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2. Enuncie os pressupostos processuais relativos ao tribunal, às partes e ao objeto do processo.
o Relativos ao tribunal competências internacional e interna e inexistência de compromisso arbitral;
o Relativos às partes personalidade judiciária, sujeição à jurisdição portuguesa, capacidade judiciária,
legitimidade, patrocínio judiciário obrigatório e interesse processual ou interesse em agir;
o Relativos ao objeto do processo aptidão da petição inicial e verificação dos requisitos da coligação simples
ou subsidiária e não verificação das exceções dilatórias de litispendência, do caso julgado.
o Absolvição da instância: Recusa de julgamento do fundo ou mérito da causa, por se verificar alguma das
irregularidades enunciadas na lei, absolvendo-se desde logo o réu. Aqui, extingue-se a relação jurídica
processual sem que haja decisão sobre a relação jurídica substancial, deixando esta intacta, por o tribunal se
ter visto na impossibilidade de conhecer do mérito da causa;
o Absolvição do pedido: Forma de composição do litígio em que fica definitivamente assente que o autor não
tem razão, que o seu interesse não é tutelado juridicamente do modo que pretende.
O vício de que enferma a petição, caracterizado como traduzindo a inviabilidade ou inconcludência, respeita ao fundo
da causa, que provoca o indeferimento liminar - ao qual nunca acresce a absolvição da instância. Assim, se o vício só
é detetado no saneador, a sua existência não conduz à absolvição da instância - pois esta é determinada exclusivamente
por motivos de carácter processual - postulando, antes, a absolvição do pedido.
4. Dê exemplos de pressupostos processuais inominados.
Catalogam-se ainda alguns pressupostos de inominados como, por ex., os da sujeição à jurisdição portuguesa
e do interesse processual (ou interesse em agir), para os distinguir dos nominados ou tipificados nos art.º 278.º e 577.º.
5. Quais são as razoes pelas quais se costuma referir que a lei processual se contenta com uma legitimidade
meramente aparente?
Esta questão insere-se no ambito dos pressupostos processuais relativos à legitimidade das partes. A
legitimidade prende-se uma posição perante a matéria controvertida no litígio determinado e concreto, ou seja, perante
o objeto do processo, tendo como critério aferidor conceito da legitimidade o do interesse relevante, o n.º 1 do art.º 30.º
considera que «o autor é parte legítima quando tem interesse direto em demandar; o réu é parte legítima quando tem
interesse direto em contradizer». Assim, a legitimidade processual é avaliada pelo interesse da parte perante o objeto do
processo, ou seja, pelo seu “interesse direto em demandar” ou “interesse direto em contradizer”, que se presume existir
quando se verifique a “titularidade da relação controvertida, tal como é configurada pelo autor”. A este pressuposto
processual assiste uma função especifica: a de garantir a utilidade social da sentença de mérito, através da
obrigatoriedade para as partes que estão em legítimo.
A ilegitimidade singular será, pois, rara, uma vez que o réu será sempre parte legítima se for sujeito da relação
controvertida tal como a configurou o autor (ou seja, se o autor delineou desse modo a relação a discutir, o verdadeiro
reu é o que ele indicou, aceitando-se a configuração que o autor quis dar a relação controvertida, sendo o réu do processo
é o que ele que demandar). Assim, não relevando, como critério aferidor da legitimidade, a (verdadeira) relação jurídica
substantiva tal como ela na realidade se constituiu, o tribunal já não terá antecipadamente de indagar do efetivo
estabelecimento (interpartes) dessa relação (de direito material) subjugada à sua apreciação. A ilegitimidade surgirá
apenas naqueles casos em que se verificar divergência entre as pessoas identificadas pelo autor e as realmente foram
chamadas a juízo, isto é, quando estas pessoas não são sujeitas da relação controvertida delineada pelo autor (erro de
identificação), uma vez que só nessa eventualidade as pessoas citadas não coincidirão com os sujeitos da relação
controvertida tal como delineada pelo autor.
