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ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS MILITARES

MATHEUS FELIPE CIMINO MOTA ROCHA

AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS PELO CORPO DE BOMBEIROS


MILITAR DE MINAS GERAIS DIRECIONADAS PARA CRIANÇAS – UMA
ANÁLISE COM ÊNFASE NA PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Belo Horizonte
2016
MATHEUS FELIPE CIMINO MOTA ROCHA

AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS PELO CORPO DE BOMBEIROS


MILITAR DE MINAS GERAIS DIRECIONADAS PARA CRIANÇAS – UMA ANÁLISE
COM ÊNFASE NA PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Monografia apresentada à Academia de


Bombeiros Militar de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: Giovane Prates Teixeira, Major BM

Belo Horizonte
2016
ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR

TERMO DE AUTORIZAÇÃO – DEPÓSITO LEGAL

O(s) autor(es) ______________________________________________________


na qualidade de titular dos direitos intelectuais, morais e patrimoniais do Trabalho de
Conclusão de Curso, intitulado_________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Com a orientação de __________________________________________________,
mediante produção acadêmica _________________________________________,
apresentado na Academia de Bombeiros Militar, em ____/______/______, com base
no disposto na Lei Federal nº 9.160, de 19 de fevereiro de 1998 (Direitos Autorais)
AUTORIZA disponibilizar na Biblioteca para consulta da obra, eventual empréstimo,
bem como eventual disponibilização na Internet e em outros meios eletrônicos, a
partir desta data sob a forma de depósito legal na Biblioteca da ABM.

Belo Horizonte, ______ de _________________ de _____

_____________________________________________________
Autor(a)

_____________________________________________________
Orientador(a)
Dedico esta monografia a minha
esposa, Monalisa, e aos meus
familiares, por suportarem minha
ausência e me darem apoio no
processo de gestação desta
pesquisa.
AGRADECIMENTOS

Ao visualizar este trabalho pronto, percebi que muitos me apoiaram em todo o


processo de pesquisa. Primeiramente, agradeço a Deus por me guiar pela chama
acesa da vontade de viver e crescer como ser humano.

Agradeço a Deus, novamente, por minha esposa, que me suportou durante todo o
trabalho, sendo a primeira a dizer que eu seria capaz. Seus elogios a minha forma
de escrever foram essenciais à minha motivação. Seus beijos antes de se deitar me
confortavam a cada noite estendida de pesquisa e me davam forças para continuar.
O almoço fresco aos domingos... Por tudo que fez ou deixou de fazer por mim, eu
lhe agradeço!

Agradeço ao meu orientador pela liberdade do diálogo que permeou todo o trabalho,
pela busca do meu progresso a cada encontro e pela sábia habilidade de limitar
minha vontade de abraçar o mundo.

Agradeço a minha mãe, pai, irmãos e irmãs, amigos e familiares por suportarem
minha ausência compreendendo este momento ímpar em minha vida.

Agradeço aos militares e professores pelos conselhos e dúvidas tiradas, em especial


a Rejane, pelo suporte à cientificidade da pesquisa.

Agradeço aos amigos da turma Bravos que me apoiaram direta e indiretamente.


"Somente a educação pode
salvar nossas sociedades de
uma possível dissolução,
violenta ou gradual" Piaget
RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo analisar as ações educativas desenvolvidas


pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) direcionadas para
crianças e adolescentes, sob os aspectos do novo paradigma da proteção e defesa
civil. Foi constatado que a instituição está atrelada tanto historicamente quanto
legalmente aos temas prevenção e defesa civil, ressaltados por sua missão
institucional descrita no Plano de Comando 2015 – 2026. Pela contextualização
histórica dada à expressão defesa civil, percebeu-se que sua origem está ligada ao
ser humano, a partir da sua evolução para a vida em sociedade, dando o destaque
para o surgimento histórico do termo na Inglaterra durante a Segunda Guerra
Mundial. No Brasil, o surgimento desse mecanismo de ação deu-se, também, a essa
época. Porém, sua evolução foi lenta, com destaque para o momento atual de
vigência da Lei 12.608/2012, que reformulou a Política e o Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil, sendo essa atualização influenciada pela Estratégia
Internacional para Redução do Risco de Desastre das Nações Unidas. Após situar
esses aspectos, discutiu-se o novo paradigma de proteção e defesa civil
relacionando-o com a atuação do CBMMG, propondo uma interpretação mais
holística sobre a gestão do risco de desastre. Após isso, caracterizou-se o termo
educação através das normas atinentes ao processo educativo no Brasil, buscando
explanar sobre os níveis educacionais, as fases do desenvolvimento da criança e os
aspectos básicos da aprendizagem, finalizando com uma breve análise do ensino do
CBMMG e a capacitação dos militares para atuação nessa área. A metodologia
empregada neste estudo passou por aspectos descritivo, dedutivo e dialético, no
tocante à revisão bibliográfica, e valeu-se de aspectos qualiquantitativos para
análise da documentação direta, baseada em coleta de dados das seções de
comunicação das unidades operacionais do CBMMG e de aplicação de
questionários a parcela do público interno à corporação. A partir dos dados
coletados e com base no referencial teórico, obteve-se a seguinte análise: o
CBMMG desenvolve ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes,
porém, não confere a elas um caráter explícito de proteção e defesa civil.

Palavras chaves: Proteção e Defesa Civil, Prevenção, Educação e Criança.


ABSTRACT

The research has as a goal to analize the educational actions by the Fire Brigade of
Minas Gerais (CBMMG) directed to children and teenagers, under the new civil’s
protection and defense paradigm. It was detected that the institution is linked both
historically and rightfully to the civil’s prevention and defense themes, highlighted by
its institutional mission found on the Plan Comand 2015 – 2026. By the historical
contextualization given to the expression. “civil defense”, it was noticed that its origin
is linked to the human being, from its evolution to life in society, highlighting the
historical appearance of the term in England, during the second world war. In Brazil,
the appearance of this action also happened during this period. However, its
evolution was slow, pointing out the law in force’s current moment 12.608/2012,
which reworded the Political and Civil’s Protection and Defense National System,
where this updating was influenced by the International Strategy to reduce the risks
of disasters of the United Nations. After such aspects, it was debated the new Civil’s
Protection and Defense paradigm relating it to the CBMMG’s procedure, proposing a
more holistic understanding about the desaster and risk management. Then, the term
“education” was featured by the Brazilian’s educational standards, trying to explain
about the educational levels, the child’s development’s fases and the basic aspects
on learning, ending with a short analysis on the CBMMG’s teaching and the
militaries’ capacity to act on this field. The methodolgy used on this study passed
through descriptive aspects, deductive and dialective ones when it comes to the the
bibliographic review, and used the qualitative and quantitative aspects on the direct
documentation’s analysis, based on the data collecting of the CBMMG’s operational
units’ comunication’s sections and the questionnaries applications given to the
corporation’s indoor public. Based on the colected data and based on the theoretical
reference, we drew to the following conclusion: the CBMMG offers educational
actions directed to children and teenagers, but do not give them an explicit civil’s
protection and defense feature.

Key words: Civil’s protection and defense, prevention, education and child.
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Divisão da população mineira em área urbana e rural por milhões ........ 61

Gráfico 2 – Distribuição dos militares participantes da pesquisa em posto/graduação


................................................................................................................................ 111

Gráfico 3 – Distribuição da alocação dos militares nas principais unidades do


CBMMG................................................................................................................... 112

Gráfico 4 – Percentual de entendimento dos militares quanto cursos aos básicos de


primeiros socorros, para crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio
corresponder a uma ação de proteção e defesa civil .............................................. 113

Gráfico 5 – Entendimento dos militares do CBMMG sobre o termo Defesa Civil .... 114

Gráfico 6 – Percentual de militares do CBMMG treinados com relação à proteção e


defesa civil............................................................................................................... 115

Gráfico 7 – Percentual de militares que conhecem a Lei 12.608/2012 ................... 116

Gráfico 8 – Grau de contato, visibilidade e conhecimento do curso Bombeiro


Educador ................................................................................................................. 116

Gráfico 9 – Visibilidade interna das ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG


................................................................................................................................ 117

Gráfico 10 – Temas de prevenção mais relevantes ou de maior necessidade dentro


da realidade para cada corporação ......................................................................... 118

Gráfico 11 – Distribuição das temáticas ou assuntos escolhidos para serem


ministrados a crianças e adolescentes objetivando o aumento da percepção de risco
e a redução de acidentes ........................................................................................ 119

Gráfico 12 – Opinião dos militares sobre o uso de todo o potencial institucional na


coordenação, execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo,
direcionadas às crianças e adolescentes ................................................................ 120
Gráfico 13 – Motivos elencados para o CBMMG não utilizar de todo seu potencial na
coordenação, execução e fomento de práticas educativas direcionadas a crianças e
adolescente com foco na prevenção ....................................................................... 121

Gráfico 14 – Distribuição numérica e percentual das facilidades escolhidas pelos


militares do CBMMG para a coordenação, execução e fomento de ações educativas
de cunho preventivo, direcionadas às crianças e adolescentes .............................. 122

Gráfico 15 – Distribuição das escolha da forma mais viável para se desenvolver


ações educativas para o público infantil .................................................................. 123

Gráfico 16 – Verificação do sentimento de capacitação dos militares do CBMMG


quanto a palestrar ou ministrar cursos com temáticas preventivas ou de preparação
à crianças e adolescentes ....................................................................................... 124

Gráfico 17 – Opinião dos militares sobre a faixa etária mais interessante para se
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes ............ 125
LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 - Cronologia de fatos relevantes à história do CBMMG.............................. 26

Tabela 2 – Descrição dos Objetivos 2 e 5 do Plano de Comando 2015 - 2016 ........ 34

Tabela 3 – Classificação das Ocorrências Segundo a DIAO .................................... 62

Tabela 4- Número de Ocorrências atendidas por unidades ...................................... 63

Tabela 5 – Associação das ocorrências atendidas pelo CBMMG com as Fases da


Gestão do Risco de Desastre.................................................................................... 64

Tabela 6 – Números relativos aos desastres ocorridos no Brasil de 2010 a 2016 .... 67

Tabela 7 – Número de óbitos por causas externas em Minas Gerais entre os anos
2000 – 2013 .............................................................................................................. 67

Tabela 8 - Custo total em reais das internações por causas externas em Minas
Gerais entre Janeiro de 2008 e Março de 2016 ........................................................ 68

Tabela 9: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget ..................................... 75

Tabela 10 – Tabela para determinar a amplitude de uma amostra tirada de uma


população finita com margens de erro de 1%, 2%, 3%, 4%, 5% e 10% na hipótese
de p=0,5. Coeficiente de confiança de 95,5%. .......................................................... 88

Tabela 11 – Tabela descritiva das ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG .. 99

Tabela 12 – Resumo qualiquantitativo das ações educativas desempenhada pelas


Organizações Bombeiro Militar de Minas Gerais. ................................................... 104
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1- Esquema da Missão Institucional do CBMMG ........................................... 33

Figura 2 – Resumo dos objetivos estratégicos .......................................................... 34

Figura 3 – Destaque dos projetos dentro dos Objetivos 2 e 5 do Plano de Comando


2015 – 2026 .............................................................................................................. 35

Figura 4 – Esquema representativo do SINPDEC ..................................................... 43

Figura 5 – Base da Proteção Civil ............................................................................. 49

Figura 6 – Novo Paradigma da Proteção e Defesa Civil ........................................... 53

Figura 7 – Ciclo de gestão e proteção civil ................................................................ 57

Figura 8 – Ciclo completo da Educação preventiva nos serviços de bombeiros ....... 98


LISTAS DE ABREVIATURAS

ABM – Academia de Bombeiros Militar

APH – Atendimento Pré Hospitalar

BBM – Batalhões de Bombeiros Militar

BEMAD – Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres

BOA – Batalhão de Operações Aéreas

CAS – Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos

CEFS – Curso Especial de Formação de Sargentos

CEGDEC – Curso de Especialização em Gestão e Defesa Civil

CFC – Curso de Formação de Cabos

CFO – Curso de Formação de Oficias

CFS – Curso de Formação de Sargentos

CFSd – Curso de Formação de Soldados

CGEPP – Curso de Gestão Estratégia e Políticas Públicas

CHO – Curso de Habilitação de Oficiais

Cia Ind. – Companhia Independentes

CINDS – Centro Integrado de Informações de Defesa Social

COB – Comando Operacional de Bombeiros

COBOM – Centro de Operações de Bombeiros

CRFB/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

CTS – Centro de Tecnologia e Sistemas CTS


DEPCBM – Diretrizes de Ensino Profissional do Corpo de Bombeiros Militar

DIAO – Diretriz Integrada de Ações e Operações do Sistema de Defesa Social

EIRD/ONU – Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações


Unidas

EMBM – Estado-Maior do CBMMG

EPOSau – Estágio Preparatório de Oficiais de Saúde

GD – Gestão de desastres

GRD – Gestão do Risco de Desastre

LDB/96 – Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MAH – Marco de Ação de Hyogo

MTB – Manual Técnico de Bombeiros

OBM – Organização Bombeiro Militar

PRODINATA – Programa de Divulgação da Natação

RRD – Redução do Risco de Desastres


LISTAS DE SIGLAS

CBMPB – Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba

CBPMEP – Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Paraná

CBPMESP – Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

Cobrade – Classificação e Codificação Brasileira de Desastres

Compdec – Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil

CRED – Centre for Research on the Epidemiology of Disasters

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

FUNCAP – Fundo Especial para Calamidades Públicas

GEACAP – Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas

GMG – Gabinete Militar do Governador

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEC – Ministério da Educação

MI – Ministério da Integração Nacional

NUPDEC – Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa civil

ONU – Organização das Nações Unidas

PNPDEC – Política Nacional de Proteção de Defesa Civil

REDS – Registro de Eventos de Defesa Social

S2ID – Sistema Integrado de Informações sobre Desastres

SEDEC – Secretaria Especial de Defesa Civil


SEDS – Secretaria de Estado Defesa Social

SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil

SINPDEC – Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

SOBRASA – Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático

UNISDR – United Nations International Strategy for Disaster Reduction


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 20

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E NORMATIVA .......................................... 23

2.1 Breve Histórico do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais ............................ 23

2.2 Embasamento Legal das Ações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais . 29

2.2.1 Competências dos Corpos de Bombeiros ................................................... 29

2.2.2 Competências Legais do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais ... 30

2.3 Plano de Comando 2015 – 2026 ....................................................................... 32

3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E NORMATIVA DA DEFESA CIVIL NO


BRASIL ..................................................................................................................... 36

3.1 Fatos históricos e legais que marcaram a Defesa Civil no Brasil ................. 37

3.2 Influência da Estratégia Internacional de Desastres na Proteção e Defesa


Civil ........................................................................................................................... 40

3.3 Descrição de alguns aspectos da Lei 12.608/2012 ......................................... 43

3.3.1 Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil .............................................. 43

3.3.2 Política Nacional de Proteção e Defesa Civil ............................................... 45

3.3.3 Proteção e Defesa Civil e a Educação .......................................................... 48

4 DO NOVO PARADIGMA DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL À ATUAÇÃO DO


CBMMG .................................................................................................................... 51

4.1 Novo Paradigma de Proteção e Defesa Civil .................................................. 51

4.1.1 Definições dos Termos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil .. 57

4.1.1.1 Prevenção, Mitigação e Preparação ............................................................. 57

4.1.1.2 Resposta e Recuperação .............................................................................. 59

4.2 Características das ocorrências atendidas pelo CBMMG ............................. 60

4.3 Aspectos correlatos entre a atuação do CBMMG e a Redução do Risco de


Desastre ................................................................................................................... 63
4.4 Gastos com acidentes e desastres .................................................................. 66

4.5 Reflexão sobre o Novo Paradigma de Proteção e Defesa Civil e as


ocorrências atendidas pelo CBMMG ..................................................................... 68

5 ASPECTOS EDUCACIONAIS ............................................................................... 69

5.1 Educação ........................................................................................................... 69

5.2 Níveis Educacionais no Brasil ......................................................................... 72

5.3 Desenvolvimento Cognitivo e a Aprendizagem da Criança .......................... 75

5.4 Ensino no CBMMG ............................................................................................ 78

5.4.1 Malha Curricular dos Cursos de Formação ................................................. 79

6 METODOLOGIA .................................................................................................... 82

6.1 Método de abordagem ...................................................................................... 82

6.2 Pesquisa bibliográfica ...................................................................................... 83

6.3 Pesquisa direta .................................................................................................. 84

6.3.1 Coleta de Dados das Seções de Comunicação Social (B/5) ....................... 84

6.3.2 Coleta de dados por meio de questionário .................................................. 86

7 ANÁLISES DAS AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NO CBMMG .......... 90

7.1 Ações educativas realizadas pelos Corpos de Bombeiros Estaduais do


Brasil ........................................................................................................................ 90

7.2 Diferentes abordagens sobre as ações educativas desenvolvidas pelo


CBMMG .................................................................................................................... 93

7.3 Ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG e sua relação com a


Proteção e Defesa Civil ........................................................................................... 98

7.4 Análise das respostas obtidas por meio de questionário ........................... 110

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 126

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 132

APÊNDICE A – OFÍCIO PARA COLETA DE DADOS NAS SEÇÕES B/5 DAS OBM
140
APÊNDICE B – OFÍCIO PARA ENVIO DO QUESTIONÁRIO VIA E-MAIL
INSTITUCIONAL ..................................................................................................... 142

APÊNDICE C – CÓPIA DO E-MAIL ENVIADO A AMOSTRA ............................... 143

APÊNDICE D – CÓPIA FÍSICA DO QUESTIONÁRIO APLICADO ........................ 144


20

1 INTRODUÇÃO

É de conhecimento de todos e percepção comum que sempre houve fenômenos


naturais que afetaram e afetam de diferentes maneiras e graus a vida humana.
Ainda hoje, além das grandes variações dessas ocorrências, todo seu efeito é
potencializado pela grande intervenção humana.

Da mesma forma que as mudanças climáticas tornaram-se uma preocupação para a


sociedade, todas as ações humanas, também, têm gerado pontos de tensão. Na
vida em comunidade, quando não observados alguns preceitos, tais como a
segurança, o cumprimento das legislações, entre outras atitudes, são muitos os
possíveis prejuízos, tanto à segurança individual quanto coletiva, com reflexos na
sociedade e no patrimônio.

Isso pode ser percebido pelo número crescente de acidentes de trânsito, pelo uso e
ocupação do solo de forma desordenada, pela urbanização acelerada e não
programada que aconteceu no Brasil nas últimas décadas, pelo uso inconsequente
de drogas lícitas e ilícitas, pelo aumento da criminalidade, entre outras mazelas
sociais.

Diante dessa contextualização, vê-se aumentando a atuação dos Corpos de


Bombeiros, ante os vários sofrimentos e necessidades sociais. Com isso, vislumbra-
se que essas instituições estejam engajadas em aprimorar o desempenho de suas
funções legais e profissionais com vistas a servir melhor à sociedade.

Uma das formas de atuação positiva sobre a sociedade é pelo emprego de ações
educativas e de difusão de conhecimento. No tocante à redução dos impactos de
desastres e acidentes, impele-se a prática em esferas preventivas, de capacitação e
de mitigação do risco, ligado à proteção e defesa civil.

Neste ínterim, tem-se o seguinte problema: o Corpo de Bombeiros Militar de Minas


Gerais (CBMMG) executa atividades educativas, direcionadas para crianças e
adolescentes, que possuem em sua essência preceitos de proteção e defesa civil?

Para esse problema, interpõe-se a hipótese de que o CBMMG executa sim diversas
atividades educativas, porém elas não possuem em seu bojo, ou de forma explícita,
preceitos de proteção e defesa civil e, caso os possua, não estão de forma clara
21

tanto para o âmbito interno da instituição quanto para o público externo que tenha o
contato com essas atividades.

Para se verificar essa hipótese, a presente pesquisa terá como objetivo geral
analisar as ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG sob a ótica de preceitos
da educação e do novo paradigma de proteção e defesa civil.

Buscando atingir esse objetivo geral, fez-se um delineamento pormenorizado em


objetivos específicos, sendo eles listados logo abaixo:

 Descrever o CBMMG nos campos histórico, legal e estratégico afetos à


atividade preventiva e de defesa civil;

 Contextualizar a defesa civil nos campos histórico e legal sob um contexto de


atuação sistêmica e abrangente influenciada por uma estratégia internacional;

 Discutir o novo paradigma de proteção e defesa civil e sua relação com a


atuação do CBMMG;

 Caracterizar o conceito da educação por meio de escopos normativos e


teóricos ligados à criança e ao adolescente até a capacitação dos militares do
CBMMG no que tange a sua atuação nessa área;

A metodologia foi inicialmente descritiva, buscando inferências menores de preceitos


generalistas, dando um caráter dedutivo, sendo que em todos os capítulos
empregou-se uma dialética com os conteúdos abordados, de forma a não encerrar a
discussão sobre o assunto. Para tanto, valeu-se a princípio de uma pesquisa
bibliográfica ampla e de pesquisa documental direta, qualiquantitativas. Outros
aspectos relevantes à metodologia serão abordados num capítulo específico.

Cumprindo o papel introdutório, serão descritos a seguir os respectivos capítulos na


sequência em que são apresentados neste trabalho. No segundo capítulo, o leitor
encontrará os aspectos históricos ligados ao surgimento dos bombeiros e do
CBMMG até os dias atuais, perpassando, após isso, por uma vinculação legal da
coordenação e execução de ações de defesa civil, concluindo o capítulo com uma
breve descrição de preceitos do plano de comando afetos à educação e a à
proteção e defesa civil.
22

O terceiro capítulo vem para esclarecer a expressão defesa civil e sua evolução ao
longo dos tempos. Para isso, fez-se um breve delineamento legal, destacando a
influência de organismos internacionais no desenvolvimento desse conceito no
âmbito nacional até chegar à Lei 12.608/2012. Destarte, a conclusão desse capítulo
se preza em trazer à tona aspectos da proteção e defesa civil ligados à educação.

No quarto capítulo, introduz-se o novo paradigma de proteção e defesa civil


baseando-se na Lei 12.608/2012 e na Estratégia Internacional para a Redução de
Desastres. Após isso, discutem-se aspectos quantitativos e qualitativos básicos da
atuação do CBMMG buscando atrelá-los aos conceitos trabalhados no tópico
anterior. Fechando o capítulo, propõe-se uma reflexão sobre o novo paradigma e o
risco de uma forma genérica, relacionando-os à atuação do CBMMG.

No quinto e último capítulo do referencial teórico, discutem-se conceitos de


educação vinculando-os à legislação vigente sobre o assunto, interagindo com
teorias e capítulos anteriores. Num segundo momento, descreve-se de forma sucinta
o desenvolvimento da criança sob a teoria de Piaget relacionando-o com o
aprendizado. Finaliza-se esse capítulo analisando elementos das malhas
curriculares de alguns cursos do CBMMG.

O sexto capítulo é direcionado a descrever a metodologia e os caminhos percorridos


por este trabalho. Por fim, tem-se o sétimo capítulo, o qual se presta a cumprir o
objetivo geral desta monografia. Em seu início são dados exemplos de ações
educativas desempenhadas por outras instituições de defesa civil e bombeiros
militares, depois já se entra no mérito da descrição e análise das ações educativas
desenvolvidas pelo CBMMG por intermédio de aspectos qualitativos e inerentes a
proteção e defesa civil, concluindo-se o capítulo com a análise de resultados dos
questionários.

Diante da apresentação da problemática, de sua solução hipotética, dos objetivos


geral e específicos, somados ao esquema apresentado do conteúdo desta
monografia, disponibiliza-se este trabalho aos leitores e futuros pesquisadores.
23

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E NORMATIVA

A contextualização histórica é de grande importância para o trabalho monográfico,


pois é por meio desta que se pode verificar a evolução da Corporação em diversos
aspectos, tais como: a origem, o emprego, o crescimento das demandas em relação
ao número de efetivo, a capilarização1, a ampliação do campo de atuação e o
surgimento da atividade de um dos focos deste trabalho, que é a prevenção. O
compêndio de proposta curricular do Ministério da Educação que orienta sobre o
ensino da disciplina de história corrobora essa interpretação por intermédio do
fragmento textual abaixo:

Os estudos de História permitem perceber que demandas de uma época, de


um grupo, ou povo, implicam: formas de atuação social e política; tentativas
de transformar a realidade; vitórias e conquistas ou derrotas de seus
agentes. Além disso, esses estudos possibilitam estabelecer relações entre
os problemas do presente e o passado, para investigar razões históricas de
sua permanência ou mudança, ou para realizar comparações sobre as
atuações dos sujeitos históricos. (BRASIL, 2002, p. 117).

2.1Breve Histórico do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

Antes de adentrar ao surgimento propriamente dito do CBMMG, destacam-se as


primeiras pontuações históricas desse serviço no mundo. Segundo a Fire Fighters
Foundation (2016), desde o descobrimento do fogo pelo homem, este lutou para
controlá-lo, independente da existência de uma estrutura organizada para tal.

Costa (2012, p.25, grifo nosso) corrobora essa afirmação dizendo que:

Parece bastante razoável a afirmativa de que a origem dos corpos de


bombeiros, de uma maneira geral, esteja associada à existência de grandes
incêndios em algum período da história e à necessidade do homem em
preservar o seu patrimônio e a vida. Decerto que, em cada país, os
corpos de bombeiros possuem história e evolução própria e por
questões "culturais" podem estar presentes sob a forma de diferentes
modelos.

No Brasil, o aparecimento da necessidade de institucionalização de um serviço de


bombeiro se deu com o crescimento da cidade do Rio de Janeiro. Relatos históricos
evidenciam que, antes da vinda da corte portuguesa para a colônia, os danos
causados por incêndios já acometiam a população no geral, pois anos antes "o

1
Processo de expansão no qual o CBMMG passa a se fazer presente em diversas cidades do
Estado de Minas Gerais.
24

Imperador D. Pedro II editou o Alvará Régio datado de 12 de agosto de 1797,


atribuindo ao Arsenal de Marinha a responsabilidade sobre o serviço de extinção na
Cidade do Rio de Janeiro." (MATTOS, 2006).

Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, os incêndios ganharam mais


visibilidade, além dos danos já conhecidos. Apesar da centralização do serviço de
extinção de incêndio no Arsenal da Marinha, outros órgãos interferiam nesse
serviço. Por tempos essa convivência se perpetuou, porém alguns os conflitos
institucionais e de falhas gerenciais foram se evidenciando. Isso pode ser percebido
pela descrição Mattos (2006) sobre o período em questão.

Os constantes conflitos de autoridade estavam causando mal estar entre o


chamado "escalão médio" do Império, inclusive desacordos entre ministros,
que não concordavam entre si através de diversos avisos ministeriais.
Independente desses desacordos, havia também, e principalmente, a falta
de certeza da população. Afinal, a quem deveria recorrer em caso de
incêndio? E, nesses casos, a falta de uma autoridade central levava a
extinção sem um empenho denodado. Em consequência, muitos bens se
perdiam, queimavam ou eram retirados por terceiros enquanto se discutia
quem deveria proceder a extinção ou comandar os serviços. A cidade,
porém, alheia a esses desacordos, crescia a passos largos, exigindo uma
solução para o fato.

Diante dessa situação e devido à pressão política à época, criou-se em 2 de julho de


1856 o corpo de bombeiros provisório da corte, como relatado por Mattos (2006,
grifo nosso)

O dia 2 de julho daquele mesmo 1856 seria como outro qualquer não fosse
a publicação do Decreto nº 1.775, que criava o Corpo Provisório de
Bombeiros da Corte, reunindo sob um só comando as seções dos Arsenais
de Marinha e de Guerra, as duas seções das Obras Públicas e da Casa de
Correção. As quatro primeiras formadas por operários artífices daqueles
órgãos e a última formada por africanos livres, subordinando-o ao Ministério
dos Negócios da Justiça. Era um marco na História do Brasil, era o germinar
de uma instituição hoje secular, destinada exclusivamente a salvar vidas e
bens. A imprensa, na época, assemelhou-a a Cruz Vermelha, cuja
finalidade é o valor da vida humana, independente da situação que se
apresente.

