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Geotecnia Ambiental Parte 1 PDF
Geotecnia Ambiental Parte 1 PDF
Glicério Trichês
Liseane P. Thives
Índice
2. MOVIMENTOS DE MASSA
2.1 Natureza dos Movimentos
2.2 Causas das Falhas nas Encostas
2.3 Indicadores de Instabilidade de Encostas
2.4 Ruptura do Solo
2.5 Classificação dos Movimentos (Para Solos ou Rochas)
2.6 Obras Utilizadas na Contenção Taludes e Encostas
3. EROSÃO
3.1 Conceito Básicos
3.2 Erosão Hídrica
3.3 Causas e Conseqüências da Erosão
3.4 Evidências de Processos Erosivos
3.5 Controle da Erosão
3.6 Função da Vegetação na Estabilidade de Encostas
3.7 Recuperação de Voçorocas
4. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
4.1 Contexto da Degradação Ambiental
4.2 Degradação do Solo
4.3 Urbanização e Seus Impactos
4.4 Erosão Superficial e Movimento de Massas
4.5 Estimativa de Perda de Solo
4.6 Aspectos Legais Relacionados á Degradação Ambiental
4.7 PRAD -Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
4.8 Recuperação de Área Degradadas
4.9 Recuperação de Áreas Degradadas Por Mineração
1.1.1 Intemperismo
Globo terrestre: Geosfera – Crosta, Manto; Núcleo.
Solos – resultantes da desagregação e decomposição das rochas.
Formação dos solos (pedologia): f (rocha mãe; organismos vivos; clima; relevo;
temperatura)
DESAGREGAÇÃO DA ROCHA
SOLO
Processos atuação de micro-
biológicos organismos
OBSERVAÇÕES:
IQ >> poder de desintegração maior do que IF.
solos gerados em locais com predominância do IQ tendem a ser mais profundos.
solos gerados a partir do IF apresentam uma composição química semelhante à rocha-
mãe.
- rocha min. estáveis - predomina a desagregação. Solos arenosos e pedregulhosos
(QUARTZO);
- rocha min. instáveis - predomina a decomposição. Argilas (FELDSPATO).
Topografia:
- terrenos planos: espessura solo maior;
- terrenos acidentados: espessura do solo menor.
Clima:
- desértico - predomina a desagregação física e mecânica;
- tropical - predomina a decomposição química e biológica.
RESIDUAIS
vento, água,
SOLOS SEDIMENTARES geleiras, gravidade
ORGÂNICOS
Os minerais encontrados nos solos são os mesmos da rocha-mãe (primários) além dos que se
formaram na decomposição (secundários).
a) pedregulhos e areias; e siltes: minerais da rocha-mãe ou secundários
b) argilas: minerais argílicos
Lamelares
Solos orgânicos:
fibrilares
Utilizado quando se necessita de uma identificação prévia do solo, sem que laboratório esteja
disponível.
1. Tato: esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem com
um pó quando secas e com sabão quando úmidas.
4. Dispersão em água: misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta, agitando-
a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e
demoram para sedimentar.
5. Impregnação: esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das mãos.
Colocar a mão sob uma torneira aberta e observar a facilidade com que a palma da mão fica
limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.
Ensaio de Granulometria
1. peneiramento (grosso e fino)
2. sedimentação (partículas φeq < 0,075 mm)
60
50
40
Cc =
(D 30 )2
30 D 60 * D 10
20
10
0
0,01 0,1 1
Diâmetro (mm)
h (%) crescente
Índice de Plasticidade IP = LL − LP
Índice de Contração ICC = LP − LC
LL − h nat
IC =
Índice de Consistência LL − LP
ENSAIO – LL
ENSAIO – LP
GRÁFICO DE PLASTICIDADE - CASAGRANDE
Geológica: Mapas geológicos são do Bedrock (substrato rochoso) o que cria dificuldade para
a utilização para fins geotécnicos pois camadas de solos residuais ou transportados nem
constam dos mapas.
Sistema USC
- Solos finos: mais de 50% de material passante na peneira 200. Designados pelas letras M
(silte) C (Argila): CL - Argila de baixa plasticidade;
- Solos grossos: Designados pelas letras G (Pedregulho) e S (areia): SW- Areia bem
graduada.
