Maria das Dores Gomes

Ja
Presidente da Associação Cabo-verdiana das Mulheres Juristas

“Magistrados
não são aumentados
há 14 anos”
Em entrevista, a Juíza analisa alguns dos problemas com
que a Magistratura se debate: não são dadas condições
aos magistrados e a Justiça ressente-se. Questionada por
Já, Maria das Dores Gomes deixa aviso claro: a Polícia não
SEMANÁRIO GRATUITO pode substituir-se aos Tribunais – não lhes cabe
julgamento, nem triagem. Isso compete à Procuradoria.
ANO I • N.º 7 • 3 Setembro 2010
Director: Vlademiro Marçal Infelizmente, este princípio é ignorado e a Justiça sofre
Propriedade: Medi@Capital, SA Centrais

Isto vimos Parlamentar saca luz à Electra

Mindelo: ou tchuk
ou gente
No chão, mesmo
debaixo do poste, um
cabo sai em direção à casa
do deputado
A segunda maior cidade do País está
rodeada por uma cintura de chi-
queiros: gente pobre que vive na peri-
feria tem o porco como o seu mea-
lheiro. Apesar dos protestos contra o
mau cheiro e as ameaças à saúde
pública, a Câmara vicentina hesita em
eliminar as pocilgas. É que, desapare-
cendo elas, agrava-se a miséria da
população. É um problema complica-
Regra de deputado Robalo:
“Se não tem, vá roubá-lo”
do, resultado da enorme pobreza em
que vivem as pessoas
Pág. 12

Bai-bai
Acontece na cidade da Praia: um deputado (do PAICV), morador em Terra Branca, não esteve com
Caso meias medidas – fez uma ligação ilegal a um poste de iluminação pública e rouba, desse modo, a
Santaninha: Electra. Já foi confirmar e topou o flagrante: a Electra, preocupada com fantasmas “sabotadores”, é
retaliação que ainda não deu por isso. E o deputado Robalo lá segue feliz da vida: com eletricidade à borla.
Afinal, segue o exemplo de um ministro que, no Palmarejo, fez o mesmo e não lhe aconteceu nada
Deu brado o “caso Santaninha”,
trazido a lume por Já na sua
anterior edição: construção
Pág. 9
clandestina em Terra Branca,
Praia, que a Fiscalização Sem perdão Na rota dos dias
Municipal interrompeu.
O prevaricador exaltou-se e
ameaçou de pistola em punho –
Tropa indignada Brambram
foi preso. Mas como é primo do
Comandante Regional da Polícia,
foi mandado soltar, recebendo de
volta a pistola. Agora, este caso
tem desenvolvimento: a Esquadra
Polícia algema comandante na formatura
Militares vieram à Praia para juramento de
bandeira e desfile do 5 de Julho. Não tive-
“Guantanamo” (Achada de
S. Filipe) quis mostrar serviço ao
Comandante. Prendeu o fiscal e
das Forças Armadas ram direito a ajudas de custo nem gostaram
das instalações onde foram colocados, con-
sideradas impróprias para seres humanos.
Por isso, retiraram-se e procuraram local
apreendeu-lhe uma pistola que
nem sequer está operacional.
Diz o advogado do fiscal: é
T odos sabem que à Polícia Nacional é vedado
deter militares fardados ou identificados como
tal. Todavia, um agente de Trânsito nem pestanejou
Forças Armadas. E foi por um triz: ainda houve quem
quisesse chamar a tropa para resolver o assunto –
tratava-se de um insulto aos militares praticado por
para ficar, pagando do seu bolso. Os proble-
mas começaram quando souberam que os
“retaliação política”. Isto ainda para dar ordem de prisão e algemar um tenente coro- um agente da Polícia graduados tiveram ajudas de custo.
vai dar muito que falar nel em pleno Aeroporto da Praia: nada mais nada Perguntam: como é? Então há filhos e en-
menos que o Comandante de Logística e Finanças das Pág. 5 teados?
Pág. 20
Pág. 3
2 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
ITAC dá troco
Do Conselho de Administração da ITAC-SA, recebeu a redação de Já, ao abrigo do direito de resposta,
nota refutando reportagem por nós publicada sobre o Serviço Público de Inspecção Técnica de
Veículos Automóveis, em S. Vicente. Publicamo-la como certamente publicaremos o que a nossa
delegação em S. Vicente aprouver responder.
“1. A inspecção e reinspecção técnica
a veículos sempre existiram em Cabo
Verde;
2. Em Maio de 2005 foi firmado,
entre o Estado de Cabo Verde a
sociedade anónima “MADINSP –
Inspecção de Veículos, S.A.”, um
contrato de concessão do Serviço
Público de Inspecção Técnica de
Veículos Automóveis (ITVA), em
Cabo Verde, Publicado no Boletim
Oficial nº 20,III Série, de 27 de Maio
de 2005.
3. O referido contrato baliza a
actuação da Concessionária e do
Concedente, enumerando, entre
outros aspectos, os direitos e deveres
de cada uma das entidades.
4. Só em 2007 ficaram reunidas as
condições para a Madinsp, através da
uma sociedade de direito cabo-
verdiano – ITAC SA – dar início ao
serviço público de inspecções na
Cidade da Praia e, em 2009, em São
Vicente, substituindo-se, assim, ao
Estado na sua prestação e exercendo a
sua actividade dentro do
enquadramento legal existente; ou
seja, realizando os mesmos serviços e
cobrando os preços fixados na lei.
5. Até ao momento, só devido a
constrangimentos operacionais,
alheios à vontade quer da
Concessionária quer da Concedente,
ligados essencialmente à falta de
meios técnicos nas restantes ilhas do
arquipélago de Cabo Verde, a ITAC-
SA ainda não conseguiu reunir as
condições necessárias ao exercício da
actividade de ITVA nas restantes
ilhas, conforme previsto no contrato
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do País
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
de concessão firmado.
6. Os constrangimentos apontados na
alínea anterior, estão ultrapassados e,
a breve trecho, contamos que o
serviço de ITVA possa ser exercido
nas demais ilhas do país.
7. Quanto aos exemplos que são
dados, os mesmos primam pela
falsidade. Perante as notícias foram
efectuadas averiguações e os dados
falam por si:
a) Dados relativos às inspecções
realizadas em 2009:
• Taxa de aprovação – 92,32%
• Taxa de reprovação – 7,68%
b) Dados relativos ás inspecções
realizadas em 2010, de Janeiro a
Julho:
• Taxa de aprovação – 83,41%
• Taxa de reprovação – 16,59%
8. No que respeita ás “anomalias”,
refira-se que quando são detectadas,
são registadas na ficha de inspecção
do veículo e podem ser comprovadas,
por qualquer outra entidade, caso o
seu proprietário assim o decida.
Os exemplos são falsos, e se dúvidas
houverem, podem ser retiradas por
consulta ao respectivo print da ficha
de inspecção do veículo referido, em
que se pode atestar:
• Que o valor cobrado foi de 1840
Esc. não 2800 Esc;
• Que na viatura foram detectadas,
para além da falta do pneu de
reserva, outras tantas anomalias,
em que se realça, um desvio de
direcção superior a 10M/km
(12,9m/km), situação esta que
prova que o IVECO em questão
passou pelas máquinas
(computador) e contraria o
respectivo artigo onde se refere
que não indicou qualquer
anomalia.
9. A ITAC-SA, enquanto
concessionária de um serviço de
interesse público, está consciente do
seu papel porquanto tem presente
quer a importância da actividade para
a segurança de pessoas e bens, quer a
imperatividade de cumprir com a
prestação de um serviço de qualidade.
10. Nesse sentido, tem solicitado
junto de variadas instituições uma
colaboração atenta ao nível da
fiscalização, de modo a poder aferir
da realização ou não das inspecções, e
tem suscitado a criação de condições
básicas que lhe permitam levar os
seus serviços a todos os pontos do
país.
Refira-se a título de exemplo, que no
passado mês de Janeiro a ITAC-SA
formou e certificou 10 técnicos
inspectores.
11. Relativamente aos consumidores,
a ITAC-SA apresentou à Tutela um
programa de sensibilização que
espera venha a ser implementado
ainda no corrente ano.
Pelo exposto, a ITAC-SA refuta na
íntegra o teor do artigo veiculado no
“Jornal Liberal”, bem como o teor do
artigo do “JÁ”.
Mais informa que se o intuito desses
jornais for informar, está aberta a
esclarecer e convida a todos os órgãos
de comunicação a participarem na
campanha de sensibilização que irá
promover logo que estejam reunidas
as condições para o efeito”.
20 000
exemplares!
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio Ferreira da Silva,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
Os irresponsáveis
T
em que se lhe diga a atoarda lançada em certa
imprensa sobre eventual sabotagem na Electra,
“justificando” os sistemáticos apagões. As suspeitas
ficam por aí, como gafanhotos, a saltitar de um lado para o
outro: sabotadores? quem? trabalhadores da Electra? a
Oposição (MpD)? José Maria Veiga (se andou a subtrair
energia à Electra…)? Tem que se lhe diga, lá isso tem.
Lembra a tirada de Filu, há sete/oito anos: confrontado com
a lástima dos pavimentos da Praia, atirou para o ar que o
MpD arrancava pedras das calçadas para causar buracos e
pôr em causa a desgraçada gestão da Câmara. Recordam-se?
Das “famosas provas” de Filu, nada. Ora, se Filu foi
cooptado para “conselheiro” do senhor José Maria Neves,
ficam suspeitas de que a “sabotagem” na Electra terá as
mesmas impressões digitais das pedras roubadas às estradas
da capital…
De 2002 a 2009, a Electra contou 3.697 apagões em todo o
País - 7.202 horas de interrupção do fornecimento de
energia (Relatórios da Electra). Nem Governo nem Electra
se lembraram de inquéritos para apurar responsabilidades.
A meses de eleições, retiram da cartola: os apagões são obra
de sabotadores! Já agora, investiguem a sabotagem que foi
deixar sair a EDP da Electra sem investir os 17 milhões de
contos devidos, por obrigação contratual, do que resultou
um défice de investimento de 12 milhões de contos.
Ao que vem a balela? Para fazer esquecer que, em 4 de
Outubro de 2005, JMN disse: “cabe à ARE fazer a
avalização da situação e decidir a penalização a aplicar à
Electra. Em função dessa avalização pode o Estado rescindir
o contrato, pode haver multa, arresto da empresa, etc”?
E que no dia seguinte garantiu: “Já há soluções. Ou entra
em cena um produtor independente ou o Governo comprará
máquinas que garantam reserva de potência em situações de
crise”? Ficou escrito. JMN tem má memória – nós temos
arquivos.
O que fica da inventona é a fuga a responsabilidades por
parte deste Governo: a política energética dá falhanço? – a
culpa é de sabotadores. A política económica fracassa? – a
culpa é da crise internacional. A culpa é sempre dos outros.
Talvez um dia, confrontados com a desgraça de 10 anos
desta política, ousem dizer que a culpa não é deles - é do
povo, que acreditou nas suas promessas. E o povo lhes dê o
merecido corretivo.

