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Resumo
Nei Ricardo Vaske ste artigo apresenta os resultados de um estudo sobre
Núcleo Orientado para Inovação
da Edificação
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Av. Osvaldo Aranha, 99, 3º
andar, Centro
E pilares de concreto reforçados com argamassa com adição de sílica
ativa submetidos à compressão normal. Foram moldados seis pilares
de concreto, sendo três reforçados com argamassa com adição de
sílica ativa e os outros três como referência. Após a ruptura dos pilares foram
Porto Alegre – RS - Brasil analisados os resultados teóricos e os resultados experimentais das cargas de
CEP 90035-190
Tel.: (51) 3308-3518 ruptura, o comportamento do sistema núcleo mais reforço e a redução de
E-mail: nei.vaske@ufrgs.br resistência à compressão observada nos ensaios preliminares da argamassa. Os
resultados mostram a eficiência da técnica de reforço quanto ao aumento da
João Luz Campagnolo
capacidade de carga, da ordem de 72%, a aderência adequada entre o substrato e
Laboratório de Ensaios e a argamassa de reforço, e a confirmação da redução da resistência à compressão
Modelos Estruturais da argamassa de reforço nos níveis propostos.
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul Palavras-chave: Argamassa. Sílica ativa. Reforço.
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Av. Osvaldo Aranha, 99, térreo
Centro
Abstract
Porto Alegre – RS - Brasil This paper presents the results a study of on concrete columns
CEP 90035-190 strengthened with silica fume mortar submitted to normal compression. Six
Tel.: (51) 3308-3333
E-mail: campagnolo@.ufrgs.br columns of concrete were cast, being three strengthened with silica fume mortar
and the others three as reference specimens. After to the rupture of the columns
were analyzed the theoretical and experimental results of the rupture loads,
Denise Carpena Coutinho
Dal Molin
behavior of the nucleus+reinforcement system and the reduction of compressive
Núcleo Orientado para Inovação strength observed in the preliminary tests of the mortar. Results showed the
da Edificação efficiency of the reinforcement technical regarding the increase of the load
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul capacity, of the order of 72%, adequate adherence between substratum and the
E-mail: dmolin@ufrgs.br reinforcement mortar and confirmation of the reduction of compressive strength
of the mortar in the proposed levels.
Recebido em 16/01/07
Aceito em 20/10/08 Keywords: Mortar. Silica fume. Reinforcement.
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 79
Rao (2001), investigando o desenvolvimento da uma mesma forma, tendo em vista os ganhos de
resistência mecânica de argamassas com teores de resistência nas primeiras idades em função da
sílica ativa de 0% a 30% da massa de cimento e reação pozolânica.
relações entre água e aglomerante de 0,35, 0,40,
Dal Molin e Schuler (1993), com relação à
0,45 e 0,50, concluiu que durante as primeiras aderência de argamassas ao substrato empregando
idades, 3 e 7 dias, a resistência à compressão das argamassas sem sílica ativa e com 10% de adição e
argamassas com sílica ativa, em geral, foi
relação entre água e aglomerante de 0,55,
significativamente maior para qualquer relação obtiveram nos ensaios de arrancamento de
entre água e aglomerante, assim como a taxa de revestimento em paredes valores de resistência aos
desenvolvimento de resistência. Para as relações
3,7 e 21 dias de idade de 0,38, 0,33 e 0,37 MPa
entre água e aglomerante de 0,35, 0,40 e 0,45, o para a argamassa com adição e, para a argamassa
conteúdo ótimo de sílica ativa para obter-se a mais sem adição, de 0,17, 0,18 e 0,38 MPa,
alta resistência à compressão variou entre 17,5% e
demonstrando uma melhora significativa da
22,5%. Para a relação entre água e aglomerante de resistência com adição de sílica ativa,
0,50, a resistência à compressão da argamassa principalmente nas primeiras idades.
aumentou com qualquer conteúdo de sílica ativa. O
desenvolvimento da resistência à compressão Mirza (1991) estudou diversos tipos de argamassas
depois de 28 dias foi mais moderado para as como material de reparo, tendo encontrado
relações entre água e aglomerante 0,35 e 0,40, e resistência de aderência em ensaio de
relativamente superior para 0,45. Para 0,50, compressão/cisalhamento à junta inclinada para as
apresentou o maior desenvolvimento de resistência argamassas com adição de 6% de sílica ativa de
à compressão para qualquer idade e com todos os 12,7 MPa, aproximadamente 2,5 vezes maior do
conteúdos de sílica ativa. que a resistência da argamassa de referência, que
foi de 4,9 MPa.