METODOLOGIA TRADICIONAL
GRANULOMETRIA (% QP #200)
ÍNDICES FÍSICOS (ATTENBERG) - LL E IP
LL ≤ 25% E IP ≤ 6%
LIMITAM O USO DE SOLOS EM OBRAS VIÁRIAS
Gráfico de classifição
Ar
Água
=
Sólidos
PESOS VOLUMES
Par ~ 0 Ar Var
Vv
Pa Água Va Vt
Pt
Pg Sólidos Vg
Vt = Var + Va + Vg Vv = Var + Va Vt = Vv + Vg
Pt = Pa + Pg
RELAÇÕES
Pg
γg =
Vg Peso específico dos grãos (gf/cm3; kN/m3; tf/cm3)
Pt
γt =
Vt Peso específico total, aparente ou natural do solo (kN/m3)
Pg
γs =
Vt Peso específico do solo seco (gf/cm3; kN/m3; tf/cm3)
Pt sat
γsat =
Vt Peso específico do solo saturado (gf/cm3; kN/m3; tf/cm3)
Pt sub
γsub =
Vt Peso específico do solo submerso (gf/cm3; kN/m3; tf/cm3)
γsub = γsat − γa
γg
δg =
γa Densidade relativa das partículas (determinado em laboratório)
Vv
n = * 100
Vt Porosidade (%)
Vv
e=
Vg Índice de vazios
Va
S= * 100
Vv Saturação (%)
Importante fonte de consulta para conhecimento do tipo de solo presente em uma dada área de
estudo.
• Nomenclatura dos Solos Brasileiros (ver literatura sobre o tema)
- Solos tipo Gley (banhados, solo mole)
- Cambissolo (solos pouco evoluídos)
- Podzólicos (solos evoluídos)
Objetivos
• aumentar a resistência ao cisalhamento;
• aumentar a resistência à erosão;
• diminuir a permeabilidade;
• diminuir a compressibilidade e os recalques;
• diminuir a absorção da água.
Utilização
Barragens de terra, aterros compactados; pavimentos; solo de apoio de fundações diretas;
reaterros de valas; terraplenos de muros de arrimo; retaludamento de encostas naturais.
Curva de Compactação
Obtida em laboratório através da compactação do solo com uma certa energia de compactação
em diferentes teores de umidade. A curva de variação de γs (g/cm3) com h (%) é chamada
curva de compactação.
1,55
Densidade seca (g/cm 3)
1,54
1,52
1,51
1,5
1,49
16 18 20 Um idade
22 (%) 24 26 28
1,560
γ sm ax
1,550
1,520
1,510
1,500 S = 80% S=
S = 90%
1,490
16 18 20 22hot 24Umidade
26 (%) 28 30
OBS: O solo, quando compactado, nunca atinge a condição S = 100%. O ramo úmido é
aproximadamente paralelo à curva S = 100%.
LC LP LL
IP h (%)
Região da
hót
Tipos de compactação
• dinâmica ou de impacto;
• estática;
• amassamento (kneading);
• vibratória.
Compactação de campo
Atividades:
• escolha da área de empréstimo;
• escavação, transporte e espalhamento;
• ajuste da umidade e homogeneização;
• compactação propriamente dita;
• controle tecnológico de campo: Grau de compactação
Equipamentos
• rolo pé de carneiro;
• liso ou estático;
• de pneus;
• compactadores manuais.
Controle da compactação
• umidade:
método Speedy;
método da frigideira;
método do álcool.
• MEAS
frasco de areia;
cilindro biselado;
membrana de borracha.
Grau de compactação
γ s (campo)
GC = × 100
γ smax (lab)
Especificação de serviço
Especificações do DNIT
Especificações do DEINFRA/SC (demais estados)
Pressão Total
Pressão Neutra
Para fins de estudo do fluxo de água através dos solos, parte-se do princípio que todos os
vazios estão interligados, constituindo um número muito grande de pequenos canais. O fluxo
através dos vazios dos solos pode ser classificado de duas maneiras: estável (estacionário) e
transiente.
NAM
NAJ
H2O
Se a diferença de nível entre montante (NAM) e jusante (NAJ) não variar, então a pressão
neutra também não varia, para qualquer ponto, e a velocidade de fluxo é constante. Quando a
velocidade de fluxo não é constante com o tempo, o fluxo é transiente. Exemplo:
adensamento.