Telefone: (00238) 2601415
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Ateliê Inês Ramos
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
Ajudas de custa em causa
Tropa troca o
passo depois
do 5 de Julho
Há brambram na tropa: por causa
de ajudas de custo e de desigualdades
de tratamento.
Contra isso, militares tocam o clarim.
Para que se oiça e se saiba
M
ilitares, que se deslocaram
à Praia para juramento da
bandeira e desfile do 5 de
Julho, vieram ao Já denunciar situ-
ação que consideram injusta: segundo
a lei, têm direito a ajudas de custo já
que a deslocação fazia parte de uma
missão. Mas foram alojados no antigo
aeroporto da Praia, em condições sub-
humanas. Por isso, contaram eles,
decidiram sair dali e custear, do seu
bolso, transporte, alimentação e aloja-
mento durante essa semana. Mas o
Comandante da 1ª Região Militar
(RM), major Anildo Morais, e o
capitão Vieira, Diretor do Centro de
Instrução Zeca Santos, tiveram direito
a ajudas de custo.
As queixas são refutadas pelo Coman-
dante Joaquim Rodrigues (Djoca). Se-
gundo ele, as ajudas de custo e os sub-
sídios estão regulamentadas na Lei.
Disse a Já que aplica despachos que
chegam até si. E realça que não se lem-
bra de nenhum caso do tipo e que não
tem intenção de prejudicar ninguém.
Operadores espanhóis conhecem “destino mais caro do mundo”
Afirmam os queixosos que, de acordo
com o despacho 302/10, Nota 1543
(despacho que Djoca não encontrou
no arquivo), alguns deles foram
nomeados instrutores de cursos de sar-
gentos e oficiais, tiveram de se deslo-
car a São Vicente e nada receberam,
porque Djoca não quis. Comandante
Djoca responde: quando se deslocam
dentro da mesma região não têm dire-
ito a ajudas de custo – “os militares
precisam ser esclarecidos sobre os
reais procedimentos nas devidas cir-
cunstâncias”.
Quanto à operação “Gaivota” - deslo-
cação de militares para São Nicolau a
fim de ajudar a população em caso de
emergência nesta época das chuvas -
eles permanecem na ilha de Chiquinho
durante 90 dias, aponta o comandante
Djoca, e não por 84 como referem. E
não devem receber ajudas de custo
porque receberam 15 mil escudos
referentes ao subsídio de deslocação.
Acrescenta: tiveram tudo a que têm di-
reito - tenda, cozinheiro e staff para os
ajudar. Quanto à denúncia de que um
comandante foi para Santo Antão,
também em missão de serviço, e rece-
beu 62 mil escudos por uma semana,
Djoca explica que ele tem de custear
todas as despesas pessoais, incluindo
alojamento, e que isso foi feito de
acordo com o “despacho”.
A nossa reportagem, entretanto, depa-
rou com um grupo de cinco militares
de outras ilhas que terminaram missão
na Praia há mais de uma semana, mas
ainda esperavam que alguém se res-
ponsabilizasse pelo seu regresso às ori-
gem. Disseram a Já pertencerem a um
grupo de 18 na mesma situação. Os
restantes “djes da ses expediente djes
bai, otus bai di boleia na barco, otus
E nquanto a revista “International
Living” colocava Cabo Verde
na 142.ª lugar na tabela anual dos
melhores países para se viver – num
universo de 194 nações -, operadores
espanhóis visitavam o arquipélago
para conhecer um dos destinos mais
caros do planeta. Aproveitando a
lançamento do voo Madrid/Sal/Boa
Vista, a TACV e a Aliança Krioula
trouxeram operadores espanhóis
para um “Fun trip” com um objetivo:
conhecer pontos turísticos de interes-
se.
Damaso, um dos convidados, faz, há
cumpra ses passagem djes bai, ma nôs
nu ta spera nôs dinheru, sinau es ta fika
kuel”. Enquanto aguardavam, graúdos
passavam e diziam: “situaçon sta
djobedo, nhôs spera”. Eles esperavam
pacientemente. Interrogámos o co-
mandante Djoca – “já estava tudo
resolvido e os militares partiriam no dia
seguinte”, foi a resposta que ouvimos.
Mulheres na linha
da frente
Outra questão preocupa os militares:
as mulheres têm regalias nas Forças
Armadas e podem rapidamente entrar
no quadro permanente. A afirmação é
do tenente-coronel César que adiantou
4 anos, trabalho hercúleo: tentar
vender Cabo Verde lá fora. “É difícil
porque não é conhecido e é caro”,
reforça. “Mas é uma aposta”.
Para ser ganha, Cabo Verde deve in-
vestir no marketing, dizem os espa-
nhóis. É preciso dar a conhecer a cul-
tura, as pessoas e a música. “Porque
ninguém conhece a música”, reforça
Victoria Caro que, com os colegas,
passeou por Sucupira, na Praia, visi-
tou hotéis e o interior da Santiago.
O administrador da Aliança Krioula,
Arlindo Sanches, não tem dúvidas:
não se pode baixar os braços na
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 3
que os requisitos estão estipulados no
estatuto das FA e são válidos tanto para
homens como para mulheres. Ressal-
vou que as mulheres preenchem esses
requisitos e entram nas FA de forma
voluntária, enquanto os homens são do
serviço obrigatório.
A lei prevê a entrada de mulheres e
elas recebem formação, tal qual os ho-
mens, para estarem aptas para a defesa
da Pátria. Entram para o quadro per-
manente após um ano de formação e,
durante esse tempo, recebem pequena
quantia que não chega nem para as
despesas pessoais, garantiu-nos o
tenente-coronel. A lei não estipula con-
curso público para a entrada de mu-
lheres nas Forças Armadas.
tentativa de “vender” o “pacote” ge-
nuíno daquilo que é Cabo Verde, para
que os turistas possam ir a restau-
rantes e a outros pontos de interesse.
Com a crise que o País enfrenta, é
pouco provável que encontrem cabo-
verdianos nos restaurantes. En-
contram, sim, os muitos empresários
que se “aventuram” por estas para-
gens, porque a crise já chegou tam-
bém aos seus países, ou pessoas que
estão em Cabo Verde de passagem,
depois de participar nalgum semi-
nário, workshop, fórum ou mesa
redonda.
4 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010
na rota dos dias
Mosteiros (DjarFogo)
Fernandinho
persegue
adversários
Lúcia sem medo de Fernandinho
D
iz Lúcia Brandão que o Presi-
dente da Câmara Municipal
dos Mosteiros decidiu “aba-
ter” todos os mosteirenses que não lê-
em na cartilha do PAICV. Os mais vi-
sados, continua ela, são os que, nas
últimas legislativas, fizeram campanha
contra a sua candidatura. “É o caso,
por exemplo, do meu irmão, Raul An-
tunes Mendes Brandão, conhecido por
Djila, que era antes um militante fer-
renho do PAICV e apoiava Fernan-
dinho Teixeira; hoje, a sua pessoa tor-
nou-se num alvo a bater, por ter apoia-
do o MpD nas eleições de 2008”.
Relata Lúcia Brandão que o ambiente
socio-político em Mosteiros é de ver-
dadeiro terror. No passado 26 de Agos-
to, por volta das 16 horas, apareceu em
casa do seu irmão uma equipa de fisca-
lização da Câmara dos Mosteiros a fim
de se inteirar da situação de um chi-
queiro que, alegadamente, por falta de
condições higiénicas, incomodava mo-
radores da localidade de Ribeira de
Ilhéu.
Ao ser confrontado com a ordem da
demolição do referido chiqueiro, Djila
pediu ao Presidente da Câmara que o
deixasse concluir as obras, pois tinha
“O concelho dos Mosteiros
tem sido, nos últimos
tempos, fustigado pelo
vento da retaliação
político-partidária insuflado
pelas autoridades locais –
desde agressão da Policia
Nacional (PN) ao
responsável político do MpD
no concelho, passando pela
perseguição do Presidente da
Câmara aos munícipes que,
alegadamente, não votaram
nele nas últimas eleições
autárquicas” - acusa Lúcia da
Paz Mendes Brandão (Bete),
que procurou a redação de Já
para dar conta de ato
protagonizado pelo edil
Fernandinho Teixeira, em 26
de Agosto, na localidade de
Ribeira de Ilhéu
recebido da edilidade o apoio de 125 Para Lúcia Brandão, esta foi uma ati-
blocos e 10 sacos de cimento, no qua- tude persecutória do Presidente da
dro do Programa de Luta Contra a Po- Câmara: existem mais 80 chiqueiros
breza. Mas, segundo a irmã do visado, na localidade de Ribeira de Ilhéu, mas
Fernandinho Teixeira fez ouvidos o de Lúcio Brandão foi o único a ser
moucos e mandou ao local, no dia demolido. Os outros, adianta Brandão,
seguinte, uma equipa de fiscalização e continuam intatos e os respetivos
elementos da PN, com ordem expressa donos, por serem militantes do PAICV,
para demolir. De acordo com Lúcia proclamam que, enquanto Fernandi-
Brandão, lá dentro nho Teixeira for Pre-
estavam dois porcos “Fernandinho pensa que é sidente da Câmara,
que foram retirados deus nos Mosteiros, mas não terão quaisquer
e levados para a po- está muito enganado problemas com os
cilga municipal, em seus chiqueiros.
Queimada Guincho. porque nem eu nem a Lúcia Brandão é per-
É o próprio vereador minha família vamos entória: se justiça
da Câmara dos Mos- deixar de votar no MpD não for feita, ela e a
teiros, Tomé de Ma- família estão dispos-
nazinha, a reconhe-
só por birra política desse tas a lutar até as últi-
cer ter havido “ex- sujeito” mas consequências.
cesso de zelo” por “Fernandinho pensa
parte da edilidade mosteirense, através que é deus nos Mosteiros, mas está
da equipa de fiscalização. “Acho que muito enganado porque nem eu nem a
se deveria primar pelo diálogo, ao minha família vamos deixar de votar
invés de partir para a demolição. Creio no MpD só por birra política desse
que aqui a Câmara exagerou”, afirmou sujeito”.
o vereador que, em conversa com o “As pessoas têm medo de falar porque
proprietário do chiqueiro, Raul estão amedrontadas e são perseguidas,
Brandão, apelou à calma e tranquili- com o recurso à repressão pela Polícia
dade para a resolução deste caso. Nacional”, acusa Lúcia Brandão.
S. Filipe (Fogo)
Assembleia
Municipal à beira
da “erupção”
Presidente convida deputado para briga
N o exíguo espaço onde funciona a
Assembleia Municipal de S. Fili-
pe – Eugénio Veiga não disponibiliza
“Nestas duas obras foram enterrados
mais de 50 mil contos”, acusou
Amadeu Barbosa. Dinheiro e obras
meios para a remodelação de um pré- que vão sempre para o empreiteiro
dio há anos destinado à AM – as ses- militante do PAICV, que executa todas
sões são, por norma, de partir a loiça e as obras da CM de S. Filipe. O Com-
o ambiente muito “acalorado”. A últi- plexo Desportivo III é hoje estábulo
ma sessão também. dos animais desse
O presidente da Câ- Nuías Silva perdeu as empreiteiro.
mara e o deputado estribeiras e convidou José A questão da colo-
Amadeu Barbosa en- cação de uma can-
volveram-se num
Ferreira para um cela no acesso à
confronto físico fora da praia de Fonte Vila
bate boca por causa
sala de sessão. Para
dos erros na gestão acabou por incendiar
camarária que Eu- a sessão. O presi-
serenar os ânimos, a
génio Veiga teima dente da Câmara,
em não assumir. sessão foi suspensa quando confrontado
Para além da falta de sobre a (i)legalidade
condições para o funcionamento da dessa medida respondeu que ele é que
AM – decorridos 18 anos do Poder tem competência sobre tudo no seu
Local –, Eugénio Veiga não quis que território municipal. Amadeu ripostou:
se falasse das obras Complexo Eugénio Veiga está a violar leis e o
Desportivo III Congresso e do campo direito fundamental dos cidadãos: Por
de treino de Lém e que muita tinta já isso, dispõe-se a fazer com que essas
fez correr. competências lhe sejam retiradas.
No primeiro, já se gastaram mais de 30
mil contos e metade do edifício já “Nuias não é homem”
desmoronou, estando as obras para- O maior “bafafa” instalou-se na sala,
lizadas há mais de dois anos. Não foi com novo conflito. Nuías Silva foi
chamada o empreiteiro à responsabili- acusado pelo deputado ventoínha José
dade; pelo contrário, foi-lhe adjudica- Ferreira de não exercer, como devia, o
da segunda obra onde ele acabou por seu cargo: quem estava a mandar na
vender as pedras das paredes des- Assembleia, disse Ferreira, era Eu-
moronadas - uma obra sem projeto. génio Veiga porque Nuías “não era ho-
No campo de treino de Lém, já mem”.
“voaram” mais de 24 mil contos numa Nuías Silva perdeu as estribeiras e
obra duvidosa, que está a ser construí- convidou José Ferreira para um con-
da no leito de uma ribeira e sem qual- fronto físico fora da sala de sessão.
quer estudo de impacto ambiental. A Para serenar os ânimos, a sessão foi
obra esteve orçada em mil contos: só suspensa. Mas, quando reiniciaram os
em 2008, ano das eleições (em Maio), trabalhos, Eugénio Veiga não con-
a Câmara já gastara mais de 14 mil seguiu explicar os meandros dos negó-
contos. cios opacos de que é acusado.
 Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 5

sem perdão
No Aeroporto da Praia Cidade da Praia

Tenente-coronel Mistério envolve

detido e algemado assassinato
de
por Polícia de Trânsito F Nando ernando Jorge Moreno, de 43
anos, residente em São Pedro foi
assassinado por volta das 11 horas da
Polícia desnorteada, sem lei nem roque? Ou a consequência da desastrada gestão noite de quinta-feira, 26 de Agosto. A
sua morte está envolvida em mistério:
do ainda ministro Lívio Lopes? Os casos com polícias multiplicam-se e agravam a
ajuste de contas por causa da droga ou
insegurança dos cidadãos das filhas de que, alegadamente, abu-
sava sexualmente.
Segundo uma das filhas da vítima,
Nando (como era conhecido) saiu de nhos, que chegaram a ser ameaçados
casa com dois amigos e não voltou de morte pelo próprio malogrado. O
com vida. A caminho da discoteca caso das filhas foi encaminhado ao
“Surrungueiro”, notou que estavam a Instituto Cabo-verdiano da Criança e
ser perseguidos por uma viatura sem do Adolescente, ICCA, segundo a nos-
matrícula. Quando deu alerta para fu- sa fonte, mas não se sabe o desfecho
girem, já era tarde: Nando foi atingido do caso. Uma delas está grávida neste
com vários tiros, segundo a nossa fon- momento, como pudémos constatar.
te. Um dos acompanhantes foi atingi- De acordo com informações recolhi-
do no pé e o terceiro conduzido à es- das pela nossa redação, Nando era pes-
quadra para prestar soa violenta e um
depoimento. Nando era pessoa violenta ajuste de contas pode

D
ias difíceis para o Tenente-co-
ronel Joaquim Rodrigues das
Forças Armadas. Depois das
denúncias por causa das ajudas de cus-
to aos militares (ver pg. 3) de que foi
alvo, o oficial das FA foi protagonista
de episódio caricato no Aeroporto da
Praia envolvendo a Polícia de Trânsito.
Na semana passada, Joaquim Rodri-
gues, que é Comandante de Logística e
Finanças das FA, foi detido e algema-
do por um agente da PT por causa de
mau estacionamento no Aeroporto da
Praia. Como se sabe, o espaço no par-
que de estacionamento é pequeno e os
automobilistas param onde calha – en-
quanto José Maria Neves não se decide
pela inauguração do novo parque de
estacionamento - e são multados.
No caso de Joaquim Rodrigues, Já
soube que ele se identificou como mili-
tar e Comandante de Logística e Finan-
ças das FA, mas de nada lhe valeu. Re-
cebeu ordens de prisão e foi algemado.
Fonte contatada pelo nosso jornal ex-
plica que esta e outras atuações da
Polícia têm a ver com a forma como
hoje são recrutados os agentes e a
“força” que os seus superiores incutem
neles para agirem. “Não têm formação
moral e cívica, chegam até a meter
thugs na Polícia, e têm a força de um
ministro prepotente que faz tábua rasa
das leis, dos direitos e deveres dos
cidadãos”.
“Um militar só pode ser detido pela
Polícia Militar e, no caso de um te-
nente-coronel, só é libertado na pre-
sença de oficial superior e nunca por
um subalterno”, disse a nossa fonte,
acrescentando que “se esse episódio
fosse com ele, iria ao quartel e trazia
tropa suficiente para tirar aquilo a lim-
po”.
Depois de alguns telefonemas por pes-
soas que reconheceram o Tenente-co-
ronel e assistiram à cena, entre os quais
o ex-CEMFA, Antero Matos (este terá
optado pelo silêncio) e o militar na re-
forma José Gomes da Veiga, o gradua-
do da tropa acabou por ser libertado,
meia hora depois do incidente.
Minutos antes, o Presidente da Bolsa
de Valores passou pela mesma situa-
ção, mas foi mais lesto na resposta:
ignorou o Polícia, mas não a multa -
amarrotou o papel e deitou-o ao chão.
De acordo com outra e um ajuste de contas estar na origem da
fonte do Já, Nando sua morte. Soube-
fora condenado a 24 pode estar na origem da mos também que a
anos de prisão por sua morte mãe das meninas,
estar implicado na alegadamente viola-
morte de Bernardo, ex-gerente da das, foi obrigada a conviver, durante
Shell. Cumpriu 14 anos de prisão e todo este tempo, sob ameaça de morte,
voltou para casa em 2005, com a pena com Nando.
suspensa, mas, nessa condição, a qual- Este assassinato veio mais uma vez
quer problema com a justiça seria pre- pôr a nu o problema da insegurança na
so outra vez. capital do País, onde as pessoas são
Nessa mesma época, caiu na boca do mortas e os autores nem deixam rasto.
mundo, ou melhor, dos vizinhos em S. Há muito que se fala de policiamento
Pedro: acusavam Nando de abusar de de proximidade em Cabo Verde - mas
duas filhas, num caso investigado pela isso é letra morta para Lívio Lopes, o
Polícia Judiciária, segundo soube Já. minstro da Adminstração Interna,
Nando passou então a sair cedo de casa quiçá mais preocupado com a realiza-
e só voltava à noite. Durante esse pe- ção do Recenseamento eleitoral no es-
ríodo, quase não era visto pelos vizi- trangeiro.

