CDU 656.2.025.4(81)
S UMÁRIO
APRESENTAÇÃO........................................................................................ 7
1. Introdução......................................................................................... 9
1.1 Objetivos..................................................................................................................... 11
6. CONCLUSÕES.....................................................................................155
Bibliografia........................................................................................159
Glossário............................................................................................163
Anexos................................................................................................. 173
APRESENTAÇÃO
A utilização plena da capacidade transportadora do modal ferroviário brasileiro vai propiciar
novos ganhos para o país. O grande potencial de transportar cargas e de superdimensionar
logísticas mais eficientes, com os recursos da multimodalidade, fazem das ferrovias um dos
elementos principais de uma nova dinâmica para o transporte nacional.
Neste momento em que o país desponta como uma das fortes economias mundiais e
que retoma a cultura do transporte ferroviário, com a construção de ferrovias, como a
Transnordestina e a Norte-Sul, o aperfeiçoamento do sistema ferroviário brasileiro assegura
maior competitividade para o produto nacional no mercado globalizado e a redução de custos
no mercado interno.
As ferrovias são mais indicadas - por suas características técnicas e econômicas - para o
transporte de grandes volumes de cargas em longas distâncias. Portanto, é legítimo e
necessário que o país retome o desenvolvimento de seu sistema ferroviário, a fim de atingir
níveis superiores na movimentação de sua produção mineral, agrícola e industrial.
A malha ferroviária, antes de sua concessão à iniciativa privada, em 1997, contribuía bem
menos com a movimentação de cargas no país, numa situação muito distante do seu potencial.
Após os investimentos das concessionárias, já são identificados significativos ganhos, com
consequente aumento da participação do modal na matriz de transporte nacional.
Clésio Andrade
Presidente da CNT
Presidente do Conselho Nacional do SEST SENAT
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
1 INTROdUÇÃO
O longo período de estagnação pelo qual passou o setor ferroviário interferiu na matriz
de transportes. Estima-se que são transportados pelas estradas de ferro brasileiras
mais de 20% da produção do país, mas esse valor é considerado baixo em vista da
extensão territorial do Brasil e do potencial de utilização desse modo.
É válido ressaltar que a malha ferroviária brasileira permite conexão com diversos
portos do litoral. Tal característica, associada à modernização do sistema ferroviário,
por parte das concessionárias, faz com que as ferrovias surjam como alternativa e
complemento ao transporte rodoviário de cargas, como granéis agrícolas, produtos
9
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Gráfico 01
Densidade do transporte ferroviário
22,9
km de infraestrutura por 1000 km área
19,5
13,3
EUA Índia Argentina Chile China México Rússia Austrália Canadá Brasil
10
Introdução
1.1 Objetivos
Mesmo com todo o crescimento após a concessão da malha ferroviária à iniciativa
privada, ainda existem barreiras que inibem o desenvolvimento do setor. Assim, a
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011 tem como objetivos
• ALL - América Latina Logística Malha Norte S.A. (antes denominada Ferronorte
S.A. - Ferrovias Norte Brasil);
• ALL - América Latina Logística Malha Oeste S.A. (antes denominada Ferrovia
Novoeste S.A. - Novoeste);
• ALL - América Latina Logística Malha Paulista S.A. (antes denominada Ferroban
- Ferrovias Bandeirantes S.A.);
• ALL - América Latina Logística Malha Sul S.A. (antes denominada ALL - América
Latina Logística do Brasil S.A. e, previamente, Ferrovia Sul-Atlântico S.A.);
11
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
• Vale S.A. (antes denominada Companhia Vale do Rio Doce – CVRD, que administra
a Estrada de Ferro Vitória a Minas – EFMV e a Estrada de Ferro Carajás - EFC).
12
Introdução
Figura 01
Etapas Metodológicas
Desempenho Caracterização
Nível de serviço
dos corredores do sistema
Análise dos
serviços prestados
Avaliação dos
gargalos
Elaboração do
relatório
13
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
2 SISTEMA FERROVIÁRIO
NO BRASIL
15
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
As concessões das malhas regionais da antiga RFFSA foram efetivadas por meio de
leilões públicos, conforme definido nos editais de licitação, com a finalidade de conceder
ao setor privado o direito de exploração dos serviços públicos de transporte ferroviário
de cargas. A evolução desse processo ao longo do tempo é apresentada na Tabela 1.
Tabela 01
Leilão das malhas da RFFSA
Nota: Após o processo de concessão, determinadas Concessionárias passaram a ter as seguintes denominações
deliberadas pela ANTT: (1) ALL - América Latina Logística Malha Oeste S.A.; (2) ALL - América Latina Logística
Malha Sul S.A.; (3) Transnordestina Logística S.A.; (4) ALL - América Latina Logística Malha Paulista S.A..
Antes das concessões da década de 90, a União já havia concedido outras ferrovias,
entre elas, as estradas de ferro Jarí, Amapá e Trombetas. A Estrada de Ferro Jarí, que
transporta madeira para uma fábrica de celulose ao norte do Estado do Pará, possui 68
km de extensão e foi concedida por meio de decreto à Empresa Jarí Celulose S.A. em 1979.
Por sua vez, a EFT (Estrada de Ferro Trombetas), com 35 km de linhas de cunho industrial,
foi concedida, em 22/8/79, à Empresa Mineração Rio do Norte S.A., que tem participação
acionária da Alunave (Vale do Rio Doce Alumínio).
16
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
O governo federal também realizou outras concessões para a construção, operação,
exploração e conservação de ferrovias, denominadas “Ferrovias Planejadas”. Esses
contratos se realizaram antes do processo de desestatização, em 1996, e são descritos
a seguir(3) .
Tem-se ainda o caso da CVRD(Companhia Vale do Rio Doce). Quando ela foi privatizada,
em 6/5/97, foram transferidas também as concessões das malhas da EFC e EFVM, com
892 km e 898 km de linhas, respectivamente. Assim, o processo de desestatização
das estradas de ferro da CVRD se deu por transferência de ações para os investidores
privados, mediante leilão, sem que cada acionista detivesse mais de 20% da totalidade
das ações do capital volante.
17
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Com base na legislação vigente e nos contratos celebrados para prestação do serviço
público de transporte ferroviário, o poder concedente tem como responsabilidades
principais a regulamentação, a fiscalização e o acompanhamento da execução dos
contratos de concessão, além da administração dos bens operacionais, vinculados
à concessão, de forma a garantir a qualidade dos serviços prestados e o equilíbrio
econômico-financeiro das concessionárias ferroviárias.
Por sua vez, as empresas concessionárias têm entre as suas principais atribuições, a
responsabilidade de prestar serviço adequado, prestar contas da gestão do serviço ao
poder concedente e aos usuários, além de captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
necessários à prestação do serviço e zelar pela integridade dos bens vinculados. Devem
atender ao estabelecido no aparelho regulatório e nas normas técnicas, além dos
direitos e das obrigações acordados nos contratos de concessão e de arrendamento
dos ativos.
No período de 1998 a 2001, cabia ao Ministério dos Transportes - por meio da STT
(Secretaria de Transportes Terrestres) - regulamentar, fiscalizar e administrar os
contratos de concessão, enquanto a RFFSA era responsável pelos contratos de
arrendamento. A partir daquele ano, a atribuição de regular as atividades de prestação
dos serviços públicos de transporte ferroviário e de exploração de sua infraestrutura
passou para a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), criada e implantada
pela lei n.º 10.233, de 5 de junho de 2001, e pelo decreto n.º 4.130, de 13 de fevereiro de
2002, respectivamente.
18
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
28.614 km. A extensão das malhas locais, operadoras de trens urbanos e trens turísticos
de passageiros totaliza 1.437 km, como pode ser observado na Tabela 2.
Tabela 02
Extensão das malhas existentes no Sistema Ferroviário Nacional (km)
Bitola
Ferrovias
Larga Métrica Mista Total
América Latina Logística Malha Paulista S.A. - ALLMP 1.463 243 283 1.989
Nota: (1) Em 2005 a ALL Malha Oeste incorporou à sua malha 320 km de linha férrea (entre Mairinque-SP e Bauru-
SP), proveniente da malha da ALL Malha Paulista, conforme a Resolução 1.010, de 28 de junho de 2005 da ANTT;
(2) 17,4 km em bitola standard de 1,435 m; (3) 17 km em bitola de 1,1 m; (4) Inclui outros trens turísticos e culturais
que não compartilham a linha com as demais operadoras; e (5) 194 km em bitola standard de 1,435 m.
19
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
• Recolhimento à União de R$ 1,76 bilhão (preços auferidos nos leilões das malhas
da RFFSA);
Gráfico 2
Investimentos realizados após a concessão (R$ Milhões)
4.398
225
4.173
3.158 3.053
44 2.737 112
2.622 3.000
3.114 140
2.292 123 2.941
1.966 72 2.597 2.499
8 2.221
1.958
1.124
824 724 35
574 583 673
499 58
56 56 1.089
162 113 45
766 668
538 617
412 386
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Investimentos das Concessionárias Investimentos da União Previsão das Concessionárias para 2011
Nota: Os valores monetários se referem a preços correntes; O ano de 1997 contém os investimentos de 1996.
20
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Comparando-se o ano de 2010 com o ano anterior, observa-se que os investimentos das
concessionárias cresceram 17,7%, enquanto os investimentos realizados pela União, no
mesmo período, apresentaram queda de 8,6%.
Com relação aos investimentos realizados após concessão das ferrovias brasileiras,
eles podem ser classificados em três fases distintas, que refletem a natureza das obras
realizadas. No período de 1996 a 1999, os aportes, em grande maioria, foram destinados
à recuperação da malha férrea e do material rodante existente, que estavam sucateados
em virtude da ausência de recursos para a realização de manutenções e correções.
Para ilustrar, os investimentos feitos entre 1997 e 2010 contribuíram para o aumento de
103,0% na produção ferroviária nacional, medida em TKU (Tonelada Quilômetro Útil),
conforme pode ser observado no Gráfico 3. No mesmo período, o acréscimo de produção
de cargas gerais foi de 148,4% e para o minério de ferro e o carvão mineral, o crescimento
foi de 91,9%.
(6) Padrão de tempo, que se assume em qualquer ordem, para o movimento físico de itens de uma operação à outra.
21
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Gráfico 3
Produção das concessionárias ferroviárias (Bilhões de TKU)
103,0%
315,1
270,6 278,4
CAGR 1997 - 2010 257,4
5,6% a.a. 243,5
232,2
221,2
202,5 49,9 63,9 67,0
180,5 48,6 58,3
161,9 167,8 56,1 207,5 206,7 211,4
153,9 47,4
137,2 141,5 138,9 183,6 185,2
44,4 165,1
35,7 40,2 42,5 155,1
27,0 31,7 32,2 136,1
118,2 121,7 125,3
110,2 109,8 106,7
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
15,0%
Minério de Ferro e Carvão Mineral Carga Geral Previsão das concessionárias para 2011
Gráfico 4
Movimentação de cargas transportadas pelas concessionárias ferroviárias (Milhões de TU)
85,6%
530,0
450,5 470,1
445,2
386,0 404,2 395,5
368,3
336,4 125,0
315,8 106,9 112,0
288,1 291,6 100,6
253,3 259,3 99,5
256,0 101,8 117,4 338,3 338,5 345,1
98,0 99,4 303,6 296,0
80,9 91,7 266,5 268,6
67,2 73,8 72,9 237,0
207,2 217,8
186,1 185,5 183,1 199,9
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
12,7%
Minério de Ferro e Carvão Mineral Carga Geral Previsão das concessionárias para 2011
22
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Enquanto isso, no mesmo período em que a movimentação por ferrovias cresceu
aproximadamente 85,6%, a economia brasileira apresentou crescimento do PIB
de 48,7%, conforme apresentam a Tabela 3 e o Gráfico 5. Esses dados evidenciam
a importância do transporte ferroviário de cargas para a economia do país. Vale
destacar que o Gráfico 5 mostra o crescimento real do PIB (isto é, em valores
constantes). Assim, observa-se que o transporte ferroviário é bastante sensível ao
mercado. Enquanto, no total, a crise econômica de 2008 gerou uma leve queda no
PIB real de 2009 (de 0,6%), a queda de produção do transporte ferroviário (medida
em TU) foi de 12,2%. Essa queda gerada é explicada pela forte relação do transporte
ferroviário com o mercado internacional de commodities.
Tabela 03
Comparação entre o transporte ferroviário de cargas e o PIB
Gráfico 5
Comparação entre o transporte ferroviário de cargas e o PIB
100
80
Crescimento - %
60
40
20
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
23
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Gráfico 6
Índice de acidentes das concessionárias ferroviárias (acidentes por milhão de trem.km)
75,5
69,3
64,9
53,1 - 78,7%
39,4
35,5 33,6 32,9
30,4
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
24
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Figura 2
Sistema Ferroviário do Brasil
25
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Atualmente, a ALL opera uma vasta plataforma de ativos, incluindo uma rede
ferroviária com 21.300 km de extensão (abrangendo o Brasil e a Argentina), com
1.095 locomotivas e 31.650 vagões. Busca associar as vantagens de custo do
transporte ferroviário para médias e longas distâncias com a flexibilidade dos serviços
rodoviários e hidroviários, para atrair mais negócios de clientes que atualmente não
utilizam plenamente os serviços ferroviários.
Em 2010, a ALL criou a empresa Brado Logística, que atua como operadora logística
para consolidação de contêineres no Brasil. A empresa tem o objetivo de oferecer
diversos serviços logísticos que irão compor o mix de produtos necessário para
viabilizar o acesso de novos clientes à intermodalidade. Com o objetivo de acelerar
essa implementação, a Brado fechou acordo de fusão com a Standard Logística,
empresa com vasta experiência em logística de cargas frigoríficas com base
intermodal.
Em julho de 2011, foi criada a Ritmo Logística, formada pela fusão da unidade de
serviços rodoviários da ALL e da Ouro Verde Transporte. A unidade de negócios de
serviços rodoviários da ALL é direcionada para a realização de operações dedicadas
e personalizadas para grandes clientes, aproveitando-se do enorme mercado
rodoviário, de mais de 40 milhões de toneladas, que tem sua origem ou destino na
malha ferroviária da ALL.
