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Banana: Produção, Colheita e Pós-colheita

Irrigação da Bananeira
Édio Luiz da Costa!
Paulo Maeno?
Paulo Emílio Pereira Albuquerque'

Resumo - A bananeira é uma cultura que requer uma grande e


permanente disponibilidade de água no solo, aplicada em quan-
tidades adequadas. Um desbalanço na aplicação de água reflete em
um desequilíbrio na nutrição da cultura. O manejo da irrigação da
bananeira é um fator de grande importância para se obter sucesso
nessa atividade agrícola, bem como a escolha adequada do método
de irrigação, que visa maximizar a eficiência do uso da água, não se
esquecendo da sintonia com as outras etapas do sistema produtivo,
tais como variedades, densidade de plantio, fertilização, tratos
culturais, colheitas e automação.
Palavras-chave: Banana; Manejo de Irrigação; Sistema de Irrigação.

INTRODUÇÃO lixiviação, e com energia, em bombeamento adequados sobre o efeito da água nos
desnecessário de água. Esse fato agrava- diferentes estádios de crescimento das
A bananeira é uma cultura que requer
se em regiões áridas e semi-áridas, com culturas, bem como sua relação com o solo
uma grande e permanente disponibilidade
baixo índice pluviométrico, alta evaporação, e clima, e também sobre as características
de água no solo. Para obtenção de colheitas
e solos propícios à salinização, em virtude do equipamento de irrigação recomendado.
economicamente rentáveis, considera-se
de um manejo incorreto da irrigação. A Em regiões onde a água é fator limitante,
suficiente uma precipitação entre 100 e
bananeira é uma cultura altamente sensível nas áridas, por exemplo, o planejamento de
180mmlmês. O crescimento e o rendimento
à salinidade, e necessita de solos com valor irrigação deve ser feito em termos de máxima
da cultura são afetados inversamente com
de condutividade elétrica (CE), inferior a produção por unidade de água aplicada.
o déficit hídrico. Segundo Doorenbos &
1 dS/m. Portanto, o manejo da irrigação é Em outras condições, pode-se conduzir a
Kassam (1994), o período de estabeleci-
um fator de grande importância para se irrigação em termos de máxima produção
mento e a fase inicial do desenvolvimento
obter sucesso nessa atividade agrícola. Ele por unidade de área plantada, energia ou
vegetativo determinam o potencial de
visa maximizar a eficiência do uso da água, mão-de-obra.
crescimento e frutificação, sendo essencial
não se esquecendo da sintonia com as De forma geral, um programa de irri-
suprimentos adequados de água e nu-
outras etapas do sistema produtivo, tais gação deve conciliar sempre um bom
trientes. O déficit hídrico nessas fases
como, variedades, densidade de plantio, retorno financeiro com aumento de pro-
poderá afetar o desenvolvimento das
fertilização, tratos culturais, colheitas e dução, economia de água, mão-de-obra,
folhas e, com isto, influir no número de
automação. nutrientes e sem causar prejuízos na estru-
flores, pencas e produção de cachos. O
mesmo poderá ocorrer em condições de tura do solo. Para tanto, devem-se dar con-
ASPECTOS INERENTES dições para que a planta tenha um máximo
solo encharcado. A bananeira, apesar de
AO SISTEMA ÁGUA-SOLO-
ser formada por 85% de água, não suporta crescimento vegetativo, mantendo suas
PLANTA-ATMOSFERA
lençol freático alto, que deve ter uma atividades fisiológicas na sua capacidade
profundidade em torno de 1,2m, e nem A tecnologia de produção vem bus- potencial, de acordo com as condições
inundações superiores a três dias. Esses cando aplicar parâmetros criteriosos na climáticas reinantes.
fatores trazem prejuízos diretos com relação tomada de decisão, para se obter uma pro- Para que se possa promover uma irri-
à produção da cultura, bem como gastos dução satisfatória e altos rendimentos. Pa- gação racional, deve-se estar atento às se-
excessivos com adubos, em razão de sua ra isso, são necessários conhecimentos guintes questões: como e quando irrigar e

'Engs Agrtcola. M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postall2, CEP 39440-000 Janaúba-M'G.
2Engº Agrícola, M.Sc., Prof UNIMONTES-CCET, Caixa Postal 91, CEP 39440-000 Janaúba-M'G.
'Enge Agricola, Dr., Pesq. EMBRAPA-CNPMS, CEP 35701-970 Sete Lagoas-M'G.