Bastará, assim, uma legitimidade simplesmente aparente para que se torne possível conhecer do mérito do pedido:
uma nítida concretização da ambicionada prevalência das decisões de fundo sobre as decisões de mera forma. A parte
é sempre legítima se for tida como titular da relação jurídica tal como é configurada pelo autor na petição inicial. A
legitimidade perdeu, portanto, grande parte do interesse que tinha como pressuposto processual, o reu passara a ser
absolvido do PEDIDO em muitos casos em que, anteriormente, era ABSOLVIDO DA INSTÂNCIA.
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6. Distinga conflitos de jurisdição e conflitos de competência.
Distinção entre jurisdição e competência releva desde logo quando surgem conflitos, os quais podem ser de
jurisdição ou de competência (art.º 109.º, n.ºs 1 e 2).
O conflito de jurisdição (em sentido amplo) poderá surgir: - ou entre duas autoridades pertencentes a diferentes
atividades do Estado, como entre a atividade judicial e a atividade administrativa (por ex., entre um juiz de direito e um
presidente de uma câmara municipal); - ou entre tribunais pertencentes a ordens jurisdicionais diferentes (por ex., entre
um tribunal judicial e um tribunal administrativo). Se ambas as autoridades se arrogarem o poder de conhecer de uma
determinada questão, surgirá um conflito positivo de jurisdição; se ambas declinarem esse poder, gerar-se-á um conflito
negativo de jurisdição (art.º 109.º, n. 1).
Ocorrerá um conflito de competência quando dois ou mais tribunais da mesma ordem jurisdicional se consideram
competentes ou incompetentes para conhecer da mesma questão (art.º 109.º, n.º 2): - conflito negativo de competência
quando, por exemplo, um tribunal cível e um tribunal de comércio (tribunais da mesma ordem jurisdicional) se atribuírem
mutuamente a competência, negando a própria, para conhecer de determinada questão; - conflito positivo de
competência se ambos os tribunais se considerarem competentes para conhecer da mesma questão (art.º 109.º, n.º
2)1.
Os conflitos de jurisdição são resolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal dos Conflitos,
conforme os casos: - pelo Tribunal de Conflitos1, se suscitados entre as autoridades e os tribunais administrativos ou
entre os tribunais judiciais e qualquer deles (autoridades ou tribunais administrativos); - pelo Supremo Tribunal de
Justiça todos os demais conflitos de jurisdição. Os conflitos de competência são solucionados pelo presidente do
tribunal de menor categoria que exerça jurisdição sobre as autoridades em conflito (art.º 110.º, n.ºs 1 e 2); serão, assim,
dirimidos: - pelo Presidente do Tribunal da Relação do respetivo distrito judicial, o conflito suscitado entre tribunais de
1.ª instância pertencentes a essa mesma circunscrição; - pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, se os
tribunais em conflito pertencerem a diferentes distritos judiciais.
7. Quais são os critérios aferidores decisivos para a delimitação entre jurisdição comum e jurisdição
administrativa? Qual ou quais as entidades às quais compete dirimir os eventuais conflitos surgidos entre a
jurisdição comum e a jurisdição administrativa?
O poder jurisdicional está repartido por categorias de tribunais, de acordo com as matérias das causas suscitadas
perante eles – cf. arts. 209.º e segs. da Constituição da República Portuguesa –, consagrando a existência, a par do
Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas, de uma dualidade de jurisdições: a jurisdição comum e a jurisdição
administrativa. O art. 212.º, n.º 3, da CRP estabelece: “compete aos tribunais administrativos e fiscais o julgamento
das ações e recursos contenciosos que tenham por objeto dirimir os litígios emergentes das relações jurídicas
administrativas e fiscais”. Por seu turno, de acordo com o art. 211.º, n.º 1, da CRP: “os tribunais judiciais são os tribunais
comuns em matéria cível e criminal e exercem jurisdição em todas as áreas não atribuídas a outras ordens judiciais”.