26
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Locomotiva da ALL (Serra do Mar)
Essa malha ferroviária atende aos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná e o sul de São Paulo, interligando-se à ALL - Malha Oeste, ALL – Malha Paulista
e Ferroeste, possibilitando o escoamento da produção até as ferrovias da Argentina,
onde a própria ALL opera em alguns trechos, permitindo a conexão ferroviária com
o Uruguai e o Paraguai. Atualmente, a extensão da malha no Brasil é de 7.293 km em
bitola métrica e 11 km em bitola mista.
Em Santa Catarina, a malha da ALL possui conexão com o Porto de São Francisco do
Sul, e a carga provém, em sua maior parte, de outros Estados. O pátio de Mafra é um
entroncamento rodoferroviário, contudo, nesse ponto não é realizado transbordo, assim,
os trens que por lá transitam chegam carregados de outras localidades. A ALL Malha Sul
costumeiramente realiza a movimentação no sentido inverso - de retorno - levando carga
do porto para outras localidades.
27
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
No Rio Grande do Sul, transbordos são realizados em Porto Alegre, Estrela, Roca Sales,
Garibaldi, Vacaria, Passo Fundo, Marcelino Ramos, Cruz Alta, Santa Rosa, Cerro Largo,
São Borja, Santiago, Dilermando de Aguiar, Cacequi, Uruguaiana, Santana do Livramento,
Santa Maria, Cachoeira do Sul, Pelotas e Rio Grande. Os principais produtos movimentados
são: grãos, farelo e óleo do complexo soja, milho, arroz e trigo. Os produtos agropecuários
transportados pela ALL, em São Paulo, são: soja, farelo de soja e açúcar.
Figura 3
Mapa da ALL Malha Sul
28
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Essa malha ferroviária conecta-se com o Porto de Santos e com os portos fluviais de
Panorama e de Pederneiras. Os principais produtos transportados pela ALL – Malha
Paulista no Estado de São Paulo são: derivados de petróleo e álcool, soja e farelo de
soja, açúcar e fertilizantes.
Figura 4
Mapa da ALL Malha Paulista
29
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Os produtos transportados em maior volume são: soja, farelo de soja, fertilizantes e milho.
Dentro do Estado de Mato Grosso, atende os terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari.No
Estado do Mato Grosso do Sul, atende o terminal de Chapadão do Sul.
De acordo com a resolução da ANTT nº 3.581, de 14 de setembro de 2010, a ALL Malha Norte
foi autorizada a devolver ao poder concedente os trechos não construídos contemplados
na concessão, compreendidos entre as seguintes cidades: a) Cuiabá (MT) e Uberaba/
Uberlândia (MG); b) Cuiabá (MT) e Rondonópolis (MT); c) Cuiabá (MT) e Porto Velho (RO)
e d) Cuiabá (MT) e Santarém (PA). A mesma resolução autorizou a prorrogação por mais
24 meses, a partir de 31 de dezembro de 2010, do prazo para a construção e a entrada
em operação comercial do trecho ferroviário entre as cidades de Alto Araguaia (MT) e
Rondonópolis (MT), com aproximadamente 260 km de extensão.
Figura 5
Mapa da ALL Malha Norte
A extensão de sua malha é de 1.945 km toda em bitola métrica. Liga Mairinque (SP) a
Campo Grande (MS) e, desse ponto, estende-se a Corumbá (MS) e a Ponta Porã (MS).
30
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Seus principais produtos transportados são minério de ferro, soja, milho e derivados
de petróleo e álcool.
Figura 6
Mapa da ALL Malha Oeste
As principais mercadorias transportadas pela FCA são: soja e farelo, calcário, produtos
siderúrgicos e industrializados, açúcar, adubos e fertilizantes, derivados de petróleo,
álcool e contêineres.
31
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Por meio da malha ferroviária da EFVM, a FCA possui acesso aos portos de Tubarão e
Vitória, localizados no Espírito Santo, e pela ALL - Malha Paulista ao Porto de Santos
(SP), sendo uma importante alternativa logística para o escoamento de cargas do
interior do país, além de ser atualmente o principal eixo de conexão ferroviária entre
as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.
Figura 7
Mapa da FCA
32
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Em 2008, foi lançado o projeto Noroeste de Minas, com o intuito de se formar um
novo corredor de grãos para escoar a produção agrícola do Noroeste de Minas
Gerais até o Complexo Portuário de Tubarão, em Vitória (ES), por meio da malha da
FCA e da EVFM. Segundo a empresa, o projeto foi fruto de uma parceria entre a FCA,
por meio de sua controladora Vale e o governo de Minas Gerais. Estima-se que, até
2013, o projeto viabilizará o transporte anual de 2,6 milhões de toneladas de grãos.
Locomotiva da FCA
A ferrovia foi implantada em 1884 e sua área de atuação é o sul do Estado de Santa
Catarina, interligando a região carbonífera ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda,
em Capivari de Baixo, e o polo industrial e cerâmico do sul do Estado ao Porto de
Imbituba, que possui excelente localização. Com o arrendamento dos terminais
especializados à iniciativa privada, grandes investimentos estão em andamento,
como a ampliação do cais e instalações, aquisição e modernização de equipamentos,
a proteção dos molhes e a melhoria e construção das vias de acesso.
33
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Figura 8
Mapa da FTC
34
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Locomotiva da FTC
Essa malha ferroviária interliga alguns dos principais eixos econômicos brasileiros, como
Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Possui a vantagem ter conexão com importantes
portos da região Sudeste, como o Porto de Santos (margens direita e esquerda), Itaguaí,
Guaíba e Rio de Janeiro, participando do escoamento da produção das principais
siderúrgicas nacionais e do minério de ferro da região mineira do quadrilátero ferrífero.
Além desses produtos, a MRS também transporta cimento, bauxita, produtos agrícolas,
coque verde e contêineres.
Como atrativo, a MRS desenvolve ainda, além da própria integração com outras malhas
ferroviárias, soluções intermodais, como operações utilizando o transporte ferroviário
associado com a cabotagem e o transporte marítimo internacional, bem como a utilização
da ferrovia com o complemento das rodovias.
35
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Figura 9
Mapa da MRS
Entre os projetos para expansão ferroviária nos Estados em que opera, São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro, a MRS prevê a criação de três pátios concentradores de carga
(Hubs), a ampliação de 11 pátios de atendimento e a participação na construção de quatro
terminais ferroviários.
No que diz respeito à superação dos gargalos logísticos, a MRS também tem
desenvolvido diversos projetos, entre os quais se destaca o projeto São Paulo, que visa
transpor as dificuldades operacionais e a retenção dos trens na região, ocasionado pelo
compartilhamento da linha férrea entre o transporte de carga e o de passageiros com
a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Para isso, iniciou a implantação
do projeto da Segregação das Operações, com a Segregação Leste (em curso de
implementação) e a Segregação Sudeste (com previsão para o segundo semestre de
2013), ações que, em conjunto, possibilitarão a retirada de aproximadamente 32 trens/dia
de carga do trecho compartilhado.
36
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Já o projeto Rio de Janeiro - São Paulo consiste na implementação e no desenvolvimento
de uma logística intermodal para o escoamento de produtos entre os dois maiores
mercados consumidores do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo, com a introdução de Trens
Expressos (Trens unitários, com operação porta a porta, frequência diária e transit time
esperado de 15 horas). Além disso, está prevista a criação de dois pátios concentradores de
cargas (Hubs), intermodais, localizados na região de São Paulo e Rio de Janeiro, próximos
aos mercados produtores e consumidores, constituindo-se uma importante alternativa
para ampliação da eficiência do sistema de transporte nessa rota.
Por sua vez, o projeto Santos - São Paulo prevê o desenvolvimento de uma solução
logística porta a porta suportada por um Hub e uma rede de terminais interligados pela
ferrovia ao Porto de Santos, utilizando vagões “double stacks (10) ”, permitindo regular e
reordenar o fluxo de contêineres na região.
Trem da MRS
(10) Vagão do tipo plataforma com capacidade para transporte de dois contêineres empilhados.
37
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Sua malha ferroviária possui 4.207 km de extensão (Figura 10), com 4.189 km em
bitola métrica e 18 km em bitola mista, sendo que aproximadamente 400 km estão
em processo de recuperação e 1.108 km encontram-se em processo de devolução com
a ANTT. Possui localização estratégica, por estar bem distribuída entre os Estados da
região Nordeste, e sua estrutura logística permite interligar os portos de Maceió, em
Alagoas, Suape e Recife, em Pernambuco, Cabedelo, na Paraíba, Mucuripe e Pecém, no
Ceará, Itaqui, no Maranhão, e Natal, no Rio Grande do Norte. Atualmente, a empresa
conta com 1.742 vagões e 94 locomotivas próprias e 161 vagões e 5 locomotivas de
terceiros. Entre as principais mercadorias transportadas, destacam-se os derivados
de petróleo, o álcool, o cimento e outros produtos para construção civil, produtos
siderúrgicos, ferro-gusa e outros insumos.
Trem da TLSA
38
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Figura 10
Mapa da TLSA
39
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Inaugurada há pouco mais de 20 anos, a EFC foi construída segundo padrões técnicos
atualizados, sendo uma das ferrovias com melhores índices de produtividade do
mundo. As velocidades operacionais desenvolvidas estão entre as maiores do país, em
função do traçado favorável que permeia áreas de baixa densidade populacional e
devido aos padrões rigorosos de manutenção de suas linhas, além do próprio perfil
da carga, que permite a composição de trens unitários com melhor desempenho a
maiores distâncias.
40
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Figura 11
Mapa da EFC
A malha da EFVM possui 905 km de extensão (Figura 12), toda em bitola métrica,
a maior parte em linha dupla, transportando mais de um terço de toda a carga
ferroviária do país, em termos de volume. Além do minério de ferro produzido na
região central de Minas Gerais, são transportadas também outras cargas (aço, carvão,
calcário, granito, ferro-gusa, produtos agrícolas, madeira, celulose, contêineres,
coque e fertilizantes), inclusive aquelas originadas dos Estados de Goiás, São Paulo
e Bahia, além do Distrito Federal, por meio da conexão com a FCA. A EFVM tem ainda
a ligação com a ferrovia MRS Logística S.A.
41
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Pelos trilhos da EFVM passa o único trem de longa distância diário do Brasil, que
transporta cerca de 3.000 pessoas por dia, ou mais de 1 milhão de passageiros por
ano. Passa por 30 municípios entre Belo Horizonte e Vitória com tempo de viagem
de aproximadamente 13 horas.
Figura 12
Mapa da EFVM
42
SISTEMA FERROVIÁRIO NO BRASIL
Quando concluída por completo, transportará produtos do agronegócio procedentes
do oeste baiano, do sudoeste do Piauí, do sul do Maranhão, de Tocantins e de parte
de Goiás e do Estado de São Paulo. Com a inclusão dos novos trechos, também
chegará ao Porto de Belém e ao maior porto do Pará, o Porto de Vila do Conde, em
Barcarena (PA).
Figura 13
Mapa da FNS
43
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
3 PANORAMA DOS PRINCIPAIS
CORREDORES FERROVIÁRIOS
45
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
6) Corredor Rio de Janeiro - Belo Horizonte: do município de Juiz de Fora (MG), esse
corredor segue até Jeceaba (MG), subdividindo-se em duas vias férreas paralelas
até a Barra do Piraí (RJ). Desse ponto, seguem os trechos que possibilitam o
acesso aos portos de Ilha de Guaíba, Itaguaí e Rio de Janeiro, todos no Estado do
Rio de Janeiro. Esse corredor é operado em sua totalidade pela MRS.
7) Corredor Rio de Janeiro - São Paulo: inicia-se em dois trechos distintos, um deles
em Pederneiras (SP) e o outro em Alumínio (SP), unificando-se no Terminal de
Boa Vista Nova, em Campinas (SP). Esse corredor segue com destino aos portos
de Ilha de Guaíba, Itaguaí e Rio de Janeiro, todos no Estado do Rio de Janeiro.
Esse corredor é operado pela MRS e ALL – Malha Paulista.
10) Corredor Paranaguá: esse corredor está totalmente inserido no Estado do Paraná.
Liga os municípios de Maringá, Londrina e Guarapuava ao Porto de Paranaguá.
Esse corredor é operado em sua totalidade pela ALL – Malha Sul.
11) Corredor São Francisco do Sul: inicia-se nos municípios de Londrina (PR) e Maringá
(PR), percorrendo o Estado do Paraná e de Santa Catarina, seguindo com destino
ao Porto de São Francisco do Sul (SC). Esse corredor é operado em sua totalidade
pela ALL – Malha Sul.
12) Corredor Rio Grande: esse corredor está totalmente inserido no Estado do Rio
Grande do Sul. Interliga os municípios de Cruz Alta, Santa Maria e Cacequi ao
Porto de Rio Grande. Esse corredor é operado em sua totalidade pela ALL – Malha
Sul.
46
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Figura 14
Malha ferroviária avaliada
47
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
7) Peso médio por eixo (t/eixo): corresponde a tensão média gerada pela carga
e tara do vagão (peso morto) sobre o eixo padrão.
Figura 15
Esquema de fluxos
A C D
B
F
Onde:
• Fluxo EF: para fluxos com origem em E e destino em F, nem a TU, nem a TKU
48
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
foram computadas, pois o fluxo não pertence ao corredor AD.
Na Pesquisa CNT de Ferrovias 2011, os dados obtidos para cada um desses indicadores,
do período de 2006 a 2010, estão dispostos considerando os trechos que compõem cada
um dos corredores selecionados, de maneira a fornecer valores que melhor representem
o desempenho da operação do transporte ferroviário. Ressalta-se que alguns valores
publicados em pesquisas anteriores foram atualizados pelas concessionárias.
49
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A região de influência do corredor São Luís corresponde aos Estados do Pará, Maranhão,
Piauí e Tocantins. Trata-se de um corredor com grande importância estratégica, uma vez
que, em decorrência de sua localização, tem a tarefa de ser o escoadouro da produção da
região Centro-Norte brasileira, com destino aos mercados internacionais ou até mesmo o
mercado interno, por meio da cabotagem. A Figura 16 ilustra o traçado do Corredor São
Luís e as concessionárias responsáveis pela operação dos trechos.
Nesse contexto, destaca-se São Luís, capital do Maranhão, que possui uma população de
1.014.837 habitantes, em 2010, e PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 14,7 bilhões, conforme os
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a cidade de Parauapebas,
no Estado do Pará, possui 153.908 habitantes e PIB de R$ 6,6 bilhões.
50
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
da região Centro-Norte brasileira.