Buil et al. (1984) estudaram a adição de sílica ativa
em argamassas com relações entre sílica ativa e Mattos et al. (2002), estudando propriedades
cimento de 0,40 e entre superplastificante e físicas e mecânicas de argamassas à base de
cimento de 2,4%, e verificaram resistência à cimento e polímero industrializadas e argamassa
compressão cerca de 2 a 2,7 vezes maior em de cimento e areia com traço em massa 1:3 com
relação à argamassa de referência, aos 28 dias de 10% de adição de sílica ativa em relação à massa
idade. de cimento e relação entre água e aglomerante de
0,4, obtiveram valores de resistência de aderência
Shannag (2000) estudou combinações de pozolana em ensaio de compressão-cisalhamento à junta
natural e sílica ativa e verificou que certas
inclinada para a argamassa com adição de sílica de
combinações podem melhorar a resistência à 9,62 MPa, superando a resistência da argamassa
compressão das argamassas mais do que sílica industrializada, que foi de 8,68 MPa, assim como o
ativa ou pozolana atuando separadamente.
nível mínimo de resistência à tração de 1,0 MPa
Resistência da ordem de 110 MPa foi conseguida proposto por Silva (2001) para argamassa de
com 15% sílica ativa e 15% de pozolana natural reparo.
em relação à massa de cimento, aos 28 dias de
idade. Schuler (1998), referindo-se à aderência de barras
de aço nervuradas com argamassas com adição de
Rao (2001), em estudo realizado sobre a influência sílica ativa, não comprovou diferenças
da granulometria do agregado miúdo em significativas entre uma argamassa com ou sem
argamassas com sílica ativa, verificou que a
sílica ativa, porém ressalta a importância das
resistência à compressão aumenta inicialmente e, atividades de preparo e execução do reparo ou
então, gradualmente diminui com o aumento do
reforço, determinantes na eficiência ou não da
tamanho do grão da areia, sendo a melhor aderência entre barras de aço que são agregadas à
resistência observada com grãos de tamanho entre superfície de concreto endurecido e o material de
1,5 mm e 2,0 mm.
recobrimento, no caso, uma argamassa com adição
Dal Molin e Schuler (1993), avaliando a de sílica ativa ou não.
resistência à compressão de argamassas com Mirza (1991) observa que o módulo de
adição de sílica ativa, obtiveram um ganho da elasticidade de uma argamassa com adição de 6%
ordem de 15% quando se passa de níveis de teor de
de sílica ativa é similar ao de uma argamassa
adição de sílica ativa de 0% a 10%. comum de cimento e areia. O módulo de
Rao (2001), analisando a resistência à compressão elasticidade da argamassa com sílica ativa foi da
de argamassas sem e com sílica ativa, verificou ordem de 1,12x104 MPa, e o da argamassa sem
que as argamassas com sílica ativa, para uma adição, da ordem de 1,07x104 MPa.
mesma idade, não obedecem à lei de Abrams de
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 81
Campagnolo et al. (2003) realizaram um estudo Programa experimental
comparativo de técnicas para aumento da
capacidade portante de vigas de concreto, Este item apresenta uma descrição dos protótipos
utilizando chapa de aço colada com resina epóxi, quanto ao número de peças, sua geometria, modelo
tecido de fibra de carbono colado com resina epóxi teórico para o cálculo da capacidade última da
e armaduras incorporadas com utilização de peça, materiais utilizados em suas concretagens e
argamassa de cimento Portland com adição de reforços, procedimentos executivos, execução dos
sílica ativa. Do ponto de vista econômico, a técnica reforços, sistema de aquisição de dados e
de reforço com argamassa com sílica ativa obteve procedimentos de ensaios.
o menor custo unitário por aumento da capacidade
de carga (custo/kN), sendo cerca de 11 vezes
menor que a técnica de reforço utilizando chapa
Modelos estruturais
colada e 48 vezes menor que a técnica de reforço Os protótipos estudados quanto ao desempenho
utilizando fibra de carbono. dos reforços executados com argamassa aditivada
Campagnolo et al. (1996) ressaltaram que a com sílica ativa foram idealizados de forma que
execução de reforços com argamassa com adição pudessem ser ensaiados com a infra-estrutura
de sílica ativa, além da facilidade de execução e disponível.