Consagra-se, na última parte deste preceito constitucional, o princípio da competência genérica ou residual dos
tribunais comuns. A CRP instituiu duas ordens jurisdicionais distintas, hierarquicamente encimadas (e em plena
paridade) pelo Supremo Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Administrativo, respetivamente, sem prejuízo da
competência própria do Tribunal Constitucional (cfr. os respetivos art.º 210.º, n.º 1 e 212.º, n.º 1). A competência do
tribunal afere-se, como é doutrinal e jurisprudencialmente aceite, inclusive por este Tribunal de Conflitos, pelo
pedido formulado pelo Autor/Requerente e pelos fundamentos invocados (causa de pedir).
Critérios legais delimitativos: A matéria da delimitação do âmbito da jurisdição administrativa é regulada pelos
critérios do n.º 3 do art.º 212.º da CRP e dos art.ºs 1.º, n.º 1, e 4.º do ETAF/20022.
De um modo geral, pertence hoje ao âmbito da jurisdição administrativa a apreciação de todos os litígios que versem
sobre matéria jurídico-administrativa e cuja apreciação não seja expressamente atribuída, por norma especial, à
competência dos tribunais judiciais. O critério aferidor decisivo (constitucionalmente consagrado) da competência
dos tribunais administrativos reside, pois, na existência (ou não) de um litígio sobre uma relação jurídica
administrativa ou fiscal - entendida esta como uma relação regulada por normas de direito público administrativo, que
atribuam prerrogativas de autoridade ou imponham deveres, sujeições ou limitações especiais a todos ou a alguns dos
intervenientes, por razões de interesse público, o que não sucede no âmbito de relações de natureza jurídico-privadas.
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Neste âmbito das relações jurídico-administrativas, a Administração intervém numa posição de supremacia, na
exercitação do seu jus imperii, enquanto que nas relações jurídico-privadas (v. g. no domínio dos contratos de direito
privado) age em pleno pé de igualdade com os particulares.
De resto, e segundo o princípio da delimitação negativa da jurisdição, os tribunais judiciais - tribunais comuns
em matéria cível e criminal - «exercem jurisdição em todas as áreas não atribuídas a outras ordens judiciais» (art.º
211.º, n.º 1, da CRP).
Coligação:
Na coligação há um si processo e varias ações, diferentes relações materiais jurídicas controvertidas, vários direitos
violados, havendo uma conexão que justifica o agrupamento. Aqui, cada uma das partes possui s seus próprios
interesses, não comuns, mas tem todo o interesse que a ação seja proposta pelas partes. Exemplo – A comprou o seu
próprio apartamento e B também, etc., no entanto, o estacionamento não esta bem dividido no condomínio. Assim, todos
os condominus e conjunto propõe uma ação, varias ações intercruzadas, para cada um ver o seu lugar dividido. Juntam-
se, mas são interesses individuais; dois lesados no mesmo acidente propõem uma acção de indemnização, fazendo
cada um valer o seu direito.
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9. O que entende por incompetência absoluta e relativa do tribunal?
Quando falamos de incompetência, falamos de vícios, e podemos distinguir dois conceitos: incompetência
absoluta, que se verifica aquando da infração das regras de competência em razão da matéria, da nacionalidade e da
hierarquia (violação de normas de interesse e ordem pública traduzida na postergação [adiamento] do interesse público
geral da boa administração da justiça; as consequências ao nível da incompetência absoluta são mais severas); ou, por
outro lado, a incompetência relativa, que subjaz uma infração às regras da divisão judicial do território, do valor da causa
e da forma de processo aplicável (violação de normas de interesse e ordem particular). O momento significativo e decisivo
a atender para efeitos da aferição de cada uma das violações às regras de competência do tribunal é o da propositura da
ação. Uma vez fixada a competência por reporte a esse momento, serão irrelevantes as modificações de facto ulteriormente
corridas (art.º 38.º, n.º 1, da LOSJ).