A malha ferroviária do Corredor São Luís é formada pelas linhas da EFC e da FNS,
totalizando 1.357,0 km de extensão em bitola de 1,60 m. Ressalta-se que tanto a EFC
quanto a FNS são operadas pela Vale S.A.. O trecho correspondente à EFC possui 892,0
km de extensão, conectando a capital do Maranhão ao sudeste do Pará, em Carajás (PA).
A EFC também atua no transporte de passageiros. Já o trecho da FNS possui 465,0 km
de extensão, interligando a cidade de Colinas (TO), ao município de Açailândia (MA), onde
faz conexão com a EFC. É importante destacar que, até o ano de 2009, o trecho da FNS
possuía apenas 215,0 km, que interligava os municípios de Açailândia a Estreito.
O Corredor São Luís foi dividido em três trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário. São eles: Carajás – Açailândia, Colinas – Estreito
- Açailândia e Açailândia – São Luís. Essa segmentação em trechos seguiu a lógica dos
fluxos da ferrovia.
Tabela 04
Indicadores do Corredor São Luís, por trecho, de 2006 a 2010
Carajás - Açailândia
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 90,3 101,2 102,5 32,5 32,5
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 76,3 88,7 91,7 25,0 25,0
51
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 04
Continuação
Indicadores do Corredor São Luís, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 91,0 100,7 102,1 32,5 32,5
Observa-se ainda uma grande redução do peso por eixo, em todos os trechos do referido
corredor, variando entre 64,0% e 67,2%. Esse decréscimo pode ser justificado pela
diminuição do volume de carga embarcada, o que pode consistir na adoção de comboios
menores para a realização do transporte.
52
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
3.2 Corredor Intrarregional Nordeste
Figura 17
Corredor Intrarregional Nordeste
Nesse contexto, destaca-se a capital do Ceará com uma população de 2.452.185 habitantes,
em 2010, e PIB de R$ 28,3 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Fortaleza, as duas
cidades de maior representatividade populacional e econômica desse corredor são as
capitais de Pernambuco e do Maranhão – Recife, com 1.537.704 habitantes e PIB de R$
22,4 bilhões e São Luís, com 1.014.837 habitantes e PIB de R$ 14,7 bilhões.
Esse corredor inicia-se no Terminal Marítimo de Itaqui, em São Luís (MA), e seu traçado
permite o acesso aos principais portos da região Nordeste – Pecém (CE), Mucuripe (CE),
Cabedelo (PB), Recife (PE), Suape (PE) – e ao Terminal de Petróleo de Murity, em Juazeiro
53
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
do Norte (CE).
O referido corredor foi dividido em sete trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Itaqui – Teresina, Teresina – Fortaleza,
Fortaleza – Arrojado, Arrojado – Murity, Arrojado – Itabaiana, Itabaiana – Cabedelo e
Itabaiana – Recife. Essa segmentação em trechos seguiu a lógica dos fluxos da ferrovia.
Tabela 05
Indicadores do Corredor Intrarregional Nordeste, por trecho, de 2006 a 2010
Itaqui - Teresina
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 14,0 13,6 13,5 20,0 20,0
Teresina - Fortaleza
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 15,5 15,0 14,8 20,0 20,0
54
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Tabela 05
Continuação
Indicadores do Corredor Intrarregional Nordeste, por trecho, de 2006 a 2010
Fortaleza - Arrojado
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 17,0 15,1 14,9 20,0 20,0
Arrojado - Murity
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 17,0 16,7 17,2 20,0 20,0
Arrojado - Itabaiana
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 17,0 16,7 17,3 20,0 20,0
Itabaiana - Cabedelo
55
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 05
Continuação
Indicadores do Corredor Intrarregional Nordeste, por trecho, de 2006 a 2010
Itabaiana - Cabedelo
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 15,0 16,0 15,7 20,0 20,0
Itabaiana - Recife
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 15,0 15,9 16,5 20,0 20,0
Cimento, derivados claros, minério, alumínio, coque,
Principais mercadorias do Corredor malte, argila, calcário, bobinas de aço, ferro-gusa, trilho,
contêineres, gesso e clínquer
Em todos os trechos desse corredor, constata-se que a velocidade comercial dos trens
está abaixo da velocidade média desenvolvida no Brasil, que é de aproximadamente
25 km/h. Os trechos Itaqui – Teresina e Teresina – Fortaleza apresentaram os
valores mais baixos, operando com uma velocidade média de 10,8 km/h e 10,1
km/h, respectivamente. Um dos fatores que contribui para essa baixa velocidade
é a interferência de comunidades lindeiras, que ocupam a faixa de domínio desde
antes da concessão, principalmente no trecho próximo ao Porto do Mucuripe, na
capital cearense. Outra causa é a existência de um número excessivo de passagens
56
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
em nível, no trecho entre São Luís (MA) e Teresina (PI), reduzindo em alguns locais
a velocidade comercial das composições e, por consequência, a capacidade e a
produtividade da ferrovia. Esse cenário contribui para a redução do volume de carga
e da produção em grande parte dos trechos desse corredor.
57
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Nesse contexto, destaca-se a capital do Distrito Federal com uma população de 2.570.160
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 117,6 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de
Brasília, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse
corredor é Belo Horizonte – com 2.375.151 habitantes e PIB de R$ 42,1 bilhões. A cidade de
Vitória destaca-se pelo seu elevado PIB, de R$ 22,7 bilhões, e população de apenas 372.801
habitantes.
Esse corredor apresenta extremidades iniciais nas cidades de Brasília (DF) e em Anápolis
(GO), cujos ramais se unem em Roncador (GO), seguindo para a capital de Minas Gerais,
Belo Horizonte. Esse corredor possui ramais nas proximidades do município de João
Neiva (ES), que segue para o Porto de Barra do Riacho, e em Vitória (ES), que segue para
os portos de Tubarão, Praia Mole e Vitória, no Espírito Santo.
58
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A malha ferroviária do corredor Vitória é composta pelas linhas da FCA e EFVM, totalizando
2.233,2 km de extensão em bitola métrica. O trecho correspondente à FCA possui 1.335,2
km de extensão, conectando as cidades de Brasília (DF) e Anápolis (GO) à capital de Minas
Gerais, Belo Horizonte. Já o trecho da EFVM possui 898,0 km de extensão, interligando
Belo Horizonte (MG) aos portos do Espírito Santo. É importante destacar que a EFVM
também atua no transporte de passageiros, entre as cidades de Belo Horizonte e Vitória.
Além disso, esse corredor está interligado com outros três corredores de grande
importância no contexto nacional, o corredor Centro-Oeste – São Paulo, São Paulo -
Nordeste e o corredor Rio de Janeiro – Belo Horizonte, que permitem a conexão entre as
regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
O referido corredor foi dividido em cinco trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Anápolis – Roncador, Brasília – Roncador,
Roncador – Araguari, Araguari – Belo Horizonte e Belo Horizonte – Vitória. Essa segmentação
em trechos seguiu a lógica dos fluxos da ferrovia.
Tabela 06
Indicadores do Corredor Vitória, por trecho, de 2006 a 2010
Anápolis - Roncador
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 54,2 50,7 47,4 20,0 20,0
Brasília - Roncador
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 54,3 53,5 48,1 20,0 20,0
59
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 06
Continuação
Indicadores do Corredor Vitória, por trecho, de 2006 a 2010
Roncador - Araguari
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 58,0 57,4 55,3 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 58,9 59,2 57,5 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 62,3 62,8 62,4 25,0 25,0
60
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Conforme pode ser observado, os trechos Anápolis – Roncador e Roncador – Araguari
foram os únicos do corredor que apresentaram crescimento da movimentação, medida
em TKU, no período entre 2006 e 2010. Entre Anápolis – Roncador, o acréscimo em
relação a 2006 foi de 546 milhões de TKU, representando um acréscimo de 145,7%. Já no
trecho Roncador – Araguari, a movimentação passou de 688 milhões TKU em 2006 para
1,6 bilhão TKU em 2010 – consistindo em um aumento de 131,9%.
Quanto ao volume de carga embarcada, houve uma redução em todos os trechos que
compõem o referido corredor, no período entre 2006 e 2010. O trecho que apresentou o
maior decréscimo foi entre Belo Horizonte e Vitória, onde o volume de carga embarcada
em 2010 foi de aproximadamente 1,9 milhão de TUs, representando uma diminuição de
87,6%, quando comparado ao ano de 2006. O volume de carga embarcada do trecho
Anápolis – Roncador, no ano de 2010, não foi disponibilizado.
Em 2010, constatou-se que a velocidade comercial dos trens, em apenas um trecho desse
corredor, apresentava-se acima da velocidade média desenvolvida no Brasil, que é de
25 km/h. Os trechos que conectam Araguari (MG), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES),
devido às condições de traçado desfavoráveis e a quantidade de passagens em nível,
apresentaram menor desempenho em termos de velocidade média comercial. Os valores
desse indicador variaram entre 10 km/h e 15,7 km/h.
Nesse corredor, em 2006, existiam 147 terminais para carga e descarga, distribuídos pela
malha ferroviária, sendo esses de propriedade das próprias ferrovias ou dos clientes que
as utilizam. Entretanto, no ano de 2010, esse número foi reduzido para 79 terminais, assim
distribuídos: 19 estão situados entre Anápolis e Roncador, 11 no trecho Brasília – Roncador,
6 no trecho Roncador – Araguari, 19 entre Araguari e Belo Horizonte e 24 no trecho Belo
Horizonte – Vitória.
61
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Nesse contexto, destaca-se a capital do Distrito Federal com uma população de 2.570.160
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 117,6 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Brasília,
a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse corredor é
Campinas – com 1.080.113 habitantes e PIB de R$ 29,4 bilhões. A cidade de Santos destaca-
se pelo seu elevado PIB, de R$ 24,6 bilhões, e população de apenas 419.400 habitantes.
Esse corredor apresenta extremidades iniciais nas cidades de Brasília (DF) e em Anápolis
(GO), cujos ramais se unem em Roncador (GO), percorrendo o município de Araguari
(MG). Em seguida, alcança a cidade de Campinas (SP) e, por fim, o Porto de Santos (SP).
62
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
correspondente à FCA possui 1.227,8 km de extensão, conectando as cidades de Brasília
(DF) e Anápolis (GO) a Estação de Boa Vista Nova, em Campinas (SP). Já o trecho da ALL
– Malha Paulista possui 289,8 km de extensão, interligando a Estação de Boa Vista Nova
(SP) ao Porto de Santos, no litoral paulista.
O referido corredor foi dividido em cinco trechos, são eles: Anápolis – Roncador, Brasília
– Roncador, Roncador – Araguari, Araguari – Boa Vista Nova e Boa Vista Nova – Santos.
Segmentação essa que segue a lógica dos fluxos da ferrovia.
Tabela 07
Indicadores do Corredor São Paulo - Centro Oeste, por trecho, de 2006 a 2010
Anápolis - Roncador
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 54,2 50,7 47,4 20,0 20,0
Brasília - Roncador
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 54,3 53,5 48,1 20,0 20,0
Roncador - Araguari
63
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 07
Indicadores do Corredor São Paulo - Centro Oeste, por trecho, de 2006 a Continuação
2010
Roncador - Araguari
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 58,0 57,4 55,3 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 58,9 59,2 57,5 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 55,0 50,6 46,9 25,0 25,0
64
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Quanto ao volume de carga embarcada, houve uma redução em todos os trechos que
compõem o referido corredor, no período entre 2006 e 2010. O trecho que apresentou o
maior decréscimo foi entre Brasília e Roncador, onde o volume de carga embarcada em
2010 totalizou 333 mil TUs, representando uma diminuição de 84,9%, quando comparado
ao ano de 2006. O volume de carga embarcada do trecho Anápolis – Roncador, no ano de
2010, não foi disponibilizado.
Em 2010, nenhum dos trechos desse corredor apresentou velocidade comercial dos trens
acima da velocidade média desenvolvida no Brasil. O trecho que conecta o Terminal de
Boa Vista Nova ao Porto de Santos apresentou o menor desempenho em termos de
velocidade média comercial. O valor desse indicador, nos anos de 2009 e 2010, foi de 7,6
km/h. Já no trecho Brasília – Roncador verificou-se que a velocidade média comercial, em
2010, foi de 24,4 km/h, a maior do corredor.
Nesse corredor, em 2006, existiam 92 terminais para carga e descarga, distribuídos pela
malha ferroviária. No ano de 2010 houve um acréscimo de 17 terminais, passando para
109, assim distribuídos: 19 entre Anápolis e Roncador, 11 no trecho Brasília – Roncador, 6 no
trecho Roncador – Araguari, 62 entre Araguari e Boa Vista Nova e 11 no trecho Boa Vista
Nova – Santos.
65
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A área de influência do corredor São Paulo – Nordeste abrange os Estados de São Paulo,
Minas Gerais, Bahia e Sergipe. A relevância desse corredor é decorrente da existência
de um expressivo mercado consumidor e produtor ao longo do seu trajeto. Além disso,
apresenta a importante característica de integração entre os Estados das regiões Sudeste
e Nordeste. A Figura 20 ilustra o traçado do corredor São Paulo – Nordeste.
Nesse contexto, destaca-se a capital de Minas Gerais com uma população de 2.375.151
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 42,1 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Belo
Horizonte, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse
corredor é Campinas – com 1.080.113 habitantes e PIB de R$ 29,4 bilhões. O município de
Camaçari (BA) se destaca pelo seu elevado PIB, de R$ 10,5 bilhões, apesar de sua população
ser de apenas 242.970 habitantes.
Esse corredor tem início na Estação de Boa Vista Nova, em Campinas (SP), e seu traçado
possibilita o acesso a três importantes municípios de Minas Gerais, Belo Horizonte, Uberaba
e Montes Claros. Na Bahia, o corredor alcança a cidade de Camaçari, região onde se situa
o polo petroquímico de Camaçari e o Terminal Multimodal da Vale. E, por fim, o corredor
66
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
segue até o Terminal Marítimo Inácio Barbosa, em Aracaju (SE).
A malha ferroviária do corredor São Paulo – Nordeste é composta em sua totalidade pela
linha da FCA, abrangendo 3.210,5 km de extensão em bitola métrica. Esse corredor está
interligado com outros dois corredores de grande importância no contexto nacional, o
corredor Vitória e o corredor Rio de Janeiro – Belo Horizonte, que permitem a conexão
entre as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, cabe ressaltar que a Estação
Boa Vista, em Campinas (SP), destaca-se nacionalmente por ser uma forte centralizadora
e distribuidora de cargas.