Acudia à mãe

Grávida de cinco meses agredida na Esquadra de Fazenda

Ao que chegámos:
grávida de cinco meses,
foi acudir à mãe e viu-se
agredida na esquadra de
Fazenda. O marido,
Presidente da Câmara da
Ribeira Grande de
Santiago, ao interceder
pela mulher levou voz de
prisão. No fim
receberam pedidos de
desculpa
D ia 29 de Agosto: a esquadra de Fa-
zenda foi palco de mais um atro-
pelo grave ao Estado de Direito por um
agente ali em serviço. Desta vez, foi a
família do Presidente da Câmara da Ri-
beira Grande de Santiago, Manuel de
Pina, a ser vítima da Polícia Nacional.
Tudo começou, quando a casa da sogra
de Pina, em Achada Grande Trás, foi
atacada por thugs, que a invadiram: foi
necessária a intervenção da polícia pa-
ra restabelecer a ordem. No seguimen-
to da intervenção policial, a família
convidada a refugiar-se na esquadra de
Fazenda, por motivos de segurança –
atitude positiva da Polícia.
Entretanto, a esposa de Manuel de Pi-
na, Samira, avisada, deslocou-se à refe-
rida esquadra para dar apoio à mãe.
Chegada aí, enquanto conversava com
a mãe em tom alto, um agente - de no-
me Selson Nedi Batalha - ordenou que
se calassem ou fossem “brigar para a
rua”, ao que Samira retorquiu que esses
não eram modos de se falar com pes-
soas – “não somos cães, para brigar-
mos”. Foi o suficiente para o tal agente
dar-lhe ordem de prisão.
Alertado, Manuel de Pina, que se en-
contrava em Cidade Velha a participar
nas cerimónias religiosas das Festas de
S. Roque, seguiu de imediato para a ci-
dade da Praia, assistindo, à chegada à
esquadra, ao impensável: a mulher,
grávida de cinco meses, sentada nos
degraus, agredida pelo agente, que a
arrastava pelos cabelos escada acima.
Estupefato, intercedeu em socorro da
esposa, mas recebeu também voz de
prisão.
O graduado de serviço, perante o des-
vario do tal agente Selson, desautori-
zou-o e ordenou que as vítimas da sua
sanha fossem postas em liberdade. E
pediu desculpas.
Manuel de Pina participou do caso ao
Diretor Nacional de Polícia e pretende
levar o caso para os tribunais: “a minha
mulher, grávida, agredida numa esqua-
dra, puxada pelos cabelos. E sem por-
quê. Ao que chegámos!”. Diz que teve
de fazer um esforço para se controlar –
Pina tem formação em artes marciais.
O somatório de casos graves envolven-
do a Polícia Nacional cria preocupação
em largos setores da sociedade: nem no
tempo do partido único se assistiu a
isto. A gestão do ministro Lívio Lopes
é responsabilizada por este estado de
coisas.
6 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010
cá se fazem
Gente nova
da Cidade Velha
Um friso deslumbrante iluminou a noite da Cidade Velha. As 20 eram todas belas
M
eia centena respondeu à chamada,
mas só 20 tiveram honras de percor-
rer a passarela. Djemis, o animador
de serviço, disse e com razão: “todas merecem
ser eleitas a primeira”. Eram (de fato) todas
belas, o júri viu-se e desejou-se para, com
justiça, eleger Melanie, de Calabaceira da
Cidade Velha, a Miss Verão 2010 da Ribeira
Grande de Santiago. Que é linda, sem dúvida.
Elegante, também. Que teve atitude de rainha
Graciosidade na passarela
no palco, igualmente. Mas se as vinte eram, do
mesmo modo, lindas, elegantes e com atitude…
Problema bicudo, resolvido a contento.
Na noite quente, em pleno Largo do Pelourinho,
onde outrora houve mercado de escravos, muito
público veio apreciar as belezas da Cidade
Velha – jovens entre os 13 e os 18 anos. Ficou
provado: as jovens crioulas deste Município
merecem ser Património da Humanidade.
Quem viu concorda. Aplaudiu e aplaude.
O traje de passeio não ocultou “belezuras”
Pela segunda vez, Cidade Velha elegeu Miss
Verão – nas Festas de S. Roque, que se afirmam
como um dos grandes cartazes de atração de
gentes até o Berço da Nação, com o seu Festival
de música e, este ano, com os divertidos jogos
de “burro cego”, gáudio geral. Devido ao êxito,
está garantido: o “burro velho” veio para ficar
como chamariz destas festas. É mais uma
tradição local que se recupera. De resto, como
as próprias Festas de S. Roque, a bênção dos
botes de pesca e sua saída, engalanados, para o
mar fronteiro.
Esbeltas de morrer, as vinte candidatas fizeram
três passagens pelo palco: em traje de passeio
(uma), em traje desportivo (duas) e em “mail-
lot” (três). Nos intervalos, passaram os
“gatos”, também vinte e com pinta de mode-
los. Mereciam igualmente ir a concurso –
talvez para a próxima. E foi então a vez do
público feminino demonstrar agrado. Pudera!
Melanie: a “rainha” de 2010

E vieram os “gatos” entusiasmar o público feminino
Cada um deles era “pão”.
Passava já das três da manhã de sábado, quan-
do o júri se pronunciou: estavam escolhidas a
Miss Fotogenia, a Miss Simpatia, duas Damas
de Honor e a Miss Verão 2010 – Melanie.
Sucede no título a Verónica, de Cidade Velha,
eleita no ano passado.
Os três elementos do júri – Suzi Helena, antiga
Miss Cabo Verde, Nuno Rebocho e Vasco
Miranda – estavam exaustos mas felizes com o
“Gato” assim é “pão”
encanto que a noite de sexta para sábado lhes
proporcionara. Se pudessem, confessaram no
fim, teriam dado prémio a todas. Que todas
mereciam.
E o edil, Manuel Monteiro de Pina, ficou tão
atrapalhado e ofuscado pela beleza de Melanie
que até lhe colocou a faixa com as letras ao con-
trário. Perdoa-se. São coisas que acontecem:
quando os olhos contemplam, sem pecado,
tanta beleza feminina, tudo o resto esquece.
Pina atrapalhou-se: meteu a faixa ao contrário. Pudera, fechou os olhos
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 7
notícias do jet-set
Tanta beleza: foi difícil escolher
Ficou provado: as jovens Três dias de Festas de S. Roque, muito público
a afluir à Cidade do Mais Antigo Nome, desig-
crioulas deste Município nação que José Luís Tavares lhe deu, o Berço
cada vez mais convidativo, mais garboso, mais
merecem ser Património no coração dos cabo-verdianos. Lá no Céu,
assistindo, S. Pedro fez o favor de fechar as
da Humanidade. Quem torneiras – não houve chuva a perturbar.
viu concorda. Desfile de jovens, a eleição de Miss Verão 2010
na Cidade Velha foi organizada por jovens. É
Aplaudiu e aplaude gente nova da Cidade Velha – já a dar cartas.
Fica a prova: Cidade Velha, beleza crioula
8 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010

o que por aí vai

Iluminação pública

problema
adiado
A falta de iluminação pública na Praia não se explica com
hipotéticas sabotagens: postes existem, ligação à rede também,
o que não há são lâmpadas e, dizem, dinheiro para as comprar.
É um apagão dentro dos apagões que afligem a Praia

N Utentes reclamam
ão é novidade para ninguém:
cidade da Praia vive pratica-
mente às escuras. Vários
bairros têm postes de iluminação
pública, mas as lâmpadas não fun-
cionam. A praça Alexandre Albu-
querque, no coração do Plateau, está
mergulhado nas trevas. Enfim: quase
todos os sítios nobres padecem deste
mal.
Já contatou o edil capitalino que diz
ter leitura própria da situação: “De-
verá haver um pagador – os muní-
cipes, os Municípios, o Governo. En-
fim, esse pagador tem de existir”. De-
fende que a Electra deve proceder a
investimentos para depois ter moral
para fazer a cobrança.
“Falta quadro legal que permita a
cobrança junto das Câmaras. O que
falha é a política do Governo no setor
de energia - a Electra é mero instru-
mento de execução dessa política que
falhou redondamente”, acusa Ulisses
Correia e Silva que clama pela res-
olução urgente da iluminação pública,
pois a sua precária existência põe em Achada Santo António é um dos bair-
risco a segurança. “Muitos casos de ros da capital onde a iluminação pú-
violência que vêm sucedendo são blica é precária e, nalguns sítios, mes-
estimulados pela deficiente ilumi- mo inexistente. “Di Nôs” tem os pos-
nação pública”. tes devidamente colocados, mas ne-
A nossa reportagem contatou fonte da nhuma lâmpada funciona. “Trabalho
Electra, que diz não poder dar a cara, na Terra Branca e, para chegar às 10
pois neste momento os da noite, tenho que
técnicos estão proibi- “O que falha é a atravessar esta rua. É
dos de falar sobre os política do Governo no um ritual todos dias
constrangimentos da procurar companhia,
empresa. “A questão setor de energia - a pois doutro modo é
da iluminação pública Electra é mero muito perigoso fazê-
lo”, desabafa Alcinda
é para esquecer nos instrumento de Moreira. Diz ter conhe-
próximos tempos. Não
há dinheiro para com-
execução dessa cimento de gangs que
bustível, não há di- política que falhou atuam nessa zona e têm
logo um beco como es-
nheiro para substituir redondamente” capatória para os seus
uma lâmpada. Se não atos criminosos.
houver intervenção do Governo, va- Outros transeuntes acompanham
mos entrar em colapso. Neste mo- Alcinda com as mesmas queixas. E
mento, a iluminação pública é apenas reclamam intervenção do Governo. Se
um dos muitos problemas que a Elec- em vez de propaganda, houvesse ilu-
tra não vai poder resolver”. minação pública…

Eletrificação rural

Porto Novo dá “nota zero”

O Governo de José Maria Neves está “esquecido” de Porto Novo: a Câmara não é PAICV,
portanto… Os portonovenses querem eletricidade, o Governo manda dizer que fiquem
“às escuras”

A pesar do brilhantismo que o

Governo quis atribuir às come-
morações da elevação de Porto Novo à
categoria de cidade, a 2 de Setembro,
os problemas naquele concelho de
Santo Antão são mais que muitos. A
começar pela eletrificação rural.
Na semana passada, o edil Amadeu
Cruz pôs “a boca no trombone”: o Go-
verno de José Maria Neves esqueceu-
-se que existem populações no conce-
lho do Porto Novo – é o desemprego
que grassa, é a eletrificação posta de
parte durante os 10 anos de gover-
nação tambarina. O que leva o autarca
a dar “nota zero” a José Maria Neves
nesta matéria.
“Porto Novo, em matéria de eletrifi-
cação, foi simplesmente esquecido
pelo executivo ao longo dos seus dois
mandatos”. Desde o ano 2000, quando
terminou o programa de eletrificação
rural em Santo Antão, financiado pela
Cooperação Luxemburguesa, que
“não há mais nada” a assinalar no Mu-
nicípio quanto a investimentos no se-
com energia isso é fruto do trabalho da
Câmara Municipal, que todavia sente
enormes dificuldades para assegurar o
tor eletrificação rural. funcionamento das micro-centrais.
Amadeu Cruz classifica isto como um Segundo informações recolhidas por
ato de discriminação para com os por- Já, a Câmara de Porto Novol gasta
tonovenses, “uma injustiça” do Go- anualmente cerca de quatro mil contos
verno do PAICV, sa- com as pequenas cen-
bendo-se que conce- “Porto Novo, em trais em Ribeira dos
lhos das ilhas do Fogo matéria de Bodes, Tarrafal de
e de Santiago têm be- Monte Trigo, Lombo
neficiado de muitos in-
eletrificação, foi Figueira, Chã de Norte,
vestimentos neste setor. simplesmente Ribeira Fria e Domin-
Aliás, aquando da últi- esquecido pelo guinhas.
ma visita de José Maria
executivo ao longo Em relação a Tarrafal
Neves a Santo Antão, de Monte Trigo, está
em Junho, ele foi aler- dos seus dois em curso o projeto de
tado pelo autarca para o mandatos” energias renováveis da
“défice” que existe ain- responsabilidade da
da em matéria de eletrificação rural no Câmara, a qual, até ao início de 2011,
concelho, onde várias comunidades irá resolver o problema da micro-cen-
não sabem ainda o que é luz elétrica. tral e levar energia elétrica durante 24
Se, neste momento, há localidades horas aos moradores.

sem tirar nem pôr
A denúncia de Rhode Island
PAICV tem
propaganda em
postos de
recenseamento
L
ogo à entrada, uma mesa
com vários materiais public-
itários do PAICV - um DVD
que o Governo mandou conceber
com os seus “feitos” e imagens das
estradas construídas, traduzido em
inglês e destinado às pessoas que vão
se recensear. Na mesma mesa, mistu-
rada com fliers publicitários, uma
brochura com texto enorme sobre a
trajetória de Filú e publicidade do
lançamento do seu livro nos EUA.
Estamos no consulado em Rhode
Island, escolhido para posto de Re-
censeamento.
A um canto, mais propaganda: o jor-
nal “A Nação”, várias notas sobre o
desenvolvimento de Cabo Verde,
brochuras sobre tarifas e serviços da
TACV, Banco de Cabo Verde e Caixa
Económica, com os beneficios para
os emigrantes nos EUA. É orquestra-
ção bem montada, “pintada de ama-
relo”, que os democratas nos Estados
Unidos da América chamam de “ver-
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 9
Depois de um ministro…
Deputado Robalo
rouba a Electra
Não é grave, é gravíssimo.
Pretende-se que o
Recenseamento Eleitoral “Se não tem, vá roubá-lo”: este o exemplo de ética
e comportamento cívico do deputado Robalo, do PAICV.
Geral no Estrangeiro decorra Já caçou-o em flagrante. O que faz a roubada Electra?
lisura, mas está a ser Fecha os olhos… A culpa deve ser dos “sabotadores”
politizado e utilizado pelo
PAICV para propaganda do Q uando recebeu a denúncia de que
havia um deputado a roubar
energia para a sua casa na Terra Bran-
ca, que também serve para proteger os
outros de choque eléctrico (este é mais
cuidadoso, furta luz da Electra mas
Governo de José Maria Neves. ca, Já não estranhou: se um ministro é não quer que ninguém fique chamus-
Acontece no Posto de capaz de o fazer, porque não um sim- cado: nisto se distingue de outros fur-
ples deputado? tos de eletricidade, como acontece nal-
Recenseamento no A nossa reportagem pôs-se em campo guns bairros onde a prática mostra fios
Consulado em Rhode Island, e lá foi rumo ao bairro da Terra Bran- pelo chão, que, com a chuva e o ter-
ca: uma casa simples, rés-do-chão com reno húmido, ui!).
Estados Unidos, que mais porta e duas janelas protegidas por Só mais um segundo: vamos já dizer-
parece sede do partido uma varanda. Em frente, um poste de -lhe de quem se trata. É deputado do
luz da Electra destinado a iluminação PAICV, eleito pelo círculo da Praia, e
tambarina, dizem emigrantes, pública. No chão, mesmo debaixo do vai no seu segundo ou terceiro manda-
que um local para poste, um fio de luz (um cabo) sai em to. É ou não é, deputado Robalo?
direção à casa do deputado. Bem que o Enfim, exemplo de ética, de comporta-
recenseamento tentou disfarçar com tubo de cor bran- mento cívico e de afirmação de cida-
dania – prega o deputado Robalo: se
gonha” montada nas terras do Tio vários artistas para apimentar a festa, não tem, vá roubá-lo. Grande “estrela
Sam. com hotel e tudo mais pagos pela negra”!
O desnorte do PAICV não fica por companhia aérea de todos os cabo-
aqui. Decidiu levar a campanha "Eu -verdianos. No chão, mesmo debaixo do poste, um
contribuo" aos EUA, confundindo os O Banco de Cabo Verde acompa- cabo sai em direção à casa do deputado
States com uma “República das Ba- nhou o PM na recente deslocação
nanas”. Porque nos EUA é ilegal, de aos EUA, colocando até publicidade
acordo com as leis federais, que não na zona do palco onde José Maria
permitem pessoas fazerem campa- Neves discursava. A Caixa Eco-
nha alguma, recolha de fundos, sem nómica também seguiu a pisada,
o declarar no IRS (nas num vai-vem jamais
Finanças). visto na comunidade.
A conquista dos elei- A conquista dos Agora é a vez de um
tores tornou-se obses- eleitores tornou-se batalhão de dirigentes
são para os tambari- (Sidónio, Júlio Cor-
nas que querem per-
obsessão para os reia, Aristides Lima e
petuar-se no poder. A tambarinas que Filú) de porta em por-
TACV, cujo admi- querem perpetuar-se ta nas ruas de Boston
nistrador é irmão do no poder e Brockton a convida-
Primeiro Ministro, rem os cabo-verdianos
gastou milhares de a recensear-se. Tudo à
contos para anunciar o pacote custa do erário público e do Zé
Comfort Class nos voos de ligação Povinho entretanto nas amarguras de
entre Boston e Praia/S. Vicente. Foi vida: um terço da população muito
música, comida a dar com o pau e pobre e desemprego massivo.
10 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010

pela boca grande entrevista

Maria das Dores Gomes
denuncia:

