aguerridas
legiões. A educação física tinha, portanto, um
caráter eminentemente militar. Como em
Esparta e Atenas, o pai tinha plenos poderes
sobre a família, podendo aceitar ou recusar e
filho recém-nascido. Se aceita, a criança
ficava aos cuidados da mãe até 7 anos. Dos 7
anos aos 12, o menino era entregue ao "Ludus
Magister", ou a um preceptor particular se a
família tivesse maiores posses. Nessa fase a
educação limitava-se a rudimentos de ler,
escrever, contar e jogar, e pequenas
tarefas agrícolas ou militares. Dos 12 aos
16 anos ia para a escola do "grammaticus" onde avançava mais na literatura, na gramática e
estudava um pouco de ciências. Dos 16 aos 18 anos ia para a escola de "Retórica", ande
aprendia direito, filosofia, retórica e uma esmerada educação militar; Aos 18 anos tornava-se
cidadão, trocando a Toga Pretexta pela Toga Viril em bela cerimônia pública.

Os romanos de todas as idades praticavam diariamente a educação física no


campo de Marte, situado às margens do Tibre. Era uma bela planície, rodeada de bosques e
monumentos nacionais. Eles corriam, nadavam, saltavam, transportava pesos, arremessavam
a lança, lutavam, esgrimiam, jogavam harpastum (espécie de antepassado do futebol),
praticavam a equitação.

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Nos primeiros tempos não praticavam a ginástica por considerar imoral o nú dos
ginastas gregos e não ver nela uma direta preparação para a guerra; também não apreciavam
a dança que julgavam um divertimento muito baixo.

Os romanos apreciavam grandes espetáculos públicos onde houvesse perigo de


vida e corresse sangue. Construíram notáveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Máximus). Aí
realizavam as lutas de gladiadores, veação, condenação às feras, naumaquias, corridas de
carros.

Os gladiadores eram em geral escravos que lutavam por dinheiro ou pela


liberdade. Havia vários tipos: Mirmilões (pesadamente protegidos e levando lanças e escude),
Reciários (rede, tridente e punhal), Laceários (laço com nó corrediço), Andábatos (à cavalo).

Veaçao era o combate de feras contra homens, ou de feras contra feras. Milhares
de animais africanos eram trazidos pelos imperadores e jogados nas arenas romanas.
Condenação às feras era o castigo imposto aos primitivos cristãos que morriam
despedaçados pelas feras famintas, sob o gargalhar e o deboche das multidões.

A Naumaquia consistia na luta entre barcos cheios de escravos armados. Cada


barco era embandeirado com cores diferentes do outro.

Transformava-se a arena em lago artificial e aí travava-se a naumaquia. Depois de


certo tempo, os promotores da luta davam o sinal de suspensão das hostilidades. O barco que
tivesse maior número de homens vivos era considerado vencedor e eles ganhavam a
liberdade.

As corridas de carros eram espetáculos empolgantes. Nos frágeis carros, puxados


por dois (bigas) ou quatro (quádrigas) cavalos os áurigas realizavam prodígios de equilíbrio,
coragem, destreza, força e resistência. O Circo Máximo era o mais importante, com capacidade
para 400.000 espectadores. O Coliseu, o mais famoso anfiteatro, tinha capacidade para....
100.000 pessoas.

Os romanos também realizavam jogos de estádio, como as competições atléticas


e eqüestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro.

Também realizavam jogos e festas em homenagem aos deuses e em


comemoração às datas significativas na vida da cidade. Os imperadores, na ânsia de agradar o
povo para se manter no poder, aumentavam cada vez mais o número de jogos e dias feriados,
e distribuíam alimento para a população. Houve um tempo em que o ano tinha mais dias
feriados que dias úteis. Juvenal, o célebre poeta satírico, sentindo a decadência de sua Pátria,
publica, no século II, as suas "Sátiras”, onde crítica a educação e a vida romana. Nessa obra é
que encontramos a frase tão divulgada por nós da Educação Física: Mente sã em corpo forte.
Eis o verso de Juvenal: “Orandem est ut sit mens sana in corpore sano, Fortem posce animum,
mortis terrore ca-rentem" (Ora por uma mente sã em corpo sadio, Alma forte que, friamente,
a morte enfrenta). E o poeta diz com amargura: "onde está aquele povo que lutava por um
lugar de perigo na frente de combate e conquistava impérios? Agora se contenta com pão e
circo”.

Esse afrouxamento físico e moral, aliado a outras causas, foi o germe da


decadência de Roma.

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Mas antes de concluir este ponto,permitam que eu lhes diga algo sobre uma
belíssima contribuição romana ã Educação Física: as Termas eram as casas de banho dos
romanos.

Eles espalharam o hábito salutar do banho por todo o seu vasto império. As
Termas eram edifícios imponentes, muito ricamente decorados e construídos em mármore. As
principais de pendências eram: vestiários, salas de ar quente ou morno (seco ou úmido),
piscinas quentes e frias, salas de refeição, de leitura, de jogos sociais e desportivos, salas de
massagem. As principais Termas foram as de Agripa, de Nero, de Caracala, de Trajano. Havia
Termas com mais de 8.000 banheiros separados.

Roma chegou a ter mais de 800 Termas além de mil piscinas para o banho público.
Até os escravos, mediante uma módica taxa, podiam participar dos banhos.

A Ginástica na Idade Média (395-1453)

Com a morte do imperador Teodósio e a divisão do império Romano (395)


começa, segundo alguns historiadores, a Idade Média.

Esse período caracteriza-se pela quebra do


poder real de Roma, surgindo pequenos reinos e senhores
em toda a Europa. Assim surgiu o feudalismo, regime em
que um senhor mais forte reunia em torno de si senhores
mais fracos e dava-lhes domínio hereditário sobre certas
terras em troca de obediência e ajuda em caso de guerra
(os primeiros eram os "suzeranos" e os segundos os
"vassalos").

Aqueles vassalos, por sua vez, dominavam


sobre pessoas mais humildes, chamadas "servos da gleba".
Os servos da gleba utilizavam as terras dando uma parte do
produto para o seu senhor; também combatiam a serviço
do senhor.

Um castelo forte, com terras cultivadas, algumas habitações e campos de criação


ao redor é a paisagem característica da Idade Média.

Isso constituía um feudo.

Como os jogos na velha Grécia eram uma oferenda a deuses pagãos e como em
Roma eram espetáculos sanguinários nos quais os cristãos foram muitas vezes sacrificados, o
cristianismo, dominando o mundo, exterminou com eles e acabou com todas as suas
manifestações. E ainda mais, pregando que o corpo era vil e fonte de muitos pecados, a Igreja
combatia toda a atenção que se pudesse a ele dedicar, para que as atenções se voltassem
exclusivamente para a parte espiritual.

Essa atitude negativa da Igreja em relação à E.F. prejudicou a evolução da E.F. por
muito tempo, somente se modificando com o surgimento da Cavalaria e das Cruzadas.

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Nos feudos, as atividades físicas consistiam na caça, pesca, jogos infantis (as
crianças daquela época tinham mais jogos e brincadeiras que as nossas), danças a jogos
populares, lutas e arremessos.

Um dos jogos mais populares era a "soule" antepassado do futebol. Até os padres,
após a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule".

Consistia em atingir com a bola, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido


pela equipe contrária. Havia “soles” entre povoados vizinho. A vitória consistia em levar a bola
até à praça do povoado adversária.

A nobreza
participava das Justas e
dos Torneios e do jogo da
"paume”, jogo da
"palma", antepassado, do
tênis, ou "pela" além das
danças. A Justa consistia
numa disputa “amistosa”
entre dois cavaleiros que,
à cavalo, protegidos por
armaduras, munidos de
lança e espada, investiam
um contra o outro,
tentando derrubar e
dominar o adversário. No
inicio, não havia muitas regras, e a Justa era quase igual a uma batalha real, havendo,
seguidamente, mortes.

Mais tarde criaram-se as "armas de cortesia", isto é, a lança de ferro foi


substituída pela de madeira com um florão na ponta.

Também surgiram regras mais amenas: bastava derrubar o adversário da sela, ou


quebrar a própria lança no impacto contra o adversário para ser considerado vencedor.

As justas eram realizadas em campo aberto, ou com um muro, (liça) à altura do


peito do cavalo. Consta que a última Justa realizou-se em 1559 para festejar o casamento de
Margarida, lrmã do rei Henrique II da França.

O Rei participou da festa "justando" com o conde de Montqomery. Na primeira


lança, o rei venceu facilmente, derrubando o conde; na segunda, ambos atingem o alvo e as
lanças voaram em estilhaços, mas o conde de Montgomery, com o impulso da arremetida e
com o pedaço de lança que sobrara atravessou a viseira do rei ferindo-lhe o olho esquerdo.
Dez dias de pois, com grande sofrimento, falece o rei e as Justas se apagam.

Os Torneios obedeciam aos mesmos princípios das Justas, porém eram disputados
por duas equipes. A codificação dos torneios foi feita pelo cavaleiro francês Geoffroy de
Preuilly, no século XI. Um senhor feudal promovia a festa, convidando tantos cavaleiros
quantos pudesse, ou convidando um outro senhor feudal e sua equipe.

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Formavam-se dois partidos: armavam-se as tribunas e arquibancadas; escolhiam-


se os juizes; embandeiravam-se os Iocais da disputa, os animais, as armas e os cavaleiros;
realizavam-se treinamentos; os disputantes faziam os juramentos de lealdade às regras e aos
adversários; havia homenagens, danças e banquetes; e quando o entusiasmo popular estava
no auge, realizava-se o Torneio. Às vezes o combate ia de sol a sol. Ao final, todos
confraternizavam e os esfalfados combatentes, com toda a dignidade e cortesia, participavam
das festas e danças que eram realizadas em sua homenagem. Os torneios evoluíram
desportivamente até ao ponto de originar o "carrossel" e as "cavalhadas" onde havia apenas
combates simulados e demonstração de habilidade eqüestre.

A Cavalaria, nobreza dentro da nobreza é o facho luminoso da Educação Física na


Idade Média. O cavaleiro cultivava o ideal de defender à Igreja, à Pátria, as mulheres, os fracos
e os oprimidos.

A Igreja apóia a cavalaria e assim começa a modificar sua atitude em relação à


Educação Física. O jovem nobre desde pequeno vai se preparando física, moral e
espiritualmente para se tornar cavaleiro. E então, em plena mocidade, em bela cerimônia
cívica e espiritual, recebe as armas de cavaleiro. Ate chegar a esse momento, ele passou
muitos anos adestrando-se na Luta, natação, arremessos, Levantamento de pesos, boas
maneiras, conhecimento de Leis, exercício das práticas religiosas e etc.

A Ginástica no Renascimento

Com o Renascimento (1400 a 1727), período de transformações e despertamento


cultural e ideológico, que além de libertar as ciências e as artes também serviu para o
ressurgimento da cultura física.

Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da


Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura.
A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes artistas como
Leonardo da Vinci (1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras
proporcionais do corpo humano.

Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas


como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti (1475 - 1564).
Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de
cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis
Fábrica" de Andrea Vesalius (1514-1564).

A volta de Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitorio de


Feltre (1378-1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo
programático incluía os exercícios físicos.

O Renascimento foi um período marcante e positivista para a cultura física,


fazendo renascer o interesse e o prazer pela prática de atividades físicas o verdadeiro
renascimento da cultura em geral e da Educação Física.

O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo


surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas idéias. Como destaque dessa época os

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alfarrábios apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827).


Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil. Segundo ele, pensar
dependia extrair energia do corpo em movimento.

Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção estava focada na
execução correta dos exercícios.

Atividade

1. Dividir os alunos em 4 Grupos, disponibilizar os nomes dos grupos e seus componentes e


representante.

2. Sorteio de 4 temas ( 1 Pré-história, 2 Antiguidade, 3 Idade Média e 4 Renascimento)

Edificar um trabalho de pesquisa sobre a relação e aspectos evolutivos da Ginástica e o tema


sorteado.

Apresentação oral/escrita por ordem dos temas dia (-------), tempo máximo por grupo 15
minutos.

Obs.: O trabalho escrito deverá apresentar a bibliografia utilizada.

A Ginástica na Idade Contemporânea

É na Idade Contemporânea que ocorre o aparecimento do esporte moderno, a


sistematização da ginástica e o amadurecimento da educação física escolar. Por esse motivo, é
à luz do estudo dos princípios doutrinários que marcaram essa época que poderemos
compreender e analisar as atuais tendências da educação física mundial.

A Situação Política e Social da Europa

O século XVIII caracterizou-se pelo regime político batizado de "Despotismo


Esclarecido", o qual foi influenciado pelas idéias do Iluminismo. As últimas décadas do século
desenrolaram-se sob a marca da Revolução Francesa (1789), que derrubou o absolutismo,
implantou a República, levou o povo ao poder político na França e semeou uma onda de
revoluções liberais na Europa. Entre 1803 e 1815 a Europa toda envolveu-se nas Guerras
Napoleônicas.

O século XIX é o século da formação dos Estados Nacionais. A Europa nele


adentrou sob a influência política do liberalismo e do nacionalismo, e economicamente, da
Revolução Industrial, iniciada por volta de 1760 na Inglaterra, e que se espalhou por toda a
Europa a partir de 1850, promovendo grande desenvolvimento econômico e transformações
sociais.

O movimento nacionalista, aliado ao desenvolvimento econômico, cresceu muito


na segunda metade do século XIX. Entre 1830 e 1870 transformou-se num movimento
agressivo em favor da grandeza nacional e do direito de cada povo cultural e racialmente
unido governar a si próprio (Burns, 1948). A partir de 1871 a Europa viveu em permanente

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estado de tensão por questões territoriais. A crise política levou à deflagração da I Grande
Guerra, em 1914.

Foi neste tempo de guerras e revoluções que a Educação Física de nossos dias
assentou suas bases.

Situação das Instituições Educacionais

Entende Luzuriaga (1979) que o século XVIII é o século pedagógico por excelência.
A educação tornou-se uma das mais importantes preocupações de reis, pensadores e políticos.
Surgiram duas das maiores figuras da Pedagogia: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Foi neste século que se desenvolveu a educação
pública estatal e iniciou-se a educação nacional. Ainda segundo Luzuriaga, na educação do
século XVIII observam-se os seguintes movimentos:

1. Desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior


participação das autoridades oficiais no ensino.
2. Começo da educação nacional, da educação do povo pelo povo ou por seus
representantes políticos.
3. Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola
primária, que fica estabelecida em linhas gerais.
4. Iniciação do laicismo no ensino, com a substituição do ensino da religião pela
instrução moral e cívica.
5. Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à
universidade.
6. Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e
educadores de todos os países.
7. Sobretudo, a primazia da razão, a crença no poder racional na vida dos
indivíduos e dos povos.
8. Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação, (p.
151)

Ao final do século XVIII a educação européia modificou-se radicalmente com a


Revolução Francesa, que fez com que a educação estatal, do súdito, própria da monarquia
absolutista e do despotismo esclarecido, se convertesse na educação nacional, na educação do
cidadão participante do governo do país (Luzuriaga, 1979). A Revolução Francesa deixou
assentada as bases da nova educação nacional, que da França estendeu-se depois por toda a
Europa e América.

A educação no século XIX liga-se estreitamente aos acontecimentos políticos e


econômicos. A Revolução Política, principiada em 1789 com a Revolução Francesa, completou-
se com a vitória da soberania popular e das idéias liberais, constitucionalistas e
parlamentaristas, impondo-se a necessidade de educar o "povo soberano" (Luzuriaga, 1979, p.
180). A Revolução Industrial, que alcançou grande intensidade naquele século, levou a um
aumento populacional nas cidades e à necessidade de cuidar da educação desta grande massa.

Para Luzuriaga (1979) "todo século XIX foi um contínuo esforço por efetivar a
educação do ponto de vista nacional" (p. 180), o que é bastante coerente com o momento
político de afirmação dos Estados Nacionais que vivia a Europa. Os países europeus
estruturaram, naquele século, seus sistemas nacionais de educação. A escola primária foi
universalizada, em caráter obrigatório e gratuito, estabeleceram-se escolas normais para a

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preparação do magistério. A escola secundária também se afirmou, mas limitada ao


atendimento da burguesia, e considerada apenas como preparação para a Universidade.

Os Sistemas Ginásticos e o Nacionalismo

A história da elaboração e institucionalização dos, chamados "sis-temas


ginásticos" confunde-se com a própria história do nacionalismo europeu e do militarismo
sempre presente nos séculos XVIII e XIX. Originários da Alemanha, Dinamarca, Suécia e França,
vinculam-se aos processos da afirmação da nacionalidade nestes países e à constante
preocupação de preparação para guerra. Alguns autores (Marinho, s.d.a; Ramos, 1982)
rotularam de “doutrinários” os movimentos de Educação Física surgidos naqueles países.

Ginástica Alemã
O seu desenvolvimento foi dirigido por intelectuais e médicos, mas o
impulso decisivo para a implantação dos alicerces da Escola Alemã veio da pedagogia.
Inicialmente, podemos citar os alemães Basedow e Salzmann, que, com suas instituições
escolares denominadas "Philantropinum", abriram as portas para a implantação da educação
física escolar. Foi também decisiva a influência sobre os autores citados do suíço Jean Jacques
Rousseau que, ao escrever o Emílio, em 1762, muito acentuou a tendência humanista do
"Philantropinum" do pedagogo Johann Bernhard Basedow (1723-1790) e, posteriormente, do
de Salzmann.

Basedow dava grande importância à saúde e à educação física, e sua escola iniciou
o primeiro programa moderno de Educação Física (Van Dalen & Bennet, 1971). Este programa
compreendia corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes às que se praticavam na Antiga
Grécia: jogos de peteca, de bola, de pinos e pelota; natação; arco e flecha; marchas; excursões
no campo, caminhada e suspensão em escadas oblíquas e transporte de sacolas cheias de
areia (Marinho, s.d.a; Van Dalen & Bennet, 1971).

Não podemos esquecer também a influência de outro suíço: Johann Heinrich


Pestalozzi, “o maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por
excelência e o fundador da escola primária popular". Assinale-se que Pestalozzi foi seguidor
das idéias de Rousseau.

Em 1784 foi fundado um instituto educacional semelhante ao Philanthropinum


também colocando em prática idéias educacionais naturalistas, onde Cristoph Friedrich
GutsMuths (1759-1839), assumindo as aulas de ginástica, experimentou novas atividades e
aparatos e elaborou um sistema de trabalho que ficou conhecido como "ginástica natural" ou
"método natural". Ele dividiu as atividades em três classes: exercícios ginásticos, trabalhos
manuais e jogos sociais (Van Dalen & Bennet, 1971). Admirador de Rousseau, sua ginástica
compreendia todas as variações de exercícios corporais, sem nunca ir contra a natureza.
Incluía a ginástica entre os deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito lembrava os
princípios da educação grega.

Segundo Van Dalen e Bennet (1971), o programa de GutsMuths harmonizava com


os ideais de Rousseau. Ele acreditava firmemente na influência do corpo sobre a mente e o
caráter; e que a saúde, mais do que o conhecimento, deveria ser o objetivo básico da
educação. Moolenijizer (1973) entende que GutsMuths ganhou grande importância como o

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DELGADO

autor da primeira abordagem metódica para planejar intencionalmente a educação física e


também por introduzir o jogo como meio justificado de educação.

O período de gestação do sistema de ginástica de GutsMuths não coincidiu com a


exacerbação do espírito nacional alemão, o que ocorreu apenas a partir de 1806 com a invasão
francesa. Contudo, ele não ficou isento de influência do nacionalismo e da política de
intervenção estatal na educação. Considerava a ginástica de alta significação social e
patriótica, e meio educativo fundamental para a nação, e pediu que o Estado assumisse a
organização e divulgação da ginástica (Marinho, s.d.a).

A derrota que Napoleão infligiu aos alemães em Jena, em 1805, a Prússia em


bloco desejou a desforra. Impõem-se, então, um sistema de educação tendente a
potencializar, ao máximo, o espírito e o corpo provocou o despertar de um profundo
sentimento nacionalista popular.

A nova ginástica alemã - Jahn havia substituído a palavra ginástica por Turnkunst,
em 1811 - ia ao encontro das necessidades do povo, pois Jahn não teve, "durante toda sua
existência, outra aspiração senão despertar o sentimento nacional e a realização da unidade
alemã" (30, pág. 56). Jahn somente queria formar o forte. "Viver quem pode viver", era o seu
lema. Para ele, os exercícios físicos não eram meios de educação escolar, mas sim da educação
do povo. Inventou aparelhos como a barra fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo, portanto o
precursor do esporte que hoje se chama ginástica olímpica. Registramos que, até a I Guerra
Mundial, o sistema nacional de ginástica adotado na Alemanha foi o de Jahn.

Diz Pepe: "Antes da invasão napoleônica o sentimento nacional era muito mais
um patriotismo intelectual, representado por grandes estudiosos como Lessing, Herder,
Gorthe, Kant, Fichte, etc. que intencionava impor a cultura e não a potência militar". Foram
as humilhações sofridas nas várias batalhas durante a dominação napoleônica que
despertaram os sentimentos patrióticos dos alemães. Foi então que Fichte afirmou que o
espírito alemão "é uma águia que com força levanta o seu corpo poderoso para aproximar-se
do sol". Korner incitou a Alemanha a construir um único Estado da Europa, e a fundação da
Universidade de Berlim teve um objetivo, sobretudo, patriótico. Fichte, como primeiro reitor,
fez o "Apelo à nação alemã", no qual afirmava a bem conhecida teoria que "Deus tinha
confiado ao povo alemão a missão de civilizar o mundo". Conseqüentemente os mestres da
ginástica, como Jahn, Eiselen, Frieser, Massmann e muitos outros começaram a reunir em
ginásios esportivos e em associações, a juventude para educá-la e prepará-la física e
moralmente a fim de fazer renascer a nação alemã. Foram estes os mestres que adestraram a
juventude sob o gímnico-militar, que enrubusteceram seus membros e endureceram os seus
caracteres, preparando-os para darem tudo à Pátria, até a vida. Foram eles também, que
deixados os ginásios esportivos, guiaram - como Jahn - os batalhões dos seus alunos
voluntários rumo às estradas da vitória, levando-os da planície de Hasenheide ao triunfo de
Paris.

Mas com a França já derrotada e expulsa, o governo alemão passou a temer os


movimentos de massas liderados por Jahn, de forte conteúdo político. As autoridades temiam
que o Turnen servisse difusão das doutrinas liberais então em voga, e proscreveram as
sociedades ginásticas. O próprio Jahn foi preso em 1819, acusado de traição. Segundo Roberts
(1973), o governo prussiano até mesmo incorporou o sistema ginástico na escola formal, num
esforço para frustrar as sociedades ginásticas. Mas a repressão oficial não conseguiu impedir o
crescimento do Turnen que recuperou o seu vigor no reinado de Frederico Guilherme IV. Em

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1868 organizou-se o Deutsche Turnerschaft, uma federação de todas as sociedades ginásticas


alemãs. Durante a guerra franco-prussiana de 1870-71, quinze mil de seus membros
apresentaram-se ao serviço militar. A guerra propiciou a unificação da Alemanha - o grande
ideal de Jahn e seus seguidores - e isto levou valorização da ginástica, que passou a receber o
apoio estatal.

Nas escolas alemãs, a Educação Física foi introduzida na forma do sistema


ginástico de Adolph Spiess (1810-1858). Em 1842, o governo prussiano reconheceu
oficialmente a Educação Física como uma função do Estado, e após o fracasso em introduzir a
ginástica de Jahn, Spiess foi convidado a implantar o seu sistema.

Spiess estudou e trabalhou em escola suíças que sofreram a influência de


Pestalozzi. L , criou um sistema de ginástica adaptado a objetivos pedagógicos e integrado no
currículo escolar. Segundo Van Dalen e Bennet (1971 ) Spiess foi bem sucedido em introduzir a
Educação Física nas escolas da Alemanha porque seus objetivos harmonizavam com a política
autocrática e a filosofia educacional da época. Ele dava bastante ênfase disciplina, e embora
seu sistema buscasse um desenvolvimento eficiente e completo de todas as partes do corpo,
tais objetivos eram alcançados através de submissão, treino da memória e respostas rápidas e
precisas ao comando.

Roberts (1973), após estudar o processo histórico do surgimento e


desenvolvimento da Educação Física na Alemanha, concluiu que ela desenvolveu-se de duas
diferentes formas: como um sistema escolar regular de educação física e como um sistema
extra-curricular politicamente orientado que acabou por tornar-se uma força auxiliar de Adolf
Hitler, chamada de "Movimento Jovem Hitleriano".

É evidente, que assim, na Alemanha, a ginástica não pode ter, neste período,
outro endereço senão aquele militar, com fundo nacionalista, mesmo se não faltaram
interessantes e valiosas alternativas. Outras nações européias condividiram com a Alemanha
as mesmas paixões nacionalísticas, o ódio pela opressão estrangeira e o mesmo desejo de
renascer, assim que a difusão do pensamento e das idéias da escola alemã encontrou um
terreno favorável nas condições históricas do século XIX.

A ginástica alemã de 1800 teve, como dizíamos acima, também características


educativas comuns aos demais métodos de educação física que se estavam,
contemporaneamente, afirmando na Europa: em efeitos, não se pode, certamente, afirmar
que a atividade física da Alemanha tenha ficado alheia e avulsa ao valor pedagógico e daquele
médico-científico: somente que, por razões históricas e políticas, a ginástica alemã reforçou
aquele seu endereço militarista que influenciará posteriormente, uma boa parte do ensino
tradicional da educação física, também nos demais países europeus.

A difusão do exercício físico nas escolas e nas sociedades de ginástica levará a


uma inevitável diversidade de endereços assumindo novas formas, ficando em inércia a veia
patriótica suscitada pelo pai da ginástica alemã (Jahn).

O endereço gímnico da escola alemã teve, portanto, origens patriótico-militar


com Jahn, assumiu com Spiess um caráter escolástico-educativo, com Rothstein racional-
higiênico influenciado pela escola sueca, inclinando-se então ao ecletismo com Jager, por sua
vez inspirado pelas origens clássicas do exercício físico, mas sempre com escasso sucesso.

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Próximo ao fim de 1800 desenvolveu-se o momento dos jogos ao ar livre e o


advento dos esportes sem, porém que esta grande atividade se afirme; no inicio de 1900
existiu um aceno estético-rítmico com Jacques Dalcroze, Bode e outros; entre as duas guerras,
no clima do estado hitleriano, o exercício físico retornou o fim nacional e patriótico, permeado
de princípios biológicos com endereço natural e bélico. No período nazista, a atividade física
foi integrada ao sistema político; mais que de educação física tratou-se de uma atividade que,
partindo do corpo e servindo-se desse, mirou infundir, na criança, os dotes da obediência
absoluta e o hábito à ordem. A educação do corpo foi, sobretudo, duro treinamento para
reforçar a vontade ê o caráter do futuro soldado.

No segundo após guerra, com Diem, a educação física tornar-se-á um meio


essencial e indispensável do inteiro complexo educativo. De qualquer maneira, a difusão do
método ginástico alemão favoreceu o desenvolvimento, não somente da educação física na
Alemanha, mas também no resto da Europa, até na América, tanto no século XIX que na
primeira metade do século XX.

A única diferença entre a ginástica da escola alemã e aquela das demais escolas
(suecas, inglesas, francesas), é que a primeira tinha limitadas capacidades de difusão pelas
próprias condições históricas ambientais da Alemanha antes de 1870, enquanto que as outras
não conheceram tais limitações ou obstáculos para os fins universais que se tinham prefixadas.