Incompetência absoluta (artigo 96.º CPC): nos termos do art. 96º CPC, têm-se que a infração das regras de
competência em razão da matéria e hierarquia, assim como as de competência internacional originam um vício
processual, a incompetência absoluta. Tem legitimidade para arguir a incompetência quais quer partes, e deve ser
conhecida oficiosamente pelo tribunal, em qualquer estado do processo, enquanto não houver sentença com
trânsito em julgado sobre o fundo da causa» (art.º 97.º, n.º 1). A consequência da incompetência absoluta assenta
na absolvição da instancia ou indeferimento em despacho liminar (ato do juiz pelo qual se rejeita a petição ou
requerimento inicial, em função da manifesta inviabilidade da ação), nos termos do art. 99º CPC. A decisão
declaratória da incompetência absoluta do tribunal (ou juízo) tem apenas valor de caso julgado formal, só valendo,
no respetivo processo (art.º 100.º), não surtindo, pois, o alcance de caso julgado material (cfr. art.º 619.º e 620.º).
Solução esta destinada a preservar a liberdade de julgamento de cada juiz sobre a sua própria competência.
EXCEÇÃO: quando haja mera violação dum pacto privativo de jurisdição, não há incompetência absoluta do
tribunal ou juízo saiu da incompetência absoluta uma vez que é uma incompetência que resulta da violação de
um pacto – quando se retira competência internacional aos tribunais português quando eles a tinham entende-se
que o regime da incompetência absoluta não é adequado a uma convenção entre as partes. Contudo a
consequência típica da incompetência relativa não é adequada para estes casos. Deste modo para o pacto privativo
de jurisdição aplica-se a consequência das exceções dilatórias, ou seja, a absolvição do réu da instância.
Incompetência relativa (art. 102 CPC): infração das regras de competência fundadas no valor da causa, na forma
do processo aplicável, na divisão judicial do território ou decorrentes do estipulado nas convenções. A
incompetência relativa em regra não é de conhecimento oficioso pertencendo a sua arguição ao réu, sendo o
prazo de arguição o fixado para a contestação, oposição ou resposta ou, quando não haja lugar a estas, para outro
meio de defesa que tenha a faculdade de deduzir (art.º 103.º, n.º 1), no entanto, a incompetência em razão do valor
da causa é sempre do conhecimento oficioso pelo tribunal, seja qual for a ação em que se suscite (art.º 104.º, n.º
2). A consequência típica das exceções dilatórias ou da falta de pressupostos, ou seja, absolvição do réu da
instância. Art. 678º/2: há sempre recurso para o STJ independentemente do valor da casa, consagrando-se um
desvio a regra geral do recurso. Efeitos Art. 105º existe a remessa do processo para o tribunal competente e no
Art. 105º/2 diz-nos que a decisão é obrigatória mesmo fora do processo – força de caso julgado material.
[se a exceção for julgada procedente, o processo é remetido para o juízo competente, salvo se a incompetência
radicar na violação de pacto privativo de jurisdição. Neste caso, como o juiz não pode remeter oficiosamente o
processo para o tribunal estrangeiro competente, só lhe resta, como alternativa, absolver o réu da instância (cfr. o n.º
3 do art.º 105.º). No caso de remessa do processo para outro tribunal (nacional) que seja competente, não há lugar a
decisão de absolvição da instância, uma vez que vai prosseguir a sua tramitação normal no tribunal remetido,
porquanto a instância não foi (ainda) julgada extinta (art.º 278.º, n.º 2).]
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10. Distinga legitimidade das partes e interesse processual.
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11. Qual o interesse processual subjacente as ações constitutivas, simples apreciação e aos procedimentos
cautelares?