Magistrados
cabo-verdianos
Podia ter sido
ganham
salários
jornalista, filósofa,
pedagoga ou
médica, mas o
Direito foi o curso
que escolheu, em
1978. Porque era o
que melhor se
adequava aos seus
de miséria
exemplo, ninguém procura saber como é que vivem os magistrados,
intentos. Altruísta e Entrevista conduzida por Carlos Sá Nogueira
quanto é que auferem, como é que está o juiz que trabalha num deter-
É jurista, porquê? Por que não médica ou engenheira? minado processo, quais são, e em que condições estão, as infra-estru-
ativista pelas causas (riso) – É uma boa pergunta. Venho do período em que Cabo Verde se turas que nós temos. Ninguém vê isso. Só se pensa no magistrado como
tornou independente. Mas antes, com a revolução de 25 de Abril, já uma pessoa que está no tribunal para fazer justiça e que, por isso, devia
dos direitos aparecia no liceu, ao lado dos meus colegas, na luta pela causa da liber- agilizar os processos, para dar respostas às demandas judiciárias. Até
humanos em Cabo dade e do bem-estar do outro. Na minha localidade, em S. Vicente,
embora ainda adolescente, deparava sempre com o bichinho do altruís-
há quem pense que os magistrados ganhem muito bem, o que é uma
pura mentira. Só para ter uma ideia: o nosso salário, às vezes, sequer
Verde, Maria das mo. Ou seja, de ajudar o outro. Por isso, achei que a melhor forma era
estar num espaço como este, a aplicar o Direito. Desde logo, porque
chega ao valor de um requerimento feito por um advogado da praça.

Dores Gomes, juíza dizia que, um dia, teria que ser ativista dos direitos humanos, para
defender as mulheres. Mas, para isso, achava que era necessário co-
e presidente da nhecer a lei e saber interpretá-la. Foi assim que, em 1978/79, estava
quase a entrar para o Jornalismo, decidi fazer o curso de Direito, tendo
Associação sempre como pressuposto a defesa dos direitos, das liberdades e das
garantias dos cidadãos.
Cabo-verdiana das
Sente-se feliz na escolha que fez da profissão, ou nem por isso?
Mulheres Juristas É a carreira que escolhi. Confronto-me com várias colegas que me per-
guntam: mas o que é que tu estás fazer na magistratura? Respondo-lhes
(ACVMJ), falou ao sempre: estou nesta profissão porque gosto, mas também é uma das
Já, sobre o seu formas que encontrei para ajudar o outro na defesa dos seus direitos e
liberdades.
percurso e da
Como é que vê a Justiça no nosso País?
situação da Justiça A situação da Justiça cabo-verdiana é deveras complexa. Desde logo,
ela não é célere, não há respeito pelos magistrados e qualquer pessoa
no nosso País fala mal deles, sem conhecer as condições em que trabalham. Por
Salários congelados há 14 anos
Considera que os magistrados cabo-verdianos ganham mal?
É claro que ganhamos muito mal. É do domínio público que os magis-
trados cabo-verdianos auferem um salário que não dignifica a classe. A
nossa grelha salarial é de 1996. Portanto, há 14 anos que os salários dos
magistrados não registam quaisquer aumentos. Salvo o subsídio de
exclusividade, que foi aumentado de 25 para 40 por cento, se a
memória não me atraiçoa. A título de exemplo: o meu salário atual é o
de há 14 anos. Fixado aquando da publicação do novo Estatuto dos
Magistrados. Portanto, como lhe disse há pouco, estou nesta profissão
por amor à camisola. Eu gosto daquilo que faço; se fosse por dinheiro,
digo-lhe com toda a sinceridade, não escolheria esta carreira. Inclusive
tive um interregno, entre 2006 e 2008, quando estive em Timor-Leste,
no quadro de um concurso das Nações Unidas, que ganhei, para traba-
lhar naquele país, como juiz internacional e na formação dos magistra-
dos. Só voltei por razões pessoais e porque o meu País falou mais alto.
Fosse por dinheiro, continuava lá e a ganhar muito bem. Não se com-
 Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 11

Magistrados têm as costas largas:

acusam-nos de morosidade, mas todos desconhecem
em que condições trabalham. E que há 14 anos
que não têm aumentos salariais….

para o que se ganha, a esse nível, com o salário dos magistrados em
Cabo Verde.
Hoje fala-se muito da equidade do género e do seu contributo no
processo do desenvolvimento de Cabo Verde. Como é que vê a
participação da mulher na magistratura cabo-verdiana?
No capítulo da Justiça, em Cabo Verde, nós estamos muito bem repre-
sentadas. Eu diria mesmo que estamos em paridade com os homens.
Até não sei se não estarão mais mulheres que homens, no âmbito do
exercício das funções na Justiça. Penso que, a esse nível, a questão do
género não se coloca. Mesmo a nível dos magistrados estamos mais ou
menos equilibrados. Já no exercício da advocacia vejo mais mulheres,
aqui no tribunal, que homens. Embora reconheça que, em outros car-
gos de relevância para País, ainda existam poucas mulheres. Mas, veja,
por exemplo, a figura constitutiva do
Quantificar processos não resolve
o problema da Justiça
Qual é o rácio de processos que cabe a cada juiz?
Não lhe sei dizer com certeza. Mas creio que cabe a cada juiz concluir
anualmente 200 processos. É o que eu faço. Para a comarca da Praia
penso que este é um número muito bom, se considerarmos que estamos a
viver em tempos cujos crimes são muito mais complexos, cujas investi-
gações levam muito mais tempo. Veja que crimes, como o tráfico de
droga e outros, requerem tempo suficiente para recolha de dados que
levem o juiz a agir em consciência e à luz da lei. Como sabe, a decisão do
juiz deve ser justa em ordem a evitar a violação da liberdade de circulação
do arguido, mas também os danos patrimoniais. Mas, por outro lado, con-
sidero que esse rácio é perfeitamente

“
Supremo Tribunal de Justiça. Temos três satisfatório, se considerarmos o ambi-
mulheres contra quatro homens. Portanto, ente em que labora a nossa Justiça.
são sete membros e três são mulheres. Embora, há uns anos, o Conselho
Contudo, este é um caso excepcional, va- Superior da Magistratura Judicial Tanto quanto sei, os
mos a ver se isso continua. (CSMJ) tivesse estatuído que um juiz, funcionários das
em teoria, deveria concluir pelo menos
300 processos anuais. Digo, em teoria, secretarias dos
Baixo nível académico porque eu posso julgar um processo tribunais contam
é fator da morosidade com 300 apensos, e para mim são de
fato 300 processos - porque no vários anos sem
da Justiça Ministério Público é esse o número de formação, o que
processos. Mas não é a quantificar
Retomemos a situação da morosidade dificulta,
processos que se resolve o problema da
da nossa Justiça. Na sua perspectiva,
enquanto magistrada judicial, o que é
Justiça em Cabo Verde. naturalmente, no
que falha na Justiça cabo-verdiana? exercício cabal das
Quando se fala da Justiça, é preciso não es- Como é que se melhora a Justiça ca-
quecer que nos referimos a todos os atores bo-verdiana? Há alguma panaceia suas tarefas. Alguns
a ela inerentes. Estamos a falar da para o estado febril da nossa Justiça?
Não se trata de nenhuma panaceia. O até têm baixo nível
sociedade em si, da polícia e dos tribunais.
Justamente, porque é a boa articulação que lhe digo é que a melhoria da nossa académico e mal
entre estes três agentes que torna a Justiça Justiça passa, necessariamente, pela
criação das condições de trabalho dos sabem escrever um
possível e célere. Dou-lhe um pequeno
exemplo: um cidadão que apresenta queixa funcionários judiciais. Desde logo: sa- texto
na polícia e espera que esta a conduza ao tisfazer as condições materiais dos ma-
Ministério Público para que possa haver gistrados. Você não pode ter magistra-
julgamento, e a autoridade policial não faz dos a receber um salário humilhante
A nossa grelha salarial é de 1996. como o nosso. Como já disse no início A polícia não pode
o seu trabalho. É óbvio que, neste caso, o
cidadão sente-se lesado nos seus direitos, desta nossa conversa, os magistrados fazer a triagem, ela
porque o processo, afinal, não deu entrada
Portanto, há 14 anos que os cabo-verdianos auferem salários de
miséria. Um magistrado não pensa fazer deve limitar-se a
na Procuradoria e ele fica à espera da Jus- salários dos magistrados não umas férias no estrangeiro e em
tiça sobre um processo que não chegou aos receber as queixas do
tribunais. Quando se apresenta queixa à registam quaisquer aumentos. nenhum sítio. Eu, por exemplo, se pen-
sar gozar férias em Cabo Verde, só cidadão e enviá-las
polícia, ela deve ser enviada à Procu- Salvo o subsídio de exclusividade,
radoria, porque é ali que se faz a triagem posso ir para S. Vicente, onde tenho a para os tribunais. O
minha mãe e os meus irmãos e não pago
das mesmas. A polícia não pode fazer a que foi aumentado de 25 para 40 nada. Mas se quisesse ir para o Sal, por que acontece muitas
triagem, ela deve limitar-se a receber as
queixas do cidadão e enviá-las para os tri- por cento, se a memória exemplo, não teria condições. vezes, é que o
bunais. O que acontece muitas vezes, é que não me atraiçoa próprio cidadão não
o próprio cidadão não sabe, sequer, que Este salário de miséria de que fala,
pode fazer esta mesma queixa diretamente não incita à prática de corrupção, por sabe, sequer, que
à Procuradoria da República. É um direito que lhe assiste. parte dos magistrados?
Uma excelente pergunta. Aqui há uns anos, alguém das Nações Unidas que pode fazer esta
E quanto aos tribunais? visitou Cabo Verde, no quadro dos projetos de cooperação, perguntava-me mesma queixa
Relativamente aos tribunais, e mais concretamente aos processos-cri- se este nível de salários não convidaria à prática de corrupção. Perguntou-
me, a capacidade de respostas das nossas secretarias é diminuta, se -me mesmo, se não havia corrupção na Magistratura. Eu respondi-lhe que diretamente à
compararmos com o volume de processos que dão entrada. Isto prende- confiava nos meus colegas e que, até essa altura, não conhecia nenhum Procuradoria da
-se, sobretudo, com o baixo nível de formação dos recursos humanos. caso de corrupção na Magistratura cabo-verdiana. É óbvio que existem
De nada valem as formações paliativas, elas devem ser contínuas e incitamento à prática, porque há pessoas que pensam que somos todos República. É um
consistentes. Tanto quanto sei, os funcionários das secretarias dos iguais. direito que lhe
tribunais contam vários anos sem formação, o que dificulta, natural-
mente, no exercício cabal das suas tarefas. Alguns até têm baixo nível E já alguma vez recebeu propostas de corrupção? assiste
académico e mal sabem escrever um texto. É esta a realidade dos nos- Propostas não, porque as pessoas não ousam. Mas, nas entrelinhas das con-
sos staffs para uma Comarca, por exemplo, como a Praia, que lida com versas, percebe-se onde elas querem chegar. Quando é assim, pergunto
processos-crime - é algo muito difícil. Embora reconheça que existam sempre à pessoa se ela está a brincar. A partir daí, ela pára e não prossegue
funcionários a frequentar ensino universitário, mas só isso não chega. com a conversa.