Método Natural Austríaco


O desenvolvimento do Método Natural Austríaco deve-se basicamente aos
educadores Gaullhofer e Streicher, ambos convidados pelo governo austríaco para
participar da reforma de ensino naquele país. Tais educadores partiam das premissas que
era necessário “fornecer bases científicas para a Educação física” e “criar um método natural
de Educação física”.
Apesar do grande trabalho desenvolvido por ambos na criação do método, o
período compreendido pelas duas guerras mundiais, fez com que este método fosse
esquecido, visto o domínio da Alemanha sobre a Áustria. No pós-guerra, outros dois
educadores - Burguer e Groll - resgataram o método, introduzindo sua finalidade maior
que era o desenvolvimento pleno da força corporal, espiritual e moral de um povo.

O Método Natural Austríaco, pela própria nomenclatura, propõe uma pedagogia


de desenvolvimento natural e ativa, valorizando atividades próximas da natureza. Dessa
forma, as atividades devem ser executadas ao ar livre e englobar atividades como marchar,
correr, saltar, lançar, arremessar, quadrupedar e outros.

Também para buscar o interesse na execução do método por parte das classes ou
turmas, os idealizadores do método propuseram a utilização de pequenos e grandes jogos e de
aparelhos como: cordas, bastões, colchões, medicine-ball, bancos suecos, elevações naturais,
plintons, espaldares e outros.

Busca-se na execução dos exercícios físicos e atividades desse método,


atingir as grandes funções orgânicas, quer sejam: o sistema respiratório, o sistema
circulatório e o sistema cardíaco. Para tais situações, pode-se empregar exercícios físicos de
força pura, força dinâmica, força explosiva e de resistência geral.

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É muito comum no desenvolvimento de uma sessão desse método, de que as


atividades sejam desenvolvidas em duplas, trios e quartetos, onde se preconiza o
sentido de auxílio e cooperação na execução dos exercícios e das atividades.

Na execução dos exercícios do Método Natural Austríaco, busca-se a execução de


movimentos globais e naturais, buscando com os mesmos atingir a grande maioria dos grupos
musculares do corpo humano, tendo por principais objetivos:

- Desenvolver de forma harmônica as qualidades físicas do organismo


humano, buscando de forma paralela também a otimização das
características sócio-psíquicas e morais do indivíduo;
- Buscar através da execução de pequenos e grandes jogos o
desenvolvimento emocional do indivíduo, visando o trabalho em grupos e o
comportamento equilibrado diante de vitórias e derrotas;
- Aperfeiçoar o indivíduo na dosagem da força e da resistência, treinando-o
no sentido de utilizar as suas energias na execução das atividades.

Para finalizar, percebe-se uma grande utilidade na execução desse método para
treinamento de militares, onde muitas características são utilizadas nos treinamentos
atuais das academias e quartéis. Para sua efetiva aplicação nas escolas, existe a natural
necessidade de adaptações no volume e na intensidade dos exercícios propostos.

Sobre a Áustria Wikipédia

As origens da Áustria remetem-se ao tempo do Império Romano, quando um


reino celta foi conquistado pelos romanos em 15 a.C., aproximadamente, e mais tarde tornou-
se Noricum, uma província romana, em meados do século I d.C.,[6] em uma área que abrangia
a maior parte da Áustria atual. Em 788 d.C., o rei franco Carlos Magno conquistou a área e
introduziu o cristianismo. Sob a dinastia nativa dos Habsburgo, a Áustria tornou-se uma das
grandes potências da Europa. Em 1867, o Império Austríaco foi incorporado pela Áustria-
Hungria. O Império Austro-Húngaro desmoronou em 1918 com o fim da Primeira Guerra
Mundial. Depois de estabelecer a Primeira República Austríaca, em 1919, a Áustria foi, de fato,
anexada à Grande Alemanha pelo regime nazista no chamado Anschluss, em 1938.[7] Isto
durou até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, depois que a Áustria foi ocupada pelos
Aliados. Em 1955, o Tratado do Estado Austríaco restabeleceu a Áustria como um Estado
soberano e o fim da ocupação. No mesmo ano, o Parlamento austríaco criou a Declaração de
Neutralidade, que estabeleceu que o país se tornaria neutro.

Método Natural de Georges Hébert


O idealizador deste método - Georges Hébert - possuía patente militar de
oficial da marinha e desenvolveu um método que, por muito tempo, foi aplicado como
treinamento para militares.

Esse método consistia na realização de exercícios naturais como a corrida, a


marcha, os saltos e saltitos, a natação, as lutas, os lançamentos e os arremessos e o transporte
de objetos e/ou companheiros. Todos esses exercícios eram realizados ao ar livre e de forma

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contínua por cerca de cinquenta minutos e muitos estudiosos atestam que desse método
surgiu o tempo médio de duração de uma aula ou sessão de Educação Física.

A fundamentação do Método Natural de Hébert se encontra no fato de que


todo grupo muscular utilizado desenvolve-se e pode vir a suprir necessidades do ser
humano, ou seja, através da execução de exercícios naturais poderei vir a desenvolver
todas as qualidades físicas do organismo.

Para Hébert, as aulas de Educação física possuíam função médica, social e


principalmente pedagógica, fazendo com que o professor fosse antes de mais nada um modelo
a ser seguido. Em contrapartida, Hébert era contra a utilização dos esportes e de
quaisquer tipos de jogos, pois entendia que os mesmos eram atividades antipedagógicas,
sem vínculo ou apelo psicológico e ainda possuíam caráter viciante.

Outra característica proposta por hébert refere-se a necessidade de que todo


exercício físico fosse desenvolvido de forma alegre e ininterrupta, passando-se de um exercício
para outro de forma contínua, buscando-se através dos mesmos atingir a maior parte dos
grupos musculares do corpo humano.

A constante correção dos movimentos executados, também faz parte das


características desse método. Para operacionalizar tal situação, nas aulas ou sessões de
utilização desse método é bastante comum a utilização de monitores que observam a
execução dos movimentos do grupo, buscando sempre a proposição da correção através da
execução do exercício ou atividade por parte do monitor.

Dada a sua grande influência sobre a juventude, o Método Natural de Hébert foi
utilizado como modelo de formação moral dos jovens. De forma genérica sobre seu método,
Hébert teria dito que os habitantes de um país desenvolvido e civilizado deveriam destinar um
tempo suficiente e diário para cultuar o corpo e utilizar o restante das horas do dia para
atividades úteis, afastando-se de todos os vícios e malefícios possíveis.

De forma específica, o método desenvolvido em uma sessão, pode ser dividido


nas seguintes partes:

a) Parte Educativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a


produzir bons efeitos sobre o organismo, tais como:
- Correção postural;
- Melhora da capacidade cardiorrespiratória;
- Desenvolvimento muscular como um todo e em especial da musculatura
abdominal;
- Ampliação do volume e da mobilidade da caixa torácica;

b) Parte Aplicativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a


desenvolver as aptidões gerais, sendo composta por atividades e exercícios, tais como:
- Movimentos básicos dos membros superiores (braços), membros inferiores
(pernas) e tronco, como as elevações frontais e laterais, as flexões e as
extensões.
- Elevação do corpo (suspensão) com a utilização das mãos.
- Movimentos diversos do corpo com equilíbrio em apenas um dos membros
inferiores.

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- Execução de grandes e pequenos saltos sobre um ou dois pés de forma


estacionária e com progressão frontal e lateral.
- Movimentos de inspiração e expiração realizados de forma contínua e
progressiva.
- Execução de exercícios naturais (locomoção), onde os mesmos devem ser
executados em ordem progressiva de dificuldade.
- Exercícios utilitários como a natação, a escalada, os lançamentos e os
movimentos básicos de defesa pessoal.

Para efeito de controle do método, o professor de Educação física deverá


proceder a verificação dos rendimentos dos seus alunos, através da comparação da execução
dos exercícios, quer no sentido de número de repetições ou ainda na qualidade de execução
dos exercícios, sempre levando em conta a progressividade das aulas.

No sentido da organização das aulas de Educação física, a grande contribuição de


Hébert refere-se a padronização dos exercícios naturais em dez grupos ou famílias, conforme
abaixo:

1) Marchar;
2) Correr;
3) Quadrupedar;
4) Trepar ou Escalar;
5) Saltar ou Saltitar;
6) Equilibrar;
7) Lançar ou Arremesar;
8) Levantar ou Transportar;
9) Atividades de Defesa;
10) Natação.

Ginástica Nórdica
Foi nos países nórdicos que mais frutificaram as idéias de Guts Muths.
Inicialmente na Dinamarca - considerada na época a metrópole intelectual dos países nórdicos
-, com Franz Nachtegall (1777-1847), fundador da ginástica no seu país. O pioneirismo é a
marca fundamental de seu currículo. Em 1799 funda o seu próprio instituto de ginástica; em
1801 consegue que se inclua a ginástica na escola primária; em 1804 é o responsável pela
fundação de um instituto militar de ginástica, o mais antigo instituto especializado do mundo;
em 1808 inaugura um instituto civil de ginástica, para formação de professores de educação
física; em 1828, como coroamento de seu trabalho, implanta-se obrigatoriamente a ginástica
nas escolas, fazendo com que a Dinamarca adiante-se de alguns decênios a outros países
europeus. Sua obra identifica-se com a de Spiess, na Alemanha, pois além de ser o responsável
pela criação da educação física escolar dinamarquesa, a educação física feminina foi outra de
suas grandes preocupações.

Em 1799, chega em Copenhague o sueco Pedro Enrique Ling (1776-1839) e, no


Instituto de Nachtegall, entra em contato com as idéias de Guts Muths. Assim como
Nachtegall, Ling havia chegado à conclusão de que:

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"Uma educação física harmônica do corpo humano e de suas faculdades


dinâmicas, em completa dependência de correlação com todas as forças
físicas e espirituais do corpo, tinha que ser uma parte essencial da formação
do povo" (16, pág. 149).

Ling voltou à Suécia em 1804 e, neste momento, tem início, efetivamente, a


história da ginástica sueca. A Suécia encontrava-se arrasada em virtude da guerra com a Rússia
e, assim como Jahn na Alemanha, Ling era possuído de um enorme sentimento patriótico.
Pretendia que a ginástica colaborasse para elevar o moral do povo sueco. Além disso,
"esperava obter, através de uma ginástica racional e científica, uma raça liberta do alcoolismo
e da tuberculose" (7, pág. 6). Em 1813, Ling conseguiu autorização do Rei Carlos XIII para
fundar o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (hoje Escola Superior de Ginástica e
Esporte), instituição que dirigiu até o fim da vida. Ling preocupou-se com a execução correta
dos exercícios, emprestando-lhes um espírito corretivo, como já o havia feito Pestalozzi. Com
esta idéia de conferir uma finalidade corretiva aos exercícios, Ling acaba por cimentar as bases
da ginástica sueca.

Seu principal seguidor foi o filho Hjalmar Ling (1820-1886). Sistematizou a obra do
pai e distinguiu-se como o verdadeiro criador da educação física escolar sueca, pois seu pai
não havia incluído as crianças nos seus estudos. Até a I Guerra Mundial, nenhuma outra
influência fora da órbita lingiana acrescenta algo significativo à educação física sueca.

Ginástica Francesa
É da maior importância o estudo dessa escola, pois dela chegaram os primeiros
estímulos que vieram a constituir os alicerces da educação física brasileira. Neste período
realça a figura de Dom Francisco Amoros y Ondeano (1770-1848), militar espanhol que chega
à França em 1814 e, em 1816, adquire a cidadania francesa. A sua figura é de grande
relevância histórica, pois foi quem introduziu a ginástica naquele país, sendo conhecido como
o "pai da ginástica francesa".

A sua ginástica reflete influências que podem ser definidas a partir da fórmula:
Rabelais/Guts Muths/Jahn/Pestalozzi. Pode-se considerar que era uma ginástica utilitária
(Rabelais), com intenção pedagógica (Guts Muths), acrobática (Jahn) e atrativa (Pestalozzi).
Mas o que caracterizava a ginástica amorosiana era o seu marcante espírito militar e "nunca
poderíamos admiti-la como um método de ginástica escolar" (4, pág. 98). Langlade
compartilha dessa opinião quando afirma que a citada ginástica "não tinha uma finalidade
escolar ainda que as crianças também a praticassem" (42, pág. 28). Apesar disso, foi
introduzida nas escolas francesas em 1850, sendo ministrada quase sempre por suboficiais do
exército, sem cultura geral e com deficiências de formação pedagógica. Somente no final do
século, por influência de Pierre de Coubertin, inicia-se uma campanha para que se crie uma
autêntica educação física escolar francesa.

Registramos, ainda, a presença menos marcante, mas também influente, de


Phoktion Heinrich Clias (1782-1854) que, entre outras iniciativas, cria a calistenia, em 1829 -
como ginástica feminina com tendências estéticas e derivadas dos gestos de dança -, de tão
larga divulgação no Brasil.

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É importante assinalar, em virtude da influência que exerceu sobre a educação


física brasileira, a criação do Instituto de Ginástica do Exército Francês, em 1852, na Escola de
Joinville-le-Pont.

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CARACTERÍSTICAS SOBRE A ORIGEM DO MÉTODO

- A Escola de Joinville-le-Pont foi fundada em 15 de julho de 1852, no mesmo


local onde ainda se encontra.
- A Escola adotou então o Regulamento Francês de Ginástica, aprovado em 24
de agosto de 1846, pelo Ministro da Guerra, como o título “Instrução para o
Ensino da Ginástica nos Corpos de Tropa e nos Estabelecimentos Militares”,
que foi elaborado por uma comissão: General Aupik, Coronel Amoros, Capitão
D’Argy, Napoleão Laisné e outros.
- Em 1815 o comandante D’Argy publicou “Instruções para o Ensino da
Ginástica”, que se fazia acompanhar de um plano e de uma relação de
aparelhos usados no exército.
- A 22 de dezembro de 1904, por decreto do Presidente da República Francesa,
foi instituída uma comissão interministerial para tratar da unificação dos
métodos nas escolas, ginásios e regimentos, onde presidiu o General Castex e
outros 13 membros, resultando no “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux
Scolaires”
- Após várias tentativas, ensaios em alguns novos regulamentos, baseados
sempre nos anteriores, com pequenas modificações, que fizeram parte Tissié
e Herbert, com a experiência da guerra de 1914-18, então surgiu em 1919 um
complemento ao “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux Scolaires”. Era um
manual completamente novo de título “Projet de Réglement General
d’Education Physique”. Tal projeto foi consolidado em 1927, sendo reeditado
em 1932.

ANÁLISE GERAL DO MÉTODO FRANCÊS

O Método francês possui sua fundamentação voltada para as ciências médicas,


tais como a fisiologia e a Anatomia, possuindo um fulcro na Mecânica. Com a contribuição
do professor e fisiologista francês Georges Dêmeny (1850 – 1917), considerado por muitos
como o grande patriarca do Método francês, o método buscou um embasamento maior nas
leis da física e da Biologia, aplicando exercícios físicos e atividades com base científica.

Bases Fisiológicas - A educação física deverá ser orientada pelos princípios de fisiologia.
Durante a infância a educação física deve visar ao desenvolvimento harmônico do corpo,
enquanto na idade adulta o seu papel é manter e melhorar o funcionamento dos órgãos,
aumentar o poder do coração e dos vasos sangüíneos, o valor funcional do aparelho
respiratório, a precisão e eficácia dos movimentos e pelo conjunto desses meios, assegurar a
saúde.

Bases Pedagógicas - segundo a definição do método, a educação física compreende o conjunto


de exercícios cuja prática racional e metódica é susceptível de fazer o homem atingir o mais
alto grau de aperfeiçoamento físico, compatível com sua natureza, e utilizando-se de várias
formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios educativos, aplicações (as grandes
famílias - marchar, trepar, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar, e defender-se),
desportos individuais, desportos coletivos.

REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO FRANCÊS

1. Grupamento dos Indivíduos - baseado na fisiologia e na experiência, adotou a classificação


racional em grupos de valor fisiológico sensivelmente equivalente: educação física elementar

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ou pré-pubertária (crianças de 4 a 13 anos); educação física secundária ou pubertária e pós-


pubertária (adolescentes de 13 a 18 anos); educação física superior ou desportiva e atlética
(adultos de ambos os sexos de 18 a 35 anos); e ginástica de conservação para a idade madura
(adultos de ambos os sexos com mais de 35 anos).
2. Adaptação ao Exercício - o regime de trabalho físico a que serão submetidos depende: do
fim a atingir, da dificuldade e da intensidade dos exercícios e das qualidades que estes
exercícios são susceptíveis de desenvolver ou de aperfeiçoar. Para compor o programa de
exercícios foram elaborados quadros de exercícios por ciclos (elementar, secundário e
superior) e que constava de: grupamento, fim a atingir (objetivo), o programa de exercício e
regime de trabalho.
3. Atração do Exercício - os exercícios físicos devem ser higiênicos e salutar quanto maior o
prazer com que for praticado. O instrutor deverá esforçar-se para tornar a sessão atraente,
pela escolha judiciosa dos exercícios que variará, freqüentemente, pela introdução de jogos
em momento oportuno no decorrer da lição e, principalmente, pela emulação e disposição
para o trabalho que provocará em sua classe.
4. Verificação Periódica da Instrução - a verificação periódica dos exercícios físicos é realizada
pelo médico e pelo professor e repousa nos exames fisiológicos e práticos. A verificação
médica é efetuada no início e final do ano letivo, seguido de exame prático de dificuldade
compatível com o valor físico dos concorrentes.

UMA SESSÃO COMPREENDE TRÊS PARTES

De forma genérica, o método buscava ordenar e aplicar um grupo racionalizado


de exercícios e atividades que compreendiam os saltos e saltitos, os lançamentos, os
arremessos, as corridas, as marchas e com sua aplicação militar também utilizavam-se de
esportes como a esgrima, a natação e a equitação.

1. Preparatória - duração de 2/10 do tempo total da sessão. Comporta evoluções e


flexionamentos dos braços, pernas, tronco, combinados, assimétricos e de caixa torácica.
2. Lição Propriamente Dita - duração de 7/10 da sessão. Abrange exercícios grupados nas sete
famílias: marchar, trepar e equilibrar-se, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar e
defender-se.
3. Volta á Calma - duração de 1/10 da sessão. Contém: marcha lenta com exercícios
respiratórios, marcha com canto ou assobio e exercícios de ordem.

O Movimento Esportivo Inglês


A Situação Política e Social

As revoluções inglesas do século XVII deram à Inglaterra um regime


parlamentarista estável, livrando-a das agitações que perturbaram a Europa continental nos
séculos XVIII e XIX. Durante os séculos XVI e XVII a Inglaterra experimentou grande
desenvolvimento comercial, que aumentou com a adoção do liberalismo econômico no século
XVIII e com a formação de um vasto império colonial. A partir de 1760 a Inglaterra passou a
sediar a Revolução Industrial, acontecimento que - ao lado da Revolução Francesa - modelou a
história da civilização ocidental.

Vários fatores foram decisivos para que a Revolução Industrial se desenrolasse


entre os ingleses. A Inglaterra expandiu o seu comércio e assegurou mercado consumidor e

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mercado fornecedor de matérias-primas já no século XVIII. O desenvolvimento comercial


possibilitou também a acumulação de capital, e além disso a Inglaterra dispunha de bastante
carvão e ferro. As revoluções do século XVII haviam tirado poder da aristocracia em favor da
burguesia, desejosa de promover o desenvolvimento econômico. Por outro lado, a doutrina do
puritanismo e do calvinismo inglês estimularam o enriquecimento e a acumulação de riquezas.

A Revolução Industrial significou a passagem do trabalho artesanal para o


trabalho industrial, do trabalho doméstico para o trabalho fabril e transformação do artesão
em trabalhador assalariado. A Revolução Industrial mudou radicalmente o regime de produção
econômica, proporcionando uma inédita acumulação de riquezas e gerando transformações
em todas as instâncias da sociedade inglesa dos séculos XVIIl e XIX. Desenvolveu-se a
tecnologia industrial, a população urbana cresceu muito nas grandes cidades, a classe média
tornou-se mais numerosa e mais rica, o proletariado a partir de certo momento organiza-se
para lutar contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários, e a agricultura
moderniza-se para atender a um crescente consumo.

A partir de 1850, a Revolução Industrial foi exportada para outros países da


Europa e da América, iniciando pela Bélgica, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos, após a
estabilização de seus quadros políticos.

Situação das Instituições Educacionais

A Inglaterra foi mais demorada - em comparação com outros países europeus -


em estabelecer uma educação pública nacional controlada pelo Estado. Segundo Luzuriaga
(1979) os ingleses consideravam a educação mais como responsabilidade da sociedade civil
que do Estado.

Até as primeiras décadas do século XIX, a educação esteve exclusivamente nas


mãos da Igreja e de entidades particulares de caráter beneficente. As classes média e alta
financiavam sua própria educação, enquanto que a educação elementar para os pobres era
paroquial ou beneficente.

As transformações produzidas pela Revolução Industrial, o crescimento e a


concentração da população nos centros fabris e mineiros levaram gradualmente à intervenção
do Estado na educação (Luzuriaga, 1979; Mclntosh, 1973). Em 1833 o Parlamento concedeu
uma subvenção às sociedades filantrópicas para construção de prédios escolares. O
Departamento de Educação foi criado em 1856 para administrar os fundos governamentais. O
Ato de Educação de 1870 formou a base da educação primária mantida pelo Estado, e em
1876 foi introduzida a obrigatoriedade escolar.

O Esporte como Meio de Educação

A Educação Física inglesa do século XIX não foi muito influenciada pela filosofia
nacionalista, tendo um desenvolvimento diferenciado em relação ao restante da Europa. A
disciplina e o treinamento físico impostos ao povo nos países continentais, visando a defesa
nacional, não se fizeram necessários na Inglaterra, pois sua posição geográfica isolada e sua
poderosa marinha livraram-na de invasões estrangeiras. Por isso, sua maior contribuição não
foi no campo da ginástica, mas do esporte.

O movimento esportivo inglês do século XIX formou o outro pilar da


sistematização da moderna Educação Física, e guarda relação com as transformações sócio-

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econômicas produzidas pela Revolução Industrial naquele país a partir de 1760 (Eyler, 1969;
Mclntosh, 1975; Rouyer, 1977). Até o final do século XVIII o esporte era uma prática
tipicamente aristocrática na Inglaterra, tendo este panorama se modificado substancialmente
no decorrer do século seguinte, com a proliferação do esporte em outras camadas sociais e
sua institucionalização em órgãos diretivos.

As tradicionais Escolas Públicas (PiMic-Schools), fundadas entre os séculos XIV e


XVII, as Universidades e a classe média emergente da Revolução Industrial tiveram
participação fundamental neste processo.Os estudantes das Public-Schools promoviam seus
próprios jogos - futebol, caça e tiro - desafiando às vezes a proibição das autoridades
educacionais que os consideravam perigosos e violentos.

A partir de 1832, a classe média, que ascendera a uma posição de poder político e
influência social por conta do desenvolvimento industrial, passou a reivindicar maiores
privilégios educacionais, o que conseguiu efetivamente por volta de 1860, e fez erguer muitas
novas escolas públicas espelhadas no modelo das antigas (Mclntosh, 1973, 1975). Esta
conquista revelou-se decisiva para a proliferação dos jogos esportivos. Mclntosh (1975)
entende que a obtenção de privilégios educacionais Peia classe média "coincidiu e foi
responsável pelo desenvolvimento dos jogos organizados, particularmente o críquete e o
futebol" (p. 88).

Em meados do século XIX o modelo esportivo predominante era o da classe


média, que deu aos vários jogos esportivos, alguns descobertos em estado embrionário,
organização, regras, técnicas e padrões de conduta para os praticantes, em grande parte
vigentes até hoje. A partir de 1857 e até o final do século fundaram-se dezenas de associações
esportivas nacionais na Inglaterra.

Para Eyler (1969) parece existir uma relação entre o aumento do tempo de lazer,
em parte induzido pela Revolução Industrial, e o desenvolvimento esportivo. Rouyer (1977)
analisou o esporte com relação ao lazer e ao trabalho no quadro do emergente capitalismo
inglês; constatou que o esporte era uma atividade de ócio da aristocracia e da alta burguesia e
um meio de educação social de seus filhos, e que a Inglaterra era o primeiro caso típico da
realidade do esporte num país capitalista.

A Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre uma população industrial e


urbana (Mclntosh, 1975). O esporte tornou-se acessível às classes trabalhadoras inglesas
depois de ter surgido pra a classe média, em decorrência de conquistas trabalhistas. Por volta
de 1870 os trabalhadores passaram a reivindicar - e obtiveram - uma redução da jornada de
trabalho. Segundo Mclntosh (1975) "Foi então, e só então que se deu a grande proliferação de
clubes desportivos e organizações distritais" (p. 38).

A Inglaterra foi também pioneira em aceitar e utilizar o esperte como um meio de


educação. O exemplo da Escola de Rugby onde seu diretor Thomas Arnold (1795-1842)
suprimiu a ilegalidade de alguns jogos esportivos, generalizou-se nas demais Escolas Públicas
na segunda metade do século XIX, que tradicionalmente dedicavam parte da vida escolar à
organização e supervisão de atividades pelos próprios estudantes, e o auto-governo foi
altamente desenvolvido nos jogos e esportes. A "capacidade de governar outros e controlar a
si próprio, a atitude de combinar liberdade com ordem" (Comissão Real das Escolas Públicas,
citado por Mclntosh, 1973, p. 119) era o modelo aceito da Educação Física nas Escolas
Públicas.

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No entendimento de Rouyer (1977), no princípio do século XIX, as classes


dirigentes que enriqueceram encontram-se física e moralmente degradadas, ao mesmo tempo
que a Inglaterra entra numa época de prosperidade e segurança. Este desenvolvimento da
produção leva, diante da necessidade de importar e exportar, à exploração e expansão de um
império colonial, o que exige:

(...) homens fortes, empreendedores, que saibam tomar as suas


responsabilidades neste mundo da livre troca, do struggle for life, descoberto
por Darwin nesta época da história, e transformado em princípio pedagógico
por Spencer. São necessárias equipes de homens de ação solidários, prontos a
jogar com o espírito de iniciativa, segundo as regras do jogo capitalista. É
necessária uma educação apropriada, para formar, a exemplo do recordado
cidadão romano, o prestigioso cidadão britânico, (p. 173-174)

As Escolas Públicas, segundo Mclntosh (1973), produziram líderes em muitas


esferas da vida inglesa - na indústria, na política, no exército, nas empresas comerciais através
do mundo e na administração de um vasto e crescente império colonial. Para Van Dalen e
Bennet (1971) as Escolas Públicas enfatizaram a influência socializante dos jogos e seu uso
para promover liderança, lealdade, cooperação, auto-disciplina, iniciativa, tenacidade e
espírito esportivo - qualidades necessárias à administração do império britânico.

Contudo, foi apenas ao final do século XIX e início do século XX que o governo
inglês adotou uma política de apoio à Educação Física nas escolas mantidas pelo Estado. Após
o Ato de Educação de 1870, o Departamento de Educação efetivou acordo com o Gabinete
Militar para que sargentos ministrassem instrução em Educação Física nas escolas. E
curiosamente, o sistema imposto às escolas não foi o modelo esportivo das Escolas Públicas,
mas o sistema ginástico sueco de Per H. Ling, que fora in-troduildo na Inglaterra entre 1840 e
1850 por graduados do Instituto Central de ginástica da Suécia. Em 1904, o sistema sueco foi
adotado oficialmente nas escolas, o que gerou uma dualidade de sistemas na Educação Física
Inglesa; jogos organizados na Escola Pública e ginástica na escola primária, objetivando,
segundo During (1984), a formação de bons chefes de empreendimento e bons oficiais na
primeira, e através da disciplina e dos efeitos fisiológicos do exercício sistemático, bons
operários e soldados na segunda.