Solo
mole
permeável
Considera-se a água incompressível durante o fluxo. O fluxo pode ser classificado ainda como
laminar ou turbulento.
Fluxo laminar – quando o fluxo de água ocorre de tal maneira que o fluido em planos
paralelos não se mistura. As moléculas de água seguem trajetórias paralelas.
Fluxo turbulento – quando a variação aleatória de velocidade provoca a mistura dos fluidos
em planos paralelos.
v = Ki
∆h
∆h
Q = Av i=
Sendo e ∆l então:
A
∆h
Q = KiA Q=K A
∆l ou ∆l
O volume de água por unidade de tempo (Q) depende to tipo de solo (k), do gradiente
hidráulico (i) e da área total (A).
É uma propriedade que indica a maior ou menor facilidade da água percolar através do solo. É
a velocidade média aparente que a água de desloca no solo quando foi submetido a um
gradiente hidráulico unitário. Unidade: cm/s; m/s.
A análise do fluxo de água através dos solos depende da determinação de K, que pode ser
feita em laboratório, através da utilização de permeâmetros ou em campo.
Assume-se que:
• o poço de bombeamento penetra em toda a espessura da camada permeável;
• o fluxo é horizontal;
• a sucção é ignorada;
• i = constante e para qualquer raio é igual à razão de variação do nível piezométrico
(dh/dr);
A água é bombeada para fora do poço principal até que seja estabelecida a condição de
equilíbrio entre a vazão de entrada no poço e a vazão e saída através da bomba.
Q ln (r2 r1 )
K =
Qentrada = Qsaída π (h 22 − h 21 )
Sempre que houver uma diferença de potencial hidráulico total entre dois pontos, então
haverá um fluxo de água do ponto de maior carga hidráulica total para o de menor carga
hidráulica total. O fluxo de água através dos solos obedece a Lei de Laplace ou Equação de
Laplace.
NAM
h
NAJ
y
vy
vx dx vx + (∂vx/∂x)dx
x dy
vy + (∂vy/∂y)dy
Á medida que a água percola o solo, o potencial hidráulico total é reduzido, sendo que esta
queda representa uma perda de energia. Esta energia é perdida através do atrito viscoso da
água com as partículas, o que por sua vez provoca uma variação na pressão efetiva.
∆ h = hA - hB
A
hA B
A hB
uA
uB
∆L
A uA = hAγa FA = uAΑ
B uB = hBγa FB = uBΑ
γ a A (h A − h B ) h A − h B
fp = = γa fp = iγ a
A∆ L ∆L
A força de percolação altera a pressão intergranular (ou efetiva) e pode carrear partículas. Um
caso conhecido é o da areia movediça. Neste caso a força de percolação é suficiente para
equilibrar o peso das partículas de tal maneira que anula a pressão efetiva.
Ruptura hidráulica
• erosão interna (piping)
• levantamento de fundo
c
b
h
a
B
hw
C L solo
A
A condição de areia movediça ocorre para
γ sub h γ
h = L = sub i=
h
γa ou L γa como L logo
γ sub
i = = ic
γa
Hc = 2T/ Rγa
Influencia na resistência ao
cisalhamento dos solos parcialmente
saturados
Dentre esses problemas, destaca-se a erosão que pode conduzir a situações catastróficas,
como no caso de ruptura de barragens por piping. Portanto, quando da drenagem de solos
passíveis de erosão, há necessidade de protegê-los fazendo construir camadas de proteção,
que permitam a livre drenagem de água, porém mantenham em suas posições as partículas de
solo. Tais camadas, denominadas filtros de proteção, devem ser construídas com materiais
granulares (areia e pedregulho).
Para atender a essas condições básicas, Terzaghi estipulou duas relações bastante empregadas
para a escolha de um material de filtro.
D 15 filtro D 15 filtro
≤4a5 ≥4a5
D 85 solo e D 15 solo
O critério de Terzaghi não fornece as dimensões do filtro, mas apenas uma faixa de variação
parada sua composição granulométrica. Para estabelecer as dimensões, é necessário atentar
para as condições hidráulicas do problema.