12 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010
isto vimos
No meio do conflito
cresceu gente valorosa
que fechou as janelas e
as portas das suas casas
aos ventos da pobreza
que se dirigiam para
eles. Nos montes,
construíram dezenas de
pocilgas. Ali colocaram
centenas de porcos que
são engordados para ser
mortos, a carne vendida
e dinheiro voltar ao
cofre. Afinal, aquelas
pocilgas, de aspeto
horrível e mal cheirosas,
que cercam Mindelo são
“o cofre do povo” – são
a sobrevivência de
centenas de famílias
M
indelo está cercado por po-
cilgas. Há cerca de dois
anos, um outro jornal da
praça publicava reportagem sobre este
assunto. Dois anos depois, a situação
piorou: as pocilgas continuam a cres-
cer á volta da cidade do Mindelo. E
existem zonas em que os porcos vivem
paredes meias com as pessoas. O mau
cheiro perturba os moradores. E mui-
tos colocam a questão do seguinte mo-
do: ou tchuk ou gente. Ou seja, ou fi-
cam os porcos a morar nas zonas ou fi-
cam as pessoas. Ambos, ao mesmo
tempo, é que não podem.
O estranho é falar-se disto a propósito
da cidade do Mindelo. Sobretudo para
quem julga que Mindelo vive, ainda,
da fama de ser a cidade mais limpa e
arrumada de Cabo Verde, onde há luz
elétrica, saneamento, água. Enfim:
uma cidade onde os animais não an-
dam na rua e os cidadãos desfrutam de
ruas calcetadas e outras regalias pró-
prias de uma urbe que se preze.
Esta ideia de Mindelo é meia-verdade:
corresponde a uma descrição do Cen-
tro da cidade, a chamada “Morada”.
Saindo do Centro e caminhando em
direção à periferia, entramos noutra
cidade, noutro mundo: um aglomerado
de casas que parece foram plantadas,
desalinhadas, para contrapor ao apru-
mo das moradias e ruas do Centro;
ruas de terra batida desalinhadas, casas
sem esgoto e água canalizada, pessoas
que fazem as necessidades fisiológicas
ao ar livre, casas de lata que vão cer-
cando a cidade, casas que sobem para
as rochas e se juntam às pocilgas que
cercam Mindelo.
Chã de Alecrim
Logo à saída da Laginha, encontramos
as rochas que circundam Chã e Ale-
Mindelo cercado por pocilgas
Ou “tchuk” ou gente
crim, apinhadas de pocilgas. Antes, os
porcos eram colocados em cima das
rochas, longe das casas. Hoje, as casas
galgaram as rochas e juntaram-se aos
porcos. Os moradores que têm um ou
dois porquinhos a engordar não se
queixam. Mas, os que chegaram agora,
e não têm porcos, queixam-se e recla-
mam: ou tchuk ou gente.
Uma moradora da zona de Fonte de
Mestre, Chã de Alecrim, diz a Já que
não suporta o mau cheiro. “Imagine o
que é viver durante todo o dia com este
cheiro! Temos que fazer as refeições
com as janelas fechadas, é uma situa-
ção insustentável”.
As pocilgas de Fonte de Mestre exis-
tem há mais de 40 anos, num tempo
em que a zona era deserto, onde havia
uma fonte que já não dava água e os
porcos viviam confinados nas pocilgas
sem incomodar ninguém. Aos novos
moradores, os que não fazem criação
de porcos, a Câmara Municipal disse,
na altura, que as pocilgas seriam reti-
radas. Até agora nada. Ficaram as
pocilgas, as casas e os problemas entre
os que criam porcos e os que não
criam.
Cruz/Espia
Da zona da Cruz, Belavista, chegam
reclamações idênticas: cresce o nú-
mero de casas, o número de pocilgas e
de reclamações sem que se vislumbre
solução entre dois direitos que coli-
dem: o dos criadores de porcos, que
têm nessa atividade, supostamente
clandestina, o meio de sobrevivência e
os moradores que têm o direito de
viver longe das pocilgas e dos proble-
mas que a sujeira que de lá emana
pode causar.
O estranho é que isto se passa na dita
cidade mais limpa de Cabo Verde. E
“O aumento de pocilgas, e
consequentemente de
criadores de porcos na
periferia, é retrato, a preto
e branco, da pobreza que
vai atingindo largas franjas
da população sanvicentina
- gente pobre, que nunca
foi contemplada pelo
programa de Luta contra a
Pobreza, porque se insiste
em não reconhecer que
eles são pobres”
que todos dias se papagueia sobre
“ambiente”, sobre “saúde pública” e
sobre políticas sanitárias.
Esconder a pobreza
Sabe-se que, na cultura cabo-verdiana
a criação de porcos para posterior
matança e venda da carne, sempre fun-
cionou como “mealheiro do povo”. O
porco é complemento do magro orça-
mento familiar. O aumento de pocil-
gas, e consequentemente de criadores
de porcos na periferia, é retrato, a preto
e branco, da pobreza que vai atingindo
largas franjas da população sanvicenti-
na - gente pobre que nunca foi contem- A criação de porcos garante o sustento da família
plada pelo programa de Luta contra a
Pobreza, porque se insiste em não Na periferia de Mindelo crescem por- montes, construíram dezenas de pocil-
reconhecer que eles são pobres. cos em pocilgas que hoje estão junto gas. Ali colocaram centenas de porcos,
Por isso, não é tão simples acabar com das casas e de moradores que se quei- engordados para serem mortos, a carne
as pocilgas. A Câmara Municipal de S. xam e reclamam o direito de viver vendida e o dinheiro voltar ao cofre.
Vicente (CMSV) sabe do problema. longe de um animal tão fedorento Afinal, aquelas pocilgas de aspeto hor-
Devia atuar e acabar com as pocilgas. como o porco, ou não fosse ele porco. rível e mal cheirosas, que cercam
Mas nunca o fez, nem vai fazer - sabe No meio do conflito, cresceu gente Mindelo, são “o cofre do povo”. São a
que centenas de pessoas ficariam na valorosa que fechou as janelas e as sobrevivência de centenas de famílias.
miséria. Sabe que da criação de porcos portas das suas casas aos ventos da E já agora: quem disse que se quer
vem o sustento de muitas famílias. pobreza que se dirigiam para eles. Nos acabar com as pocilgas?
Tchuk ou gente? Esta é uma questão a
que a CMSV evita responder. Não é
apenas uma questão de higiene: acima
de tudo, é uma questão de sobrevivên-
cia. Da pobreza muda e queda que
sufoca muitos sanvicentinos e a ilha
com maior desemprego em Cabo
Verde.
Cercados
Mindelo está cercado por pocilgas.
Nas pocilgas crescem porcos cuja
carne vai parar às nossas mesas, sem
sabermos de onde vêm e sem passarem
por qualquer controlo de qualidade.
Vamos comer essa carne e que Deus
nos proteja!, na ausência de quem o
Em primeiro plano as pocilgas, ao fundo novos prédios
deveria fazer.

nota$ solta$
Ulisses Correia e Silva*
E
m Cabo Verde, há necessida-
de imperiosa de aumentar a
capacidade de exportação e
criar oportunidades de emprego. O
Turismo é uma forma de exportar cá
dentro. É indústria rentável mas muito
exigente; requer qualidade total. Para
qualidade total, há que haver política
global, integrada, focalizada em obje-
tivos estratégicos; capacidade de exe-
cução de políticas públicas e de ajusta-
mentos permanentes à conjuntura in-
ternacional.
Essa qualidade não pode ser medida
centrada no nosso umbigo, mas tendo
como referência a oferta de produtos e
serviços de padrão internacional, har-
monizando-os com os dos principais
mercados emissores, nomeadamente a
Europa. A nossa ambição deverá ser
para aí orientada. Para isso, há que
apostar em novas atitudes e comporta-
mentos virados para “vender solu-
ções” e não para “impor soluções”,
como se os clientes estivessem dispo-
níveis para comprar sem condições,
sem exigências ou com sentimentos
de doador.
No Turismo lidamos com mercados
externos, com procura sofisticada; daí
a necessidade de ajustar a oferta aos
altos padrões de qualidade, não só ao
nível dos serviços hoteleiros mas a ní-
vel da envolvente geral.
Estamos a atingir patamar em que os
constrangimentos ao nível da água, da
energia, do saneamento, das acessibi-
lidades, dos transportes, da segurança,
da qualidade de vida urbana, irão difi-
cultar seriamente objetivos mais am-
biciosos de crescimento do fluxo turís-
tico e, pior do que isso, influir cada
vez mais negativamente na repetição
Turismo: alavanca do
crescimento económico
O Turismo é a maior indústria do mundo pelos fluxos e recursos que gera; permite contribuição
importante no PIB e na geração de emprego em vários países desenvolvidos. No caso dos pequenos
territórios e estados insulares, é uma vocação natural
de visitas dos turistas. Como em mui-
tas outras atividades, quando se atinge
determinado patamar de crescimento
quase natural, o difícil é dar saltos, in-
crementar de forma mais acelerada e
sustentada.
Das declarações de intenções à reali-
dade, há um gap muito grande que
precisa ser preenchido para transfor-
mar o potencial turístico do País em
mais crescimento económico e empre-
go num quadro sustentável. Isso exige
boa articulação de políticas, de incen-
tivos e de investimentos para melhorar
o ambiente geral; a qualificação da
mão-de-obra orientada para as exigên-
cias do mercado turístico; a criação de
ofertas culturais, de entretenimento e
lazer; a criação de verdadeira cadeia
produtiva do Turismo capaz de inte-
grar a economia local na oferta; a pro-
moção externa consistente e conse-
quente de Cabo Verde como destino
Há coisas que o setor privado
não faz, por não ser
competência sua, não ser
rentável ou não ter poderes
nem instrumentos: a regulação,
o investimento em bens e
serviços básicos, a redução dos
custos do contexto. Por si só, a
cadeia produtiva do Turismo e
o efeito multiplicador sobre a
economia local não se
desenvolve sem impulso
e estímulo das
políticas públicas
Diz-se que o Turismo pode ser a grande via de Cabo Verde
para o desenvolvimento. Mas também se diz que a “crise” vem criando poderosas dificuldades ao Turismo…
e ao desenvolvimento. A questão é outra: fala-se de Turismo mas não se concebem políticas para o Turismo.
É isto que Ulisses Correia e Silva analisa neste texto que, pela sua importância, justifica que Já,
excepcionalmente, se afaste da sua linha editorial e o publique na íntegra
turístico. Exige a assumpção pelo Es-
tado do papel que lhe compete en-
quanto incentivador, promotor e líder
do processo de desenvolvimento turís-
tico. Há coisas que o setor privado não
faz, por não ser competência sua, não
ser rentável ou não ter poderes nem
instrumentos: a regulação, o investi-
mento em bens e serviços básicos, a
redução dos custos do contexto. Por si
só, a cadeia produtiva do Turismo e o
efeito multiplicador sobre a economia
local não se desenvolve sem impulso e
estímulo das políticas públicas.
A grande reforma por fazer
A única forma de ter sucesso é conce-
ber e articular políticas públicas de for-
ma concertada com o setor privado e
liderar, procurando o efeito global que
é o crescimento sustentado através de
estímulos e de ambiente favorável ao
investimento e à atração de turistas e
ser proativo em políticas capazes de
aumentar a capacidade da oferta da
economia local ao turista: a produção
agrícola, piscatória, a restauração, o
lazer e o entretenimento, o artesanato.
Exige cidades e vilas competitivas no
ambiente geral urbano e na qualidade
de prestação de serviços. Esta é a gran-
de reforma por fazer: colocar a dimen-
são territorial na base de definição da
estratégia de crescimento económico e
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 13
O Turismo não se faz em Cabo Verde,
faz-se ou pode-se fazer no Sal, na Boavista,
em S. Vicente, na Praia e em qualquer das outras ilhas.
Aqui reside a diferença de se considerar um País como
um ente abstrato ou um País como um ente
concreto, com diversidades de diversas natureza Ilha do Maio
emprego e assumir a gestão descen- Cultura. Isso exige a concepção de po-
tralizada do País como fator de desen- líticas a partir da realidade física, geo-
volvimento. O Turismo não se faz em gráfica e cultural de cada ilha, da sua
Cabo Verde, faz-se ou pode-se fazer no diversidade para criar competitividade
Sal, na Boavista, em S. Vicente, na territorial a nível ambiental, social,
Praia e em qualquer das outras ilhas. económica e de posicionamento glo-
Aqui reside a diferença de se con- bal de cada ilha face ao exterior.
siderar um País como um ente abstrato Exige estratégias regionais autónomas
ou um País como um ente concreto, de desenvolvimento do Turismo e ins-
com diversidades de diversas natureza. trumentos e medidas de política para
A primeira consequência da não foca- que tal aconteça. Para isso, há que cri-
lização territorial é a concepção de es- ar um quadro de concertação estraté-
tratégias com os pés fora do chão e gica e de alianças - que não existe e
sem orientação. A segunda é o não que deve integrar o Governo, os Mu-
aproveitamento das potencialidades nicípios e os operadores do setor.
de criação de riqueza dos territórios Para desencravar as dificuldades de
que, no caso do nosso País, se podem desenvolvimento harmonioso do País,
desenvolver a partir do Turismo e da temos que discutir a questão da regio-
nalização de forma consequente e mo-
tivada para a valorização do potencial
económico e para a promoção de com-
petitividade de cada ilha. Não se trata
apenas de um problema de assimetrias
regionais, mas fundamentalmente de
fazer cada ilha criar riqueza, produzin-
do e distribuindo bens, oferecendo Tu-
rismo e Cultura com qualidade.
* Presidente da Câmara
Municipal da Praia
Vulcão do Fogo
14 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010
coisas do mundo
BISSAU: Indjai sai “se”…
A tropa da droga
impõe-se à
droga política
Dá para rir o jogo político em Bissau: nada do que é parece ser e pouco do que parece ser é
mesmo – a começar pelo Governo de Cadogo. Sucedem-se os episódios e os “senhores da
guerra” (que se confundem com os “senhores da droga”) brincam ao oril que é todo o país
Guiné. O número dos mortos que já houve transforma a comédia em tragédia, enquanto os
diplomatas em Bissau comem pitshe-patshe e lambem os dedos
O
pequeno-grande mundo cas-
trense ainda é o tablado da
grotesca dança política em
Bissau. A tropa, cujo comando está
reconhecidamente atolado no narco-
tráfico e em outros “esquemas”, per-
manece geradora de fatos que o Go-
verno (e a Presidência de Malam
Bacai Sanha) tenta gerir com os me-
nores custos possíveis, o que, por si,
evidencia que o Poder Político em
Bissau não passa de metáfora do
nada.
António Indjai, Chefe do Estado
Maior General das Forças Armadas
guineenses, protagonista de uma das
aventuras golpistas da Guiné e figura
internacionalmente identificada com
o negócio da droga naquele país, acei-
ta passar à reserva “se” o Governo
assegurar a sua integração “con-
digna” na vida civil – o que, para
alguns, significa garantir-lhe a gestão
desafogada do bunker da droga em
que se transformou o arquipélago de
Bijagós. A circunstância de o Gover-
no e Malam Bacai aceitarem os “ses”
de Indjai, é sintomática de que o Po-
der Político em Bissau não passa de
uma ridícula ficção – são ainda os
militares narco-traficantes quem
Retirada do Iraque
Sem glória e sem
“rambos”
Chegou ao fim a insensata aventura para que George W.
Bush atirou as tropas norte-americanas: sete anos depois e
com mais de 4 mil baixas, a “missão de combate” terminou
no Iraque. Quanto ao futuro? Como se costuma dizer: “a
Deus (ou a Allah) pertence”
P
“ rometi que poria fim a esta
guerra. Enquanto Presidente, é
o que me preparo para fazer. Fizemos
regressar a casa mais de 90.000 solda-
dos desde que assumi funções» - pala-
vras de Barack Obama, ao anunciar, a
31 de Agosto, o fim da “missão de
combate” dos Estados Unidos no Ira-
que. Depois desta data, a presença mi-
litar norte-americana na antiga Meso-
potâmia, que se prolongou por sete
anos de guerra, ficou reduzida a 50 mil
soldados que cumprem funções de po-
liciamento, de treino das forças ira-
quianas e de garantia logística e de vi-
gilância.
A aventura bushiana encerrou-se, as-
sim, sem honra nem glória, nem
“Rambos”: começou com uma ficção –
as armas de destruição massiva. E cul-
Mundo Global
EXEMPLAR.
Marc
Ravalomanana,
antigo Presidente
da República
Malgache
impõe e dispõe a seu bel-prazer. O expirados, sendo a sua prorrogação (Madagascar) foi
Executivo de Cadogo, Carlos Gomes considerada inconstitucional pelo condenado a
Júnior, tenta boiar à superfície, en- Supremo Tribunal de Justiça. trabalhos forçados para toda a vida.
quanto procura ganhar tempo… “para De fato, na Guiné-Bissau tudo é pos- Foi responsabilizado pela atuação da
alguma coisa”, não se sabe o quê. sível: as investigações sobre os assas- guarda presidencial que, em 2009,
abriu fogo sobre uma multidão que se
sinatos de Serrão e Barreto, de Nino e
A voz dos mortos reclama de Tagme Na Waie afundam-se nos dirigia para o palácio presidencial,
causando pelo menos 30 mortos e
lodos do rio Geba e ninguém tem
E enquanto Indjai se dá ao luxo de uma centena de feridos.
admitir “sair se”, as famílias dos as- autoridade (ou interesse) em as fazer Ravalomanana foi afastado do poder o
sassinados Veríssimo Correia Seabra prosseguir; o anterior Chefe de ano passado, em consequência de um
e Nicandro Pereira Estado Maior, almi- golpe de Estado levado a cabo pelo
Barreto, juntamente rante Zamora Indu- exército. Desde então, está exilado na
com uma larga cota A circunstância de o ta, derrubado por África do Sul. Dá ânimo ver que os
de cidadãos guine- Governo e Malam Bacai um golpe militar, ex-chefes políticos são punidos por
crimes cometidos sobre os seus
enses reclamam jun- aceitarem os “ses” de continua detido e cidadãos. Deseja-se que a moda
to do Procurador-ge- sem acusação for-
ral da República, Indjai, é sintomática de malizada. A comu- pegue..
Amine Michel Saad, que o Poder Político em nidade internacional
contra a amnistia Bissau não passa de uma vai batendo o pé às ZERADO.
“Hoje sabemos
que despenalizou os anomalias guineens-
golpistas identifica- ridícula ficção – são ainda es, mas vai consen-
que a situação
financeira, em
dos com os assassi- os militares narco- tindo no “roda-roda termos de
natos. E apresentam traficantes quem impõe e aos cinco cantinhos, receitas para os
razões legítimas: a
aprovação de uma
dispõe a seu bel-prazer pum!”. Enquanto
houver ostra do tar-
cofres do Estado,
está muito mal,
amnistia aos atos de rafo para a clique no está pior do que estávamos a pensar”,
sublevação desde 1980 a 2005, pela poder e para os diplomatas estran- disse o novo Primeiro Ministro de S.
Assembleia Nacional Popular, em geiros, tudo vai bem em Bissau. Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada,
2007, e promulgada pelo Presidente Na Guiné, o bom-senso apodrece pouco depois de tomar posse. Sem
da República, foi feita por deputados nas bolanhas. E a sua existência dá dinheiro nos cofres do Estado,
que na altura tinham os mandatos para rir. Trovoada quer o seu País a trabalhar e
mina com uma retirada cujas conse-
quências muitos temem no Iraque:
sentados sobre um barril de pólvora,
receia-se que não haja bombeiros pre-
parados para controlar, com seguran-
ça, o eventual sinistro. Mesmo saben-
do-se que esta retirada é uma necessi-
dade estratégica e que prenuncia a
transferência total do teatro de guerra
para o Afeganistão, as suas incidências
numa zona de grande instabilidade,
como é o Médio Oriente, são por
agora mais que duvidosas.
Sete anos de guerra: 4400 baixas nas
tropas sob a bandeira “stars and stri-
pes”. Se não houver razões que obri-
guem a uma “marcha atrás”, o rema-
nescente do contingente norte-ameri-
cano no Iraque retira-se até fins de
2011.
a respeitar horários. As infra-estruturas
encontradas pelo novo Governo são-
tomense estão arruinadas. Patrice
Trovoada desdobra-se em visitas a
locais, organismos e empresas, sem
pré-aviso: não é tempo de
propagandas, mas de conhecer o País
real. Nisto se distingue de muitos dos
seus homólogos.
DEAD MAN
WALK .
Terão sido
executados,
em 21 de
Agosto, logo
depois de serem condenados à morte,
quatro dos acusados da tentativa de
golpe de Estado. No dia 17 de
Fevereiro de 2009, Malabo, capital da
Guiné Equatorial, foi alvo de um
ataque anfíbio, rechaçado pela Guarda
Presidencial. Os atacantes fugiram sob
perseguição de helicópteros das forças
armadas equato-guineenses. Na
mesma altura, em São Tomé e
Príncipe, assistia-se a alegada
tentativa de golpe, que provocou a
detenção de dezenas de membros do
partido FDC, e antigos Búfalos, mas o
Tribunal são-tomense provou que foi
tudo falso alarme, e ilibou os
acusados. Em Malabo, como em
Bissau (casos Viriato Pan/Paulo
Correia), os sediosos foram liquidados
logo após sentenças: sabe-se hoje que
a “conspiração Balanta” (de Viriato e
Paulo Correia) foi uma “inventona” de
Nino Vieira.

