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Obelisco no Jazigo da Família White

William Fagal
Diretor Associado do Ellen G. White Estate
Alguns têm manifestado surpresa e preocupação ao encontrarem um
monumento, em forma de obelisco, no jazigo da família White. O obelisco
consiste na lápide de qualquer um dos que ali estão enterrados, mas serve
como marcador de família no centro do terreno. O motivo de preocupação
de alguns surge em virtude da ligação do obelisco com o culto pagão no
antigo Egito e com a Maçonaria em tempos mais modernos. É evidente,
porém, que muitas pessoas no século 19 não pensavam ser isso um
problema. Naquela época, era comum encontrar obeliscos como
marcadores num cemitério. Do lote da família White pode-se ver 15 ou 20
marcadores, na forma de obelisco, em outros túmulos ou lotes ao redor.
Uma situação semelhante ocorre no cemitério em Rochester, Nova York,
onde alguns dos primeiros adeptos ao adventismo foram enterrados. É bem
improvável que todos eles fossem maçons ou adeptos às antigas religiões
de adoração ao sol. O uso do obelisco, como marcador num cemitério, era
algo comum; não era um tributo às crenças maçônicas ou pagãs.

Os adventistas daquela época parecem estar entre os que não imaginavam


haver qualquer problema com o uso de um obelisco. Recentemente,
encontramos correspondências que falavam sobre o uso do obelisco pela
família White, entre as cartas de George Ide Butler, que era o presidente da
Associação Geral por ocasião da morte de Tiago White, em 1881. Em 12 de
fevereiro de 1884, Butler escreveu a Ellen White:

“Semana passada, a convite de seu filho Willie, encomendei, para o túmulo


de seu marido, aquele monumento de granito escuro de B. C. [Battle Creek]
que você examinou. Willie me instruiu a repassar o débito a você. Lamento
fazer isto enquanto o dinheiro que os amigos dele contribuíram, para
mostrar-lhe respeito em sua memória, encontra-se no escritório. Willie
queria que eu entregasse esse dinheiro à Comissão Diretiva da Missão
Européia, mas não me sinto autorizado a fazê-lo sem o consentimento
deles. Há, agora, aproximadamente 170 dólares no escritório para esse fim
e prometeu-se dar ainda mais caso haja necessidade”.

Isso indica que Ellen White e, provavelmente, William C. White, seu filho,
haviam visto o monumento. W. C. White autorizou o Pr. Butler a fazer a
compra. Uma carta de Butler a W. C. White, datada de 10 de fevereiro
daquele ano, discutiu o custo do monumento “com a lápide e outras pedras”
e disse que “será erigido assim que você enviar a inscrição.” É evidente que
a família White estava envolvida na seleção do monumento.

Vinte anos depois, em 1904, Ellen White escreveu sobre uma sugestão
alternativa para o monumento de Tiago White:
“Depois de meu marido ser deposto no sepulcro, seus amigos pensaram em
colocar uma coluna partida como monumento. ‘Nunca!’ disse eu, ‘nunca! Ele
fez, sozinho, o trabalho de três homens. Nunca será colocado sobre seu
túmulo um monumento partido.’” [...] (Mensagens Escolhidas , vol. 1, p. 2).

Podemos apenas supor, mas é possível que, em contraste com aquela


sugestão [da haste quebrada], Ellen White tenha ficado muito feliz por
colocar, no jazigo da família, um monumento tão simétrico e bem elaborado.

Alguns têm questionado acerca da ligação do obelisco com a Maçonaria. Ao


ver o obelisco no jazigo da família [White], alguns até mesmo supõem que
Ellen White deva haver se envolvido com o movimento maçônico. Esta é
uma conclusão injustificável. Ellen White era uma declarada opositora da
Maçonaria. Em seus escritos sobre o assunto, encontramos o seguinte:
“Aqueles que se acham sob a ensanguentada bandeira do Príncipe
Emanuel, não se podem unir aos maçons, ou com qualquer organização
secreta. O selo do Deus vivo não será posto sobre ninguém que mantenha
tal ligação depois de a luz da verdade haver-lhe iluminado o caminho. Cristo
não está dividido, e os cristãos não podem servir a Deus e a Mamom”.
(Evangelismo, p. 622). No período em que viveu na Austrália, foram-lhe
mostrados dois sinais secretos de maçons de alto escalão e ela os fez na
presença de um obreiro adventista profundamente envolvido com a
Maçonaria. Ela instou com ele para cortar sua conexão com essa sociedade
secreta. Também aconselhou a outros a não se envolverem com ordens
maçônicas. (Veja Evangelismo, p. 617-623; Mensagens Escolhidas, vol. 2,
p. 121-140).
Então, qual a razão do obelisco? Evidentemente, Ellen White não
considerava isso como um símbolo pertencente inerentemente à maçonaria
ou ao paganismo, independentemente de que (conhecido a ela ou não) os
maçons e os adoradores do sol haviam usado esse símbolo. Os símbolos
possuem o significado que as pessoas lhes dão. A própria cruz, no
passado, já foi um símbolo assustador da opressão e crueldade romanas,
mas, hoje, cristãos ao redor do mundo a veem como um símbolo de nossa
redenção por meio de Cristo. Os símbolos podem sofrer mudanças de
significado.

Quando Tiago White começou a publicar a Review de forma quinzenal


(tornou-se semanal em setembro de 1853), além da data de publicação, ele
logo adicionou o nome comum do dia da semana em que foi publicada, seja
segunda [Inglês: Monday] ou quinta-feira [Inglês: Thursday] (o dia de
publicação variou um pouco naqueles dias). Pouco depois, porém, ele fez
uma alteração. A edição publicada na “Quinta-feira [Inglês: Thursday], 12 de
maio de 1853″, foi, duas semanas depois, seguida pela edição “Quinto dia
[Inglês: “Fifth-day”], 26 de maio de 1853″. Durante várias décadas a revista
designou o dia de sua publicação variando entre “Quinto dia” [Fith-day] e
“Terceiro dia” [Third-day] (para terça-feira), aparentemente, devido à
preocupação quanto aos dias da semana [em inglês] terem sido nomeados
em honra a deuses pagãos [Sunday: “dia do sol”, Monday: “dia da lua”,
Saturday: “dia de Saturno”, etc.]. No entanto, na edição de 1° de janeiro de
1880, eles voltaram a utilizar os nomes comuns [dos dias da semana].
Parece que, naquela altura, nossos pioneiros decidiram que o uso desses
nomes não representava um comprometimento de sua fé. As pessoas que
utilizam esses nomes hoje não têm a intenção de mostrar devoção a deuses
pagãos. Atualmente, esses nomes simplesmente não simbolizam tais
deuses, independentemente do que possam ter significado no passado. Da
mesma maneira, qualquer significado oculto que, no passado, possa haver
sido ligado a um obelisco, parecia não estar em vigor para o povo em geral,
por volta do século 19, embora o obelisco tenha continuado a ter significado
místico para os maçons. É evidente, porém, que Ellen White não mantinha
tais crenças.

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