A partir deste ponto, destaca-se que a origem da corporação mineira está


intimamente ligada à fundação e ao desenvolvimento da cidade de Belo Horizonte,
sendo esta a primeira cidade planejada do país. Devido à ampla utilização de pinho
sueco de Riga nas edificações dessa capital, preocupou-se, desde sua origem, com
a incidência de incêndios. Todavia, nenhuma medida efetiva foi tomada no sentido
de reduzir esse risco ou criar um órgão capaz de atuar nessas situações (CBMMG,
25

2013). Cabe citar que, segundo o mesmo órgão, nesse período já existiam bombas
manuais e a vapor na cidade de Belo Horizonte, porém não havia pessoal
capacitado para usar esses equipamentos. Outro fato interessante é que em 1987,
ano de fundação da capital mineira, nove outras capitais do país já haviam
implantado sistema de combatentes do fogo ou Corpos de Bombeiros, citando-se a
cidade do Rio de Janeiro, capital do país à época, como destaque nesse tipo de
atividade e, em segundo plano, a cidade de São Paulo, que já despontava por seu
desenvolvimento.

Ao analisar o parágrafo anterior, o qual cita a inauguração da cidade de Belo


Horizonte, em conformidade com o trecho destacado de Costa (2012), percebe-se
que o sentimento de necessidade e a cultura local não tinham urgência de instalar
uma organização capaz de deter o poder destruidor do incêndio, apesar do
conhecimento do seu risco. Isso se deu, provavelmente, pelo fato de a própria
população local não ter ainda sofrido com esse mal, diferentemente das outras
capitais brasileiras, que haviam sofrido inúmeros incidentes com fogo, sendo esse o
fator preponderante para a organização de corpos de bombeiros naquelas
localidades.

Porém, desde a inauguração da cidade, ocorreram inúmeros incêndios, tendo como


destaque aquele no Quartel da Brigada Policial, atual 1º Batalhão de Polícia Militar,
no ano de 1898, além do incêndio no Grande Hotel, no ano de 1908. Com isso, no
ano de 1911, deu-se o pontapé inicial para a criação do CBMMG, na época
conhecido como Seção de Bombeiros, com aproveitamento da guarda civil, pela Lei
557, de 31 de agosto de 1911. Outros pontos que, também, influenciaram a
promulgação da lei foi a ocorrência de algumas inundações, provocadas por
tempestades, afogamentos e acidentes diversos (CBMMG, 2013).

Segundo CBMMG (2013), embora a Lei 557 fosse datada de 1911, só no ano de
1912 foram enviados os primeiros onze homens para treinamentos na capital do
país, à época Rio de Janeiro. Esse pessoal estava ligado à guarda civil e, apesar de
terem concluído o curso com êxito, não foram aproveitados, por questão de
indisciplina. Com isso, no mesmo ano, foram enviados quinze homens da Força
Pública, órgão embrião da atual Polícia Militar mineira, para cumprir o mesmo curso.
No início de 1913, eles retornam, assumindo agora o papel de bombeiros dentro da
26

Força Pública, na citada Seção de Bombeiros. Assim, verifica-se que, desde o


princípio, preocupou-se com a capacitação e a disciplina dos executores das
atividades de bombeiros.

Porém, segundo CBMMG (2013), mesmo com bom aproveitamento do curso e boa
assunção para o serviço, desde a chegada dos bombeiros à capital mineira, aqueles
homens tiveram diversas dificuldades relativas a equipamentos, quantidade de
pessoal em relação às demandas, forma na qual era feita o acionamento desse
serviço e, principalmente, falta d'água na cidade. Nesse ínterim, em 1915, convocou-
se o Primeiro Sargento João de Azevedo Teixeira, para auxiliar a sanar essas
dificuldades e capacitar os bombeiros mineiros. O referido graduado permaneceu
nessa função até o ano de 1917, deixando um extenso relatório sobre as condições
da Seção de Bombeiros, propondo algumas medidas de gestão e ações
emergenciais.

Apesar disso, muitos problemas permaneceram e outros foram se configurando,


como, por exemplo, a inconstância jurídica a respeito do número efetivo de militares,
o crescimento acelerado da cidade em relação ao desenvolvimento da capacidade
de trabalho dos bombeiros, ademais do uso de matérias e equipamentos
ultrapassados para a época. Além desse fato, muitos outros acontecimentos podem
ser destacados do período pós-criação até os tempos de hoje, conforme se
depreende do quadro abaixo:

Tabela 1 - Cronologia de fatos relevantes à história do CBMMG


Período ou
Fatos relevantes à história do Corpo de Bombeiros Militar de Minas
ano do
Gerais e ao desenvolvimento da Corporação após a criação
acontecimento
1930 Criação da unidade de bombeiros na cidade de Juiz de Fora.
Criação do 1º Batalhão de Bombeiros, sendo transferido para a atual
1931
locação física em 1940.
Desvinculação do Corpo de Bombeiros da Força Pública, passando a ser
1934
denominado de Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
Alterações no serviço de bombeiros, como a separação entre a parte
1935 a 1939 administrativa e a prontidão de incêndio, local onde efetivamente ficavam
os bombeiros de sobreaviso, prontos para a atuação.
Incêndio na seção administrativa do CBMMG, onde também funcionava a
1937
intendência da Força Pública.
Década de Ampliação 'natural' do serviço de bombeiro com atendimentos diversos
1940 visando à preservação de vidas e bens alheios.
Instituição do dia 2 de julho como o Dia do Bombeiro Brasileiro e a
1954
Semana de Prevenção contra Incêndios.
27

Incêndios no Frigorífico Minas Gerais S/A - FRIMISA, no ano de 1955;


12º Regimento de Infantaria do Exército, nos anos de 1956 e 1959;
Década de
Mercado Central em 1959; Assembleia Legislativa de Minas Gerais
1950
(ALMG), no denominado Palácio da Inconfidência, também no ano de
1959;
Incêndio no edifício Maleta, com falecimento de um oficial bombeiro.
1961 Esse incêndio teve grande repercussão midiática, quanto ao
aparelhamento e à capacidade dos bombeiros.
Criou-se a Companhia de Proteção, Salvamento e Procura (CPSP), que
1962 exercia serviços ligados a salvamentos em enchentes, deslizamentos,
inundações, caídas em fossa, etc.
Assunção do Governo Militar e grande alteração no sistema de
1954
segurança pública no âmbito estadual.
Criação de unidades de bombeiros nas cidades de Uberlândia, Uberaba,
1966
Governador Valadares e Montes Claros.
Reintegração do Corpo de Bombeiros na Polícia Militar do Estado, devido
1966
às alterações no sistema de segurança pública.
Além dos acontecimentos anteriores, foi um período marcado por
grandes incêndios no âmbito nacional, como o incêndio nos edifícios
Joelma e Andraus, em São Paulo. Em Belo horizonte, ocorreram o
incêndio no edifício Guanabara, a queda de parte da estrutura do
Década 1960
complexo da Gameleira, considerado até os tempos de hoje como o
maior acidente de trabalho no país, e o incêndio no antigo educandário
no Caraça, que deixa evidente a necessidade de capilarização do Corpo
de Bombeiros.
Criação dos nomeados à época de 2º GI – em Contagem e do 3º GI – na
região da Pampulha, início da atividade de prevenção contra incêndio e
Década de
pânico no CBMMG, com a criação do corpo de técnicos, com vista a
1970
cumprir lei municipal de Belo Horizonte, a qual exigia fiscalização dos
bombeiros, antes de liberar a utilização da edificação (habite-se).
Criação de unidades de bombeiros em Lavras, Ituiutaba, Pouso Alegre,
Década de
Itajubá, Divinópolis, Passos, Alfenas, Diamantina, Varginha, São S. do
1980
Paraíso, Barbacena, Vespasiano, Sabará e Ubá.
1994 Criação do Sistema Resgate
Desvinculação do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Minas
1999 Gerais, passando a ser denominado Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais (CBMMG)
Período de Período de adequação institucional e consolidação do formato atual da
1999 a 2010 estrutura administrativa e estrutural do CBMMG
2001 Publicação da Lei Contra Incêndio e Pânico em Minas Gerais
2003 Formatura da primeira turma de oficias bombeiros militares
Sancionado o Decreto que regulamenta a legislação de prevenção contra
2004
incêndio e pânico em Minas Gerais, criação da 'Taxa de Incêndio'
2011 Criação da Academia de Bombeiros Militar
Renovação e implementação do Plano de Comando, com vigência até
2015
2026
Desastre causado pelo rompimento da Barragem de Fundão na região
2015
de Mariana
Fonte: CBMMG (2013, adaptado pelo autor)
28

Além dos destaques temporais dados pelo quadro, deve-se relativizar que os
acontecimentos históricos não resultam em consequências pontuais. Segundo Brasil
(2002, grifo nosso):

Alguns historiadores explicam que a maioria das pessoas, iludida pelas


operações da memória dominante, toma episódios como o “Descobrimento
do Brasil”, a “Independência”, a “Proclamação da República”, a “Revolução
de 30” como simples fatos. Ainda que sejam entendidos como passíveis
de múltiplas interpretações, tais fatos são tomados como inerentes ao
processo de formação e evolução do Estado Nacional brasileiro e de seus
grupos dirigentes. [...]

Nesse sentido, como forma de destacar a temática da prevenção, não como


acontecimento pontual na história do CBMMG, mas em todo o período de existência
da corporação. Com o passar do tempo e o desenvolvimento acelerado das cidades
mineiras, principalmente, da região metropolitana, constatou-se uma crescente
demanda de incêndios, acidentes e desastres.

Pode-se interpretar, também, que as características atuais da Corporação, quanto à


diversidade de sua atuação, não foi algo natural desde sua criação. No início, o
único foco dos bombeiros eram os incêndios, mas conforme Belo Horizonte foi se
desenvolvendo, devido à falta de um estruturado planejamento quanto à segurança
global da população2, essa corporação foi se adaptando, para atender aos mais
variados acontecimentos que afetavam a vida e o patrimônio dos moradores da
capital.

Ao mesmo tempo em que a atuação dos Corpos de Bombeiros foi se aperfeiçoando


e se diversificando, mesmo com aquisição de novos equipamentos e aumento do
efetivo, a força destruidora dos sinistros demonstrava que isso não era suficiente,
além de os números de ocorrências aumentarem. Sendo assim, a interpretação de
diversos bombeiros e autoridades públicas era a de que, além da resposta à
ocorrência, o mais importante era impedir o acontecimento danoso (CBMMG, 2013).

Nesse sentido, passos foram dados ao longo do tempo como: a criação da semana
da prevenção por Getúlio Vargas, a atuação dos Corpos de Bombeiros em
campanhas educativas/preventivas e, o mais atual, a formulação legal da

2
A segurança global da população fundamenta-se no direito natural à vida, à saúde, à
segurança, à propriedade e à incolumidade das pessoas e do patrimônio, em todas as condições,
especialmente em circunstâncias de desastres.(CASTRO, 2007, p.7)
29

obrigatoriedade de instalação, manutenção e utilização de sistemas contra incêndio


e pânico nas edificações no geral, sendo o estado de Minas Gerais, através do
CBMMG um dos pioneiros nessa atuação. (CBMMG, 2013)

Apesar dessas medidas, estudos demonstram que a postura adotada pela cultura
geral da população ainda é muito frágil diante das situações ameaçadoras ou de
risco, como pode ser descrito pela afirmação de Castro (2007, p.10):

Num exame retrospectivo, constata-se que, após muitas décadas de


esforço, foram poucos os avanços alcançados na redução das
vulnerabilidades da sociedade brasileira aos desastres [e acidentes],
mesmo contra aqueles de natureza cíclica e de caráter sazonal, como as
secas, as inundações e os escorregamentos de solo [e acidentes de uma
forma genérica].
Dentre as vulnerabilidades culturais da sociedade brasileira destacam-se o
deficiente senso de percepção de risco, o fatalismo e o conformismo.
Como a grande maioria dos desastres [e acidentes] brasileiros são de
natureza insidiosa e por somação de efeitos parciais, os formadores de
opinião pública não se aperceberam da importância dos mesmos e, apesar
do número espantoso de mortes evitáveis, que ocorrem anualmente, em
consequência de desastres [e acidentes], difundiu-se um falso conceito de
que o Brasil é um país relativamente imune aos desastres

Deste modo, faz-se mister a atuação dos Corpos de Bombeiros, junto com outros
setores públicos, com ações que visem o aumento da percepção de risco 3 e a
segurança global da população.

2.2 Embasamento Legal das Ações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

2.2.1 Competências dos Corpos de Bombeiros

Os Corpos de Bombeiros no Brasil são, em sua maioria, órgãos autônomos e


estaduais, pois, em alguns entes federados, há ainda o fato de o Corpo de
Bombeiros ser vinculado às Polícias Militares. Independente desse fator, a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), no caput do art.
144, diz que os CB compartilham, com outros órgãos Federais e Estaduais, a
responsabilidade de exercer a Segurança Pública, devendo primar pela preservação
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (BRASIL, 1988).
Além disso, a constituição faz algumas discriminações das competências de cada

3
Impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza e a grandeza de um risco determinado.
Percepção sobre a importância ou gravidade de um risco determinado, com base no repertório de
conhecimentos que os indivíduos acumularam durante seu desenvolvimento cultural e no juízo
político e moral de sua significação. (CASTRO, 2007, p.14)
30

instituição. Assim, de uma forma geral, os CB têm suas funções resumidas pela
Constituição Federal, cujo art. 144, § 5º, prevê que "[...] aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil." (BRASIL, 1988, grifo nosso).

É percebida, já descrita na Lei-Maior, a incumbência da execução de atividades de


defesa civil, tão importante que não se furtou de destacá-la para ser comum a todos
os CB.

2.2.2 Competências Legais do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Como tratado no tópico anterior, os CB são órgãos estaduais e, com isso, a


CRFB/88 deixou claro no art. 144, § 6º, que "A lei disciplinará a organização e o
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a eficiência de suas atividades." (BRASIL, 1988).

Porém, a possibilidade de criação e consolidação de uma lei disciplinadora mais


específica só foi acontecer para o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG)
após a promulgação da Emenda à Constituição Estadual de Minas Gerais de 1989
(CE/89) de número 39, que ocorreu no ano de 1999, separando, definitivamente, as
duas instituições, CBMMG e Polícia Militar. Destarte, afirma-se a posição dessas
instituições como órgãos pertencentes ao Estado de Minas Gerais, dizendo no caput
do seu art. 142 da seguinte maneira: "A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros
Militar, forças públicas estaduais, são órgãos permanentes [...]" (MINAS GERAIS,
1989, grifo nosso). Além de determinar essa separação, discriminou com mais
detalhes as competências da corporação, as quais constam no segundo inciso do
art. 142, conforme se vê:

II - ao Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações


de defesa civil, a prevenção e combate a incêndio, perícias de incêndio,
busca e salvamento e estabelecimento de normas relativas à segurança das
pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe.
(MINAS GERAIS, 1989, grifo nosso)

Com a Emenda nº 39, foi inserido o art. 143, que diz "Lei complementar organizará a
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar." (MINAS GERAIS, 1989)

Sendo assim, no mesmo ano 1999, foi promulgada a Lei Complementar 54, a qual
vem dispor sobre a organização básica do CBMMG. Além de regulamentar o inciso II
31

do art. 142 da CE/89, vem detalhar a função das unidades de execução operacional,
que novamente menciona a expressão “defesa civil” e o termo “prevenção”, como
atribuição e dever de agir.

Art. 27 - Compete ao Batalhão e à Companhia Independente de Bombeiros


Militar, unidades subordinadas diretamente ao Comando Operacional de
Bombeiros, realizar ações de prevenção e combate a incêndio, busca e
salvamento, socorros de urgência e defesa civil.(MINAS GERAIS, 1999,
grifo nosso)

Diante do exposto, infere-se a importância da atuação do CBMMG na área de


prevenção e defesa civil, devido aos preceitos legais citados acima, pois, além de
nortearem as ações da corporação, eles impõem o dever de cumprir tais papéis,
aparentemente diferentes, mas ao compará-los percebe-se que tem muito em
comum, já podendo antecipar que, de forma ampla, a defesa civil abarca o termo
prevenção, em diversos sentidos da palavra.

Porém, atualmente, para o CBMMG, o termo prevenção, tanto legalmente quanto


culturalmente, está ligado à prevenção de incêndios, mais precisamente aqueles em
edificações e/ou estruturais. Essa conclusão pode ser corroborada pela Lei Estadual
nº 14.130/01, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico, no Estado de
Minas Gerais, em seu artigo segundo que diz:

Art. 2º Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas


Gerais CBMMG, no exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I
do art. 3º da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999,
desenvolverá as seguintes ações:
I - análise e aprovação do sistema de prevenção e combate a incêndio e
pânico;
II - planejamento, coordenação e execução das atividades de vistoria de
prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei;
III - estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas
e seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe;
IV - aplicação de sanções administrativas nos casos previstos em lei.
Parágrafo único. As normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste
artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e
prevenir vazamento de gás. (MINAS GERAIS, 2001)

Chama-se a atenção para o fato de o termo 'prevenção' estar sempre ligado a


incêndio, nas normas relativas ao CBMMG. Isso pode ser considerado óbvio e
perceptível devido à força causal de origem e existência dessa corporação. Porém,
como se pode perceber pela evolução histórica, descrita no tópico anterior, a
necessidade social, implicou ao CBMMG o dever de agir amplamente nas mais
diversas formas de acidentes, sinistros e desastres. Nesse sentido, é de suma
32

importância dar uma amplitude maior ao termo prevenção, não somente no campo
teórico, mas também na prática. Em se fazendo compreender que o conceito de
defesa civil abarca também a prevenção, isso já seria um grande avanço no
contexto intrainstitucional.

2.3 Plano de Comando 2015 – 2026

Ao concluir a leitura do breve histórico do CBMMG e de seus deveres e


competências legais, pode-se perceber uma evolução e uma ampliação de suas
linhas de atuação. No princípio, o foco estava nos incêndios, porém, com o passar
dos anos e os diferentes sinistros ocorridos, a corporação foi abarcando as mais
diversas funções. Nesse sentido, destaca-se sua atual missão institucional, descrita
no Plano de Comando 2015 - 2016:

Servir à sociedade mineira com atividades de coordenação e execução de


ações de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, perícias de
incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas relativas à
segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo
de catástrofe, contribuindo para o desenvolvimento do Estado. (CBMMG,
2015, p. 29, grifo nosso).

Com base nos textos legais citados anteriormente, percebe-se que a missão é a
transcrição desses conceitos abordados anteriormente, mas com o intuito de
divulgar e fazer conhecer tais funções. Segundo o CBMMG (2015 p. 29, grifo nosso):

O processo de formalização da identidade organizacional consiste em


tornar claros e conhecidos a razão de ser da organização, o futuro
determinado a que ela pretende chegar e quais os seus valores, ou seja, o
conjunto de princípios necessários para alcançar os resultados.

Para melhor descrever a missão da corporação, eis o seguinte esquema:


33

Figura 1- Esquema da Missão Institucional do CBMMG

Fonte: (CBMMG, 2015, p. 29)

O Plano de Comando é constituído por duas partes, sendo a primeira denominada


de Planejamento Estratégico e a segunda como Carteira de Programas e Projetos.
Com isso, entende-se que, além de tornar visível a razão de ser da instituição, ele é
uma ferramenta gerencial com a função de nortear as ações de todos os membros
da corporação. Segundo Alday (2000), "o Planejamento Estratégico [...] deve ser
visto como um instrumento dinâmico de gestão, que contém decisões antecipadas
sobre a linha de atuação a ser seguida pela organização no cumprimento de sua
missão". Com isso, cabe trazer a diferenciação feita pela própria apresentação do
Plano de Comando atual:

O Planejamento Estratégico reúne informações sobre a identidade


organizacional e as estratégias de desenvolvimento para alcançar a visão
de futuro desejada para a instituição. Ele foi dividido em três ciclos, no
intuito de organizar os trabalhos e garantir o cumprimento dos objetivos.
A Carteira de Programas e Projetos estabelece as linhas de ações
prioritárias do CBMMG, alinhadas à Política do Estado, para concretização
no período de 2015-2019. (CBMMG, 2015,p.10, grifo nosso)

Nesse sentido, esse documento traz consigo um estudo de cenários, que


compreende os aspectos geográficos do Estado de Minas Gerais, incluindo diversos
34

diagnósticos e projeções, dando um embasamento para a definição de cinco


objetivos no planejamento estratégico, os quais são resumidos na figura a seguir:

Figura 2 – Resumo dos objetivos estratégicos

OBJETIVOS

1 2 3 4 5
Buscar Estimular ações Fazer do CBMMG uma Proporcionar o Incentivar a
excelência no preventivas e organização eficiente sentimento de cultura de
atendimento proporcionar na regulação de proteção com prevenção e de
com tempo de respostas eventos e áreas de ações de proteção à vida e ao
resposta eficientes aos risco de incêndio e qualidade patrimônio e ao
desastres pânico meio ambiente

Fonte: CBMMG (2015 p.56, adaptado pelo autor).

Ao se analisar cada um dos objetivos, pode-se inferir que os destacados de


vermelho têm relação direta com as atividades de defesa civil e proteção, em seu
sentido amplo.

O Plano de Comando contempla a descrição e o desdobramento em estratégias de


todos os objetivos, porém será trazido para este trabalho somente os objetivos dois
e cinco, por compreenderem parte do problema do trabalho.

Tabela 2 – Descrição dos Objetivos 2 e 5 do Plano de Comando 2015 - 2016


OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO ESTRATÉGIAS
Possibilitar ações de preparação,
Objetivo 2: prevenção e respostas aos desastres,
Estimular ações considerando a integração e 1. Estruturação de sistema de
preventivas e alinhamento com outros órgãos, em preparação, prevenção e resposta
proporcionar todos os níveis, destacando as ações a desastres.
respostas de preparação da comunidade, 2. Estruturação da logística de
eficientes aos envolvimento de órgãos públicos e preparação, prevenção e resposta.
desastres. liderança locais, além da capacitação
dos profissionais para a atuação.
1. Capacitar o público interno em
Objetivo 5:
Incentivar no cidadão a capacidade relação à Cultura de Prevenção.
Incentivar a
de identificar situações de risco e 2. Disseminar a cultura de
cultura de
adotar comportamentos / atitudes prevenção junto à comunidade e
prevenção e de
preventivas e de proteção, sendo instituições parceiras.
proteção à vida,
capaz de solicitar auxílio, prestar 3. Coordenação e controle da
ao patrimônio e
informações e apoiar as ações do Corpo atuação de bombeiros profissionais,
ao meio
de Bombeiros. brigadistas, voluntários e
ambiente.
congêneres.
Fonte: CBMMG (2015, adaptado pelo autor).
35

Pode-se inferir com esse quadro-resumo que os temas prevenção e defesa civil
possuem um alinhamento com as diretrizes emanadas pela corporação. Além disso,
corrobora-se a interpretação sobre a afirmação de que a expressão defesa civil e o
termo prevenção estão intimamente ligados, sendo o primeiro mais amplo.

Outra interpretação aponta para o fato de ao se desenvolver o quinto objetivo,


consequentemente, atuar-se-á na esfera do segundo, pois ambos visam à
capacitação e à promoção de uma cultura preventiva. Esses dois aspectos são
essenciais para fomentar a habilidade conhecida como percepção do risco, capaz de
subsidiar atitudes mais seguras.

Figura 3 – Destaque dos projetos dentro dos Objetivos 2 e 5 do Plano de Comando


2015 – 2026

Fonte: CBMMG (2015, p.71 adaptador pelo autor).

Dentro do Plano de Comando, além das diretrizes a longo prazo, está incluída uma
cartilha de projetos a ser desenvolvida a curto e médio prazo. Dentre os objetivos já
destacados, tem-se o 'Programa bombeiro e comunidade', que visa atender à
estratégia 2, com a seguinte descrição:

Programa voltado para a aproximação da Corporação junto à comunidade, por meio


da realização de projetos de inserção social e conscientização das pessoas para o
exercício da cultura de proteção pública, permitindo ao cidadão evitar situações de
sinistros e promover a prevenção no Estado. (CBMMG, 2015, p. 88)
36

Dentro desse programa, estão enquadrados os seguintes projetos: 'Voluntários da


Cidadania', Bombeiros nas Escolas, além do Projeto de divulgação da Natação.
Características desses projetos serão tratadas no capítulo 7 deste trabalho.
Ressalta-se que, numa análise superficial dos três projetos, nenhum deles utiliza-se
da expressão “defesa civil” explicitamente para justificá-los ou explicá-los. Porém,
todos eles se baseiam em conceitos de defesa civil, como resiliência, prevenção e
proteção.

3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E NORMATIVA DA DEFESA CIVIL NO


BRASIL

A expressão defesa civil foi utilizada amplamente nos capítulos anteriores. Além
disso, por ser parte fundamental para o entendimento deste trabalho, tal conceito
será contextualizado neste capítulo, abordando sua origem no mundo e no Brasil.
Dessa forma, será feita uma breve descrição da política nacional e as conexões
internacionais ligadas ao assunto.

Iniciando a discussão sobre o tema, dentro de uma percepção genérica, verifica-se


que a defesa civil está ligada à ação de um órgão central dentro do Ministério da
Integração Nacional (MI), porém essa alocação 'física' do termo é rasa, pois seu
conceito é extenso e está intimamente ligado à origem histórica do homem como
sociedade, como se pode inferir da afirmação de Mendes (2011, p. 28):

A busca por alimentos, a necessidade de abrigo contra as intempéries e


proteção contra ataques inimigos, foi a única maneira de preservar a
espécie, haja vista as limitações de ordem física que sempre acabavam por
transformar o homem isolado em alvo fácil. Com a convivência em
sociedade e as disputas pelos melhores territórios, surgiram os primeiros
confrontos e as primeiras guerras. Verifica-se que a necessidade de defesa
surgiu e evoluiu junto com o homem. Os exércitos em confronto possuíam
organização compatível com os meios disponíveis, sistema de informações
eficiente, bom sistema de abastecimento e espírito de defesa entre os
elementos combatentes, porém, pouca proteção era dispensada à
população civil não engajada na luta.

Além dessa afirmação, Gomes Júnior e Alves (2003, p. 21) vem corroborar trazendo
os seguintes dizeres:

Defesa Civil não se trata, seguramente, de matéria nova, nem tão pouco
encontra suas raízes neste século. Pode-se buscar sua origem nos
primeiros agrupamentos humanos, onde a sobrevivência do indivíduo
dependia do seu abrigo no grupo, e a existência do grupo dependia da sua
própria capacidade de organização para garantir a sua defesa e superar o
37

inimigo ou adversidades naturais. Esse movimento de solidariedade


comunitária, embora sem uma organização sistêmica e sem os
fundamentos de uma legislação especial desenvolveu-se com a sociedade,
começando a ganhar maior amplitude a partir da Primeira Guerra Mundial.

Pode-se dizer, segundo esses autores, que a defesa civil não tem sua origem
histórica demarcada no que diz a respeito a tempo e espaço, sendo ela inerente da
relação humana diante das situações que afetam a sobrevivência coletiva e, até
mesmo, individual.

3.1 Fatos históricos e legais que marcaram a Defesa Civil no Brasil

Na Inglaterra, após a Primeira Guerra Mundial, segundo Essex-Lopresti (2005),


muito se especulou sobre a situação dos civis diante do conflito armado, pois, no
decorrer dessa grande guerra, houve um acelerado desenvolvimento bélico,
principalmente com o uso dos dirigíveis e dos aviões como arma. Devido ao grande
poder de destruição e alcance dessas novas armas, os civis não mais estavam
afastados das linhas de combate. Com isso, a população civil na Inglaterra sofreu
muito com os ataques aéreos, somando num total de 1.413 mortos e 3.407 feridos.
Durante esse conflito, já existia o serviço de Air Raid Precautions (Precauções
Contra Bombardeiros), porém o serviço não tinha grandes investimentos do governo
britânico. Com o anúncio e o desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial, esse
serviço foi ampliado e, durante essa guerra, no ano de 1940, passou a ser chamado
de Civil Defence Services (Serviços de Defesa civil).