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quanto de água aplicar. Para isso, é ne- exposta a uma determinada quantidade de as leituras de evaporação de uma superfície
cessário conhecer alguns fatores envol- água no solo que seja suficiente para suas livre de água do tanque em estimativas de
vidos no processo, tais como, carac- atividades fisiológicas. O controle dessa consumo de água da cultura ao longo de
terísticas e capacidade do sistema de quantidade de água pode ser feito com base seu ciclo de desenvolvimento, contem-
irrigação, características físico-hídricas do no balanço de água no solo, pelo moni- plando tanto a evaporação da água do solo
solo e necessidade hídrica da cultura com toramento do clima e da umidade do solo, quanto a transpiração das plantas, ou seja,
base em sua fisiologia, o que faz com que a por tensiometria e pelo método do turno a evapotranspiração. A grande limitação
planta tenha necessidades hídricas dife- de rega. desta metodologia é a precisão das estima-
renciadas ao longo do período vegetativo. tivas dos coeficientes utilizados.
As respostas para essas questões de irriga- Manejo de irriga~ão pelo O consumo de água ou evapotrans-
ção devem ter como base parâmetros locais monitoramento do clima piração da cultura (Etc) pode ser deter-
determinados pela pesquisa e não gene- Existem vários critérios com base em minado pela seguinte equação:
ralizar práticas específicas que tiveram medidas climáticas que podem ser usados Etc = Kt.Kc.Eca
sucesso em outras regiões. para avaliação das necessidades hídricas
A questão de como irrigar é definida de uma cultura. As variáveis climáticas mais em que:
pelo método de irrigação proposto no comumente utilizadas são radiação solar, Etc = evapotranspiração da cultura,
projeto, devendo-se observar as recomen- temperatura, umidade relativa do ar, ve- emmmJdia;
dações técnicas, com vistas a um melhor locidade do vento e evaporação de água
aproveitamento da água, buscando uma do solo. Com estas informações, é possível Kt = coeficiente de tanque, adimen-
maior eficiência. sional;
determinar a evapotranspiração (consumo
O quando irrigar e o quanto aplicar de de água em uma área cultivada) de uma Kc = coeficiente de cultura, adimen-
água são dois aspectos que podem sofrer cultura de referência e, em seguida, através sional;
mudanças do que foi previsto no projeto, de coeficientes apropriados, estimar o
em conseqüência das condições edafo- Eca = evaporação de água do tanque
consumo de água de uma dada cultura.
Classe A, em mmJdia.
climáticas que estiverem prevalecendo na Esses métodos variam desde simples
época. No tocante aos aspectos climáticos, medidas de evaporação da água de um A Etc é estabelecida, quando se têm
na fase de projeto, são considerados tanque como o Classe A, até complexas ótimas condições de umidade e nutrientes
sempre os valores médios de um longo equações empíricas, sendo utilizadas me- no solo, de modo a possibilitar a produção
período, para estimar os requerimentos de didas de radiação solar, umidade relativa, potencial da cultura, nas condições de
água da cultura nos seus diversos estádios velocidade do vento e temperatura do ar . campo.
de desenvolvimento, utilizando-se, nor- No entanto, a utilização desses métodos O Kc é um valor que varia de cultura
malmente, um valor crítico para dimen- pelo produtor, muitas vezes, é limitada, por para cultura, desde o seu estádio de de-
sionamento hidráulico do sistema. Já na falta dos instrumentos necessários para a senvolvimento, comprimento do ciclo
fase de operação, o estádio de desenvol- realização das medidas desejadas. vegetativo até as condições climáticas
vimento da cultura, as condições climáticas Em condição de propriedade agrícola, locais. Por isso, os valores de Kc devem
e as possíveis alterações que as caracte- tem-se observado que a estratégia de ma- ser determinados preferencialmente para
. rísticas físico-hídricas do solo podem so- nejo de água, com base em medidas de cada região.
frer, devido ao manejo imposto a ele, irão evaporação, utilizando-se o tanque Classe Doorenbos & Kassam (1994) apre-
modificar a programação das irrigações. A, pode ser adotada pelo produtor sem sentaram valores de Kc para a bananeira
grandes dificuldades, pois o instrumental em regiões de clima tropical (Quadro 1).
ALGUNS MÉTODOS DE requerido é relativamente simples e de baixo O Kt é um valor usado para converter a
MANEJO DE IRRIGAÇÃO custo. Nesse caso, os requerimentos de evaporação da superfície de água do
Os métodos de manejo de irrigação con- água da cultura podem ser obtidos, com tanque em evapotranspiração de referência.
sistem, basicamente, em manter a planta coeficientes apropriados, para transformar Seu valor é determinado para as condições