O referido corredor foi dividido em cinco trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Boa Vista Nova – Uberaba, Uberaba – Belo
Horizonte, Belo Horizonte – Montes Claros, Montes Claros – Camaçari, Camaçari - Aracaju.
Essa segmentação em trechos seguiu a lógica dos fluxos da ferrovia.
Tabela 08
Indicadores do Corredor São Paulo - Nordeste, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 55,1 51,4 49,3 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 58,8 58,9 57,0 25,0 25,0
67
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 08
Continuação
Indicadores do Corredor São Paulo - Nordeste, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 60,4 61,1 59,7 20,0 20,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 46,1 45,6 42,5 18,0 18,0
Camaçari - Aracaju
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 42,8 48,3 49,0 20,0 20,0
68
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Conforme pode ser observado, todos os trechos que compõem o corredor São Paulo
– Nordeste apresentaram decréscimo tanto da capacidade de movimentação como
do volume de carga embarcada, no período entre 2006 e 2010. As maiores reduções
concentraram-se nos trechos Uberaba – Belo Horizonte e Belo Horizonte – Montes Claros.
Entre Uberaba e Belo Horizonte, em 2010, houve uma diminuição em relação a 2006 da
capacidade de movimentação, de 11,9 bilhões de TKU, representando um decréscimo de
95,5%. Já no trecho Belo Horizonte – Montes Claros, em 2006, eram embarcados cerca
de 17,0 milhões de TUs, passando para aproximadamente 0,4 milhão de TUs em 2010, uma
queda de 97,7%
69
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Nesse contexto, destaca-se a capital do Rio de Janeiro com uma população de 6.320.446
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 154,8 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além do Rio
de Janeiro, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse
corredor é Belo Horizonte – com 2.375.151 habitantes e PIB de R$ 42,1 bilhões.
Esse corredor inicia-se no município de Belo Horizonte (MG) e segue até Jeceaba (MG),
onde se divide em duas vias férreas paralelas, uma que passa por Joaquim Murtinho
(município de Congonhas, MG) e Juiz de Fora (MG), e outra que segue pela Ferrovia do
Aço, passando por Saudade (onde se encontra com a FCA) e Barra Mansa (RJ). Essas vias
se encontram em Barra do Piraí (RJ), onde prossegue em apenas uma via até Japerí (RJ).
70
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Nesse ponto, há uma bifurcação, cujos ramais possibilitam o acesso aos portos de Guaíba
e Itaguaí, bem como ao Porto do Rio de Janeiro.
O corredor Rio de Janeiro – Belo Horizonte apresenta gargalos que afetam a capacidade da
malha e seu desempenho operacional, como passagens em nível críticas e invasões. Nesse
contexto, investimentos para expansão estão sendo executados, tais como: ampliações de
pátios ferroviários localizados na Ferrovia do Aço, entre Jeceaba e Barra Mansa, além de
melhorias de acesso aos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Guaíba.
O referido corredor foi dividido em seis trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Belo Horizonte – Joaquim Murtinho,
Joaquim Murtinho – Barra do Piraí, Barra do Piraí – Japerí, Japerí – Itaguaí, Jeceaba – Barra
do Piraí e Japerí – Rio de Janeiro, relacionados à lógica dos fluxos da ferrovia.
Tabela 09
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - Belo Horizonte, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 22,4 22,3 22,6 24,0 23,5
71
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 09
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - Belo Horizonte, por trecho, de 2006 Continuação
a 2010
Joaquim Murtinho - Barra do Piraí
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 13,6 17,1 15,0 16,8 15,9
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 23,2 23,1 23,1 23,9 23,4
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 23,6 23,4 23,6 24,2 23,7
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 15,6 17,0 14,5 14,1 13,3
72
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Tabela 09
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - Belo Horizonte, por trecho, de 2006 Continuação
a 2010
Jeceaba - Barra do Piraí
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 23,1 23,0 23,3 24,2 23,7
Com exceção do trecho Japerí – Rio de Janeiro, verifica-se, em todos os demais trechos
desse corredor, um aumento na produção e no volume de carga embarcada, no período
entre 2006 e 2010. Entre Japerí e Rio de Janeiro, em 2010, o decréscimo da produção
em relação a 2006 foi de 63 milhões de TKU, representando uma redução de 41,6%.
Nesse trecho, em 2006, eram embarcadas cerca de 2,5 milhões TUs, passando para
aproximadamente 1,5 milhão TUs em 2010, ou seja, um decréscimo de 41,1%.
No total, o corredor Rio de Janeiro – Belo Horizonte teve sua produção de transporte
ferroviário passada de 39,2 bilhões de TKU, em 2006, para 47,7 bilhões de TKU, em 2010,
ou seja, um crescimento de 21,7%. Já o volume transportado total no trecho cresceu
25,2%, passando de 405,7 milhões TUs, em 2006, para 564,4 milhões TUs, em 2010.
73
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A área de influência do corredor Rio de Janeiro – São Paulo abrange os Estados do Rio
de Janeiro e São Paulo. A relevância desse corredor é decorrente da integração entre a
região de maior concentração industrial do país aos três principais portos do Estado do
Rio de Janeiro: Guaíba, Itaguaí e Rio de Janeiro. A Figura 22 ilustra o traçado do Corredor
Rio de Janeiro – São Paulo.
Nesse contexto, destaca-se a capital de São Paulo com uma população de 11.253.503
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 357,1 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de São
Paulo, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse
corredor é o Rio de Janeiro – com 6.320.446 habitantes e PIB de R$ 154,8 bilhões.
Esse corredor inicia-se no município de Pederneiras (SP) e segue até a Estação de Boa
Vista Nova, em Campinas (SP), onde há um ramal que possibilita o acesso ao município
de Alumínio (SP). A linha principal prossegue de Campinas (SP), percorrendo, no Estado
de São Paulo, as cidades de Jundiaí e São Paulo, e no Estado do Rio de Janeiro, as
cidades de Barra Mansa (Saudade), Barra do Piraí e Japerí. Nesse ponto, há uma
bifurcação, cujos ramais possibilitam o acesso aos portos de Guaíba, Itaguaí e Rio de
Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro.
74
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A malha ferroviária do corredor Rio de Janeiro – São Paulo é composta por linhas da
MRS Logística S.A. e ALL – Malha Paulista, totalizando 1.010,0 km em bitola larga. O trecho
correspondente de MRS Logística S.A. possui 573,0 km de extensão, conectando a cidade
de Jundiaí (SP) aos portos de Guaíba, Itaguaí e Rio de Janeiro em bitola larga. Já o trecho
da ALL – Malha Paulista possui 437,0 km de extensão, interligando a cidade de Pederneiras
às cidades de Alumínio e Jundiaí, todas no Estado de São Paulo.
O referido corredor foi dividido em sete trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Jundiaí – Pederneiras, Boa Vista NOva–
Alumínio, Jundiaí – Saudade, Saudade – Barra do Piraí, Barra do Piraí – Japerí, Japerí –
Itaguaí e Japerí – Rio de Janeiro. Essa segmentação em trechos seguiu a lógica dos fluxos
da ferrovia.
Tabela 10
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - São Paulo, por trecho, de 2006 a 2010
Jundiaí - Pederneiras
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 67,5 67,5
75
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 10
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - São Paulo, por trecho, de 2006 a Continuação
2010
Boa Vista Nova - Alumínio
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 75,0 75,0
Jundiaí - Saudade
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 17,8 17,8 17,6 17,7 18,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 22,6 22,6 22,9 23,7 23,3
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 23,2 23,1 23,1 23,9 23,4
76
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Tabela 10
Indicadores do Corredor Rio de Janeiro - São Paulo, por trecho, de 2006 a Continuação
2010
Japerí - Itaguaí (Sepetiba)
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 23,6 23,4 23,6 24,2 23,7
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 15,6 17,0 14,5 14,1 13,3
Na maioria dos trechos do Corredor Rio de Janeiro – São Paulo, os trens se deslocam
com uma velocidade superior à média da velocidade comercial do Brasil, que é de
aproximadamente 25 km/h – refletindo, assim, um desempenho bastante favorável. O
trecho de Japerí – Itaguaí também obteve a maior velocidade média para esse corredor
77
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
no ano de 2010, de 29,0 km/h. Já o trecho Boa Vista – Alumínio obteve a menor velocidade,
de 17,7 km/h, em 2010. Isso se deve à presença de interferências, como invasão de faixas
de domínio e passagens em nível, problemas comuns encontrados em grandes centros
urbanos, que reduz a velocidade comercial dos trens.
Diante da importância desse corredor, a MRS vem realizando investimentos para minimizar
os gargalos existentes relacionados à capacidade de sua malha, bem como as passagens
em nível críticas e invasões. Nesse contexto, obras de expansão foram e continuam sendo
executadas, tais como: ampliação de pátios e duplicação de trechos ferroviários de acesso
aos portos de Itaguaí e Guaíba.
78
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
3.8 Corredor Santos (bitola larga)
Figura 23
Corredor Santos (bitola larga)
A área de influência do corredor Santos (bitola larga) abrange os Estados de Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e São Paulo. A importância desse corredor é decorrente do transporte
de grãos da região Centro-Oeste do país, destinados à exportação via Porto de Santos. A
Figura 23 ilustra o traçado do corredor Santos (bitola larga).
Nesse contexto, destaca-se a capital de São Paulo com uma população de 11.253.503
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 357,1 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de
São Paulo, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica
desse corredor é Campinas – com 1.080.113 habitantes e PIB de R$ 29,4 bilhões. A
cidade de Santos destaca-se pelo seu elevado PIB, de R$ 24,6 bilhões, e população
de 419.400 habitantes.
79
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A malha ferroviária do corredor Santos (bitola larga) é composta por linhas da MRS
Logística S.A., ALL – Malha Norte e ALL – Malha Paulista, totalizando 1.700,2 km, dos
quais 248,8 km possuem bitola estreita e 1.451,8 km apresentam bitola larga. O trecho
correspondente da MRS Logística S.A. possui 139,0 km de extensão, conectando a cidade
de Jundiaí (SP) ao Porto de Santos parte desse trecho é compartilhado com a CPTM. Já
o trecho da ALL – Malha Paulista possui 1.093,4 km de extensão, interligando a cidade de
Jundiaí à cidade de Aparecida do Taboado (MS). E, por fim, o trecho da ALL – Malha Norte
possui 467,8 km de extensão, conectando as cidades de Aparecida do Taboado (MS) a Alto
Araguaia (MT).
O referido corredor foi dividido em seis trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Alto Araguaia – Aparecida do Taboado,
Aparecida do Taboado – Campinas, Bauru – Itirapina, Colômbia – Araraquara, Campinas –
Jundiaí e Jundiaí – Santos.
Tabela 11
Indicadores do Corredor Santos (bitola larga), por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0
80
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Tabela 11
Continuação
Indicadores do Corredor Santos (bitola larga), por trecho, de 2006 a 2010
Bauru - Itirapina
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Colômbia - Araraquara
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Campinas - Jundiaí
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Jundiaí - Santos
81
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 11
Continuação
Indicadores do Corredor Santos (bitola larga), por trecho, de 2006 a 2010
Jundiaí - Santos
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 14,9 15,0 14,9 15,8 16,7
O trecho que apresentou o maior volume de carga embarcada em 2010 foi o de Jundiaí –
Santos, totalizando 35,5 milhões de TUs. No trecho Campinas – Jundiaí, o volume de carga
embarcada é nulo devido à ausência de clientes da própria concessionária administradora
do trecho (ALL – Malha Paulista). Ou seja, nesse trecho, a ALL - Malha Paulista possui seis
terminais para a integração com outros modais ou para o embarque de carga de clientes
de outra concessionária, não havendo o embarque de mercadoria de empresas que tem
o contrato firmado com a própria ferrovia.
Com relação à velocidade comercial dos trens, constata-se que há grande variação
ao longo dos trechos desse corredor. Entre Alto Araguaia e Aparecida do Taboado,
a velocidade média operacional em 2010 foi de 61 km/h, superior à velocidade média
desenvolvida no Brasil, que é de aproximadamente 25 km/h. Esse valor se contrapõe ao
do trecho Colômbia – Araraquara, que opera com uma velocidade média de 18,9 km/h. Um
dos fatores que contribuem para essa redução de velocidade é o compartilhamento de
infraestrutura com as linhas da CPTM.
82
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
3.9 Corredor Corumbá - Santos (bitola estreita)
Figura 24
Corredor Corumbá - Santos (bitola estreita)
Nesse contexto, destaca-se a capital do Mato Grosso do Sul com uma população de 786.797
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 10,5 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Campo
Grande, a outra cidade de grande representatividade é a cidade de Santos, que possui um
elevado PIB, de R$ 24,6 bilhões, e população de 419.400 habitantes.
A malha ferroviária do corredor Corumbá - Santos (bitola estreita) é composta por linhas
da ALL – Malha Oeste e ALL – Malha Paulista, totalizando 1.696,0 km de extensão em bitola
métrica. O trecho correspondente à ALL – Malha Oeste possui 1.577,9 km de extensão,
83
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
O referido corredor foi dividido em quatro trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Corumbá – Campo Grande, Campo Grande
– Bauru, Bauru – Mairinque e Mairinque – Santos.
Tabela 12
Indicadores do Corredor Corumbá - Santos (bitola estreita), por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Bauru - Mairinque
84
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
Tabela 12
Indicadores do Corredor Corumbá - Santos (bitola estreita), por trecho, de Continuação
2006 a 2010
Bauru - Mairinque
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Mairinque - Santos
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0
Com relação à velocidade comercial dos trens, é possível inferir que esse corredor está
abaixo da média nacional, sendo o trecho de melhor desempenho o de Mairinque - Santos,
onde a velocidade operacional em 2006 era de 22,8 km/h, não muito diferente dos 23,8
km/h encontrados em 2010.
85
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Nesse contexto, destaca-se a capital do Paraná com uma população de 1.751.907 habitantes,
em 2010, e PIB de R$ 43,3 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Curitiba, a outra
cidade de grande representatividade populacional e econômica desse corredor é Londrina
– com 506.701 habitantes e PIB de R$ 8,0 bilhões. Paranaguá destaca-se pelo seu elevado
PIB, de R$ 7,1 bilhões, e população de 140.469 habitantes.
