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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

O conceito de relação empregatícia é amplo, genérico. Entre as diversas


significações, Saraiva (2006, p.34), ”relação de trabalho corresponde a
qualquer vinculo jurídico por meio do qual uma pessoa natural executa obras
ou serviços para outrem, mediante o pagamento de uma contraprestação”. De
acordo com Resende (2016), um dos requisitos para se enquadrar na relação
de emprego é que exista exploração do labor humano pessoa física descartada
pessoa jurídica, pois mesmo sendo contratado, o serviço será prestado por
humanos que atuem em seu nome. É verdadeira a assertiva segundo a qual
toda relação de emprego é relação de trabalho, mas nem toda relação de
trabalho é relação de emprego, (RESENDE, 2016, p.127).
Um dos vários argumentos que são utilizados para descaracterizar a
existência do vinculo de emprego com a tomadora de serviços UBER é sobre o
meio de produção, aduzindo o fato de que o veiculo e o celular usado no
serviço pertence unicamente ao motorista, deixando a entender certo aspecto
de autonomia com a prestação de serviço, reforçando ainda mais a ideia de
liberdade na jornada de trabalho.
Mas deve-se atentar que meios de produção diferenciam-se de
ferramentas de trabalho, pois aquele se refere a um conjunto material que
proporciona junto com a força de trabalho o “modo de produção” e isso já
acaba desconstituindo a ideia de individualização antes afirmada, sem olvidar
que o motorista se utiliza da plataforma da própria empresa, dando mais
credibilidade a ideia da não autonomia. Outro ponto a ser abordado é em
relação à subordinação, há posicionamentos contrários que utilizam
argumentos rasos, no sentido da inexistência de ordem ou coordenação a
prestação de serviços dos motoristas, esquecendo-se dos ensinamentos
doutrinários, visando apenas à literalidade da lei.
De acordo com a doutrina existem duas modalidades de subordinação
uma subjetiva que retrata a situação de ordem do empregador em face do
empregado, fiscalizando suas atividades de forma direta e a subordinação
estrutural que se enquadra perfeitamente na relação UBER-motorista, pois há
integração do trabalhador na estrutura da empresa, sendo a mesma
beneficiada pelos serviços prestados. Subordinação é a obrigação que o
empregado tem de cumprir a ordens determinadas pelo empregador em
decorrência do contrato de trabalho. É o estado jurídico que se encontra o
empregado em relação ao empregador. É o objeto do contrato de trabalho.
Supondo-se que o contrato de trabalho fosse uma moeda. O empregado vê
um lado da moeda como subordinação, enquanto o empregador enxerga o
outro lado da moeda como poder de direção. A subordinação é o aspecto da
relação de emprego visto pelo lado do empregado, enquanto poder de direção
é a mesma acepção vista pela óptica do empregador. (MARTINS, 2013, p.
147)

De acordo com Maurício Godinho “estrutural é, pois, a subordinação que


se manifesta pela inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus
serviços, independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas
acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e funcionamento.”
Diante dessa analise a é possível afirmar a existência de tal vinculo visto que
não se trata de um mero aplicativo, mas de uma empresa com grandes
investimentos e de alta tecnologia que “usa” como instrumento um aplicativo e
que por meio disso consegue captar esses motoristas, viger deles
determinados pontos a serem seguidos e a partir disso oferecê-los no mercado,
não de uma maneira livre, mas de forma controlada.
A UBER como empresa realiza o controle de seus trabalhadores não
somente com premiações, mas também com o uso de punições, deixando claro
o caráter não autônomo de suas atividades, outro ponto é que não se colocam
a disposição dos clientes, mas sim, á disposição da UBER, pois é através de
seu banco de dados de usuários que da inicio a prestação de serviços. Há
correntes que entendem que não, mas deve-se ater a nova realidade, as coisas
mudam, evoluções surgem com o passar do tempo aplicações e serviços como
a própria UBER são tratados como disruptivos, ou seja, eles alteram a lógica
do que já esta acontecendo.
No tocante a eventualidade ou não do serviço prestado pelo motorista
deve-se levar em consideração o perfil econômico do mesmo, pois as grandes
maiorias dos motoristas buscam a UBER como forma de subsistência primaria
e não somente complementar. Logicamente terá mais tempo para “lucrar” com
a UBER tendo muitas vezes extensas jornadas de trabalho podendo até esmo
extrapolar às oito horas diárias que é o lapso de tempo definido por lei salvo
profissões onde a caga horaria é diferenciada. Vólia Bomfim Cassar (CASSAR,
2015, p. 633) descreve que “a duração do trabalho está limitada há 8 horas por
dia, no limite de 44 horas semanais – art. 7º, XIII, da CRFB. Todo trabalho
acima destes patamares é considerado como extraordinário”.
3 JUSTIFICATIVA

Em face do avanço tecnológico e do acelerado mercado competitivo,


cada vez mais empresas fazem o uso de modernas tecnologias como
estratégia de negocio. Empresas como a UBER utilizam dessas ferramentas
para dirigir as atividades de seus empregados mesmo à distância. O conceito
de tal modalidade, ou seja, da telessubordinação já é encarado com certa
naturalidade, pela justiça do trabalho incluído no artigo 6º da CLT a partir da
promulgação da Lei nº 12.551/2011. É importante analisarmos os efeitos gerados
tanto no mercado quanto nas relações de trabalho, visto a grande insatisfação
por parte de alguns trabalhadores vinculados a estrutura da empresa e de seus
concorrentes diretos como os taxistas e afins ligados ao ramo de transporte.

O que se percebe é que a única forma de combater qualquer problema


que possa surgir com a entrada dessas novas empresas no mercado de
trabalho é a sua regulamentação, estabelecendo parâmetros para seu
funcionamento, dando segurança rídica a seus concorrentes, a exemplo dos
próprios taxistas evitando assim a canibalização através da disputa por
clientes. Sempre observando o principio da livre iniciativa contido nos artigos 1º
e 170º da constituição federal.
3 METODOLOGIA

A pesquisa feita nesse trabalho foi construída de modo descritivo e


explicativo pautada na bibliografia de autores renomados no assunto, partindo
de suas doutrinas e lei especifica, utilizando uma abordagem indireta sobre
varias temáticas, envolvendo o ramo jus laboral. Sempre buscando como
metodologia a sustentação hipotética dedutiva. Reforçando as hipóteses
abordadas á critica intersubjetiva operando de forma indireta sobre noticiários,
periódicos e revistas a fim de dar mais know-how à pesquisa.
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª edição. Revista e Atualizada.


Atualizada de acordo com o Novo CPC Lei 13.105 de 16.03.2015. Editora Método.
São Paulo. Ano 2015

DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 11 ed. São Paulo: LTr,


2012.

MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 29 ed. São Paulo: Atlas, 2013.

SARAIVA, R. Direito do Trabalho para concursos públicos. 4 ed. São


Paulo: Método, 2006.

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