polichinelo
A máscara do “santinho”
é acordou de mau humor.
Z Durante a noite tivera
azia, dores de cabeça,
uma enorme dificuldade de
dormir, djonga a fugir como gato
das mandíbulas de cachorro.
O que o preocupava? Os seus
adversários estavam ativos:
criticavam e criticavam, punham
a descoberto a sua aldrabice. E os
imbecis da sua televisão eram tão
incapazes que até davam notícia
disso. Onde é que já se vira isso?
No estrangeiro, claro! Ah, não
podia ser.
Por isso, Zé Mentiras (a cara não
enganava: enrugada pela raiva)
boka

ESPECIALISTAS
Que a tambarinage está
preocupada com a votação nos
States, prova-o o fato de ter
mandado para lá os seus
“especialistas” Júlio Correia e
Sidónio Monteiro (este já tem
quase o estatuto de
“residente”), a fim de
garantirem o recenseamento
amarelo. Para Brockton e
Rhode Island criaram grupos
de cinco elementos a atuar a
tempo inteiro em tal tarefa.
Consta que os dois
“especialistas” lhes vão dar
AVISO À NAVEGAÇÃO: polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-
-língua, pura e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
levantou-se, foi à casa de banho,
abriu a torneira e nada. Nem
pingo de água. “Estes animais da
companhia da água lá estão a
fazer das suas. Depois lá vêm os
meus inimigos dizer que a culpa é
minha, que não resolvo os
problemas. Se os gajos da
administração não fossem meus
afilhados, eu bem lhes contava”.
Passou a mão pela face, a barba
despontava. Agarrou a máquina
de barbear, ligou-a à tomada de
eletricidade e nada. Não havia
luz. “Irra, estes incompetentes da
companhia. Depois lá vêm os
meus inimigos… E a televisão a
bedjo
formação nas “matérias” que,
em Cabo Verde, lhes deram
sobejas provas de “sucesso” –
adivinham-se quais. Vai ser
bonito: desta vez, está tudo
preparado para serem
apanhados com a boca na
botija.

REVISTAS
A página eletrónica do
Governo adapta-se ao rimo do
seu dono: está vagarosa, lenta,
preguiçosa. Polichinelo
consultou-a, desesperou-se:
clicou e a “coisa” não mexe –
dar-lhes corda! Não pode ser, não
pode ser”.
Desceu à saleta, pegou no
telefone e fez uma chamada:
“Sidónio? Sidónio, vamos pôr
este país nos eixos. A partir de
hoje não há mais notícias dos
nossos inimigos na nossa
televisão. Nem uma!... O quê?
Como? Eu sei que eles têm
muitas Câmaras. Mas nem uma
notícia delas, ouviste?!... Que têm
que haver notícias desses lugares?
Mas é simples, ó burro: dão-se
notícias da nossa gente a protestar
contra essas Câmaras! É simples,
é simples!... Ah, e a partir de hoje
manda anunciar que não falta
água, nem luz, que somos os
melhores, que resolvemos tudo…
Sim? Sim, eu sei: eu sei que não
há água, nem luz. Mas se
dissermos que há, as pessoas
convencem-se… Não sejas parvo,
Sidónio, faz o que eu te mando”.
Zé Mentiras desligou o telefone,
subiu ao quarto, abriu o armário,
pegou na máscara de santinho e
afivelou-a à cara. Viu-se ao
espelho. E deslumbrou-se: “Estou
lindo! Estou belo!”
demora uma eternidade a
virar.
Pelos modos, o NOSi anda tão
atarefado com as urgências do
Chefe (facebooks e outras
interessantes atividades) que
não tem tempo para pôr o site
do Governo a funcionar em
condições.
Pois é: há prioridades e
prioridades…

ARTISTAS
A prepararem-se para a
greve, trabalhadores da
CV Telecom resolveram
Bênçãos
de S. Roque
Festas de S. Roque, na Cidade Velha,
consolidaram o regresso de uma velha
tradição que tinham caído em desuso.
Este ano foi tão em grande que os
habituais intriguistas acabaram por meter
a viola no saco. E, ao contrário do ano
anterior, na procissão do mar os
tambarinas nem apareceram. E Franque
andava irritado: “Pôxa, até o S. Roque
está com o Pina! Mandou vir as
tartarugas desovar na praia”. Era coisa
que não se via há muito. E este ano já
aconteceu por duas vezes. E os
tambarinas de Cidade Velha ficaram
amarelos… de raiva. Se até o S.
Roque…
pôr-se à espreita das
atividades da sua
Administração: acusam um
deles de pedofilia (foi visto
em flagrante nas zonas de S.
Francisco e Moía-Moia – há
queixas na PJ feita por mãe
que topou tudo).
Acusam outro de “artista”:
depois de se fazer passar por
amigo dos trabalhadores
(“a nós, tudo é família”),
agora afirma-se ser para eles
um “verdadeiro pai” – “um
pai que esbanja na compra
de viaturas de dez mil e tal
contos; viagens
premeditadas, com ajudas de
custos desmedidas;
comendo, dançando e
bebendo por todos os
recantos do mundo à custa
da CVTelecom, para além de
despesas com familiares
tudo à custa de CVTelecom”.
Este é, de fato, um grande
pai, um “verdadeiro artista”.
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 15
kasu-bodi
!?!
!!
Mentirómetro
«O Governo prevê
apoiar os pescadores (de
Ribeira da Barca) com
pequenas embarcações e
apostar na formação,
isso como forma de
garantir a qualidade do
pescado, no sentido de
facilitar a organização
do mercado.»
In Inforpress, sobre a visita de
José Maria Neves e José Maria
Veiga a Ribeira da Barca
Promessómetro
«O Governo está a
trabalhar com a
Assembleia Nacional
para que a figura do
Provedor da Justiça seja
instalada no próximo
ano.»
Ministra da Justiça – in
A Semana, 13 Dezembro 2002
«2003 será ano inicio
das grandes reformas do
sector. Iremos instalar o
Provedor da Justiça.»
José Maria Neves, debate do
Estado da Nação de 2002
«O Governo está a
trabalhar para que a
figura do Provedor da
Justiça esteja instalada
em 2004.»
in A Semana 10 Janeiro de 2003
?? 3 de Setembro
de 2010:
Polichinelo
pergunta –
onde está o
famoso “Provedor de
Justiça”? Polichinelo dá
um doce a quem o
encontrar.
16 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010

em jogo
Várzea lava a cara Mali com Diarra
CAN 2012

para receber malianos sem Kanouté e Keita

O médio Mahamadou Diarra, do
Real Madrid, Espanha, é, para
já, a grande novidade na seleção do
Mali para o jogo de sábado contra
Cabo Verde (108.º no ranking FIFA),
no Estádio da Várzea, depois da reti-
rada da seleção de Frédéric Oumar
Kanouté, jogador do Sevilha, e da
ausência da convocatória de Seydou
Keita, médio do Barcelona.
O mais que provável dispensado da
equipa espanhola por Mourinho,
Diarra, é uma das estrelas malianas
convocadas pelo técnico e ex-inter-
nacional francês Alain Giresse para a
partida do Grupo A das eliminatórias
para a Copa de África das Nações
2012, a ser organizada pelo Gabão e
Guiné-Equatorial.
Para além do Mali (55.º no ranking),
fazem parte do nosso grupo as sele-
ções do Zimbabwe (113.º) e da Li-
béria (156.º).
Cabo Verde tem um único estádio credenciado pela FIFA para provas internacionais. Tem
problemas. Sempre que há jogos, os responsáveis gritam “Ai, Jesus” e rezam a todos os Eis a lista divulgada por Alain Gi-
resse:
santinhos

A
poucos dias do encontro
entre Cabo Verde e Mali (dia
4, sábado), a Federação
Cabo-verdiana de Futebol mal ainda
tinha certeza das condições do Estádio
da Várzea para a realização do jogo. É
situação recorrente, que enche de
preocupação os dirigentes da FCF
sempre que há competições interna-
cionais nesse estádio. Curiosamente, o
único estádio certificado pela FIFA,
em Cabo Verde, para a realização de
provas internacionais, “não tem con-
dições mínimas”.
Mário Semedo, presidente do FCF,
reuniu-se, na semana passada, com
dirigentes da Câmara Municipal da
Praia para discutir a situação do
espaço e procurar soluções que pos-
sam viabilizar a realização do jogo.
Na segunda-feira, 30, Semedo mostra-
va-se confiante na palavra dos diri-
gentes camarários que garantiram
condições mínimas para a realização
do jogo. “Da nossa parte está tudo a
postos. Em relação à situação do está-
dio, manifestámos a nossa preocu-
pação à autarquia. Os responsáveis
garantiram-nos a realização de algum
trabalho para que o estádio tenha as
condições mínimas”. Não obstante,
Mário Semedo avisa que se trata de
um jogo que traz a Cabo Verde vários
órgãos de comunicação social estran-
geiros e seria “bom que passássemos
uma imagem positiva”.
Se a situação do estádio já preocupava
os dirigentes da FCF, depois das chu-
vas vieram outros problemas, mesmo
às vésperas do jogo. “Logo após as
chuvas, o túnel estava cheio de água.
Temos que ter em mente um plano
alternativo, em caso de chover no dia
do jogo. Há, ainda, a situação com os
balneários”.
Mesmo com estes problemas – muitos
para resolver em tão pouco tempo –,
Semedo acredita na palavra dos
responsáveis municipais. Adverte,
contudo, que se as condições mínimas
não forem criadas, o País pode ficar
com imagem negativa. E alerta para o
fato de o País apenas ter um estádio
certificado: “O Estádio da Várzea é o
único cuja relva é qualificada pela
FIFA, pondo assim de lado qualquer
possibilidade de o jogo ser transferido.
Eu espero bem que a Câmara Muni-
cipal consiga realizar o trabalho pro-
metido”.
Guarda-Redes: Oumar Sissoko
(Metz, França), Soumaila Diakité
(Stade Malien, Mali) e Adama
Keita (COB).
Defesas: Adama Coulibaly e
Amadou Sidibé (Auxerre, França),
Ousmane Berthé (Cosmos, África
do Sul), Drissa Diakité (Nice,
França), Abdoulaye Maiga (Stade
Malien, Mali), Issiaka Iliassou (Al
Masri, Egipto), Drissa Coulibaly
(Kabylie, Argélia) e Adama
Tamboura (Metz, França).
Médios: Ismail Keita (Nantes,
França), Mahamadou Diarra
(Real Madrid, Espanha), Sidi
Yaya Keita (Lens, França),
Souleymane Keita (Siva Sport,
Turquia), Sambou Yatabaré
(Caen, França) e Bakaye Traoré
(Nancy, França).
Atacantes: Lassana Fané (El
Merrieck, Sudão), Mamadou
Samassa (Valenciennes, França),
Modibo Maiga (Sochaux, França),
Mustapha Yatabaré (Bologne,
França) e Mohamed Traoré
(Clube Africano, Tunísia).
Destes convocados para a seleção
maliana apenas dois jogam em equi-
pas do seu país.