Esse foi um dos primeiros relatos do uso da expressão defesa civil e, sobre isso,
Cartagena, Santos e Alves (2011, p. 16) dizem que:

No Brasil e no mundo, o surgimento da Defesa Civil, de suas estruturas e


estratégias de proteção e segurança estão vinculados à Segunda Guerra
Mundial. Na época, o confronto ultrapassou os limites militares, fazendo
com que os ataques ocorressem diretamente aos civis, destruindo cidades
inteiras e levando à morte mais de 45 milhões de cidadãos.

Por sua vez, Furtado (2014, p.12) descreve como surgiu, no Brasil, o primeiro órgão
voltado para o atendimento da população:

Inspirado pelo Civil Defense Service – instituído com sucesso pelo governo
britânico para minimizar os efeitos dos frequentes ataques ao seu território
em 1940 – preocupado com eventuais ataques externos, a exemplo do
ocorrido a Pearl Harbor, em dezembro de 1941 e, em resposta aos
numerosos naufrágios de navios brasileiros torpedeados por submarinos
38

alemães, em 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo e no mesmo ano criou


o Serviço de Defesa Antiaérea por meio do Decreto-Lei n. 4.716, de 21 de
setembro de 1942, no ano seguinte transformado em Serviço de Defesa
Civil, pelo Decreto-Lei n. 5.861, de 30 de setembro de 1943. Em 1946,
quando terminou a guerra, esse serviço foi desativado por ser considerado
desnecessário.

Além disso, Mendes (2011, p. 29, grifo nosso) complementa afirmando que:

Através de outros diplomas legais dos anos de 1942 e 1943, tornou-se


obrigatório o ensino das atividades de defesa passiva a alunos e
professores dos estabelecimentos de ensino, a determinação aos Estados e
Municípios para a construção de abrigos públicos e ainda a mudança da
denominação de Serviço de Defesa Passiva Antiaérea para Serviço de
Defesa Civil.

É percebido pela complementação de Mendes que o ensino das atividades de


defesa civil foi tratado de maneira relevante, pelo fato da obrigatoriedade.

Cabe ressaltar, porém, que a criação desse primeiro órgão de defesa civil não foi
algo isolado no histórico normativo brasileiro, pois, muito antes, o Brasil já havia
dado passos legais a respeito da defesa civil. Segundo Furtado (2014, p. 12), "em
todas as Cartas Magnas, de 1824 até 1937, são abordados temas de proteção ao
indivíduo, como socorro público, calamidade pública, efeitos da seca, desastres e
perigo iminentes".

Contudo, como foi descrito anteriormente por Furtado, o primeiro serviço voltado a
executar ações de defesa civil, que surgiu no princípio dos anos 40, logo foi extinto
com o término da Segunda Guerra. Enxerga-se, nesse acontecimento, que os
conceitos de defesa civil ainda não haviam se firmado tanto como necessidade para
a população em si quanto como políticas públicas a serem desenvolvidas pelos
governantes nas três esferas do Poder. Mendes (2011, p. 29) confirma essa
interpretação quando afirma que "com o término do conflito, observou-se uma
natural tendência de relaxamento nas medidas de Defesa Civil sendo o Serviço
extinto no ano de 1946, sem que fosse desenvolvida qualquer doutrina ou mesmo
uma mentalidade sobre o assunto.".

Nos anos seguintes, Mendes (2011, p. 29) diz que:

Iniciou posteriormente alguns estudos sobre o tema, como o Anteprojeto de


Lei de Defesa Civil (1949). A proposta constava de um órgão central, de
âmbito nacional, e de órgãos regionais, estaduais e municipais, e previa
também a criação de todos os sistemas necessários à Defesa Civil, com
39

ênfase à educação do povo para as medidas a serem adotadas. Esta


proposta procurava não sobrecarregar o orçamento.

E que no ano de 1950

a Escola Superior de Guerra elaborou um estudo onde se verificava a


criação de um órgão central, de âmbito federal, e outros regionais, em
número equivalente às Regiões Militares do Exército, com as quais
deveriam manter íntima ligação. Previa, como no Anteprojeto de Lei do
Estado-Maior das Forças Armadas, a criação dos serviços capazes de
cumprir as missões de Defesa Civil. Apesar das dificuldades encontradas,
as Forças Armadas continuavam preocupadas com o problema e, em 1958,
o Estado-Maior encaminhou à Presidência da República um novo
Anteprojeto de Lei contendo amplo detalhamento referente à conceituação,
organização e definição de responsabilidades, mas, por razões adversas,
não foi considerado. (MENDES, 2011, p. 29)

Com isso, segundo Furtado (2014), muito tempo se passou para que o governo
brasileiro percebesse que o conceito de defesa civil ia muito além da proteção
puramente dos conflitos bélicos. Foi em decorrência de uma grave seca no nordeste
que, por meio da Lei n. 3742, de 4 de abril de 1960, o governo reconheceu a
necessidade de ressarcir prejuízos causados por fatores naturais. Já em 1966, como
resposta a uma grande enchente que assolou a Região Sudeste, o governo toma
outras medidas legais, firmando um salário mínimo regional para atender as frentes
de trabalho criadas para dar assistência à população vitimada. Com isso, o então
Estado da Guanabara, que sofreu com efeitos dessa mesma enchente, por meio do
Decreto Estadual n. 1.373, de 19 de dezembro de 1966, organizou a Comissão
Central de Defesa Civil do Estado e deu outras providências, tornando-se o primeiro
ente federado a dispor de uma Defesa Civil Estadual organizada.

Segundo Furtado (2014), muitos outros acontecimentos foram marcando a história


da defesa civil no Brasil, como, por exemplo, a instituição do Fundo Especial para
Calamidades Públicas (FUNCAP), no ano de 1969. Um ano após, criou-se o Grupo
Especial para Assuntos de Calamidades Públicas (GEACAP), que foi o embrião da
Secretaria Especial de Defesa Civil (SEDEC), em 1979. Segundo Furtado (2014, p.
13),

Essa Secretaria Especial de Defesa Civil tinha a finalidade de exercer em todo o


território nacional, com o apoio de coordenadorias regionais de Defesa Civil, a
coordenação das atividades relativas às medidas preventivas, assistenciais e de
recuperação dos efeitos produzidos por fenômenos adversos de quaisquer origens,
40

bem como aquelas destinadas a preservar o moral da população e o


restabelecimento da normalidade da vida comunitária.

As ações e o desenvolvimento da defesa civil continuaram a acontecer, porém, com


a promulgação da CRFB/88, que alicerçou vários direitos, citados por Furtado (2014,
p.14):

A Constituição Brasileira, de 5 de outubro de 1988, determinou em seu


artigo 5º garantir a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança
e à propriedade; no artigo 21, planejar e promover a defesa permanente
contra as calamidades públicas, especialmente a seca e as inundações; no
artigo 22, que compete privativamente à União legislar sobre defesa
territorial, aeroespacial, marítima, Defesa Civil e mobilização nacional; e o
artigo 148 § 3º prevê a abertura de crédito extraordinário somente para as
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra,
comoção interna ou calamidade pública.

Já nos artigos 144 e 148, ela implica, respectivamente, a competência dos Corpos
de Bombeiros de executar atividades de defesa civil e a possibilidade, por meio de
lei complementar, de a União dar abertura de crédito para despesas imprevisíveis e
urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
Todas essas positivações fizeram a defesa civil atingir outro patamar no âmbito
nacional. Começou-se, então, a pensar nela como um instituto estratégico para
redução de riscos de desastres.

3.2 Influência da Estratégia Internacional de Desastres na Proteção e Defesa


Civil

Diante das grandes perdas humanas, sociais e econômicas causadas por desastres
naturais, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, por intermédio de uma
conferência no ano de 1989, a Década Internacional para a Redução de Desastres
Naturais (1990-2000). Nesse período, muito se produziu no âmbito internacional,
destacando-se a primeira Conferência Mundial sobre Redução de Desastres4,
ocorrida em Yokohama, Japão, que propôs um plano de ação adotado naquela
conferência, fornecendo orientações para a prevenção, preparação e mitigação de
desastres naturais. Após esse período, em 1999, tem-se a avaliação de que,
realmente, os desastres naturais são uma ameaça social e econômica para todo o
mundo. Por conseguinte, no mesmo ano, lança-se a Estratégia Internacional para a

4
World Conference on Disaster Reduction(WCDR), desenvolvida no período de 23 a 27 de
maio em Yokohama, no Japão.
41

Redução de Desastres das Nações Unidas (EIRD/ONU5), que tomou como maior
desafio a criação de uma cultura de prevenção global, por meio da promoção de
conceitos relativos à redução do risco de desastre (UN/ISDR, 2016). Para UN/ISDR
(2009, p. 11, tradução nossa), a redução de risco de desastres compreende "o
conceito e a prática de reduzir os riscos de desastres por intermédio de esforços
sistemáticos para analisar e gerenciar os fatores causais dos desastres.".

Após a implementação da EIRD, muito foi discutido a respeito das proposições


apontadas pela primeira Conferência Mundial e pela própria estratégia, nas diversas
conferências mundiais a respeito de sustentabilidade e outros assuntos afetos ao
globo. Mesmo com todo esse envolvimento internacional, no Brasil, a EIRD só foi ser
difundida após a adoção do Marco de Ação de Hyogo 6 (MAH) 2005-2015, que
propõe aumento da resiliência das nações e das comunidades frente aos desastres
do qual o Estado brasileiro foi um dos 168 países signatários (FERREIRA, 2012).

Segundo Sulaiman (2014), entende-se que, com base na adoção do MAH e diálogo
com as diretrizes internacionais, o Brasil iniciou um processo de análise de risco e
proposição de medidas para sua redução, mas essa atuação só foi ganhar
legitimidade legal após a criação da Lei nº 12.608/12. Ferreira (2012, p. 30)
corrobora esse entendimento, quando diz:

Os objetivos e prioridades pactuados pelo Brasil diante da comunidade


internacional por meio do MAH orientam toda a política nacional de proteção
e defesa civil, se constituindo no marco para a construção do texto da Lei nº
12.608/12, precisamente no que tange ao rol de ações a serem
desenvolvidas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Por seu turno, Furtado (2012, p. 95) compreende que

A colaboração é a base do Marco de Ação de Hyogo, sendo que nele está


previsto que os desastres podem afetar qualquer um e, por isso, torna-se
assunto de todos. A redução do risco de desastres deve fazer parte da
tomada de decisões cotidianas: desde a forma em que as pessoas educam
seus filhos e filhas até como planejam suas cidades. Cada decisão pode
nos tornar mais vulneráveis ou, ao contrário, mais resistentes.

5
Tradução para United Nations Inter-Agency Secreteriat of International Strategy for Disaster
Reduction (UN/ISDR), também conhecida como, somente, Estratégia Internacional de Redução de
Desastre (EIRD/ONU).
6
Hyogo Framework for Action 2005-2015 adotado na Segunda Conferência Mundial de
Redução de Riscos de Desastres desenvolvida no período de 18 a 22 de Janeiro de 2005 em Kobe
na Província de Hyogo no Japão.
42

Atualmente, o MAH já foi atualizado por meio do Marco de Sendai 2015–20307, o


qual revisou todos os pontos relativos ao marco anterior, verificando algumas falhas
e desafios futuros. No documento que resume toda a análise referente ao Marco de
Sendai aponta-se, no tópico "O Marco de Ação de Hyogo: lições aprendidas,
lacunas identificadas e desafios futuros", que:

Deve haver uma abordagem mais ampla e centrada nas pessoas para
prevenir os riscos de desastres. As práticas de redução do risco de
desastres precisam ser multissetoriais e orientadas para uma variedade de
perigos, devendo ser inclusivas e acessíveis para que possam se tornar
eficientes e eficazes. Reconhecendo seu papel de liderança,
regulamentação e coordenação, os governos devem envolver as partes
interessadas, inclusive mulheres, crianças e jovens, pessoas com
deficiência, pessoas pobres, migrantes, povos indígenas, voluntários,
profissionais da saúde e idosos na concepção e implementação de políticas,
planos e normas. É necessário que os setores público e privado e
organizações da sociedade civil, bem como academia e instituições
científicas e de pesquisa, trabalhem em conjunto e criem oportunidades de
colaboração, e que as empresas integrem o risco de desastres em suas
práticas de gestão. (EIRD/ONU, 2015, p. 5, grifo nosso)

Destaca-se também, nesta mesma seção, que "o presente marco se aplica aos
riscos de pequena e grande escala, frequentes e infrequentes, súbitos e lentos, de
causa natural ou humana, bem como aos riscos e perigos ambientais, tecnológicos e
biológicos." (EIRD/ONU, 2015, p. 6).

Com relação ao enfrentamento do risco, o documento orienta o seguinte princípio:

A redução do risco de desastres exige engajamento e cooperação de toda a


sociedade. Exige, também, empoderamento e participação inclusiva,
acessível e não discriminatória, com especial atenção para as pessoas
desproporcionalmente afetadas por desastres, especialmente os mais
pobres. Uma perspectiva de gênero, idade, deficiência e cultura em todas
as políticas e práticas; e a promoção da liderança de mulheres e jovens;
neste contexto, especial atenção deve ser dada para a melhoria do trabalho
voluntário organizado dos cidadãos ( EIRD/ONU, 2015, p. 8)

É certo que pela análise de todo o documento referente ao Marco de Sendai, a


Redução do Risco de desastre tem características amplas as quais incluem diversas
medidas em todos os níveis governamentais e da sociedade. Sendo assim, as
medidas tomam aspectos multissetoriais, fazendo com que as ações isoladas de
órgãos ou setores do governo não tenham a efetividade pretendida pela EIRD/ONU.

7
Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015–2030 adotado na Terceira conferência
Mundial de Redução de Risco de Desastres, desenvolvida entre 14 a 18 de março de 2015 em Miyadi
na província de Sendai no Japão.
43

Sendo assim, compreendendo o papel do CBMMG dentro dessa estratégia, supõe-


se que esse órgão adote medidas para fomentar a participação da sociedade, além
de continuar o trabalho em conjunto com o governo estadual a as prefeituras.

Pretendeu-se neste tópico chamar a atenção para o alinhamento de diretrizes das


quais se tratará nos tópicos a seguir, referentes à Lei 12.608/12, no âmbito nacional.

3.3 Descrição de alguns aspectos da Lei 12.608/2012

3.3.1 Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

Na atualidade, após a vigência da Lei 12.608, de 10 de abril de 2012, alterou-se a


denominação de Defesa Civil para 'Proteção e Defesa Civil'. Além disso, formalizou-
se o desenvolvimento das ações, instituindo o Sistema Nacional de Proteção e
Defesa Civil (SINPDEC), contido no art. 10 dessa lei, que versa da seguinte
maneira: "O SINPDEC é constituído pelos órgãos e entidades da administração
pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades
públicas e privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil." O
SINPDEC pode ser visualizado esquematicamente através da seguinte figura:

Figura 4 – Esquema representativo do SINPDEC

Fonte: Lei 12.608/12, (criado pelo autor).


44

Quanto à alteração da nomenclatura citada anteriormente, é interessante repassar a


análise feita por Furtado (2014, p. 41):

Com o passar dos anos, por serem dadas maior ênfase e importância às
ações de Redução de Risco de Desastres, às estratégias de prevenção e
preparação, à articulação institucional e setorial e ao envolvimento social e
comunitário, configurou-se a necessidade de ampliar o conceito de Defesa
Civil, que tinha esse foco historicamente construído na resposta ao
desastre, para Proteção e Defesa Civil, a fim de que a nova nomenclatura
passasse a salientar a relevância dos processos de gestão de riscos de
desastre e das ações protetivas na redução de desastres no País.
Uma política de proteção preocupa-se em identificar as populações mais
vulneráveis; em adotar medidas que minimizem o impacto dos desastres
sobre elas; em garantir que os riscos estejam sendo gerenciados; e em
intervir antes que o desastre ocorra, articulando em nível macro e nas
diferentes esferas de governo e setores sociais, os programas de proteção
adequados. Sendo assim, a mudança da política nacional visa fortalecer
uma cultura de prevenção aos riscos de desastres no Brasil. Tal política
traz em seu bojo a concepção de que não se faz isso sozinho, sendo
fundamental desenvolver políticas e programas integrados, uma vez que os
riscos de desastres apresentam dimensões complexas, multifatoriais e
intersetoriais.

Seguindo o esquema, tem-se que o órgão central da defesa civil estadual é a


Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), que está alocada desde 1977 ao
Gabinete Militar do Governador (GMG), segundo descreve Barbosa (2009, p. 20):

Criada em 1972, a CEDEC possuía uma estrutura que não atendia às


necessidades das ações de defesa civil. De acordo com o Decreto n°
13.492, de 10 de março de 1971, a CEDEC era um órgão colegiado,
integrado por representantes de diversos setores da administração
estadual, mas sem vinculação direta a nenhuma instituição pública.
A CEDEC não possuía uma estrutura administrativa sólida e com a intenção
de corrigir essa falha e dar a esse órgão condições de cumprir as suas
finalidades foi sancionada pelo então Governador, Dr. Aureliano Chaves de
Mendonça, a Lei nº 7157 em 07 de dezembro de 1977, que vinculou a
CEDEC ao Gabinete Militar do Governador (GMG). Tal medida preconizava
a melhor operacionalidade do órgão e criava um fundo especial para
oferecer recursos indispensáveis para realização das atividades da Defesa
Civil no Estado.

No ano de 1978, por meio do Decreto Estadual nº 19.077, "que dispõe sobre a
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, CEDEC, e o Fundo Especial para
Calamidade Pública, FUNECAP" (MINAS GERAIS, 1978) , firmou-se que:

Art. 2º - A atividade estadual de defesa civil é coordenada pela


Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, CEDEC, e executada por órgãos e
entidades estaduais, sem prejuízo da responsabilidade congênere da União
e do Município. (MINAS GERAIS, 1978)

Além disso, a Defesa Civil em Minas Gerais está inserida no SINPDEC, ou seja, está
subordinada à forma de operar do Sistema Nacional, atrelando-se a todas as
45

disposições da Lei Federal nº 12.608/12, entre outras disposições legais. Pelo


entendimento do SINPDEC, pode-se inferir que CEDEC atua como suporte aos
órgãos de Defesa Civil Municipal, constituídos basicamente pela Coordenadoria
Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) e, quando necessário, faz papel de
elo, entre esses órgãos, a Secretária Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Um ponto relevante a se comentar é que não se tratou aqui, nem no tópico anterior,
sobre detalhes das leis, tanto na esfera Federal quanto Estadual, no que tange a sua
aplicabilidade, a respeito do funcionamento desses órgãos, das transferências de
recursos, entre outros assuntos. Buscou-se dar uma explanação genérica e
introdutória, para proporcionar uma visão inicial a respeito do assunto.

3.3.2 Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

A Política Nacional de Proteção de Defesa Civil (PNPDEC), também, foi atualizada e


modificada pela Lei 12.608/12. Nessa norma, são apontadas as diretrizes e os
objetivos comuns a todas as esferas do poder, além das respectivas competências
de cada ente federado.

o
Art. 2 É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre.
o
§ 1 As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a
colaboração de entidades públicas ou privadas e da sociedade em geral.
o
§ 2 A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a
adoção das medidas preventivas e mitigadoras da situação de risco.
o
Art. 3 A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil.
Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento
territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças
climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação,
ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a
promoção do desenvolvimento sustentável.
Art. 4o São diretrizes da PNPDEC:
I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;
II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação;
III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de
desastres;
[...]
VI - participação da sociedade civil. (BRASIL, 2012, grifo nosso).
46

Salientando, novamente, a influência internacional, verifica-se a incorporação de


vários termos8 abordados pela EIRD no escopo da lei, ocasião em que ela define os
objetivos da PNPDEC.

o
Art. 5 São objetivos da PNPDEC:
I - reduzir os riscos de desastres;
II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres;
III - recuperar as áreas afetadas por desastres;
IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e
defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das
políticas setoriais;
V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil;
VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos
sustentáveis de urbanização;
VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos
sustentáveis de urbanização;
VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e
vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua ocorrência;
XIII - desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;
XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de
prevenção e de resposta em situação de desastre e promover a
autoproteção; e
XV [...] (BRASIL, 2012, grifo nosso)

Nas outras sessões dessa norma estão contidas as disposições e as competências


mais específicas de cada ente federado. Nesse viés, cabe destacar os seguintes
aspectos:

Art. 6º Compete à União:


[...]XIII - apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de material
didático-pedagógico relacionado ao desenvolvimento da cultura de
prevenção de desastres.
Art. 7º Compete aos Estados:
[...]VIII - apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das
áreas de risco, na elaboração dos Planos de Contingência de Proteção e
Defesa Civil e na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de
ações emergenciais.
Art. 8º Compete aos Municípios:
[...]IX - manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência
de eventos extremos, bem como sobre protocolos de prevenção e alerta e
sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres;
X - mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na ocorrência de
desastre;
XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de
Contingência de Proteção e Defesa Civil;[...]
Art. 9º Compete à União, aos Estados e aos Municípios:
I - desenvolver cultura nacional de prevenção de desastres, destinada
ao desenvolvimento da consciência nacional acerca dos riscos de desastre
no País;
II - estimular comportamentos de prevenção capazes de evitar ou
minimizar a ocorrência de desastres;
[...]V - oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de
proteção e defesa civil;[...](BRASIL, 2012, grifo nosso)

8
A conceituação de alguns desses termos serão trabalhados no próximo capítulo.
47

Ressalvadas as análises anteriores, pode se abstrair da atual PNPDEC que o


principal foco é fortalecer as práticas de Defesa Civil nos municípios. Sendo eles a
menor divisão da federação brasileira, encontram-se na posição estratégica de
agentes diretos do Sistema e das Políticas Nacionais de Proteção e Defesa Civil.
Essa inferência é corroborada pelo grande rol de competências elencadas pela Lei
12.608/12 destinadas a esses entes.

Outro fator que destaca a importância do município foi o lançamento, um ano antes
da vigência dessa política, da campanha 'Construindo Cidades Resilientes: Minha
Cidade está se Preparando'. Segundo o Ministério da Integração, essa campanha
tem o seguinte escopo:

A campanha, cujo objetivo é aumentar o grau de consciência e


compromisso em torno de práticas de desenvolvimento sustentável,
diminuindo as vulnerabilidades e propiciando bem estar e segurança aos
cidadãos [...]
A construção de uma cidade resiliente envolve 10 providências essenciais a
serem implementadas por prefeitos e gestores públicos locais. Cinco delas
tem como origem as prioridades estabelecidas em 2005 pelo Marco de
Ação de Hyogo (Japão), quando 168 países se comprometeram a adotar
medidas para reduzir o risco de desastres até 2015.
Entre as medidas estão: a criação de programas educativos e de
capacitação em escolas e comunidades locais, o cumprimento de
normas sobre construção e princípios para planejamento e uso do solo, os
investimentos em implantação e manutenção de infraestrutura que evitem
inundações e o estabelecimento de mecanismos de organização e
coordenação de ações com base na participação de comunidades e
sociedade civil organizada.
A campanha define "Cidade Resiliente" como sendo aquela que tem
capacidade de resistir, absorver e se recuperar de forma eficiente os efeitos
de um desastre e, de maneira organizada, prevenir que vidas e bens sejam
perdidos.
Uma das finalidades da campanha é mostrar que a redução de riscos e
desastres ajuda na diminuição da pobreza, favorece a geração de
empregos, de oportunidades comerciais e a igualdade social, além de
garantir ecossistemas mais equilibrados e melhorias nas políticas de saúde
e educação. (BRASIL, 2013, grifo nosso)

Segundo a CEDEC,

O órgão municipal de proteção e defesa civil, comumente nominado de


Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) centraliza o
SINPDEC no município, e tem por finalidade contribuir no processo de
planejamento, articulação, coordenação e execução dos programas,
projetos e ações de proteção e defesa civil local. [...]
É de grande importância a criação e operacionalização da Compdec, pois é
no município que os desastres acontecem e a ajuda externa normalmente
chega após a resposta imediata. É necessário que a população esteja
organizada, preparada, orientada sobre o que fazer e como fazer ( CEDEC,
2014).
48

Nesse sentido, o cidadão, ao pensar em Proteção e Defesa Civil, deve ter em mente
os agentes de defesa civil do seu município. Pelo exposto na Lei 12.608/12, os
agentes são:

Art. 18. Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se agentes de


proteção e defesa civil:
I - os agentes políticos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios responsáveis pela direção superior dos órgãos do SINPDEC;
II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e direção de
órgãos ou entidades públicas prestadores dos serviços de proteção e
defesa civil;
III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou função
pública, civis ou militares, com atribuições relativas à prestação ou
execução dos serviços de proteção e defesa civil; e
IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas ou prestadores
de serviços voluntários que exercem, em caráter suplementar, serviços
relacionados à proteção e defesa civil. (BRASIL, 2012, grifo nosso)

Partindo desse ponto normativo, enxerga-se mais uma vez o CBMMG como 'o
possível 'agente a ser requisitado pela população. Essa acepção é basilar para este
trabalho, pois é aqui que se depreende que o CBMMG pode ser sim parte do
SINPDEC, sem necessariamente ser coordenador de um órgão de defesa civil local.
Nesse entendimento, muitas funções podem ser desempenhadas por essa
instituição, tais como fomentar a criação e o trabalho da Compdec nas áreas de
atuação de suas respectivas unidades, trabalhar na capacitação de voluntários e da
população civil, auxiliar na confecção de Planos de Contingências, entre outras
ações. Cabe ressaltar que muitas delas já são praticadas, porém, ainda não são
compreendidas, no ambiente intrainstitucional, como ações de Proteção e Defesa
Civil.

3.3.3 Proteção e Defesa Civil e a Educação

O aspecto normativo que vincula a defesa civil às práticas educativas está explícito
na Lei 12.608/2012, em seu art. 29:

Art. 29. O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que


estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, passa a vigorar
acrescido do seguinte § 7o:
“Art. 26. [...] § 7o Os currículos do ensino fundamental e médio devem
incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental
de forma integrada aos conteúdos obrigatórios.”

Antes mesmo da obrigatoriedade dada pela Lei 12.608/2012, tem-se o exemplo do


estudo de Lima (2006), que propõe a temática defesa civil nas escolas. Esse autor
49

baseia-se em princípios constitucionais, em normatizações afetas à defesa civil e a


educação à época.

Em seu trabalho, Lima (2006) apoiou-se, também, no conceito dado por Vila Nova
(1997), a saber, para que proteção civil seja uma atividade eficientemente realizada
exige-se o envolvimento de todos e dos vários níveis de intervenção do governo,
pelo fato dessa atividade ser responsabilidade de todos.

Em conjunto com o art. 18 da Lei 12.608/2012, citada anteriormente, com o art. 227
da CRFB/88 reforça esse entendimento de Lima (2006), ao afirmar:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, grifo nosso)

Pelo exposto, vale-se do seguinte esquema:

Figura 5 – Base da Proteção Civil

Fonte: Vila Nova (1997), apud Lima (2006, p.47)

A figura acima coloca a população como destino e centro da interação e da


transmissão do conhecimento preventivo e, juntamente com isso, proporciona a
50

essa população manter-se informada como ator na aplicação e multiplicação desse


conhecimento.

Para isso, Lima (2006), em consonância com a Lei 12.608/2012, informa que a
escola deve ser o meio de difusão de informações que afetam a melhoria da
segurança global da população, conforme se verifica na afirmação a seguir:

a escola é um espaço marcante na vida do jovem, nela ocorrem vários tipos


de aprendizagens e relacionamentos. Quando a escola abre suas portas
para a comunidade, está favorecendo a formação do espírito comunitário
precursor da cidadania. [...]Na escola é que se deve construir a consciência
voltada para os interesses comunitários e para o espírito solidário, visando
ao bem-estar de todos; transformando o jovem em agente multiplicador,
consciente dos seus direitos e executor dos seus deveres, agindo além de
seus interesses individuais e familiares. (LIMA, 2006, p.49)

No que tange ao desenvolvimento do projeto, proposto por Lima (2006), este se deu
pela inserção do ensino dos preceitos da defesa civil de maneira transversal aos
alunos e professores de algumas escolas de Brasília. Segundo Lima (2006, p.125), o
projeto teve o seguinte resultado quantitativo:

A capacitação dos professores e alunos de 5ª série gerou um quantitativo


de 38 professores e 615 alunos, garantindo uma efetiva implementação do
tema transversal “Noções Gerais de Defesa Civil e Percepção de Riscos” e
suas relações interdisciplinares.