86
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A malha ferroviária do corredor Paranaguá é composta por linhas da ALL – Malha Sul,
totalizando 974,6 km de extensão em bitola métrica. Esse corredor está interligado a
outro corredor de grande importância no contexto regional, o corredor São Francisco do
Sul, que possibilita a conexão entre os Estados do Paraná e de Santa Catarina. Além disso,
permite o acesso ao Porto de São Francisco do Sul (SC).
O referido corredor foi dividido em cinco trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Maringá – Apucarana, Londrina – Apucarana,
Apucarana – Desvio Ribas, Guarapuava – Desvio Ribas e Desvio Ribas – Paranaguá.
Tabela 13
Indicadores do Corredor Paranaguá, por trecho, de 2006 a 2010
Maringá - Apucarana
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Londrina - Apucarana
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
87
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 13
Continuação
Indicadores do Corredor Paranaguá, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Farelo, açúcar, soja, fertilizante, milho, álcool, contêiner, trigo,
Principais mercadorias do Corredor
óleo vegetal, placa de madeira, derivados claros e celulose
88
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
no período de 2006 a 2010. Em 2006, eram embarcadas cerca de 5,4 milhões de TUs,
passando para 5,6 milhões de TUs em 2008 e atingindo 6,6 milhões TUs em 2010.
Na maioria dos trechos do corredor Paranaguá, os trens se deslocam com uma velocidade
superior à média da velocidade comercial do Brasil, que é de aproximadamente 25 km/h.
O trecho de Apucarana - Desvio Ribas foi o que apresentou a maior velocidade média
para esse corredor no ano de 2010. Já nos trechos Guarapuava - Desvio Ribas e Desvio
Ribas - Paranaguá foram encontradas as menores velocidades. Isso se deve à presença
de interferências, como invasão de faixas de domínio e passagens em nível, problemas
comuns encontrados em grandes centros urbanos, que reduzem a velocidade comercial
dos trens.
89
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
90
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A malha ferroviária do corredor São Francisco do Sul é composta por linhas da ALL
– Malha Sul, totalizando 825,6 km de extensão em bitola métrica. Esse corredor está
interligado a outro corredor de grande importância no contexto regional, o corredor
Paranaguá, que possibilita o acesso ao Paranaguá (PR).
Tabela 14
Indicadores do Corredor São Francisco do Sul, por trecho, de 2006 a 2010
Maringá - Apucarana
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Londrina - Apucarana
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
91
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 14
Continuação
Indicadores do Corredor São Francisco do Sul, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Na maioria dos trechos do corredor São Francisco do Sul, os trens se deslocam com uma
velocidade superior à média da velocidade comercial do Brasil que é de aproximadamente
25 km/h. O trecho de Apucarana – Rio Negro foi o que apresentou a maior velocidade
média para esse corredor no ano de 2010, de 45,5 km/h, não muito diferente dos 46,0
km/h encontrados em 2008.
92
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
3.12 Corredor Rio Grande
Figura 27
Corredor Rio Grande
A área de influência do corredor Rio Grande está totalmente inserida no Estado do Rio
Grande do Sul. A importância desse corredor é decorrente da presença do Porto de
Rio Grande, que possui relevante atuação no extremo sul do Brasil. A Figura 27 ilustra o
traçado do corredor Rio Grande.
Nesse contexto, destaca-se a cidade de Santa Maria com uma população de 261.031
habitantes, em 2010, e PIB de R$ 3,2 bilhões, conforme os dados do IBGE. Além de Santa
Maria, a outra cidade de grande representatividade populacional e econômica desse
corredor é Rio Grande – com 197.228 habitantes e PIB de R$ 5,4 bilhões.
Esse corredor tem início no município de Cruz Alta e seu traçado possibilita o acesso a
duas outras cidades do Estado do Rio Grande do Sul, Cacequi e Santa Maria. O trajeto
segue até o Porto de Rio Grande. A malha ferroviária do corredor Rio Grande é composta
por linhas da ALL – Malha Sul, totalizando 778,8 km de extensão em bitola métrica.
O referido corredor foi dividido em três trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Cruz Alta – Santa Maria, Santa Maria –
Cacequi e Cacequi – Rio Grande.
93
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 15
Indicadores do Corredor Rio Grande, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0
94
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A capacidade de movimentação, medida em TKU, em todos os trechos, no período entre
2006 e 2010, foi crescente. O trecho que apresentou o maior evolução nesse período foi
entre Cacequi e Rio Grande. Em 2010, o acréscimo em relação a 2006 foi de 126 milhões
de TKU, representando um aumento de 7,0%.
Com relação à velocidade comercial dos trens, pode-se inferir que a ferrovia opera com
velocidades acima da média nacional. Em 2010, a média foi de 26,7 km/h para o trecho
Cruz Alta – Santa Maria, 27,4 para o trecho Santa Maria – Cacequi e de 39,2 km/h para o
trecho Cacequi – Rio Grande.
95
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A malha ferroviária do corredor Imbituba é composta por linhas da FTC, totalizando 115,0
km de extensão em bitola métrica, conectando o município de Criciúma ao Porto de
Imbituba, ambos no Estado de Santa Catarina.
O referido corredor foi dividido em dois trechos, para melhor representar o desempenho
da operação do transporte ferroviário, são eles: Criciúma – Capivari de Baixo e Capivari de
Baixo – Imbituba.
96
PANORAMA DOS PRINCIPAIS CORREDORES FERROVIÁRIOS
A Tabela 16 contempla os dados obtidos para cada um dos indicadores selecionados, no
período de 2006 a 2010, considerando os trechos que compõem o corredor Imbituba.
Tabela 16
Indicadores do Corredor Imbituba, por trecho, de 2006 a 2010
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Peso Médio por Eixo (t/eixo) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
97
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Com relação à velocidade comercial dos trens, pode-se aferir que a ferrovia opera
com velocidades baixas, sendo a média em 2010 de 19,0 km/h para o trecho Criciúma
– Capivari de Baixo e de 25,0 km/h para o trecho Capivari de Baixo – Imbituba. Esses
valores são decorrentes da forma de ocupação dessa região – ou seja, as cidades
surgiram no entorno da ferrovia – resultando em um elevado número de passagens
em nível, além das invasões da faixa de domínio da ferrovia antes do processo de
concessão.
98
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
4
Avaliação do nível de
serviço dos Corredores
Ferroviários
A avaliação do nível de serviço prestado foi realizada por meio de uma pesquisa com
os clientes dos principais produtos transportados nos 13 corredores ferroviários pré-
selecionados para este estudo.
Observa-se que apenas o corredor 9. Corumbá - Santos (bitola estreita), teve uma
baixa cobertura, com apenas 37,5% da amostra prevista realizada. Os demais
apresentaram significativo retorno, todos acima de 70% do previsto realizado.
101
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 17
Amostra planejada e executada para clientes dos corredores ferroviários
102
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Tabela 18
Tempo de utilização da ferrovia como meio de transporte (em anos)
menor maior
Corredor 10 a 20 21 a 30 31 a 50 NS/NR Total
que 10 que 50
103
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
104
Tabela 19
Principais produtos transportados por corredor ferroviário
com- produ-
adubos e bustíveis tos da produtos outros
minério carvão/ soja/ granéis outros
Corredor açúcar milho fertili- cimento celulose e deriva- indústria contêiner industri- produtos
de ferro coque farelo minerais produtos
zantes dos do siderúr- alizados agrícolas
petróleo gica
3. Vitória 6,3% 12,5% 43,8% 6,3% 31,3% 12,5% - - - 18,8% 6,3% - 12,5% 12,5% 18,8%
5. São Paulo - Nordeste - - 50,0% 12,5% 50,0% 12,5% 12,5% - - 25,0% - - 12,5% 25,0% 12,5%
6. Rio de Janeiro - Belo Horizonte 44,4% - - - - - 22,2% - 11,1% - 22,2% - 11,1% - 11,1%
8. Santos (bitola larga) - - 42,9% 38,1% 42,9% 9,5% - 4,8% - 4,8% - 4,8% 19,0% 14,3% 14,3%
10. Paranaguá - - 46,2% 46,2% 46,2% 15,4% - - - 23,1% - - 23,1% 7,7% 7,7%
11. São Francisco do Sul - - 88,9% 11,1% 55,6% 11,1% - - - - - - 55,6% 11,1% 11,1%
12. Rio Grande - - 100,0% 12,5% 87,5% 25,0% - - - - - - 25,0% 37,5% 12,5%
Tabela 20
Forma de acondicionamento dos produtos transportados no corredor ferroviário
pré-
Corredor contêiner paletes granel tanques ensacado outros
lingado
6. Rio de Janeiro - Belo Horizonte 11,1% 11,1% 11,1% 55,6% - 11,1% 44,4%
7. Rio de Janeiro - São Paulo 42,9% 28,6% 28,6% 14,3% - 14,3% 42,9%
105
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 21
Tipos de terminais utilizados por corredor ferroviário
próprio e da
Corredor próprio da ferrovia NS/NR Total
ferrovia
A avaliação da infraestrutura dos terminais das ferrovias para carga e descarga das
mercadorias está apresentada na Tabela 23 a seguir. Os corredores 3. Vitória, 5.
São Paulo – Nordeste, 9. Corumbá - Santos (bitola estreita) e 13. Imbituba foram os
que apresentaram maior satisfação quanto à adequação da infraestrutura oferecida
nos terminais. Cabe ressaltar que os percentuais de classificação insuficiente são
representativos para todos os corredores, exceto 13. Imbituba, sinalizando uma
possível tendência ao descontentamento do cliente, caso esse tipo de problema não
seja superado brevemente pelas ferrovias.
106
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Tabela 22
Qualificação da prestação de serviço no terminal quando este é de responsabilidade da ferrovia
Tabela 23
Avaliação da infraestrutura dos terminais das ferrovias para carga e descarga das mercadorias no corredor
ferroviário
107
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 24
Tempo de carga satisfatório no terminal da ferrovia
sim, às
Corredor sim, sempre não NS/NR Total
vezes
Tabela 25
Tempo de descarga satisfatório no terminal da ferrovia
sim, às
Corredor sim, sempre não NS/NR Total
vezes
108
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Tabela 25
Continuação
Tempo de descarga satisfatório no terminal da ferrovia
sim, às
Corredor sim, sempre não NS/NR Total
vezes
De acordo com a Tabela 26, em 6 dos 13 corredores avaliados, mais de 50% dos
clientes consideraram as condições como boas. Cabe destacar os corredores 11. São
Francisco do Sul, que obteve 77,8% da avaliação como ruim, e 13. Imbituba, com
100% de avaliação “boa”.
Tabela 26
Avaliação das condições de conservação e limpeza dos vagões
109
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 26
Continuação
Avaliação das condições de conservação e limpeza dos vagões
Tabela 27
Concessionária oferece serviço próprio de coleta e entrega de mercadorias
110
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Os próximos resultados apresentados são referentes somente aos corredores que
oferecem o serviço de coleta e entrega de mercadoria (11).
Quanto à programação das viagens ofertadas pelas concessionárias que atuam nos
corredores específicos, em oito deles, 50,0% ou mais dos seus clientes consideraram
a programação adequada, sendo que em quatro desses (3. Vitória, 4. Centro-Oeste –
São Paulo, 7. Rio de Janeiro – São Paulo e 13. Imbituba) essa resposta foi para 100%
dos clientes. Apenas no corredor 10. Paranaguá 80,0% dos clientes apontaram como
insuficiente a oferta da programação de viagens (Tabela 29).
Com relação ao cumprimento dos prazos, 50,0% ou mais dos clientes dos corredores
que oferecem serviço de coleta e entrega de mercadorias citaram que seus prazos
são cumpridos, com exceção para o corredor 4. Centro-Oeste – São Paulo, onde 100%
dos seus clientes afirmaram o não cumprimento dos prazos pela concessionária
(Tabela 30).
Tabela 28
Avaliação do serviço de coleta e entrega de mercadorias pela concessionária
111
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 29
Avaliação quanto à programação das viagens ofertadas
Tabela 30
Cumprimento dos prazos estimados para entrega dos produtos
112
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
É possível perceber na Tabela 31 que os corredores 1. São Luís e 13. Imbituba tiveram
100% dos seus clientes satisfeitos, enquanto os corredores 4. Centro-Oeste – São
Paulo e 8. Santos (bitola larga) foram classificados como regulares por mais de
50,0% dos seus clientes e o corredor 11. São Francisco do Sul como ruim por 66,7%
dos seus clientes.
Tabela 31
Avaliação quanto à integridade das cargas durante o transporte ferroviário
Tabela 32
Avaliação quanto à segurança do transporte de carga nos últimos três anos
permaneceu
Corredor melhorou piorou Total
igual
113
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 32
Continuação
Avaliação quanto à segurança do transporte de carga nos últimos três anos
permaneceu
Corredor melhorou piorou Total
igual
Tabela 33
Canal de comunicação mais utilizado entre o cliente e a concessionária
114
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Um aspecto positivo para o canal de comunicação mais utilizado é que ele tem cumprido
a sua função, visto que sua avaliação foi bastante satisfatória, pois de todos os corredores
avaliados, somente um indicou que menos de 50,0% estava adequada, que foi o corredor
10. Paranaguá, em que esse índice foi de 46,2%. Para alguns clientes, o canal apresenta
falhas e poucos sinalizaram que ele não cumpre a função, o que pode ser observado na
Tabela 34.
Tabela 34
Avaliação quanto ao canal de comunicação entre o cliente e a concessionária
Tabela 35
Avaliação do tempo de resposta a uma solicitação de transporte, da cotação até o embarque
nem rápido
Corredor rápido lento NS/NR Total
nem lento
115
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 35
Avaliação do tempo de resposta a uma solicitação de transporte, Continuação
da cotação até o embarque
nem rápido
Corredor rápido lento NS/NR Total
nem lento
Tabela 36
Exigência dos clientes por cuidado ambiental específico para o transporte dos produtos
116
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Tabela 36
Exigência dos clientes por cuidado ambiental específico para o transporte Continuação
dos produtos
4.3.5 Investimentos
Desde a desestatização das ferrovias, finalizada em 1998, as malhas ferroviárias são
controladas pelo capital privado. Ao longo dos anos 90, algumas empresas usuárias
desse tipo de transporte participaram societariamente de algumas concessionárias,
verticalizando parcialmente ou totalmente a sua estrutura.