Figura 1 – Escolha da faixa de variação granulométrica do filtro (Terzaghi)
Atualmente tem crescido a utilização de mantas sintéticas (tipo bidim), como material de
filtros, sobretudo na execução de drenos longitudinais em estradas, Figura 2. Como o
comportamento tem sido satisfatório e o seu uso tende a generalizar-se. É desnecessário frisar
que, havendo necessidade de o filtro ser construído por duas ou mais camadas de materiais
diferentes, deve-se obedecer aos critérios estabelecidos para duas camadas adjacentes.
1.6.1 Compressibilidade
Propriedade que os solos possuem de mudar de forma e/ou volume sob a ação de cargas
aplicadas.
Variação de volume:
• compressão das partículas sólidas;
• compressão dos espaços vazios e expulsão da água (solos saturados);
• compressão da água.
Fatores que afetam a compressibilidade:
• tipo de solo; tipo de estrutura; nível de tensões; grau de saturação.
CASO SOLOS ARENOSOS – por causa da rápida drenagem de água dos poros, o recalque
elástico e o adensamento ocorrem simultaneamente.
∆σ
NA
SOLO
t = 0 – não houve transferência de ∆u para ∆σ', portanto o recalque (∆h) é igual a zero;
t > 0 – houve alguma transferência de ∆u para ∆σ', logo ∆h > 0 e houve recalque;
t = ∞ – todo o excesso de pressão neutra foi transferido, e todo a adensamento primário (∆hp)
ocorreu;
Tv = fator tempo (adimensional);
t = tempo.
Cvt
Tv =
H2
Solo H=
Solo h/2
compresível h=H compresível
H=
h/2
impermeável permeável
Realizado através de uma equação deduzida em função da variação de volume (e) que a
camada sofre pela aplicação da pressão ∆σ. A dedução é simples e não necessita da Teoria de
Adensamento de Terzaghi.
NA ∆σ
∆hp
água água
Vvi Vvf
Solo
compresível
ht hi
Elemento
considerado hf
Vg sólidos Vg sólidos
∆e
∆hp = hi
1 + ei
Do ensaio, obtém-se o gráfico que relaciona a variação do índice de vazios (ef) e a pressão
efetiva aplicada.
∆e
tg α = = Cc
∆log (p ′2 − p 1′ )
Cc – coeficiente de compressão
ef1 A da reta virgem
∆e = Cc ∆ log (p ′2 − p 1′ ) ou
α B
ef2
p′
∆e = Cc log 2
p'a p'1 p'2 p 1′
p'1 – representa a pressão inicial do trecho considerado, por exemplo, a pressão inicial, devido
ao peso próprio do solo no meio da camada de solo mole (antes da aplicação de ∆σ);
1.6.5 ACELERAÇÃO DOS RECALQUES
A instalação de drenos verticais tem por finalidade acelerar os recalques através da redução
dos comprimentos de drenagem (vide Figura). Pelo fato da distância entre drenos ser
necessariamente inferior ao comprimento de drenagem vertical, o processo de adensamento é
acelerado, havendo uma predominância de dissipação do excesso de poro pressão no sentido
horizontal-radial e fazendo com que a drenagem vertical tenha menor importância.
Drenos de areia são instalados abrindo-se furos verticais na camada argilosa e preenchendo-os
com solo granular. O diâmetro dos drenos varia entre 0,20 m a 0,60 m. O diâmetro dos grãos
de areia deve ser especificado de forma a evitar a colmatação dos drenos (entupimento dos
drenos por carreamento dos finos). Materiais geossintéticos têm sido muito utilizados em
substituição aos drenos granulares ou mesmo como elementos de filtragem para evitar a
colmatação.
Deve-se ter em mente que, ao se realizar um rebaixamento do lençol freático, são introduzidas
certas alterações nas condições naturais do subsolo. Assim, poderão surgir danos no interior
ou no exterior da escavação, quando o rebaixamento é realizado incorretamente.
É preciso observar também se existe o perigo de ruptura hidráulica, por causa da presença de
águas artesianas, confinadas entre certos horizontes do subsolo.