Para Lima (2006, p.126), houve resultados positivos no que tange aos aspectos da
prevenção e preparação, como pode ser verificado no trecho abaixo:

O Programa Defesa Civil na Escola criou bases de valores morais nos


alunos, os quais conheceram as vulnerabilidades e ameaças que poderiam
afetar a vida das pessoas, sentindo necessidade dos instrumentos
destinados a garantir a sua própria segurança e da comunidade da qual
fazem parte.

Diante desse exemplo pode-se verificar uma necessidade anterior a positivação


dada pela Lei 12.608/2012. Pode-se verificar, ainda, que na constituição Federal há
diversos aspectos que interligam os conceitos de Proteção e Defesa Civil, com
conceitos educacionais, como está descrito no seu art. 205:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988, grifo nosso)
51

Nos termos da expressão 'pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o


exercício da cidadania', depreende-se que as capacidades apontadas por Vila Nova,
acrescidas de algumas características que serão abordadas no capítulo a seguir,
como a percepção de risco são inerentes ao aspecto de plenitude dado ao
desenvolvimento da pessoa.

Diante dessa análise, faz-se necessário apontar algumas práticas ou ações de


proteção e defesa civil ligadas às atividades educativas. Uma delas é a difusão dos
conceitos de defesa civil feita pela CEDEC de Minas Gerais. Outra ação seria a
difusão da prática de natação feita pelo CBMMG, por meio do PRODINATA ou o
Bombeiro nas Escolas, feito por muitas unidades dessa corporação. A capacitação
dos Núcleos de Alerta de Chuvas e dos Núcleos de Defesa Civil da cidade de Belo
Horizonte, executada também pelo CBMMG.

4 DO NOVO PARADIGMA DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL À ATUAÇÃO DO


CBMMG

Neste capítulo, pretende-se fazer uma análise conjunta do novo paradigma de


proteção e defesa civil, após adoção da Lei 12.608/12, e a atuação do CBMMG,
como um todo, passando pelas ações de resposta e prevenção. Para isso,
primeiramente, explicar-se-á o que seria esse novo paradigma, perpassando pela
definição de alguns conceitos de terminologias e interpretação de alguns dados
referentes aos desastres e acidentes. Após isso, dispor-se-ão quais as áreas de
maior atuação do CBMMG, por intermédio de uma análise de dados disponibilizados
pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS).

4.1 Novo Paradigma de Proteção e Defesa Civil

Para o entendimento do novo paradigma de Proteção e Defesa Civil no Brasil, deve-


se levar em conta a evolução histórica abordada anteriormente em conjunto com o
que será tratado a seguir.

Na evolução normativa disposta no capítulo anterior, depreende-se um caráter


responsivo ao desastre, pois, desde a origem da defesa civil, com a segunda grande
guerra, pode-se perceber o foco na atuação de resposta ao acontecimento danoso,
com medidas de disponibilização de recursos, para atender às demandas referentes
52

ao desastre, podendo citar os gastos com a resposta, com medidas paliativas e,


posteriormente, a possível reconstrução ou restabelecimento, de maneira definitiva,
do que foi danificado.

Porém, após adoção de conceitos da EIRD, que defende uma ação concentrada na
Redução do Risco do Desastre (RRD), buscou-se uma melhor interpretação das
definições referentes à Proteção e Defesa Civil.

Com isso, para o melhor entendimento dessa conceituação, ressalta-se, para fins
deste trabalho, que o conceito de Proteção e Defesa Civil é referente a um
sistema/conjunto de práticas e não uma entidade ou um órgão. Conforme o Decreto
Presidencial nº 7.257, de 4 de Agosto de 2010, que versa sobre o Sistema Nacional
de Defesa Civil - SINDEC9, art. 2º, inciso I, o termo significa:

o
Art. 2 Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
I-defesa civil: conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e
recuperativas destinadas a evitar desastres e minimizar seus impactos para
a população e restabelecer a normalidade social; (BRASIL, 2010, grifo
nosso).

Furtado (2014) também trabalha essa definição, baseando-se no mesmo decreto,


porém, destaca que "é prevista a regulamentação da Lei n. 12.608 de 2012, a qual
poderá ocasionar alguma mudança nesses conceitos" (FURTADO, 2014, p. 28).

Sendo assim, nos termos da Lei nº 12.608/12, art. 3º, a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) compreende "as ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil." (BRASIL,
2012, art. 3º).

Devido a grande influência da EIRD na formulação da 12.608/2012 apresenta-se a


definição dada para os termos abordados Gestão do Risco de Desastres (GRD)10 e
Gestão do Desastre (GD)11, pelo documento digital 'Terminology on Disaster Risk'12,

9
Observa-se que ainda nesse decreto, que o Sistema Nacional era tratado como SINDEC, sendo
alterado depois de 2012, pela Lei 12.608, para SINPDEC. Assunto explicado no tópico anterior
página 44.
10
Tradução da definição do termo em inglês 'Disaster risk management'.
11
Tradução da definição do termo em inglês 'Emergency management', observa-se que a
tradução literal do termo seria gerenciamento da emergência, porém ela não se encaixa no contexto,
sendo, uma questão meramente de semântica.
12
Terminologia no Risco de Desastre (tradução literal do título), documento foi criado em 2004
e atualizado em 2009 pela EIRD.
53

para promover o alinhamento das terminologias utilizadas no contexto da redução do


risco de desastre.

Gestão do risco: o processo sistemático de utilizar diretrizes


administrativas, organizacionais, destrezas e capacidades operacionais
para executar políticas e fortalecer capacidades de enfrentamento, para
reduzir o impacto adverso das ameaças e possibilidades de ocorrência de
desastres.
Comentário: Este termo é uma ampliação do conceito mais geral da gestão
de risco por abordar o tema específico do risco de desastres. A gestão do
risco de desastres busca evitar, diminuir ou transferir os efeitos adversos
das ameaças mediante diversas atividades e medidas de prevenção,
mitigação e preparação (UN/ISDR, 2009, p. 10, tradução nossa)
Gestão do desastre: organização e gestão de recursos e
responsabilidades para lidar com todos os aspectos do desastre, em
particular, a preparação, resposta e as etapas de recuperação iniciais.
(UN/ISDR, 2009, p. 13, tradução nossa)

Ao analisar as terminologias propostas pela UN/ISDR e, juntamente, as ações


descritas pela PNPDEC, tem-se que prevenção, mitigação e preparação fazem parte
do conceito de Gestão do Risco de Desastres, sendo que resposta e recuperação
estão inseridas no conceito de Gestão do Desastre.

Percebe-se, pelas definições abordadas, que, diferentemente do que se apontou


antes da Lei 12.608/12, agora existem dois estágios na abordagem da Proteção e
Defesa Civil. Pelo conceito dado à redução do risco de desastres, deve-se
depreender os maiores esforços na primeira etapa. Com essa analogia, aponta-se o
novo paradigma:

Figura 6 – Novo Paradigma da Proteção e Defesa Civil


Gestão do Risco de Desastres Gestão de Desastres
Prevenção Mitigação Preparação Resposta Recuperação
Fonte: (UN/ISDR, 2009, Lei 12.608/12 e Furtado, 2012, adaptado pelo autor).

Pode-se perceber que essa separação não se distancia dos conceitos tratados
anteriormente pelo Decreto 7.257/10, mas amplifica sua definição. Nesse sentido,
depreende-se que o novo paradigma surge como fator dinamizador da atuação dos
agentes de proteção e defesa civil, deixando claro que a primeira etapa é anterior ao
desastre (GRD) e a segunda é posterior à ocorrência do desastre (GD).

A fim de esclarecer os termos abordados pela PNPDEC, primeiramente, deve-se


definir o termo desastre, que é inerente aos acontecimentos danosos à vida e ao
54

patrimônio, como pode ser percebido pela definição dada pelo Decreto nº
7.257/2010, por meio do inciso II do art. 2º:

o
Art. 2 Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
II - desastre: resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo
homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos,
materiais ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais;
(BRASIL, 2010)

Já UN/ISDR (2009 p. 9, tradução nossa) define desastre como:

Uma grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou uma


sociedade envolvendo generalizada perda ou impacto humano, material,
economico ou ambiental, que exceda a capacidade da comunidade ou da
sociedade afetada de lidar utilizando seus próprios recursos.[...] Os
impactos podem incluir perda de vidas humanas, ferimentos, doenças e
outros efeitos negativos, físicos ou mentais, sobre o ser humano e o bem
estar social, juntamente com danos à propriedade, destruição de bens,
paralisação de serviços essenciais, perturbações econômicas e degradação
ambiental.

Depreende-se das duas definições que a primeira relata o desastre como o


'resultado do evento adverso', enquanto a segunda o descreve como 'uma grave
perturbação' que envolve determinadas consequências (tratadas de maneira
bastante usual como 'danos' e 'prejuízos'). Nesse quesito tem-se a classificação do
desastres com relação a intensidade que segundo a Instrução Normativa nº 1 do
Ministério da Integração Nacional (MI):

Art. 3º Quanto à intensidade os desastres são classificados em dois níveis:


a) nível I – desastres de média intensidade;
b) nível II – desastres de grande intensidade
§ 1º A classificação quanto à intensidade obedece a critérios baseados na
relação entre:
I – a necessidade de recursos para o restabelecimento da situação de
normalidade;
II – a disponibilidade desses recursos na área afetada pelo desastre e nos
diferentes níveis do SINDEC.
§ 2º São desastres de nível I aqueles em que os danos e prejuízos são
suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade
pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou
complementados com o aporte de recursos estaduais e federais;
§ 3º São desastres de nível II aqueles em que os danos e prejuízos não são
superáveis e suportáveis pelos governos locais, mesmo quando bem
preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da
mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil — SINPDEC e, em alguns casos, de
ajuda internacional. (BRASIL, 2012b, grifo nosso).
55

Além da classificação dada acima, existe também a Classificação e Codificação


Brasileira de Desastres (Cobrade), que delimita os desastres em dois ramos, sendo
eles o 'natural' e o 'tecnológico', podendo exemplificar o primeiro com secas,
inundações, movimentos de massa, incêndio florestal; e o segundo com desastres
relacionados e transporte de produtos perigosos, relacionados a incêndios urbanos,
a colapso de obras ou edificações. Ressalta-se que esses exemplos são apenas
elucidativos, pois dentro do Cobrade há muitas outras variações e especificações de
grupos e subgrupos de desastres.

Além disso, Santos e Câmara (2002) complementa essa classificação num campo
teórico em naturais, humanos ou antropogênicos e mistos, delimitando num grupo
denominado de origem do desastre. Todavia, essas duas abordagens não se
distanciam, pois os aspectos tecnológicos apontados pela Cobrade são
correspondentes às causas humanas e mistas. Além dessas classificações tem a
abordagem quanto à evolução, também, apresentada por Santos e Câmara (2002,
p. 148) em:

Desastres súbitos ou de evolução aguda: deslizamentos, enxurradas,


vendavais, incêndios em instalações industriais e em edificações com
grandes quantidades de usuários, abalos sísmicos, erupções vulcânicas e
outros.
Desastres de evolução crônica, ou graduais: seca, erosão, perda de solo
agricultável, desertificação, salinização do solo e outros.
Desastres por somação de efeitos parciais: acidentes de trânsito,
acidentes de trabalho, incremento da violência, tráfico de drogas, cólera,
malária, síndrome da imunodeficiência adquirida.

Após essa conceituação, torna-se imprescindível a abordagem conceitual do termo


risco, utilizado em diversos assuntos deste trabalho. Para a UN/ISDR (2009 p. 25),
risco13 é "A combinação da probabilidade de ocorrência um evento e de suas
consequências negativas". Porém, esse vocábulo tem diversas facetas. De acordo
com Mendes (2015, p. 17), a característica polissêmica da palavra risco fez que ela
fosse utilizada "nas ciências naturais, nas ciências biológicas, nas ciências sociais e
nas humanidades, bem como na administração pública e na definição de políticas
públicas.".

13
Tradução da definição do termo em inglês 'risk'.
56

Portanto, para melhor entender o conceito de risco, traz-se à tona o conceito de


ameaça14 introduzido pela UN/ISDR (2009, p. 17):

Um fenômeno, uma substância, atividade humana ou condição perigosa


capaz causar perdas de vida, ferimentos ou outros impactos à saúde, danos
materiais, perdas de meios de subsistência e serviços, transtornos social e
econômico, ou dano ambiental.

Entende-se que o 'evento' tratado no conceito de risco pode ser substituído pela
palavra 'ameça'. Devido ao fato de o documento da UN/ISDR utilizar como basililar o
idioma inglês, traz-se uma reiteração dessa interpretação, a qual diz que:

A literatura anglo-saxônica apresenta uma distinção entre ameaça (hazard),


risco (risk) e desastre (disaster). A “ameaça” é vista como um processo ou
evento produzido pela natureza ou induzido pelo homem com potencial de
produzir perdas; o termo “risco” indica a probabilidade de que se ocorra
esse processo/evento e que se causem perdas; enquanto “desastre”
significa a materialização disso (SMITH, PEDLEY, 2009, APUD SULAIMAN,
2014, p. 23)

Visando esclarecer ainda mais os conceitos trabalhados traz-se à tona o termo


perigo, utilizado na definição de ameaça, tendo a seguinte descrição dada por
Araújo (2012, p.21): "circunstância potencialmente capaz de acarretar algum tipo de
perda, dano ou prejuízo ambiental, material ou humano." Pode-se verificar, através
da definição de ameaça dada pela UN/ISDR, que há uma aproximação dessas
definições, sendo natural o uso das palavras 'ameaça e perigo' como sinônimas
dentro desse estudo.

Para fechar a acepção do conceito risco, é necessária a associação ao termo


vulnerabilidade. O conceito de vulnerabilidade está intimamente ligado aos de risco
e ameaça. Aquele termo também tem uso corrente em diversas ciências. Com isso,
apresenta-se o conceito dado pela UN/ISDR (2009, p.30, tradução nossa), que diz
ser a vulnerabilidade15 representada pelas "características e circunstâncias de uma
comunidade, sistema ou bens que os tornam suscetível aos efeitos nocivos
[desastre] de um perigo ou ameaça." Essa entidade exemplifica tais características e
circunstâncias como:

Planejamento inadequado e construção deficiente de edificações, proteção


inadequada de bens, ausência de informação e conscientização pública,
baixo nível de percepção de riscos e de medidas de preparação e

14
Tradução da definição do termo em inglês 'hazard'
15
Tradução da definição do termo em inglês 'vulnerability'
57

desatenção para aplicação de conceitos de gestão ambiental. (UN/ISDR,


2009, p. 30, tradução e grifo nosso).

4.1.1 Definições dos Termos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

Continuando a abordagem conceitual dos termos definidos na PNPDEC, têm-se na


sequência os seguintes termos ligados à Gestão do Risco de Desastre [prevenção,
mitigação, preparação] e à gestão de desastres [resposta e recuperação]. Ao qual,
além das definições que serão apresentadas, tem-se a seguinte figura como base:

Figura 7 – Ciclo de gestão e proteção civil

Fonte: Ferreira (2012, p. 52)

4.1.1.1 Prevenção, Mitigação e Preparação

O conceito de prevenção etimologicamente é oriundo de um ato de antecipação


ligado ao verbo prevenir. No contexto apresentado do desastre e no conceito de
acidente, que posteriormente será trabalhado, orienta-se pelo entendimento da
prevenção como um agir anterior, o acontecimento do desastre ou do acidente. Com
vistas a proporcionar uma melhor compreensão, tem-se abordagem do conceito no
art. 2º da Lei 7.257/2010, que cita algumas ações de prevenção associadas ao
desastre:
58

Ações destinadas a reduzir a ocorrência e a intensidade de desastres, por


meio da identificação, mapeamento e monitoramento de riscos, ameaças e
vulnerabilidades locais, incluindo a capacitação da sociedade em
atividades de defesa civil, entre outras estabelecidas pelo Ministério da
Integração Nacional. (BRASIL, 2010)

Além disso, a UN/ISDR (2009, p.22) caracteriza prevenção16 como o ato de "evitar
as ameaças [perigo] e os desastres relacionados a elas." Juntamente com esta
definição, aponta-se outra abordagem dada pela UN/ISDR (2009b, p. 25), citada por
Furtado (2012, p. 54):

Atividades que tendem a evitar o impacto adverso de ameaças, e meios


empregados para minimizar os desastres ambientais [naturais], tecnológicos
[...]Neste contexto, a conscientização e a educação pública relacionadas
com a redução do risco de desastres, contribuem para mudar a atitude e
os comportamentos sociais, assim como para promover uma “cultura de
prevenção”.

Diante das definições abordadas, pode-se dizer que as ações educativas têm papel
importante na efetivação de medidas preventivas, pois mesmo que se execute o que
foi determinado no art. 2º, onde se definem as ações de prevenção, elas não terão
efetividade se não houver meios de difusão desse conhecimento.

A prevenção, também, é caracterizada pela adoção de medidas estruturais. Um


exemplo disso é o emprego da Lei Estadual 14.130, de 2001, do Decreto nº 44. 746,
de 2008, e das Instruções Técnicas do CBMMG, que embasam as exigências de
medidas contra incêndio e pânico conforme o nível de construção e a utilização da
edificação.

No mesmo sentido da prevenção, porém mais atrelado à prática de medidas


estruturais, ligadas a engenharia e construção resilientes, tem-se o termo mitigação,
que por si só já carrega a ideia de 'redução' ou 'tornar menor'. Dentro do conceito de
gestão do risco de desastre, mitigação representa a "diminuição ou limitação dos
impactos negativos das ameaças [perigo] e dos desastres relacionados a elas"
(UN/ISDR, 2009, p 19, tradução nossa).

16
Tradução da definição do termo em inglês 'prevention'
59

O conceito de preparação, por sua vez, está ligado à formação intelectual, cultural e
prática da sociedade como um todo. Segundo a UN/ISDR (2009, p. 21, tradução
nossa), preparação é representada como:

O conhecimento e as capacidades desenvolvidas pelos governos, pelos


profissionais envolvidos na resposta e organizações de recuperação,
comunidades e indivíduos para antever eficazmente, responder e recuperar,
dos possíveis impactos, em curso ou iminente, relativos a eventos
[desastres, acidentes] ou condições de perigo [ameaça].

Destarte, percebe-se que os conceitos trabalhados, até então, interagem entre si e


estão inseridos na definição de gestão do risco de desastre. Além disso, ao se agir
nos três campos, aumenta-se o que a EIRD chamou de resiliência, que segundo a
UN/ISDR (2009, p. 24, tradução nossa) é:

A capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade exposta a uma


ameaça [perigo] de resistir, absorver, adaptar e se recuperar dos efeitos
dessa ameaça, de forma tempestiva [oportuna] e eficiente, incluindo a
preservação e a restauração de suas estruturas essenciais e funções
17
básicas .

4.1.1.2 Resposta e Recuperação

Segundo a UN/ISDR (2009, p. 24, tradução nossa), resposta é entendida como:

A prestação de serviços de emergência e assistência pública durante ou


imediatamente após a ocorrência de um desastre, a fim de salvar vidas,
reduzir os danos à saúde da população afetada, garantir a segurança
pública e atender as necessidades básicas para subsistência da população
afetada. (UN/ISDR, p. 24, tradução nossa).

Noutro giro, o termo recuperação é abordado pela UN/ISDR (2009, p. 23, tradução
nossa) como "a restauração e o aprimoramento, onde forem necessários, de
instalações, meios de subsistência e condições de vida das comunidades afetadas
por desastres, incluindo esforços para reduzir os fatores do risco de desastres.". A
doutrina da EIRD esclarece que o termo recuperação subentende duas etapas: uma
imediatamente pós-desastre, em conjunto com a resposta, chamada de reabilitação;

17
São inerentes de cada sociedade dentro da situação de normalidade. Na sociedade brasileira
pode ser entendida como a manutenção dos direitos fundamentais previstos no art. 5º e os direitos
sociais no art. 6º. É certo que essa interpretação se dá pelo fato que quando estruturas essências e
funções básicas são afetadas, como por exemplo, a destruição de uma residência, de um hospital, a
morte de várias pessoas, por consequência de um desastre, há interferência na manutenção desses
direitos.
60

a segunda está ligada ao ato de reconstruir, que deverá se apoiar em medidas que
viabilizem construir de maneira mais resiliente.

Compreende-se que o CBMMG atua de forma mais ativa na reabilitação, sendo a


reconstrução uma fase estrutural feita por setores específicos do governo local
auxiliado pela União e pelo Estado.

4.2 Características das ocorrências atendidas pelo CBMMG

Como já foi descrito, a competência do CBMMG abrange ações de prevenção e


combate a incêndio, busca e salvamento, socorros de urgência e defesa civil.
Atualmente, a atuação do CBMMG, no âmbito de sua esfera de competência, é
contabilizada por meio do Registro de Eventos de Defesa Social (REDS), que
quantifica as ocorrências de cada órgão inseridas na Secretaria de Estado Defesa
Social (SEDS) de Minas Gerais. Tem-se como evento de defesa social a seguinte
definição:

É todo fato policial, de trânsito urbano e rodoviário, de meio-ambiente, de


bombeiros e outros afins, que requer a intervenção dos Órgãos que
compõem o Sistema de Defesa Social do Estado, independentemente da
origem, forma de comunicação ou documento inicial. Incluem-se, aqui, as
atividades desenvolvidas durante o serviço operacional. (CBMMG, 2014)

Com isso, a desempenho do CBMMG pode ser verificada pelo documento produzido
pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), chamado de
Anuário Estatístico do CBMMG, no qual são descriminadas as ocorrências típicas e
atípicas de bombeiros. Porém, antes de adentrar nesse quesito, chama-se a atenção
para alguns aspectos geográficos do Estado de Minas Gerias. Segundo dados do
IBGE (2014, citado pelo CBMMG, 2015), Minas gerais é o quarto estado brasileiro
em extensão territorial, com 586.520,368 km², e o primeiro em número de
municípios, com um total de 853. Sua dimensão e localização geográfica implicam
em uma diversidade de características, tais como diferenças climáticas entre região
norte e sul, variadas formas de relevo, distinta rede hidrográfica, diferentes
incidências de fauna e flora, etc. Além disso, esse estado conta com a maior malha
viária do país, com mais de 260.000 km. Ressalta-se, ainda, uma grande
concentração populacional em centros urbanizados, em consonância com o gráfico
abaixo.
61

Gráfico 1 – Divisão da população mineira em área urbana e rural por milhões

2.538.955

População urbana na Sede


2.882.114 Municipal
População urbana exceto na
Sede Municipal
População rural

14.176.261

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Após essa breve análise sobre as características do território mineiro, destaca-se o


número de 348.057 ocorrências atendidas pelo CBMMG, conforme o anuário mais
atual de 2015, referente ao ano de 2014.

Além disso, chame-se a atenção para a classificação das ocorrências em dez


grandes grupos de natureza, codificadas com letras maiúsculas específicas pela
Diretriz Integrada de Ações e Operações do Sistema de Defesa Social (DIAO),
conforme tabela abaixo, referente à comparação do número de registros dos anos
de 2014 e 2015.
62

Tabela 3 – Classificação das Ocorrências Segundo a DIAO

Fonte: CINDS (2016)

Por essa tabela de classificação, verifica-se a abrangência da atuação do CBMMG


em diversas áreas. Dando destaque às ocorrências tidas como típicas de Bombeiro
Militar pela DIAO: os grupos O – Referente à Explosão e Incêndio, P – Referente à
Prevenção e Vistoria, R – Referente às Atividades de Defesa Civil, S – Referente à
Busca e Salvamento e V – Referente à Atendimento Pré-Hospitalar.

Nessa segunda tabela, pode-se verificar o número ocorrências atendidas por cada
Organização Bombeiro Militar (OBM). Chama-se atenção uma vez que nesta tabela
já estão presentes os registros das Companhias Independentes de Poços de
Caldas, Barbacena, Ipatinga e Patos de Minas, criadas no decorrer do ano de 2015.
63

Tabela 4- Número de Ocorrências atendidas por unidades

Fonte: CINDS (2016)


Pela distribuição das ocorrências pelas OBM, pode-se perceber que há uma
variação quantitativa entre uma unidade operacional e outra, no tocante ao registro
de determinada natureza de ocorrência, podendo se atribuir essa diferença às
características regionais diversas que permeiam os graus de desenvolvimento
urbano e rural, a proximidade de rodovias, rios, lagos, regiões serranas, matas, entre
outros aspectos.

Segundo CBMMG (2015), projeta-se para no ano de 2018 um total de atendimento


superior a 400 mil ocorrências, ressaltando que com a instalação de cada nova
unidade de bombeiros há um salto no número de atendimentos nessa localidade,
representando uma necessidade da prestação do serviço de bombeiros, antes não
evidenciada pela indisponibilidade do serviço de forma plena.

4.3 Aspectos correlatos entre a atuação do CBMMG e a Redução do Risco de


Desastre

Diante do contexto, no qual se abordou a Redução do Risco de Desastres (RRD)


pelo emprego da GRD e GD, poderia se presumir que esses aspectos não se
aplicariam a redução dos eventos adversos que geram danos e prejuízos menores
em relação a um desastre. Porém, pela conceituação dada à prevenção,
preparação, mitigação, resposta e recuperação esses preceitos não se limitam a
64

eventos adversos de grande proporção relativos aos danos ou prejuízos, podendo


ser aplicados de maneira abrangente.

Nesse panorama, segundo Bessa (2013, p. 15), e a figura de Ferreira (2012) as


duas fases, GRD e GD, podem ser descritas da seguinte maneira:

Período de Normalidade:
O período de normalidade compreende as fases da prevenção, mitigação e
preparação para os desastres e visa evitar ou minimizar a ocorrência de
desastres.
Período de Anormalidade:
O período da anormalidade contempla as fases da Resposta e
Recuperação (Reabilitação e reconstrução) visa o atendimento direto aos
desastres.

Percebe-se que o período de 'anormalidade' não se refere aos acometimentos


diários de acidentes ou de ocorrências de bombeiro, sendo inerente ao momento do
acontecimento do desastre até sua recuperação.

Entende-se, também, que a atuação no período de 'normalidade' compreende o


período sem ocorrência de desastre, porém, nessa fase, estão contidos os
atendimentos cotidianos do CBMMG, sendo eles inerentes a casos que, também,
gerem consequências danosas à vida e ao patrimônio.

Sendo assim, no tocante à atuação do CBMMG nos aspectos inerentes à RRD, tem-
se que, conforme a descrição da DIAO e baseando no trabalho de Bessa (2013),
pode-se fazer uma classificação das ocorrências do CBMMG dentro do novo
paradigma de Proteção e Defesa Civil.

Tabela 5 – Associação das ocorrências atendidas pelo CBMMG com as Fases da


Gestão do Risco de Desastre
Descrição do Grupo conforme a DIAO Fases da Gestão do Risco de Desastre
A – Ações de Defesa Social Prevenção, Resposta e Reabilitação
O – Referente a Explosão e Incêndio Resposta
P – Referente a Prevenção Prevenção
Q – Referente Demonstração, Palestra e Prevenção e Preparação
Treinamento
R – Referente às Atividades de Defesa Civil Prevenção, Mitigação, Preparação,
Resposta e Reabilitação
S – Referente a Busca e Salvamento Resposta
U – Comunicações, Denúncias, Reclamações e Reabilitação
Solicitações Diversas
V – Referentes a Atendimento Pré-hospitalar Resposta
W – Rotinas Administrativas Prevenção
Y – Operações de Defesa Social Prevenção, Preparação, Mitigação e
Resposta
Fonte: Bessa (2013, p.19) adaptado e atualizado pelo autor, segundo CINDS (2016)
65

Segundo Bessa (2013), essa associação foi feita pela afinidade das descrições das
ocorrências na DIAO com os preceitos da Redução do Risco de Desastre. Pode-se
dizer que devido a falta de analogia, com os termos de proteção e defesa civil, fica
transparecida, com maior relevância, atuação do CBMMG na resposta e na
prevenção contra incêndio e pânico.