A partir do final do século XIX, o movimento esportivo inglês estava pronto para
ser exportado. Embaixadores, administradores coloniais, missionários, comerciantes,
marinheiros e colonos encarregaram-se de difundir o esporte inglês pelo mundo (Mclntosh,
1975). As primeiras associações esportivas nacionais de muitas modalidades surgiram na
Inglaterra, e somente depois em outros países (Mclntosh, 1975).

No princípio do século XX "o desporto estava em posição favorável para se tomar


um fenômeno de expansão mundial, um fenômeno internacional" (Mclntosh, 1975, p. 125).
Para Krawczyk, Jaworski e Ulatowski (1979) o esporte tomou da tradição helênica a idéia da
rivalidade entre indivíduos pela vitória em condições de competição com igualdade de
oportunidades, e este princípio "era absolutamente congruente com a ideologia do liberalismo
do século XIX" (p. 142).

Gradualmente, o esporte institucionalizou-se em quase todos os países do


mundo, e também os programas de Educação Física em todo o mundo passaram a aceitá-lo e
adotá-lo.

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Thomas Arnold (1795-1842), diretor do Colégio de Rugby, surge como líder de um


movimento denominado "cristianismo muscular", concebido em virtude de "um certo
desajustamento na juventude inglesa" (44, pág. 116). Educador imbuído de um elevado
espírito humanista, incorporou, no âmbito escolar, o esporte com uma conotação
verdadeiramente educativa, haja vista a importância que era dada ao fair-play.

Importante considerar que Arnold não foi, propriamente, um criador de jogos,


como o foram no campo da ginástica, Jahn, Ling e Amoros. Seu maior mérito foi a integração
dos esportes no quadro pedagógico da escola que dirigia. A iniciativa de Arnold foi seguida por
quase todas as escolas inglesas, apesar da resistência oferecida por vários setores:

"O clero não podia admitir que a força física tivesse um papel primordial na
educação moral. O médico julgava imprudente fazer trabalhar o organismo de
uma maneira tão intensa. O intelectual temia que o nível de estudos
experimentasse uma queda prejudicial ao país. A imprensa sustinha, com seu
poder, todas as críticas que se elevavam contra a iniciativa de Arnold" (30,
pág. 65).

A relevância dada ao esporte no campo da educação física ficou restrita à


Inglaterra, até a realização da I Lingíada, em 1939, quando as escolas passaram a sofrer
influências recíprocas.

É ainda digna de nota a atuação de Clías, também na Inglaterra, onde chegou em


1822, destacado para o treinamento de tropas militares. Dedicando-se à ginástica terapêutica,
marca o início da implantação de uma educação física sistemática inglesa.

Método de Educação Física Desportiva Generalizada


Os atuais princípios do Método de Educação física Desportiva Generalizada
foram estabelecidos no ano de 1945, na frança, através do Instituto Nacional de
Esportes. Para tal estabelecimento partiu-se da premissa que era necessário oferecer
uma educação integral, onde fossem educados os aspectos físicos do corpo, o espírito, o
caráter, a responsabilidade com conotação social. Também cabe ressaltar, que o fator
psicológico durante a realização dos exercícios físicos e das atividades desportivas propostas
deveria preponderar, fazendo com que os mesmos fossem realizados de uma forma prazerosa,
tanto por jovens, quanto por adultos.

Uma das principais bases do Método de Educação física Desportiva Generalizada é


o desporto e a sua prática por todos de forma indistinta.

Também cabe ressaltar que as atividades lúdicas (pequenos jogos) e sua prática
ao ar livre são utilizadas por esse método.

Na execução desse método pretende-se que o desporto seja um meio eficaz


para a aquisição de bons hábitos de higiene, desenvolvimento do espírito altruísta, busca do
aperfeiçoamento do sentido de grupo ou equipe e conseqüentemente do bem coletivo,
redução de manifestações egoístas e maniqueístas. Portanto, o desporto é, na visão dos
idealizadores desse método, uma poderosa ferramenta de formação de indivíduos.

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Dentre os principais objetivos a serem alcançados pelos indivíduos que fossem


educados pelo Método da Educação física Desportiva Generalizada, podemos destacar:

- Utilizar o desporto como meio para o desenvolvimento social do indivíduo,


proporcionando-lhe vivência coletiva com regras pré-estabelecidas.
- Proporcionar aos alunos uma clara noção da progressividade esportiva,
levando-se em consideração características como idade, sexo e limitações
fisiológicas.
- Possibilitar aos alunos a iniciação a técnica desportiva, através da
aprendizagem por repetição dos diversos movimentos desportivos.

Outra característica inerente a esse método é procurar oferecer a prática


esportiva a todos os indivíduos, valorizando a prática, em detrimento num primeiro
momento, ao rendimento desportivo. Nesse caso, a valorização da competição educativa, em
que todos são participantes e cooperam entre si, é mais importante que a vitória dos mais
aptos.

Na montagem de aulas desse método, devemos conhecer uma série de jogos e


desportos adaptados. Dessa forma, podemos classificar os exercícios e as atividades da
seguinte forma:

a) Exercícios Naturais e os jogos: relacionados basicamente pela execução de


movimentos simples (primários) e naturais e posteriormente a execução de
jogos (livres, parcialmente dirigidos ou totalmente dirigidos), que podem ser
com características cinestésicas, intelectuais ou com utilização da mímica.
b) Exercícios formativos: compostos por exercícios físicos clássicos, que buscam o
desenvolvimento harmonioso do organismo humano, tanto nos seus aspectos
físicos, quanto psicológicos.
c) Desportos Coletivos: indicados para complementação do processo de
socialização iniciada nos jogos anteriormente descritos. O fator de
sociabilização a ser desenvolvido pela prática do desporto desponta como item
principal a ser considerado.

Devido à utilização dos mais variados tipos de jogos e pela prática e treinamento
esportivo preconizados por esse método, devemos destacar que as formas de trabalho com o
grupo ou turma são muito importantes.

Dessa forma, sobre tais formas podemos destacar as seguintes:

a) forma de trabalho - Individual: considerada como forma que permite o


desenvolvimento da personalidade. Caracteriza-se pelo fato do aluno realizar a
atividade proposta sem ajuda, respeitando o seu próprio ritmo ou o ritmo
designado pelo professor.
b) forma de trabalho - Em pequenos grupos: tem por principal característica
a formação de grupos que não ultrapassem cinco indivíduos. É uma forma
bastante utilizada para o desenvolvimento do sentido de cooperação e auxílio
mútuo.
c) forma de trabalho - Em grandes grupos: normalmente utilizada após o uso
das duas formas anteriores, os grandes grupos podem ser concebidos de duas
maneiras distintas:

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- Relação direta entre os alunos: quando, por exemplo, os alunos são


posicionados em círculo, quadrado, triângulo e outras formas geométricas e as
ações desenvolvidas por todos são similares.
- Relação como adversários: normalmente utilizadas no trabalho com
modalidades esportivas, em que um grupo responde pela parte defensiva,
enquanto outro grupo desenvolve ações ofensivas. Este método é bastante
utilizado nas modalidades de quadra (futsal, handebol, voleibol e
basquetebol).

Os objetivos norteadores de aula neste método são o preparo moral e físico,


a iniciação desportiva e a busca pela performance física e esportiva.

SEÇÃO 3: A Inclusão das Ginásticas na Escola e nas


Escolas Brasileiras

Em meados do século XVIII, as Ginásticas foram inseridas no Brasil, visando a


preparação física dos soldados da Corte e, o primeiro sistema de Ginásticas a ser implantado
no país foi o alemão, na primeira metade do século XIX (Marinho, 1953). Meneghetti (2003)
registra que a introdução do Método Alemão no Brasil deve-se ao grande número de
imigrantes refugiados da guerra que se instalaram no país tendo como hábito essa prática. A
força do referido Método é tão ampla que, por volta de 1860, é consagrado como o método
oficial do exército brasileiro.

Em 1822, se dá a consolidação das Ginásticas na escola em que Rui Barbosa

deu seu parecer sobre o Projeto 224 — Reforma Leôncio de Carvalho,


Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública —, no qual
defendeu a inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos
professores de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse parecer, ele
destacou e explicitou sua idéia sobre a importância de se ter um corpo
saudável para sustentar a atividade intelectual (BRASIL, 1997, p. 19).

Com a reforma, “houve recomendação para que a Ginástica fosse obrigatória,


para ambos os sexos, e que fosse oferecida para as Escolas Normais” (DARIDO e SANCHEZ
NETO, 2005, p. 2). Contudo, Betti (1991) coloca que até a década de 30, as leis propostas pela
reforma, foram aderidas apenas pelas escolas da corte imperial e capital da República, e as
escolas militares.

Nessa mesma época a educação brasileira sofria uma forte influência do


movimento escola-novista, que evidenciou a importância da Educação Física no
desenvolvimento integral do ser humano.

Essa conjuntura possibilitou que profissionais da educação na III Conferência


Nacional de Educação, em 1929, discutissem os métodos, as práticas e os problemas relativos
ao ensino da Educação Física.

A Educação Física que se ensinava nesse período era baseada nos métodos
europeus — o sueco, o alemão e, posteriormente, o francês —, que se firmavam em princípios

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biológicos. Faziam parte de um movimento mais amplo, de natureza cultural, política e


científica, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira sistematização
científica da Educação Física no Ocidente.

Em 1920 passa a ganhar espaço na escola o Método Francês, bem como “vários
estados da federação começam a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação
Física, com o nome mais freqüente de Ginástica” (DARIDO e SANCHEZ NETO, 2005, p. 2). O
Método Francês passa a ser obrigatório nas escolas brasileiras até por volta de 1960, quando o
esporte começa a ser inserido em âmbito escolar, reforçado pelas vitórias da Seleção Brasileira
de Futebol em Copas do Mundo (DARIDO e SANCHEZ NETO, 2005). Também a nomenclatura
mais utilizada agora é a de Educação Física e as Ginásticas aos poucos vão deixando de ser ‘a’
Educação Física para se tornar um conteúdo ‘da’ Educação Física.

Do final do Estado Novo até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da


Educação de 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro. Nessa lei
ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. A
partir daí, o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física. O
processo de esportivização da Educação Física escolar iniciou com a introdução do Método
Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica
tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante
independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas.

Com a lei n° 5.692, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado: era
considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e físico do aluno.

Em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-


se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve
e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. A falta de
especificidade do decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das
atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série,
tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos
que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria. Nesse
período, o chamado “modelo piramidal” norteou as diretrizes políticas para a Educação Física:
a Educação Física escolar, a melhoria da aptidão física da população urbana e o
empreendimento da iniciativa privada na organização desportiva para a comunidade
comporiam o desporto de massa que se desenvolveria, tornando-se um desporto de elite, com
a seleção de indivíduos aptos para competir dentro e fora do país.

Os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil não se


tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou o número de
praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda crise de identidade nos
pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou uma mudança significativa
nas políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a
escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a priorizar o segmento de
primeira a quarta e também a pré-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento
psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.

A Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20 de dezembro de 1996, busca


transformar o caráter que a Educação Física assumiu nos últimos anos ao explicitar no art. 26,
§ 3º, que “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população

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escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Dessa forma, a Educação Física deve ser
exercida em toda a escolaridade de primeira a oitava séries, não somente de quinta a oitava
séries, como era anteriormente.

A redação desse artigo da LDB foi alterada duas vezes. Primeiramente, incluindo o
termo obrigatório, por meio da Lei n. 10.328, de 12 de dezembro de 2001, e em 1º de
dezembro de 2003, pela Lei n. 10.793, incorporando a seguinte redação:

§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente


curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:

- Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;


- Maior de trinta anos de idade;
- Que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar,
estiver obrigado à prática da educação física;
- Amparado pelo decreto-lei n. 1.044, de 21 de outubro de 1969;
- Que tenha prole.

Essa alteração da LDB merece reflexão, pois contém um avanço, mas também
comporta um retrocesso. Se, de um lado, avança, ao incluir a Educação Física em todos os
turnos de ensino da educação básica (eliminando, com isso, a discriminação de estudantes dos
cursos noturnos), de outro, retrocede ao prescrito na antiga LDB, ao se fundamentar no
pressuposto de que esse componente curricular é essencial apenas para os alunos e alunas
saudáveis, menores de 30 anos, sem filhos, que não trabalham.

Consideramos esse dispositivo legal já completamente ultrapassado e sem


fundamento. A Educação Física na escola constitui direito de todos, e não privilégio dos
considerados jovens, hábeis e produtivos.

Além da LDB de 1996, as Diretrizes Curriculares Nacionais, estabelecidas pelo


Conselho Nacional de Educação para a educação básica, atribuem à Educação Física valor igual
ao dos demais componentes curriculares, abandonando o entendimento de ser mera atividade
destituída de intencionalidade educativa (como na legislação de 1971), e passa a ser
considerada como área do conhecimento. A Educação Física deve, portanto, receber o mesmo
tratamento dispensado aos demais componentes curriculares como, por exemplo, ter horário
garantido na grade curricular do turno e não ser utilizada como “moeda de troca” na
negociação para que os alunos se comportem durante as outras aulas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também concebem a Educação


Física como componente curricular responsável por introduzir os indivíduos no universo da
cultura corporal que contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela
sociedade a respeito do corpo e do movimento “com finalidades de lazer, expressão de
sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e
manutenção da saúde”. (BRASIL, 1997, p. 27)

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A Formação para o Trabalho com as Ginásticas No


Brasil

A necessidade de se formar professores que trabalhassem com atividade física,


educação corporal surge com a Reforma Couto Ferraz, em 1851, e, três anos depois, com sua
regulamentação através da Lei nº. 630, que confere a obrigatoriedade das Ginásticas nas
escolas (DARIDO, 2003; PIRES, 2006).

Marinho (1943) relata que, as iniciativas de formação de professores para


ministrarem Ginásticas que avançaram no Brasil, como a criação da Escola de Educação Física
da Força Policial em 1909, restringiram-se à capacitação militar.

Melo (1996), aponta que em 1922, é fundado o Centro Militar de Educação Física
no Rio de Janeiro, que daria origem futuramente à Escola de Educação Física do Exército
(EsEFEx). A EsEFEx foi criada com a intenção de formar instrutores, monitores, mestre d’arma,
monitores de esgrima e médicos especializados para o exército. Seus cursos eram oferecidos
para militares e, eventualmente, civis podiam realizar o curso de monitor.

Muitas propostas quanto à criação de cursos surtiram durante as décadas de 20 e


30, no entanto Pires (2006) afirma que:

(...) o primeiro programa sistematizado de Educação Física no Brasil, foi


o curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, criado em
1931, mas que só começou a funcionar em 1934. Este curso tinha como
propósito a formação de dois profissionais distintos, quais sejam: Instrutor
de Ginástica e o Professor de Educação Física. (p. 182).

O autor descreve que os saberes do instrutor de ginástica deveriam abranger “o


estudo da vida humana em seu aspecto celular, anatômico, funcional, mecânico, preventivo,
estudo dos exercícios físicos da infância a idade madura, estudos dos exercícios motores,
lúdicos e agonísticos” (p. 182).

Em 1939, com a realização de revisão na proposta de formação profissional do


curso citado, passam agora a ser cinco formações quais sejam: instrutores de ginástica
(professores primários), instrutor de ginástica, professor de Educação Física, médico
especializado em Educação Física, técnico em massagem, técnico desportista. (PIRES, 2006)

É notório que as Ginásticas perfazem a formação dos profissionais e dos cursos


superiores, sendo inegável sua contribuição ao desenvolvimento do que hoje se concebe como
Educação Física seja na escola, seja na universidade.

No âmbito da educação básica, antes mesmo que houvesse profissionais


proferindo o ensino das Ginásticas, estas passam a fazer parte dos conteúdos a serem
desenvolvidos na escola. Dessa maneira, por meio das mais diversas indicações, alegadas por
diferentes objetivos, as Ginásticas passam para o espaço da educação formal, sendo incluídas
agora nos currículos educacionais.

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Considerações Finais do Capitulo

A partir dessa breve revisão literária, discorrendo alguns momentos históricos


referentes às Ginásticas e mostrando a importância do referido conhecimento, percebeu-se
que o conteúdo relativo à evolução desta prática é altamente rico. Fica evidente que as
Ginásticas encontraram caminhos para se dividir atualmente trazendo consigo todo o seu
conhecimento histórico. Portanto, é importante que, indiferente do espaço em que seja
abordada, mas especialmente na escola e na graduação, o seu contexto histórico seja
apresentado de forma singular, para que se possam identificar caminhos inovadores de
evolução.

A relevância do conhecimento histórico das Ginásticas na formação acadêmica é


particularmente essencial para e atuação do profissional de Educação Física, especialmente o
professor escolar. É dentro do espaço de atuação que estes profissionais podem disseminar o
referido conhecimento histórico e, aprimorá-lo de acordo com as vivências atuais das
Ginásticas. Partindo de um conhecimento histórico contextualizado de forma relevante, poder-
se-á contribuir de maneira mais eficaz na formação crítica e consciente do cidadão,
preservando bem como disseminando o patrimônio cultural das Ginásticas.

Acredita-se que ser um educador, seja na formação acadêmica seja na escola, é


mostrar aos alunos aquilo que vai além do presente, é voltar ao passado para se construir um
futuro. É apresentar o que foi e o que pode ser e, situar esses alunos dentro dessa edificação
que em muito depende deles.

A partir destas constatações, é possível citar Bloch (1965):

É tal a força de solidariedade das épocas que os laços de


inteligibilidade entre elas se tecem verdadeiramente nos dois sentidos. A
incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado.
Mas talvez não seja mais útil esforçarmo-nos por compreender o passado se
nada sabemos do presente (p. 42-43).

A gênese da ginástica, bem como algumas abordagens de sua natureza, são


essenciais para entender a importância da atividade física e dos exercícios para a saúde e a
qualidade de vida das pessoas.

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UNIDADE II: MÉTODOS GINÁSTICOS

Objetivos de Aprendizagem

- Conhecer os principais métodos para a prática de exercícios e atividades


físicas.
- Diferenciar os métodos, procurando adaptar os mesmos para os alunos de
diferentes origens.

O termo Método estabelece uma forma de organizar e empregar formas e


meios, com a finalidade principal de se atingir os objetivos propostos. Em nosso caso
específico, de métodos para aplicação de exercícios ginásticos, é condição fundamental
que sejam estabelecidos procedimentos de aplicação do método.

Os principais procedimentos são:

a) Organização: parte do princípio que para toda aplicação de um método, existe


um processo organizacional de conteúdos.
b) Explicação: embasado no fato de transmitir ao aluno de forma precisa e
progressiva, os conteúdos inerentes aos exercícios ginásticos a serem executados
durante uma aula ou sessão.
c) Demonstração: procedimento fundamental para nossas aulas de Ginástica, pois
certamente irá potencializar o procedimento anterior da Explicação. Este
procedimento é dividido nas seguintes etapas:

- Repetição: para que o movimento seja realizado com a técnica


correta mínima necessária.
- Correção: para que o movimento tenha grande eficiência e mínimo de
gasto energético.
- Progressão: para que o aluno venha a executar movimentos mais
complexos no decurso natural do tempo destinado às aulas.

Os métodos ginásticos podem ser entendidos como um primeiro esboço de


sistematização científica da atividade física, pois apresentam um conjunto sofisticado de
prescrições e justificativas desenvolvidas através do conhecimento científico do corpo e do
movimento.

Historicamente, a partir de propostas pedagógicas diversas, se desenvolveram


vários grandes métodos relacionados a uma sistematização científica das atividades
físicas no mundo ocidental.

Esses métodos foram fundamentados a partir de relações cotidianas,


divertimentos, festas culturais e espetáculos corporais, agregando ordem e disciplina.

Os mesmos apresentavam particularidades de seus países de origem, porém


acentuavam finalidades e semelhanças, tais como regenerar as populações, promover a
saúde, combater vícios gerais e posturais, bem como, acentuar a eficiência dos gestos
executados. Tinham como principais propostas, transformar, desenvolver nos indivíduos à
vontade, a coragem, a força e a energia de viver. (Soares, 2002).

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Em outro âmbito, a aplicação dos métodos de prática de exercícios físicos busca a


melhora da aptidão física, onde se pressupõe um estado hígido, que apresenta um elevado
grau de desenvolvimento de suas funções cardiovasculares e respiratórias,
complementado por uma adequada resistência muscular e mobilidade articular, tudo
dentro de um perfeito equilíbrio psicológico. (GRAFF, 2006).

Vários desses métodos possuem objetivos militares em sua essência e tiveram,


ao longo dos anos, uma série de adaptações para que pudessem ser aplicados no
âmbito escolar, focalizando, portanto, grupos diferentes.

Existem dois enfoques no que se refere a aptidão física: aptidão física


relacionada à saúde, que inclui elementos fundamentais para a vida ativa com menos
riscos de doenças hipocinéticas, e a aptidão física motora ou atlética, que deve incluir, além
dos fatores de aptidão física relacionada à saúde, os fatores de performance do grupo de
interesse (NAHAS, 2001).

SEÇÃO 1: Classificação da Ginástica

A idéia de classificar vem da necessidade de se ordenar e/ou organizar um


determinado ramo do conhecimento humano, face ao grande volume de informações que o
mesmo acumulou em virtude do tempo ou mesmo do grande número de estudiosos que
desenvolvem suas pesquisas.

Dessa forma, ocorre com a ginástica, pois é uma vertente do conhecimento


que remonta os milhares de anos, sendo normal, portanto, que existam muitos livros e
tratados deste assunto.

Lembre-se você que em termos anatômicos o corpo humano alterou-se muito


pouco no que tange a prática de exercícios, porém as alterações são bastante
consideráveis com relação à forma de executar os exercícios e principalmente aos recursos
disponíveis nos tempos atuais. Resumidamente, grandes mudanças na forma e pequenas
mudanças no conteúdo.

Existem inúmeras definições para a ginástica, porém, pode-se afirmar que a


mesma é uma ação repetitiva com o objetivo de melhorar a aptidão física e ou a aquisição
de uma habilidade (Pérez Gallardo, 2002).

Ginástica de Condicionamento Físico

É a ginástica indicada para manutenção da boa forma e do bom desempenho das


funções orgânicas. Praticada em academias ou na forma de atividade física livre, respeitando
uma freqüência, intensidade e duração adequadas.

Os benefícios da atividade física têm sido comprovados pela ciência moderna. No


entanto, não é só a prática de exercícios físicos que contribui para a boa saúde. As condições

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de vida de uma população ou de um indivíduo, com suas inúmeras variáveis, são


determinantes para seu estado de saúde. Deste modo, podemos afirmar que a ausência de
doenças, o saneamento básico, a habitação, o transporte, a qualidade da alimentação e os
hábitos pessoais são aspectos essenciais quando se trata de saúde.

A sociedade moderna tornou o homem um ser sedentário (não praticamente de


atividade física), gerando doenças orgânicas em vários níveis. Para minimizá-las, a prática de
atividade física permanente produz efeitos benéficos. Isto por que, quando impomos ao corpo
uma atividade acima da freqüência, intensidade e duração habitual, exigimos que ele produza
energia-indispensável ao movimento humano, com mais intensidade, forçando o sistema
circulatório e respiratório a trabalhar com maior velocidade, melhorando e aumentando sua
capacidade de trabalho no final de um determinado tempo.

Assim podemos usufruir dos benefícios que a atividade física produz no


organismo, tais como: melhor qualidade de vida, aumentando no volume de Oxigênio ( VO2 ),
modalidade de vida, neo-formação de Capilares, aumento no volume de capacidade pulmonar,
aumento no número e volume de mitocôndrias ), aumento na produção de ATP, liberação da
agressividade e ansiedade, aumento da auto-estima e auto-confiança, aumento na produção
de hormônios que proporciona bem-estar, bom humor e mais resistência a dor e ao cansaço,
aumento no número de amigos, maior segurança nas relações sociais, etc.

Com o avanço da ciência e da medicina esportiva, que comprovam os benefícios


da atividade física na manutenção da saúde física, mental e social, ampliou-se as alternativas
de atividade física para atender as necessidades e gostos dos que desejam e/ou precisam se
exercitar.

Dentre elas destacamos:

- Ginástica Calitênica
- Ginástica de Academia;
- Musculação;
- Ginástica Localizada;
- Hidroginástica;

Ginástica Geral (Gymnaestrada)

Atualmente essa nomenclatura serve para designar o que os alemães chamam de


GYMNAESTRADA, que seria uma ginástica de massa, que reúne ginástica e dança sem grandes
exigências técnicas e com fins de espetáculo. Entretanto para fins didáticos, consideramos a
ginástica geral, a união das ginásticas que englobam o conhecimento no âmbito escolar nos
níveis teórico/prático.

Ginástica Formativa

Englobam todas as modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a


manutenção da condição física do indivíduo normal e/ou atleta.

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“É aquela que auxilia o desenvolvimento corporal” (TEIXEIRA, 1997). Nela estão


incluídos os movimentos que desenvolvem a flexibilidade, a força, a velocidade, o equilíbrio, a
resistência, a agilidade e a coordenação.

Assim como, a consciência dos movimentos das partes do corpo. Desta forma, é
fundamental propor situações em que a criança possa explorar tudo que o cerca, deixando-a
agir, criar e descobrir de acordo com seus interesses, possibilitando a aquisição de valiosas
experiências motoras que lhes darão um melhor conhecimento do corpo e suas possibilidades
de movimento indispensáveis ao desenvolvimento da sua consciência corporal.

Tendo como objetivo a formação de uma personalidade ativa corporalmente e


participativa desde o início da escolaridade, estimula-se o desejo de realização constante de
atividades físicas. Assim, a ginástica formativa, contribui para um aluno conhecedor dos
valores positivos da atividade física, estimulando-o a adoção de um estilo de vida saudável,
incluindo à prática de exercícios físicos no seu dia a dia, desenvolvendo um estado de
satisfação pessoal e bem estar geral.

Ginástica Natural

Utiliza todas as habilidades específicas que fazem parte do repertório motor


humano e que permitem ao homem interagir com seu meio ambiente. Pode ser
desenvolvida na forma de atividades pré-esportivas, jogos e brincadeiras, oferecidas em
todas as possibilidades lúdicas e recreativas. É ideal para a aquisição de bases de experiências
motoras e a melhoria das condições físicas generalizadas.

Ginástica Competitiva

Tem sua origem na ginástica formativa, apresentando regulamentos específicos


com objetivos competitivos. Aparece na forma de festivais e eventos esportivos, sendo que
geralmente se organiza em federações.

SEÇÃO 2: Classificação Geral dos Exercícios Físicos

Por ocasião dessa seção, necessitamos diferenciar o conceito de exercício físico


em relação ao conceito de atividade física, podendo dessa forma citar que:

O que é exercício físico? O Exercício físico é uma atividade realizada com


repetições sistemáticas de movimentos orientados, com conseqüente aumento no consumo
de oxigênio devido à solicitação muscular, gerando, portanto, trabalho (BARROS NETO, 1999).

O que é atividade física ? A atividade física é definida como um conjunto de


ações que um indivíduo ou grupo de pessoas pratica, envolvendo gasto de energia e
alterações do organismo, por meio de exercícios que envolvam movimentos corporais,

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com aplicação de uma ou mais aptidões físicas, além de atividades mental e social, de
modo que terá como resultados os benefícios à saúde (MARCELLO MONTTI, 2005).