Certos tipos de solos não saturados, constituídos por um esqueleto sólido, cujos poros são
muito grandes, denominados macroporos, às vezes visíveis a olho nu, por isso são chamados
de porosos, quando sob uma pressão qualquer maior que o peso de terra que está atuando
nele, for saturado por inundação, ocorre uma súbita compressão com o surgimento de
recalques imediatos. O processo que leva a ocorrência do colapso, em solos parcialmente
saturados, é um mecanismo complexo envolvendo características estruturais do solo, histórico
de tensões, propriedades físico-químicas do fluído percolante, bem como a forma (velocidade)
de migração desse fluído no solo. O fenômeno ocorre porque os grãos são simplesmente
ligados pelo contato entre si, ou fracamente cimentados ou mantidos unidos pelas forças
capilares que devido a inundação provoca o colapso da estrutura do solo e conseqüentemente
os recalques imediatos. A inundação, ou seja, a saturação destes solos pode se dar por vários
motivos, como chuvas, lançamento de água servida, vazamentos de redes de água pluviais e
esgotos, elevação do lençol freático, etc. Vargas (1973) definiu um coeficiente de colapso (i)
estrutural obtido no ensaio de adensamento, e, quando i > 0,02 (2%) o solo seria colapsível
(vide Figura). Em geral estes solos são permeáveis (k = 10-3 cm/s) e possuem baixa
compacidade (Nspt < 4).
∆e
i =
1 + e0
Curvas de adensamento de solos porosos (Vargas, 1977).
Considerando que a maioria das obras envolve estado plano de tensões, pode-se analisar as
tensões no estado bidimensional:
y σy y
σ1
τyx σ3
τxy σx
τxy
τyx x x
M
τ
ur
σ3
σ3 σ
σ1
(σ1+σ3)/2
Estado de tensões Círculo de Mohr correspondente
Princípio de Terzaghi: em solos saturados a tensão efetiva é igual a diferença entre a tensão
total a tensão neutra: σ' = σ - u
σ'1= σ1- u
σ'3= σ3- u
τmax = (σ
σ 1-
σ3)/2
τ'max = (σ
σ ' 1-
σ'
σ 3)/2
τmax = τ'max
0 critério de ruptura adotado em Mecânica dos Solos é conhecido como critério de Mohr-
Coulomb (1776).
τ = c + σtgφ
φ
Portanto, são dois os parâmetros de resistência dos solos: c (intercepto coesivo) e φ (ângulo de
atrito interno.
Valores típicos de φ (Fonte: Das, 2006)
Solo φ (º) Solo φ (º)
Areia (grãos arredondados) Areia (grãos angulares)
Fofa 27 – 30 Fofa 30 – 35
Média 30 – 35 Média 35 – 40
Compacta 35 – 38 Compacta 40 – 45
Pedregulho arenoso 34 – 48 Silte 26 – 35
Interpretação física das parcelas atrito e coesão (Quadro)
A B C D
c
σ
N
Iφ
Areia fofa – Exemplo: foram ensaiados 2 cp de uma mesma areia e num mesmo índice de
vazios, correspondente ao estado fofo, nas pressões confinantes de 100 e 200 kPa.
Areia densa – Exemplo: foram ensaiados 2 cp de uma mesma areia e num mesmo índice de
vazios, correspondente ao estado denso, nas pressões confinantes de 100 e 200 kPa.
A envoltória de resistência para areias fofas e compactas, obtida a partir dos máximos valores
de tensão desviadora está representada na Figura. A resistência ao cisalhamento pode ser
expressa na forma:
τ = σ'.tg φ'.
A envoltória é dada em termos de tensões efetivas (σ’= σ), uma vez que as pressões neutras
são nulas.
Fatores que afetam o ângulo de atrito das areias
Envoltória de resistência
Argilas NA: é uma reta passando pela origem: τ = σ’tg φ’ (comportamento semelhante às
areias fofas).
Argilas PA: a envoltória é curva, substituída por uma reta na solução de problemas práticos:
τ = c’ + σ’tg φ’
Para solos de baixa permeabilidade, como no caso de argilas, é comum que quase nenhuma
dissipação ocorra durante a aplicação da carga. Esta situação caracteriza uma solicitação não
drenada. Em carregamentos não drenados, tudo se passa como se a aplicação da carga fosse
instantânea, não havendo variação de volume devido à drenagem de um elemento genérico da
massa do solo.
A análise de um problema de estabilidade pode ser feito tanto em termos de tensões totais,
como em tensões efetivas. As solicitações não drenadas são típicas de solos argilosos.
Portanto, o estudo do comportamento dos solos argilosos é realizado utilizando amostras NA
e PA.