Ainda nesse aspecto, do que tange os eventos adversos ocorridos durante o período
de 'normalidade', Dos Santos (2009), conteudista do Curso Bombeiro Educador,
fornecido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, traz o conceito de
ocorrência evitável:

Uma ocorrência evitável é todo aquele fato não desejado, mas previsível,
em sua maioria, e que sua causa se dá em razão de alguma conduta
humana inadequada, quer seja, de omissão, inapropriada ou insegura e que
se fazem presentes nas estatísticas e no dia a dia operacional de todos os
Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, sendo essas as principais
naturezas:
• afogamentos;
• acidentes e Incêndios domésticos;
• acidentes envolvendo crianças;
• acidentes de Trânsito;
• acidentes envolvendo animais peçonhentos;
• incêndios e acidentes envolvendo balões e fogos de artifício;
• ocorrências envolvendo elevadores;
• enchentes; e
• ocorrências envolvendo gás de cozinha – Gás Liquefeito de Petróleo
(GLP) –, entre outras.

Verifica-se que a classificação desse autor tem consonância com a realidade do


CBMMG, pois segundo a Instrução Técnica Operacional nº 25: "ocorrência é todo
fato que, de qualquer forma, afete ou possa afetar a ordem pública, exigindo a
intervenção de Bombeiros Militar por meio de ações e/ou operações,
compreendendo ocorrências típicas e ocorrências bombeiros atípicas" (CBMMG,
2014, p.7).

Nessa perspectiva, Dos Santos (2009) classifica as ocorrências evitáveis em três


categorias:

a) Recorrentes – ano a ano, são presentes e mesmo com pequenas


oscilações na sua quantidade, numericamente são significativas, além de
principalmente causar mortes, lesões e perda de patrimônio. Em alguns
casos, a sua incidência regular se dá também, por ausência de norma ou
regulamentação que proteja o cidadão.
Exemplos: ocorrências envolvendo GLP, acidentes domésticos e incêndios
residenciais.
b) Sazonais – aquelas em que a incidência ressalta-se em determinada
época do ano. Também causam mortes, lesões e perda de patrimônio.
66

Exemplos: Balões e incêndios em vegetação (junho a agosto),


afogamentos nas praias (predominantemente no verão).
c) Evolutivas – aquelas que por alguma razão (fator socioeconômico,
natural, social, etc.) os apontadores estatísticos registram um aumento
significativo ano a ano ou um aumento repentino ou desproporcional em
curto espaço de tempo, despertando a atenção da Corporação. Também
causam mortes, lesões e perda de patrimônio.
Exemplos: acidentes de trânsito envolvendo motocicletas nas grandes
cidades do Brasil. (DOS SANTOS, 2009)

Ainda sobre a classificação abordada por Dos Santo (2009) com relação ao aspecto
dado as ocorrências evolutivas depreende-se uma proximidade com uma das
classificações dos desastres pontuados por Santos e Câmara (2002), no qual os
autores categorizam uma forma de desastre pela somação de efeitos parciais.

4.4 Gastos com acidentes e desastres

Tanto o atendimento de ocorrências relativas a acidentes ou eventos adversos


menores, quanto as ações de resposta e reconstrução pós-desastres geram custos.
Todavia, esses custos não são contabilizados de maneira ampla, apenas alguns
setores faz alguma quantificação desses efeitos. Nesse sentido, tem-se o exemplo
dos acidentes automobilísticos, segundos dados do portal do Ministério da Saúde
(2015):

Em 2013, no Brasil, foram registrados mais de 42 mil óbitos por ATT


[acidentes de transportes terrestres], segundo o Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM). Em sua maioria as vítimas são os homens, jovens
e adultos jovens. Em relação às internações hospitalares por acidentes de
trânsito, quase 170 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS), com
gasto de aproximadamente R$ 230 milhões. Um aumento de quase 50% em
relação ao valor gasto em 2008, R$ 117.683.116,48.
Toda a sociedade e, em particular, os sistemas de saúde arcam com
custos elevadíssimos das mortes e incapacidades físicas decorrentes
desses acidentes, o que impacta diretamente no Produto Interno Bruto
(PIB). A OMS [Organização Mundial da Saúde] estima que no mundo todo
as perdas anuais devido aos ATT ultrapassem US$ 500 bilhões. No Brasil, o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estima que os custos
totais dos acidentes sejam de R$ 28 a 30 bilhões de reais ao ano.

Com relação a afogamentos, outro ponto quantificado por entidade específica, nesse
caso a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) tem-se que por
ano 6.030 pessoas são vítimas dessa causa de óbito, sendo que o custo por óbito
chega a 210.000 reias. (SZPILMAN, 2015)
67

Outro organismo é o Centre for Research on the Epidemiology of Disasters18


(CRED) que disponibiliza uma ferramenta de pesquisa em uma base de dados
mundial sobre desastres, o qual foi possível obter dados referentes aos desastres
naturais e tecnológicos ocorridos no Brasil de 2010 a 2016, contidos na tabela a
seguir:

Tabela 6 – Números relativos aos desastres ocorridos no Brasil de 2010 a 2016


Ano Números Total de Feridos Total de Perda total em
de mortes pessoas Dolares
Ocorrências afetadas
2010 8 430 426 306.967 802.000
2011 13 1.072 13 2.157.766 1.000.000
2012 8 92 29 4.299.029 1.631.000
2013 8 383 308 261.415 636.500
2014 10 83 100 27.620.813 5.200.000
2015 9 122 221 298.731 Não informado
48 1.752 671 34.637.754 8.467.500
Fonte: http://www.emdat.be/

Buscando atribuir mais valores aos acontecimentos danosos tem-se alguns dados
compilados por meio do DataSUS nas tabelas a seguir:

Tabela 7 – Número de óbitos por causas externas em Minas Gerais entre os anos
2000 – 2013
Capítulo CID-10: XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
Mortalidade - Minas Gerais Período:2000-2013
19 Óbitos por
Causa - CID -BR-10
Ocorrência
104-113 CAUSAS EXTERNAS DE MORBIDADE E MORTALIDADE 166.318
104 Acidentes de transporte 53.121
105 Quedas 11.240
106 Afogamento e submersões acidentais 7.191
107 Exposições à fumaça, ao fogo e às chamas 1.279
108 Envenenamentos, intoxicação por ou exposição a substâncias nocivas 356
109 Lesões autoprovocadas voluntariamente 14.001
110 Agressões 52.576
111 Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada 15.115
113 Todas as outras causas externas 11.439
Total 166.318
Fonte: Ministério da Saúde – DATASUS (2016)

18
Centro de Investigação sobre a Epidemiologia dos Desastres
19
Classificação Internacional de Doenças
68

Tabela 8 - Custo total em reais das internações por causas externas em Minas
Gerais entre Janeiro de 2008 e Março de 2016
Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação
Minas Gerais Período: Jan/2008-Mar/2016
Custo Total em
Grandes Grupos de Causa
Reais
V01-V99 Acidentes de transporte 253.044.674,27
W00-X59 Outras causas externas de lesões acidentes 600.093.820,64
X60-X84 Lesões autoprovocadas voluntariamente 14.174.708,29
X85-Y09 Agressões 83.244.607,74
Y10-Y34 Eventos cuja intenção é indeterminada 31.404.176,11
Y85-Y89 Sequelas de causas externas 30.969.323,24
Y90-Y98 Fatores suplementares relacionados a outras causas 7.155.723,11
S-T Causas externas não classificadas 34.977.812,38
Total 1.055.064.845,78
Fonte: Ministério da Saúde – DATASUS (2016)

Destaca-se que, somente, no período de janeiro a março de 2016 o custo total das
internações, em Minas Gerais, relativos a causas externas foi de R$ 38.519.309,41
(DATASUS, 2016)

Diante desses dados, mesmo que todos não correlacionados a acidentes e


desastres diretamente, pode-se inferir que pelos danos e prejuízos causados eles
requerem uma atenção dos órgãos públicos envolvidos, incluindo o CBMMG.
Depreende-se, também, que o somatório de acidentes ou eventos adversos isolados
possui representatividade equivalente a um desastre, como no exemplo do
afogamento.

4.5 Reflexão sobre o Novo Paradigma de Proteção e Defesa Civil e as


ocorrências atendidas pelo CBMMG

Conforme a reflexão sobre os gastos de acidente e desastres, frente às ocorrências


atendidas pelo CBMMG, infere-se que a atuação na gestão do risco de desastre
deva ser de forma holística, caracterizada por uma abordagem genérica do risco, na
medida em que com a redução de ocorrências, tem-se a consequente diminuição na
perda de vidas e bens, e a consequente redução de gastos públicos, pois segundo o
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PDNU), em sua campanha
internacional Act Now – Safe Later20 tem-se a seguinte relação que para dólar

20
Campanha em divulgação no site do PDNU <http://www.undp.org/content/undp/en/home/ourwork/
get_involved/ActNow/>
69

investido em preparação/prevenção de desastres poupa-se 7 dólares na


resposta/recuperação.

Outro ponto a se ressaltar é que as ocorrências atendidas pelo CBMMG variam de


acordo com a área de sua atuação e com as características sociais e geográficas de
onde a unidade operacional está lotada.

Nesse panorama, antes de iniciar um trabalho de gestão do risco, devem-se verificar


quais são as ocorrências recorrentes, sazonais e evolutivas (ou desastres por
somação de efeitos) da região. Além disso, no tocante à redução do risco de
desastre, devem-se verificar as ameaças/perigos, que podem causar danos e
prejuízos elevados, buscando atuar nas vulnerabilidades dessa região, tanto
estrutural quanto social, dentro da esfera de competência do CBMMG. Com essa
análise, evoca-se a prevenção, preparação e mitigação a todo e qualquer risco
identificável, por meio de uma atuação conjunta do CBMMG com as Coordenadorias
de Proteção e Defesa Civil da União, do Estado e dos Municípios.

5 ASPECTOS EDUCACIONAIS

Neste capítulo será conceituado o termo educação, fazendo uma alocação das
ações educativas desempenhadas pelo CBMMG dentro do contexto da educação
pública nacional, sem deixar de vincular sua competência relativa às ações de
proteção e defesa civil. Além disso, serão trabalhados alguns conceitos básicos
sobre o desenvolvimento cognitivo da criança e o processo de aprendizagem.
Fechando o capítulo, será feita uma descrição do ensino no CBMMG e a explicação
de sua capacidade técnica para trabalhar no seio da educação, no que tange às
suas competências.

5.1 Educação

Neste tópico busca-se, inicialmente, dispor alguns conceitos básicos sobre


educação e ligá-los à legislação brasileira, furtando-se de descrever a evolução
desse processo tanto na história quanto no âmbito jurídico.

Segundo Ferreira (1999), as concepções do verbo educar são relativas ao processo


de promover a educação; transmitir conhecimentos a; instruir. Por sua vez, o
conceito de educação, dado pelo mesmo autor, é descrito como: Ato ou efeito de
70

educar; processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da


criança e do ser humano em geral, visando sua melhor integração individual e social.
Ao comparar os dois verbetes, percebe-se que o termo educação engloba as
consequências, os objetivos e alguns objetos, sendo este verbete mais adequado
para se buscar o entendimento do processo de educar.

Para Libâneo (1994, p. 16, grifo nosso), a educação está atrelada ao


desenvolvimento social, como pode ser depreendido do excerto abaixo:

A educação – ou seja, a prática educativa – é um fenômeno social e


universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e
funcionamento de todas as sociedades. [...] Não há sociedade sem prática
educativa nem prática educativa sem sociedade. A prática educativa não é
apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de
prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os
tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de
necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade [cabe
acrescentar que a segurança da população afeta as três esferas abordadas
pelo autor, sendo ela uma necessidade social].

Nas normas brasileiras, a educação é descrita pelo artigo primeiro da Lei nº 9.394,
que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) da seguinte
maneira:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem


na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996)

Aranha (1996, p.21, apud TAVARES, 2009, p.53, grifo nosso) complementa e
expande toda conceituação anterior, dizendo que educação é um "conceito genérico,
mais amplo que supõe o processo de desenvolvimento integral do homem [...]
visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter e da
personalidade social".

Diante destas conceituações básicas relativas à educação, torna-se importante


destacar os responsáveis legais pela execução desse processo. Segundo a LDB/96,
tem-se que:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios


de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996)
71

Deste artigo, podem-se inferir diversas informações. Seguindo a ordem em que são
dispostos 'os agentes', a família deve ser a primeira responsável pela educação, no
que tange ao seio familiar e ao apoio às instituições de ensino. Depois, vem a
contrapartida do Estado, provendo uma Educação Pública de qualidade, usando
ferramentas financeiras, tecnológicas e humanas, para se atingir esse fim. Por outro
lado, há a interpretação holística do processo, na qual não há uma ordem de ação,
mas sim uma atuação conjunta e concorrente, pois desde o nascimento de um novo
ser humano sua inserção no Estado é positivada com o registro de nascimento. A
partir disso, já faz jus aos diretos e deveres imperados nesse Estado e, ao mesmo
tempo, atuação familiar é constante da geração à emancipação.

Focando na atuação do Estado, em uma acepção tripartite - união, estado e


município -, além do dever dos setores de educação desses entes, todas as
instituições que decorrem deles se vinculam direta ou indiretamente ao processo de
educar. Libâneo (1994, p 17, grifo nosso) reforça esse entendimento, quando diz:

Em sentido amplo, a educação compreende os processos formativos que


ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo
necessário e inevitável pelo simples fato de existirem socialmente; neste
sentido, a prática educativa existe numa grande variedade de
instituições e atividades sociais decorrentes da organização
econômica, política e legal de uma sociedade, da religião, dos
costumes, das formas de convivência humanda. Em sentido estrito, a
educação ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com
finalidades explícitas de instrução e ensino mediante uma ação consciente,
deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles processos
formativos gerais.

Neste entendimento, têm-se os exemplos dos órgãos ligados à saúde, que fazem
campanhas educativas visando à promoção da saúde pública, além dos órgãos
ligados ao judiciário, que desenvolvem atividades para promover a difusão do
conhecimento normativo brasileiro, e muitos outros setores e órgãos do Estado, que
participam de alguma forma na educação da população em geral. Cabe destacar
que os conceitos de Libâneo são mais abrangentes, porém os exemplos tratados se
conectam ao processo de educação global do ser, baseando-se no artigo segundo
da LDB/96, já citado.

Após essa analogia, retomando os conceitos tratados nos tópicos sobre Proteção e
Defesa Civil e sua vinculação às práticas educativas, para atrelá-los às
interpretações dadas acima, pode-se inferir que mais um preceito legal vincula a
72

participação do CBMMG no processo de educação, além do disposto na Lei


12.608/1221, pois essa instituição tem características atreladas ao sentido amplo da
educação dado por Libâneo, que se correlacionam e advém do termo 'Estado' dado
pelo artigo segundo da LDB/96.

Nesse raciocínio, voltam-se os olhos ao CBMMG: como essa instituição participa da


educação para a população? Ao observar que a LDB/96 é anterior à Lei
12.608/2012, torna-se recente a obrigatoriedade da inserção dos princípios da
proteção e defesa civil nos currículos dos ensinos fundamental e médio em relação
à existência da LDB/96 e do CBMMG. Sabendo que os assuntos referentes à
Defesa Civil são inerentes às competências do CBMMG e atrelando ao contexto
normativo atual, deduz-se que essa instituição tenha agora um direcionamento,
para a sua atuação como agente educador do Estado, pois, antes dessa lei, a
atuação do CBMMG foi espontânea e diversificada, com palestras, cursos de
primeiros socorros, prevenção a incêndio, entre outras atividades mais estruturadas,
que serão trabalhadas mais adiante. Porém, ao se colocar a Proteção e Defesa Civil
como 'norte', não se fala da supressão dessas características abrangentes da
corporação, mas tem o objetivo de ressaltar o rumo que a instituição deverá seguir
nos próximos anos.

5.2 Níveis Educacionais no Brasil

Segundo a LDB/96, a educação escolar é composta de educação básica, formada


pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, e educação superior
(BRASIL, 1996). O portal do Ministério da Educação (MEC), baseando-se na
LDB/96, descreve que:

A educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental


e o ensino médio, e tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores, contribuindo para a redução das desigualdades sociais. Para
tanto, é fundamental que se considere os princípios da equidade e da
valorização da diversidade, os direitos humanos, a gestão democrática do
ensino público, a garantia de padrão de qualidade, a acessibilidade, a
igualdade de condições para o acesso e permanência do educando na
escola. (MEC, 2014, grifo nosso)

21
Ver tópico 3.3.3 Proteção e Defesa Civil e a Educação.
73

A LDB/96 complementa versando que:

Art. 9º A União incumbir-se-á de:


IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância
com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e
coordenando as suas ações e as dos seus Municípios;
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.

Já educação superior é a continuidade das etapas da educação básica, visando à


produção científica e a especialização técnica. Esse raciocínio é embasado no
seguinte artigo da LDB/96:

Art. 43. A educação superior tem por finalidade:


I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio
em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber
através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional
e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos
que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação
básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização
de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
que aproximem os dois níveis escolares.
74

Pela descrição do MEC e dos artigos da LDB/96 trabalhados anteriormente,


percebe-se que a educação básica é a porta inicial para o desenvolvimento do ser
humano. É nela que são inseridos os primeiros valores, os primeiros preceitos éticos
e morais, além do conteúdo pragmático previsto nos currículos mínimos
padronizados pela União. O art. 27 da LDB/96 reforça essa interpretação com o
seguinte dizer:

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda,


as seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

Portanto, é interessante que o foco principal das ações educacionais do CBMMG


esteja lotado na faixa etária respectiva à educação básica. Com relação a isso, a
LDB/96 implica que:

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado


mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos de idade [...]. (BRASIL, 1996).

O MEC (2014) complementa essa informação e traz algumas alterações com os


seguintes dizeres:

A universalização da educação básica constitui uma das diretrizes do Plano


Nacional de Educação 2011-2020, consubstanciado no Projeto de Lei nº
8.035/2010, em tramitação no Congresso Nacional. Nesse sentido, nos
últimos anos, duas mudanças importantes foram introduzidas na educação
básica: a matrícula obrigatória no ensino fundamental a partir de 6 anos
completos, ampliando a duração do ensino fundamental para 9 anos;[...]
O levantamento nacional de dados educacionais realizado pelo Censo
Escolar 2012 apurou que em mais de 192 mil estabelecimentos de
educação básica do País, estão matriculados mais de 50 milhões de alunos,
sendo 83,5% em escolas públicas e 16,5% em escolas privadas.
Considerando a multiplicidade que este universo representa é importante
implementar políticas diferenciadas para cada etapa e modalidade da
educação básica, considerando as especificidades das diferentes regiões e
públicos. (MEC, 2014).

Com delimitação das idades para o ensino básico pela LDB/96, faz-se necessário
referenciar a classificação do Estatuto da Criança e dos Adolescentes (ECA),
definido pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, artigo segundo, segundo o qual
"considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade." (BRASIL,
75

1990). A partir desses conceitos, serão tratados alguns aspectos sobre a fase do
desenvolvimento da criança e do processo de aprendizagem.

5.3 Desenvolvimento Cognitivo e a Aprendizagem da Criança

Diante do contexto amplo da psicopedagogia, não se pretende aprofundar na


descrição da temática relativa ao desenvolvimento da criança, trazendo apenas
alguns aspectos classificatórios da teoria cognitiva iniciada por Jean Piaget, desde o
nascimento até a pré-adolescência.

Segundo Gallo e Alencar (2012), o foco da abordagem da teoria cognitiva é a


interação do ambiente e o desenvolvimento cognitivo do ser humano, de tal forma
que não se prioriza nem o biológico nem o ambiente, sendo o suíço Jean Piaget
(1896-1980) uma das figuras mais importantes, por sua preocupação em entender
como uma criança se tornaria um adulto a partir do ponto de vista cognitivo.

Para tanto, Gallo e Alencar (2012) interpretam que, para Piaget, existe um meio
externo que regula e corrige o desenvolvimento do conhecimento adaptativo. Sendo
assim, a função do conhecimento é produzir estruturas lógicas que permitam ao
sujeito atuar no mundo de formas cada vez mais complexas e flexíveis.

Nesse lógica, tem-se na tabela, a seguir, um resumo dos estágios do


desenvolvimento cognitivo na infância:

Tabela 9: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget


Idade
Estágio Capacidades
Aproximada
Conhecimento do mundo baseado nos sentidos e
Sensório-motor 0 a 2 anos habilidades motoras. No final do período, emprega
representações mentais.
Uso de símbolos, palavras, números para representar
Pensamento Pré- aspectos do mundo. Relaciona-se apenas por meio de sua
2 a 7 anos
operatório perspectiva individual. O mundo é fruto da percepção
imediata.
Pensamento Aplicações de operações lógicas a experiências no aqui
Operatório- 7 a 11 anos agora. Início da verificação das operações mentais,
concreto revertendo-se e atendendo a mais de um aspecto.
Pensamento Pensamento abstrato, especulação sobre situações
Adolescência
Operatório- hipotéticas, raciocínio dedutivo. Planejamento, imaginação.
em diante
Formal
Fonte: (ALVAREZ; LEMOS, 2006)
76

Ressalta-se que esses estágios são representativos e não ensejam comparação,


quanto ao grau de desenvolvimento de uma criança, sem um estudo profundo por
um profissional da área. Em resumo, serve apenas de orientação pedagógica para
um tratamento generalista de um programa de ensino ou ação educativa.

Segundo Gallo e Alencar (2012), isso se dá pois quando uma criança não apresenta
um desenvolvimento condizente com o estágio de sua idade, ela pode estar com
algum problema de desenvolvimento, porém isso pode não ser uma realidade,
implicando inferências superficiais que podem causar estigmas classificatórios e
prejudiciais à criança.

Ainda sobre o período relativo à infância, Dewey (1959b), citado por Nogueira Jr.
(2009, p. 107), destaca esse período como sendo mais longo nos seres humanos,
diferindo de outros mamíferos e primatas, no tocante ao tempo de se tornarem
independentes.

De acordo com Dewey (1959b), citado por Noguera Jr. (2009, ver pág.), isso se dá
"porque não possuímos aptidões físicas que possam solucionar problemas urgentes
nos primeiros anos de nascimento. Com isso, a espécie humana tem fatores
compensatórios que garantem a sobrevivência da criança, a aptidão sociocultural.".
Pode-se correlacionar esse pensamento com os três primeiros estágios descritos por
Piaget, que compreendem um período de maior dependência.

A partir dos estágios propostos por Piaget e a análise de Dewey, entende-se que há
uma relação direta entre esse período e o aprendizado, como pode ser analisado no
trecho abaixo:

no caso dos seres humanos, a infância mais longa do que a de qualquer


outra espécie está diretamente relacionada com a demanda de
aprendizado. É de suma importância aprender, experimentar e articular
com base nas experiências, as ações que devem ser preferidas com
utilidade de sobrevivência, harmonia com o meio e satisfação individual. [...]
devido ao conjunto complexo de demandas e ao caráter sociocultural do
meio ambiente, precisamos aprender continuamente e desde muito cedo
num processo refinado e elaborado. [...] a educação é um modo de
reorganização da experiência em vista de desafios. Dewey (1959b, apud
Noguera Jr. 2009, ver pág, 108, grifo nosso)

Diante desse contexto, tem-se que o conceito de aprendizagem está ligado à forma
como o conhecimento é construído, trabalhado, transmitido e apreendido. Segundo
77

Libâneo (1994, p.81), "a construção do processo de ensino requer uma


compreensão clara e segura do processo de aprendizagem: em que consiste, como
as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que o influenciam.".

Nessa sequência, são trazidas duas características trabalhadas por Piletti (2001 p.
32): a primeira diz que só há aprendizagem quando há mudança de comportamento.
O autor explica que quando se repetem as ações já realizadas anteriormente, não
há aprendizado.

A segunda característica não exclui a primeira, mas a complementa, dizendo que a


mudança comportamental advém da experiência, ou seja, a experiência gera
aprendizagem. Nesse sentido, Piletti (2001, p. 33) afirma que "quase todos os
comportamentos são aprendidos, mas não todos. Há comportamentos que resultam
da maturação ou crescimento do organismo e, portanto, não constituem
aprendizagem: respiração, digestão, salivação.".

Ampliando as características citadas no parágrafo anterior, Libâneo (1994, p. 82)


diferencia a aprendizagem casual da aprendizagem organizada:

A aprendizagem casual é quase sempre espontânea, surge naturalmente da


interação entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. Ou pelo
contato com os meios de comunicação, leituras, conversas etc; as pessoas
vão acumulando experiências, adquirindo conhecimentos, formando
atitudes e convicções.
A aprendizagem organizada é aquela que tem por finalidade específica
aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivência
social. Embora isso possa ocorrer em vários lugares, é na escola que são
organizadas as condições específicas para a transmissão e assimilação de
conhecimentos e habilidades. Esta organização intencional, planejada e
sistemática das finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa
específica do ensino.

Partindo dessas duas possibilidades de aprendizagem, tem-se que a realização do


processo de aprendizagem depende de três elementos principais:

1º) Situação estimuladora: soma de fatores que estimulam os órgãos dos


sentidos da pessoa que aprende. Se houver um fator, este recebe o nome
do estímulo.
2º) Pessoa que aprende: individuo atingido pela situação estimuladora.
Para aprendizagem, são importantes os órgãos dos sentidos, afetados pela
situação estimuladora; o sistema nervoso central, que interpreta a situação
estimuladora e ordena a ação; e os músculos, que executam a ação.
3º) Resposta: ação que resulta da estimulação e da atividade nervosa.
Ouvindo seu nome, a pessoa responde: o que foi? Diante da ordem, a
pessoa obedece e senta-se. Na falta de luz, o individuo acende um fósforo.
Nesses casos temos comportamentos aprendidos anteriormente. A
aprendizagem ocorre quando a pessoa começa a responder ao ouvir seu
78

nome e a sentar-se quando recebe ordem nesse sentido e a acender um


fósforo quando falta luz. Uma vez aprendidos esses comportamentos
também chamados respostas, são repetidos sempre que ocorre a situação
estimuladora. A não ser que o individuo não tenha aprendido a não
responder quando certas pessoas o chamavam pelo nome e a não
obedecer quando certas pessoas o mandavam sentar. (PILETTI, 2001, p.
34).

Atrelando o conceito de aprendizagem organizada com o processo descrito por


Piletti (2001), infere-se que através de mecanismos estruturados, podem-se obter
respostas desejáveis. Para isso, reforça a importância da atuação do CBMMG e
outros órgãos em promover ações estruturadas, com vistas a reproduzir socialmente
respostas adequadas frente a situações de ameaça, emergência e até mesmo
desastres.

5.4 Ensino no CBMMG

Na atualidade, o ensino no CBMMG está sob a gerência da Academia de Bombeiros


Militar (ABM), sendo ela uma unidade de Direção Intermediária, após fundir-se e
absorver as funções da Divisão de Ensino (CBMMG, 2015c).

A caracterização do ensino no âmbito institucional foi determinada pela Resolução


602, de 25 de março de 2015, que aprova as Diretrizes de Ensino Profissional do
Corpo de Bombeiros Militar (DEPCBM), e dá outras providências. Dessa forma, tem-
se que:

Compreende-se como ensino no Corpo de Bombeiros Militar de Minas


Gerais (CBMMG), a educação profissional nos níveis previstos na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, bem como de seus objetivos, aliado às
necessidades da corporação, dentro do contexto da segurança pública e
suas missões constitucionais. (CBMMG, 2015b)

Nela são ministrados presencialmente os seguintes cursos: Curso de Formação de


Oficias (CFO), Curso de Habilitação de Oficiais (CHO), Curso de Formação de
Sargentos (CFS), Curso de Formação de Soldados (CFSd), Curso de Especialização
em Gestão e Defesa Civil (CEGDEC), Curso de Gestão Estratégia e Políticas
Públicas (CGEPP), esses dois últimos a título de especialização lato sensu,
desenvolvidos através de parcerias com instituições de ensino superior externa à
ABM.

Além desses, são geridos e organizados o Curso Especial de Formação de


Sargentos (CEFS), o Curso de Formação de Cabos (CFC), o Curso de
79

Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), por intermédio de plataforma de ensino à


distância (EaD), e o Estágio Preparatório de Oficiais de Saúde (EPOSau) presencial.