A partir dos conceitos acima, percebe-se que a atividade física indica um conceito
mais amplo, enquanto que o exercício físico demonstra ser algo mais restrito.

Os processos de classificação dos exercícios físicos vão ajudar você a


compreender, de forma bastante clara, os diversos tipos de exercícios físicos que podemos
desenvolver para o corpo humano. Perceba você que na seção anterior (Divisão da
Ginástica) estão permeados conhecimentos com da seção atual. Este fato é bastante
interessante, pois permite a você acadêmico, contrapor conhecimentos de autores diversos.

Veja algumas formas mais utilizadas:

a) Segundo a Forma de Execução:

Neste item abordamos alguns meios possíveis de se dividir os exercícios físicos


quanto a sua forma de execução, ou seja:

1) Exercícios Naturais: repare você que a palavra cotidiano caracteriza esses


exercícios, pois são aqueles utilizados para manutenção e desenvolvimento das
necessidades primárias do ser humano. Vamos, dentre vários, destacar o
andar, o correr, o lançar, o arremessar, o saltar, o quadrupedar, o escalar, o
rastejar, o rolar, o saltitar e outros. Modernamente, o andar e o correr são
exemplos de atividades físicas que se tornaram um hábito de muitos indivíduos.

2) Exercícios Rítmicos: Utiliza basicamente os exercícios naturais para o


desenvolvimento das qualidades físicas em conjunto com a criatividade e a
expressão corporal através de músicas, palmas, sons instrumentais e ordens
de comando. Atualmente, as academias oferecem ao público um sem número
de atividades com exercícios rítmicos que muitas vezes se diferenciam entre si
na freqüência rítmica utilizada e no caráter comercial de cada um de seus
criadores.

3) Exercícios Formativos: Destinados especificamente ao desenvolvimento


e/ou manutenção de qualidades físicas inerentes ao ser humano como a
força, flexibilidade, resistência, velocidade e coordenação.

4) Exercícios Laborais: Geralmente realizados em algumas situações especiais,


os exercícios laborais se prestam a amenizar problemas adquiridos (no trabalho)
ou congênitos, atualmente, encontram-se bastante difundidos em países
industrializados e são sub-divididos em:

- Exercícios de Compensação - Na sua realização visam corrigir assimetrias


musculares causadas por situações de excessivas cargas de trabalho em
determinados grupos musculares. A realização de exercícios físicos que
venham a atingir musculaturas agonistas e antagonistas é a característica
principal de tais exercícios.
- Exercícios Corretivos - São aplicados após um diagnóstico médico do
problema. Normalmente estão relacionados com problemas posturais, maus

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hábitos ou retorno das funções ósteo-musculares normais de segmentos


corporais.
- Exercícios de Manutenção - São estabelecidos a partir de um padrão
estipulado que o indivíduo julga como sendo o ideal para o seu organismo,
levando em consideração fatores como a idade, o meio social, o cotidiano
e outros. Os exercícios de manutenção possuem como finalidade principal a
estabilização das qualidades físicas adquiridas através da prática de
atividade física.

A classificação apresentada anteriormente não deve ser utilizada apenas de


forma individualizada, ou seja, pode-se prescrever por exemplo um exercício físico que seja
formativo e tenha caráter rítmico e vice-versa.

b) Segundo o Esforço

Esta classificação é bastante subjetiva, pois está diretamente relacionada com


a condição física e anamnese atlético-desportiva do praticante. Os exercícios físicos são
divididos em:

1) Exercícios Fracos: são aqueles que o dispêndio de energia para sua realização é
pequeno. Normalmente são utilizados no início de uma sessão ou aula ou ainda
por indivíduos em início de treinamento, com idade avançada ou em
recuperação de doenças ou cirurgias.
2) Exercícios Médios: são aqueles que consomem razoável quantidade de
energia para sua realização e executados por pessoas com relativa condição física.
3) Exercícios Fortes: são aqueles que para sua realização requerem grandes
quantidades de energia e somente devem ser executados por indivíduos em
plena condição atlética.

c)Segundo a Ação

Na classificação por ação, nos interessa vislumbrar a região do corpo humano que
o exercício irá atuar com maior intensidade. Para tanto, os mesmos são classificados da
seguinte maneira:

1) Generalizados ou Sintéticos: relacionado com as grandes funções do


organismo, geralmente são exercícios naturais e principalmente destinados a
melhoria da capacidade aeróbica.
2) Localizados ou Analíticos: denominação utilizada para os exercícios físicos
que atingem apenas algumas cadeias cinéticas (grupo de ossos, músculos e
articulações) do corpo humano.

RESUMO

Os exercícios físicos podem ser classificados segundo uma série de itens e


também de acordo com uma série de autores. Dessa forma, podemos por ocasião de
prescrevermos exercícios físicos e aplicarmos em nossas turmas de alunos, podermos
indicar aqueles exercícios mais condizentes com o estado físico geral dos nossos alunos.
Procedimentos interessantes podem ser utilizados por ocasião da realização dos exercícios
físicos, tais como a utilização do peso do próprio corpo ou de companheiros por ocasião

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de exercícios de elevação de cargas ou ainda a utilização de ritmos variados (música, palmas


ou sons de apitos) quando desejarmos a execução de exercícios rítmicos.

Um campo de trabalho para profissionais de educação física são os exercícios


laborais ou ainda a ginástica laboral, que preconiza a execução de movimentos simples e por
pequeno intervalo de tempo, durante o próprio expediente de trabalho, com função de
prevenção de lesões, alongamento muscular e melhora da circulação sanguínea.

Atividades
1. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios naturais e que possam ser
executados em grupos de três indivíduos.
2. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios que possam ser desenvolvidos
dentro de um escritório, mantendo os indivíduos sentados em suas cadeiras.
3. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios que possam ser enquadrados
como exercícios de compensação para profissionais que trabalhem por muito tempo
sentados.
4. Pesquise e descreva cinco exercícios que possam atuar nos grupos musculares glúteos e
que possam ser executados sem a utilização de aparelhos ou equipamentos especiais.
5. Pesquise e descreva cinco exercícios que possam atuar nos grupos musculares da parte
interna das coxas e nos grupos musculares do pescoço.

SEÇÃO 1: Ginástica de Condicionamento Físico

Englobam todas as modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a


manutenção da aptidão física do indivíduo normal e/ou atleta.

A aptidão física ou condição física é formada principalmente, pelos seguintes


componentes: resistência aeróbica, resistência muscular localizada, força muscular,
flexibilidade e composição corporal, logo para um indivíduo possuir uma boa condição física é
necessário, que os seus componentes sejam desenvolvidos harmoniosamente. Não basta
apenas desenvolver um ou dois parâmetros e sim todos de forma equilibrada. Para que isso
ocorra, é fundamental que se utilize vários meios e métodos de treinamento, pois não existe
um método que desenvolva todos esses parâmetros de forma eficiente, porque cada método
possui no seu desenvolvimento qualidades físicas principal e secundária.

Tendo a ginástica de condicionamento como objetivo básico a obtenção da


condição física nos seus participantes, tornar-se-á necessário um planejamento adequado para
atingir-se os objetivos traçados. Dentro desta visão o professor não deve utilizar somente a
ginástica localizada ou a ginástica de flexionamento, ou a aeróbica nem tão pouco a
musculação como um fim em si mesmo, pois estes métodos isolados não desenvolvem a
condição física eficientemente, somente com a junção destes é que poderemos desenvolvê-la.

Por isso apresentaremos uma proposta que estruturar e organizar a ginástica de


academia como meio de proporcionar a condição física, através de seus meios e métodos de
treinamento.

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Ginástica Calistênica

É por assim dizer, o verdadeiro marco


do desenvolvimento da ginástica moderna com
fundamentos específicos e abrangentes destinada
aos obesos, as crianças, os sedentários, os idosos e
também às mulheres.

Calistenia, segundo Marinho (1980)


citado por Marcelo Costa, tem origem grega e
significa kallós - belo, sthenos - força + o sufixo ia.
Significa cheio de vigor, força, buscar pela
exercitação a harmonia do corpo.

Origem
Calistenia é um sistema de ginástica que encontra as suas origens na ginástica
sueca e que apresenta, como características, a predominância de formas analíticas, a divisão
dos exercícios em oito grupos, a associação da música ao ritmo dos movimentos, a
predominância dos movimentos sobre as posições dos exercícios à mão livre e com pequenos
aparelhos (halteres, bastões, maças, etc.).

É um sistema que sofre forte influencia das contribuições da área médica que
valorizava as técnicas de construção e exercitação das atividades, ritmadas, que abrangiam
todas as partes do corpo humano e, cujas exercitações eram bem lineares. Era obedecida a
curva do esforço fisiológico e os exercícios eram progressivos.

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Precursores
Christian Carl André (1763-1831)

Segundo Marinho (1980) Christian Carl André foi quem, pois


em prática a Calistenia na escola de Salzman em 1785, para uso em dias que
as condições climáticas não permitiam atividades ao ar livre.

Catharine Beecher (1800-1878)

Em 1828 Catherine E. Beecher fundou o "Hartford Female


Seminary" em Connectticut. A escola logo se converteu na mais
famosa instituição feminina de educação superior para mulheres nos
Estados Unidos e sua fundadora a principal líder no movimento de
educação feminina.

A idéia de Miss Beecher era de que a educação física e a


moral tinham igual importância que a intelectual. Foi a primeira a
ensinar ciências domésticas e a escrever um livro sobre o assunto. Em
1832 abriu nova escola em Cincinnatti, Ohio. Nestas duas escolas desenvolveu um sistema de
calistenia para meninas. Os exercícios consistiam em simples movimentos acompanhados de
música. Quando o interesse pela educação física em geral voltou, Miss Beecher, escreveu seu
livro "Psicologia e Calistenia", onde aconselhava o uso destas duas matérias na escola.

As escolas eram fundadas, como por exemplo, em 1828 o Hartford Female


Seminary em Connectticut, com uma forte influência da concepção de seus fundadores. Nesta
escola sua fundadora Miss Catherine E. Beecher assegurou que a "Calistenia" fosse
considerada uma "matéria de ensino".

Phokion Heinrich Clias (1782-1854)

Em 1929, o suiço Phoktion Heinrich Clias, professor de


ginástica publicou o livro “Kalisthenia: exercise for beauty and
strength” (Calistenia: Exercícios para beleza e força), onde
apresentou um método que misturava idéias próprias compostas
pelos pensamentos de Pestalozzi e a ginástica de Guts Muths,
propondo exercícios ritmados e sem aparelhos manuais. Um dos
pontos fortes deste método era o sentido de exercícios ritmados,
criando assim o método calistênico.

Dioclesian Lewis (1823-1886)

O Dr. Lewis era professor, doutor em medicina, editor da


"Homopalhist", membro da "Sons of Temperance". Propôs-se dedicar
seu trabalho ao melhoramento físico dos americanos por meio de um
novo sistema de ginástica. Não se referia aos fortes e saudáveis jovens
que se dedicavam ao baseball ou a outros jogos atléticos. Seu sistema

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era dedicado ao "homem gordo, ao homem fraco ou enfermiço, aos jovens e às mulheres de
todas as idades – as classes que mais necessitavam de treinamento físico".

Lewis defendia:
- Os exercícios devem desenvolver a flexibilidade, graça e agilidade e melhorar a
saúde geral.
- Os exercícios deveriam ser acompanhados por musica ou tambor p/ marcar o
ritmo.
- Participação de homens e mulheres na mesma aula, acrescentando a
sociabilidade ao prazer da aula.

Lewis combatia:
- A idéia de que uma grande força era a essência do bem-estar e de que a
ginástica era exclusivamente para ginastas;
- A idéia de que o jogo livre e sem supervisão das crianças era suficiente para
desenvolver convenientemente as formas do corpo.
- Os métodos militares, pois só desenvolviam superior de tronco e conduziam a
posições forçadas e que os esportes atléticos não proporcionavam harmonia
muscular;

Lewis opinava:
- Desportos atléticos desenvolviam o corpo desarmonicamente

A Nova Ginástica de Lewis representava uma combinação de exercícios livres com


a calistenia, incluindo exercícios com materiais do tipo halteres, bastões, bolas, como também
passos de dança.

As ACM nos EUA, por intermédio de Wood e Roberts adotou para seu programa
de Educação física a Nova Ginástica de Lewis, que se popularizou no mundo inteiro levada
pelos secretários e diretores de Educação física graduados nas escolas de Springfield e Chicago
Propostas Metodológicas de Skarstron

Dr. William Skarstron, americano de origem sueca, investigador da Educação


física, baseando-se nos princípios Suecos e Dinamarqueses e em suas próprias investigações,
aderiu a Calistenia e resolveu sistematizá-la apresentando o seu Plano Skartron

Skarstron deu uma nova definição para a calistenia => “ Uma combinação de
exercícios simples com arte, musica e beleza, com a finalidade de exercitar todo o corpo,
desenvolvendo graça na mulher e elegância no homem”.

Dividiu o corpo em três unidades fundamentais – braços, pernas e tronco – onde


os exercícios poderiam ser executados de forma independente ou combinados.

Apresentava ainda os seguintes objetivos a valores para a calistenia:


- Fim higiênico
- Fim educacional
- Aspecto recreativo
- Adaptação ao meio ambiente e ás condições existentes. (Marinho. 1980)

Skarstron dividiu seu plano em 8 grupos.


- Braços e pernas

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- Região póstero-superior de tronco


- Região postero-inferior de tronco
- Região lateral do tronco
- Equilíbrio
- Região abdominal
- Gerais de ombros e espáduas saltos e corridas (sufocantes)

Imediatamente a Calistenia foi lançada na América do Sul e firmando-se no Brasil


através da ACM que se instala aqui em 1893 no Rio de Janeiro (Marinho,1981). A abertura de
varias Academias trouxe de Clubes e da ACM, professores de ginástica que especificamente
trabalhavam com o sexo masculino e que tinham no método calistênico a base de seu
trabalho, assim através destes professores as Academias implantaram o método calistênico,
passando a ter uma nova tendência metodológica para a ginástica.

Nos anos 60 começou a ser implantada nas poucas academias pelos professores
da ACM ganhando cada vez mais adeptos nos anos 70 sempre com inovações calcadas na
ciência. Este sistema causava muita desmotivação principalmente nas crianças e jovens que
não gostavam de "DAR 10 VOLTAS NA QUADRA". É da incompreensão do sistema calistenico
que vem muita orientação pedagógica equivocada nas aulas de educação física que
desmotivam as pessoas. FALTA DE RIGOROSIDADE NOS ESTUDOS.

Nos anos 80 a ginástica aeróbica invadiu as academias do Rio de Janeiro e São


Paulo. Como na Educação Física sempre há evolução também em função dos erros e acertos,
surge então, ainda no final dos anos 80 a ginástica localizada desenvolvida com fundamentos
teóricos da musculação e o que ficou de bom da Calistenia. A ginástica aeróbica de alto
impacto causou muitos microtraumatismos por causa dos saltitos em ritmos musicais quase
alucinantes. A musculação surgiu com uma roupagem nova ainda nos anos 70 para apagar o
preconceito que algumas pessoas tinham com relação ao Halterofilismo.

Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginástica localizada passa por uma fase ruim
com alguns professores ministrando aleatoriamente, aulas sem fundamentos específicos com
repetições exageradas, fato que a ciência já reprovou, principalmente se o público alvo for o
cidadão comum.

Características
- A calistenia representa uma série de exercícios localizados divididos em oito
grupos, associando musica ao ritmo dos movimentos, com fins corretivos,
fisiológicos e pedagógicos;
- É por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento da ginástica
moderna com fundamentos específicos e abrangentes destinada à população
mais necessitada: os obesos, as crianças, os sedentários, os idosos e também
às mulheres.
- Dada à sua mobilidade e simplicidade, adapta-se a qualquer tipo humano,
podendo ser considerada como uma ginástica eclética.
- Predominância dos movimentos sobre as posições, dos exercícios à mão livre
e com pequenos aparelhos (halteres, bastões, maças, etc.);
- É um sistema que sofre forte influencia das contribuições da área médica que
obedecida a curva do esforço fisiológico e os exercícios eram progressivos.

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- Os exercícios calistênicos afetam principalmente as grandes massas


musculares que colaboram na manutenção ereta do tronco e facilitam as
atividades dos órgãos vegetativos, base importante da saúde, enquanto o
corpo adquire uma atitude esbelta e natural.

Finalidades
A Calistenia preconizava dois objetivos principais:
- Higiênicos=> representados pelo aperfeiçoamento do físico e saúde através do
aumento da flexibilidade muscular, mobilidade articular, correção da postura e
resistência orgânica à fadiga.
- Educativos=> visa a coordenação neuromuscular e uma melhor eficiência
mecânica

Vantagens
- Facilidade de sua prática, pois a mesma não necessita de materiais de alto
custo e complexos ou ainda locais específicos.
- De todos os tipos de ginástica, a Calistênica é a que mais facilmente se adapta
a musica, havendo nela lugar para quase todos os compassos e ritmos.
- Pode ser aplicada a um grande grupo de pessoas ao mesmo tempo;
- Grande desenvolvimento muscular localizado dos participantes;

Desvantagens
- Movimentos muito "analíticos e mecânicos";
- Grande intensidade e impacto nas grandes articulações dos membros
inferiores com as corridas;
- Rigidez na voz de comandos e de ordem;

Montagem da Sessão de Treinamento


É composta das seguintes partes: Sessão Preparatória, Sessão Propriamente Dita,
Volta à Calma.

Sessão Preparatória

A Sessão Preparatória terá sempre o seguinte esquema:


- Exercícios de correção de postura 3 minutos
- Exercícios de aquecimento 2 minutos
- Exercícios de efeitos localizados (analíticos) 13 ou 18 minutos
- Exercícios de efeitos gerais (sintéticos) 1 minuto e 30 segundos
- Exercícios para a caixa torácica 30 segundos
- Tempo total 20 ou 25 minutos

A Sessão Propriamente Dita

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Será de 20 minutos, quando se tratar de uma atividade de fundo desportivo e será


de 15 minutos, no caso da atividade de fundo ginástico.

Das Atividades de Fundo Desportivo

As atividades de fundo desportivo a serem praticados são as seguintes:


- Pequenos jogos (quando reunidos em sessões, para efeito de recreação);
- Jogos militares;
- Corridas através campo, fora do quadro de atletismo;
- Natação utilitária, fora do quadro dos desportos aquáticos;
- Ataque e defesa (box coletivo, lutas, etc.);
- Pista de obstáculos (Do Pentatlo Militar Internacional);
- Desportos individuais e coletivos. Os desportos individuais e coletivos embora
sejam classificados como atividades de fundo desportivo, devem ser
praticados fora das horas destinadas à educação física, salvo quando houver
campos e instalações suficientes para ateneu- à totalidade ou grande parte
dos homens da Unidade

Das Atividades de Fundo Ginástico

Estas atividades compreendem a prática das seguintes ginásticas especializadas;

- Ginástica com toros de madeira (trabalho individual);


- Ginástica com toros de madeira (trabalho coletivo);
- Ginástica com pesos alçados (até 7 quilos);
- Ginástica em espaldares;
- Ginástica em bancos suecos;
- Ginástica em escadas;
o Cavalo
o Barra fixa
o Paralela
o Argola
- Ginástica clássica de aparelhos;
- Saltos com e sem trampolim: livres e sobre plinto, carneiro e cavalo (este com
e sem alça), etc;
- Exercícios ginásticos recreativos (lagarta, etc);
- Pirâmides simples (dois a dois) e coletivas com ou sem aparelhos.

Volta à Calma

Esta parte da sessão constará do seguinte: movimentos respiratórios, marcha com


canto ou assobio e exercícios de ordem unida.

Exercícios
1. O que é a CALISTENIA?
2. O que valorizava o sistema da exercitação Calistênica?
4. Como iniciava e culminava (terminava) as sessões de Calistenia?
5. A exercitação da Calistenia incidiam fortemente em que sistema do corpo humano? Porquê?
6. A Calistenia causou o que nos últimos anos nas escolas brasileiras?
7. O que significa a palavra CALISTENIA?

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Ginástica Aeróbica

É um tipo de treinamento aeróbico que utiliza grande variedade de movimentos


dos membros inferiores e superiores repetidos, provocando, constantemente, uma sobrecarga
no sistema cardiovascular. Isso aumenta a necessidade de absorção de oxigênio, realizando
uma espécie de treinamento ao coração, os pulmões e o sistema cardiovascular, que irá
proporcionar o transporte desse oxigênio mais rápido e eficaz a todas as partes do corpo
(AFAA - Aerobic and Fitnes Association of America).

Origem
No final dos anos 60, o Dr. Kenneth Cooper desenvolveu, junto à Força Aérea
Americana, uma avaliação para medir a condição cardiovascular dos militares, conhecido como
teste dos 12 minutos. O teste correspondia à distância percorrida correndo ou caminhando
nesse espaço de tempo.

No início da década de 70, Jack Sonensen desenvolveu um programa denominado


"aerobic dancing”, já preocupado com as divisões da aula: flexibilidade, aquecimento, rotinas
de dança aeróbica e esfriamento.

A parte principal da aula compreendia pequenas coreografias com música,


utilizando passos simples, que duravam cerca de 15 a 30 minutos, enfatizando a continuidade.
Porém, a proposta apresentada com maior fundamentação fisiológica e pedagógica foi
desenvolvida pela Dra. Phillys C. Jacobson, denominado "Hookes on Aerobics”.

Na década de 80, houve um incremento significativo de programas de ginástica


aeróbica e a sua implantação em clubes, academias e centros esportivos. No final da década
de 80 a ginástica aeróbica se transformou em um esporte competitivo de alto nível.

A ginástica aeróbica de competição caracteriza-se por ser uma atividade intensa,


alegre, com movimentos e expressões corporais diversificados e bem marcados, com um
acompanhamento rítmico e musical. Os atletas precisam demonstrar muito dinamismo, força,
flexibilidade, coordenação e ritmo sincronizados com o acompanhamento musical. Seus
eventos são divididos em cinco: individual feminino e masculino, pares mistos, trios e grupos
de seis.

Em 1994, a FIG (Federação Internacional de Ginástica) decidiu organizar os


campeonatos mundiais de Ginástica Aeróbica Esportiva e estruturar o esporte de acordo com
as outras modalidades da ginástica. O primeiro Campeonato Mundial oficial foi realizado em
1995 em Paris e contou com a participação de 34 países.

O Brasil é, segundo a FIG, o país com o maior número de participantes – há aqui


mais de 500 mil pessoas envolvidas com a ginástica aeróbica. Outros países de alto nível no
esporte são: Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália,
Espanha e Romênia.

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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA 2012
DELGADO

A ginástica aeróbica é uma atividade física realizada em grupo e tem um ritmo


determinado pela música escolhida pelo professor.

Os passos básicos da ginástica aeróbica são usados na construção das coreografias


e rotinas que são responsáveis pela manutenção da intensidade do exercício.

Ginástica Aeróbica Tradicional (G.A.T)


É uma atividade física realizada em grupo, que tem o seu ritmo determinado pela
música escolhida pelo professor, com o principal objetivo de desenvolver a capacidade
aeróbica do indivíduo.

A Ginástica aeróbica, em sentido amplo, é uma combinação de ginástica clássica


com dança. Em sentido estrito, chama-se ginástica aeróbica as atividades físicas caracterizadas
por movimentos rítmicos e intensos com elevado gasto calórico e de impacto sobre as
articulações, movimentos estes causadores de esforço físico que pode ser suprido pela
oxigenação normal da respiração, quase sempre acompanhados de música, e que produzem
um aumento metabólico e uso de substratos benéficos ao organismo.

Chamada de Ginástica Aeróbica (com variações como cardiofunk, aerobahia,


aeroaxé, aerofunk, aerodance, aerolambada, etc.) ou popularmente de "aeróbica", enquadra-
se nos conjuntos dos exercícios chamados aeróbicos, que buscam a melhoria das condições
cardiorespiratórias e circulatórias. A manutenção destas condições em níveis compatíveis com
os considerados adequados é fator determinante de uma menor possibilidade de acidentes
vasculares ou qualquer tipo de moléstia do coração, provenientes da inatividade por nós
chamada de sedentarismo.

Características da Ginástica Aeróbica


A ginástica aeróbica se caracteriza pela pratica intensa, contínua e ritmada de
exercícios físicos, aumentado o ritmo da respiração e dos batimentos cardíacos do praticante
por um período.

Os exercícios da ginástica aeróbica têm longa duração e a intensidade é moderada


ou forte. Também são considerados como exercícios aeróbicos as práticas esportivas de andar
de bicicleta, remar, correr e caminhar, desde que praticados com regularidade.

Finalidades
Tem como finalidades melhorar a habilidade do sistema cardiovascular liberando
mais oxigênio e melhorando a capacidade aeróbica de endurance nos músculos durante os
exercícios. É dito que os exercícios aeróbicos equilibram a pressão arterial, diminuem o % de
gordura e diminuem o risco de ataques cardíacos nos indivíduos.

A ginástica aeróbica PODE TAMBÉM TER COMO FINALIDADES desenvolver as


seguintes qualidades físicas:

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- Resistência aeróbica (principal)


- Resistência muscular localizada
- Coordenação
- Ritmo
- Agilidade
- Equilíbrio
- Força muscular (secundária)

Benefícios
Fisiológicos:
- Prevenção de doenças do coração;
- Prevenção de doenças pulmonares;
- Melhoria das capacidades físicas;
- Redução do percentual de gordura;
- Melhoria do bem estar geral.
Motores:
- Melhorar as capacidades motoras;
- Aprendizagem de novas habilidades motoras específicas;
- Harmonização dos movimentos corporais;
- Prevenção de problemas e vícios da postura.
Psicológicos:
- Resgatar o auto-conceito positivo;
- Incorporar novos valores pessoais;
- Adquirir novos hábitos e estilo de vida;
- Combater o estresse;
- Aprender a motivar-se por meio do movimento, dentre outros.

Geralmente são exercícios em que não há exaustão por acúmulo excessivo de


ácido láctico, onde o consumo de oxigênio pelo músculo é proporcional a este; temos como
exemplo de exercícios aeróbicos a caminhada, a natação, o cooper e a ginástica aeróbica
propriamente dita.

Vantagens
- Diminui o percentual de gordura no corpo;
- Aumenta a percepção e o reflexo;
- Ajuda a melhorar e prevenir problemas no sistema cardiovascular e
cardiorrespiratório;
- Auxilia no bem-estar;
- Aumenta a auto-estima;
- Contribui para o aumento da coordenação motora e agilidade;
- Estimula a convivência em grupo;
- Alivia o estresse.

Desvantagens
- A ginástica aeróbica não é indicada para indivíduos com problema na coluna.
- Pode sobrecarregar as articulações dos membros inferiores, coluna lombar,
joelhos, cotovelos e ombros.

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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA 2012
DELGADO

Componentes de Carga do Exercício Aeróbio


Existem três aspectos importantes que devem ser monitorados, para que se
obtenham melhores benefícios e segurança nas aulas:

- Freqüência: deve ser praticado de 3 a 5 vezes por semana;


- Intensidade: deve ser monitorada a FC a fim de se evitar o estresse Zona Alvo
de acordo com os Níveis de Treinamento: 60% FCM sedentários, 70% FCM
intermediário, 85% FCM avançado.
- Duração: deve ser de no mínimo 20 min e máximo 60 min por aula- só devem
ultrapassar este tempo indivíduos treinados a fim de se evitar o "overuse".

