A importância de Martin Buber para a filosofia contemporânea é inegável.
Nele encontramos um dos pensamentos mais profundos da filosofia, sobre o Ser humano. Nele também encontramos uma nova concepção do humano, o inter-humano. Nesse ponto Buber no esclarece:
“Naturalmente, o domínio do inter-humano estende-se muito
além do domínio da simpatia.” (BUBER, Martin. Do diálogo e do dialógico.)
O autor nos diz que a verdadeira problemática no âmbito do inter-humano é a dualidade
do ser e do parecer. Em sua observação antropológica ele nos mostra que podemos distinguir duas espécies da existência humana, uma delas pode ser designada como a vida a partir do ser, a vida determinada por aquilo que se é e a outra a vida a partir da imagem, a vida determinada a partir daquilo que se parece ser. Buber resgata em sua teorização a expressão dialógica presente na tradição judaica arcaica. Vemos em obras como a Torá, no livro Devarim, ou Deuteronômio, particularmente especiais para os Hassídim, com quem Buber se relacionava intimamente, a expressão VAIOMER usada largamente. Esta expressão hebraica significa "e disse". No entanto esta expressão nos livros sagrados era seguida da expressão "adonay le moshê", e é comum também expressões como Moisés e Abrãao falava a Deus face a face (lefanêiha). Percebe-se portanto que a tradição judaica se controi sobre um diálogo sagrado, que ensina ao homem a alteridade essencial, cujo resguardo e justificativa maior se dá nos dez mandamentos (asserá devarim) onde o homem é chamado a nao violar sob nenhuma forma ou pretexto o outro, chamado de "próximo". Porém, este ensinamento se dá particularmente por meio do diálogo. É por meio dele ainda que se aprofunda a cultura, porque vemos que o Talmud, obra que BUBER certamente conhecia com propriedade, nada mais é do que o registro do diálogo entre os sábios e juízes (hahamim e daianim). Por isso Buber, imbuído destas tradições escolhe a relação dialógica como forma de revelar a essencial alteridade onde o homem se completa e aperfeiçoa. Não se trata de um cultivo egóico, mas a busca fora de si porque nesta afirmação da verdade da alteridade, esta afirmação também da igualdade, do outro como um outro eu e vice versa, onde eu só me conheço, bem como os outros seres e coisas do meu entorno, na medida em que relaciono com eles.