Lúcio Antunes confiante

“Seleção dá garantias”
O úcio Antunes, treinador da sele-
ção nacional de futebol, diz-se
confiante num bom resultado frente ao
Mali, ainda que, a uma semana do jo-
go, tenha ficado sem três dos convoca-
dos, por lesão.
O médio Valter, o defesa Ricardo e o
avançado Ryan sofreram lesões du-
rante o fim-de-semana, gorando assim
as expetativas que o selecionador na-
cional depositou neles. Mesmo com
esse “desfalque”, Lúcio Antunes
acredita num bom desempenho da
equipa que, segundo ele, dá todas as
garantias. Perante a ausência de Valter
(Ceuta de Espanha), Ryan (Havre,
França) e Ricardo (Guimarães, Portu-
gal), Lúcio Antunes desdobrou-se em
contatos para colmatar estas baixas.
Até segunda-feira, 30, apenas tinha a
certeza da presença de Gege, jogador
do Trofense de Portugal e de Zé Luís.
Estava esperançado em poder contar
com mais dois reforços, provavel-
mente de Portugal, mas ainda não
podia prometer a presença desses dois
atletas cujo nome não avançou.
“Espero que as direções das equipas
compreendam a necessidade da pre-
sença desses jogadores. Podem abrir
um precedente, já que afinal não con-
távamos com a lesão destes atletas”.
Sobre Valdo, Lúcio Antunes esclare-
ceu que não pode contar com ele, uma
vez que não foi convocado. O treina-
dor convocou para este jogo 18 joga-
dores, dos quais se subtrai os três le-
sionados acima referidos.
Guarda-redes: Ernesto (Carregado -
Portugal) e Fock (Ceuta- Espanha);
Defesas: Stopira (Deportivo A
Coruña – Espanha), Tony Varela
(Waalwijk - Holanda), Nando
(Banik Ostrava – Rep. Checa),
Vitor Moreno (Ceuta - Espanha),
Fernando Varela (Trofense –
Portugal).
Médios: Guy Ramos (Dordrecht –
Holanda), Babanco (Boavista da
Praia), Dário (Sporting da Praia), e
Marco Soares (União Leiria –
Portugal);
Avançados: Heldon (Marítimo –
Portugal), Dady (Bucaspor –
Turquia), Lito (Portimonense –
Portugal) e Fufuco (Boavista da
Praia).
Os jogadores não residentes começa-
ram a chegar à cidade da Praia na se-
gunda-feira, 30.

olhem para elas
Conselhos médicos
Gravidez exige
atenções bucais
Zarina Barbosa dos Santos, graduanda em Odontologia na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, São Paulo,
Brasil - tida como uma das melhores universidades do Mundo na área -, é uma das alunas mais dedicadas do
curso, o que já a fez merecer, por três vezes consecutivas, de bolsa de mérito do Governo Brasileiro, bem
como destaque em jornais brasileiros. Lamenta, o fato de o Governo de Cabo Verde não valorizar o mérito dos
cidadãos: com média aproximada a 18, Zarina foi para o curso por conta própria porque o Governo
considerou-a inapta para qualquer bolsa de estudo – sua família não joga no “clube governamental”
Zarina Santos
Graduanda em Odontologia
A
gestação é marcada como
uma fase de inúmeras
mudanças na fisiologia
da futura mãe: começam os
enjoos, ganham-se alguns quilos
e aguçam-se os desejos. Para a
saúde bucal é um período onde os
cuidados com a higiene oral
devem ser redobrados: cada vez
mais estudos comprovam que “a
presença de certas bactérias na
boca das gestantes torna-se um
risco tanto para prematuridade
quanto para o baixo peso ao
nascer” - Academia Americana de
Periodontia. Por isso, convém ir
regularmente ao dentista durante
o período de gestação.
O melhor momento
para marcar consulta
Se pretende engravidar, então
deve marcar consulta com o seu
dentista e resolver todos os seus
problemas bucais. Ups! o bebé já
está a caminho? Sem problemas.
Ao contrário do que muitos pen-
sam, a qualquer momento a ges-
tante pode receber atendimento,
sendo o segundo trimestre o mais
propicio, já que no primeiro
temos as “tão desejadas” indis-
posições e enjoos e no terceiro
fica um tanto quanto incómodo
deitar-se na cadeira com tamanha
barriga
Cárie e gengivite não
são brincadeira
É comum dizer-se que os min-
erais dos dentes da gestante são
“requisitados” para a formação
das estruturas calcificadas do
bebé e que, por isso, a mãe tem
carie – é pura lenda. Dizem ainda
as más línguas que, de brinde,
além de uns quilos ganha-se gen-
givite (reação inflamatória devido
ao acúmulo de biofilme – bac-
térias, que acometem grande
parte das gestantes pela mudança
da dieta, o aumento na ingestão
de chocolate e doces. Em função
do enjôo, muitas mães relaxam
com a higiene bucal nos
primeiros meses.
Futura mã, esteja atenta: gengiva
aumentada, avermelhada, brilhan-
te, flácida e com sangramento,
não é normal, é sinal de doença –
gengivite.
Radiografar não afeta
crescimento do bebé
A radiografia é essencial para que
se tenha correto diagnóstico e
tratamento. Pesquisas mostram
que a exposição fetal a mais de 10
rads aumenta os riscos de dificul-
dades de aprendizado e anomalias
de visão. Alguém teria que fazer
100 mil raios-X dentários para
que o bebé fosse exposto a 1 rad.
Como qualquer paciente, deve
exijir do seu dentista o uso de
colete de chumbo para sua pro-
teção.
Para ter gravidez saudável, sem
stress é fácil, siga com rigor as
recomendações diárias de saúde
bucal:
1. Faça um Pré-Natal que inclua
Checkup dental, lembre-se que
as bactérias da mãe são as
primeiras na boca da criança;
2. Escove os dentes pelo menos 3
vezes ao dia. A execução é
mais importante que a quanti-
dade. Por isso tenha paciência,
não se esqueça da língua e
bochecha.
3. O fio dental não é usado ape-
nas para tirar um pedacinho de
carne entre os dentes. Use-o
diariamente e entre todos os
dentes;
4. É difícil, mas não impossív-
O fio dental não é el… diminuir doces e alimen-
usado apenas para tirar tos à base de amido. Troque-os
um pedacinho de carne por alimentos ricos em cálcio,
leite, queijo, feijão e folhas: o
entre os dentes. Use-o
seu bebé vai precisar deles
diariamente e entre para formação dos ossos e
todos os dentes dentes.
Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 17
Camisinha feminina anti-estupro
Prova indiscutível
de violação
A África do Sul
tem uma das
maiores taxas de
violações sexuais
do mundo, diz a
organização
não-governamental
Human Rights
Watch. E estima-se
que, por lá, 16% da
população estará
contaminada pelo
HIV/SIDA.
Visando combater o crime sexual ou, pelo menos,
dar chance de defesa às mulheres, a médica
sul-africana Sonnet Ehlers criou uma camisinha
feminina chamada Rape-axe, com garras que se
fincam no pénis quando ocorre a penetração.
Quando aconteça a violação de uma mulher cuja
vagina encerra esta camisinha, o homem fica
impedido de urinar e de andar enquanto a
camisinha estiver presa. Se ele tenta tirá-la, fica
ainda mais apertada, explicou Ehlers em
entrevista à CNN, rede de televisão
norte-americana. O preservativo funciona como
um absorvente interno na vagina e só pode ser
retirado do pénis por um médico.
Sonnet distribuiu 30 mil camisinhas do tipo na
África do Sul, durante a Copa do Mundo.
Acusada de criar um cinto de castidade medieval,
Ehlers defendeu-se: “Consultei engenheiros,
ginecologistas e psicólogos para ajudar no design
e garantir a segurança do produto”
A médica sul-africana diz acreditar que algo
precisa ser feito: “Alguns homens vão pensar duas
vezes antes de abordar uma mulher”.
ReceitaCaseira
Pudim de
Leite
É uma receita simples. Mas com resultado
saboroso. Experimente
Ingredientes para o pudim:
1 lata de leite condensado
1 lata de leite de vaca
4 ovos inteiros
Ingredientes para a calda:
1 chávena de chá de açúcar
1/3 de chávena de chá de água
Modo de preparo do pudim:
Bata tudo no liquidificador. Depois de bater,
coloque em forma untada com açúcar queimado e
leve ao banho-maria por aproximadamente 40
minutos. Desenforme, deixe esfriar e leve ao
frigorífico durante cerca de 1 hora antes de servir.
Modo de preparo da calda:
Para a calda, basta derreter o açúcar numa
frigideira. Quando virar caramelo, coloque a água e
mexa bem até ficar homogéneo.
18 • Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010

cachupada
Conto infantil

Horóscopo
Mia,
Por Maria Helena
De 5 a 11 de Setembro
a baleia do Bairro
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: 9 de Copas, que significa
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 7 de Paus, que significa
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: 4 de Ouros, que significa
Manguí - VII
Vitória. Discussão, Negociação Difícil. Projectos.

Amor: Poderá ser surpreendido com uma
declaração de amor. Não hesite em
comprometer-se pelo que está correcto.
Saúde: Evite as gorduras.
Dinheiro: Mantenha a calma para resolver
um problema no seu trabalho.
Número da Sorte: 45
Números da Semana: 8, 10, 1, 2, 3, 9
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Tenho vitórias, porque
sei que as mereço!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: Cavaleiro de Ouros, que
significa Pessoa Útil, Maturidade.
Amor: Poderá viver uma relação fugaz, mas
cheia de paixão. A Vida espera por si. Viva-a!
Saúde: Relaxe e liberte o stress acumulado
no dia-a-dia.
Dinheiro: A nível financeiro está tudo
controlado.
Número da Sorte: 76
Números da Semana: 44, 11, 5, 36, 1, 4
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Tenho a maturidade
necessária para tomar as decisões certas.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: O Rei de Ouros, que
significa Inteligente, Prático
Amor: A sua felicidade poderá despertar
comentários invejosos. Descubra a imensa
força e coragem que traz dentro de si!
Saúde: Cuide do seu sistema
cardio-respiratório.
Dinheiro: Esteja atento às atitudes de um
colega pouco sincero.
Número da Sorte: 78
Números da Semana: 44, 47, 49, 25, 26, 4
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: A minha inteligência e
sentido prático ajudam-me a seguir o melhor
caminho.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Amor: Controle o mau-humor. Que a
serenidade e a paz de espírito sejam uma
constante na sua vida!
Saúde: Deve gerir bem as suas energias para
não se sentir desgastado.
Dinheiro: Controle eficientemente a sua vida
financeira.
Número da Sorte: 29
Números da Semana: 3, 36, 25, 14, 7, 8
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Mantenho a calma
mesmo em situações mais exigentes.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: 5 de Copas, que significa
Derrota.
Amor: As suas mudanças de humor poderão
trazer alguns problemas. A paz começa no
seu próprio coração.
Saúde: Receberá os resultados de um exame
e sentir-se-á muito aliviado.
Dinheiro: Procure não tomar nenhuma
decisão sem antes analisar tudo o que ela
implica.
Número da Sorte: 41
Números da Semana: 33, 6, 21, 4, 7, 8
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Cultivo a paz no meu
coração, e sei que assim sou vencedor!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: O Diabo, que significa
Energias Negativas.
Amor: Confie mais na sua cara-metade. Para
quê discutir? Um pequeno gesto ou uma boa
acção são bem mais importantes do que as
palavras!
Saúde: Poderá sentir-se psicologicamente
fragilizado.
Dinheiro: Seja firme e não deixe que
abusem da sua boa vontade.
Número da Sorte: 15
Números da Semana: 9, 14, 45, 46, 49, 7
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: O pensamento positivo
vence todos os obstáculos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Amor: Aproveite para estar mais tempo com
os seus amigos. A vida é uma surpresa,
divirta-se!
Saúde: Modere as suas emoções.
Dinheiro: Ritmo de trabalho intenso mas o
resultado será muito gratificante.
Número da Sorte: 68
Números da Semana: 8, 10, 4, 3, 36, 33
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Cuido dos meus
projectos com amor e cuidado.
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: O Louco, que significa
Excentricidade.
Amor: Procure dar um pouco mais de ânimo
e vitalidade à sua relação afectiva. Tenha
ideias e coloque-as em prática. Evite a
monotonia!
Saúde: Cuidado com as costas, não faça
grandes esforços.
Dinheiro: Nunca deixe para amanhã aquilo
que pode fazer hoje, será prejudicial para si.
Número da Sorte: 22
Números da Semana: 5, 25, 15, 45, 14, 7
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Tenho a ousadia de
sonhar!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: 3 de Copas, que significa
Conclusão.
Amor: Exija do seu par a verdade sobre as
suas intenções. A confiança é a grande força
da vida!
Saúde: O cansaço físico pode ser resolvido
com um bom banho relaxante.
Dinheiro: Reflicta acerca do seu futuro
profissional.
Número da Sorte: 39
Números da Semana: 8, 1, 4, 7, 17, 19
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Eu concluo tudo aquilo
que começo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
P
ara voltar ao Porto Velho nessa noite, os quatro amigos do bairro
Manguí combinaram contar a mesma história em casa – tinham um
encontro com avô Irondino para ouvir uma história, mas que era se-
gredo e, para já, ninguém no bairro deveria saber. Jantaram bem cedo e assim
que a noite chegou, lá foram ter com o avô Irondino ao Porto Velho.
Na ponta do cais, lá estava o fumo que saía do cachimbo do velho senhor dos
mares, que olhava as águas quieto, de onda em onda, como se estivesse à
procura de alguma coisa ou de alguém! Os quatro amigos chegaram, entre-
tanto.
– Então, avô Irondino, alguma coisa? – perguntaram.
– Para já, nada, só as ondas com quem aprendi a falar…
Sentados no muro do cais, ficaram em silêncio, apenas ouvindo a tal conver-
sa das ondas que vinham bater nas pedras enormes do paredão. Porém, o
silêncio não durou muito tempo… de repente, Juninho gritou: “Olha, olha!!!
Aquela luz ali ao fundo, na água, parece uma onda de prata!”. “É Mia, é
Mia”, gritaram todos, e chamaram: MIIIIAAA… até que a onda de prata
desapareceu por momentos e, quando todos se voltaram a calar, eis que um
enorme esguicho de água surge ali mesmo, junto ao cais e, para espanto de
todos, Mia surge à superfície, aquela baleia prateada virou para os cinco
aqueles olhos enormes e azuis e voltou a mergulhar. A alegria era mais que
muita… Mia tinha mesmo ficado por ali e escolhera o velho porto do bairro
Manguí para sua casa! A excitação era muita e até o avô Irondino festejou e
garantiu que, agora sim, podia-se dizer que não só tinham salvo uma baleia,
como ela pertencia ao bairro Manguí. Só não podiam dizer que ela era
prateada porque ninguém iria acreditar.
Quem menos festejou, apesar de mais novo, foi Juninho! Na verdade,
Juninho queria provar que o que tinha visto na outra noite, a tal mulher com
cauda de baleia, não era invenção dele. Porém, o fato de Mia aparecer naque-
la noite já foi suficiente para todos correrem para o bairro de novo. Todos
menos Juninho, que ficou para trás, mais uma vez, na esperança de que algu-
ma coisa mais acontecesse. E, quando todos já estavam fora da vista do cais,
Juninho olhou para as pedras do paredão e… AH! assustou-se de repente,
quando aí viu uma senhora de cabelos de prata com muitos caracóis e olhos
azuis e com cauda de baleia prateada!
– Não te assustes, menino lindo – falou a senhora!
– Quem és tu? – perguntou Juninho, meio assustado e espantado.
– Eu sou quem tu pensas que eu sou. Para já sou o teu segredo, está bem?
José Braga-Amaral