aquisição dos materiais constituintes do reforço, As seções dos protótipos testemunhos e protótipos
apresentam uma boa aderência entre a argamassa e reforçados foram definidas com as dimensões de
o concreto antigo, conferindo à peça reforçada 12 cm x 12 cm, seções estas adotadas no intuito de
caráter monolítico e custo vantajoso, quando não se obterem carregamentos excessivos. A altura
comparado a outras técnicas. dos protótipos foi adotada em função da
Schuler (1998), após análises de argamassas com capacidade do curso útil da prensa, ficando essa
ou sem adição de sílica ativa, com relação às dimensão com 70 cm.
propriedades anteriormente citadas, recomenda o Foram executados ao todo seis protótipos com
traço com 10% de sílica ativa e relação entre água seção transversal de 12 cm x 12 cm e comprimento
e aglomerante de 0,55 como o que mais reúne de 70 cm. Desses seis, três protótipos de 12 cm x
aspectos favoráveis ao emprego em reparos de 12 cm foram reforçados com 2,5 cm de argamassa
estruturas em concreto armado. em todas as faces, e os demais foram utilizados
Com base nessas referências, considerou-se que as como testemunhos.
argamassas com adição de sílica ativa possuem os Ante a infra-estrutura disponível para a realização
requisitos necessários para o reforço de estruturas dos ensaios e a seção transversal mínima adotada
de concreto, principalmente pelos efeitos benéficos nos protótipos, estes apresentam índice de esbeltez,
da sílica ativa em várias das propriedades que se λ, menor ou igual a 40.
espera de um material de reforço.
Os seis protótipos executados foram divididos em
dois grupos, conforme o Quadro 1 e a Figura 1.
Protótipo Denominação
PT 01 – PT 02 – PT 03 Pilares testemunhos
PR 01 – PR 02 – PR 03 Pilares reforçados
Quadro 1 – Denominação dos protótipos
PR 03
PR 01 PR 02
17x17 17x17
17x17
concreto concreto
concreto
+ +
+
reforço de reforço de
reforço de
arg. c/ síl. arg. c/ síl.
arg. c/ síl.
ativa ativa
ativa
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 83
(b) resultante da resistência da argamassa de máxima característica igual a 4,8 mm e módulo de
reforço (Rac) = fa/γa Aa. finura de 2,50, conforme a NBR NM 248 (ABNT,
Montando o equilíbrio à translação, tem-se: 2003b).
Água
Materiais utilizados A água utilizada foi potável, disponível na rede de
abastecimento onde se realizou o trabalho.
Cimento
Foi utilizado como aglomerante hidráulico o Dosagem do concreto e da argamassa
cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CPV-
ARI), com massa específica de 3,13 kg/dm3, que Dosagem do concreto dos pilares
desenvolve grande resistência nos primeiros dias
de idade, proporcionando, dessa maneira, uma Foi utilizado para a dosagem do concreto o método
rápida desforma dos pilares concretados e experimental IPT/EPUSP (HELENE; TERZIAN,
preparação, após a cura cuidadosa, das superfícies 1992).
que receberiam reforços. Após os ajustes, o traço definitivo adotado para o
Outro fator para a escolha do cimento Portland concreto atingir uma resistência de 30 MPa foi 1
ARI é por ser um tipo de cimento que possui um (cimento): 2,9 (agregado miúdo): 3,6 (agregado
mínimo de adição em sua composição, sendo a graúdo) em massa, com uma relação entre água e
sílica ativa a única adição pozolânica da argamassa cimento de 0,58, apresentando as características
NBR 5733 (ABNT, 1991). que constam no Quadro 2.