Nos termos do artigo 10.º do CPC consagram-se os vários tipos de ações:
Ações Declarativas: aquilo que se pede ao tribunal é que ele diga a solução que o direito substantivo dá a um
determinado litígio
Apreciação: de simples apreciação (positiva ou negativa) quando o autor pede ao tribunal que declare a
existência ou inexistência de um direito ou de um facto jurídico (n.º 3, al. a));
Condenação: são as mais frequentes, sendo que em primeiro lugar o juiz verifica se o direito que o alega
existe (comum a todas as ações declarativas). De seguida o juiz verifica se o direito foi violado. Por ultimo,
o juiz dá ao réu uma ordem de condenação (realização da prestação corresponde e adequada à reparação
do direito violado).
Constitutivas: visa autorizar uma mudança na ordem jurídica existente. Através da declaração dos
tribunais está se a proceder ao ser exercício adequado. Tratam-se de ações adequadas ao exercício de
direitos potestativos de exercício judicial. Exemplo: apenas com a sentença o contrato é anulável. Em
geral são utilizadas no exercício dos direitos potestativos, como por exemplo, (1) no exercício judicial da
ação de divórcio e (2) no exercício extrajudicial do direito de resolução.
Ações Executivas: o autor (credor) quer a satisfação material do seu direito. Não serve para discutir a existência
material do seu direito. Têm como objetivo que o tribunal adote as providências necessárias com fim à execução
do direito.
PROCEDIMENTOS CAUTELARES as providências cautelares são instrumentais visando garantir que a
sentença de uma ação seja eficiente. O objetivo assenta em garantir que o tempo que demoram as ações não
faça que uma alteração das circunstancias impossibilite o cumprimento da sentença.
INTERESSE PROCESSUAL:
Ações de condenação e nas executivas, o interesse resulta da inadimplência (falta de cumprimento) do
demandado e do executado (não sendo obrigatório o recurso prévio à via extrajudicial); nas ações condenatórias,
pode mesmo prescindir-se da atualidade da violação do direito - bastando-se a lei com a ameaça ou a simples
previsão dessa violação - , uma vez que é possível formular um pedido de prestações vincendas (tratando-se de
prestações periódicas) ou de prestações futuras nos termos dos n.ºs 1 e 2 do art.º 557.º e solicitar uma
condenação (in futurum), mesmo em caso de não inexigibilidade da obrigação no momento em que a ação foi
proposta, observado que seja o condicionalismo do art.º 610.º;
Ações constitutivas (v.g., nas ações de divórcio ou de separação litigiosa, de alimentos ou de preferência) o
interesse processual radica na circunstância de o direito potestativo correspondente não ser (na generalidade
dos casos) exercitável por simples manifestação unilateral de vontade do seu titular, necessitando, por isso, do
recurso às vias judiciais; pelo que, uma vez formulado o pedido, o interesse processual surge como
incontroverso; ou, mesmo que não obrigatoriamente exercitável por via judicial (v.g., a constituição de uma
servidão legal de passagem), o recurso direto à via litigiosa possa revelar-se justificável por razões relevantes e
plausíveis de natureza casuística.
Ações de simples apreciação, o interesse processual do demandante surge quando ocorre um estado de
incerteza objetiva, séria e grave - resultante de um facto exterior (que não de uma mera dúvida subjetiva sua) -
sobre a existência ou inexistência do seu direito, assim o desvalorizando ou diminuindo em termos de fruição ou
de consistência prático-económica (v.g. um prejuízo para o bom nome, honra ou dignidade pessoal ou para o
crédito junto de instituições financeiras ou dificultação de atos de disposição de bens. A gravidade da dúvida
deve, pois, aferir-se pelo prejuízo ou desvantagem, de ordem material ou moral, que a situação de incerteza
possa acarretar para o autor ou demandante3.