QUADRO 1 - Coeficientes de Cultura (Kc) para Bananeira em Regiões de Clima Tropical

Meses após
o plantio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Kc 0.40 0.40 0.45 0.50 0.60 0.70 0.85 1.00 1.10 1.10 0.90 0.80 0.80 0.95 1.00

FONTE: Doorenbos & Kassan (1994).

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meteorológicas da região (umidade relativa ções experimentais ou na própria fazenda, processa-se toda vez que a tensão chegar
e velocidade do vento) e para o local em através da leitura de altura d'água em um a um determinado valor crítico, sem que o
que o tanque está instalado em relação ao tanque circular de chapa de aço galva- desempenho da cultura seja afetado.
meio circundante (solo gramado ou nu). nizado (Fig. 36). O controle da tensão é realizado, ge-
Doorenbos & Kassan (1994) apresen- ralmente, com o auxílio de tensiômetros,
taram uma tabela (Quadro 2) para a deter- Método de tensão de água que trabalham com valores na faixa de O a
minação dos valores de Kt. no solo 0,80 atm. O tensiômetro mede diretamente
Os valores de Eca podem ser obtidos Quando se realiza o manejo com base a tensão com que a água está sendo retida
nos postos meteorológicos da região, esta- na tensão de água no solo, a irrigação no solo e, indiretamente, com o auxílio da
curva de retenção, pode-se obter a percen-
tagem dessa água.
QUADRO 2 - Valores do Coeficiente de Tanque (Kt) para o Tanque Classe "A" Circundado por Apesar de ter seu limite de atuação res-
Grama trito a 0,80 atm, o tensiômetro é um instru-
Umidade Relativa mento bastante útil no controle da irrigação,
Posição
pois a maioria dos solos agrícolas tem a
Vento (kmldia) do Tanque
Baixa Média Alta água facilmente disponível (AFD) na faixa
(m)
<40% 40 -70% >70% de tensão em que ele atua (Fig. 37).
1 0,55 0,65 0,75 O bom desempenho do tensiômetro
Leve 10 0,65 0,75 0,85 depende de cuidados na sua instalação e
< 175 100 0,70 0,80 0,85 operação. Na instalação, deve-se assegurar
1000 0,75 0,85 0,85 que o contato do solo com a cápsula poro-
sa seja o mais perfeito possível, garantindo
1 0,50 0,60 0,65 que não haja espaços vazios. Na operação,
Moderado 10 0,60 0,70 0,75 o cuidado é quanto ao limite de leitura, a
175 - 425 100 0,65 0,75 0,80 escorva e acidentes com o mercúrio.
1000 0,70 0,80 0,80 A utilização desse método requer que
se faça a transformação do valor da tensão
1 0,45 0,50 0,60 matricial, utilizado para cada cultura, em
Forte 10 0,55 0,60 0,65 conteúdo de água do solo. Isso é obtido
425 -700 100 0,60 0,65 0,75 através da curva de retenção de água do
1000 0,65 0,70 0,75 solo, em laboratórios ou em campos (Grá-
fico 1).
1 0,40 0,45 0,50
Tendo-se conhecimento de quando
Muito forte 10 0,45 0,55 0,60
irrigar, dado pelo potencial da água no solo,
>700 100 0,50 0,60 0,65
determinado através do tensiômetro, o
1000 0,55 0,60 0,65
quanto aplicar de água fica estabelecido,