Com relação às três formas executadas com seção O adensamento do concreto foi mecânico, através
transversal de 12,2 cm x 12,2 cm, as dimensões de vibrador de imersão, com 420 mm de
foram adotadas de tal forma que, após o preparo comprimento e 25,4 mm de diâmetro, com
das faces dos pilares para recebimento da freqüência de 3.450 vibr./min.
argamassa de reforço, pelo apicoamento delas, a Terminado o adensamento do concreto dos pilares
seção transversal resultante fosse de 12 cm x 12 e corpos-de-prova de controle, iniciou-se o
cm, não havendo perda de seção do núcleo em processo de cura deles, cobrindo as superfícies
relação aos pilares testemunhos de seção 12 cm x expostas com sacos de aniagem úmidos e, por
12 cm e, conseqüentemente, aumento da área de sobre os mesmos, sacos de plástico, objetivando
reforço, tendo em vista que a área do núcleo e a diminuir os efeitos da retração do concreto pela
área de reforço foram dimensionadas para que evaporação da água de amassamento,
fossem idênticas. permanecendo assim por 24 horas.
Após o período inicial de cura, fez-se a retirada das
Concretagem dos pilares formas. O uso de cimento de alta resistência
inicial, aliado a um modelo de forma de fácil
Todos os pilares foram concretados na posição desmontagem, permitiu uma rápida desforma, sem
vertical, procurando representar da maneira mais que as peças sofressem qualquer dano.
real possível o modo executivo, em sua grande
maioria, desses elementos estruturais nas obras. Tão logo os pilares iam sendo desformados,
passavam a ser envolvidos, individualmente, com
A mistura dos materiais foi feita de forma sacos de aniagem úmidos e, por sobre eles, sacos
mecanizada, através de betoneira intermitente de de plástico, dando continuidade, assim, ao
queda livre e eixo inclinado, com pás fixas à cuba. processo de cura, permanecendo dessa maneira por
Todos os materiais foram dosados em massa, mais seis dias (Figura 2).
sendo feita uma única mistura para concretagem
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 85
Figura 2 – Pilar sendo envolvido por saco de aniagem úmido e saco plástico para cura
Idade - 7
CP Carga (kN) Resistência (MPa) Resistência média (MPa) Desvio padrão (MPa) Coef. Var. (%)
01 157,0 22,1
02 171,5 24,2 23,8 1,5 6,5
03 178,5 25,5
Idade - 28
CP Carga (kN) Resistência (MPa) Resistência média (MPa) Desvio padrão (MPa) Coef. Var. (%)
04 208,0 29,3
05 230,0 32,4 31,6 2,0 6,3
06 234,5 33,1
Idade - 56
CP Carga (kN) Resistência (MPa) Resistência média (MPa) Desvio padrão (MPa) Coef. Var. (%)
07 226,5 32,0
08 230,0 32,4
09 234,5 33,1
33,2 1,1 3,2
10 235,5 33,2
11 237 33,4
12 248,5 35,1
Tabela 1 – Resultados dos ensaios à compressão dos corpos-de-prova de controle do concreto
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 87
Figura 3 – Apicoamento do pilar
CP Carga Resistência (MPa) Resistência média (MPa) Desvio padrão (MPa) Coef. Var. (%)
01 55,0 28,0
02 65,5 33,4
03 69,5 35,4
04 71,5 36,4
05 77,0 39,2
06 86,0 43,8
07 86,5 44,1
08 91,0 46,3
45,2 9,0 19,9
09 91,5 46,6
10 92,0 46,9
11 93,5 47,6
12 97,5 49,7
13 101,0 51,4
14 109,5 55,8
15 115,0 58,6
16 116,5 59,3
Tabela 2 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos corpos-de-prova de controle da
argamassa de reforço aos 28 dias
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 89
A Tabela 3 apresenta os valores utilizados para a Foi utilizada uma prensa hidráulica marca
determinação das cargas teóricas, e a Tabela 4 Shimadzu com célula de carga com capacidade de
apresenta as cargas calculadas. 200 toneladas. Para a aquisição dos dados
provenientes da célula de carga, utilizou-se uma
Considerando-se o estudo da resistência à
compressão da argamassa de reforço realizado em ponte multicanal computadorizada, System 5000,
Vaske (2005) e empregando-se o coeficiente que realiza a aquisição dos dados automaticamente
e os armazena em arquivos de saída de dados.
redutor de 0,65, tem-se para a resistência média da
argamassa o valor de 29,4 MPa. Para esse valor da A prensa foi ciclada três vezes, sendo utilizado um
resistência da argamassa e com os demais valores fundo de escala de 2.000 kN e uma velocidade de
mantidos, pode-se calcular novas cargas teóricas ensaio de 0,1 do fundo de escala.
