Você está na página 1de 3

Universidade Federal de Sergipe

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Departamento de Direito
Ética Geral e Profissional
Docente: Miriam Coutinho de Farias Alves
Discente: Milena Moreira de Almeida Fontes

SHAKESPEARE, William. Macbeth. Ridendo Castigat Mores, 2000. (Versão para eBook).

A obra é uma tragédia Shakesperiana escrita entre 1603 e 1607, que gira em torno de
questões relativas à ganância e o poder na conquista do trono da Escócia. Ela é dividida em atos
e em cenas, em que os principais personagens são: o Rei Duncan, Macbeth, Lady Macbeth, as
Três Bruxas e Banquo. As cenas irão discorrer, fundamentalmente, acerca das atitudes do
personagem Macbeth para subir ao trono, que irá culminar em diversas consequências para
todos.

Macbeth é general e parente do Rei Duncan e, junto com seu aliado Banquo, derrotou o
exército da Noruega e da Irlanda, sendo louvado por sua bravura e habilidade na batalha.
Enquanto os dois caminham juntos, logo nas primeiras cenas, as três bruxas aparecem e lhe
dizem profecias. A Banquo, dizem-te que darás origem a uma linhagem de reis, e a Macbeth,
professam que serás rei. Admirado com o que escutou, escreve uma carta a sua esposa, Lady
Macbeth, contando-lhe o ocorrido.

Lady Macbeth, para cumprir rapidamente a profecia, logo planeja uma estratégia para
matar o rei, tendo em vista que ele irá passar a noite em seu castelo. Macbeth, preocupado com
o regicídio, pensa em não o fazer, mas a sua esposa logo o persuade e, enquanto o rei dorme,
matam-no. Na manhã seguinte, Lennox e Macduff, nobres escoceses, vão em busca do rei
Duncan. Ao chegarem em seus aposentos, encontram o seu cadáver. Temendo por suas vidas,
os filhos de Duncan fogem; Malcolm vai para a Inglaterra e Donalbain para a Irlanda, o que os
tornam suspeitos. Como Macbeth era o único que possuía parentesco com o rei, assume
o trono e se torna o novo rei da Escócia.

Após consolidar-se como rei, Macbeth preocupa-se com a profecia feita para Banquo.
Com medo de perder o poder, ordena que matem ele e o seu filho. Os assassinos, por sua vez,
2

mataram Banquo, mas o seu filho Fleance acabou escapando. No banquete real que estava
ocorrendo na mesma noite, Macbeth começa a ter visões do fantasma de Banquo sentado à mesa
e começa a desesperar-se frente a sua esposa e aos seus convidados.

Macbeth, perturbado, vai às bruxas mais uma vez. Elas lhe mandam ter "cuidado com
Macduff"1, porém também lhe avisam que "ninguém nascido de mulher poderá, em nenhum
tempo, fazer mal a Macbeth"2, e que "vencido não há de ser Macbeth, enquanto o grande
bosque de Birnam não subir contra ele ao alto Dunsiane"3. Como Macduff está exilado na
Inglaterra, Macbeth presume que está seguro; então condena à morte todos do castelo de
Macduff, incluindo Lady Macduff e seus filhos. Enquanto isso, Lady Macbeth, atormentada
pelos crimes que ela e seu marido cometeram, perambula pela casa à noite, sonâmbula, tentando
lavar manchas imaginárias de sangue de suas mãos e sussurrando sobre os fatos ocorridos.
Devido a essas circunstancias e tormentos, Lady Macbeth acaba por tirar a sua própria vida.

Macduff, ao ficar sabendo que o seu castelo foi atacado por Macbeth, organiza um
exército para matar o rei. Enquanto seus soldados ainda estão acampados na Floresta de Birnam,
recebem a ordem de cortar e carregar todos os troncos de madeira que puderem para camuflar
o número de soldados - e acabando por realizar a terceira profecia das bruxas. Macduff e
Macbeth confrontam-se, e Macbeth diz não temer o oponente, pois não pode ser morto por
qualquer homem que tenha nascido do ventre de uma mulher, como dizia uma das profecias.
Macduff declara então que “do ventre materno foi Macduff tirando antes do tempo"4, isto é,
nascido através de cesariana. Assim, Macduff corta a cabeça de Macbeth, cumprindo a última
das profecias, e Malcolm, filho do antigo rei Duncan, assume então o trono da Escócia.

Em uma análise ética da obra, especificamente acerca do personagem Macbeth, vê-se


que as suas atitudes para conquistar o poder foram as mais tiranas, egoístas e perversas. José
Renato Nalini, em “Ética Geral e Profissional”, diz que “o êxito costuma provocar a deserção
ética”5, ou seja, Macbeth, para conquistar poder, realizou atos tiranos e absurdos que não eram
da sua índole só para concretizar as profecias. Mesmo já tendo conquistado êxito ao se tornar
rei através de atos tiranos, continuou a fazê-los para poder se manter no poder.

1
SHAKESPEARE, William. Macbeth. Ridendo Castigat Mores, 2000. (Versão para eBook). p. 87.
2
Ibid., 2009, p.88.
3
Ibid., 2009, p.89.
4
Ibid., 2009, p.132.
5
NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 7ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 244.
3

Bittar, em “Curso de Ética Jurídica: Ética geral e Profissional”, dá ênfase à relação entre
ética e política, afirmando que:

Há na política um gérmen de ética da responsabilidade. Somente o fim comum


(publicismo/altruísmo) justifica a existência de uma governança comum à coletividade, e é esse fim
que deve continuar motivando e norteando as decisões políticas. Quando se está diante de
instituições públicas governadas e comandadas com um fim particular (privatismo/egoísmo), na
verdade se está diante de procederes políticos antiéticos. (BITTAR, 2014, p.79)

Na conjuntura atual, há uma relação deveras tênue entre o agir ético, a honestidade e o
altruísmo. Aquele indivíduo que objetiva essas questões como fim último das suas atitudes, está
dentro do que se considera “agir eticamente”. Apesar de ser exercida individualmente, precisa
estar preocupada e interligada com a sociedade e com o bem comum, de modo que quando se
pensa apenas em si, a coletividade e a justiça são deixadas de lado. Macbeth, por sua vez,
corroborou a sua ética, sacrificando àqueles que estavam ao seu redor para poder alcançar
objetivos meramente individuais, o que acabou resultando na sua morte. Ademais, a ideia
central da obra gira em torno da ganância e do egoísmo, pautada em atitudes perversas e tiranas,
consideradas também - de acordo com a ideia proposta na ética pós-moderna - antiéticas.

Bibliografia

SHAKESPEARE, William. Macbeth. Ridendo Castigat Mores, 2000. (Versão para


eBook).
NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 7ª ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2009.
BITTAR, Eduardo C. B. Curso de ética jurídica: ética geral e profissional. 11. ed.
rev., atual. e modificada. São Paulo: Saraiva, 2014.

Você também pode gostar