~ de 5 a Bem

--- -j------ -----


---- ---- --

-=p
~
5cm

Figura 36 - Tanque U.S.W.B. Classe A em que se mostra a estrutura de suporte Figura 37 - Tensiômetro com vacuômetro

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Métodos e sistemas de
irrigaCjão
"
" A cultura da bananeira pode ser irrigada
por diversos métodos. Os mais usados são
os de irrigação por superfície, por aspersão
...... e, mais recente, o da irrigação localizada,
destacando-se, respectivamente, os siste-
mas de irrigação por sulcos, por asper-
--- .. _-----. .•.. são convencional subcopa e por micro-
-----\ aspersão.

potencial Irrigação por sulcos


- - - - - argila areia Consiste na condução de água por sul-
cos (pequenos canais) abertos paralela-
Gráfico 1 - Curva característica de tensão de água no solo mente às fileiras de plantio, durante o tempo
necessário para que a água, infiltrada ao
longo do sulco, seja suficiente para ume-
conforme mostra a equação a seguir. TR = [(CC - PM)/lO.ETc] . da. f. z decer o perfil do solo ocupado pelas raízes.
Normalmente, são usados um ou dois
LRN = [ (CC - Vi) / 10 [.da.z em que:
sulcos, onde a própria fileira de plantio
em que: T = turno de rega, em dias; constitui o sulco de irrigação ou são aber-
LRN = lâmina real necessária, em mm; CC = umidade do solo na capacidade tos dois sulcos eqüidistantes 30cm da
de campo, % em peso; fileira de plantio. Essa distância depende
CC = umidade do solo na capacidade
PM = umidade do solo no ponto de da textura do solo.
de campo, % em peso;
murcha permanente, % em peso; O sistema de irrigação por sulco apre-
Di = umidade do solo correspon-
senta uma série de inconvenientes, tais
dente à tensão crítica para início Etc = evapotranspiração da cultura, em
como, baixa uniformidade de distribuição
de irrigação, % em peso; mm!dia;
da água infiltrada ao longo do sulco, agra-
da = densidade do solo, em g / em"; da = densidade do solo, em g/cm': vada pela interrupção desses canais por
z = profundidade efetiva do siste- z = profundidade efetiva do sistema restos culturais, principalmente pseudo-
ma radicular, em em, radicular, em em; caules e folhas; menor controle da lâmina
f = fator de disponibilidade de água, de água aplicada; falta de uma estrutura de
Quanto ao número de tensiômetros a
adimensional. canais e comportas para distribuição da
ser instalado, toma-se como referência a
água nas parcelas; maior utilização de mão-
instalação do instrumento pelo menos em A lâmina de água necessária para a de-obra; necessidade de sistematização do
três pontos representati vos da área e faz- irrigação pode ser estabelecida pelo acom- terreno e maior dificuldade na adubação
se o controle da irrigação pela média das panhamento da variação da umidade do de cobertura, uma vez que faz parte do
leituras. A profundidade de instalação deve
solo, ao fixar um valor mínimo que pode ser próprio processo o escoamento superficial
ser de forma que a cápsula porosa fique na
atingido, sem que cause prejuízos à cultura, da água que arrasta parte do adubo e, acar-
região de maior concentração das raízes,
e pela evapotranspiração, que deve ser reta perdas.
Este método, no entanto, traz algumas
estimada a partir de uma série de dados Quando as condições topográficas são
complicações de ordem operacional, que é
mensais médios, admitidos, como sendo propícias, a água é conduzi da por ação da
a impossibilidade de programar previamente
igualmente distribuídos durante o mês em gravidade, não sendo necessário seu bom-
a irrigação, já que requer um equipamento
consideração. beamento. Dessa forma dispensa-se a
que cubra toda a área simultaneamente.
A lâmina necessária pode ser estabe- utilização de motores elétricos ou de
lecida de acordo com a equação a seguir. combustão interna e o custo de investi-
Método do turno de
mento inicial torna-se menor.
rega LRN=TR.ETc
O turno de rega é o intervalo de dias Aspersão convencional subcopa
em que:
entre duas irrigações sucessivas, determi- A água é aplicada ao solo sob forma de
lRN = lâmina real necessária, em mm;
nado na fase de projeto. É função da capa- chuva artificial, por meio de fracionamen-
cidade de armazenamento de água pelo 1R = turno de rega, em dias;
to de um jato de água em grande numero
solo, das condições climáticas e da cultura. Etc = evapotranspiração da cultura, de gotas pelo aspersor. Estas gotas se dis-
Para determiná-lo faz-se a seguinte equação. emmm!dia. persam no ar e caem sobre a superfície do