Uma amostra de argila saturada cisalhada em condições não drenadas deforma-se sem
variação de volume, devido à incompressibilidade dos materiais que compõem a amostra
(água e grãos).
As argilas pré-adensadas, ensaiadas com drenagem (CD), apresentam após pequena redução
de volume (compressão), uma dilatação, ou seja, uma absorção de água pela amostra.
Portanto, em carregamentos não drenados é razoável esperar que surjam poro-pressões
negativas, devido a tendência de aumento de volume do cp.
τ = c + σtg φ
e em termos de tensões efetivas, segundo a expressão:
τ’ = c’ + σ’tg φ’
Deve-se observar que, para solos PA, o excesso de poro-pressão gerado por um carregamento
é negativo, e portanto τ’ < τ (este comportamento é mais visível para altos valores de OCR –
solos fortemente pré-adensados). Consequentemente, a resistência ao cisalhamento do solo
tende a diminuir com o tempo e em análises a longo prazo a estabilidade da obra diminui (este
caso é crítico em escavações em argila saturada fortemente pré-adensada).
Observando o CM, para baixas tensões confinantes (elevadas razões de OCR) a poro-pressão
na ruptura é negativa e o círculo de tensões totais se localiza à esquerda do circulo de tensões
efetivas e para altas tensões confinantes (baixos OCR) a poro-pressão na ruptura é positiva e o
círculo de tensões totais se localiza a direita do círculo de tensões efetivas, a coesão total (c) é
maior do que a coesão efetiva (c’) e o ângulo de atrito interno total (φ) é menor que o ângulo
de atrito interno efetivo (φ’). Solos levemente pré-adensados exibem um comportamento
intermediário entre solos NA e fortemente PA.
1.8.4.3 Resistência ao cisalhamento das argilas saturadas não-drenadas (Ensaio
UU)
O ensaio UU (não drenado não adensado) é realizado sem permitir a drenagem em qualquer
estágio do carregamento (fase de adensamento e cisalhamento). Portanto, determina-se a
resistência ao cisalhamento não-drenado (Su ou Cu), mantendo-se inalteradas as condições de
campo do solo no início do ensaio (índice de vazios e teor de umidade).
Maciços terrosos com superfície inclinada em relação à horizontal. Podem ser naturais
ou artificiais. Nomenclatura:
Coroamento ou
FATOR DE SEGURANÇA:
FS < 1 – instável
Forças Resistente s
FS = FS = 0 – eminência de romper
Forças Atuantes 1,0 < FS < 1,40 – estável mas não seguro
FS > 1,4 – estável e seguro
Talude natural - é aquele que foi formado há muitos milhares de anos. Encontramos os
taludes naturais principalmente nas encostas de montanhas. Os taludes naturais, quando se
rompem, parecem que escorregam ao longo de uma linha curva. A parte de dentro afunda
mais depressa que a beirada. As casas tendem a tombar para dentro. Lá em baixo, parece que
o chão levanta. As casas tombam para dentro ou são levadas pela lama como se fossem
barquinhos.
Talude artificial - é aquele que foi construído pelo homem. Encontramos os taludes
artificiais principalmente nos aterros, nos bota-foras e lixões. Os taludes artificiais, quando se
rompem, parecem que escorregam ao longo de uma linha reta. A beirada afunda mais
depressa que a parte de dentro. As casas tendem a tombar para fora. Lá em baixo, a encosta
cai sobre as casas que ficam soterradas.
Um talude pode ser considerado como potencialmente instável a partir do momento em que as
tensões cisalhantes originárias de esforços instabilizadores sejam ou possam vir a ser maiores
que as resistências ao cisalhamento do material disponíveis em uma zona do maciço que
permita definir uma região potencial de ruptura.
Assim sendo, fatores que tendam a aumentar ou introduzir tensões cisalhantes, ou fatores que
tendam a diminuir a resistência ao cisalhamento do maciço, constituem causas potenciais de
instabilização de taludes.
Tensões Transitórias
· Decorrentes de vibrações
· Ocorrência de escorregamentos adjacentes
· Trovões etc.
Pressões Laterais
· Pressões de água em fraturas, fissuras, cavernas etc.
· Congelamento em descontinuidades
· Inchamento resultante da hidratação de minerais argílicos
· Mobilização de resistência residual
Outros Fatores
· Creep progressivo
· Ação de raízes e animais etc.