Tabela 37
Pretensão de investimentos em obras ferroviárias no corredor ferroviário
sim,
sim, ramal
Corredor terminais sim, ambos não Total
particular
intermodais
1. São Luís 33,3% 33,3% 16,7% 16,7% 100,0%
13. Imbituba - - - - -
117
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Com relação ao material rodante, seja vagão ou locomotiva, a grande maioria (mais
de 50%) dos clientes dos corredores avaliados demonstrou não ter interesse em
adquiri-lo, argumentando que esse não é o foco da empresa nem de interesse dela.
Esse resultado indica que as concessionárias têm conseguido suprir a demanda por
locomotivas e vagões. As Tabela 38 e Tabela 39 apresentam os resultados no caso
dos vagões e as Tabela 40 e Tabela 41 os resultados para as locomotivas.
Tabela 38
Cliente deseja possuir vagões próprios no corredor ferroviário
118
Tabela 39
Por que NÃO possuir vagões próprios no corredor ferroviário
não é de
não é o foco da não há não tem
Corredor interesse da custo elevado NS/NR outros Total
empresa necessidade demanda
empresa
8. Santos (bitola larga) 30,0% 20,0% 10,0% 10,0% 10,0% - 20,0% 100,0%
119
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 40
Cliente deseja possuir locomotivas próprias no corredor ferroviário
120
Tabela 41
Por que NÃO possuir locomotivas próprias no corredor ferroviário
não é de
não é o foco da não há não tem
Corredor interesse da custo elevado NS/NR outros Total
empresa necessidade demanda
empresa
5. São Paulo - Nordeste 12,5% 37,5% 12,5% - 12,5% 12,5% 12,5% 100,0%
8. Santos (bitola larga) 25,0% 16,7% 16,7% 8,3% 16,7% 8,3% 8,3% 100,0%
121
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
4.4 Competitividade
4.4.1 Intermodalidade
Como visto, o minério de ferro e os produtos agrícolas são os que predominam
no uso do transporte ferroviário. Nesses casos, grande parte dessas cargas são
transportadas exclusivamente pelas ferrovias até o descarregamento nos portos. Já
onde ocorre uma maior diversidade dos produtos transportados, o uso de mais de
uma modalidade é adotado por boa parte dos clientes.
122
Tabela 42
Uso da intermodalidade e suas integrações
6. Rio de Janeiro - Belo Horizonte 11,1% 88,9% 11,1% - 22,2% 33,3% 11,1% 11,1% -
123
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Custo do frete
No caso do transporte ferroviário, em geral, não existe competição direta entre
as empresas porque cada linha possui um trajeto específico, sendo um monopólio
natural.
Além disso, os fretes ferroviários para diversos eixos de transporte no Brasil possuem
competitividade para as distâncias médias e curtas, dependendo da extensão
disponível na malha da concessionária. Um dos principais motivos associados é
o baixo valor do frete rodoviário, inclusive para longas distâncias, mostrando-se
altamente flexível ao sofrer significativas variações em função da oferta/procura e
da garantia de carga por períodos mais longos. Assim, a prerrogativa do transporte
ferroviário, de ser competitivo para longas distâncias, na prática, acaba não se
concretizando, quando comparado com o transporte rodoviário de cargas que,
inclusive, é desregulamentado, enquanto o ferroviário é regulamentado (possui
regras para realizar a prestação do serviço público).
Disponibilidade de vagões
A disponibilidade de vagões específicos para determinados produtos gera economias
significativas, pois, além de otimizar o transporte, reduz os tempos de carga e
descarga nos terminais, proporcionando maior segurança e menor risco de avaria
às cargas transportadas.
124
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
portos. A qualidade dos acessos determina, em grande parte, a competitividade do
corredor ferroviário, no que diz respeito à distribuição e à captação das mercadorias
em sua área de influência.
Serviços complementares
A existência de serviços agregados tem cada vez mais subsidiado a decisão do cliente,
como os de coleta e entrega, fretes de transporte porta a porta, frequência de oferta,
além de uma boa cobertura geográfica. Tudo torna o modo ferroviário competitivo
em relação ao rodoviário. Cada vez mais, o custo do frete não se configura como
fator único de decisão sobre qual modo de transporte utilizar.
Nível de segurança
O nível de segurança da carga do modo ferroviário é significativamente superior
ao do modo rodoviário, em função de suas características operacionais. O modo
tem uma malha sem flexibilidade, o que ocasiona em um índice de perda em torno
de 0,2%, que ocorre em operações de transbordo em terminais intermodais e
portuários.
Fluxo de informação
A eficiência do fluxo de informação proporciona redução de custos nas operações
logísticas, como processamento de pedidos, gerenciamento de estoques e transporte.
Neste último, o uso de tecnologia de informação possibilita o monitoramento da
carga, permitindo ao embarcador obter informações durante o seu transporte.
125
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
126
Tabela 43
Percentual de participação do volume total produzido pela empresa transportado por ferrovias
Corredor até 5% de 6 a 12% de 13 a 20% de 21 a 30% de 31 a 45% de 46 a 60% de 61 a 80% de 81 a 95% de 96 a 100% Total
2. Intrarregional Nordeste 7,7% 30,8% 15,4% - 7,7% 7,7% 7,7% 15,4% 7,7% 100,0%
6. Rio de Janeiro - Belo Horizonte - - 22,2% 33,3% - 11,1% 22,2% - 11,1% 100,0%
8. Santos (bitola larga) - - - 23,8% 23,8% 9,5% 19,0% 14,3% 9,5% 100,0%
10. Paranaguá - 7,7% - 23,1% 23,1% 15,4% 7,7% 7,7% 15,4% 100,0%
11. São Francisco do Sul - - 11,1% 11,1% 55,6% 11,1% - 11,1% - 100,0%
ausência de disponibi-
comunicação/ oferta de nível de condições de acesso às lidade de
confiabilidade contratos
Corredor custo do frete informação serviços segurança da armazenagem áreas de vagões outros
dos prazos “take-or-pay”
sobre a carga complemen- carga da carga embarque específicos
tares aos produtos
1. São Luís 62,5% - 50,0% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 25,0% 12,5% 62,5%
5. São Paulo - Nordeste 50,0% 25,0% 25,0% 12,5% 12,5% - 12,5% 25,0% 12,5% 100,0%
6. Rio de Janeiro - Belo Horizonte 33,3% 22,2% 44,4% 22,2% - - 11,1% 22,2% - 66,7%
8. Santos (bitola larga) 42,9% - 38,1% 4,8% 28,6% 23,8% 23,8% 28,6% 9,5% 76,2%
10. Paranaguá 53,8% - 15,4% 7,7% 23,1% 23,1% 7,7% 53,8% 7,7% 76,9%
11. São Francisco do Sul 44,4% - 55,6% - 55,6% 44,4% - 33,3% - 77,8%
127
Avaliação do nível de serviço dos corredores ferroviários
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 45
Imagem das concessionárias nos últimos anos
continua a
Corredor melhorou piorou NS/NR Total
mesma
128
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
5
Principais Gargalos e
Soluções para o Sistema
Ferroviário
Deste modo, este capítulo identifica a situação atual dos gargalos e apresenta propostas
de soluções para os entraves do setor de transporte ferroviário de cargas, bem como
soluções já adotadas pelas empresas, que, juntas, impulsionarão o transporte ferroviário
a alcançar novos patamares de eficiência e crescimento. Entre os principais problemas
a serem equacionados, no Sistema Ferroviário Brasileiro, destacam-se
• Regulamentação do setor; e
• Captação de recursos.
131
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A busca de moradia pelas comunidades ao longo das linhas férreas exige atenção
constante das concessionárias do transporte ferroviário. Atualmente, tão logo
as pessoas se instalem ao longo de uma ferrovia, são desencorajadas pelas
concessionárias a permanecerem no local, pois, em geral, uma vez fixados, são de
difícil remoção. Vale destacar que as invasões consolidadas ocorreram há mais de
duas décadas e são heranças da extinta RFFSA. Observam-se alguns trechos da
malha ferroviária quase que totalmente cercados de construções. Em muitos casos,
a RFFSA desistiu de buscar soluções para esses locais, que exigiam altos custos para
a construção de contornos, variantes ou remoção das famílias, ocasionando, assim,
o abandono dessas linhas.
Foi identificado, em 2005, que aproximadamente 200 mil famílias moram nessas
áreas, vivendo com um alto risco, além do desconforto gerado com a passagem
dos trens, tanto acústico quanto vibratório. Como agravante para as ferrovias, as
maiores e mais fixadas comunidades lindeiras ocorrem principalmente nos grandes
centros urbanos e em áreas congestionadas e estratégicas, como as de acesso a
Belo Horizonte e a portos regionais, como Santos e Rio de Janeiro.
Há, ainda, uma questão legal em relação ao ressarcimento às famílias invasoras por
parte da União, uma vez que o terreno é de propriedade dela e benfeitorias foram
construídas irregularmente. Gera-se assim, um ciclo vicioso de ocupação ilegal, de
difícil solução. Outro problema é a dificuldade de definição da faixa de domínio. As
normas e decretos que tratavam desse assunto são das décadas de 60 e 70 e já
foram revogadas. Atualmente, não há definições legais da faixa de domínio e da
definição de sua largura. Segundo o Dnit, a faixa de domínio compreende a própria
ferrovia e o espaço em cada um dos lados, que varia de 20 até cerca de 40 metros.
132
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Ferroviária em Áreas Urbanas). O escopo do estudo contempla 17 Estados, envolvendo
atividades integradas e relacionadas a 15 mil quilômetros de ferrovias na malha
ferroviária concedida ao transporte de carga, que corresponde a 95,5% das cargas
ferroviárias movimentadas no país.
A mensuração da área das invasões foi feita tanto por medição em campo, quando
possível, quanto a partir da interpretação de imagens em alta resolução. A faixa de
domínio foi definida como 8 metros a partir do eixo da ferrovia, e foram identificadas
a presença de edificações ou benfeitorias que ficassem nesse limite. Assim, foram
calculadas a largura média e a extensão das invasões e, consequentemente, a
área da invasão. No total, foram identificadas 355 invasões, que representam
uma área invadida de mais de 120.887 m2, como consta na Tabela 46. Além disso,
foram constatadas 2.653 construções, das quais 2.205 eram residências e 220
estabelecimentos comerciais. Vale destacar que muitos casos (94 invasões ou 26,5%
do total) eram apenas invasões pontuais, ou seja, eram de apenas uma edificação ou
pequena parcela de uma edificação ou benfeitoria que invadia a faixa de domínio, a
partir das quais não foi possível o cálculo da área.
Tabela 46
Invasões da Faixa de Domínio por UF e Região, segundo o Prosefer
Sul SC 44 7.567
RS 37 5.047
SP 104 26.486
MG 59 21.005
Sudeste
RJ 37 24.289
ES 10 4.975
GO 6 3.590
Centro-Oeste
MS 12 2.326
CE 12 10.855
MA 1 516
PB 9 4.455
Nordeste
PE 6 1.950
PI 1 252
BA 4 1.837
133
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Figura 29
Invasão em Mimoso do Sul (ES)
Figura 30
Invasão em Macaé (RJ)
134
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
5.1.1 Solução para as invasões
O tratamento às famílias que vivem nas comunidades limítrofes às ferrovias se apresenta
como uma das prioridades de concessionárias e do governo. Contudo, necessitam de
altas somas de recursos. As concessionárias já se mostraram interessadas em resolver
esses problemas. Um modelo a ser seguido foi o realizado na Favela do Arará, uma das
maiores invasões da faixa de domínio, no acesso ao Porto do Rio de Janeiro.
Nessa comunidade, por meio de uma parceria entre a MRS Logística, Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, Ministério das Cidades e a Cia. Docas do Rio de Janeiro,
foi possível a revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio de Janeiro. Diversas
construções irregulares foram removidas, como a retirada de centenas de famílias
que moravam ao lado da linha do trem, algumas a centímetros dos trilhos. Também
foram construídos muros de concreto e passagens inferiores. A Figura 31 apresenta a
extensão da invasão e uma parte do projeto desenvolvido.
Em alguns casos, no entanto, a remoção das comunidades torna-se inviável por causa da
densidade populacional dessas áreas, do grau de consolidação e da predominância de
invasões ao longo de grande parte da linha. Nesses casos, uma solução é a construção
de contornos ou de variantes ferroviários. Nos outros casos, o reassentamento da
população que se encontra na faixa de domínio torna-se necessário. Dentro desse
objetivo, foi firmado, em maio de 2004 (antes da extinção da RFFSA), o Convênio de
Cooperação Técnico-Operacional, por intermédio dos ministérios das Cidades e dos
Transportes com a Caixa Econômica Federal e a extinta RFFSA para liberação de recursos
para programas de regularização fundiária e provisão de habitação de interesse social.
Assim, destaca-se que, inicialmente, deve ser feita uma delimitação do perímetro e do
cadastro físico das propriedades. Após isso, devem-se avaliar as terras e as benfeitorias,
que inclui uma avaliação patrimonial, legal e socioeconômica. Em seguida, buscam-se
alternativas de compensação, como a compensação em dinheiro, o reassentamento
135
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Figura 31
Remoção de Invasões na Faixa de Domínio no Acesso ao Porto do Rio de Janeiro
136
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
coletivo ou o autoreassentamento, a permanência na propriedade (fora da faixa de
domínio) ou, ainda, a moradia e a assistência social, para o caso de famílias fisicamente
impossibilitadas. Por fim, deve ser feito um monitoramento e um acompanhamento de
todo o processo, garantindo a transparência e a segurança entre as partes.
O levantamento realizado pelo Prosefer contou ainda com uma estimativa do valor dos
terrenos limítrofes às ferrovias, bem como um levantamento dos valores das edificações
e benfeitorias, considerando as características peculiares a cada uma das invasões, como
mostrado na Tabela 47. Como se pode observar, o custo estimado para a realocação das
famílias nas 355 invasões identificadas foi de R$ 70,3 milhões. Desse montante, R$ 21,4
milhões referem-se aos custos do terreno e R$ 48,9 milhões aos custos das benfeitorias.
Além disso, a região Sudeste é a que apresenta os terrenos com maior valor, totalizando
R$ 10,4 milhões (48,7% do total dos custos com terrenos). O Nordeste foi a região com
maior valor das edificações e das benfeitorias, somando R$ 26,9 milhões (55,0% do custo
total das benfeitorias). Essa diferença é explicada pelo fato do Nordeste ter terrenos mais
baratos e invasões consolidadas de construções com maior valor agregado.