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terreno. O método constitui-se de tubula- ter em seu dimensionamento tubulações de da água pela ação do movimento circula-
ções leves e de engate rápido, sobre as quais menor bitola, menores vazões e, conse- tório em seu interior. Não são usados com
são instalados os aspersores. Os asper- qüentemente, menores motobombas. muita freqüência, apenas em alguns casos,
sares subcopa são dotados de um menor Os microaspersores possuem orifícios principalmente em águas provenientes de
ângulo de emissão do jato de água, fazendo (bocais) por onde passam os jatos de água poços tubulares.
com que não alcance grande àltura, limitan- com dimensões reduzidas de até 0,8mm de Os microaspersores mais usados na
do sua ação sob as folhas das bananeiras. diâmetro. Há necessidade, portanto, de um cultura da bananeira tem vazão entre 50 e
O espaçamento entre as tubulações sistema de filtragem, para que impurezas 120 litros/hora, com pressões de serviço
portáteis (linhas laterais) varia normalmente na água de irrigação não venham a causar entre 1,5 e 3,0 bar. Dessa forma, obtém-se
entre 12 e 24metros, de acordo com raio de entupimentos. alcance dos jatos de água entre 3 e 5m. A
alcance dos aspersores utilizados. Em geral, O sistema de filtragem pode ser com- grande variação de raios de alcance e espa-
entre duas linhas laterais consecutivas, posto de filtros de areia, hidrociclones, çamento de plantio possibilita diversas
estão contidas de três a oito fileiras de plan- filtros de tela ou disco, dependendo da composições de distribuição dos micro-
tio, causando dessa forma a intercepta- composição da água de irrigação. aspersores entre as plantas (Fig. 40). As
ção dos jatos de água, principalmente Os filtros de areia são usados para reter baixas pressões de serviço tomam possível
pelos pseudocaules da bananeira, o que partículas maiores e impurezas de origem o uso de estações de bombeamento com
contribui para a diminuição da uniformi- orgânica, geralmente existentes em águas baixa potência instalada, propiciando eco-
dade de aplicação da água sobre o solo superficiais, por isso quando utilizados, são nomia de energia.
(Fig. 38, p.56). colocados na entrada do cabeçal de con- No Projeto Gorutuba, localizado na
Em virtude da necessidade de mudança trole. Normalmente, em águas subterrâneas, região Norte de Minas Gerais, a cultura da
de posição das linhas laterais, o trânsito com bombeamento direto por bomba sub- bananeira é cultivada sob regime de irri-
de pessoas é grande dentro das áreas com mersa, seu uso é desnecessário. gação em 1791,9ha, sendo que 923,45ha
o solo úmido. Este fato causa a compacta- Os filtros de tela ou de disco são usados (52%) são irrigados por microaspersão,
ção do solo, o que faz diminuir a infiltração para reter partículas sólidas, sendo sua ca- 223,93ha (12%) por aspersão e 644,52ha
da água nesses locais, gerando problemas pacidade de filtragem determinada pelas (36%) por sulcos (Gráfico 2), conforme
de acúmulo (empoçamento) de água na dimensões dos orifícios da malha (tela) ou, levantamento feito no ano de 1997 (Perí-
superfície do solo. Além disso, também no caso de filtros de discos, das passagens metro ..., 1998). Cabe ressaltar que o Projeto
pode aumentar a disseminação de doenças formadas pela sobreposição de discos ra- Gorutuba foi inicialmente concebido para
e os danos nas folhas e brotações. nhurados. ser irrigado por sulcos. Portanto, toda
Os filtros hidrociclones são usados em estrutura de distribuição de água nas
Microaspersão
águas que contêm grande quantidade de parcelas, assim como a sistematização dos
A água é aplicada em pequenos jatos, partículas sólidas (areia). A areia é separada terrenos, já existia, quando os irrigantes
na superfície do solo próximo à planta,
em pequenas intensidades, com grande
freqüência e controle da lâmina de água
aplicada. Nesse sistema a água é disponibi-
Iizada às raízes de forma localizada, isto é,
onde ela é realmente necessária para o bom
desenvolvimento da bananeira.
Os sistemas de irrigação por micro-
aspersão normalmente é constituído de ~ ----- '-------'
estação de bombeamento, cabeçal de con-
trole (filtros principais, injeção de fertili-
zantes, medição, proteção, comando e con-
trole), linha principal de distribuição,
válvulas de controle, linhas de derivação
de água, linhas laterais e microaspersores
(Fig.39). Linha principal ~ Válvula de controle
Esse sistema possibilita completa auto- ---- Linha de derivação M.B. - Motobomba
mação, constituindo-se em grandes vanta- _________ Linha lateral Cabeçal - Cabeçal de controle
gens, como as que permitem irrigar em
horários em que a tarifa de energia elétrica
é reduzida; ter um sistema de irrigação Figura 39 - Representação esquemática dos componentes de um sistema de irrigação
trabalhando em maiores períodos por dia; por microaspersão