• desprendimento do material;
• deslizamento lento do solo (rastejo ou creep);
• escorregamento do solo (superficiais ou profundos);
• escorregamentos translacionais;
• ruptura por erosão;
• ruptura por liquefação.
Hipóteses:
• a SR é circular;
• a análise é bidimensional (estado plano de tensões);
• vale a Equação de Mohr-Coulomb;
• a resistência ao cisalhamento é mobilizada por completo e em toda a SR;
• as fatias de solo são independentes entre si;
• FS é definido como a relação entre a Rcisalhamento e os esforços cisalhantes ao longo da
SR;
• cálculo para um metro de frente de talude.
O L
z
T2
T1 P
D
E E2
P E1
T N
α
b
b
P α N
L NT
z1
γ P
NA γ z1 NA
NA
P z2
γsat γsat
z
z2
T α T N
N α
b
b
No caso, parte da fatia encontra-se submersa. Assim, σ' na base b da fatia será:
FS =
∑ (c′.b ) + ∑ [L.cosα.(γ sat .z 2 + γ.z 1 ) − u.b ].tg φ′
∑ (γ sat .z 2 + γ.z 1 .)L.senα
Hipótese: considera uma superfície de ruptura plana passando pelo pé do talude. A cunha
assim definida é analisada quando a estabilidade como se fosse um corpo rígido que desliza
ao longo desta superfície. Calcula-se um número de estabilidade (N).
AB = L C B Cm
90 - θ Aplicando a lei dos senos
P 90 + φm ao polígono de forças:
P
H
Cm R θ - φm P Cm
=
R φm sen(90+ φm ) sen(θ − φm )
A θ α
sen (α − θ )
1 H
P = Área × γ = .γ.L.
Peso da cunha: 2 senα (2) e substituindo
(1) em (1):
1 sen (α − θ ).sen (θ − φ m )
Cm = .γ .H.
Cm: 2 sen α .cosφ m (3)
circular
planar
As tensões induzidas pelo peso da cunha ABCD sobre a face CD têm como força resultante P,
que atua verticalmente no ponto médio do segmento CD. O peso se opõe a reação do resto do
maciço sobre a cunha, R. As forças do empuxo, lateral Fn-1 e Fn+1 devem ser iguais e ter linha
de ação coincidente.
d Peso (P) = H.L.1.γ
B Áreabase: A = d.1; (d =
A L/cosα) A = L/cosα
n n+1
P
Np Fn+1 Np = P.cosα e Tp = P.senα
n-1
Fn-1
H Tp SR Tensões atuantes:
D Np σ – tensão normal à SR
Tr Nr Tp τ – tensão cisalhante à
α u=0 SR
R
Tensões resistentes:
L τr = c' + σ'tgφ'
O
Tensões atuantes:
Tensões resistentes:
c`+ H . γ . cos 2 α . tg φ ′
FS =
H . γ . cos α . sen α
H . γ . cos 2 α . tg φ ′ cos α . tg φ ′ tg φ ′
FS = FS = FS =
H . γ . cos α . sen α sen α tg α
Caso de solos (c ≠ 0 e φ ≠ 0)
c`
H crit =
Cálculo do Hcrit (máxima altura do talude): γ . cos 2 α .(tg α − tg φ ′)
1.9.6 Medidas para Melhorar a Estabilidade de Taludes
Diversos fatores são responsáveis pela instabilidade de encostas e taludes. Uma das razões é
que, atualmente, o espaço limitado para a execução de obras determina cortes muito
inclinados em taludes. Em outros casos, a retirada da vegetação, chuvas torrenciais e águas
sub-superficiais podem criar instabilidade em taludes anteriormente imobilizados.
Proteção de Taludes
Condição de repouso
(u = 0 σ'v = σv)
σ'v = γ.z
σ'h = k0.σ'v
σ'h = k0.γ.z
k0 → COEFICIENTE DE
EMPUXO DE REPOUSO
Determinação de k0
∆σ
k 0 = h
1 – Ensaios triaxiais ∆σ v
2 – Por correlações
Valores típicos de k0
Material k0
Água 1,0
Areias 0,4 a 0,5
Argilas NA 0,7 a 0,75
Argilas PA > 1,0
Solos compactados 0,5 a 1,0
onde:
σ'h0 = pressão do solo
σ'v sobre o anteparo
σ'h σ'h = reação do anteparo
σ'h0 z sobre o solo
σ'v
E0 A resultante do diagrama
de pressões atuantes ao
longo do anteparo é o
Empuxo no Repouso (E0)
Condição de movimentação
Ativo – ocorre quando o anteparo se afasta do solo.