Tabela 47
Valoração dos terrenos, edificações e benfeitorias das invasões consolidadas, por UF e região
Valoração (R$)
Região Estado
Edificações e
Terreno Total
Benfeitorias
PR 695.664 805.022 1.500.686
137
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Uma forma de manutenção das ferrovias e de se evitar que novas invasões se consolidem é
a regulamentação da PFF (Polícia Ferroviária Federal). A PFF conta com aproximadamente
mil membros para proteger a malha ferroviária do país, atuando na prevenção de atos de
vandalismo e crimes de todos os tipos. Contudo, devido a limitações legais e de mão de
obra, ela atua principalmente nas malhas de transporte ferroviário de passageiros. Em
2011, foi publicada a lei n.° 12.462, de 5 de agosto de 2011, que integra o Departamento de
Polícia Ferroviária Federal ao Ministério da Justiça, retomando oficialmente a existência da
PFF. Contudo, ainda é necessário um decreto para que sua atuação seja regulamentada,
de forma que ela tenha atribuições definidas para atuar.
Tabela 48
Passagens em nível urbanas e críticas, por UF e região
PR 169 61
Sul SC 276 7
RS 119 5
SP 216 52
MG 258 93
Sudeste
RJ 163 18
ES 61 4
GO 20 15
Centro-Oeste
MS 42 3
Total Centro-Oeste 62 18
138
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Tabela 48
Continuação
Passagens em nível urbanas e críticas, por UF e região
Região Estado PNs Urbanas PNs Críticas
CE 175 10
MA 69 0
PB 105 0
Nordeste
PE 59 2
PI 37 1
BA 87 8
Como se pode observar na Tabela 48, a UF com o maior número de passagens em nível
urbanas, bem como críticas, foi Minas Gerais, com 258 PNs urbanas e 93 PNs prioritárias.
A região Sudeste concentra 37,6% das PNs urbanas e 59,9% das PNs prioritárias. Já
a região Sul reúne 30,4% das PNs urbanas e 26,2% das PNs prioritárias e a região
Nordeste agrupa 28,7% das PNs urbanas, mas somente 7,5% das PNs prioritárias.
Além disso, pode-se inferir que existem muitas outras passagens em nível urbanas e
até mesmo críticas que não foram incluídas pelo Prosefer. Como já citado, o Prosefer
avaliou apenas 15 mil dos 30 mil quilômetros da malha ferroviária.
139
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 49
Investimentos necessários para solução das passagens em nível urbanas e críticas, por UF e região
PR 1.391,91
Sul SC 468,29
RS 314,39
140
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Tabela 49
Investimentos necessários para solução das passagens em nível urbanas e Continuação
críticas, por UF e região
Região Estado Estimativa de Valor (R$ Milhões)
SP 1.438,52
MG 1.960,22
Sudeste
RJ 438,58
ES 29,72
GO 124,94
Centro-Oeste
MS 65,35
CE 276,05
MA 7,52
PB 17,11
Nordeste
PE 32,00
PI 17,40
BA 484,20
Vale destacar que a solução das passagens em nível críticas trazem uma série de
benefícios socioeconômicos, como
• Valoração imobiliária; e
141
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Contudo, as concessionárias ferroviárias têm interesse em investir na redução dos riscos das
PNs. Por isso, vêm aplicando recursos em ações relacionadas à segurança das operações
em áreas urbanas, com obras e revitalização de sinalização verticais e horizontais em
passagens em nível, mesmo naquelas onde não possuem responsabilidade original.
Nas Figuras 32 a 34, a seguir, observam-se algumas passagens em nível (fotos cedidas
pelo Prosefer).
Figura 32
Passagem em nível em Juiz de Fora (MG)
Figura 33
Passagem em nível Jaraguá do Sul (SC)
142
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Figura 34
Passagem em nível em Pindamonhangaba (SP)
Assim, alguns gargalos físicos e operacionais são coincidentes com áreas de invasões
e passagens em nível críticas, bem como o avanço das cidades sem respeitar o plano
diretor e ocupando o espaço de forma desordenada nos dois lados ao longo das
ferrovias. Os pátios de manobras, por exemplo, muitas vezes provocam a paralisação
do tráfego de veículo e pessoas. Outro exemplo são algumas travessias críticas, como o
caso emblemático da cidade de Barra Mansa - RJ, que hoje está cortada ao meio pelas
ferrovias MRS e FCA, impedindo a circulação de um lado da cidade para o outro quando
existe a movimentação das composições ferroviárias nos pontos críticos.
143
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Na análise de projetos, existe convergência entre os diversos planos no país, tais como
CNT, PAC e Plano CNT de Transporte e Logística. A Tabela 50 apresenta alguns projetos
para a solução de gargalos físicos e operacionais, presentes no Plano CNT de Transporte
e Logística 2011. Entre eles, destacam-se, por exemplo, os projetos do Ferroanel de São
Paulo - tramo norte, a adequação do ramal ferroviário no perímetro urbano de Barra
144
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Mansa; a construção da variante entre Camaçari e Aratu e a construção do contorno
de São Félix e Cachoeira (BA).
Tabela 50
Projetos para solução dos gargalos logísticos e operacionais constantes do Plano CNT de Transporte e
Logística 2011
Investimento
Título do Projeto Dimensão (km) Mínimo
(R$ milhões)
Construção de variante ferroviária de Camaçari - Aratu 22 114,29
Recuperação do Ramal Ferroviário no perímetro urbano de Barra
5 114,29
Mansa
Construção de contorno ferroviário de Tutóia - Travessia de
27 140,27
Araraquara (SP)
Construção do contorno ferroviário de São Paulo - Tramo Norte 66 342,88
145
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Tabela 50
Projetos para solução dos gargalos logísticos e operacionais constantes do Continuação
Plano CNT de Transporte e Logística 2011
Investimento
Título do Projeto Dimensão (km) Mínimo
(R$ milhões)
Recuperação de ferrovia - trecho Itabaiana - Recife 119 292,16
Ressalta-se ainda que existe uma idéia genérica de que as ferrovias são um obstáculo à
organização e funcionamento de cidades. Essa visão pode ser percebida por autoridades
municipais e populações, em não raras manifestações populares, em que muitas vezes
até mesmo a supressão de serviços ferroviários em algumas cidades é requerida.
É verdade que em muitos casos as ferrovias segregam populações e dificultam seu
acesso a equipamentos comunitários. Contudo, vale lembrar que as ferrovias vieram
na maioria das vezes anteriormente a essas comunidades, que não admitem sua parte
no problema, encarando a ferrovia apenas como um incômodo para sua vida diária.
Surge daí, então, a necessidade de atuação eficaz pelo poder público.
Figura 35
Transporte de combustíveis em áreas urbanas – Sobral (CE)
Fonte: Prosefer/Divulgação
146
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
Figura 36
Interferência com áreas urbanas - Caçapava (SP)
Fonte: Prosefer/Divulgação
Figura 37
Problemas de compartilhamento de vias – Teresina (PI)
Fonte: Prosefer/Divulgação
147
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A bitola estreita foi considerada conveniente para o Brasil, cujo progresso podia
satisfazer-se com estradas econômicas de péssimas condições técnicas, trilhos leves
e locomotivas de fraca potência(11). Contudo, essa decisão foi (e ainda é) um problema
para o transporte ferroviário brasileiro, pois restringe a capacidade de carga e eleva o
frete. Sobretudo, esse é um dos problemas mais difíceis de serem solucionados devido à
extensão da malha em bitola estreita e aos equipamentos ferroviários que precisariam
ser trocados no caso de unificação de bitolas.
Grande parte das ferrovias estruturantes já está contemplada no PAC, plano incluso no
PPA (Plano Plurianual) do governo federal que reúne ações em investimentos públicos,
principalmente na infraestrutura, aliadas a medidas econômicas que pretendem
levar benefícios sociais para todas as regiões do país. Outras propostas de solução
desenvolvidas pelo governo federal, para expansão da malha ferroviária brasileira,
fazem parte do PNLT.
O PNLT, desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, estabelece metas para o setor
de transportes, sendo um plano para o Estado brasileiro destinado a subsidiar a
elaboração dos próximos quatro PPAs. É um plano de logística que tem por objetivo
formalizar e perenizar uma base de dados e instrumentos de análise que deem suporte
ao planejamento das intervenções públicas e privadas, em horizontes em médio e
longo prazos. O governo tem priorizado a expansão do sistema ferroviário de forma
integrada e, em segundo plano, projetos para equacionar gargalos na malha existente
para melhorar a eficiência da infraestrutura de transporte para:
(11) Segundo estudo de 1978 de Benjamin Oliveira, entitulado “Problemas ferroviários brasileiros”.
148
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
• Integração com portos marítimos e hidroviários;
Tabela 51
Projetos ferroviários do Plano CNT de Transporte e Logística 2011
N.° de Extensão /
Projetos Categoria R$ Bilhões
Intervenções Quantidade
Construção de
44 11.469 km 59,58
Ferrovia
Duplicação de
3 746 km 5,39
Projetos de Integração Ferrovia
Nacional Eliminação de
10 134 un 0,52
Gargalos
Recuperação de
12 4.611 km 11,32
Ferrovia
TOTAL 69 - 76,81
Construção de Metrô,
Trem Urbano, VLT ou 20 346 km 56,96
Monotrilho
Aquisição e Melhoria
Projetos Urbanos 3 84 un 0,45
de Material Rodante
Construção do trem
de alta velocidade 1 517 km 17,03
(TAV)
TOTAL 24 - 74,44
149
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Outra questão que interfere nos custos de transportes se refere ao fato de que os
equipamentos de transporte produzidos no país não têm regime tarifário diferenciado,
elevando o valor dos equipamentos e das peças de reposição necessárias à manutenção
desses equipamentos. Como alternativa para incentivar a renovação da frota de material
rodante dos clientes das ferrovias e/ou das próprias concessionárias, faz-se necessária
a redução nos impostos devidos quando da aquisição de material rodante novo.
(12) Depreciação acelerada é um mecanismo de antecipação, para fins contábeis e fiscais, da depreciação dos bens ou investimentos,
convertendo-se em benefício que reduz a base de tributação, consequentemente, reduzindo os impostos a serem pagos.
150
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
ferroviários não produzidos no Brasil, visando melhorar a acessibilidade para a compra
de peças de reposição. Essa medida estimularia a concorrência enquanto a indústria
nacional não puder suprir com qualidade essas demandas.
Entre as medidas que podem ser tomadas para equacionar esse problema, destaca-se
a reversão dos pagamentos de arrendamento em investimentos. Pelos contratos de
Concessão das malhas da extinta RFFSA, as concessionárias Ferroviárias são obrigadas
a pagar determinada importância trimestral, a título de arrendamento de ativos
ferroviários. Diante disso, surge a conveniência de se estudar a possibilidade de que
tais recursos retornassem ao setor de transporte ferroviário, eventualmente em forma
de investimentos vinculados à expansão da malha.
• Resoluções publicadas pela ANTT (criada pela lei n.º 10.233/01) a partir de 2001,
inclusive as normas complementares baixadas anteriormente pelo Ministério
dos Transportes, o que permitiu maior abrangência ao Aparelho Regulatório.
151
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
152
Principais gargalos e soluções para o sistema ferroviário
cujo objetivo é equacionar, entre outros, contornos de cidades e acesso a portos,
visando a uma melhor eficiência dos sistemas. As regras específicas da linha de
financiamento são apresentadas na Tabela 52.
Tabela 52
Regras específicas da linha de financiamento “Eliminação de gargalos logísticos ferroviários“ do BNDES
Regras específicas
153
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
6 CONCLUSÕES
Mesmo com os recentes avanços, ainda são muitos os desafios a serem superados
para que o transporte ferroviário brasileiro alcance patamares internacionais de
referência. Ressalta-se a pequena densidade ferroviária do país, quando comparado
com outras nações, além dos conflitos entre as linhas férreas e as comunidades
lindeiras e as áreas urbanas, especialmente as passagens em nível e as invasões da
faixa de domínio.
A Pesquisa apresentou a série histórica, entre 2006 a 2010, com os dados da avaliação
dos indicadores operacionais de 13 corredores ferroviários mais significativos
em termos de volume de cargas transportadas. Os resultados indicaram que os
corredores que apresentaram maior crescimento da capacidade de movimentação,
medida em TKU, no período entre 2006 e 2010, foram: Santos (bitola larga) e Centro-
Oeste - São Paulo. O corredor Santos (bitola larga), em 2010, obteve um acréscimo
em relação a 2006 de 6,9 bilhões de TKU, representando aumento de 74,4%. Já no
corredor Centro-Oeste - São Paulo, a movimentação passou de 15,2 bilhões TKU, em
2006, para 21,1 bilhões TKU, em 2010 – consistindo em um crescimento de 38,1%.
Também foi avaliada a satisfação dos principais clientes nos corredores operados
pelas concessionárias. Esses dados foram obtidos por meio de uma pesquisa com
os clientes dos principais produtos transportados nos 13 corredores ferroviários
155
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Outro aspecto importante e bem avaliado pelos clientes foi a integridade do transporte
da carga pelo modo ferroviário. Segundo a avaliação, 50,0% ou mais dos clientes (de
8 corredores entre os 13 avaliados), classificaram de forma positiva o transporte. A
comunicação entre o cliente e a concessionária também foi apontada como bastante
satisfatória, pois em somente um corredor a avaliação foi considerada adequada por
menos de 50% dos clientes. Já o custo do frete, a confiabilidade e a disponibilidade
de vagões especializados são, na avaliação dos clientes entrevistados, os principais
entraves ao desenvolvimento do transporte ferroviário de cargas.
156
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
B ibliografia
_____. Relatório Anual 2010. Ano 9, n.º 05: Brasília, 2011. Disponível em: http://www.
antt.gov.br/relatorioanual/RelatorioAnualAntt2010.pdf. Acesso em: 10 novembro 2011.
_____. Brasil nos Trilhos: 12 Anos das Concessões Ferroviárias. Brasília, 2008.
_____. Plano CNT de Transporte e Logística 2011. Brasília: CNT: SEST: SENAT, 2011.
159
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
MARTINS, Ellen Regina Capistrano; CRUZ, Marta Monteiro da Costa. (2004). Los
Ferrocarriles en Brasil: Proceso de Desestatización del Subsector. In: VI Congreso
de Ingeniería del Transporte. Zaragoza, Espanha. Anais do VI Congreso de Ingeniería
del Transporte. Espanha : Emilio Larrodé e Luis Castejón. V. 1. p. 203-210.