Intensidade

A quantidade da intensidade do esforço constitui um dos aspectos mais


importantes a serem controlados durante uma sessão de atividade aeróbica. Entre as variáveis
que traduzem a intensidade do esforço, destacamos a freqüência cardíaca, o índice de esforço
percebido e os níveis de lactato sanguíneo.

Dependendo do tipo de atividade podemos classificar a intensidade em dois


grupos:

- Intensidade constante: caminhada, escalada, "jogging", corrida, step, bicicleta


ergométrica, ciclismo, remo, skate, roller blading, ski.
- Intensidade inconstante: tênis, squash, handebol, futebol, basquete e outros
anaeróbicos.

Formas de obtenção da intensidade de trabalho

Como é difícil a determinação da intensidade através do VO2 máx. e lactato na


academia, utilizaremos a freqüência cardíaca como forma de aferição da mesma, pois existe
uma correlação direta entre o VO2 máx. freqüência cardíaca e carga de trabalho. Segundo
McARDLE-1985, o erro na medição da intensidade através da freqüência cardíaca em relação
ao VO2 máx. ou vice-versa é de +-8%.

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1° Passo: Determinação da Freqüência Cardíaca Basal (FCB)

É o numero de batimentos cardíacos aferidos durante três dias, ao se acordar e


antes de realizar qualquer movimento brusco. Devem-se somar os três valores obtidos e dividir
o total por três, calculando a média aritmética simples.

FCB = (FCB1+FCB2+FCB3)/3

Devido a grande dificuldade da tomada da freqüência cardíaca basal, muitos


autores aceitam a utilização da FC de repouso, tomada com o indivíduo deitado, por mais ou
menos cinco minutos.

2° Passo: Estimar a Freqüência Cardíaca Máxima

Existem várias fórmulas disponíveis para o cálculo da FCM, todas levam em


consideração o fator idade. Entretanto, algumas levam em consideração o grau de
condicionamento do indivíduo, visto que a FCM pode sofrer uma modificação segundo o nível
de capacidade física, treinando ou destreinado.

Entre as equações mais utilizadas encontram-se a de KARVONEN (1957), JONES


(1975) e SHEFFIELD (1965), sendo que a deste último é a adotada pelo Colégio Americano de
Medicina do Esporte.
Tabela 1 Fórmulas para Cálculo da Freqüência Cardíaca Máxima (FCM)
Autores Fórmulas
KARVONEN FCM = 220- IDADE
Homens FCM = 210-(0,65x IDADE)
JONES1
Mulheres FCM = 205-(0,5x IDADE)
Destreinado FCM = 205-(0,41x IDADE)
SHEFFIELD
Treinado FCM = 198-(0,41 x IDADE)

Veja na tabela abaixo os valores de regressão da Freqüência Cardíaca máxima


referente a idade de KARVONEN, JONES e SHEFFIELD, usando estudos feitos com exercícios
dinâmicos e progressivos.

1
Citação encontrada em DANTAS 1998, 140

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DELGADO

Tabela 2 Valores da Freqüência Cardíaca Máxima Referente à idade apresentados por


KARVONEN, JONES E SHEFFIELD

3° Passo: determinação do nível de condicionamento físico (Protocolo de RUFFIER)

RUFFIER (apud ROCHA, 1978, p.87), elaborou um protocolo de avaliação da


capacidade aeróbica, que consiste em realizar um exercício físico com bastante vigor para
elevar o seu pulso entre 70 a 90% de sua FCMáx. Neste ponto realizar a aferição do pulso,
espera exatamente 60 segundos e em seguida, aferir novamente a pulsação. O resultado seria
determinado pela subtração entre o pulso de exercício pelo de recuperação após um minuto.
Sendo classificado de acordo com a tabela abaixo:
Tabela 3 Classificação da freqüência cardíaca de recuperação
Classificação FCR = FC logo após exercício- FC1’ após o exercício
Excelente 60 >
Boa 40-50
Regular 20-30
Fraca >10

4° Passo: Determinar a Zona Sensível do Treinamento.

A intensidade relativa de um exercício costuma ser especificada na forma de


algum percentual da função máxima como o percentual da FCM ou VO2Máx. De acordo com
DANTAS (op. cit, 135) o princípio da adaptação ensina que há um limiar mínimo, para que um
exercício produza efeito de treinamento, bem como um limite máximo que se for
ultrapassado, causará danos irreversíveis ou mesmo permanentes ao organismo.

De acordo com McARDLE (op.cit., 282) como regra geral, a capacidade aeróbica
melhora se o exercício for de intensidade suficiente para aumentar a freqüência cardíaca até
aproximadamente 70% do máximo.

Quando um indivíduo encontra-se em um nível de capacidade física entre boa e


excelente é recomendável aplicar uma carga de trabalho que seja suficiente para estimular sua
FC para valores entre 70 e 95% da sua FCM. Para indivíduos em que o nível de capacidade
física esteja compreendido entre muito fraca e regular, sugere-se a realização de tarefas que
estimulem a FC para faixas de 55 a 80% da FCM.(MARINS, op.cit, 174).

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Então o cálculo dos limites superior e inferior de acordo com o nível de aptidão
podem ser determinados pelas seguintes equações:
Tabela 4: Determinação dos limites superior e inferior de acordo com o nível de condicionamento físico
Nível de Condicionamento Limite Inferior
Fraco e Regular L Inf = 0.55(FCM )
Bom e Superior L Inf = 0.7(FCM)
Nível de Condicionamento Limite Superior
Fraco e Regular L sup = 0.8(FCM)
Bom e Superior L sup = 0.95(FCM)

Quadro de controle fisiológico

- Indivíduos não atletas


 Linf: 70% FCMáx. ou 55% do VO2máx.
 Lsup: 90% FCMáx. ou 85% do VO2máx.

- Indivíduos sedentários
 Linf: 60% FCMáx.
 Lsup: 85% FCMáx.

A aplicação do quadro de controle fisiológico é prático, porém deixa a desejar


quanto a aplicação dos princípios da individualidade biológica e sobrecarga.
Tabela 5: Quadro de Controle Fisiológico para não atletas
Idade FC Máx L Sup L Inf
15 200 180 140
20 197 177 138
25 194 174 136
30 191 171 133
35 187 169 131
40 184 166 129
45 181 163 127
50 178 160 124
55 174 157 122

Formas de Trabalho
De acordo com o tipo de impacto
Impacto

Impacto = Velocidade (intensidade) X H (altura) X Massa (peso)

Existem dois tipos de impacto:

- Vertical: de cima para baixo;


- Lateral: do centro para laterais.

De acordo com a intensidade do impacto

Baixo Impacto ou Low Impact

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São exercícios de efeitos gerais utilizados com o objetivo de elevar a freqüência


cardíaca à zona alvo, com o menor impacto possível sobre as articulações. Nesta forma de
trabalho o aluno mantém pelo menos um pé sempre em contato com o chão (não há fase de
suspensão) diminuindo assim, a sobrecarga nas, articulações dos membros inferiores,
reduzindo assim o risco de lesões.

É utilizado principalmente para os indivíduos sedentários devido a menor


intensidade da carga de trabalho e risco de lesão, que essa forma de trabalho proporciona.
Com o objetivo de elevar e manter a F.C. na zona alvo, deve-se mobilizar os braços de diversas
formas e combinações para que a intensidade da aula seja adequada.

Exercícios de Baixo Impacto:

- Marcha estacionária;
- Troca de calcanhares;
- Elevação de joelhos;
- Afastamento lateral de pernas simples (Lunge Simples);
- Afastamento lateral de pernas duplo (Lunge Duplos);
- Step-touch (um passo lateral e volta, abre e fecha em dois tempos);
- Grapevine (deslocamento lateral cruzado em quatro tempos);
- Elevação de Joelhos a frente;
- Elevação de Joelhos atrás;
- ½ polichinelo (2 tempos para abrir e 2 para fechar);
- Twist; toque do pé à frente (calcanhar);
- Afastamento lateral; elevação dos calcanhares.

Médio Impacto:

Caracterizada por tirar os dois pés do solo, mas sempre voltar tocando os
calcanhares, meio e ponta no solo. Vai pra cima e volta. Tem um mínimo de força de impacto
porque todo o pé toca no solo e não o deixa totalmente.

Exercícios de médio impacto:


- Passo em V;
- Mambo;
- Pivô;
- Mambo Tcha,Tcha, Tcha;
- Twist
- Grapevine, e outros intermediários entre baixo e alto impacto.

Alto Impacto High Impact

São exercícios de efeito geral e de alta intensidade, que necessitam, para a sua
execução, uma boa resistência aeróbica e muscular localizada. Neste método de trabalho
existe uma fase de suspensão em que o aluno perde momentaneamente o contato com o
chão, aumentando a sobrecarga nas articulações dos membros inferiores.

As forças de impacto são altas e quando executadas continuamente podem


causar lesões articulares. Só é indicado para indivíduos com um elevado valor de VO2máx,
RML, etc.

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Exercícios de Alto Impacto:

- Corrida estacionária com elevação de joelhos;


- Polichinelo (1 tempo para abrir, 1 tempo para fechar);
- Pêndulo lateral;
- Chute baixo para frente;
- Chute baixo lateral;
- Chute para trás;
- Chutes altos;
- Saltito com contratempo;
- Saltito alternado;

Obs.: A intensidade do exercício pode tornar um exercício, às vezes, de maior impacto que um
de alto impacto. Portanto, não é somente tirar os dois pés do solo ao mesmo tempo que
implicará na característica do impacto.

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Combo

É uma combinação de alto e baixo impacto, estes movimentos podem ser


utilizados nas aulas com variações de repetições e movimentação de braços sendo interligados
por transições simples ou:
- Giros;
- Piruetas no solo ou no alto;
- Saltos;
- Pliométricos;
- Funk;
- Movimentos isolados quaisquer.

Step
Forma de trabalho que consiste em subir e descer do banco combinando
exercícios de braços e pernas (coordenação). Pode ser utilizado tanto para indivíduos
iniciantes quanto treinados, pois a altura do banco varia de acordo com a capacidade física do
aluno.

Exercícios de Step
- Passo Básico (Subida e descida)
- Passo em V;
- Passo em Reversão;
- Lunge Frontal;
- Lunge Lateral;
- Montaria;
- Passa;
- Meio giro;
- Galope;
- Toque no joelho;

Outras modalidades da ginástica aeróbica:

- Aerofight - Aula que reúne os movimentos da ginástica aeróbica com os de


luta;
- Aerojazz - É uma aula de ginástica aeróbica, embalada pela música e
combinação de passos do jazz;
- Aerojumping - Nessa aula, os exercícios são desenvolvidos em cima um
minitranpolim;
- Aerosalsa - Composta por movimentos da ginástica aeróbica, da dança e
música latina;
- Aeroaxé - Combina exercícios da aeróbica, com a música e dança baiana.

Materiais e Equipamentos para a Ginástica


Aeróbica
- Halteres;
- Barras com anilhas;
- Caneleiras;
- Elásticos;

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- Steps;
- Barras fixas e paralelas;
- Colchonetes.

Montagem da Sessão de Treinamento


Duração da aula:
- Iniciantes: 45 minutos.
- Intermediários e adiantados: 60 minutos.

Divisão da aula:
A divisão da aula de ginástica aeróbica apresenta uma série de alternativas, entre
as quais:

Esquema 1
1ª Parte: Alongamento e aquecimento
2ª Parte: Aeróbica geral
3ª Parte: Aeróbica local
4ª Parte: Relaxamento

Esquema 2
1ª Parte: Alongamento e aquecimento
2ª Parte: Aeróbica local
3ª Parte: Aeróbica geral
4ª Parte: Relaxamento

Esquema 3
1ª Parte: Alongamento e aquecimento
2ª Parte: Aeróbica geral
3ª Parte: Esfriamento
4ª Parte: Fase local
5ª Parte: Alongamento e Relaxamento

Aquecimento:
- Duração: 5 a 10 minutos. Tem um papel importantíssimo, por preparar as
estruturas musculares, articulares, cardíacas, e para possibilitar por meio de
movimentos simples e similares aos da fase principal, uma facilitação no
processo de aprendizagem.
- Objetivos: alongar os principais grupamentos musculares, principalmente a
musculatura localizada na região posterior da perna e coxa, redução da
viscosidade intramuscular, aumento da elasticidade muscular, elevar a FC à
nível aeróbico progressivamente e proporcionar uma atitude psicológica
positiva dos alunos.
- Movimentos utilizados: movimentos ritmados globais de flexão, extensão,
circundução, balanceios e alongamentos estáticos utilizados de forma isolada
ou combinada, preparando o organismo para exercícios mais vigorosos.
- Exercícios contra-indicados:
 Movimentos de flexão de tronco ou inclinação lateral em alta
velocidade;

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 Movimentos balísticos de forma geral, técnicas de


alongamento por insistência ou flexionamento intenso;
 Hiperflexão de joelhos, hiperflexão cervical;
 Movimentos de pescoço em alta velocidade;
 Mudanças bruscas de plano;
 Excesso de exigência de coordenação motora;
 Posição básica com pernas entendidas.
- O Ritmo indicado para a aula nesta fase é de 135-145 bmp, possibilitando
assim a conclusão e melhor aproveitamento dos movimentos, além de não
exigir demasiado esforço do músculo cardíaco logo no início da aula.

Aeróbica Geral:

- Duração: 20 a 25 minutos (iniciantes); 25 a 35 minutos (intermediários); 35 a


40 minutos (adiantados).

- Movimentos utilizados: passos fundamentais, isolados ou somados, formando


uma coreografia nas técnicas de baixo e alto impacto realizados de forma
contínua e que proporcionam o aumento gradativo da freqüência cardíaca,
atingindo os níveis ideais de treinamento aeróbico.

Esfriamento:

- Duração: 5 a 10 minutos. O principal objetivo é permitir ao organismo uma


confortável volta à condição inicial por meio da queda progressiva de
intensidade possibilitando a readaptação do mesmo.
- Movimentos utilizados: movimentos contínuos na técnica de baixo impacto
ou funk, onde o objetivo será reduzir a freqüência cardíaca e a intensidade dos
exercícios, proporcionando ao organismo uma volta confortável a condição
inicial, facilitar e tornar eficiente o retorno venoso.

Fase Localizada:

- Duração: 5 a 10 minutos. Tem como objetivo principal o fortalecimento geral


e definição da musculatura esquelética.
- Movimentos utilizados: exercícios localizados que visam o fortalecimento,
tonificação e definição muscular da musculatura menos solicitada durante a
fase principal. Ex.: abdominais e peitorais.

Alongamento e Relaxamento Final:

- Duração: 3 a 5 minutos. É fundamental para permitir uma volta à calma ao


praticante.
- Movimentos utilizados: exercícios respiratórios e de soltura; alongamentos
estáticos e de suspensão; flexionamento para alongar e relaxar a musculatura
mais solicitada durante a aula e proporcionar a volta à calma a seu aluno,
permitindo o retorno do organismo aos níveis metabólicos de repouso.

Recomendações Básicas
- Ensinar aos alunos a tomar a FC.

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- Deve-se tomar a FC na artéria radial ou região precordial, pois uma pressão


muito forte na artéria carótida pode ativar os baroreceptores localizados no
seio carotídeo, estimulando assim o nervo vago provocando bradicardia.
- Evitar saltitar por muito tempo no mesmo lugar.
- Motivar constantemente os alunos durante a aula.
- Evitar paradas bruscas para tomada da FC, podendo provocar tonturas,
desmaios devido a estase venosa, dificultando o retorno venoso.
- Se a FC estiver fora da zona-alvo recomenda-se: abaixo do limite inferior,
realizar os exercícios com mais amplitude; acima do limite superior, realizar os
exercícios com menor amplitude, ambos no mesmo ritmo da turma.
- A FC pode ser tomada nos seguintes tempos: 6 seg (o resultado multiplicar por
10) e 15seg. (multiplicar o resultado por 4).
- Escolher as músicas de forma, que não permita uma variação muito grande no
ritmo.
- Tipos de RPM (rotações por minuto)
 Aeróbica de alto impacto: 150 a 160 bpm.
 Aeróbica de baixo impacto: 130 a 140 bpm.
 Step: 120 bpm.
 Aeróbica localizada: 120 a 130 bpm.
- Durante o saltitamento e/ou polichinelos, deve-se semi- flexionar os joelhos,
apoiar todo o pé no chão e manter uma boa postura.

Atividades

1) O que é ginástica aeróbica?


2) Dê exemplos de ginástica aeróbica:
3) O que é ginástica localizada?
4) Explique o que é Body Systems e dê exemplos:
5) Você já freqüentou uma academia? Se já freqüentou, qual era o seu objetivo?
6) O que são capacidades físicas?
7) Você acha que a TV influencia no padrão de beleza corporal? De que maneira?
8) Na sua opinião, qual é o padrão de beleza corporal:
Para homens:
Para mulheres:

Ginástica Localizada

A ginástica localizada consiste basicamente em sessões estruturadas de séries de


exercícios com número elevado de repetições para grupos musculares distintos, com o fim de
moldar e aprimorar: o tônus muscular, as capacidades aeróbia, anaeróbia, flexibilidade ou o
condicionamento físico como um todo. A ginástica é uma das atividades mais requisitadas em
academias, em especial para atendimento de grupos adultos.

Origem
Esta atividade tão largamente difundida no Brasil teve sua origem na Ginástica de
Academia, a partir de 1930, no estado do Rio de Janeiro. Segundo NOVAES (1996), a primeira

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academia de ginástica surgiu em meados de 1930 na Rua Duvivier (Copacabana), sob a


responsabilidade da Profª Gretch Hillefeld,que se fundamentava no método de Ginástica
Analítica, com adaptações às necessidades e características do povo brasileiro.

Como os primeiros professores de Ginástica de Academia no Brasil eram


estrangeiros, por muito tempo a tendência foi que os primeiros trabalhos sofressem
influências européias da Ginástica Rítmica de Dalcroze, do ballet e da dança moderna. Com o
passar dos anos, foram fundamentados trabalhos de acordo com as necessidades do povo
brasileiro, desenvolvendo-se métodos próprios voltados aos valores estéticos.

Alguns métodos de origem estrangeira influenciaram diretamente a Ginástica de


Academia até ela tomar o formato atual. Nos anos 60 e 70 foi a Calistenia. Nos anos 80 a
Ginástica Aeróbica (Alto e Baixo Impacto), seguidos nos anos 90 pelo Step Training.
Atualmente a Ginástica Localizada tem sua base na musculação. Vários fatores, tais como
cinesiológicos, anatômicos e de melhoria de desempenho são comuns nestas duas atividades,
o que aumenta a correlação entre elas.

Finalidades
- Desenvolvimento e aprimoramento da força e RML;
- Melhora da tonicidade muscular;
- Melhora da flexibilidade articular;
- Melhora da postura;
- Desenvolvimento e manutenção do ritmo e coordenação;
- Consciência corporal;
- Melhora a postura, saúde, auto-estima, e disposição física;
- Ajudar a reduzir os riscos de lesões realizadas nas tarefas diárias.

Vantagens
- Por trabalhar com um número razoavelmente elevado de repetições
proporciona ao músculo um trabalho de resistência com pequena hipertrofia
muscular
- Desenvolve prioritariamente consciência corporal
- Pode-se iniciar o trabalho somente com o peso corporal sem adicionar
halteres e ir progressivamente aumentando

Desvantagens
- Por não ter o suporte dos aparelhos da musculação, posturas erradas podem
sobrecarregar coluna e articulações
Precauções
- Usar roupas leves e que facilitem os movimentos.
- Prestar toda a atenção às posturas corretas.
- Evitar a sobrecarga sobre a musculatura.

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Componentes de Carga
Na ginástica localizada os componentes da carga são os seguintes:

- Volume: (duração da aula, números de séries, números de grupos, número de


repetição);
- Intensidade (aumento de peso, velocidade, diminuição de intervalo, aumento
da amplitude);
- Freqüência: (Treinar os exercícios localizados de 3-5 vezes por semana. Cada
grupo muscular no mínimo 2-3 vezes por semana)
- Densidade: (esforço/pausa - entre as partes da aula: ativo e passivo e entre as
aulas);

CAPACIDADE % carga Intervalo de Repetições Ritmo


máxima recuperação
1. Resistência Muscular e -45% 30 s +35 rápido
cardiorespiratória
2. Resistência Muscular 45- 50% 30-45 s 26-35 rápido
com pouca força e massa
3. Alguma massa 50-65% 45 s-1min 16-25 moderado/rápido
muscular com pouca
força
4. Massa muscular com 70-80% 1-1,5 min 10-15 moderado
força
5. Força e massa 80-90% 1,5-2 min 7-12 lento/moderado
muscular possivelmente
iguais
6. Força e alguma massa 90-95% 2-3 min 4-6 lento
muscular
7. Força pura, pouca ou 95- 3-5 min 1-3 lento
nenhuma massa 100%
muscular
Obs.: Os objetivos 6 e 7 não são trabalhados na Ginástica Localizada por falta de segurança e
suporte para cargas altas, somente sendo trabalhadas na musculação. As séries e cargas
dependem diretamente do nível de treinamento da turma ou aluno.

Montagem da Sessão de Treinamento


1° Passo: Avaliação física do aluno;
- Exame médico;
- Anamnese da atividade física;
- Avaliação postural;
- Medida dos dados antropométricos;
- Avaliação da condição orgânica;
- Avaliação da condição músculo-articular.

2° Passo: Determine o nível de aptidão inicial e faixa etária dos praticantes.

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Nível Básico
- Objetivos: Resistência Geral, Redução de Peso e Resistência Muscular
Localizada.
- Duração da aula: 50 min.
- Número de exercícios por grupamento: até 2
- Número de séries por exercícios: até 2
- Número de repetições: mais de 20, 30-40
- Duração (tempo de execução): execução contínua, com duração de 1 min a
1min30 por série.
- Recuperação entre séries: de 30 Seg até 1min
- Freqüência semanal: 3 vezes
- Recursos materiais: Caneleiras/halteres/step/bastão
- Intensidade baixa: de 45% a 50% da Força máxima muscular.
- Ritmo: Rápido
- Parâmetros de avaliação: para o aluno sair do nível básico, é necessário que
ele apresente, no mínimo, os seguintes valores no teste físico (avaliação dos
resultados):
- VO2máx. = 38ml/kg/min.
- R.M.L.= Classificação média nos testes.
- Flexibilidade = classificação regular no flexiteste.

Nível Intermediário e de Manutenção


- Objetivos: Resistência Muscular Localizada e Hipertrofia
- Duração da aula: 1h.
- Método de treinamento: alternado por segmento;
- Número de Grupamentos: Número reduzido de grupamentos musculares de
3-5.
- Número de exercícios por grupo muscular: São recomendadas mais de 3
séries por grupamento muscular (3-5)
- Número de séries por exercícios: 2 a 3
- Número de Repetições: os exercícios devem ser feitos com poucas repetições
(15-20 por grupamentos musculares)
- Duração (tempo de execução): execução contínua, com duração de 1min30 a
2 min por série.
- Recuperação entre séries: de 30 Seg até 1min
- Freqüência semanal: 3 a 5 vezes
- Recursos Materiais: caneleiras, halteres, elástico.
- Intensidade: Trabalho qualitativo (com aumentos de intensidade) de 50% a
70% da força máxima do músculo;
- Ritmo: Moderado
- Intervalos de recuperação: quase total ou total ( 1/1);
- Clientela: só poderão participar desse programa os alunos que saíram do nível
básico.

Nível Avançado - Super-Fit

- Objetivos: Hipertrofia Muscular


- Duração da aula: 90 min.
- Número de exercícios por grupo muscular: de 2 a 3
- Numero de Séries por exercícios: 3 a 4
- Numero de Repetições: 6-12 por grupamentos musculares

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- Recuperação entre séries: de 30 Seg até 1min


- Freqüência semanal: 3 vezes
- Recursos Materiais: caneleiras, halteres, elástico, barras, step.
- Intensidade: Trabalho qualitativo (com aumentos de intensidade) de 70% a
90% da força máxima do músculo;
- Ritmo: Lento.
- Forma de execução: exercícios simples ou complexos, combinados,
assimétricos ou simétricos, etc., com grandes sobrecargas.

3° Passo: defina o objetivo especifico da aula. Entre as qualidades físicas que podem ser
desenvolvidas com a Ginástica Localizada temos:

- Resistência muscular localizada


- Resistência ao lactato
- Aumento da capacidade cardiorrespiratória
- Força
- Hipertrofia muscular
- Flexibilidade

4° Passo: escolha o grupamento que irá trabalhar.

Deve-se estabelecer o número de grupamentos musculares que serão trabalhados


para uma melhor distribuição da carga por grupo solicitado. Pra que isso ocorra é fundamental
um bom conhecimento das funções anatômicas e cinesiológicas. Normalmente trabalha-se no
máximo 3 grupos por sessão, duas a três vezes por semana para cada grupamento.

Geralmente em uma aula trabalha-se 11 grupos musculares:

1. Peitorais
2. Dorsais (costas)
3. Bíceps (braço)
4. Tríceps (braço)
5. Ombros
6. Quadríceps (coxa – frente)
7. Posteriores da coxa (coxa – atrás)
8. Adutores (coxa – interna)
9. Abdutores (coxa – externa)
10. Panturrilha (batata da perna)
11. Abdominais (barriga)

6° Passo: selecione quais exercícios vai usar

Os exercícios serão escolhidos basicamente em função dos grupos musculares que


foram escolhidos no passo anterior. (Ver Anexo)

7° Passo: Escolha a metodologia de treinamento.

As aulas de Ginástica Localizada são organizadas de dois modos, sendo um deles o


ensino massivo, em que todos os praticantes executam os mesmos movimentos em
simultâneo; o outro modo consiste num circuito no qual os praticantes seguem em fila,

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percorrendo as várias estações pré-determinadas, onde executam exercícios destinados aos


diferentes grupos musculares.

a- Sistema de encaixe

Consiste na junção progressiva dos exercícios ginásticos, combinando no máximo


até 08 exercícios.

Vantagens:
- Proporciona um grande atrativo psicológico.
- Excelente método para aperfeiçoar a coordenação e o ritmo.
- Exige do praticante uma melhor atitude mental (concentração).
- Favorece a uma recuperação mais rápida.
- Estimula a criatividade do professor.

Desvantagens:
- Pode dificultar o desenvolvimento da resistência muscular localizada, devido
ao grande número de exercícios.
- Tende a ter uma menor intensidade na carga de trabalho.
- Os últimos exercícios são menos trabalhados que os primeiros, devido a
associação progressiva dos exercícios.

Observações:
- Esse método tende a ser aplicado nas aulas de intensidade mais fraca, devido
a aplicação do princípio de alternância.
- Para os alunos que apresentam um baixo nível de RML, esse método
apresenta uma grande preponderância em relação aos outros.

b- Sistema em série

Consiste na execução de um certo número de repetições e exercícios, com um


intervalo de recuperação ativa entre os grupos podendo combinar até no máximo 4 exercícios.

Vantagens:
- Facilita o desenvolvimento da resistência muscular localizada.
- Permite alternar os grupamentos musculares.
- Pode-se trabalhar cada grupamento muscular especificamente.
- Favorece o desenvolvimento da resistência aeróbica, devido ao repouso ativo.

Desvantagens:
- Provoca uma maior fadiga.
- É necessário um bom nível de condicionamento físico dos alunos.

Observações:
- Os exercícios devem ser executados em três grupos no máximo, com um no.
fixo de repetições por grupo (ex: 3x30)
- O intervalo ativo pode-se utilizar exercícios aeróbicos em diferentes
combinações, evoluções,-mudança de frente, etc...
- A sobrecarga pode ser aplicada nos seguintes aspectos: no. de grupos, no. de
repetições, duração do intervalo, etc...