Cada um dos cursos citados anteriormente tem grade curricular própria e duração
específica definidas em resolução emanadas pela própria instituição (CBMMG,
2015b). Ressalta-se que, dos cursos realizados no âmbito da ABM, somente o CFO
foi autorizado e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação, sendo o CHO
somente autorizado. Os demais cursos são denominados cursos livres.
Independente dessa análise tem-se que o ensino no CBMMG baseia-se nos
seguintes princípios:

I - integração à educação nacional;


II - seleção por mérito, interesse institucional e mandamento legal;
III - profissionalização continuada e progressiva;
IV - avaliação integral, contínua e cumulativa;
V - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
VI - edificação constante dos padrões morais, deontológicos, culturais e de
eficiência;
VII - desenvolvimento de competências para a laborabilidade. (CBMMG,
2015b)

5.4.1Malha Curricular dos Cursos de Formação

A malha curricular ou currículo de algum curso de formação do CBMMG é definida


em resolução, tendo sua carga horária definida conforme cada curso. As disciplinas
são variadas dentro da especificidade de cada curso.

De acordo com o CBMMG (2015b), currículo é:

Art. 42 Currículo é a soma das atividades de aprendizagem e experiências


vivenciadas pelo aluno sob a direção da escola.
§1º O currículo reflete a concepção do profissional que se quer formar, a
organização do trabalho da escola, a postura dos educadores, a
organização dos conteúdos e metodologias adotadas.
§2º Na organização do currículo serão considerados os conhecimentos,
habilidades e valores básicos para a realização das competências
requeridas no exercício do cargo e da função militar (CBMMG, 2015b).

Ao se fazer uma análise de algumas malhas curriculares de cursos de formação


disponibilizados pelo CBMMG, percebeu-se uma semelhança relevante sobre a
capacitação profissional relativa a prática educativa. Dentro dessa análise,
destacam-se as malhas curriculares do CFO e do CFS, pois ambos os cursos
contém a disciplina de didática, com a seguinte ementa:
80

Oratória:- Comunicação verbal e não verbal; - Elementos da Comunicação;-


Técnicas para falar em Público. Educador: Habilidades; Atividades físicas;
Linguagem; Condução do grupo. Ensino de Adultos:
Pedagogia/Andragogia/Heutagogia; Características do aluno adulto; - O
Processo de aprendizagem Níveis de Aprendizagem. Inteligências Múltiplas.
Técnicas de Ensino. Técnicas Instrucionais: Expositiva; Demonstrativa;
Trabalho em grupo Vivencial. Recursos Didáticos. Planejamento de Ensino:
Objetivos; Ementas; Conteúdo; Recursos Bibliografia; Avaliação dos
Resultados; Análise dos objetivos, Avaliação: Técnicas de Formulação de
Avaliação; Qualidade de uma prova; - Elaboração de uma prova, Tipos de
questões. Provas objetivas, discursiva e oral; - Aplicação e Julgamento da
Prova. (CBMMG, 2016a) e (CBMMG, 2016b)

O ensino dessa disciplina pode embasar a capacidade dos militares formados no


CFO e CFS, para atuarem como instrutores e difusores do conhecimento, através de
treinamentos programados, palestras, campanhas educativas ou programas
educacionais regulares. É certo que somente essa matéria não justificaria tal
afirmativa, porém o somatório de todas as disciplinas e da experiência laboral dos
dois cursos forma o alicerce para essa atuação.

Outra análise é que o CHO também se enquadraria na mesma situação, apesar


desse curso não ter a disciplina de didática em sua malha curricular, pois o pré-
requisito para o ingresso nesse curso é que o militar esteja pelo menos no posto de
Segundo Sargento e com quinze anos ou mais de serviço.

Além da matéria de didática, o CFO possui em sua grade a disciplina chamada de


Planejamento e Coordenação de Defesa Civil, com 60 tempos e a seguinte ementa:

Novo paradigma da proteção e defesa civil. a estratégia internacional de


redução de riscos de desastres (UN/ISDR). Campanha construindo cidades
resilientes da ONU. Política nacional de proteção e defesa civil (PNPDEC) e
sistema nacional de proteção e defesa civil (SINPDEC). Conceituação
básica em proteção e defesa civil e instrução normativa 01/2012 do
ministério da integração nacional. Instalação e funcionamento do órgão
municipal de proteção e defesa civil (Compdec). Criação de núcleos
comunitários de proteção e defesa civil (NUPDEC). Noções de mapeamento
de áreas de risco. Planos de contingência em proteção e defesa civil
(planos de resiliência). Sistemas de monitoramento, alerta e alarme.
Sistema integrado de informações sobre desastres (s2id). Aspectos gerais
da administração de abrigos temporários. Programa orçamentário estadual
“minas mais resiliente” (PPAG 2016-2019). Transferências de recursos em
proteção e defesa civil. Visitas técnicas aos órgãos de referência do
SINPDEC. (CBMMG, 2016)

Já o curso CHO possui uma disciplina semelhante com nome de Gestão,


Planejamento e Coordenação de Defesa Civil, porém com 30 tempos. E o CFS com
o nome de Proteção e Defesa Civil, também com 30 tempos.
81

Pode-se inferir que apesar das diferentes denominações essas disciplinas possuem
o mesmo enfoque. Pode-se dizer que os militares formados nesses cursos possuem
certa capacitação em matéria de proteção e defesa civil, sendo capazes de serem
multiplicadores desse conhecimento.

Outros conteúdos pragmáticos podem ser destacados, tais como as disciplinas de


atendimento pré-hospitalar e libras, sendo esta presente apenas no CHO e CFS.

Com relação aos militares somente com o CFSd, segundo CBMMG (2012), esses
possuem carga horária de atendimento pré-hospitalar igual aos outros cursos,
todavia as outras matérias práticas profissionais, tem carga horária inferior. Com
isso, depreende-se que esses militares atuem sob coordenação ou em conjunto com
sargentos ou oficiais, em função de difusores de conhecimentos, em palestras e
instruções.

Diante do exposto, corroborando a análise da importância da capacidade dos


militares em atuar em ações educativas, tem o seguinte texto legal, no qual se
destaca o inciso VIII:

Art. 5º O Sistema de Ensino do CBMMG objetiva:


I - a proteção da vida e do patrimônio, da integridade física e da dignidade
humana;
II - a integração permanente com a comunidade;
III - as estruturas e convicções democráticas, especialmente a crença na
justiça, na ordem e no cumprimento da lei;
IV - o fomento à pesquisa científica, tecnológica e humanística;
V - a assimilação e prática dos direitos, dos valores morais e deveres éticos;
VI - a democratização do ensino;
VII - a estimulação do pensamento reflexivo, articulado, proativo e crítico;
VIII - a disseminação de conhecimentos de prevenção a acidentes e
sinistros;
IX - a internalização dos princípios fundamentais da Instituição Bombeiro
Militar. (CBMMG, 2015b. grifo nosso)

Pelo contexto apenas descritivo das análises feitas, não se pode afirmar que os
conteúdos dos cursos de formação sejam suficientes para suprir à necessidade de
capacitação nesse aspecto. Por isso, além dos conteúdos dos cursos de formação,
outras formas de preparação poderiam ser exigidas do militar que fosse executar
papéis ligados ao processo educativo, como o curso fornecido pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP), por meio de plataforma EAD, chamado
de Bombeiro Educador, que tem carga horária de 60 horas e a seguinte ementa:
82

O conteúdo deste curso foi elaborado com base no Caderno Guia do


Bombeiro Educador, hoje, já empregado no Estado de São Paulo e em
como contexto principal a atividade de educação pública nos serviços de
bombeiros. Este curso criará condições para que você possa, frente às
demandas de ações educacionais do dia-a-dia de sua corporação, planejar
e atuar atividades educativas, tais como, visitas, palestras e apresentações
para o público externo, bem como, trabalhar os temas de prevenção de
forma estruturada e padronizada, estabelecendo rotinas e processos para
as atividades educacionais. (BRASIL, 2014).

Pode se observar, pela apresentação do conteúdo do curso Bombeiro Educador,


que ele é direcionado para atuação do bombeiro como um educador ligado à
atividade de prevenção, diferentemente, do enfoque amplo da disciplina de didática.
Outro aspecto depreendido é que a aplicação desse curso como forma de
capacitação do público interno do CBMMG se enquadraria na estratégia 1 do
objetivo 5 do Plano de Comando 2015 – 2026.22

6 METODOLOGIA

A metodologia representa a maneira como o pesquisador chegou à resposta do


problema proposto. Segundo Marconi e Lakatos (2010), o método é constituído pelo
conjunto de atividades sistemáticas e racionais que visam alcançar os objetivos de
uma pesquisa de maneira mais segura e econômica, sendo nele traçada a rota a ser
seguida, detectando erros e auxiliando nas decisões do pesquisador.

Nessa ótica, este capítulo visa descrever os caminhos percorridos e os métodos


usados para cumprir os objetivos pretendidos. Esta pesquisa passou por várias
fases até atingir o produto atual, sendo as seguintes fases principais: pesquisa
bibliográfica inicial e ampla, classificada como indireta, e pesquisa documental
direta, que perpassou por aspectos quantitativos, qualitativos e descritivos.

6.1 Método de abordagem

Diante dos objetivos propostos, firmou-se a princípio um aspecto descritivo


buscando demonstrar e descrever algumas perspectivas teóricas. Após essa etapa,
em cada capítulo, ao qual havia inicialmente uma generalização do assunto, buscou-
se inferir uma relação particular pertinente ao tema de maneira dirigida à atuação do
CBMMG. Segundo Marconi e Lakatos (2010), ao se partir de teorias e leis amplas,

22
Ver tabela 2 p. 33
83

na maioria das vezes, prediz-se a ocorrência dos fenômenos particulares,


caracterizando um caráter dedutivo.

Fechando o raciocínio, impeliu-se uma prática dialética, a qual não encerra o


assunto, forçando o dialogo entre cada tópico tratado. Esse aspecto é trabalhado por
Politzer (1979), citado por Marconi e Lakatos (2010), o qual diz que o método
dialético considera que nenhum fenômeno pode ser compreendido, quando
encarado isoladamente, fora dos fenômenos circundantes, sendo esses capazes de
condicioná-los e, por isso, deve-se considerá-los a fim de caracterizar o fenômeno
estudado de maneira real.

6.2 Pesquisa bibliográfica

Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 166), "a pesquisa bibliográfica não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de
um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.".

Para esta monografia, a pesquisa bibliográfica inicialmente passou por aspectos


relativos à história do CBMMG, à proteção e defesa civil e à educação, podendo
destacar as seguintes obras: Capacitação Básica em Defesa Civil, Didática Geral,
Psicologia da Educação e o Livro do Centenário do CBMMG.

Além dessas obras, valeu-se dos documentos digitais lançados pela EIRD/ONU e
diversos trabalhos acadêmicos sobre os assuntos tratados nesta monografia. Essa
pesquisa inicial foi importante para consolidar aspectos gerais sobre o assunto,
buscando abordar de forma concisa as facetas mais relevantes ao problema.

De forma complementar a essa pesquisa teórica, seguiu-se uma pesquisa nas


normas afetas às competências do CBMMG, à proteção e defesa civil e à educação,
destacando a CRFB/88, a Lei Complementar nº 54, a Lei 12.608/12 e a LDB/96.
Esses escopos legais são essenciais e basilares para o delineamento lógico, gerado
entre as doutrinas e o problema.

Ao somarem-se todo esse conteúdo e o arcabouço teórico abstraído, implicou-lhes


um raciocínio dedutivo visando sair de aspectos macros para pontos singulares e de
observação pontual. Ao passo disso, pretendeu-se dialogar entre esses aspectos,
impelindo, também, nesta pesquisa um caráter dialético.
84

6.3 Pesquisa direta

Segundo Marconi e Lakatos (2010), a documentação direta consiste no


levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos se realizam, podendo
ser obtidos através de pesquisa de campo ou laboratorial.

No caso deste trabalho, utilizou-se da pesquisa de campo com característica


qualiquantitativa e descritiva com o enfoque no estudo de relações de variáveis, que
segundo Marconi e Lakatos (2010, p.171) "inclui no estudo grande número de
variáveis potencialmente relevantes e o interesse se centraliza em encontrar as de
valor preditivo.".

Esse método se justifica pelo caráter pioneiro desta pesquisa no interior do CBMMG,
pois, ao se buscar avaliar as ações educativas, não se limitou a uma determinada
região, abrangendo toda a corporação.

Nesse panorama, a pesquisa passou por duas fases distintas. A Primeira foi o
levantamento de dados, por meio de coleta direcionada e padronizada às B-5 das
sedes das unidades operacionais. E em segundo plano, executou-se uma aplicação
de um questionário direcionada aos militares do CBMMG, por meio do e-mail
institucional.

6.3.1 Coleta de Dados das Seções de Comunicação Social (B/5)

Pela orientação dada pelo estudo de Silva (2012), os dados referentes às ações
educativas ou de responsabilidade social têm conexão direta com a seção de
comunicação social do CBMMG sendo esta centralizada na BM/523. Dessa maneira,
a primeira averiguação sobre esse tema foi dada de maneira informal, através de
contato com militares dessa seção. Como já citado, outro ponto direcionador da
pesquisa foi o lançamento do Plano de Comando 2015 – 2026.

Dessa forma, por intermédio de informações obtidas na BM/5, juntamente com o


aprofundamento sobre a origem do Plano de Comando, orientaram-se pela busca
dos estudos desenvolvidos pelas comissões divididas em linhas de ação, através da
Resolução 572, de 22 de Setembro de 2014.

23
Quinta seção do Estado Maior do CBMMG, responsável por orientar os setores locais de
comunicação organizacional, dar publicidade as atividades desenvolvidas no âmbito interno externo.
85

Buscou-se, então, entrar em contato com a coordenadora24 desse grupo,


conseguindo a disponibilização dos dados coletados em maio de 2015, oriundos das
B-5 de todas as unidades do CBMMG. Os dados obtidos foram disponibilizados em
uma planilha com o seguinte título: Levantamento dos "Projetos Sociais" existentes
no CBMMG.

Nesse documento, havia as seguintes categorias: nome do projeto; a unidade onde


é executado; a situação, quanto ao funcionamento e normatização; número de
pessoas atendidas; número de militares envolvidos; a origem/fonte dos recursos; o
local da realização e a periodização. As respostas contabilizadas esclareceu que
basicamente as unidades operacionais executavam algum tipo de ação educativa.

Visando atualizar essas informações, tanto temporalmente quanto em nível de


conteúdo, desenvolveu-se uma nova planilha a partir daquela fornecida pelo grupo
de trabalho. Porém, baseando-se na premissa constatada, quanto à realização dos
trabalhos somente por parte das unidades operacionais, limitou-se a coleta de dados
a esse núcleo.

Para isso, por meio de ofício circular foi enviado a todos os Batalhões de Bombeiros
militar (BBM) e Companhia Independentes (Cia Ind.), foi realizada a solicitação de
dados por meio da planilha padronizada. Posteriormente, através de contato
telefônico visando esclarecer os objetivos da pesquisa firmou-se a disponibilização
dos dados solicitados conforme anexo a este trabalho, via planilha eletrônica. Essa
planilha foi enviada, via e-mail, a cada seção B-5 das sedes das unidades, sendo
que as Cia Ind., devido a sua menor complexidade gerencial, responderam via
secretaria.

Porém, os dados não obtiveram os resultados pretendidos em sua plenitude. As


falhas que impediram a captação dos dados de maneira mais eficaz são devidas à
própria forma de coleta pois não houve um contato direto do pesquisador com os
militares da seção propriamente dita, causando variação no entendimento das
informações solicitadas, por conta da interpretação pessoal do militar responsável.
Outro ponto a se destacar é a grande divergência na nomenclatura/definição dessas

24
Maj BM Luciana
86

atividades, passando por termos de responsabilidade social, boas práticas, projetos


sociais, com um menor número de entendimento como ações educativas.

Com isso, conforme eram percebidos esses equívocos, efetuaram-se novos


contatos com o objetivo de esclarecer alguns pontos e alinhar as respostas de todos
os participantes, a fim de compará-las, como foi feito no capítulo anterior. Salienta-
se que as informações foram reproduzidas conforme a disponibilização de cada
quinta seção, sendo esses dados tratados a fim de serem passíveis de comparação,
sem mudança de seu sentido ou conteúdo.

6.3.2 Coleta de dados por meio de questionário

Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 184), "questionário é um instrumento de coleta


de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito sem a presença do entrevistador". E Segundo Vieira (2009),
questionário é um instrumento de pesquisa constituído por uma série de questões
sobre determinado tema, apresentado aos participantes da pesquisa, capazes de
gerar dados quantitativos ou qualitativos através da avaliação de suas respostas.

Tendo a resposta como foco de uma pesquisa por meio de questionários, deve-se
preparar corretamente a pergunta/questão para atingir adequadamente esse fim.
Segundo Marconi e Lakatos (2010), as perguntas podem ser classificadas quanto à
forma ou quanto ao nível de interação com o participante.

Nesse sentido, utilizou-se de alguns conceitos definidos por Vieira (2009), para
formulação de questões fechadas e de opinião com caráter direto ou pessoal,
gerando respostas qualiquantitativas e potencialmente descritivas concernentes aos
objetivos pretendidos nesta pesquisa.

Ressalta-se que, antes da aplicação dessa ferramenta aos respondentes finais da


pesquisa, foram feitos pré-testes com alguns militares que cursam o CFO, com
vistas a verificar uma maior aproximação dos seguintes elementos, citados por
Marconi e Lakatos (2010), como importantes numa pesquisa de campo:
fidedignidade, validade e operatividade.

Com isso, foram feitas análises, a cada retorno desses testes, com base na teoria de
Vieira (2009), para empregar adequações e possíveis melhorias até atingir o produto
87

final, conforme o anexo X. Diante de todo esse contexto, salienta-se que não será
feito neste tópico um esclarecimento teórico de cada questão, sendo essas, quando
oportunas, apresentadas no capítulo referente à análise de resultados.

Porém, de forma ampla, o questionário contém um total de 15 questões, sendo as


duas primeiras importantes para o controle e verificação da origem das respostas,
sem que houvesse identificação do participante, e as treze restantes referentes às
informações inerentes à pesquisa.

Baseando-se, ainda, no conceito de Vieira (2009, p. 116) sobre população ou


universo como sendo "um conjunto de unidades [pessoas, famílias, trabalhadores,
etc] sobre o qual desejamos obter informação", verificou-se que a população alvo
deste estudo deveria ser o número total de bombeiros militares do Estado de Minas
Gerais.

Para isso, deve-se valer do conceito de amostra, o qual representa um subconjunto


das unidades de uma população alvo do estudo, pois, segundo Vieira (2009), nem
sempre é possível levantar informações de todas as pessoas dentro de um universo.
De acordo com o mesmo autor, uma amostra pode ser probabilística,
semiprobabilística ou não probabilística.

No processo de seleção da amostra, verificaram-se algumas dificuldades para tomar


uma amostra probabilística ou semiprobabilística que representasse toda população,
pois, conforme Vieira (2009), esse processo requer definição de listagem, requisitos
de aleatoriedade, acesso facilitado e, por vezes, espaço temporal amplo dependente
da forma de aplicação.

Diante desses pré-requisitos somados a fatores inerentes à distribuição do efetivo


em diversas localidades do Estado, o elevado grau de variação de funções e turnos
de serviço e a dificuldade por parte do pesquisador de acesso amplo aos militares,
optou-se pela escolha de uma amostra não probabilística ou por conveniência, que
segundo Vieira (2009, p.135), apesar das ponderações da estatística, pode possuir
validade, conforme o trecho abaixo:

As amostras probabilísticas são preferíveis do ponto de vista do estatístico,


mas, na prática, elas nem sempre são possíveis. Em grande parte o
pesquisador trabalha, necessariamente, com unidades às quais tem acesso
[...]. As amostras de conveniência não invalidam a pesquisa, mas precisam
88

ser muito bem descritas porque representam apenas os indivíduos


semelhantes àqueles incluídos na amostra.

Diante desse contexto, mesmo não sendo uma amostragem probabilística, iniciou-se
uma busca para encontrar uma fórmula adequada para cálculo de amostra em
população finita. As primeiras impressões foram tiradas de sites especializados em
pesquisas por questionários online, como Netquest e SurveyMonkey, calculadoras
para estimar essa amostra.

Conforme dados da DRH/225 do CBMMG, os números de militares na ativa e


reconvocados são de 6.088, tomou-se inicialmente esse valor como população. Em
suma, segundo Netquest (2016), uma amostra representativa da população dos
militares do CBMMG seria de 362 militares, para uma pesquisa com 95% de
confiança e margem de erro de 5% para mais ou para menos, nos quesitos
avaliados.

Como forma de corroborar essa informação, vale-se da tabela citada por Gil (2010,
p.112), o qual relata ainda que "para que os dados obtidos num levantamento sejam
significativos, é necessário que a amostra seja constituída por um número adequado
de elementos".

Tabela 10 – Tabela para determinar a amplitude de uma amostra tirada de uma


população finita com margens de erro de 1%, 2%, 3%, 4%, 5% e 10% na hipótese
de p=0,5. Coeficiente de confiança de 95,5%.
Amplitude da Amplitude da amostra com as margens de erro acima indicadas
população
(universo) ± 1% ±2% ±3% ±4% ±5% ± 10%
....... - - - - 222 83
1000 _ _ — 385 286 91
1500 - - 638 441 316 94
2000 _ - 714 476 333 95
2500 - 1 250 769 500 345 96
3000 _ 1364 811 517 353 97
3500 - 1458 843 530 359 97
4000 - 1538 870 541 364 98
4500 - 1 607 891 549 367 98
5000 - 1 667 909 556 370 98
6000 _ 1 765 938 566 375 98
7000 - 1 842 949 574 378 99
8000 - 1 905 976 480 381 99

25
Segunda Seção da Diretoria de Recursos Humanos, dados obtidos durante o período de confecção
desta pesquisa .
89

9000 - 1 957 989 584 383 99


10000 5000 2000 1 000 488 383 99
15000 6000 2 143 1 034 600 390 99
20000 6667 2222 1 053 606 392 100
25000 7143 2273 1 064 610 394 100
50000 8333 2381 1087 617 397 100
100 000 9091 2439 1099 621 398 100
 10000 2500 1 111 625 400 100
p = proporção dos elementos portadores do caráter considerado. Se p é < 0,5, a amostra pedida é
menor. Nesse caso, determina-se o tamanho da amostra, multiplicando-se o dado que aparece na
tabela por 4 [p(1-p)]
Fonte: ARKIN, H.; COLTON, R. Apud TAGLIACARNE, G. Pesquisa de mercado. São Paulo: Atlas,
1976. p. 176.

Diante desse número para a amostra, para população entre 6.000 e 7.000 militares,
pensou-se nas facilidades inerentes a pesquisa digital, relativos à acessibilidade,
custos e tabulação de dados e, por isso, optou-se por enviar o questionário através
da plataforma do Google Formulários. Esse mecanismo permite a confecção de
questões abertas e fechadas, sendo operacionalizada pela geração de um link, o
qual pode ser disponibilizado por meio de portais eletrônicos (sites) ou correio
eletrônico (e-mail).

Com isso, pensou-se na oportunidade de emprego da ferramenta do e-mail


institucional, recentemente reformulado e atualizado pela Resolução nº 651, de 11
de fevereiro de 201626, que determina:

Art. 16 - Compete ao usuário:


I - utilizar o serviço de correio eletrônico para os objetivos e funções
próprias e inerentes às suas atribuições funcionais e institucionais;
II - não permitir que terceiros acessem a sua caixa de correio individual;
III - fazer alterações periódicas de sua senha por motivo de segurança;
IV - realizar acesso periódico às caixas funcionais da seguinte forma:
a) se em exercício de função administrativa: acessar as caixas funcionais no
mínimo 1(uma) vez ao dia, durante o expediente.
b) se em exercício de função operacional: acessar as caixas funcionais no
mínimo por 1(uma) vez ao dia, no plantão operacional. (CBMMG, 2016c)

Pelo caráter abrangente e impositivo desse meio de comunicação, articulou-se


oficialmente, por intermédio do comando da ABM, a possibilidade de envio do
questionário a todos os militares do CBMMG.

Porém, segundo o Centro de Tecnologia e Sistemas (CTS), dos 6.088 militares


relacionados por esse centro, 6.027 possuem o e-mail institucional, mas somente

26
Dispõe sobre a implantação, padronização e utilização e-mail institucional no CBMMG.
90

4.749 fizeram o primeiro acesso a essa ferramenta de comunicação organizacional.


Essas informações corroboram a dificuldade inerente ao atendimento do quesito
probabilístico e de seleção da amostra. Por conseguinte, pela existência de 6.027
militares possuidores de cadastro de e-mail, decidiu-se pelo envio a todos esses
contatos, sendo o envio procedido de maneira centralizada pelo CTS, por meio de
solicitação do comando da ABM.

Em suma, infere-se uma reformulação da população real estudada, como restrita


somente aos 4.749 militares de acesso ativo ao e-mail institucional, apesar da
existência de 6.067 endereços de e-mail. Logo, cabe uma reformulação dos valores
de amostra representativa do universo abordado. De acordo com a tabela 10,
abordada anteriormente, a amostra para uma população de 5.000 é de 909 militares,
com confiança de 95% e margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou
para menos.

Ressalva-se que para essa análise, as amostras devem ser probabilísticas. Porém,
conforme raciocínio já citado, com uma descrição adequada da amostra e de seu
contexto nessa população, podem-se validar os dados obtidos.

7 ANÁLISES DAS AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NO CBMMG

7.1 Ações educativas realizadas pelos Corpos de Bombeiros Estaduais do


Brasil

Através de pesquisa pelos portais eletrônicos dos Corpos de Bombeiros do Brasil, foi
percebido que muitos deles realizam algum tipo de atividade educativa, podendo-se
destacar a emissão de cartilhas digitais com temas de prevenção, a realização de
projetos, como Bombeiro Mirim, Salva-vidas Mirim, Bombeiros nas Escolas, projeto
Golfinho, entre outros.

Porém, a maioria dos sites não tinha a indicação desse serviço de forma explícita ou
chamativa ao cidadão, sendo que os sites dos Corpos de Bombeiros dos Estados de
Roraima, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso estavam em
manutenção e/ou fora do ar.

Além disso, devido ao grande número de CB, fez-se uma seleção dos projetos que
tinham uma descrição mais detalhada no portal, com destaque à atividade de
91

Bombeiro Mirim realizada pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do


Paraná (CBPMEP), devido à sua regulamentação por meio da Lei 17.193, de 21 de
junho de 2012, que "Dispõe sobre a criação do Programa Bombeiro Mirim nas
diversas unidades do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Paraná",
que implica os seguintes objetivos:

Art. 2º São objetivos do Programa:


I - proporcionar maior integração entre a corporação, a família e a
comunidade, com a criação de circuitos alternativos de vivência e
convivência;
II - proporcionar atividades cívicas, socioculturais, esportivas e recreativas;
III - orientar sobre o exercício da cidadania, noções de primeiros
socorros, legislação de trânsito, prevenção de acidentes, doenças
transmissíveis, ecologia e meio ambiente. (PARANÁ, 2012).

Essa lei prevê ainda as seguintes diretrizes:

Art. 3º O Programa será desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar do


Estado do Paraná mediante a celebração de parcerias e convênios com as
prefeituras interessadas, secretarias estaduais e municipais, organizações
não governamentais e empresas.
Art. 4° O Executivo Estadual dará apoio, dentro de suas disponibilidades
orçamentárias, à manutenção do Programa Bombeiro Mirim. (PARANÁ,
2012).

Cabe ressaltar que, pela pesquisa, não foi encontrada nenhuma outra corporação
que tivesse tal normatização externa, advinda do próprio estado.