160
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
G lossário
Termo Significado
Massa prismoide de terra que se coloca sobre o terreno natural para
Aterro alcançar determinada altura com a face superior da massa. Na ferrovia ou na
rodovia, essa face superior constitui a plataforma ou o leito da estrada.
Avaria Danos sofridos durante a viagem pelo veículo ou pela carga transportada.
163
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
164
Glossário
É a operação em que uma concessionária, mediante remuneração ou
compensação financeira, permite a outra trafegar na sua malha para dar
prosseguimento, complementar ou encerrar uma prestação de serviço
público de transporte ferroviário, utilizando a sua via permanente e o seu
respectivo sistema de licenciamento de trens. Os quantitativos de acidentes
Direito de passagem serão computados para a concessionária responsável pela sua causa; e no
direito de passagem, a produção de transporte - TKU deverá ser computada
para a concessionária responsável pelo transporte, podendo ser considerada
para a concessionária cedente do direito de passagem parcela proporcional
ao uso dos recursos de infraestrutura, desde que haja previsão no Contrato
Operacional Específico.
Peça de madeira, concreto, concreto protendido, plástico ou aço onde os
Dormente trilhos são apoiados e fixados, transmitindo ao lastro parte dos esforços e
vibrações produzidos pelos trens.
Eixo da via férrea Lugar geométrico dos centros da via.
Junção, ponto de contato, articulação, ligação, bifurcação. Diz-se mais
comumente da estação ou cidade servida em comum por duas ou mais
Entroncamento empresas diferentes e que serve de ponto de ligação para a conjugação dos
seus serviços. Pode ainda referir-se, no caso de uma só estrada, às estações
onde começam os ramais.
Instalação fixa onde param os trens. Dependência da ferrovia onde são
vendidas passagens, efetuados despachos, arrecadados os fretes, entregues
as expedições, etc O mesmo que agência, embora essa expressão tenha
Estação maior emprego para designar os escritórios de despachos situados fora dos
trilhos. Local onde os trens podem se cruzar ou ultrapassar e compreende
igualmente o edifício ali construído para a realização dos serviços que lhe
são próprios e para acomodação dos passageiros e/ou cargas.
Estrutura da via permanente Conjunto de obras destinadas a formar a via permanente da linha férrea.
Faixa de terreno de pequena largura em relação ao comprimento, em que
Faixa de domínio (faixa da
se localizam as vias férreas e demais instalações da ferrovia, inclusive os
estrada)
acréscimos necessários a sua expansão.
Sistema ferroviário que deverá ser construído em torno da cidade de São
Ferroanel
Paulo.
Sistema de transporte sobre trilhos, constituído de via férrea e outras
Ferrovia (estrada de ferro) instalações fixas, material rodante, equipamento de tráfego e tudo mais
necessário à condução segura e eficiente de passageiros e carga.
Frete Valor monetário que se paga por um transporte.
Medida padrão à qual se devem conformar certos aspectos em construção.
Nas estradas de ferro: cérceo de carga. Aparelho consistente de uma
espécie de bitola de ferro, usado para determinar a largura e a altura
máximas permitidas para o carregamento de vagões (gabarito do material
rodante) ou as dimensões máximas para veículos que devem passar em
Gabarito
túneis, cortes, pontes, sob a cobertura das plataformas de estações etc.
(gabarito da via permanente). Contorno de referência, com as alterações
que corresponde considerar para determinadas circunstâncias, ao qual
devem adequar-se as instalações fixas e o material rodante para possibilitar
o tráfego ferroviário sem interferência.
Instalação, função, departamento ou recurso que impede a produção, pois
Gargalo
sua capacidade é inferior ou idêntica à demanda.
É a posição, em perfil, do eixo da estrada. Também denomina-se gradiente
Greide
ou grade.
Headway Intervalo entre trens.
É uma forma de oligopólio no qual é criada uma empresa para administrar
um grupo delas que se uniu com o intuito de promover o domínio de
determinada oferta de produtos e/ou serviços. A holding, essa empresa
Holding
criada para administrar, possui a maioria das ações das empresas
componentes de determinado grupo. Essa forma de administração é muito
praticada pelas grandes corporações.
165
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
166
Glossário
O Operador de Transporte Multimodal é a pessoa jurídica contratada,
transportador ou não, para a realização do transporte, da origem até
o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros. O OTM
é responsável pela execução do contrato multimodal; pelos prejuízos
resultantes de perda, por danos ou avaria às cargas sob sua custódia, assim
Operador de Transporte
como por aqueles decorrentes de atraso em sua entrega, quando houver
Multimodal (OTM)
prazo acordado. Também se responsabiliza pelas ações ou omissões de seus
empregados, agentes, prepostos ou terceiros contratados ou subcontratados
para execução dos serviços de Transporte Multimodal, como se essas ações
fossem próprias. O OTM deve possuir habilitação com a ANTT para exercer
essa atividade.
Unidade semelhante a um estrado plano, construído em madeira, alumínio,
aço ou outro material resistente, de modo a permitir a movimentação por
Paletes
meio de empilhadeiras, bem como a um perfeito empilhamento nos veículos
e nos locais de armazenagem.
É um local da linha cujas instalações atendem ao embarque e desembarque
Parada de passageiros e de pequenas expedições, desprovidas, porém, de pessoal
para atendimento ao público.
É um contrato de concessão, com data limitada de duração (de 5 a 35 anos),
que se destina a realizar um projeto específico, em que o Estado e o Privado
Parceria Público-Privada (PPP)
irão compactuar uma obra ou uma prestação de serviços, manifestamente
desejados pela comunidade.
Ponto em que ruas ou estradas de rodagem cruzam com as linhas de uma
Passagem (Cruzamento)
ferrovia. As passagens podem ser: em nível ou de nível: superior ou inferior.
É o cruzamento de uma ou mais linhas com uma rodovia principal ou
Passagens em nível
secundária, no mesmo nível.
Passarela Aquela destinada a pedestres, podendo servir a animais e pequenos veículos.
Grande área de terreno, mais ou menos nivelada. Áreas externas em torno
das estações, oficinas, depósitos etc., onde se colocam desvios. Área de
Pátio
esplanada em que um conjunto de vias é preparado para formação de trens,
manobras e estacionamento de veículos ferroviários e outros fins.
Terreno da estação onde são depositadas as mercadorias que não exigem
Pátio da estação armazenamento obrigado e procedidas as operações de carga e descarga
dos veículos.
Local onde se acham dispostas as diversas linhas utilizadas para composição
Pátio de manobra
de trens, cruzamentos, desvios etc.
Obra de arte subterrânea, destinada à transposição de via férrea por
Passagem inferior
pedestres e/ou veículos.
Obra de arte em nível superior, destinada à transposição de via férrea por
Passagem superior
pedestres e/ou veículos.
Pequenas bolinhas plásticas que são fundidas e usadas pela indústria para
Pellets
produzir os mais variados objetos.
Corresponde à tensão média gerada pela carga e tara do vagão (peso morto)
Peso médio por eixo
sobre o eixo padrão.
Abrigo construído na estação, ao longo da linha principal, para embarque e
Plataforma
desembarque de passageiros e serviço de bagagem e encomendas.
Plataforma de carga Alpendre destinado aos serviços de carga e descarga de mercadorias.
Obra de arte que tem por fim permitir a construção da linha sobre cursos de
Ponte
água, braços de mar etc.
Ponto de interseção (PI) Ponto de interseção de duas tangentes consecutivas de traçado.
Ponto obrigatório Nome dado ao local em que o traçado da estrada deve passar forçosamente.
Equipamento capaz de efetuar a retirada ou o assentamento de grades
Pórtico
(painel) ou de dormentes, transportando-os para ou de local conveniente.
Rede especial, ou cinta, adequada para permitir o içamento de mercadorias
Pré-lingado
ensacadas, empacotadas ou acondicionadas em outras formas.
167
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Rampa de impulso Aquela que é vencida com o auxílio da força viva adquirida pelo trem.
168
Glossário
Ponto onde termina a linha. Conjunto de equipamentos e edifícios situados
nas pontas das linhas de uma estrada de ferro (início ou término da linha) ou
Terminal
mesmo em pontos intermediários, ocupados para o trânsito de passageiros,
e reagrupamento de cargas e também formação e despacho de trens.
Unidade de medida equivalente ao transporte de uma tonelada de carga à
Tonelada Quilômetro Útil (TKU)
distância de 1 quilômetro.
Tonelada Útil (TU) Unidade correspondente ao transporte de uma tonelada de carga.
Conjunto de operações do qual resulta o transporte de passageiros, coisas
Tráfego e animais. Trabalho realizado para transportar passageiros, carga e animais,
exercício ou operação do transporte.
É a operação em que uma concessionária, necessitando ultrapassar os
limites geográficos de sua malha para complementar uma prestação
de serviço público de transporte ferroviário, compartilha recursos
operacionais, tais como material rodante, via permanente, pessoal,
serviços e equipamentos, com a concessionária em cuja malha se dará
o prosseguimento ou encerramento da prestação de serviço, mediante
Tráfego mútuo remuneração ou compensação financeira. Os quantitativos de acidentes
serão computados para a concessionária responsável pela sua causa;
e no tráfego mútuo, a produção de transporte - TKU será registrada
proporcionalmente entre as concessionárias coparticipantes, levando-se em
consideração a distância percorrida nos trechos administrados por cada uma
delas, desde que constante do Contrato Operacional Específico a forma de
apuração da produção entre as concessionárias.
Tramo Parte da linha férrea compreendia entre dois pontos.
Padrão de tempo, que se assume em qualquer ordem, para o movimento
Transit time
físico de itens de uma operação à outra.
Trecho de via permanente que apresenta condições técnicas desfavoráveis,
Trecho crítico
provocando limitações à tração na seção considerada.
Qualquer veículo automotriz ferroviário, uma locomotiva ou várias
Trem locomotivas acopladas, com ou sem vagões e ou carros de passageiros, em
condições normais de circulação e com indicação de “trem completo”.
Pátios ou esplanadas em que são feitas composições de trens, redistribuição
de expedições e vagões etc., tendo em vista o destino respectivo. Estações
Triagem
Compositoras: onde são formados os trens e feita a redistribuição das
expedições nos vagões, acertos do carregamento etc.
Agrupamento de um ou mais itens de carga geral que serão transportados
como uma unidade única e indivisível. Não constitui embalagem e tem
Unitização
a finalidade de facilitar o manuseio, movimentação, armazenagem e
transporte da mercadoria.
É o veículo destinado ao transporte de cargas. Os veículos para o transporte
de passageiros são mais comumente chamados de “carros”, incluindo-se
os “dormitórios”, “restaurantes” etc. Os vagões de mercadorias podem
ser fechados ou abertos. Os abertos podem ser : pranchas, gôndolas com
Vagão fueiros ou de bordas, plataformas etc. As estradas possuem vagões de tipos
especiais para certas mercadorias: tanques, frigoríficos, vagões rebaixados,
vagões para minérios e carros-box para condução de animais de raça etc. Na
parte externa, os vagões trazem inscrita a lotação respectiva (peso útil), bem
como o seu peso normal (tara).
Vagão posto à disposição do expedidor a seu pedido. O expedidor, que
possuir carga suficiente para lotar um dos vagões dos tipos existentes na
estrada, poderá requisitá-lo, obrigando-se, porém, ao pagamento dos fretes
pela lotação do vagão ou mínimo de lotação estabelecido, mesmo que não
o aproveite totalmente, pois, nesse veículo, a estrada não colocará outras
expedições. Os transportes em vagões completos, por serem feitos em
Vagão requisitado maiores partidas, gozam da “tarifa de lotação”, isto é, de tarifa mais baixa
em relação à estabelecida para as pequenas expedições. O transporte em
vagão requisitado é, em geral, mais rápido que o de pequenas expedições,
pois essas são transportadas em vagões coletores ou ficam, às vezes, nos
armazéns, aguardando a formação de carga suficiente para lotar um veículo.
A requisição do vagão assegura o transporte logo após o fornecimento do
veículo.
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Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Via férrea múltipla Aquela que é constituída de várias vias férreas, em geral paralelas.
Aquela que liga estações e transpõe pátios e em que os trens, em ordem de
Via férrea principal
marcha, circulam com horários, licença ou sinais de bloqueio.
Via férrea singela Aquela que é formada por uma única via.
Via permanente Abrange toda a linha férrea, os edifícios, as linhas telegráficas etc.
Obra de arte de grande altura, que transpõe vales ou grotas, em
Viadutos substituição a aterros de elevado volume, cuja feitura não seja técnica ou
economicamente aconselhável.
ZM (Zona de Manobra) Região existente ao longo da via principal em que é possível automatizar m
170
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
A nexos
Anexo A
Formulário da Pesquisa CNT de Forrovias 2011
173
174
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
175
Anexos
176
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
177
Anexos
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Anexo B
Relação de Projetos Ferroviários do Plano CNT
de Transporte e Logística 2011
Investimento
Dimensão /
ID Projeto Mínimo
Quantidade
(R$ milhões)
178
Anexos
Anexo B
Relação de Projetos Ferroviários do Plano CNT de Transporte e Logística Continuação
2011
Investimento
Dimensão /
ID Projeto Mínimo
Quantidade
(R$ milhões)
179
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
Anexo B
Relação de Projetos Ferroviários do Plano CNT de Transporte e Logística Continuação
2011
Investimento
Dimensão /
ID Projeto Mínimo
Quantidade
(R$ milhões)
Construção de variante ferroviária de Governador Valadares
626 514 km 2.670,29
- Brumado
Construção de variante ferroviária de Açailândia - porto de
627 471 km 2.446,90
Espadarte
Ampliação da malha metroviária na Região Metropolitana de
647 30 km 6.169,89
Belo Horizonte
Ampliação malha metroviária na Região Metropolitana de
652 30 km 6.169,89
Recife
696 Duplicação de tramo ferroviário entre Carajás e São Luís 546 km 3.944,76
180
Anexos
Anexo B
Relação de Projetos Ferroviários do Plano CNT de Transporte e Logística Continuação
2011
Investimento
Dimensão /
ID Projeto Mínimo
Quantidade
(R$ milhões)
181