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- O trabalho em série também pode ser aplicado utilizando o repouso passivo,


para isso durante o intervalo deve-se alongar os grupamentos musculares
trabalhados ativamente.

c- Sistema bombeado

Consiste em realizar uma sequência de movimentos que trabalhem todos os


grupamentos musculares de uma mesma região anatómica, sem intervalo de recuperação.

Vantagens:
- Trabalha-se todos os principais grupamentos musculares.
- Excelente método para o desenvolvimento da RML.
- É trabalhado tanto os músculos agonistas quanto os antagonistas,
harmoniosamente.
- Ideal para alunos condicionados.
- Pode-se enfatizar uma região anatómica de cada vez.

Desvantagens:
- Exige uma motivação muito grande dos alunos.
- Provoca uma maior fadiga durante o trabalho.
- Proporciona um maior acúmulo de ác. lático no organismo.
- E preciso ter um limiar de sofrimento (resistir a fadiga) muito elevado.

Observações:
- Torna-se necessário uma boa regulação da relação volume e intensidade.
- Deve-se trabalhar os músculos agonistas e antagonistas, alternadamente.

d- Pirâmide crescente

Consiste em alternar a relação volume-intensidade a cada grupo de repetições de


forma progressiva, ou seja, à proporção que se aumenta a intensidade reduz-se o volume de
trabalho.

Exemplo:
3 grupos de flexões de braço (rosca direta)
1° grupo - 20 flexões de braço com 3 kg.
2° grupo - 30 flexões de braço com 2 kg.
3° grupo - 50 flexões de braço com 1 kg.

e- Pirâmide decrescente

Consiste em alternar a relação volume intensidade a cada grupo de repetições de


forma regressiva, ou seja, a proporção que se diminui a intensidade aumenta-se o volume.

Exemplo:
3 grupos de semi-agachamento
1° grupo - 20 flexões de joelho com 3 kg
2° grupo - 30 flexões de joelho com 2 kg
3° grupo - 50 flexões de joelho com 1 kg

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f- Carga estável

Consiste em executar um determinado número de grupos onde as cargas serão


sempre iguais. Nesta metodologia o na de repetições pode variar em função do nível da fadiga
muscular ocasionado pelos grupos anteriores.

Exemplo:
3 grupos de mergulho horizontal
1° grupo - 30 flexões de apoio de frente sobre o solo com 2 kg.
2° grupo - 25 flexões de apoio de frente sobre o solo com 2 kg.
3° grupo - 20 flexões de apoio de frente sobre o solo com 2 kg.
Observação: O na de repetições pode aumentar progressivamente a cada grupo, porém com
intensidade constante.

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g- Onda crescente

Consiste em aumentar e diminuir a carga de trabalho, porém com valores


diferentes e constantes.

Exemplo: 4 grupos do exercício "jairzinho".


1° grupo -100 rep. Com 11kg.
2° grupo - 60 rep. com 3kg.
3° grupo - 80 rep. com 2kg.
4° grupo - 40 rep. com 4kg.

h- Onda constante

Consiste na alternância do aumento e diminuição da carga sempre com valores


constantes.

Exemplo: 4 grupos de abdução do quadril (posição ajoelhada)


1° grupo - 100 rep. com 1 kg
2° grupo - 80 rep. com 2 kg
3° grupo -100 rep. com 1 kg
4° grupo - 80 rep. com 2 kg

i- Onda decrescente (é o inverso da onda crescente)

A utilização de uma dessas metodologias permite uma aplicação coerente da


sobrecarga tanto no volume quanto na intensidade de forma racional permitindo assim, o
desenvolvimento da resistência muscular localizada de forma progressiva e consciente.

6° Passo: defina qual material será utilizado da sessão.

Atualmente existe uma gama de materiais que auxiliam no desempenho do


trabalho numa aula de Ginástica Localizada. A criatividade do profissional poderá muito ajudar
na elaboração de rotinas que proporcionarão um excelente resultado, tanto estético como
fisiológico. Dentre estes materiais estão:

- Halteres
- Barras com anilhas
- Caneleiras
- Elásticos
- Steps
- Barras fixas e paralelas
- Colchonetes

7° Passo: monte a estrutura da aula. Atualmente, a divisão, mais utilizada em uma sessão de
Ginástica Localizada é:

Fase Duração
Aquecimento 6-8 min
Aeróbica 6-8 min
Localizada 35-40 min
Esfriamento 3-5 min

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Alongamento 8-12 min

- Aquecimento
 Geral/Orgânico
 Específico/Neuromuscular
- Parte principal
 Exercícios Localizados
 Exercícios de Solo
- Relaxamento e volta à calma

Aquecimento

Têm duração de Aproximadamente 10 minutos. É composto por exercícios de pré-


aquecimento musculares de baixa intensidade e alongamentos. Os movimentos devem ser
feitos de maneira suave e pouca amplitude, visando uma adaptação músculo-articular e
orgânica, preparando-se para elevação gradual da freqüência cardíaca e do esforço muscular.
Deve ser direcionado aos grupamentos de maior exigência durante a sessão de treinamento. O
aumento metabólico deve ser lento e gradual.

Parte Principal

É a parte mais importante da aula, onde serão trabalhados os grandes grupos


musculares. Têm duração de aproximadamente entre 30 e 40 minutos e caracteriza-se pela
alta intensidade e aumento significativo dos parâmetros fisiológicos. Utiliza implementos como
halteres, caneleiras e barras para exercitar os grandes grupos musculares, tais como Membros
inferiores, Membros superiores e Tórax.

Exercícios de Solo

São caracteristicamente exercícios para o Abdômen, Glúteos e Adutores. São


utilizadas normalmente sobrecargas como caneleiras para aumentar a intensidade do esforço
e têm em média 15 a 20 minutos.

Relaxamento e Volta à Calma

São exercícios de alongamento de leve intensidade e baixa amplitude articular,


também conhecida como parte regenerativa da aula. Têm em média 5 a 10 minutos e deve
obedecer a uma desaceleração gradual dos parâmetros fisiológicos, tais como a freqüência
cardíaca. Nesta parte da aula você deverá proporcionar ao aluno uma recuperação lenta e
gradual, reduzindo assim o grau de excitação proporcionado pela parte principal da aula.

Hidroginástica

É uma atividade física aquática realizada na posição vertical, constituída de


exercícios específicos, baseados no aproveitamento da resistência da água e que, através das
características e benefícios dessa, melhora os aspectos bio-psico-sociais.

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“É um programa de condicionamento, desenvolvido na água, que inclui exercícios


do tipo aeróbios e exercícios para o desenvolvimento da resistência muscular localizada, força
muscular e flexibilidade.”

Origem
A palavra Hidroginástica vem do grego e significa "GINÁSTICA NA ÁGUA".

Esta atividade aquática surgiu antes de Cristo, Hipócrates (460-375 a.C.) já


utilizava banhos de contraste (água quente e fria) no tratamento de algumas doenças. Os
romanos utilizavam a água com finalidades recreativas e curativas. Existiam quatro tipos de
banhos:

- FRIGIDARIUM: banho frio utilizado para fins recreativos;


- TEPIDARIUM: banho com água morna, num ambiente com ar aquecido;
- CALDARIUM: banho quente;
- SUDATORIUM: um aposento saturado de ar úmido quente, a fim de causar a
sudorese.

Finalidades
A hidroginástica tem por finalidade melhorar a capacidade aeróbica e
cardiorrespiratória, a resistência e a força muscular, a flexibilidade e o bem-estar de seus
praticantes. Possui a vantagem de poder ser praticada por pessoas de qualquer sexo e idade. A
hidroginástica é uma opção alternativa para o programa de prática mais comum de exercícios,
como a ginástica de academia. Sua eficácia vai de atletas em treinamento, gestantes, pessoas
em fase de reabilitação, até as que estão acima ou abaixo do peso ou com algum tipo de
deficiência. Os exercícios aquáticos são divertidos, agradáveis, eficazes, estimulantes, cômodos
e seguros. A hidroginástica permite a redução no esforço articular.

Vantagens
- Movimentação corporal facilitada pela sustentação (flutuação). Peso corporal
aliviado em 90% dentro d'água. A água auxilia os exercícios mais difíceis.
- Diminuição do impacto - articulação, músculos e coluna podem ser
trabalhados com mais segurança.
- Ambiente descontraído - alunos mais à vontade, relaxados, sem preocupação
com a silhueta no espelho, com a roupa que estão usando ou com a falta de
coordenação e habilidade. Dentro d'água os alunos não se enxergam direito
(água na altura do peito).
- Melhora a autoconfiança - o indivíduo consegue realizar movimentos dentro
d'água que seriam impossíveis em terra. Mesmo aqueles que não sabem nadar
podem praticar a Hidroginástica.
- A Hidroginástica, diminui dores e espasmos musculares pós atividade, devido
ao efeito massageador da água.
- Performance global - musculatura agonista e antagonista trabalham
igualmente (resistência da água).

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- Ausência do desconforto da transpiração.


- Água - bom condutor de energia.
- Sobrecarga natural - resistência da água.

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Desvantagens
- Muito do trabalho é subjetivo;
- Ainda é de difícil avaliação (não existem, ao menos no Brasil, parâmetros que
avaliem especificamente esta atividade);
- Exercícios mal orientados podem ser prejudiciais;
- Avaliação médica especifica (geralmente é apenas uma avaliação para a
piscina);
- Desconhecimento da atividade pelos próprios profissionais;
- Leigos dando aulas.

Contra - Indicações
A hidroginástica é contra-indicada para infecções de pele, não pelos movimentos,
mas porque a água, principalmente a quente, proporciona um bom meio para o crescimento
bacteriano, por isso todas as infecções devem ser contra-indicadas.

Em casos de gripe, infecções gastrintestinais e dores de garganta, a prática deve


ser evitada temporariamente.

Casos de infecções transmitidas pela água, tais como: febre tifóide, cólera,
poliomielite e disenteria, devem ter a prática da hidroginástica suspensa até liberação médica.

- Radioterapias profundas;
- Doenças renais, nas quais os indivíduos não possam ajustar-se à perda hídrica;
- Epiléticos não controlados;
- Tímpano perfurado;
- Miocardite recente;
- Embolia pulmonar;
- Insuficiência cardíaca grave;
- Hipertensão Arterial grave;
- Diabéticos não controlados;
- Portadores de necessidades especiais muito debilitados.

Divisão em grupos de mesmo nível


- Nível I - (Básico) - Trabalho de base com introdução aos exercícios da
Hidroginástica. Preocupação na postura, limpeza dos movimentos e muita
correção. (30' de classe).
- Nível II - (Intermédio) - Aumenta a velocidade e a intensidade dos exercícios.
Introdução dos exercícios combinados, maior complexidade. Introdução às
classes com coreografias. (45' de classe).
- Nível III (Avançado) - Maior intensidade e velocidade nos exercícios. Ligações
(combinação de movimentos e coreografias). (45' de classe).

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CATEGORIA OBJETIVO ESTRATÉGIA


-Melhorar o condicionamento - Adaptação à água e
físico deslocamentos
- Melhorar a saúde - Exercícios aeróbicos
Iniciante ou Básico
- Diminuir dores na coluna - Exercícios localizados
- Conexão dos movimentos
- Corrigir postura
-Melhorar o sistema - Exercícios aeróbicos
cardiorrespiratório - Exercícios localizados
Adiantado ou Intermediário - Fortalecer a musculatura de - Circuit training
todo corpo - Uso de materiais: pranchas,
- Manutenção da forma física halteres, bastões, palmar, etc.
- Treinamento físico geral - Exercícios aeróbicos
- Preparação física específica - Exercícios localizados
- Recuperação de lesões - Circuit training
- Interval training
- Uso de materiais: pranchas,
halteres, bastões, palmar, bolas
Atleta ou Avançado
etc.
- Aplicar exercícios de acordo
com o esporte: futebol, voleibol,
natação
- Exercícios de recuperação
muscular

Componentes de Carga
Na hidroginástica os componentes da carga são os seguintes:

- Duração da aula: de 45 a 60 minutos.


- Repetições dos movimentos: de 20 a 40 cada exercício.
- Séries: 1 a 3.
- Tempo: 1 a 2 minutos.
- Intensidade: Baixa, Média, Alta.
- Freqüência: 2 a 5 vezes por semana.

Intensidade

Para que nosso trabalho seja seguro e alcance o ganho cardiovascular que
procuramos, utilizaremos a freqüência cardíaca como parâmetro indicativo da intensidade de
esforço no qual o aluno está sendo submetido, mediante esse controle, ele poderá exercitar-se
com segurança sem colocar em risco a saúde, obtendo-se o efeito desejável:

CLASSIFICAÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA DE ACORDO COM O ESFORÇO


INTENSIDADE FREQÜÊNCIA CARDÍACA
Leve até 100 BPM
Passando moderado 101 a 120 BPM
Moderado 121 a 140 BPM

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Passando a forte 141 a 160 BPM


Forte 161 a 175 BPM

Intensidade do Impacto
- Baixo impacto: São aqueles movimentos que atendem às seguintes
características:
o Sempre mantêm o apoio um dos pés no chão.
o Produzem o deslizamento dos pés no chão sem perca de contato.
o São realizados com a água na linha dos ombros, podendo perder o
contato com o chão, mas sem projeção do corpo na vertical.
- Alto impacto: São caracterizados pelos movimentos de salto e saltitos.
Compreendem aqueles movimentos nos que se perde o contato com o chão
(fase aérea), nos quais o corpo permanece em posição reta, realizando sua
projeção para cima.
- Sem impacto: São aqueles movimentos realizados sem o contato dos pés com
o chão. Acontece quando o corpo está suspense na água (flutuação), e podem
ser executados em piscina profunda ou com o corpo agachado na água,
mantendo seu nível no pescoço do praticante.

Montagem da Sessão de Treinamento


A Hidroginástica deve proporcionar vários níveis de aula, de acordo com o
conhecimento corporal, condicionamento físico, coordenação motora e motivação, para que
seus objetivos sejam alcançados.

Para criar e desenvolver um programa de condicionamento aquático equilibrado,


seguro e efetivo, deve-se levar em conta algumas premissas básicas:

1° Passo: Determinar como será a estrutura básica das classes (nível) e definir cada parte, com
seu tempo aproximado de duração e objetivos a alcançar.
2° Passo: Listar todos os recursos materiais disponíveis e distribuí-los, combinados (de três a
três) ou não, semanalmente, de forma que ao final de um mês todos os materiais tenham sido
utilizados.
3° Passo: Planejamento de Aulas. A distribuição do tipo de trabalho deverá ser efetuada na
semana, para evitar desta forma repetições, e sempre em função dos alunos a quem vai
dirigido.

Estrutura da Aula
1. Aquecimento - (8' a 10'): Fase de importância vital, já que deve preparar ao aluno para
confrontar a fase principal (aeróbica e/ou de tonificação muscular) nas melhores condições
possíveis. O objetivo desta fase é:
- Aumento gradual da temperatura da musculatura esquelética e tecido
conectivo geral
- Aumento progressivo da FC, preparando assim o sistema cardiovascular
(ativação da circulação sangüínea, incrementando assim o fluxo sangüíneo ao
músculo).

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- Ativar o sistema neuromuscular para facilitar uma melhora na transmissão dos


impulsos nervosos.
- Incrementa a flexibilidade, mobilidade articular e elasticidade dos músculos,
tendões e ligamentos.
- Reduzir o risco de lesões musculares e/ou tendinosas

2. Parte aeróbica - (de 15' a 20'): O objetivo é a elevação da freqüência cardíaca até chegar em
sua zona do treinamento entre 60% à 75% a Freqüência Cardíaca de Reserva (FCR) (efeito
sobre o sistema cardiorrespiratório). Saltos, deslocamentos, exercícios combinados para o
desenvolvimento da coordenação, ritmo, agilidade.

3. Localizada - (de 10' a 15'): Trabalho de força e resistência muscular dando ênfase aos
abdominais e glúteos, seguidos pelos membros inferiores e superiores. É importante para a
"consciência corporal". Não devemos deixar de nos preocuparmos com a flexibilidade que
deverá começar gradualmente até atingir 1/2 desta parte da aula. Podemos utilizar como
apoio, diferentes materiais como: borda da piscina, barra, prancha, halteres e etc.

4. Volta a calma - (5' a 8'): Tem como o objetivo, entre outros, a diminuição da freqüência
cardíaca até o estado de relaxação. Deve não ser somente físico, mas também mental. Bem
variado, de acordo com o nível e a necessidade de seus alunos. Distintas formas de trabalho:
- Alongamentos
- Relaxamento induzido, etc.

Materiais utilizados em Aula

Os recursos materiais constituem um meio fundamental para desenvolver classes


variadas, divertidas e têm como objetivo fundamental favorecer e facilitar o cumprimento dos
objetivos expostos. Podem ser utilizados no treinamento aeróbico para fortalecimento e
tonificação, para o aumento da flexibilidade, ou inclusive no trabalho de relaxação.
É importante ter um grande número de equipamentos para que o trabalho seja
muito variado. A variação de materiais proporcionará um trabalho que enriquecerá nossas
classes sempre e quando forem explorados ao máximo.

Vejamos alguns exemplos:


- Halteres
- Bola
- Luva para hidro
- Prancha de natação
- Tornozeleiras
- Acqua-tubo
- Acqua –jogger (colete)
- Acquafins = foi lançado em 1997 na conferência de exercícios aquáticos em
Orlando, USA

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Musculação

Origem:
A história moderna da musculação começa com os estudos de WEBER em 1846
sobre a relação entre a força muscular e a área da seção transversa do músculo.

Finalidade:
Volta-se basicamente para o desenvolvimento da RML, da força dinâmica e
explosiva.

Peculiaridades:
Utiliza implementos como sobrecarga adicional.
- Implementos Alodinâmicos: Não compensam as variações nos braços das
alavancas ao longo do movimento. (Halteres, barras, peças lastradas e
módulos de resistência por meio de roldana, polia ou alavanca)
- Implementos Isodinâmicos: Compensam as variações nos braços de alavanca
ao longo do arco articular. (Máquinas Cybex, Minigym)

Tipos de Respiração:
a) Continuada
b) Eletiva Ativa/Passiva
c) Combinada

Intensidade de treinamento:
a) Carga (kg)
b) Velocidade de Execução
c) Intervalos/Pausas

Volume de Treinamento:
A musculação, por ser um método que possibilita um alto perfil de consumo
energético (devendo, para produzir seus resultados, trabalhar os limites superiores do atleta),
além de uma grande facilidade de mensuração minuciosa do volume e da intensidade
provocará a existência de uma relação absoluta entre este dois fatores.

Numa sessão de musculação o volume é dado por:

- Número de Exercícios: o número de exercícios a ser realizado influenciará,


poderosamente, o volume. Por sessão ter-se-ão realizados doze exercícios
diferentes, um mínimo de oito, e um máximo de quinze exercícios para obter
resultados satisfatórios.
- Repetições: número de vezes que o aluno executara o mesmo exercício, ou
seja, o mesmo número de movimentos.
- Grupo: conjunto de dois a quatro exercícios sem intervalo. Significa que serão
realizados os três exercícios, quantas vezes forem prescritas pelo número de
passagens, sem intervalo.
- Série: rol de exercícios a serem realizados numa sessão.
- N° de passagens: se a série for realizada mais de uma vez ter-se-á, para cada
vez que a série for executada, uma passagem.
- Sessão: total geral de exercícios a serem realizados num dia de treinamento.

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Montagem da Sessão de Treinamento


Sessão de treino é a realização de todos os exercícios programados (seqüência,
carga, velocidade, respiração).

1° Passo: Avaliação do aluno e seus objetivos


- Exame médico;
- Anamnese da atividade física;
- Avaliação postural;
- Medida dos dados antropométricos;
- Avaliação da condição orgânica;
- Avaliação da condição músculo-articular.

2° Passo: Programa de Adaptação


- Tem o objetivo de familiarizar o executante com a mecânica (correta) do
movimento;
- É indicado, principalmente, para os indivíduos que nunca estiveram em
programas de musculação com a série de exercícios a ser realizada;
- Os exercícios que compõem os programas de adaptação deverão ser os
mesmos da série posterior;
- Quando temos como objetivo a aplicação desportiva, devemos, desde a
realização do programa de adaptação, solicitar a máxima eficiência mecânica
(no gesto desportivo);
- O número de sessões varia para cada indivíduo, situando-se, habitualmente,
entre cinco e sete;
- O tipo de respiração mais indicado é a continuada, pela sua facilidade de
execução;
- A coordenação neuro-muscular contribui diretamente para os trabalhos mais
econômicos, propiciando menor esforço, o que reforça a validade do
programa de adaptação.

3° Passo: Montagem do programa propriamente dito


Variáveis do Treinamento
- Objetivos
- Eventuais Problemas Posturais
- Nível de Aptidão Física
- Perfil Somatotipológico
- Recursos Materiais Disponíveis
- Duração da Sessão
- Grupos Musculares que Serão Trabalhados
- Escolha dos Exercícios
- Seqüência de Trabalho
- Sistema de Treinamento
- Intensidade do Treinamento
- Volume do Treinamento
- Tipos de Respiração
- Velocidade de Execução dos Exercícios
- Freqüência Semanal

Objetivo

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Desenvolver as modalidades de força especifica para cada tipo de nadador e


prova.

Eventuais Problemas Posturais


Entre os principais temos:

- Encurtamentos de ílio-psoas, Isquiotibiais e peitorais;


- Escoliose dorsal (geralmente direita) e lombar (geralmente esquerda);
- Hipercifose Dorsal
- Geno Recurvatum

Nível de Aptidão Física


Geralmente no inicio do trabalho apresentam-se:

- Baixa capacidade aeróbica (VO2MAX);


- Força reduzida;
- Amplitude articular reduzida (flexibilidade);
- Baixo nível de coordenação.

Perfil Somatotipológico

Endomorfo: normalmente essas pessoas têm tendência para engordar e


possui seu peso acima do normal.
Mesomorfo: é o biotipo que obtém os melhores resultados na musculação.
Normalmente as pessoas deste tipo têm os ombros largos e pouca cintura,
além da estrutura óssea privilegiada, facilitando bastante os ganhos com
musculação.
Ectomorfo: é aquela pessoa magra que normalmente tem dificuldade para
ganhar massa muscular. Essas pessoas têm o objetivo de ganhar massa
muscular praticando musculação. Como a porcentagem de gordura é bem
pequena, conseguem uma boa definição muscular e bons ganhos de massa se
houver uma alimentação correta. Aconselha-se o consumo de hipercalóricos
(Gainers, Massa 3000) juntamente com alimentação adequada. Procure fazer
6 refeições por dia com intervalos de 3 horas no Maximo. Não coma muito de
uma vez só. Dose as medidas. Não perca mais de 1 hora e 30 minutos
malhando.

Recursos Materiais Disponíveis


Utiliza implementos como sobrecarga adicional:

- Implementos Alodinâmicos: Não compensam as variações nos braços das


alavancas ao longo do movimento. (Halteres, barras, peças lastradas e
módulos de resistência por meio de roldana, polia ou alavanca)
- Implementos Isodinâmicos: Compensam as variações nos braços de alavanca
ao longo do arco articular. (Máquinas Cybex, Minigym)

Duração da Sessão
Pode variar entre 1 a 2 horas em função, principalmente, dos objetivos a serem
atingidos e a disponibilidade de tempo do praticante, constatados na fase inicial (avaliação).

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DELGADO

Escolha dos Exercícios

A escolha dos exercícios depende:

- Das necessidades do praticante (objetivos);


- Disponibilidade de tempo;
- Nível de aptidão física;
- Recursos materiais disponíveis;

Seqüência de Trabalho

De acordo com DANTAS (1998) uma sessão básica de treinamento, deve ser
composta por:

- Aquecimento;
- Parte Principal;
- Desaquecimento.

A parte principal da sessão é composta pelos exercícios de musculação, no


sentido de primeiro da ênfase aos músculos maiores e posteriormente os menores.

Sistema de Treinamento

Os exercícios a serem executados podem obedecer várias seqüências, permitindo,


assim, formar sistemas de treinamento distintos de exercícios. Dentre os muitos apresentamos
os principais de acordo com o nível do atleta:
Tabela 6: Sistema de Treinamento de Acordo com o Nível do Atleta
Alunos Iniciantes Alunos Intermediários Alunos Avançados
Método Convencional ou Sistema Localizado por Método Parcelado
Básico Articulação Método Duplamente
Sistema Alternado de Sistema de Série Dividida Parcelado
Segmento Método da Prioridade Método Triplamente
Circuito Treino Muscular Parcelado
Circuito Extensivo Sistema Piramidal Método do "Puxe-Empurre"
Circuito Intensivo
Método Continuada ou
Bombead
Sistema de Séries em Dois
Turnos
Sistema de Super-Série
Sistema de Série Composta
ou Drop Set
Sistema do Super-Série
Múltiplo
Sistema do Super -Série Tri-
SetSistema de Pré-Exaustão

Sistema de Série Gigante

Intensidade do Treinamento

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A intensidade será dada pela:

- Quilagem: percentual do peso máximo utilizado para o trabalho.


- Velocidade de execução: quanto maior a velocidade menor a intensidade.
- Intervalo: período de repouso entre dois grupos; sua duração influirá na
intensidade e depende da qualidade física treinada.

Volume do Treinamento

Numa sessão de musculação o volume é dado por:

- Número de Exercícios: o número de exercícios a ser realizado influenciará,


poderosamente, o volume. Por sessão ter-se-ão realizados doze exercícios
diferentes, um mínimo de oito, e um máximo de quinze exercícios para obter
resultados satisfatórios.
- Repetições: número de vezes que o aluno executara o mesmo exercício, ou
seja, o mesmo número de movimentos. Embora a prescrição de três a cinco
séries de seis a doze repetições seja amplamente utilizada, apresentamos o
seguinte critério para seleção de número de series e repetição.
Tabela 7: Relação entre as variáveis objetivadas e o número de series e repetições em um
programa de TF.
Variável objetivada Nº de séries Nº de repetições
Força (iniciantes) 03 06-08
Força (avançados) 05-06 04-08
Resistência muscular 03 15-20
Hipertrofia muscular 05-06 0-12

- Grupo: conjunto de dois a quatro exercícios sem intervalo. Significa que serão
realizados os três exercícios, quantas vezes forem prescritas pelo número de
passagens, sem intervalo.
- Série: rol de exercícios a serem realizados numa sessão.
- N° de passagens: se a série for realizada mais de uma vez ter-se-á, para cada
vez que a série for executada, uma passagem.
- Sessão: total geral de exercícios a serem realizados num dia de treinamento.

Tipos de Respiração

São cinco, os tipos de respiração utilizados na musculação:

1) Respiração Continuada ou Livre: Executada livremente durante a trajetória do movimento,


sem haver referência em relação às fases da contração muscular.
- Indicada para iniciantes na fase de adaptação ao treino.
- Promove troca constante de gases.
- Mais utilizada em treinos de: RML e Potência

2) Respiração Ativa-Eletiva: quando o atleta que lida com pesos elevados quer evitar o
bloqueio da respiração, lança mão do recurso da respiração eletiva que consiste na ritmação
da respiração com o movimento.
- A inspiração é realizada na Fase Positiva ou Concêntrica.

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- A expiração é realizada na Fase Negativa ou Excêntrica.