Outro CB em destaque foi o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (CBMPB) o qual


apresenta os seguintes projetos: Bombeiro Mirim, Bombeiro gol 10, Bombeiro
Reserva Ativa, Bombeiro Caminha com Prevenção e Bombeiro na Escola. Todos
esses projetos estão descritos no portal eletrônico do CBMPB, trazendo a luz deste
trabalho, apenas, o projeto Bombeiro na Escola, com a seguinte descrição:

O Projeto Bombeiro na Escola tem como objetivo principal a transmissão de


informações, ele é de cunho educativo e social, tendo a finalidade de
promover a integração entre o Corpo de Bombeiros Militar, a Escola, a
Família e a Comunidade, para que esses pilares unidos consigam criar nos
jovens a cultura da prevenção e da responsabilidade social, proporcionando
conhecimentos referentes à Prevenção e Combate a Incêndio, Primeiros
Socorros, Defesa Civil, Prevenção a Acidentes Domésticos e de Trânsito,
Comportamento em Meio Aquático e Erradicação das Drogas, os quais
proporcionarão condições para minimizar os riscos e danos, no decorrer
desses atendimentos, tornando-os parceiros da Corporação que, cumprindo
com o seu compromisso social, elevará a qualidade dos serviços ofertados
à sociedade. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA, 2016).
92

Além dessa pesquisa nos portais eletrônicos dos CB, referencia-se o Corpo de
Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), devido à
padronização de medidas de educação pública através do Manual Técnico de
Bombeiros nº 34 – Educação Pública nos Serviços de Bombeiros (MTB – 34). Esse
manual tem o seguinte o objetivo:

O objetivo é a diminuição dos índices de ocorrências atendidas pelo CB,


quer seja por tipo ou sazonalidade, influenciando nas medidas de
segurança física, do meio ambiente e patrimonial da comunidade,
transmitindo informações sobre a prevenção de sinistros à população nas
mais variadas faixas etárias e formas de execução. (CBPMESP, 2006, p. 7)

O manual traz em seu bojo uma descrição padronizada sobre diversas formas de
atuação do bombeiro na educação pública. Primeiramente, exige-se do militar certo
nível de capacitação para cada atividade que for desempenhar, por meio de
treinamentos em didática e de usuário-cliente, sendo que a unidade bombeiro
deverá capacitar no mínimo 30% de seus militares, para atuarem em diversas
formas educativas, como palestras, recebimento de visita no quartel, no programa
Bombeiros nas Escolas, no programa Brasinha e no Projeto Teatro Fantoche
(CBPMESP, 2006). Dentre as formas educativas citadas, destacam-se o programa
Brasinha e o programa Bombeiros nas Escolas.

O programa Brasinha foi iniciado em 1982, na Cidade de Sorocaba, tendo


características de regularidade e ciclo anual com elaboração em conjunto com a
Secretaria de Educação do município. Visa atender crianças de 4 a 10 anos,
incluindo os respectivos pais e parte de uma semana motivacional que deve ser
desenvolvida pelos professores, antecedendo a visita do bombeiro à escola. No dia
da visita dos bombeiros, são feitas diversas dinâmicas com as crianças e após isso é
feita uma palestra com os pais (CBPMESP, 2006).

O objetivo do programa Brasinha é:

Orientar e educar as crianças no que tange ao uso correto dos meios de


comunicação com os bombeiros (Telefone - 193), para evitar trotes; passar
noções do perigo de brincar com fogo, conhecer alguns equipamentos de
proteção individual usados pelo bombeiro e orientar os pais e professores
quanto ao uso de GLP, além de orientações sobre acidentes no lar.
(CBPMESP, 2006, p. 69)
93

Já o programa Bombeiros nas Escolas, com origem no início dos anos 1990, possui
uma carga horária maior do que o programa anterior, com 20 horas no total do
curso, objetivando incutir preceitos prevencionistas. O público alvo são alunos da 8ª
série do ensino fundamental e os ensinamentos perpassam por temas de prevenção
e combate a incêndio, primeiros socorros, avaliações e práticas (CBPMESP, 2006).

Salienta-se que a descrição de todas as atividades neste tópico não foram passadas
por um crivo de verificação de aplicabilidade, de registro e de real emprego dessas
medidas, deixando espaço para estudos futuros. Buscou-se exemplificar que outros
CB têm tentado utilizar-se de medidas educativas com o foco preventivo.

7.2 Diferentes abordagens sobre as ações educativas desenvolvidas pelo


CBMMG

Antes de adentrar na descrição das atividades educativas desenvolvidas pelo


CBMMG, ressalta-se que há poucos estudos que tratam dessa temática de forma
ampla.

Destaque-se a monografia de Da Silva (2007), a qual abordou a temática das ações


educativas desenvolvidas pelo CBMMG sob a ótica do conceito de projeto social,
descrito como:

Um conjunto de ações relacionadas entre si, com metas, orçamento e


cronograma definidos, prioritariamente, em consonância com instituições
executoras, financiadores, beneficiários, comunidade e sociedade, com a
finalidade de alcançar um objetivo específico de desenvolvimento social ou
humano. (DA SILVA, 2007, p.24).

Nesse contexto, o autor descreveu a origem, o local de realização e o público alvo


dos projetos sociais existentes à época de sua pesquisa, tendo destaque o Projeto
de Responsabilidade Social Bombeiro Mirim - ou apenas Bombeiro Mirim, Bombeiro
Sênior, Golfinho, Bombeiro nas Escolas, Bombeiro Amigo do Peito, Programa de
Divulgação da Natação (PRODINATA) e Cinoterapia.

Da Silva (2007) concluiu, em seu estudo, que havia uma falta de padronização na
implantação e desenvolvimento dos projetos sociais desenvolvidos pelo CBMMG e,
com isso, o autor propôs uma adequação visual, descritiva e normativa para os
projetos citados.
94

Um estudo semelhante à linha de pesquisa de Da Silva (2007) foi o de Silva (2012),


no qual a autora, também, descreve as atividades desenvolvidas pelo CBMMG sob a
luz do conceito de projeto social, vislumbrando através de sua perspectiva a
necessidade de padronização. No tocante ao aspecto do projeto social, a autora
diferencia projeto de programa, nos seguintes termos:

um programa social é um conjunto de projetos; e uma política social, por


sua vez, é um conjunto de programas. Um projeto envolve ações concretas
a serem desenvolvidas em tempo e espaço determinados, utilizando-se de
recursos disponíveis para tal (SILVA, 2012, p.6).

Outro fato relevante em sua pesquisa foi que ela partiu da descrição de dados
diretos da (BM/5), fazendo uma atualização, mesmo que não intencional, do trabalho
de Da Silva (2012). A Abordagem dos dados, por parte dessa autora, foi de maneira
qualiquantitaviva, a qual verificou discrepâncias no tocante à duração e periodização
de alguns cursos, como o PRODINATA, Bombeiro Mirim e o Projeto Golfinho.

Como já foi dito, Silva (2012) verificou a necessidade de padronização dos projetos
sociais, apontando como destaque o Bombeiro nas Escolas. Apesar de à época não
haver uma institucionalização sobre esse projeto, nos termos da autora, este possui
características que o potencializa como difusor de preceitos prevencionistas de larga
escala, tais como facilidade de comunicação entre o CBMMG e as escolas, grande
aceitabilidade dos bombeiros por parte dos estudantes e profissionais da educação,
entre outros aspectos.

Outro estudo de referência foi o produzido por Alves (2014), o qual abordou a
temática sob a ótica de boas práticas, propondo uma adequação através de uma
matriz lógica. Segundo Alves (2014), boas práticas são inerentes às atividades que
visam tanto o público interno quanto o externo, incluindo os projetos abordados por
Da Silva (2007) e Silva (2012) e o Programa de Preparação para a Reserva (PPR)27.

A colaboração de Alves (2014) foi propor a adoção do modelo lógico e do marco


lógico de Cassiolato (2010). Pela abordagem de Alves (2014), esses modelos se
complementam e se constituem numa ferramenta gerencial para estudo, preparação
e implementação de programas e projetos. Contudo, o enfoque dado por Alves

27
Previsto na Instrução Técnica de Recursos Humanos (ITRH) nº 249 de 21 de fevereiro de 2014
95

(2014) foi no por meio da expressão “boas práticas”, ampliando a perspectiva do


conceito anterior de projeto social.

Além desses estudos e no contexto atual que engloba o período corrente desta
pesquisa, o Plano de Comando 2015 – 2026 orientou em sua cartilha de programas
e projetos o trabalho do CBMMG em três esferas: Bombeiro nas escolas, Voluntários
da Cidadania e o Programa de Divulgação da Natação (PRODINATA). Ressalta-se
que os três projetos apontados no Plano de Comando já existem, porém a proposta
desse documento é de sua implementação ampla no CBMMG através do Programa
Bombeiro e Comunida de descrito abaixo:

Programa voltado para a aproximação da Corporação junto à comunidade,


por meio da realização de projetos de inserção social e conscientização das
pessoas para o exercício da cultura de proteção pública, permitindo ao
cidadão evitar situações de sinistros e promover a prevenção no Estado.
(CBMMG, 2015)

Porém, até o presente momento, não há nenhuma documentação concreta sobre o


encerramento dos projetos existentes, nem sobre a difusão da implementação do
programa no âmbito interno da corporação, além das OBM onde já são empregados
esses projetos.

Ressalta-se, ainda, que nenhuma das pesquisas referenciadas abordaram a


temática dos projetos sociais por meio dos conceitos da proteção e defesa civil.

Fechando a descrição ampla sobre as fontes bibliográficas deste trabalho, busca-se


introduzir uma discussão sobre a abordagem terminológica dos projetos sociais. De
uma forma semelhante a Alves (2014), que ampliou o conceito de projetos sociais
para o termo boas práticas, no presente trabalho se pretendeu atribuir aos projetos
do CBMMG, para o público externo, um conceito mais amplo denominado de ações
educativas, embasando-se no fato de que esses projetos estão inseridos num
contexto educacional e de transmissão de conhecimento.

Enfim, o somatório das ações educativas poderia ser caracterizado como um


programa de educação pública realizado pelo CBMMG em conjunto com outros
atores da sociedade, como escolas, prefeituras e instituições privadas. Esse
programa educacional teria como premissa a difusão preceitos preventivos e de
capacitação da população em geral.
96

Porém, dentro de um aspecto terminológico, verificou-se a utilização do termo


responsabilidade social, para designar os projetos sociais realizados pelo CBMMG,
pois até os mecanismos de divulgação no portal eletrônico do CBMMG, das
informações relativas a esses projetos, estão inseridos num link denominado
Responsabilidade Social.

Em consonância com esse entendimento, Silva (2012, p.8), em seu artigo em seu
artigo define que "responsabilidade social diz respeito ao cumprimento dos deveres
e obrigações dos indivíduos e empresa para com a sociedade em geral". Segundo
CBMMG (2015, p.30), responsabilidade social se integra aos valores institucionais
da corporação significando um "conjunto transparente e responsável de ações
realizadas no intuito de beneficiar os membros da sociedade e das corporações, na
construção do bem-estar social.".

Diante desse delineamento, para o entendimento deste trabalho, depreende-se que


a origem da designação 'ações educativas' partiu das características/conceitos dos
projetos sociais ou de responsabilidade social, buscando ir ao encontro dos
preceitos sobre a educação abordados nesta pesquisa, mais precisamente no
capítulo 5.

Um aspecto relevante dessa diferenciação terminológica é que partindo da


vinculação legal da educação à Constituição Federal, à LDB/96, à Lei 12.608//12 e
outros escopos normativos, pode-se inferir um maior suporte normativo à
manutenção e perenidade de sua aplicabilidade na sociedade. No entanto, o
conceito dado por (Consulter, 2007, p.22) descreve um projeto num sentido lato
como:

Qualquer propósito de ação definido e organizado de forma racional,


composto de elementos que permitem avaliar de forma racional, composto
de elementos que permitem avaliar quantitativa e qualitativamente
vantagens e desvantagens da aplicação de recursos para a produção de
bens e serviços.

Ainda nesse âmbito, Consalter (2007, p.23) reforça que o papel de um projeto é
"proporcionar ao administrador condições de desenvolver e operacionalizar os
planos de ação". Valeriano (2001), citado por Consalter (2007, p. 23), explica que
um projeto é organizado com o objetivo de executar um conjunto ações que devem
estar voltadas para uma única resultante, que é o produto do projeto.
97

Na coposição de um projeto, segundo Consalter (2007), deve-se ter em mente a


conceituação de ambiente de projeto, o qual compreende componentes que podem
afetá-lo com maior ou menor amplitude. Para isso, a autora destaca a cultura
nacional, a concorrência, os recursos envolvidos, a existência de outros projetos, a
demografia, os fornecedores, no caso do CBMMG, os convênios, orientações
governamentais e os clientes/o público alvo.

Encerrando essa discussão, a autora ainda interpõe o conceito de ciclo de vida de


um projeto que, conforme Consalter (2007) abrange uma série de etapas, que
permitem a visualização desde seu início até a sua conclusão. Segundo essa autora,
um projeto é composto por uma conceituação ou iniciação, planejamento ou
estruturação, implementação ou execução, controle e conclusão. Para isso, salienta
que um projeto tem com começo, meio e fim programados, sendo, portanto, finito.
Nesse ínterim, como foi citado através do conceito de Valeriano (2010), um projeto
se encerra com o alcance do produto/serviço almejado.

Diante dessa explanação, pode-se inferir que, no que tange a formulação,


planejamento e implementação de uma ação educativa, tal processo seria regido por
uma ferramenta teórica de estruturação de projetos, da mesma forma que os
denominados projetos sociais. Sendo assim, conforme o Pensamento de Valeriano
(2010), após sua efetivação a ação educativa passaria a vigorar com um nome
específico, tornando-se um serviço.

Dessa forma tem-se a seguinte abordagem dada pela NFPA citada por Dos Santos
(2010, p. 17), para a consecução e desenvolvimento de um programa de educação
de segurança contra incêndios, por meio das seguintes etapas:

1. Fase de planejamento inicial: a) Estabelecer responsabilidades e


suportes. b) Formar uma equipe de planejamento. c) Identificar os
problemas locais de incêndio.
2. Fase de concepção e desenvolvimento: a) Realizar audiências /
pesquisa de mercado. b) Desenvolver estratégias de programas. c)
Desenvolver planos de ação para os objetivos do programa. d) Realizar
uma proposta do programa. e) Preparar material didático para instrutores e
treinamento. f) Conduzir um teste-piloto.
3. Fase de avaliação: a) Providenciar documentação para o Programa. b)
Determinar a eficácia. c) Revisar planos de ação e objetivos.

Diante desse processo, Dos Santos (2010, p.18) propõe o seguinte fluxograma:
98

Figura 8 – Ciclo completo da Educação preventiva nos serviços de


bombeiros

Fonte: Dos Santos (2010, p.18)

7.3 Ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG e sua relação com a


Proteção e Defesa Civil

Partindo do que foi descrito, buscou-se resumir as informações obtidas nas fontes
de pesquisas citadas a fim de se produzir um quadro-resumo com a descrição das
atuais ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG. Ressalta-se que nem todas
informações a respeito dessas ações foram inseridas nessa tabela, porém elas são
suficientes para verificar aspectos inerentes a proteção e defesa civil.
99

Tabela 11 – Tabela descritiva das ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG


Nome do Projeto/
Descrição/objetivo
Ação educativa
Curso de Primeiros O curso tem como objetivo instruir a população no que diz respeito às
Socorros/Atendimento atividades de primeiros socorros. Ensinando a fazer frente a variadas
Pré Hospitalar (APH) emergências médicas, oriundas de traumas ou mesmo clínicas, até a
chegada das guarnições de bombeiro ou de outros serviços de
emergência, contribuindo para a diminuição dos efeitos desses males.
Bom na Água e de Projeto social desenvolvido pelo 2º BBM tem como objetivo o ensino
bem com a vida de natação para crianças e adolescentes em situação de risco, sendo
que estas definidas pelo Centro de Referência de Assistência Social
Unidade Eldorado (CRAS).
Bombeiro Amigo do Este projeto, em parceria com os Banco de Leite Humano (BLH) das
Peito Prefeituras Municipais, de Juiz de Fora, Varginha e Pouso Alegre tem
por finalidade efetuar atendimento às mães com problemas relativos à
amamentação, incentivar o aleitamento materno na comunidade e
coletar o leite de mães doadoras.
Bombeiro Mirim Este projeto social tem como público alvo crianças e adolescentes de
09 a 15 anos de ambos os sexos, cujo principal objetivo é o de
preparar os alunos para o enfrentamento de situações de emergência
no campo da segurança contra incêndio e pânico, disseminando a
cultura prevencionista do CBMMG. É uma atividade sócio-educativa
que agrega orientações e assistência para conduta positiva junto à
sociedade.
As atividades de educativas englobam prevenção contra incêndios,
primeiros socorros, prevenção de afogamentos e outros tipos de
acidentes, dentre eles os domésticos, os de trabalho e os de trânsito,
assim como noções de proteção e prevenção no campo de defesa
civil.
Bombeiro Sênior O projeto Bombeiro Sênior desenvolvido pelo 10º BBM reflete a
preocupação do CBMMG no enfrentamento dos problemas
associados ao envelhecimento. Com a valorização e um melhor
aproveitamento do imenso potencial de conhecimento, memória e
competência das pessoas da terceira idade em iniciativas voltadas ao
desenvolvimento social. Tem como objetivo proporcionar ao público
da terceira idade uma oportunidade para adquirir e aprimorar
conhecimentos úteis no seu dia-a-dia, de maneira que ele possa se
prevenir contra acidentes que circundam sua vida, bem como,
repassar aos seus familiares e amigos os conhecimentos adquiridos
durante o curso, interagindo com a comunidade.
Golfinho O projeto consiste em um curso que tem duração de quatro meses,
sendo uma atividade de responsabilidade social que procura
promover o desenvolvimento do indivíduo focado nas suas qualidades
físicas através da natação.
O projeto Golfinho é totalmente gratuito e atende crianças de 07 a 14
anos. Além da natação, os alunos do curso, também, participam de
atividades culturais e recebem instruções sobre cidadania, civismo,
preservação ambiental, primeiros socorros, entre outras atividades
recreativas, tudo com orientações e assistência para conduta positiva
junto à família e a sociedade. Em alguma unidade possuem um
caráter diferenciado sendo atendidos filhos e dependentes de
militares Bombeiros, Policiais Militares, Exército; e dependentes de
100

Policiais Civis e Agentes penitenciários a partir dos 7 anos.


Novos Horizontes O projeto social Novos Horizontes é desenvolvido pelo 5º BBM e tem
como objetivo oferecer às pessoas com necessidades especiais e/ou
distúrbios comportamentais uma melhor qualidade de vida, seja
social, mental, comportamental, física, entre outras, por meio da
natação.
A natação para deficientes, principalmente os visuais e físicos, na
maioria das vezes, desponta como única possibilidade de se
movimentarem sozinhos. Os resultados obtidos abrangem aspectos
fisiológicos, psicológicos e sociais.
Concurso Desenhos e Essa atividade tem origem no 9º BBM, trabalha com dois níveis de
Poesias concurso sendo que o primeiro inclui os alunos do 1º ao 5º ano, que
concorrem com desenhos e o segundo que inclui os alunos do 6º ao
9º ano, que concorrem com poesias. O objetivo dessa ação é
despertar e desenvolver a cultura de prevenção de incêndio e
acidentes nas crianças e jovens de nossa comunidade e instigá-los a
conhecer o trabalho realizado pelo CBMMG.
Programa de Curso de natação oferecido pelo Corpo de Bombeiros desde 1964
Divulgação da que tem os objetivos de estimular a prática da natação nas crianças,
Natação (PRODINATA) jovens, adultos e idosos, de forma a prevenir afogamentos, buscando
minimizá-los; promover por intermédio da natação, o intercâmbio
entre o público externo e o Corpo de Bombeiros, através de uma
salutar integração comunitária na área de responsabilidade de cada
Batalhão de Bombeiros e difundir a natação como atividade
importante ao desenvolvimento físico e mental do ser humano.
Grupo de Teatro O Grupo de Teatro Pelotão 193, é um projeto do CBMMG tendo como
Pelotão 193 lema “Bombeiros valorizando a vida através da arte”. O grupo
apresenta a peça “Fala a Verdade – Você não vai morrer de rir porque
o bombeiro não deixa”. É regulamentado através da Resolução nº 222
de 04 de dezembro de 2006. Tem por finalidade coordenar as ações
relacionadas à gestão do emprego da arte cênica em missões típicas
de prevenção, de responsabilidade social e da valorização dos
Direitos Humanos, visando uma atuação eficiente e eficaz do Corpo
de Bombeiros na questão da divulgação dos serviços prestados à
sociedade mineira e na busca da constante aproximação do cidadão,
estendendo-se como suporte aos demais órgãos integrantes do
Sistema de Defesa Social, através da divulgação de serviços e/ou
alertas à sociedade.
Teatro de Bonecos O Grupo de Teatro de Bonecos “Turma do Foguinho” é composto por
Turma do Foguinho cinco Bombeiros Militares. Funciona com agendamento prévio, feito
através do Comando Operacional de Bombeiros ou através do Quarto
Batalhão de Bombeiros Militar. As funções de motorista e auxiliares
na montagem do cenário são realizadas pela própria equipe. O Grupo
se desloca ao local solicitado e realiza apresentações em escolas
municipais, estaduais e particulares, centros comunitários, empresas,
entre outros locais. Em algumas apresentações pode haver o
empenho de músicos como um incremento à atividade. Propiciar a
conscientização acerca da preservação do meio ambiente à
comunidade em geral, em especial ao público infanto-juvenil, usando
como ferramenta de Educação Ambiental, o Grupo de Teatro de
Bonecos cuja linguagem é universal.
101

Voluntários da Atividade por meio de convênio entre o CBMMG e a prefeitura oferece


capacitação profissional por meio de aulas práticas e teóricas no curso de
Cidadania
bombeiro profissional civil, aumentando as chances de inserção ao mercado
de trabalho. Destinadas aos jovens de 18 a 21 anos, as aulas trazem lições
que abordam conteúdos de cidadania, ética, direitos humanos, disciplina,
preparação para o mercado de trabalho, educação física e outras atividades
extracurriculares, além de matérias específicas do ofício de bombeiro. O
curso é ministrado pelos bombeiros, dentro dos batalhões operacionais da
capital e na ABM. A carga do curso é de 240 horas-aula, que dá cerca de três
meses de duração. Os participantes também recebem uma bolsa auxílio no
valor de R$ 350 por mês.
Concurso de Redação Projeto Concurso de Redação tem como objetivo escolha de temas e
pesquisas relacionados ao Corpo de Bombeiros, culminando com o
concurso de redação. O aspecto positivo do projeto é a grande
adesão por parte dos alunos que se dedicam bastante às pesquisas,
envolvendo-se com assuntos inerentes a profissão bombeiro militar.
Bombeiros nas Consiste num trabalho de conscientização sobre os procedimentos a
Escolas serem adotados diante de acidentes domésticos, incêndios,
afogamentos, além de educar quanto às formas corretas de circulação
em vias públicas, onde soltar pipas, andar de bicicleta e respeitar a
natureza. Na qual uma equipe militares do CBMMG visita as escolas
ministrando palestras, fazendo demonstrações práticas e a
distribuição de cartilhas educativas. Num segundo momento, os
alunos visitam as instalações do quartel onde recebem orientações e
demonstrações práticas sobre as atividades desenvolvidas pelos
bombeiros.
Fonte: Silva (2012 apud CBMMG, 2012), Alves (2014) e Grupo de Trabalho da Ação 2 Estratégia 3
para o Plano de Comando 2015 – 2026 e dados das B/5 dos batalhões sede, adaptado pelo autor.

De uma forma genérica, podem-se perceber em todas as atividades desenvolvidas


os preceitos educacionais, que orientaram a designação do termo ação educativa.
Sob a ótica do problema da pesquisa, que visa analisar as ações direcionadas para
crianças e adolescentes, exclui-se da análise o 'Bombeiro Sênior' e o 'Bombeiro
Amigo do Peito', sendo o primeiro por seu público ser de pessoas com idades acima
de 60 anos e o segundo devido ao fato de o produto em si não estar ligado
diretamente à educação das crianças em si, mas com o suporte à amamentação.

A respeito dos princípios e conceitos abordados sobre proteção e defesa civil,


redução do risco de desastres e gestão do risco de forma holística, infere-se que,
pela descrição das ações educativas, mesmo de maneira superficial, todas elas se
enquadrariam como uma ação preventiva e de preparação. Porém, nenhuma se
baseia, de forma clara, na verificação de vulnerabilidades específicas de uma
determinada região ou localidade, abordando, assim, o conceito prevenção e de
preparação de forma ampla.
102

Esse fator a princípio pode parecer interessante, todavia ele perde a finalidade de
combater determinado risco, que pode ser verificado, pelo os registros de
ocorrências, pela análise de ocupação habitacional de determinada área ou pela
associação de vulnerabilidades sociais, como pobreza, falta de saneamento, vias
precárias, entre outros aspectos. Com isso, ao se atuar de forma ampla e sem o
foco determinado, pode-se distanciar da utilidade pública dada a essas atividades.

Mesmo assim, no quesito da abordagem de preceitos preventivos e de


capacitação/preparação destacam-se as atividades do Bombeiro Mirim, Bombeiro
nas Escolas e Voluntários da Cidadania. Já no quesito específico de preparação,
têm-se os cursos de primeiros socorros/APH, o PRODINATA, o projeto Golfinho, o
projeto Bom na Água e de Bem com a Vida e o Novos Horizontes, sendo que os
outros três cursos, citados anteriormente como referência na atividade preventiva,
destacam-se também no quesito preparação.

Com relação abordagem direta do termo defesa civil, como justificação de sua
prática o projeto do Bombeiro Mirim e os cursos de Primeiros Socorros/ APH. Em
contra partida, as ações de teatro do Pelotão 193, do Teatro de Bonecos da Turma
do Foguinho e dos concursos de redação, poesia e desenhos, apesar de não
exprimir em suas descrições aspectos de proteção e defesa civil, estão diretamente
ligadas à promoção e ao fomento da cultura prevencionista, sendo também um forte
aliado na composição da imagem institucional.

Sobre os conceitos de percepção do risco e de segurança global da população, tem-


se que mesmo de maneira rasa e implícita todas as atividades carregam o papel de
aumentar essas características. Porém, pelo que foi trabalhado sobre o novo
paradigma de proteção e defesa civil, ações não podem ter esse caráter superficial.
Isso porque a gestão do risco de desastre impele o preceito de profundidade na
abordagem das fases de prevenção, preparação e mitigação.

Nesse ínterim, verificou-se que nenhum das ações ainda não tem confluência com o
que foi disposto na Lei 12.608/2012 e que modificou a LDB/96, porém pela
característica do Bombeiro nas Escolas, que atua no interior das instituições de
ensino, vislumbra-se um potencial de essa ação cumprir o papel de difusor de
preceitos da proteção e defesa civil no ensino fundamental e médio.
103

No tocante aos preceitos basilares da educação no Brasil, pode-se dizer que todos
os projetos compreendem o desenvolvimento do público-alvo, assegurando-lhes
preceitos substanciais para o exercício da cidadania, mesmo de forma subjetiva ou
implícita. Destaca-se nesse quesito o 'Voluntários da Cidadania', sendo uma
atividade de maior porte, proporcionado pelo convênio com a prefeitura de Belo
Horizonte. Pelas suas características, é atendido o quesito constitucional de
promover o progresso no âmbito do trabalho por meio da educação.

Um ponto relevante a se ressaltar em todas as análises, anteriores, que não foi


abordado de forma aprofundada a questão do conteúdo das ações, da abrangência
de atendimento, onde são realizados os cursos, se há uma forma de registro, se
eles, realmente, estão ativos e produzindo frutos.

A falta de conteúdo delimitado e explicitado, por exemplo, por meio de uma ementa
disciplinar é uma falha relevante na avaliação desses cursos, por isso, admite-se
que todas as inferências foram de certa forma superficial.Por outro lado, com base
no grau de detalhamento dos autores trabalhados e nas informações obtidas nas
pesquisas em documentos do CBMMG, almejou-se transportar para o quadro-
resumo o máximo de informações relevantes a essa avaliação.

Nesse panorama, com vistas a complementar e aprofundar os aspectos


qualiquantitativos a respeito das ações educativas, fez-se contato com o grupo de
trabalho sobre as diretrizes da estratégia 3 com foco na realização da ação 2 do
Plano de Comando. Sendo que o resultado desse contato, já explicado no capítulo
referente a metodologia, foi o acesso a dados de todas as unidades do CBMMG e
sobre suas respectivas atividades educativas e, pelo fato de esses dados terem
origem no primeiro trimestre de 2015, buscou-se atualizá-los, por meio de coleta de
informações nas quintas seções (B-5) dos Batalhões de Bombeiros Militar (BBM),
conforme o grupo de trabalho citado.