para os protótipos reforçados, conforme a Tabela
Os protótipos foram posicionados entre os pratos
5. da prensa, procurando coincidir o máximo possível
Esses dois grupos de cargas teóricas são o eixo de aplicação da carga com o eixo
comparados às cargas de ruptura experimentais dos longitudinal da peça.
protótipos, verificando se a redução da resistência
Todos os protótipos foram ensaiados na mesma
da argamassa se comporta como proposto. posição, de modo que a aplicação da carga pela
Cargas de ruptura experimentais prensa se desse sempre no topo dos pilares,
posição esta marcada nas peças quando da
Após 28 dias da execução dos reforços com desforma deles.
argamassa e 56 dias da concretagem, os protótipos
A Tabela 6 apresenta as cargas de ruptura dos
foram ensaiados.
modelos experimentais.
Devido à forma como foi reforçado, conforme já Considerando a mesma resistência média à
exposto no item 3, o protótipo PR 03 apresentou compressão da argamassa de 45,2 MPa e adotando
perda da capacidade de carga quando comparado a resistência média do concreto obtida dos
aos outros dois protótipos do grupo, evidenciando protótipos testemunhos de 39,7 MPa, temos uma
que houve perda de aderência entre a argamassa de nova carga de ruptura teórica estimada de 1.222,0
reforço e o substrato, o que comprometeu o kN, representando uma redução da carga
comportamento monolítico desejado. experimental agora de 20,0%.
Com relação aos protótipos PR 01 e PR 02, ante o Da mesma forma, estimando-se a carga teórica de
desempenho similar e o nível da capacidade de ruptura dos protótipos PR com a resistência à
carga alcançado, conforme estimado teoricamente, compressão média da argamassa de 29,4 MPa e
fica demonstrada a aderência adequada entre o resistência média à compressão do concreto de
substrato e a argamassa de reforço, caracterizando 33,2 MPa, a mesma passa a ser de 901,0 kN, com a
a solidariedade entre os materiais concreto e carga de ruptura experimental média de 983,0 kN,
argamassa, comprovando seu funcionamento como apresentando um aumento de 9,0% em relação a
um todo, como um sistema integrado, ou seja, um essa nova carga teórica de ruptura.
comportamento monolítico, conforme esperado, Finalmente, considerando a resistência média da
apresentando um aumento médio na capacidade de
argamassa de reforço de 29,4 MPa e a resistência
carga de 72,0% quando comparados aos protótipos média à compressão do concreto de 39,7 MPa, a
testemunhos PT. carga teórica de ruptura passa a ser de 995,0 kN,
Comparação entre os resultados teóricos e praticamente igual à carga experimental de ruptura
resultados experimentais das cargas de de 983,0 kN.
ruptura Fixando-se a resistência à compressão do concreto,
pode-se verificar qual a parcela de contribuição na
As cargas teóricas foram calculadas com dois
capacidade portante dos pilares provenientes do
valores de resistências médias para a argamassa
reforço com argamassa e estimar a resistência à
obtidos dos corpos-de-prova cilíndricos de
compressão média dessa argamassa.
controle e após a aplicação do coeficiente redutor
de 0,65, ou seja, 45,2 MPa e 29,4 MPa Para os protótipos PR com carga de ruptura média
respectivamente. de 983,0 kN, sendo a parcela de carga suportada
pelo concreto de 478,0 kN, considerando a
Os protótipos testemunhos PT apresentaram carga
resistência à compressão do concreto a obtida dos
de ruptura experimental média de 572,0 kN,
corpos-de-prova de controle, tem-se para a
representando um aumento de 20,0% em relação à
argamassa uma parcela de contribuição de 505,0
carga de ruptura teórica estimada de 478,0 kN, o
kN, com uma resistência à compressão de 35,1
que indica que a resistência à compressão do
MPa, o que representa uma redução de 22,0%
concreto dos protótipos é superior à encontrada
quando comparada à resistência à compressão da
nos corpos-de-prova de controle, resultando numa
argamassa obtida dos corpos-de-prova de controle.
resistência média de 39,7 MPa.