Caranguejo Escorpião Peixes

21-6 a 22-7
Carta Dominante: O Carro, que significa
Sucesso.
Amor: Empenhe-se a cem por cento num
envolvimento amoroso recente. Aprenda a
escrever novas páginas no livro da sua vida!
Saúde: Faça uma desintoxicação ao seu
organismo.
Dinheiro: Fase favorável ao fecho de
negócios.
Número da Sorte: 7
Números da Semana: 6, 5, 3, 2, 10, 11
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: O sucesso espera por
mim, porque eu mereço!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
23-10 a 21-11
Carta Dominante: 9 de Espadas, que
significa Mau Pressentimento, Angústia.
Amor: Uma discussão com o seu par
deixá-lo-á preocupado. Preocupe-se em ser
bom e justo pois será feliz!
Saúde: Poderá passar por uma fase de
desânimo.
Dinheiro: Não gaste mais do que tem, pense
no futuro.
Número da Sorte: 59
Números da Semana: 9, 10, 20, 30, 4, 7
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Tenho fé e confiança em
mim, eu sei que sou capaz!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
19-2 a 20-3
Carta Dominante: Rei de Espadas, que
significa Poder, Autoridade.
Amor: Alguém poderá pedir-lhe perdão por
um erro cometido no passado. O poder da
transformação leva o velho e traz o novo.
Saúde: Cuide da sua saúde oral, poderá ter
um abcesso.
Dinheiro: Possível entrada de dinheiro.
Número da Sorte: 64
Números da Semana: 45, 4, 10, 1, 2, 3
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Tenho o poder necessário
para escolher com justiça.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Sexta-feira 3 Setembro 2010 • 19

Telenovelas SAÚDE
RECORD • Ribeirão do Tempo
Atenção ao cancro da mama

Água e sabão
Avião de Tito cai
e Silvio morre no acidente
são o melhor
F errolho começa a fazer o serviço, sob o olhar de Virgílio. Iara pede a
Newton para saltar no lugar dela. Newton cumprimenta Sílvio, que não
corresponde. Sílvio garante a Tito e a Virgílio que não pretende prejudicar o
para as axilas
trabalho com os seus problemas pessoais. Filomena conta a Carmem que
percebeu estar a desistir de tudo muito rápido. Ellen explica a Carmem e a
Filomena que Sílvio acabou por descobrir a verdade da pior maneira. Os
D evemos passar a noite com a axila limpa e sem de-
sodorizante, por ser um momento de respiração li-
vre desta zona do corpo. Num seminário sobre o cancro
portanto, inibem o corpo de eliminar as toxinas através
das axilas.
As toxinas não desaparecem por artes mágicas. Como
paraquedistas embarcam no avião. Os hóspedes ficam tensos. O avião
descola. Começa a sair fumaça do avião e todos ficam apavorados. Tito e da mama, conduzido por Terry Birk com o apoio de não saem pelo suor, o organismo deposita-as nas glân-
Newton saltam com os hóspedes. O avião cai entre árvores incendiando-se. dulas linfáticas que se encontram debaixo dos braços. A
Tito e Newton saem correndo para ver Sílvio e constatam que o piloto não
Dan Sullivan, perguntou-se por que razão a área mais
conseguiu salvar-se. Newton e Tito choram desesperados. Querêncio diz à comum para desenvolver tumores cancerígenos no maioria dos tumores cancerígenos do seio, ocorre neste
Elza para avisar Madame Durrel que ele quer devolver o quadro. Olhando as peito fica perto do sovaco. quadrante superior da área da mama. Precisamente on-
fotos, Iara conclui que foi Virgílio quem armou o acidente. Ela imprime
cópias das fotos e coloca-as num envelope junto com o pen-drive. Ellen A pergunta não pôde ser respondida na hora. Mas, re- de se encontram as glândulas.
demora a acreditar no que Tito lhe contou e tem uma crise de choro. Newton centemente, a informação chegou: a principal causa do Nos homens parece ocorrer em menor proporção, mas
diz a Iara que não consegue entender como aconteceu o acidente, pois esta- cancro da mama é o uso de antitranspirantes. A maioria eles não estão isentos de contrair cancro da mama por
va tudo certo com o avião. Marta faz algumas perguntas a Virgílio. Iara
examina as fotos que tirou do encontro entre Nasinho, Virgílio e Ferrolho e dos produtos no mercado é uma combinação de anti- causa dos antitranspirantes que usam, ao invés de água
conclui que foi Virgílio quem armou o acidente. Lincon entrevista Virgílio. transpirantes/desodorizantes, por isso é necessário ler e sabão. Os antitranspirantes usados pelos homens não
Arminda vai até a casa de Joca e entra no quarto dele sem avisar. A executi- são aplicados diretamente sobre a pele - ficam, em
va agarra Joca. Lincon fica intrigado com a visita de Nicolau ao seu jornal.
bem os rótulos: DESODORIZANTE está bem, ANTI-
Nicolau mostra um projeto de um novo jornal e diz ao jornalista que o pro- TRANSPIRANTE, não. A concentração das toxinas grande parte, nos pêlos axiais.
jeto só avança se ele aceitar ser seu sócio. Teixeira mostra o quadro que provoca a mutação das células: é cancro. As mulheres, que aplicam antitranspirantes logo após
Querêncio pintou e Eleonora gosta do resultado. Tito afirma que resolveu
velar o corpo de Sílvio na pousada. Eleonora pede para Teixeira examinar o Eis a razão: o corpo humano tem apenas algumas áreas rasparem ou depilarem as axilas, aumentam o risco de
testamento dela e verificar se há mudanças a serem realizadas caso por onde pode eliminar as toxinas: atrás dos joelhos, cancro da mama devido a minúsculas feridas e irrita-
Querêncio seja mesmo seu filho. Flores diz a Nicolau que a sociedade do jor- atrás das orelhas, a área das virilhas e as axilas. As toxi- ções da pele, que fazem com que os componentes quí-
nal vai ser muito útil para os planos deles. Karina fica tensa ao ver Filomena
no velório de Sílvio. Ari cumprimenta Ellen e discursa, deixando todos con- nas são eliminadas com a transpiração. Os antitranspi- micos nocivos penetrem mais rapidamente no organis-
strangidos. Flores fala para Nicolau que ele precisa ir ao velório. Brandão rantes, como o seu nome indica, evitam a transpiração; mo.
entrega o resultado do exame a Eleonora.

SIC • Passione
Boa Mesa Farmácias
de serviço
Truques para enganar o estômago Praia
05/09: Farmácia Africana

Clara tenta matar Totó

Como combater 06/09: Farmácia Avenida
07/09: Farmácia Santa
Isabel

N a delegacia, Danilo implora a ajuda de Clara. Stela e Arthurzinho

planeiam separar Lorena e Agnello. Saulo não se intimida com as
ameaças de Fred, que pretende impedi-lo de ir à Itália. Melina discute com
os ataques de fome 08/09: Farmácia 2000
09/09: Farmácia
Moderna
Diana e a manda embora da casa de sua família. Bete explica a Mauro a
razão pela qual entregará o projeto da Skinny Top para o concorrente. Clara
abandona Danilo na delegacia. Totó chega ao local onde estão Francesca e
L udibriar o estômago e o cérebro, de modo a
não abrir a boca para ingerir alimentos que
estraguem a dieta, é uma das maiores dificul-
No restaurante...
• Em vez de atacar o couvert, peça legumes crus
10/09: Farmácia Central
11/09: Farmácia Santo
cortados como entrada.
Adamo e os observa à distância. Mimi fica desesperada ao saber que dades de quem segue regimes de redução calóri- António
• Se pedir salada, peça para não a temperarem e
Benedetto mandou uma carta para Giovanni e tenta evitar que ela chegue ao ca. Existe, no entanto, uma série de truques que
Brasil. Berilo reencontra Agostina e Dino. Jéssica preocupa-se com a demo- use apenas azeite e vinagre. 12/09: Farmácia Africana
podem ajudar a vencer a fome sem a pessoa se • Em vez de acompanhar a carne ou o peixe com
ra do marido. Fortunato fica preocupado depois de ter conversado com
desviar do objetivo. Se os adotar, verá que é batatas e arroz, prefira vegetais salteados.
Fátima. Fátima diz a Sinval que não vai desistir da sua investigação. Clô tira
Jackie da delegacia. Totó conversa com Francesca para saber mais sobre a muito mais fácil perder peso ou, pelo menos, não • Se tiver mesmo que ser, escolha um molho
S. Vicente
vida da namorada do seu filho. Mimi chega ao correio para onde foram envi- acrescentar mais pontos na balança. pobre em calorias. Os molhos com pouca gordu- 05/09: Farmácia Jovem
adas as cartas internacionais, mas não consegue recuperar a correspondência Assim: ra têm quase sempre um alto teor de frutose, que 06/ 09: Farmácia Higiene
do seu tio. Luciano mostra a Clara o falso testamento de Totó. Myrna entre- • Tenha sempre vegetais já cortados e lavados, tem muitas calorias e não sacia o organismo.
ga a Stela uma cópia da chave do apartamento onde moram Fred e Agnello. prontos a comer. 07/09: Farmácia Jovem
• Se não resiste a comer sobremesa, partilhe-a
Lia diz a Lorena que vai se encontrar com Agnello e deixa a amiga intriga- • Salteie vegetais em azeite e alho e guarde-os no 08/09: Farmácia Mindelo
da. Arthurzinho mente para Agnello e diz que Lorena quer marcar um encon- com outras pessoas.
frigorífico. 09/09: Farmácia Avenida
tro com o namorado. Diana observa Mauro pela janela do seu quarto. Clara
• Tenha sempre sopa no frigorífico. São o aperiti- Fonte: “You - A sua Dieta - O manual de
prepara uma armadilha para Totó no celeiro do sítio. Mimi chega ao correio 10/09: Farmácia Leão
de Florença. Myrna mente para Fred, avisando que um suposto acionista da vo ideal. instruções para ter o corpo ideal”
empresa quer falar com ele. Lia chega ao apartamento de Agnello. Lorena • Tenha sempre amêndoas, amendoins, nozes, Texto: Rita Caetano com Michael F. Roizen 11/09: Farmácia Nena
fica furiosa ao ver o namorado chegar em casa. Clara provoca um incêndio passas de frutos e feijões de soja frescos para pe- (especialista em Medicina Interna) e Mehmet C. 12/09: Farmácia Higiene
no celeiro. Ao tentar salvar Clara, Totó é atingido e desmaia. tiscar, pois são alimentos saudáveis e que saciam. Oz (cirurgião cardiovascular).

bai-bai
“Caso Santaninha”
Fiscal da Câmara
vítima de
retaliação
O fiscal da Câmara Municipal da Praia, José Carlos da Veiga Almeida, que, no dia
14 de Agosto, liderou a equipa da fiscalização, no caso “embargo da obra de
Terra Branca/Santaninha”, foi detido, esta segunda-feira, 30, na sua residência
em Achada São Filipe, por alegada ameaça com arma de fogo a um membro
daquela localidade
J osé Carlos Almeida encontrava-
se, logo pela manhã sentado na
varanda da sua casa, em Achada
São Filipe, quando o agente da Polícia
Nacional (PN), à paisana, Adilson
Semedo (Jó), o abordou perguntando-
lhe se sabia o que é que acontecera
domingo, à noite. O Português, como
o fiscal da CMP é conhecido entre
amigos e vizinhos, ficou estupefato:
não sabia do que é que o agente esta-
va a falar. “Estou a perguntar-te pela
pistola com que ameaçaste ontem as
pessoas aqui no bairro. Quero que ma
entregues agora senão vais preso”,
ameaçou o agente que, segundo José
Carlos Almeida, o agarrou pelas cal-
ças e algemou, dando-lhe de seguida a
voz de prisão.
“Uma vez detido na esquadra de São
Filipe, por volta das 9 horas da manhã,
pedi-lhes por favor que me deixassem
contatar o meu advogado, mas disser-
am que não havia advogado nenhum
que me impedisse de levar uma boa
sova, caso não entregasse a pistola”,
conta-nos José Carlos Almeida, que
apresentava sinais de ter sido coagido
para confessar o alegado crime.
Segundo o fiscal da CMP, o graduado
de serviço, subchefe Nelson Pina,
deu-lhe “duas valentes bofetadas” e
obrigou-o a sentar-se no chão, dizen-
do-lhe que ‘lugar di bandidu é na
tchon. Si bu ca dan arma bu corpu ta
paga’. Desesperado, conta José Carlos
Almeida, não tinha outra alternativa
senão indicar à PN uma arma inoper-
ante, sem carregador, que terá sido
doada por um primo seu, para uso no
exercido das suas funções.
O detido confessou à nossa repor-
tagem que, de fato, a arma estava em
casa, à espera de reparação e de licen-
ça junto da PN e que, de resto, estava
a ser tratada, considerando as funções
de risco que exerce na CMP. “É a
própria PN que reconhece que o nosso
trabalho envolve sérios riscos, pelo
que seria normal que usássemos
armas, mediante a competente licença
de uso e porte de arma”, conclui Al-
meida, acrescentando que em momen-
to algum ameaçou quem quer que
fosse com essa arma. Até porque, con-
tinua, não fazia qualquer sentido, já
que a pistola não funcionava.
Retaliação policial com
contornos profissionais
Já conversou com o advogado do de-
tido para, entre outras coisas, tentar
perceber os contornos deste caso.
“Trata-se de uma represália, na se-
quência de uma intervenção do fiscal,
José Carlos Almeida que, em cumpri-
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Sexta-feira 3 Setembro 2010
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“Uma vez detido na esquadra de São Filipe, por volta das
9 horas da manhã, pedi-lhes por favor que me deixassem
contatar o meu advogado, mas disseram que não havia
advogado nenhum que me impedisse de levar uma boa
sova, caso não entregasse a pistola”
mento ao Mandado de Embargo do comandante da Esquadra de S. Filipe,
Presidente da CMP, liderou uma equi- Alberto Mendes, tem competência
pa que, de forma pedagógica, tentou para fazer interrogatório ao detido, já
dissuadir o senhor Manuel António que esta é reservada ao juiz, ao abrigo
Tavares, dono das do artigo 78º do
obras em Terra “Trata-se de uma Código do Processo
Branca/Santaninha, represália, na sequência Penal.
no passado dia 14 de
Agosto. Como sabe,
de uma intervenção do O comandante da
Esquadra de São Fi-
estas obras vinham fiscal, José Carlos Almeida lipe refuta as acusa-
sendo construídas à que, em cumprimento ao ções de José Carlos
revelia das autori-
Mandado de Embargo do da Veiga Almeida,
dades municipais e, sobre alegadas agres-
quando assim é, a lei Presidente da CMP, sões como meio de
obriga a CMP a agir liderou uma equipa que, coação para obter
em conformidade”, de forma pedagógica, elementos de pro-
assegura o advoga- vas dos fatos de
do do detido, Lau- tentou dissuadir o senhor que é acusado.
rindo Neves, consi- Manuel António Tavares, “Nós não patuamos
derando a detenção dono das obras em Terra com esta forma de
arbitrária e ilegal.
Na perspetiva da-
Branca/Santaninha, no trabalhar. Não é
verdade que, ao ci-
quele jurista a de- passado dia 14 de dadão detido, tenha
tenção foi ilegal, Agosto” sido negado con-
porque a polícia não tatar o advogado,
pode deter ninguém fora de flagrante como também não é verdade que foi
delito. “Não tenho dúvidas de que se coagido. Cabo Verde é um Estado de
está, mais uma vez, em presença de Direito democrático e cabe-nos,
um caso de retaliação, com contornos enquanto autoridades, respeitar as
político-partidários e de usurpação de regras do jogo”, afirma Alberto
funções, porque o meu constituinte Mendes que diz demarcar-se das ati-
está neste momento a ser ouvido, sem tudes de alguns elementos da PN que
a presença do seu advogado”, argu- primam pela ilegalidade no exercício
menta Neves para quem nem sequer o das suas funções.