Inlorme Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.196, p.67-72, jan./lev. 1999 71


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Área
molhada

Bananeira

M icroaspersor

Figura 40 - Esquema de distribuição típica dos microaspersores na cultura da bananeira


irrigada por microaspersão

~----923,45-----------------,
1000 >- Situação da bataticultura: produção
644,52
800 e comercialização

600 >- Tecnologias de propagação da batata


223,93
400 >- Calagem e adubação
200 >- Plantas daninhas
Microaspersão Aspersão Sulcos
o~--~----~---~----~--~ >- Agrotóxicos: legislação e fiscalização

Grófico 2 - Sistemas de irrigação utilizados na cultura da bananeira no Projeto Gorutuba


>- Manejo para obtenção de tubérculos

>- Associativismo na cultura da batata


receberam o terreno, o que explica o grande sentou maior uniformidade de distribuição
percentual de áreas ainda irrigadas por de água (Mantovani et ai., 1997).
sulcos na cultura da bananeira. Quantificou-se a uniformidade com que Confi ra tudo isso
Na avaliação dos sistemas de irrigação a planta recebeu água e não a uniformidade
pressurizada realizada no Projeto Gorutu- de aplicação, uma das formas de comparar
e muito mais!
ba, na cultura da bananeira, obtiveram-se a uniformidade entre sistemas de irrigação
resultados satisfatórios, onde a micro- localizada e irrigação não-localizada (Qua-
aspersão aparece como o sistema que apre- dro 3).
INFORME-SE!
QUADRO 3 - Valores de Coeficientes de Uniformidade Ajustados

Sistemas Microaspersão Miniaspersão Aspersão subcopa


leia e assine o
Uniformidade (%) 87,9 78,5 68,5
INFORME AGROPECUÁRIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cultura da banana no Projeto Gorutuba lI:


uniformidade de aplicação. In: CON-
DOORENBOS, J.; KASSAM, A.H. Efeito da GRESSO BRASILEIRO DE ENGENHA-
água no rendimento das culturas. Cam- RIA AGRÍCOLA, 26, 1997, Campina
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;;:-igação e Drenagem, 33). ciedade Brasileira de Engenharia Agrícola,
1997. CD-ROM.
MANTOVANI, E.C., ALMEIDA, F.T.;
Pesquisa gerando desenvolvimento
SOARES, A. A.; RAMOS, M. M.; PERÍMETRO Irrigado do Gorutuba. Montes
MAENO, P. Irrigação pressurizada na Claros: CODEVASF-ATER, 1998. 50p.

72 Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.196. p.67·72, jan./fev. 1999

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