- Menos indicada ao aluno iniciante.
- Mais utilizado em treinos de: RML, Força dinâmica (Hipertrofia)

3) Respiração Passiva-Eletiva
- A expiração é realizada na Fase Positiva ou Concêntrica.
- A inspiração é realizada na Fase Negativa ou Excêntrica.
- Menos indicada ao aluno iniciante.
- Mais utilizado em treinos de: Força dinâmica (hipertrofia), Força explosiva
- Utilizada em gestos desportivos de potência. Ex: Cortada de Vôlei, Saque do
Tênis, Arremessos etc.
- Indicada para exercícios que comprimem mecanicamente a cavidade
abdominal, facilitando a expiração.

4) Respiração Bloqueada: Realizada em apnéia tanto na Fase Concêntrica e Excêntrica.


“Realiza uma Inspiração no início do movimento e uma expiração ao término do mesmo”.

- Utilizar apenas com indivíduos condicionados.


- Mais utilizado em treinos de: Força pura e isométrica, Levantamento olímpico
e Fisiculturismo

5) Respiração Combinada: é quando o atleta se utiliza à combinação de duas das forças


precedentes de respiração. Ex. Inspira na Fase Concêntrica e bloqueia durante a Fase
Concêntrica expira durante a Fase Excêntrica.

- Utilizada apenas com indivíduos condicionados.


- Mais utilizado em treinos de: Força Pura, Hipertrofia e Fisiculturismo

Freqüência Semanal

Para iniciantes, o treinamento de força geralmente é conduzido duas a três vezes


por semana. Essa freqüência tende a aumentar com o grau de condicionamento do
participante, de modo que um número ótimo de sessões situe-se entre três e cinco dias.

4° Passo: Escolha o tipo de força a ser treinada

Primeiramente, o treinamento, de força deve ser específico por fase e desenha-do


para satisfazer as necessidades individuais entre as qualidades físicas treináveis com a
musculação aplicada temos:

- RMP (Resistência Muscular Prolongada)


- RML (Resistência Muscular Localizada)
- Hipertrofia
- Força Rápida
- Força Explosiva
- Força Máxima

Tabela 8: Parâmetros para o Treinamento das Modalidades de Força em Musculação


Tipo Percentage Repetiçõe N° Velocidade Intervalo Respiração

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m s Exerc. de entre os
de carga execução grupos
máxima
RMP 30 a 40% +30 Média - Continua
RML 40 a 60% 15 a 30 8 a 15 Média 30 a 40” Continua
Hipertrofia
para Lenta a
60 a 70% 6 a 10 6a9 2 a 4’ Passiva/eletiva
Nadadores moderada
de Fundo
Hipertrofia
para
Nadadores Lenta a
75 a 80% 6 a 10 6a9 2 a 4’ Passiva/eletiva
de moderada
Velocidad
e
Força Passiva/eletiva
50% a 70% 1a6 Rápida 2 a 5’
Rápida /bloqueada
Força
50 a 60% 6 a 12 Rápida 2 a 5’ Passiva/eletiva
Explosiva
Força Passiva/eletiva
85 a 95% 2a5 3a5 Lenta 3 a 6’
Máxima /bloqueada

5° Passo: Calibragem da serie

Representam o ponto de referência para a determinação do peso a ser utilizado


nos programas de musculação.

Atualmente os testes mais utilizados são: o teste de peso máximo (T.P.M.) e o


teste de peso por repetição (T.P.R.).

6° Passo: Execute o programa de treinamento

A excursão do programa de treinamento deve ocorre assim que os atletas saibam


quais os exercícios a executar, qual a carga máxima de 1RM para cada exercício e o tipo de
força a que será treinado.

Planificação dos Ciclos de Treinamento:

As necessidades de força do nadador se estabelecem em função da própria


natureza da expressão de força segundo o seu estilo e a distância ou duração da prova.
Baseada nisso, a planificação do treinamento de força aplicada a natação ocorre da seguinte
forma:

PERÍODO PERÍODO
PERÍODO PREPARATÓRIO
COMPETITIVO TRANSITÓRIO
Preparação Geral Preparação Específica Competitivo Destreinamento
Força Básica
Força Específica
(Adaptção, Força Força Manutenção da
(RMP, Força Rápida e
RML e Máxima Competitiva Força Básica
Força de Potência)
Hipertrofia)

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Fase de Desenvolvimento da Força Básica (FB)

Seu objetivo é o aumento do potencial de força do nadador, a prevenção de


lesões e a construção de uma sólida base que prepare para as fases seguintes.

Por regra geral, o desenvolvimento da FB implica a melhora da força absoluta do


nadador, de acordo com as necessidades de cada especialidade. Por tanto, supõe o trabalho
de todos os músculos e a preparação do sistema muscular e articular mediante diferentes
exercícios, tipos de contração e diversos conteúdos do treinamento, geralmente pouco
intensivos. A carga de trabalho oscilará entre pequena e média, devendo ser incrementada
progressivamente. É uma etapa de predomínio do volume e de treinamento da força
resistente, com caráter geral dos grupos musculares importantes do nadador.

Sua duração é de aproximadamente 2 a 4 semanas, na maioria dos casos, o


aumento da força máxima nestes grupos musculares se desenvolvem através de exercícios
com pesos ou máquinas que separam o trabalho destes grupos musculares e, em
conseqüência, têm um escasso nível de especificidade com o estilo do nadador. No entanto, é
necessário insistir em desenvolver a força máxima da braçada e da pernada utilizando
instrumentos específicos com polias, carros inclinados, ligas elásticas grossas e equipamentos
isocinéticos. Todos estes procedimentos têm em comum a realização fora da água.

Fase de Desenvolvimento da Força Máxima (FM)

Um bom nível de força máxima influi no ganho de força rápida ou potente ou de


força resistente, ou em ambas, de modo eficaz, o que leva a altos resultados. O objetivo desta
fase é o desenvolvimento da força máxima no maior nível possível, de acordo com a
capacidade do esportista. Será realizada primeiro uma fase de desenvolvimento muscular, e,
logo após, outra de coordenação intramuscular.

Sua duração é de 1 a 3 meses, dependendo do esporte e das necessidades do


esportista.

Os exercícios de força máxima são a base de um programa de treinamento


especializado posterior (melhora da força explosiva e/ou resistência de força). Além disso,
devem ser utilizados exercícios de carga elevada que influenciem sobre os mecanismos
nervosos (coordenação intramuscular) e de desenvolvimento muscular (hipertrofia).

Fase de Desenvolvimento da Força Específica (FE)

Seu objetivo é a conversão gradual da força máxima para a força específica


necessária na natação (força rápida, força resistente ou ambas, nos percentuais adequados
para cada tipo de prova).

Isso é alcançado quando é aplicado o método adequado para o tipo de força


requerida, junto com o uso de métodos de treinamento da força específica para, aumenta-se a
resistência de força específica de cada especialidade. Os exercícios utilizados para o
desenvolvimento da FE têm um maior caráter de especificidade, imitando-se a técnica do nado
na medida do possível, tanto na água (preso, com resistências, etc.) ou fora da água (com
polias, carros inclinados, ligas e equipamentos isocinéticos).

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Caso ambos os tipos de força sejam requeridos, o tempo dedicado e os métodos


eleitos para os seus respectivos ganhos necessitam reflexão para que haja uma ótima relação
entre eles. Um programa de treinamento de força específica ideal precisa ser desenvolvido em
conjunto com as capacidades condicionantes, determinantes e preferentes a prova
selecionada. Para isso, os exercícios eleitos devem simular planos, direções e ângulos
específicos nos quais são realizados os gestos técnicos, além de envolver os principais
músculos agonistas que intervém nos mesmos

Sua duração é de 2 a 4 meses, com registros da força máxima para que seu nível e
o nível de força específica não caiam ao final do período de competições.

Fase de Força Competitiva (FC)

Compreendem a simulação da situação de competitiva, unindo o trabalho sobre o


estilo, as condições de tempo e ritmo de execução (freqüência de braçada) que ocorre em
cada especialidade. Os exercícios de FC mostram o caráter superior do grau de especificidade
no trabalho de força. As possibilidades de desenvolvimento da força competitiva podem ser
realizadas fora e dentro da água, mas é preferível esta última como máxima expressão das
possibilidades de desenvolvimento da FC.

O treinamento da força deve cessar entre 5 e 7 dias antes das principais


competições da temporada, com vistas a permitir bons resultados. Isso levará o competidor a
chegar descansado às competições e impedirá o risco de lesões.

Fase de Manutenção da Força Básica

Realiza-se durante o período de transição, com o objetivo indicado por sua


denominação.

7° Passo: Avaliação e reestruturação do programa

Após o período de execução do exercício, um novo teste de 1RM, baseado nos


ganhos adquiridos de força, faz-se necessário, antes do início de nova fase, para assegurar o
progresso e estabelecer as novas cargas.

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Seção 2: Ginástica Médica ou Fisioterápica

“Principalmente a partir da Segunda guerra mundial, o exercício físico vem sendo


ministrado como meio de recuperação dos diversos tipos de seqüelas pós-operatório e
músculo-osteo –articulares” ( GOMES, 1998 ), além de prevenir lesões corporais.

Dentre elas:
- Ginástica Laboral
- Ginástica Corretiva (RPG)
- Ginástica Oriental
- Hidroterapia
- Pilates

Ginástica Laboral
A ginástica laboral é definida como a realização de exercícios físicos no ambiente
de trabalho, durante o horário de expediente, para promover a saúde dos funcionários e evitar
lesões de esforços repetitivos e doenças ocupacionais. Além dos exercícios físicos, consiste em
alongamentos, relaxamento muscular e flexibilidade das articulações. Apesar da prática da
ginástica laboral ser coletiva, ela é moldada de acordo com a função exercida por cada
trabalhador. Nascida em 1925, entre os operários poloneses, a ginástica laboral foi passada à
Holanda, Rússia, Bulgária e Alemanha Oriental. Mais tarde, chegou ao Japão. Após a Segunda
Guerra Mundial, o programa espalhou-se e evoluiu pelo mundo. Apesar de não conhecida por
esta denominação, foi a ginástica laboral que deu à ginástica um elo com a Medicina, o que lhe
rendeu status na sociedade enquanto âmbito a ser estudado e aprimorado.

Ginástica Corretiva
É a ginástica que possui exercícios definidos para corrigir defeitos posturais e
desvios da coluna vertebral, também conhecida como cinesioterapia, é ministrada por
fisioterapeutas, fisiatras e/ou professores de Educação Física especializados.

Ginástica Oriental
Reúne várias técnicas em busca do equilíbrio da energia cósmica com a dos
chacras corporal. Utiliza- se exercícios suaves e lentos acompanhados de perfeita respiração.

Hidroterapia

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Reabita patologias clínicas através de exercícios realizados na água. É uma


ginástica individualizada, com exercícios específicos a cada lesão. Trabalha a reumatologia,
ortopedia, lesões pulmonares, por acidentes e paralisia cerebral entre outras.

UNIDADE IV: GINÁSTICA DE COMPETIÇÃO OU


DESPORTIVA

Reúnem todas as modalidades competitivas: ginástica artística, rítmica desportiva,


acrobática, aeróbica, roda ginástica, trampolim acrobático, tumbling, mini-trampolim, etc.

A ginástica moderna, regimentada pela Federação Internacional de Ginástica,


incorpora seis modalidades distintas, com uma delas divida em duas ramificações de
importância igual, gerando assim um total de sete, de acordo com a visão da federação, que
deu ainda a cada uma delas um específico Código de Pontos. Uma dentre as demais, não
competitiva, reúne no concreto, o conceito da ginástica em si:

Modalidade Principal evento Primeira aparição


Ginástica artística Jogos Olímpicos 1896
(no Brasil, chamada também de olímpica)
Ginástica rítmica Jogos Olímpicos 1996
Trampolim acrobático Jogos Olímpicos 2000
Ginástica acrobática Campeonato Mundial 1974
Ginástica aeróbica Campeonato Mundial 1995
Ginástica geral Gymnaestrada 1953

SEÇÃO 1: Ginástica Artística

“A Ginástica é um esporte tanto emocionante quanto belo, que não requer


somente coragem de seus adeptos como também graça e domínio do corpo.”
Frase retirada do livro “O Prazer da Ginástica”.

No meio esportivo e nas diferentes faculdades de Educação Física de todo o país,


vimos a utilização tanto do termo Ginástica Olímpica quanto Ginástica Artística.

De acordo com a Federação Internacional de Ginástica (FIG), Ginástica Olímpica


refere-se a todas as modalidades ginásticas praticadas, atualmente, nas Olimpíadas que são
a Ginástica Artística feminina e masculina; a Ginástica Rítmica e o Trampolim Acrobático.
Nesse sentido, para a FIG, o termo utilizado seria a Ginástica Artística uma vez que a
distinguiria das demais modalidades gímnicas.

Já no Brasil, o termo foi popularizado como Ginástica Olímpica a partir da


colonização alemã, no sul do país, mais especificamente no Rio Grande do Sul, oficializado pelo
Conselho Nacional de Desportos e sendo homologado pelo Ministério da Educação e Cultura
em março de 1979.

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Em 1985, os profissionais pertencentes à Confederação Brasileira de Ginástica


(CBG) propuseram a alteração do nome para Ginástica Artística, com base na nomenclatura
oficial da FIG.

Hoje em dia, utilizam-se ainda as duas nomenclaturas, porém em competições


internacionais como Jogos PAN AMERICANOS, CAMPEONATOS MUNDIAIS, etc., utiliza-se o
termo Ginástica Artística.

Definição:

A Ginástica Olímpica é um conjunto de exercícios corporais sistematizados,


aplicados com fins competitivos, em que se conjugam a força, a agilidade e a elasticidade. O
termo ginástica origina-se do grego gymnádzein, que significa “treinar” e, em sentido literal,
“exercitar-se nu”, a forma como os gregos praticavam os exercícios.

Segundo o COLETIVO DE AUTORES (1992), Pode-se entender ginástica como


uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abre-se a
possibilidade de atividades que provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da
cultura corporal das crianças, em particular, e do homem em geral. (p. 77)

A Ginástica Artística (GA) ou Ginástica Olímpica (GO) pode ser subdividida em


dois grupos de atividades:

- GO/GA – ATIVIDADE FÍSICA, inserida no conteúdo GINÁSTICA.


- GO/GA – ESPORTE.

GO/GA – Atividade Física

A partir dos movimentos naturais e espontâneos, os alunos obtêm recursos que


permitem desenvolver com maior amplitude e dinâmica as ações motoras como
deslocamentos, saltos, giro no eixo longitudinal e transversal, equilíbrios, balanços em apoio e
suspensão, passagem pelo apoio e suspensão invertida que devem ser coordenados e
enriquecidos progressivamente para se transformar nos elementos acrobáticos.

Essa prática possibilita aos praticantes tomar consciência de suas potencialidades


motoras/corporais e desenvolver suas aptidões bem como desenvolver um trabalho corporal
de forma global, desenvolvendo as capacidades físicas como força estática, dinâmica e
explosiva, flexibilidade, coordenação, consciência corporal e noções do corpo no espaço.
Possibilita também grande satisfação pessoal ao proporcionar experiências motoras, cognitivas
e sócio-afetivas.

GO/GA – Esporte

É um esporte olímpico de arte e perfeição que evolui constantemente a partir


das regras institucionalizadas pelo Código Internacional de Pontuação da FIG
atualizado a cada ciclo olímpico (4 em 4 anos). Pode ser trabalhado na iniciação esportiva,
no nível intermediário e no esporte de alto nível.

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História

Foi na Grécia que a ginástica alcançou um lugar de destaque na sociedade,


tornando-se uma atividade de fundamental importância no desenvolvimento cultural do
indivíduo. Exercícios físicos era motivo de competição entre os gregos, prática que caiu em
desuso com o domínio dos romanos, mais afeitos aos espetáculos mortais entre homens e
feras.

Durante a sangrenta Idade Média, houve um desinteresse total pela ginástica


como competição e o seu aproveitamento esportivo ressurgiu na Europa apenas no início do
século XVIII. Foram então criadas as escolas alemã (caracterizada por movimentos lentos e
rítmicos) e sueca (à base de aparelhos). Elas influenciaram o desenvolvimento do esporte, em
especial o sistema de exercícios físicos idealizado por Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852), o
Turnkunst, matriz essencial da ginástica olímpica hoje praticada.

A Ginástica Olímpica chegou ao Brasil, em 1824, por meio da colonização alemã


no Rio Grande do Sul. Este foi também o primeiro estado a fundar uma Federação de Ginástica
(Federação Rio-grandense de Ginástica), oficializando assim a prática desta modalidade no
Brasil.

A prática da ginástica olímpica proporciona benefícios como coordenação motora,


flexibilidade, equilíbrio, força, ritmo, velocidade, agilidade, lateralidade, criatividade, domínio
corporal, disciplina, concentração, auto-estima, superação de limites e sociabilização.

A Ginástica Olímpica na escola: possibilidades de


trabalho

Apesar de a Ginástica Olímpica ter tido um enorme avanço no Brasil nos últimos
tempos, em função de conquista espetaculares como as de Daiane dos Santos, Diego Hipólito,
Daniela Hipólito, Jade Barbosa dentre outros, a prática dessa modalidade ainda não está
massificada nas diferentes regiões do país.

Fatores Limitantes:

- Falta de aparelhos
- Custo elevado dos aparelhos
- Espaço insuficiente para a prática
- Professores pouco qualificados para a prática da modalidade
- Medo de ocorrência de acidentes com os alunos
- Entendimento da modalidade enquanto esporte de alto nível
- Exigência de alta performance
- Preferência dos alunos por outras modalidades

Importância da Ginástica Olímpica para os Alunos

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- Desenvolvimento da consciência corporal;


- Ampliação do vocabulário motor dos alunos;
- Oferece um ambiente rico de experiências corporais para os alunos
descobrirem suas dificuldades e desenvolverem suas potencialidades;
- Juntamente com o Atletismo, são a base de todas as atividades físicas;
- Desenvolve a cooperação e respeito ao outro

NA ESCOLA: deve-se trabalhar numa visão pedagógica, recreativa, sem o caráter


competitivo, enquanto esporte de espetáculo e de performance. Deve ser entendida
no conteúdo de GINÁSTICA.

Como podemos trabalhar metodologicamente?

- Ludicamente
- Possibilitar a exploração dos movimentos e materiais pelos discentes
- Respeito à faixa etária dos alunos
- Utilizando exercícios educativos – PEDAGÓGICOS
- Executando várias repetições
- Estímulos psicológicos – incentivo e para superar medos e traumas
- Estimular o diálogo
- Estimular a cooperação entre os colegas
- Utilizar diferentes materiais para a aprendizagem
- Utilizar diferentes métodos de ensino (global, parcial, misto, demonstração).
- Aproximar do universo cultural dos alunos
- Utilizar a progressão pedagógica: Do simples p/ o complexo.Do Fácil p/ o
difícil.Do pouco p/ o muito

PONTO CENTRAL: Necessidades dos alunos e suas potencialidades

Benefícios da Ginástica Olímpica

- Desenvolvimento das QUALIDADES FÍSICAS: Força; flexibilidade; equilíbrio;


agilidade; velocidade; coordenação motora; noção temporal e espacial;
lateralidade; percepção e sentido cinestésico.
- Desenvolvimento AFETIVO-SOCIAL: Socialização; aumento da auto-estima;
organização; ação; disciplina; responsabilidade; coragem e solidariedade.

Tipos de Trabalho

1) EDUCACIONAL: desenvolver habilidades psicomotoras e socialização.


Geralmente realizado 2 x por semana
Ginástica de SOLO; alguns SALTOS ou vivência em aparelhos oficiais ou adaptados.
A partir dos 3 ou 4 anos

2) RECREATIVO: Ginástica por prazer


Movimentos em duplas ou em pequenos grupos
Ruas de Lazer
A partir dos 3 anos

3) COMPETITIVO: preparação física e aprimoramento da técnica


Várias horas de treinamento

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5 a 6 x por semana
A partir dos 5/6 anos

Segurança na GO/GA e prevenção de acidentes

- Tanto nos movimentos mais complexos quanto nos mais simples na


Ginástica Olímpica, devemos nos atentar para as questões de prevenção de
acidentes e na segurança dos praticantes.
- Muitos alunos acabam por se contundir em função tanto da falta de confiança
quanto em seu excesso. Devemos dosar nossas aulas com exercícios mais
fáceis e mais difíceis, a fim de que todos os nossos alunos sejam contemplados
em relação à sua capacidade motora. Além disso, é extremamente necessário
que o/a professor/a conheça as ajudas necessárias para a aprendizagem da
técnica de um movimento específico para que a execução seja correta e
segura.

As ajudas em ginástica olímpica/artística servem para:

1) Facilitar a aprendizagem de novos movimentos.


2) Ser realizada no momento de maior dificuldade do movimento.
3) Para se evitar acidentes e lesões.

Um bom ajudante necessita:

1) Conhecer bem os elementos que ensina;


2) Posicionar-se corretamente em relação ao aluno e ao aparelho;
3) Estar bem fisicamente para poder ser rápido na reação e preciso na intervenção
4) Estar muito atento à movimentação do aluno;
5) Saber antecipar uma possível falha de execução, o que pressupõe, para além do
conhecimento da técnica, um conhecimento pessoal do aluno;
6) Ter sempre presente que é mais importante manter a integridade física do
aluno e psíquica do aluno do que a execução correta dos elementos;
7) Saber aproveitar corretamente a força que o aluno desenvolve nas diferentes
ações gestuais, possibilitando uma aprendizagem mais segura e mais rápida;
8) Saber proteger-se a si próprio evitando sobrecarregar estruturas
como coluna vertebral ou algum grupo muscular em ações menos corretas do
ponto de vista biomecânico, pois, mais cedo ou mais tarde, poderá daí advir
lesões que o incapacitará para a função de ajudante e/ou outras.

Principais causas de acidentes na Ginástica Olímpica/Artística

1) Fator psicológico: medo, falta ou excesso de confiança, pressão interna ou


externa, ansiedade, etc..
2) Fator biológico: fadiga, preparação física e/ou aquecimento
inadequados, recuperação insuficiente após uma enfermidade, alimentação
inadequada.
3) Disciplina: falta de atenção ou concentração, não obediência ao
professor e às suas orientações, utilização inadequada dos equipamentos.

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4) Fator pedagógico: orientação inadequada, falta de conhecimento do


nível das habilidades corporais dos alunos, progressão pedagógica inadequada.
5) Instalações: pisos irregulares, iluminação insuficiente, falta de espaço entre os
aparelhos.
6) Manutenção e /ou instalação inadequada dos equipamentos.

Materiais que ajudam na prevenção de acidentes:

- Na ginástica escolar e recreativa, o nível técnico dos exercícios não exige


tanto do corpo a ponto de necessitarmos de todos os materiais como os que
descreveremos a seguir. É preciso ter bom senso. Mas na ginástica com
fins competitivos, é importante que se tomem todos os cuidados,
pois o nível técnico torna-se cada vez mais elevado e o físico é cada vez mais
exigido, os impactos maiores, etc., e nada melhor do que estar seguro para a
prática da ginástica.
- Nos aparelhos com empunhaduras, temos o carbonato de magnésio, que é
um pó químico, branco e fino, que tem a função de manter as mãos
do ginasta secas durante exercícios nos aparelhos. A sudorese
excessiva nas palmas das mãos representa um grande risco delas
escorregarem das barras, provocando quedas.
- As palmas das mãos podem ser também protegidas de lesões por atrito
quando a ginasta utiliza protetores palmares, que são equipamentos de couro,
ajustáveis aos punhos por meio de velcro ou fivelas, e presos aos dedos anular
e médio, que permitem a realização dos elementos sem prejuízo técnico.
Estes protetores devem ser utilizados nos treinamentos de barra fixa e barras
paralelas (masculinas e femininas) e é permitido utilizá-los em competições.
Munhequeiras, suportes reforçados para a articulação do punho e
tornozeleiras são muito utilizados por ginastas para prevenir lesões.

Modalidades

As modalidades subdividem-se em duas: ginástica artística masculina e ginástica


artística feminina. Cada uma possui um código próprio (com os movimentos e os aparelhos
utilizados), elaborado pelos comitês (masc. e fem.) da Federação. Em comum, possuem as
regras de conduta e as generalidades de cada competição, como a segurança do ginasta e a
exigência sobre a qualidade dos equipamentos e da execução durante as apresentações
dentro de cada exigência.

Os aparelhos da ginástica artística masculina (sigla em inglês: MAG) são diferentes


dos aparelhos disputados na ginástica artística feminina (sigla em inglês: WAG). Enquanto os
homens disputam provas em seis aparelhos diferentes, as mulheres as disputam em quatro.

As provas femininas:

A seqüência aqui descrita obedece a ordem olímpica, ou seja, a ordem oficial de


competição.
1º) Salto sobre cavalo (de 1,25 m de altura- mesa de salto)
2º) Barras assimétricas (de 2,45 m e 1,65 m de altura)
3º) Trave de equilíbrio (de 10 cm de largura e 5 metros de comprimento)

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4º) Exercícios de solo (com fundo musical)

As provas masculinas:

A seqüência aqui descrita obedece a ordem olímpica, ou seja, a ordem oficial de


competição.
1º) Exercícios de solo (sem música)
2º) Cavalo com alças
3º) Argolas
4º) Salto sobre o Cavalo (1,35 m de altura - mesa de salto)
5º) Barras Paralelas Simétricas
6º) Barra Fixa

Categorias de Competição e Notas

As categorias em que se compete são:

a) Pré infantil (6 anos)


b) Infantil (7 e 8 anos)
c) Infantil A (9 e 10 anos)
d) Infantil B (11 e 12 anos)
e) Juvenil (13 a 15 anos)
f) Maiores (16 anos adiante).

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Existe uma segunda classificação por níveis (classificados por letras) que
determina o nível de dificuldade dos exercícios e os aparelhos :

a) Escolinha (somente metropolitano)


b) D (solo exercícios de solo e salto obrigatórios)
c) C2 (se compete em quatro aparelhos)
d) C1 (os exercícios obrigatórios )
e) B2 (os exercícios podem ser livres ou obrigatórios dependendo da categoria )
f) B1 (exercícios livres com alguma exceções nas categorias mais jovens)
g) A o Elite (as 6 melhores notas deste nível integram a seleção nacional).

A nota máxima que um ginasta pode alcançar é 10,00 e se consegue pela soma
dos diferentes pontos dos árbitros. São eles:

- Dificuldades e parte de valor (3,00)


- Exigências específicas ou requisitos obrigatórios (1,40 - 0,20)
- Bonificação (1,00)
- Composição e combinação (0,60)
- Execução (4,00)

Existem quatro tipos de classificações:

- Concurso I: classificatório para os outros três concursos (obrigatório).


- Concurso II: se chama All Around. é para determinar a ganhadora da
classificação individual geral (participam as 36 melhores classificadas no
concurso I).
- Concurso III: se compete por aparelhos (participam as 8 melhores classificadas
em cada aparelho no concurso I).
- Concurso IV: é a competição por equipe (participam as 6 equipes melhores
classificadas no concurso I).

A ordem de competição é por sorteio. A pontuação por equipe se faz da seguinte forma:

- Cada equipe contém 6 ginastas.


- Em cada aparelho competem 5 ginastas (o técnico decide quem compete em
cada aparelho).
- Se pega as 4 melhores notas deste aparelho, o seu total é a nota por equipe
neste aparelho.
- Se repete o procedimento nos outros aparelhos.