Da mesma forma, considerando a carga de ruptura
Os protótipos reforçados PR apresentaram carga de
média de 983,0 kN dos protótipos PR e a parcela
ruptura experimental média de 983,0 kN, o que
de carga suportada pelo concreto de 572,0 kN
representa uma redução de 13,0% em relação à
obtida diretamente dos ensaios dos protótipos PT,
carga de ruptura teórica estimada de 1.128,0 kN,
tem-se para a argamassa uma parcela de
considerando a resistência média à compressão do
contribuição de 411,0 kN, com uma resistência à
concreto de 33,2 MPa e a resistência à compressão
compressão de 28,5 MPa, o que resulta numa
média da argamassa de 45,2 MPa.
redução de 37,0% quando comparada à resistência
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 91
à compressão da argamassa obtida dos corpos-de- Os procedimentos para a execução dos reforços
prova de controle, concordando bastante bem com são simples, sendo as atividades de apicoamento,
a redução de 35,0% encontrada no estudo da colocação de mestras para regular as superfícies,
argamassa realizado em Vaske (2005). lançamento da argamassa no substrato e
desempenamento comuns e corriqueiras no
Conclusões canteiro de obra, sem necessidade de equipamento
e mão-de-obra especializada, e os materiais
Os protótipos reforçados com argamassa com utilizados cimento, areia, sílica e aço são de
sílica ativa PR apresentaram carga experimental comportamento e desempenho conhecidos, de fácil
média 72,0% superior à carga experimental média aquisição e de baixo custo quando comparados aos
obtida pelos protótipos testemunhos PT. materiais utilizados por outras técnicas de reforço.
As propriedades mecânicas da argamassa quando
se adiciona sílica ativa não se evidenciam muito, Referências
porém os maiores efeitos estão relacionados à
durabilidade, traduzidos em termos de porosidade ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
e permeabilidade a agentes agressivos às NORMAS TÉCNICAS. NBR 5733: Cimento
Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro,
estruturas. A adição de sílica ativa proporciona
uma melhora considerável dessas propriedades, 1991.
justificando sua utilização. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
Independentemente do valor considerado para a NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto –
resistência à compressão do concreto, 33,2 MPa, Ensaio de compressão de corpos-de-prova
obtida dos corpos-de-prova de controle, ou 39,7 cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994.
MPa, obtida diretamente dos ensaios dos
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
protótipos PT, resultando para o valor da
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215: Cimento
resistência à compressão da argamassa aplicada ao
Portland – Determinação da resistência à
substrato de 35,1 MPa e 35,8 MPa
compressão. Rio de Janeiro, 1995.
respectivamente, é sugestiva a redução da
resistência à compressão da argamassa de reforço ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
quando lançada no substrato. NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67: Concreto –
Considerando o desempenho similar e o nível da Determinação da consistência pelo abatimento do
capacidade de carga alcançado pelos protótipos PR tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.
01 e PR 02, há indícios de aderência adequada
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
entre o substrato e a argamassa de reforço, devido
NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto –
ao comportamento monolítico observado durante
Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-
os ensaios.
prova. Rio de Janeiro, 2003a.
A aderência entre a argamassa de reforço e o
substrato é extremamente importante para o ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
sucesso da técnica, e não basta somente o NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248:
apicoamento da superfície ser bem feito, mas Agregados – Determinação da composição
também que a superfície resultante esteja isenta de granulométrica. Rio de Janeiro, 2003b.
qualquer substância que possa vir a comprometer
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
essa aderência e, conseqüentemente, a capacidade NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52: Agregados
resistente do conjunto núcleo e reforço, como ficou
– Determinação da massa específica de agregados
evidente pelo comportamento apresentado pelo miúdos por meio do Frasco de Chapman. Rio de
protótipo PR 03. Janeiro, 2003c.
Quanto ao modelo teórico proposto para os
protótipos reforçados PR, ele retratou bem o ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
comportamento dos protótipos, ainda que no NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 53: Agregado
cálculo das cargas teóricas sejam consideradas graúdo – Determinação de massa específica, massa
somente as resistências à compressão e as seções específica aparente e absorção de água. Rio de
transversais resistentes, não levando em Janeiro, 2003d.
consideração esbeltez, módulo de deformação dos ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
materiais e deformações e deslocamentos que NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: Argamassa
possam advir dessas variáveis. para assentamento de paredes e revestimento de
Aplicação da argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto 93
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