Procedimentos cautelares, o interesse processual consubstanciar-se-á no chamado periculum in mora
(fundado receio de que outrem, antes de a acção ser proposta ou na pendência dela, cause lesão grave e
dificilmente reparável a tal direito), cuja existência e demonstração em summaria cognitio constituirá, aqui sim,
uma verdadeira condição da ação.
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12. O que entende por “parte processual” e por “personalidade judiciaria”?
A personalidade judiciária consiste na suscetibilidade de ser parte (art.º 11.º, n.º 1). Partes são as pessoas que
requerem ou contra as quais é requerida - agindo em nome próprio, de per si ou através de representante - uma dada
providência de tutela jurisdicional reconhecida por lei. Pelo lado ativo, a parte chama-se autor, requerente, demandante
ou exequente. Pelo lado passivo, a parte assume a designação de réu, requerido, demandado ou executado.
Quando nos deparamos no ambito da caracterização das partes em si, temos de, primeiramente, mencionar a sua
personalidade judiciária. Apura-se a personalidade judiciária através do artigo 11.º, número 2 do CPC, que nos diz que
quem tiver personalidade jurídica tem igualmente personalidade judiciaria, existindo, aqui, um principio de coincidência
entre a personalidade jurídica e a personalidade judiciaria. Primeiramente, há que definir personalidade jurídica. Ora,
entende-se por personalidade jurídica a suscetibilidade de ser titular de direitos e obrigações, “reconhecendo-se” esta
última na pessoa física. Por outro lado, define-se personalidade judiciária através da suscetibilidade de ser parte em
juízo, ou seja, a possibilidade de instaurar uma ação ou de ver instaurada uma ação contra si. Deste modo, e por força
desse princípio da coincidência, todos os indivíduos gozam de personalidade judiciária ainda que sejam menores,
interditos ou inabilitados, pois todos eles podem ser sujeitos (e titulares) de relações jurídicas. Acrescenta-se ainda a
ideia de que tanto a personalidade jurídica, como judiciária, se aplicam a pessoas singulares a pessoas coletivas.
Nota por vezes, há personalidade judiciária, mas não há personalidade jurídica. Temos como exemplo a
herança jacente - entende-se que esta é uma herança/património cujo titular já faleceu, mas que ainda não está
encabeçado em pessoa jurídica (quando o herdeiro seja desconhecido ou porque os herdeiros legítimos ou
testamentários tenham renunciando à herança, após requerimento — artigos 1039.º a 1041 do CPC). Quer isto dizer
que, para a Lei portuguesa, estamos perante uma herança jacente (independentemente de existirem ou não herdeiros e
serem ou não conhecidos) aquela que ainda não foi aceite, até porque em última instância existirá sempre um herdeiro,
nomeadamente o Estado (artigo 2132.º do CC, que consagra os herdeiros legítimos); outros exemplos serão as
sociedades civis, o condomínio resultante de propriedade horizontal, sucursais (quem tem personalidade jurídica é a
sociedade na qual está sediada a pessoa coletiva, sendo que a sede seria a quem deveria ser instaurada a ação; no
entanto, desde que ação proceda de factos por ela (sucursais) praticados, esta obtém a personalidade judiciaria).
13. Distinguir entre questão jurídica prejudicial e causa prejudicial.
Questão jurídica prejudicial será aquela cuja solução constituía pressuposto necessário da decisão de mérito.
Causa prejudicial existirá quando uma dada questão for (a se) objeto autónomo de outra ação, como tal podendo constituir
fundamento de suspensão da instância por determinação do juiz, nos termos do art.º 272.º. Por exemplo, a ação de
anulação de um contrato de compra e venda constitui causa prejudicial em relação a uma outra ação em que se pretende
exercer o direito de preferência na respetiva aquisição.
14. Ilegitimidade plural e singular
Singular violação do artigo 30, nr 1 e 2;
Plural não seja assegurado o litisconsórcio necessário; Não seja assegurada a coligação necessária.