Passivo – ocorre quando o anteparo comprime o solo.
Empuxo Ativo
Sentido do deslocamento
do anteparo
Estado de equilíbrio plástico ativo
σ'ha = ka.γ.z
ka < k0
Ea A resultante do diagrama de pressões atuantes
ao longo do anteparo é o Empuxo ativo (Ea)
Empuxo Passivo
Sentido do deslocamento
do anteparo
σ'hp = kp.γ.z
kp > k0
Hipóteses simplificadoras:
1
Ea = γh 2 k a
2
CASO PASSIVO: No estado passivo, a tensão horizontal, σ'h, corresponde a tpM, σ'1.
1
Ep = γh 2 k p
2
Existência de um lençol freático fazendo com que parte do terreno fique submerso
No estado ativo:
1 1 1
E a = γh 12 + γh 1 h 2 + γ sub h 22 k a + γ a h 22
2 2 2
No estado passivo:
1 1 1
E a = γh 12 + γh 1 h 2 + γ sub h 22 k p + γ a h 22
2 2 2
1.10.2.2 Solos com Coesão e Atrito Interno (c ≠ 0 e φ ≠ 0)
σ 1′ = σ ′3 N φ + 2 c ′ N φ
No estado ativo:
1 + sen φ
Nφ =
1 − sen φ
2
γh 2ch
Ea = −
2N φ Nφ
No estado passivo:
γh 2 N φ
Ep = + 2ch Nφ
2
γh 2
Ea = − 2ch
2
No estado passivo: φ = 0 e Nφ = 1
γh 2
Ep = + 2ch
2
Ea = Empuxo
Ativo
(decomposto
N em N e Q)
Ea
P R =
resultante das
Q forças que
atuam na
base do muro
Ep (decomposta
em V e H)
H
Ep =
V Empuxo
R Passivo
1.10.3.2 Condições de Estabilidade de um Muro de Arrimo
a) Segurança ao tombamento
NT
Mr
St =
Ma Ma
Mr = momento
P resistente ao
Ea
tombamento.
d Ma = Momento
Mr atuante que provoca
A
a instabilidade do
muro.
x
b) Segurança ao deslizamento
NT Vtg φ a + cb
Sd =
H
P
Ea H = resultante dos esforços
horizontais (base).
Ideal resultante das forças no terço médio da base (próximo ao ponto médio) a
excentricidade (e) deve ser a menor possível distribuição de tensões uniforme e
menores intensidades sobre o solo de fundação.
Centro da base
e
b/3 b/3 b/3
V R
base
H
A B
σb
σa
NT
Ponto de aplicação de R:
P Mr - Ma
E e1 =
V
Casos de e1 da resultante:
R
b/3 b/3 b/3
A B Caso 1:
σb
σa R passa no terço médio
e1
Igualdades:
σa + σb
b = V (Forças)
2 e
σa − σb b
b = Ve (Momentos)
2 6 ou
σa + σb V σa − σb 6 Ve
= =
2 b e 2 b2
V 6e V 6e
σa = 1 + σb = 1 −
b b e b b
R
b/3 b/3 b/3
Caso 2:
A B
σb = 0 R passa no limite
σa
e1
2V
e σb = 0
σ a =
b
R
b/3 b/3 b/3
Caso 3:
A B
σb < 0
R passa no 1º terço
σa
e1
2V
σa =
3e 1 e Neste caso a distribuição de pressões será
triangular e limitada à parte de compressão.
σb < 0
σ adm σ adm
Sr = Sr =
σa ou σb
σadm = tensão admissível de ruptura do solo.
Possibilidade de ruptura do terreno segundo uma superfície de escorregamento que passe sob
o muro. (Análise de estabilidade de taludes).
Barbacãs de 100 cm2 de seção, a cada metro, ligados ao material do filtro no interior do muro.
Filtros – eficiência depende da granulometria do material. Uso de geotexteis.