Julgamento e Pontuação

Os exercícios de cada ginasta são julgados e pontuados por um júri. Existem os


elementos obrigatórios em cada aparelho, que todos os ginastas devem praticar ou perderão
pontos. O ginasta deve acrescentar outros elementos para obter pontos extras. Todos os
exercícios tem um valor inicial, que para os homens é 8.6 e para as mulheres 9.0. Isto quer
dizer que se o ginasta não acrescentar elementos que valem bônus, seu exercício poderá obter
no máximo essas notas, mesmo que sejam executados perfeitamente. O valor de cada
elemento e os movimentos obrigatórios de cada aparelho está no “Código de Pontos”
desenvolvido pela FIG. Este código muda a cada quatro anos, após as Olimpíadas, tornando-se

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mais elaborado. Os juízes procuram erros de postura, de execução, dentre outros, para deduzir
do valor inicial do atleta.

Equipamentos

O uniforme básico de toda ginasta é um collant de lycra em forma de maiô. Em


todas as provas, variando de acordo com a preferência, as atletas competem descalças. Os
homens usam short ou calça de material apropriado e meias nos pés (exceto nas provas do
solo). Suas camisetas, que em verdade são collants, ficam cobertos na altura da cintura, pela
outra parte do uniforme: a calça ou o short.

Figura 1: Uniforme de Ginástica

É comum que os competidores passem pó de magnésio nas mãos, especialmente


em provas de barras, para evitar lesões nos dedos e escorregões durante os movimentos.
Outros aparatos também são de uso permitido nas mãos para que o ginasta possa segurar as
barras e as argolas sem sofrer com lesões e possíveis feridas - como os protetores palmares
(com munhequeiras). Ainda são usados colchões para amortecer as saídas e as braçadeiras (de
uso masculino, para as provas das barras paralelas).

Local

Figura 2: Ginásio

As competições de ginástica geralmente são disputadas em locais fechados, com


várias adaptações para a prática da modalidade. Os exemplos mais precisos são os ginásios e
os estádios cobertos, especialmente preparados para comportar aparelhos e bancas
julgadoras, pois cada elemento da ginástica artística possui a sua peculiaridade.

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Subdivisão e Aparelhos

A modalidade subdivide-se em duas: ginástica artística masculina e ginástica


artística feminina. Cada uma possui um código próprio (com os movimentos e os aparelhos
utilizados), elaborado pelos comitês (masc. e fem.) da Federação. Em comum, possuem as
regras de conduta e as generalidades de cada competição, como a segurança do ginasta e a
exigência sobre a qualidade dos equipamentos e da execução durante as apresentações
dentro de cada exigência.

Os aparelhos da ginástica artística masculina (sigla em inglês: MAG) são diferentes


dos aparelhos disputados na ginástica artística feminina (sigla em inglês: WAG). Enquanto os
homens disputam provas em seis aparelhos diferentes, as mulheres as disputam em quatro.
Abaixo, estão descritos cada um dos eventos/aparelhos:

ARGOLAS

O aparelho é constituído por uma estrutura de onde prendem-se duas argolas, a


2,75 metros do solo. A distância entre elas é de 50 cm e o seu diâmetro interno é de 18 cm.
Seu uso em competições é exclusivamente para homens.

Características da competição

A prova consiste em uma série de exercícios de força, balanço e equilíbrio,


realizados pelos membros superiores do corpo.

Durante a apresentação o ginasta deve ficar pelo menos dois segundos parado
numa posição vertical ou horizontal em relação ao solo. As argolas devem sempre permanecer
paradas.

Figura 3: Diego Hipólito

O júri valoriza o controle do aparelho e a dificuldade dos elementos da


coreografia. Quanto menos tremer a estrutura que suspende as argolas à haste, melhor será a
pontuação de execução do ginasta.

Elementos da coreografia:

- Movimentos de baixo para cima;


- Movimentos estáticos;
- Acrobacias (altas e completas);
- Saltos no desmonte;

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- Entrada estática no aparelho (com a ajuda do técnico, o ginasta inicia sua


rotina com os braços esticados e o corpo totalmente ereto, como
completando o comprimento das argolas).

O ginasta será descontado caso:

- Desligue-se do aparelho;
- Balance a fita que prende as argolas à haste de sustentação;
- Use força invés de impulso nas acrobacias;
- Não defina um movimento estático (ou seja, não mantenha o tempo mínimo
de dois segundos);
- Não mantenha a postura angular dos ombros durante sua apresentação.

Movimentos

A gama de movimentos estáticos nas argolas é tão variada quanto nos demais
aparelhos masculinos e femininos. Para as saídas, usam-se os saltos costumeiramente vistos
em provas de salto. Durante suas apresentações, os ginastas utilizam de movimentos
acrobáticos e estáticos – validados pelo Código de Pontos de A à Super-E (F) -, entre eles[6]:

- Chechi – Saído de uma posição estática horizontal, o ginasta estica-se para


baixo, toma impulso e torna à uma posição estática, apoiando o corpo sobre
os braços formando um ângulo de 90 graus entre o tronco e as pernas. A partir
desta posição, ele realiza um mortal.
- Homna – Consiste em um mortal e meio, levando ao movimento estático
- Cruz (Albert Azaryan) – Partindo da posição inicial ereta (braços esticados e
corpo estendido), o ginasta forma uma cruz em ângulo de 90 graus entre os
ombros e o tronco. Esta posição deve ser firmada por três segundos para ser
validada.
- Cruz invertida – Partindo do mesmo ponto que a Cruz, o ginasta fica de ponta-
cabeça.
- Nakayama – Partindo da maltesa (posição horizontal estática), o ginasta desce
para a Cruz.
- Jotchev – Partindo da Cruz invertida, o ginasta estabiliza posição na maltesa.
- Balabanov – Movimento de desmonte. O ginasta toma impulso com os giros
gigantes, chamados russas gigantes. De costas e em posição carpada, ele junta
as mãos às pernas e em um duplo mortal frontal, aterriza.

CAVALO COM ALÇAS

Cavalo com alças é um aparelho utilizado na ginástica artística apenas por atletas
do sexo masculino, composto de um corpo prismoidal mais estreito na parte inferior, montado
horizontalmente sobre uma base, com duas alças sobrepostas ao corpo.

Está a 1,15 metro do solo e tem 1,60 metro de comprimento e 35 centímetros de


largura . Somente as mãos devem tocar o aparelho. As alças possuem distância ajustável e a
altura de 12 cm. Uma série típica no cavalo com alças envolve tesouras e movimentos
circulares. As tesouras, exercícios feitos com as pernas separadas, são executadas geralmente
com as mãos sobre as alças. Os movimentos circulares, as chamadas russas, são feitos com as
duas pernas juntas.

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Figura 4: Sérgio Sasaki

Os descontos decorrem, assim como nos demais aparelhos, na faixa de 0,1 à 1,0.
O ginasta será penalizado:

- Pela falta de postura das pernas (sempre retas);


- Por se desgarrar do aparelho;
- Por subir à parada de mãos na força (invés do impulso);
- Caso não realize os movimentos obrigatórios citados acima;

BARRA FIXA

É uma barra é presa sobre uma estrutura de metal a 2,75 m do solo e possui 2,40
m de comprimento. A prova consiste em movimentos de força e equilíbrio.

As disputas nas competições nesse aparelho são exclusivamente para homens.


Está presente nos Jogos Olímpicos de Verão desde sua primeira edição. Este aparelho está
creditado ao alemão Friedrich Ludwig Jahn, como seu criador/aperfeiçoador, que, no começo
do século XIX, o introduziu nas turnkunst.

Figura 5: Péricles da Silva

Características da competição

Sua sigla, para provas internacionais regulamentadas pela Federação


Internacional de Ginástica, é HB. Para as saídas, são usados os mesmos movimentos das provas
de salto sobre a mesa. As provas exigem força e coordenação .

A competição masculina conta com o auxílio dos protetores palmares, que


impedem lesões nas mãos e ajudam a manter a aderência com o aparelho. A competição varia
de quinze a trinta segundos e inclui giros nas duas direções (para frente e para trás). Nesta

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prova, o ginasta não pode parar de mover-se e necessita de uma velocidade maior nos giros
antes de cada acrobacia – para ganhar altura e velocidade rotacional

Para realizar uma boa prova, o atleta necessita cumprir com as seguintes
características:

- Largadas e retomadas – com as quais sai e retoma a barra durante as


acrobacias
- Giros – dos quais depende para bem realizar os movimentos acrobáticos e
manter a postura
- Variação de pegadas – com as quais conta pontos. São usadas ao início e
término de cada movimento, inclusive durante os giros
- Limite de elementos – movimentos acrobáticos necessários durante a prova.
As exigências constam no Código de Pontos e os movimentos são listados na
Tabela de Elementos. Na saída do aparto, a acrobacia necessita ter a
dificuldade D de realização.

Para não ser descontado em sua performance, o ginasta não deve soltar-se do
aparelho - sem que esteja realizando um movimento acrobático -, dobrar os joelhos e
cotovelos – quando o movimento não pedir tal postura -, hesitar durante um giro, não cumprir
com as exigências mínimas acrobáticas e abrir as pernas – quando não solicitar o movimento .

Movimentos

A respeito dos demais aparelhos da ginástica artística, a barra fixa conta com uma
gama variada de exercícios e movimentos, que vão, desde as simples empunhaduras às
largadas acrobáticas.

- Empunhadura cubital: para se entender esta empunhadura, estenda seus


braços para frente com as palmas das mãos voltadas para o chão. Faça a seguir
uma rotação dos braços para fora, ficando os cotovelos voltados para cima.
Desta forma, é que deve ser empunhada a barra. Esta empunhadura exige
flexibilidade para rodar os braços e uma grande exigência incide sobre o pulso.
- Apoio: Diz-se apoio quando os pontos de sustentação do corpo estão sobre o
aparelho.
- O kippe de apoio: É um movimento que leva da suspensão ao apoio. Com o
corpo estendido, o ginasta dá um impulso para a frente, com empunhadura
dorsal. Após passar à vertical, flexiona-se o quadril. No final do impulso para a
frente, flexiona-se fortemente os quadris e impulsiona-se o peito do pé para a
barra.
- Überschlag: Com empunhadura dorsal, o ginasta dá um impulso estendido a
partir da parada de mãos. Pouco antes da vertical, estende-se mais o corpo,
para passar pela vertical totalmente estendido e em seguida acelerar o
movimento das pernas. Chegando à horizontal, diminui-se a velocidade do
impulso das pernas. A cabeça fica em posição normal, e as mãos dão um
impulso para se soltarem do aparelho. Continua-se o giro até pousar com
segurança nos pés.

BARRAS PARALELAS

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As Barras paralelas são um aparelho creditado ao alemão Friedrich Ludwig Jahn


utilizado na ginástica artística e exclusivamente para homens. O aparelho é formado por dois
barrotes paralelos, apoiados em dois suportes de metal. Estão a 1,75 metros do solo. O
aparelho possui as medidas de 1,95 x 3,5m, além de estarem distanciadas entre 42 e 52 cm.

Figura 6: Barras Paralelas

Características da competição

A prova consiste em exercícios de equilíbrio – entre giros e paradas de mãos - e


força, onde o ginasta utiliza das duas barras obrigatoriamente, passando por todo o seu
comprimento. As provas não possuem tempo aproximado de execução, podendo um ginasta
cumprir uma prova mais curta, porém com nota de partida mais elevada, enquanto uma prova
mais longa possui inferior dificuldade.

Como técnica básica neste aparato, está o chamado apoio. Nele, os braços do
atleta ficam completamente estendidos, os ombros alinhados - que pressionam para baixo -, o
peito é cavado para dentro e a cabeça, ao centro, dificulta o cumprimento dos aspectos
mecânicos, pois o corpo precisa estar sempre na postura correta do apoio.

Para uma série ser bem sucedida, o ginasta necessita:

- Percorrer toda a extensão dos barrotes, seja com largadas e retomadas, seja
com movimentos de equilíbrio
- Executar movimentos em ambas as barras simultaneamente e em apenas uma
delas
- Executar ao menos uma largada. O movimento acrobático – que envolve
mortais e piruetas – não desconta ponto ao ginasta que não o executa, mas
deixa sua rotina com uma nota A (de partida) mais baixa
- Manter a postura angular correta: 180º vertical e 90º nas paradas e
movimentos de equilíbrio, além da correta execução das largadas
- Finalizar sua apresentação com um salto de saída de dificuldade D

Para não sofrer com despontuações, o ginasta não deve arrumar suas mãos nas
barras - quando não estiver executando o próprio movimento -, desprender-se do aparelho,
perder a postura – como dobrar os joelhos e cotovelos -, não cumprir com as exigências
acrobáticas e plásticas exigidas pelo Código de Pontos, tocar as pernas nas barras em qualquer
situação e não finalizar um movimento – qualquer passagem ou acrobacia.

Movimentos

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Como nos demais aparelhos, os exercícios nas barras paralelas realizados são
bastante variados. Em geral, as acrobacias executadas são de chegada ao apoio braquial –
protegidas ou não pelas braçadeiras -, que ajudam a reduzir o impacto nas aterrizagens dos
movimentos e dão ao atleta a possibilidade de um melhor apoio e saída para a continuação de
sua performance. Abaixo, alguns movimentos básicos nomeados:

- Esquadro: Como utilizado nas argolas, o ginasta forma uma figura angular com
o corpo, apenas em um dos barrotes. O ginasta firma as mãos e passa as
pernas por entre os braços, parando na posição que se assemelha a um
esquadro.
- Luftrolle: O movimento começa com o ginasta erguendo as pernas em posição
esticada para se lançar ao impulso. Como em um mortal esticado para trás, o
atleta larga as barras e chega em posição esticada, como uma parada de mãos.
Este movimento se assemelha ao giro-gigante executado na barra fixa.
- Stützkehre: O ginasta parte da posição “parada de mãos”, sobre as barras.
Lançando-se à frente, solta-se de apenas um dos barrotes, faz-se um giro de
180º graus do corpo e torna à “parada de mãos”, dessa vez, virado para o
outro lado.
- Felge: Movimento utilizado para entradas nas barras. Partindo da parte de
baixo, o ginasta desenha, lançando as pernas esticadas para cima, uma forma
angular com o corpo, de modo a atingir, durante o embalo, um X entre as
pernas e os braços. Ao elevar-se, passa-se à “parada de mãos”.

SALTO (MESA)

A Mesa é um aparelho utilizado na ginástica artística. Contudo, o aparelho se


popularizou sob o nome da prova: Salto.

O ginasta deve saltar sobre o aparelho partindo de um trampolim apoiando as


mãos sobre a mesa em um movimento acrobático onde são avaliados altura, dificuldade de
execução e chegada.

Figura 7: Diego Hypólito executa o salto sobre a mesa nos Jogos Pan-americanos de 2007

O salto é um dos dois eventos que a ginástica artística feminina e masculina tem
em comum. A outra é o solo. O salto é considerado um evento de explosão muscular,
possuidor de uma margem mínima para erros. É o evento mais curto dentre todos, porém, de
valor igual aos demais.

O cavalo tem 1,25 m de altura medida desde o colchão. Existem quatro grupos de
saltos:

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a) Saltos simples e saltos com mortais.


b) Saltos com e sem giros seguidos de mortal.
c) Entradas Tsukaharas (entrada no cavalo com ½ giro como no rodante e em
seguida se faz diferentes tipos de mortais).
d) Entradas Yurchenkos (se faz um rodante em cima do trampolim e entra no
cavalo em posição de flic para depois fazer mortais e piruetas).

As fases da disputa estão divididas em cinco:

- A execução: Esta etapa da-se quando o ginasta determina sua distância de


corrida na esteira de 25m e alcança o trampolim ao pé da mesa para dar
impulsão ou iniciar ali sua rotação.
- O pré-vôo: Esta fase se dá imediatamente após o toque do ginasta no
trampolim e antes de soltar a mesa. É quando o ginasta sai do trampolim e
atinge a mesa de salto.
- Contacto com a mesa: Esta etapa é a do impulso no aparelho. É onde o ginasta
procura maior altura para a precisa realização de seu salto. O ideal é que saia
desta fase com angulação mais adequada ao movimento que pretende
realizar. Em geral, pontos são descontados caso a angulação não seja a ideal.
- O Pós-vôo: Esta é a fase mais importante do evento. É aqui que o ginasta
realiza o movimento que anunciou. Esta é a fase que conta mais pontos. Todo
o seu posicionamento é avaliado nesta etapa.
- A aterrissagem: É a fase onde o ginasta faz contato com o solo (colchões que
amortecem eventuais quedas e as próprias chegadas). O ideal desta etapa é
que o ginasta crave seu movimento, isto é, concluí-lo sem rotação ou
desequilíbrio.

PARALELAS ASSIMÉTRICAS

As barras ou paralelas assimétricas é um aparelho de ginástica artística, este


aparelho, de uso estritamente feminino, é atualmente fabricado com fibras sintéticas e, por
vezes, material aderente. As assimétricas permitem a ginasta o apoio com o uso apenas das
mãos ou dos pés, além de tomá-lo com qualquer outra parte do corpo, desde que faça parte
de sua rotina e seus movimentos sejam realizados com segurança.

Figura 8: Barras Assimétricas

As rotinas neste aparelho realizadas devem conter movimentos de impulso, voo e


estáticos. Os exercícios de força devem ser usados com moderação, pois os de impulso são a
base dos movimentos estáticos antecedidos pelas rotações ou transições. Se por acaso a
ginasta cair ela terá trinta segundos para retomar o exercício de onde ele foi interrompido.

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A altura da barra inferior é de 1,65 m e a barra superior é de 2,45 m (+/- 3 cm); a


separação entre as barras é de 1,50 m.

Características da competição

Sua sigla, para provas internacionais regulamentadas pela Federação


Internacional de Ginástica, é UB.

Este é um aparelho exclusivamente feminino, que derivou das barras paralelas


masculinas. A posição das duas barras em diferentes alturas possibilita à ginasta uma gama
variada de movimentos, mudanças de empunhaduras e alternância entre as barras. A
execução de alguns movimentos também é facilitada através da propriedade de molejo das
barras.

A ginástica nas paralelas assimétricas é de difícil execução, e exige muita coragem


da praticante. Seus movimentos de segurança ficam basicamente sobre a cintura e o tronco,
que devem, por conseqüência, possuir uma maior mobilidade. Para maior segurança da
praticante, é necessário verificar uma boa quantidade de colchões e a montagem do aparelho.

Para obter uma boa pontuação, a ginasta possui como obrigação em sua rotina(1):

- Uma troca com voo de barras do barrote superior para o inferior;


- Uma segunda troca de barras do barrote inferior para o barrote superior (no
mínimo B);
- Uma largada e retomada (voo na mesma barra);
- Um elemento dos grupos 03, 06 ou 07 (no mínimo C);
- Uma saída no mínimo "C" para as competições Classificatória (C-I), na final por
Equipes (C-IV) e no Individual geral (C-III) e, no mínimo "D" para a competição
por Aparelhos (C-II).

Para não ser despontuada, a atleta não pode cometer erros, que variam entre
leves e gravíssimos, em um desconto de 0,1 a 1,0, como:

- Tocar as barras e no caso de uma corrida preparatória mal sucedida,


interrompê-la;
- Passar por baixo da barra sem que o movimento faça parte da rotina em um
giro ou rotação;
- Uma queda durante a saída ou a execução da série;
- Efetuar balanços intermediários enquanto estiver apresentando as séries;
- As pausas durante os exercícios;
- Usar força para completar movimentos de impulso;
- Falta de alinhamento do corpo.

Movimentos

Abaixo, uma pequena lista dos movimentos executáveis nas barras(3):

- Subida de oitava para trás


- Oitava, de apoio frontal para dorsal, unindo as pernas
- Giro cavalgado à frente
- Sublance (partindo do movimento de oitava)

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- Kippe ao apoio cavalgado


- Kippe dorsal, a partir da suspensão

TRAVE OLÍMPICA

Popularmente chamada de trave, a trave de equilíbrio é um dos dois aparelhos de


práticas unicamente femininas. A trave em si é uma barra revestida com material aderente,
situada a 1,25 metros do chão, com 5 (cinco) metros de comprimento e dez centímetros de
largura, onde a atleta deve equilibrar-se e realizar saltos e giros.

Figura 9: A brasileira Jade Barbosa em sua tomada de equilíbrio

O exercício deve durar entre 1'10" e 1'30". Seus requisitos são:

a) Uma série acrobática de 2 ou mais elementos com vôo


b) Uma série ginástica de 2 ou mais elementos
c) Uma série mista (acrobático + ginástico ou vice e versa) de 2 ou mais elementos
d) Um elemento por baixo da trave
e) Um giro de 360° sobre uma perna
f) Um salto de grande amplitude
g) Uma saída de dificuldade C nos concursos I, II y IV e de dificuldade D no
concurso III.

Durante a apresentação é exigido que a ginasta realize trocas de níveis (altura),


trocas harmônica entre grupos de elementos, movimentos em posição lateral, cruzada e
oblíqua ao árbitro e não se permite mais de 2 elementos estáticos ( ex.: avião, parada de
mãos).

SOLO

Este aparelho é um estrado de 12x12m feito de um material elástico que


amortece eventuais quedas e ajuda ao impulso dos saltos e nas passadas gímnicas. Como
modalidade, os exercícios têm uma duração de 50 a 70s para os homens, e 70 a 90s para as
mulheres.

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Figura 10: A ginasta Jade Barbosa nos Jogos Pan-americanos de 2007

Durante a prova, são realizados movimentos acrobáticos e ginásticos


anteriormente pontuados (nota de partida). Os exercícios femininos têm a particularidade de
incluir acompanhamento musical instrumental.

Seus requisitos são:

a) 2 séries acrobáticas de pelo menos 3 elementos


b) Uma dessas 2 séries deve ser combinada (significa que 2 saltos mortais
obrigatórios devem ser em diferentes direções)
c) Uma série ginástica de 3 elementos
d) Uma série mista de 3 elementos
e) Um ginástico de dificuldade mínima C
f) Uma saída na série acrobática de dificuldade C nos concursos I, II e IV e de
dificuldade D no concurso III.

Durante a apresentação é exigido que a ginasta realize trocas harmônicas entre elementos
acrobáticos e ginásticos, trocas dinâmicas entre movimentos lentos e rápidos, harmonia entre
a música e os movimentos, e utilização de todo o tablado.

TERMINOLOGIAS
8.1) As posições básicas do corpo
POSIÇÃO ESTENDIDA: caracteriza-se pela ausência de angulação nas articulações do quadril e
joelhos.
POSIÇÃO GRUPADA: caracteriza-se pela flexão das articulações do quadril e joelhos.
POSIÇÃO CARPADA ADUZIDA: caracteriza-se pela flexão do quadril e extensão dos joelhos.
Os membros inferiores encontram-se unidos, fechados.
POSIÇÃO CARPADA ABDUZIDA: caracteriza-se pela flexão do quadril e extensão dos joelhos.
Os membros inferiores encontram-se abertos, afastados.
POSIÇÃO AFASTADA: caracteriza-se pelo afastamento das coxas/pernas; quando alcança os
180
graus, é chamada espacato, apresentando duas opções:
Afastamento ântero-posterior:
Afastamento lateral:
SUSPENSÃO: a linha dos ombros se encontra abaixo do aparelho.
APOIO: o peso do corpo é sustentado prioritariamente sobre os braços.
.

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Ginástica Rítmica
Data do século XVI o primeiro relato acerca da prática da ginástica ligada ao ritmo.
A partir disso, foram mais de duzentos anos até se tornar um conjunto uniforme de dança,
levado à extinta União Soviética, onde passou a ser ensinado como um novo esporte. Mais
tarde, obteve sua independência da modalidade artística - para a qual deixou a musicalidade -
e um sistema organizado, com aparelhos e competições próprios, criados pelo alemão Medau
e incentivado pela árbitra Berthe Villancher. Em 1996, tornou-se um esporte olímpico, cem
anos após a entrada da ginástica em Jogos Olímpicos. Esta modalidade envolve movimentos de
corpo em dança de variados tipos e dificuldades combinadas com a manipulação de pequenos
equipamentos. Em suas rotinas, são ainda permitidos certos elementos pré-acrobáticos, como
os rolamentos e os espacates. As atletas, durante suas apresentações, devem mostrar
coordenação, controle e movimentos de dança harmônicos e sincronizados com as
companheiras e a música.

Ginástica de Trampolim
Ainda que seu surgimento seja impreciso, é sabido que na Idade Média os
acrobatas de circo utilizavam tábuas de molas em suas apresentações e os trapezistas
realizavam novos saltos a partir do impulso realizado em uma rede de segurança. Contudo,
apenas no início do século XX, apareceram as performances realizadas em "camas de pular",
enquanto forma de entretenimento. Na história circense, estudiosos supõem que o acrobata
Du Trampolin, aproveitou a impulsão da rede de proteção como forma de decolagem. Mais
tarde, o aparelho sofreu um outro tipo de modificação, nos Estados Unidos, para atividade de
queda e mergulho.

Enquanto esporte, o trampolim foi criado por George Nissen, em 1936, e


institucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Educação Física em escolas,
universidades e treinamentos de militares. Popularizado, é praticado por profissionais do
esporte e amadores. Como modalidade regida pela FIG, o trampolim consiste em liberdade,
vôo e espaço. Inúmeros mortais e piruetas são executados a oito metros de altura e requerem
precisão técnica e preciso controle do corpo. As competições são individuais ou sincronizadas
para os homens e para as mulheres. São usados um e dois trampolins para um ou dois atletas
de performances parecidas que devem executar uma série de dez elementos.

Ginástica Acrobática
Embora a acrobacia, enquanto prática, tenha desenvolvido-se durante o século
VIII, devido ao surgimento do circo, as primeiras competições do esporte datam do século XX,
com o primeira realizada em 1973. Nesse mesmo ano, fora criada Federação Internacional de
Esportes Acrobáticos, fundida, em 1998, à FIG.

Esta modalidade tem por objetivo o trabalho em grupo e a cooperação. Confiar no


parceiro é habilidade imperativa para o trabalho em equipes, que consiste em beleza,
dinâmica, força, equilíbrio, destreza, coordenação e flexibilidade. Suas competições possuem

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cinco divisões: par feminino, par masculino, par misto, trio feminino e quarteto masculino. As
rotinas são executadas em um tablado de 12x12 metros, em igual medida ao da prática
artística. Os acrobatas em grupo devem executar três séries: de equilíbrio, dinâmica e
combinada. Uma de Equilíbrio, uma Dinâmica e outra Combinada. As séries dinâmicas são mais
ativas e com elementos de lançamentos com vôos do ginasta. As de equilíbrio valorizam os
exercícios estáticos. Em níveis mais altos, a combinada é um misto das duas séries
anteriormente citadas. Todas as apresentações são realizadas com música, a fim de enriquecer
os movimentos corporais.

Ginástica Aeróbica
Esta modalidade - elaborada por Kenneth Cooper - foi inicialmente desenvolvida
para o treinamento de astronautas. Mais tarde, a iniciativa fora continuada por Jane Fonda,
que expandiu o programa técnica e comercialmente para se tornar a popular fitness aerobics.
Assim, a ginástica aeróbica surgiu no final da década de 1980 como forma de praticar
exercícios físicos, voltada para o público em geral. Pouco depois, tornou-se também um
esporte competitivo para ginastas de alto nível. Quatorze anos mais tarde, a Federação
Internacional organizou os campeonatos mundiais da modalidade, cuja primeira edição
contabilizou a participação de 34 países. Esta disciplina requer do ginasta um elevado nível de
força, agilidade, flexibilidade e coordenação. Piruetas e mortais, típicos da ginástica artística,
não são movimentos executados pela modalidade aeróbica. Seus eventos são divididos em
cinco: individual feminino e masculino, pares mistos, trios e sextetos. De acordo com a FIG, o
Brasil é o país com o maior número de praticantes da ginástica aeróbica, com mais quinhentos
mil praticantes. Estados Unidos, Argentina, Austrália e Espanha, são outros países de práticas
destacadas.

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