O produto dessa atualização culminou na tabela abaixo, que informa de maneira


singular a atuação de cada unidade no que tange às ações educativas. Ressalta-se
que os dados aqui expostos são de origem interna à instituição, coletados das B/5
das OBM operacionais do CBMMG.
104

Tabela 12 – Resumo qualiquantitativo das ações educativas desempenhada pelas


Organizações Bombeiro Militar de Minas Gerais.
Situação no
Faixa Carga
ano de 2015/ Forma de
Ações Situação no etária/ horária e Forma de
OBM Número de Divulgaçã
Realizadas ano de 2016 Público ciclos de registro
pessoas o
atendido execução
atendidas
Inativo, 48horas/ Registro
PRODINATA Ativo/informou o devido obra turma interno,
Acima de Não
(implantado atendimento de nas 2x/semana 28 por meio
7 anos informado
em 1964) 900 a 1200 proximidades 1h/aula de
da piscina 6 meses matrícula
1º BBM Ativo/
Ativo/ 500
Primeiros previsão de 5
pessoas Convênio
Socorros/APH turmas de 50 Acima de 40h REDS
atendidas (10 com a Cruz
(implantado alunos, 18 anos semanais Semanal
turmas de 50 Vermelha
em 2015) previsão de
alunos cada)
250
18horas
totais Seleção de
BOM NA
(16 de crianças
ÁGUA E DE
natação 2 sob risco
BEM COM A Inativo/ 120 7 a 17
Ativo de social, sem Não há
VIDA pessoas por ano anos
palestras) forma de
(implantado
1h/aula divulgação
em 2012)
Quadrimest específica
ral
GOLFINHO 18horas
Seleção de
(implantado Inativo/ / totais
2º BBM crianças
em 2006, Foi Atendeu por (16 de
sob risco
substituído volta de 400 7 a 17 natação 2
Inativo social, sem Não há
pelo projeto pessoas durante anos de
forma de
Bom na Água seu período palestras)
divulgação
de Bem com a ativo 1h/aula
específica
Vida) 4 meses
48horas/ Registro
Ativo
PRODINATA turma interno,
aproximadamen Acima de Não
(implantado Ativo 2x/semana por meio
te 1000 alunos 7 anos. informado
nos anos 80) 1h/aula de
por ano.
6 meses matrícula
Primeiros
Socorros/APH Não Não Não Não
Ativo Ativo
(implantado informado informado informado informado
em 2006)
Bombeiro
Mirim Uso de
(implantado Ativo/ 120 Não Não Folder na Reds
Ativo
3º BBM em 2008) pessoas por ano informado informado escola mensal
realizado em participante
Vespasiano
48horas/ Registro
PRODINATA A partir turma interno,
Não
(implantado Ativo Ativo dos 7 2x/semana por meio
informado
nos anos 80) anos 1h/aula de
6 meses matrícula

28
Os dados com essa denominação não foram informados dentro do prazo dessa pesquisa.
105

Rádio
TV
7 a 14
GOLFINHO Inativo/ 300 4 meses Internet Arquivo
(implantado alunos Inativo anos com aula Ofícios físico e
em 2006) 3x/semana Convite digital
Banner
Faixas
Ativo / entre Sem
Rádio
TEATRO DE 2008 e 2013 limites de
TV
BONECOS atingiu 50.080 idade,
Internet Arquivo
TURMA DO pessoas, sem porém 2 horas por
4º BBM Ativo Ofícios físico e
FOGUINHO contabilizar com peça
Convite digital
(implantado dados dos anos enfoque
Banner
em 2007) 2007, 2014 e até os 12
Faixas
2015 anos
Rádio
TV
BOMBEIRO Inativo/ até o 2 meses
Internet Arquivo
MIRIM ano de 2013 9 a 15 com aula
Inativo Ofícios físico e
(implantado somou 836 anos 2x/semana
Convite digital
em 1998) pessoas
Banner
Faixas
A seleção
das
BOMBEIRO
Inativo/ 500 70horas crianças
MIRIM 7 a 14 Diário de
pessoas entre Inativo totais eram feitas
(implantado anos turmas
2012 e 2013 2x/semana pela
em 2012)
Prefeitura
Municipal.
Inativo/ entre 2009 a
2009 a 2011 2011 – Nenhum, a
atingiu 17.204 Reativação Palestras seleção
BOMBEIRO
pessoas em junho 2014 – 9 das escolas
NAS
2014 – 1100 Previsão de Entre 9 a horas totais é feita pela
ESCOLAS REDS
pessoas atendimento 11 anos 1x/semana. Secretaria
(implantado
2014 – 180 de 1000 2016 – 6 da
em 2009)
(somente no pessoas horas totais Educação
colégio 2x/semana Municipal.
5º BBM Tiradentes)
Ativo/ média de
Divulgação
40 alunos por
informal
GOLFINHO semestres 45 min/aula
A partir pelos
(implantado dependentes de 3x/semana Diário de
Ativo dos 7 próprios
em 2009) militares e 54 horas pó turmas.
anos militares e
servidores do semestre
participante
CBMMG e de
s do curso
outras forças
Divulgado Listas de
45 min/aula
PRODINATA Ativo/ média de A partir informal Chamada
3x/semana
(em atividade 170 alunos por Ativo dos 7 pelos Atas de
54 horas pó
desde 2009) semestre anos próprios formatura/
semestre
alunos Semestre
VOLUNTÁRIO Listas de
Inativo/ 10
S DA Chamada
pessoas 16 a 20 240horas Feita pela
CIDADANIA Inativo Atas de
somente em anos totais prefeitura
(implantado formatura/
2013
em 2013 ) Semestre
106

Continuação da Tabela 12:

Situação no ano
Faixa Carga
de 2015/
Ações Situação no etária/ horária e Forma de Forma de
OBM Número de
Realizadas ano de 2016 Público ciclos de Divulgação registro
pessoas
atendido execução
atendidas
Divulgado
informal
feita pelos
próprios
40 min/aula alunos, por Listas de
NOVOS
Ativo /média A partir 2x/semana, médicos e Chamada
5º BBM HORIZONTES
anual de 80 a Ativo dos 7 32 horas associaçõe Atas de
(implantado
100 pessoas anos por s formatura/
em 2009)
semestre (APARU, Semestre
APAE, etc).
Jornais e
televisão

Ativo, porém
ainda não Imprensa
BOMBEIRO 90 horas Registro
iniciou os local
MIRIM Ativo / 30 alunos 7 a 13 totais interno na
6º BBM trabalhos em jornais,
(implantado por semestre anos 3x/semana Cia
2016, estão rádios e
em 2015) com 3h/dia Escola
em processo televisão
de seleção
Ofícios e
definição,
BOMBEIRO na
Inativo/ 50 156 horas Registro
MIRIM 09 a 13 prefeitura,
pessoas durante Inativo totais interno da
(implantado anos de crianças
o período ativo 2x/semana B/5
em 2012) em
situação de
risco
7º BBM
BOMBEIRO
Reds
NAS
Ofícios, relativo
ESCOLAS/ Inativo/
rádio, ao
CONCURSO Implementação 8 a 12
Ativo ______ televisão e desloca-
DE REDAÇÃO 10.000** alunos; anos
contato mento e
E DESENHO 2015 - 4000;
telefônico agenda
(implantado
interna
em 1999)
BOMBEIRO
320 horas
MIRIM 9 a 14 Não Não
Ativo Ativo 2x/semana
(implantado anos informado informado
4h/dia
em 2012)
8º BBM BOMBEIRO
NAS
Não Não Não Não Não
ESCOLAS Ativo
informado informado informado informado informado
(implantado
em 2014)
BOMBEIRO Palestras
Reds e
NAS Ativo/ 5.090 totalizando Envio de e-
9 a 11 ficha de
9º BBM ESCOLAS pessoas de Ativo aproximada mail para
anos controle
(implantado 2012 a 2015 mente 384 as escolas
da B/5
em 2012) horas/ano
107

Concurso De
Desenho e 6 a 14 Cartazes
Ativo / Todas as
Poesia – anos de
crianças da rede
Bombeiro Meu divididos divulgação Arquivos
9º BBM pública Ativo ______
Super Herói em níveis e envio de na B/5
municipal de
De Verdade de e-mail para
Varginha
(implantado avaliação as escolas
em 2008)
BOMBEIRO Ficha de
2 ciclos por
MIRIM Ativo/ 80 8 a 14 Televisão e matrícula
Ativo ano
(implantado crianças por ano anos Rádio das
(semestral)
em 2008) crianças
10º BBM
Ficha de
GOLFINHO
Ativo/ 80 8 a 14 2 ciclos por Televisão e matrícula
(implantado Ativo
crianças por ano anos ano Rádio das
em 2008)
(semestral) crianças
1ª Não Não Não Não Não
Não informado Não informado
Cia Ind. informado informado informado informado informado
Não executa
nenhum tipo ______ ______ ______ ______ ______ ______

de atividade
Cia Ind.
até a data da
pesquisa
Não executa
nenhum tipo ______ ______ ______ ______ ______ ______

de atividade
Cia Ind.
até a data da
pesquisa
Divulgação
GOLFINHO Ativo/ 142 Ativo Lista de
entre os
(implantado pessoas Previsão de Anual frequênci
órgaos de
em 2010) atendidas de 10 pessoas Quintas a dos
segurança
2010 a 2015 atendidas alunos
pública
BOMBEIRO Rádio,
Ativo/ 918 Ativo Lista de
4ª MIRIM Anual televisão e
pessoas Previsão de frequên-
Cia Ind. (implantado Segundas rede
atendidas de 120 pessoas cia dos
em 2010) e quartas municipal
2010 a 2015 atendidas alunos
de ensino
NOVOS Ativo/ 269 Ativo Lista de
HORIZONTES pessoas Previsão de Anual Radio e frequen-
(implantado atendidas de 30 pessoas Quintas televisão cia dos
em 2010) 2010 a 2015 atendidas alunos
GRUPO DE
TEATRO
PELOTÃO 193
(surgiu em Inativo/ Mais de ______ ______ ______ ______
BM/5
2001 conforme 53.000 pessoas Inativo
Resolução nº atendidas
222, de 04 de
dezembro de
2006)
Inativo Registro
Promovido
VOLUNTÁRIO aguardando 240H (05 interno de
pela
S DA liberação da vezes por controle
18 a 21 prefeitura
ABM CIDADANIA PBH / Inscritos Ainda inativo semana de notas
anos municipal
(implantado 898; Aprovados com 04 e
de Belo
em 2011 ) 637; h/dia) certifica-
horizonte
Reprovados 261 dos
Fonte: B/5 das OBM e Dados fornecidos pelo Grupo de Trabalho da Ação 2 da estratégia 3 do Plano
de Comando 2015 – 2026.
108

Com relação aos aspectos apresentados na tabela verifica-se uma oscilação na


faixa etária atendida, na carga horária de ações de mesma espécie, falta de registro
e um grande índice de inatividade. Com isso, reforça-se a conclusão sobre a
necessidade de padronização dada por Da Silva (2007) e Silva (2012). Porém, abre-
se uma ressalva sobre alguns assuntos não incluídos na tabela referentes às
peculiaridades regionais de cada unidade, como, por exemplo, a facilidade de
convênio com setores público ou privado, evidenciado por algumas unidades.

Nesse sentido, foi verificado que essa interlocução institucional é muito importante
na viabilização dos projetos. Houve unidade que justificou a inatividade ou o atraso
para o início das atividades no ano de 2016 devido ao término do convênio. Porém,
outras informaram que a viabilidade de manutenção das atividades se davam devido
essa ferramenta política.

Destaca-se nesse quesito o convênio da prefeitura de Belo Horizonte e de


Uberlândia para formulação do 'Voluntários da Cidadania', ademais do convênio
entre a empresa Piracanjuba e o Bombeiro Mirim do 6º BBM e o do 10º BBM, em
todas suas atividades com a empresa Ferrovia Centro-Atlântica. Outro, também,
importante é o acordo de cooperação mútuo entre a Cruz Vermelha e o CBMMG,
sob responsabilidade do 1ºBBM.

Pelas informações fornecidas, os convênios dão suporte financeiro e logístico, sendo


eles tanto entre o CBMMG e instituições públicas quanto instituições privadas. No
contexto deste trabalho, não foi verificado o delineamento legal para proposição
desses convênios e nem como formulá-los, sendo um aspecto importante para um
futuro estudo. Todavia, diante desse paradigma de dependência de convênios
inferiu-se uma fragilidade orçamentária para o emprego de ações educativas
perenes e de longo prazo.

Mas pelo o exposto sobre a Lei 12.608/2012 somado ao dever legal do CBMMG de
atuar em medidas de proteção e defesa civil, vislumbra-se o uso desse escopo legal,
como suporte para a atuação dessa corporação em ações educativas. Tendo esse
foco como uma linha de ação, podem-se conjecturar justificativas para investimentos
humano e capital, para o desempenho efetivo dessas ações.
109

Retornando aos dados coletados, não inseridos na tabela 12, tem-se ainda
informação sobre a falta de regulamentação das atividades, sendo que somente o
PRODINATA e o Grupo de Teatro Pelotão 193 são normatizados por resolução
interna. As demais ações não possuem uma regulamentação, apesar de utilizarem
de mecanismos internos para se operacionalizarem como ordens de serviço e
escalas.

Sobre o local de realização das treze unidades que informaram realizar alguma ação
10 delas utilizam a própria instalação do quartel como local de realização das
atividades. Das unidades que não utilizam da área do quartel tem-se a 4º Cia Ind.,
que utiliza o espaço do SEST SENAST29; o 9º BBM utiliza-se do espaço das escolas
públicas municipais e estuduais participantes das ações educativas desenvolvidas
pela unidade, ressalta-se que os alunos destaques são premiados com um dia de
atividades nas dependências do quartel; e o 7º BBM que também utiliza do espaço
escolar para o emprego dos concursos de redação e desenho.

Sobre a atuação dos militares não foi possível quantificar exatamente quantas
unidades empregam militares de maneira exclusiva ou quantas unidades atribuem
essa função como encargo. Essa informação ficou prejudicada devido às falhas
apontadas na metodologia e a falta de tempo hábil, para insistir na obtenção desses
dados. Quanto aos recursos utilizados variou-se muito conforme a atividade
exercida. Nas atividades aquáticas, por exemplo, foram citados prancha de natação,
'macarrão', argolas, palmar, raias, entre outros. No Bombeiro Mirim e 'Voluntários da
Cidadania' foram apontados o uso de material de escritório, como papel, lápis,
caneta, material de APH, equipamentos de combate a incêndio, notebook e projetor.
Já no Bombeiro nas Escolas, tem-se, principalmente, o uso de notebook e projetor.

Por fim, ressalta-se que esse estudo não atingiu por completo seu objetivo, pois pela
incipiência e abrangência dessa pesquisa, não se conseguiu aprofundar nos
aspectos pretendidos. Todavia, ela abre portas para futuros estudos comparativos,
tendo os erros cometidos como base para seu aprimoramento.

29
O Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte (SENAT)
110

7.4 Análise das respostas obtidas por meio de questionário

A coleta de dados foi iniciada no dia 6 maio de 2016 até o dia 18 do mesmo mês,
sendo que o acesso ao link foi de forma ininterrupta. Foram coletados ao final do
período descrito acima 1.006 (mil e seis) respostas. Entretanto, antes de se iniciar a
análise do questionário, como ressalvado na descrição metodológica, será feita uma
descrição da amostra pesquisada.

A população do CBMMG é composta por oficiais e praças do quadro de


combatentes e especialistas. A maior parcela dos militares do CBMMG são os
praças combatentes, seguido dos oficiais combatente, depois por praças
especialistas e, por fim, por oficiais especialistas. Segundo a DRH/2, entre militares
da ativa e reconvocados, o CBMMG detém um total de 6.088 militares.

Em que pese à distribuição dos questionários, dos 6.027 militares que possuem
cadastro no e-mail institucional e que, consequentemente, receberam o link da
pesquisa, somente 4.749 já fizeram o primeiro acesso ao e-mail, fato que simboliza
a relativa efetivação do uso desse mecanismo de comunicação. Devido a esse fator,
como descrito na metodologia, limitou-se ainda mais o universo estudado.

Outro ponto, de suspeição de validade da pesquisa pode estar ligado a circunstância


de se usar o e-mail. Segundo, Vieira (2009) a utilização de determinados meios de
comunicação pode influenciar nos resultados obtidos. Olhando por esse aspecto, a
forma de pesquisa utilizada poderia ter dado um direcionamento a participação de
militares que tenha mais familiaridade com o e-mail institucional ou dificultou a
participação de militares que não tem acesso a internet.

Porém, devido à nova regulamentação do uso do correio eletrônico padronizado pelo


CBMMG e o fato de todas as unidades possuírem acesso a internet, infere-se uma
menor interferência desse fator, podendo dizer que, devido ao envio do questionário
a todos, os militares possuidores do e-mail teriam o livre acesso ao questionário.

No que concerne à amostra, há uma conexão direta com a população estudada, a


despeito de estar limitada aos militares com o primeiro acesso ao e-mail. Além disso,
apesar de não se poderem aplicar medições de estatísticas que explicitam
confiabilidade, devido ao caráter não probabilístico da escolha da amostra, pode-se
111

afirmar que a amostra é válida, pois seu volume representa quase um sexto (16%)
da população total (6.088) do CBMMG e mais de 20% da amostra real (4.749),
aspecto corroborado pela análise da tabela de determinação de amplitude de
amostra usado no capítulo de metodologia.

Após essa explanação inicial tem-se, a seguir, a análise das respostas obtidas.

Nada obstante de já ter apresentado subsídios importante para a validação da


pesquisa, vale-se das respostas das questões nº 1 e 2, para dar continuidade à
descrição da amostra. De acordo com o que foi afirmado sobre a participação de
todo o escopo funcional do CBMMG, aponta-se, por meio dos gráficos a seguir à
participação de militares de todos os postos/graduações distribuídos nas mais
diversas unidades do CBMMG.

Gráfico 2 – Distribuição dos militares participantes da pesquisa em posto/graduação

Fonte: elaborado pelo autor


112

Gráfico 3 – Distribuição da alocação dos militares nas principais unidades do


CBMMG

100 93 92
nº de pessoas/unidade
90
80 70 73
70 64 61 61
60 56
50 41 41 40
40 33 31 35 35
30 26
18 16 21 16 18
20 13 10 10
9 8
10 4 5 6
0

6º COB
BOA

5º COB
4º COB
3º COB
2º COB
1º COB
COMBOM

ABM
4º Cia Ind.
3º Cia Ind.
2º Cia Ind.
1º Cia Ind.

Centros
Outras

9º BBM
8º BBM
7º BBM
6º BBM
5º BBM
4º BBM
3º BBM
2º BBM
1º BBM

Diretorias
EMBM
BEMAD

10º BBM

CMDO/ADJ GERAL
Fonte: elaborado pelo autor.

Quanto a percepção interna dos militares a respeito dos preceitos de proteção e


defesa civil apontados neste trabalho, buscou-se inferir através da questão nº 3, o
entendimento dos militares do CBMMG quanto à compreensão do pertencimento de
um curso de primeiros socorros e atividades afins a esses conceitos. Em resumo,
89,2% dos militares responderam que entendem esse tipo de atividade como uma
ação de proteção e defesa civil, sendo todas respostas representadas no próximo
gráfico:
113

Gráfico 4 – Percentual de entendimento dos militares quanto cursos aos básicos de


primeiros socorros, para crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio
corresponder a uma ação de proteção e defesa civil

3,7%

7,20%

SIM

NÃO

Sem oponião definida sobre o


assunto

89,2%

Fonte: elaborado pelo autor.

A questão nº 4 pretendeu abstrair o conhecimento sobre a expressão defesa civil,


buscando verificar certo grau de validade das respostas sobre a questão de número
três. Diante do gráfico a seguir, verifica-se que 73,7% dos militares estão em
consonância com parcela do referencial teórico abordado sobre defesa civil, no
sentido de que ela não é simplesmente um órgão, mas sim um conjunto de ações.

Ressalta-se que essa definição foi tirada do Decreto 7.257/2010, sendo esse
conceito já atualizado e ampliado pela Lei 12.608/12, conquanto ele, ainda, resume
de maneira satisfatória o significado do termo defesa civil. Pode-se verificar ainda
que 23,5% dos respondentes entendem que defesa civil é um órgão, dado
importante ao ser somados aos dados referentes às questões de nº 5 e 6.
114

Gráfico 5 – Entendimento dos militares do CBMMG sobre o termo Defesa Civil

Fonte: elaborado pelo autor

A questão nº 5 visou primeiramente verificar o número de militares que já receberam


algum treinamento de proteção e defesa civil, tanto no âmbito interno e externo. Em
segundo plano serviu, para aferir o grau de representatividade que as respostas das
questões nº 3 e 4 no que diz a um verdadeiro entendimento das alternativas
selecionadas.

Quanto as respostas apurou-se que 65,4% dos participantes já tiveram alguma


capacitação sobre defesa civil, sendo que 34,6% disseram que ainda não tiveram
treinamentos a respeito dessa temática. Nesse sentido, infere-se uma certa
confluências com as respostas das questões de nº 3 e 4, justificando o correto
alinhamento das respostas, pela recebimento de treinamento por parte desses
militares. Resumindo as respostas da quinta questão tem-se o gráfico a seguir:
115

Gráfico 6 – Percentual de militares do CBMMG treinados com relação à proteção e


defesa civil

Fonte: elaborado pelo autor.

Fechando o aspecto de verificação sobre a proteção e defesa civil, aplicou-se a


questão nº 6 para verificar o conhecimento dos militares a respeito da Lei 12.608/12.
Dos participantes da pesquisa, 60,6% disseram não conhecer essa lei. Confrontando
esse dado com a questão 5, principalmente, pode-se verificar que quando 65,4%
dos militares afirmam ter tido algum treinamento, quase que uma mesma
porcentagem afirma não conhecer a lei 12.608/12, que fundamenta o novo
paradigma de proteção e defesa civil. Em síntese, pode-se inferir uma necessidade
de atualização dos militares sobre o conteúdo dessa lei, entendimento corroborado
pelo fato 34,6% ainda não ter tido nenhum forma de capacitação nessa temática.

Nesse aspecto, ainda retoma-se ao assunto tratado no tópico sobre a capacitação


dos militares quanto às práticas educativa, salientando que é recente o ensino dessa
disciplina nos cursos de formação do CBMMG, sendo que, por exemplo, no caso do
CFS a inserção desse conteúdo se deu nesse ano corrente.

Resumindo a apuração da questão de nº 6 interpõe o seguinte gráfico:


116

Gráfico 7 – Percentual de militares que conhecem a Lei 12.608/2012

39,40%

SIM
NÃO
60,60%

Fonte: elaborado pelo autor.

Ainda no quesito capacitação, a questão nº 7 almejou verificar o conhecimento dos


militares sobre a existência e conhecimento do curso Bombeiro Educador
disponibilizado pela SENASP. Como pode ser verificado no gráfico abaixo, 54% não
conhece nem ouviu falar sobre esse curso:

Gráfico 8 – Grau de contato, visibilidade e conhecimento do curso Bombeiro


Educador

Fonte: elaborado pelo autor.


117

Com relação ao resultado do gráfico anterior, devido a representatividade do


conteúdo desse curso, para os militares que trabalham em ações educativas,
vislumbra-se uma divulgação mais ampla, por parte da corporação, com relação a
data de matrícula e períodos de disponibilidade desse curso. Chama-se atenção,
ainda, para a existência de muitos outros assuntos aplicados à profissão bombeiro
militar, como o curso Psicologia das Emergências, Busca e Salvamento em
Estruturas Colapsadas, nível leve e Condução de Veículos de Emergência.

Sobre as ações educativas estudadas, pretendeu-se por meio da questão nº 8


verificar o conhecimento dos próprios militares a respeito delas, pelo fato de serem
desempenhadas de forma bem diversificada em todo Estado. Com o gráfico abaixo,
verifica-se que as três atividades mais conhecidas são os cursos de primeiros
socorros/APH, em seguida o Bombeiro Mirim e, em terceiro lugar, o PRODINATA.

Gráfico 9 – Visibilidade interna das ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG

Fonte: elaborado pelo autor.


118

O objetivo da questão nº 9 foi gerar valores qualitativos e preditivos sobre assuntos


que deveriam ser abordados com crianças e adolescentes com vistas aumentar a
percepção de risco e reduzir acidentes.

Para a escolha dos assuntos, baseou-se em Lima (2006, p. 93), o qual aplicou a
seguinte lista para o conteúdo programático do curso 'Agente Mirim de Defesa Civil':

Conhecendo a Defesa Civil; Voluntariado; Defesa Civil na Escola; Plano de


Evacuação em caso de Emergência; Defesa Civil na Comunidade; Lar
seguro; Acidentes Domésticos; Autoproteção; Primeiros Socorros; Fogos
de Artifício e Balões; Acidentes de Trânsito; Período da Chuva; e Período
da Seca.

Além desse autor, baseou-se também na pesquisa de Dos Santos (2009), que
pesquisou quais eram os temas de prevenção mais recorrentes entre os bombeiros
militares do Brasil, sendo entrevistadas 19 corporações, incluindo o CBMMG. Em
sua pesquisa, revelou que a prevenção a incêndios domésticos, primeiros socorros e
acidentes de trânsito tem maior relevância no quesito de assunto abordado pelos
corpos de bombeiros entrevistados por esse autor, como pode ser verificado pelo
gráfico abaixo:

Gráfico 10 – Temas de prevenção mais relevantes ou de maior necessidade dentro da


realidade para cada corporação

Fonte: Dos Santos (2009)

Porém, de forma diferente de Dos Santos (2009), pretendeu-se verificar a opinião


dos participantes na pesquisa quanto à viabilidade de trabalhar os assuntos contidos
119

no gráfico a seguir com crianças e adolescentes do ensino básico (fundamental e


médio), objetivando o aumento da percepção de risco e a redução de acidentes.

Gráfico 11 – Distribuição das temáticas ou assuntos escolhidos para serem


ministrados a crianças e adolescentes objetivando o aumento da percepção de risco
e a redução de acidentes

Fonte: elaborado pelo autor.

Com isso, foi verificado que os cinco assuntos mais selecionados foram a prevenção
de acidentes domésticos (90,6%); primeiros socorros (88,1%); prevenção a
incêndios residências (85,3%); prevenção de afogamentos (85,1%); e prevenção de
acidentes de trânsito (66,6%). Destaca-se que o quesito viabilidade, somente, não
impele força de aplicação, cabendo uma futura pesquisa, verificar a real efetividade
de determinados assuntos na promoção da percepção do risco e na redução de
acidentes, reforçando o caráter preditivo dessa questão.
120

Outro aspecto relevante, as escolhas dos militares, foi a baixa seleção dos assuntos
sobre normas de prevenção contra incêndio e pânico (7,4%), informações sobre uso
do solo, habitação e movimentos de massa (deslizamentos) (3,8%), além do próprio
tema proteção e defesa civil com apenas 24,5% de escolha, indo de encontro com
aspectos abordados no capítulo 4 desta pesquisa e objetivos da PNPDEC.

A questão nº10 pretendeu verificar a opinião de militares sobre a coordenação,


execução e fomento de práticas preventivas direcionadas a crianças e adolescentes,
com a seguinte designação sobre o uso do potencial dessa corporação na promoção
desse tipo de atividade, tomando esse potencial como um valor intrínseco ao
CBMMG. Com isso, obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 12 – Opinião dos militares sobre o uso de todo o potencial institucional na


coordenação, execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo,
direcionadas às crianças e adolescentes

3,80%

41% SIM
NÃO
Em Parte

55,30%

Fonte: elaborado pelo autor.


121

A questão nº 11 buscou entender o porquê da opinião 'não ou em parte' dada pelos


militares na questão nº 10. Em síntese, obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 13 – Motivos elencados para o CBMMG não utilizar de todo seu potencial na
coordenação, execução e fomento de práticas educativas direcionadas a crianças e
adolescente com foco na prevenção

731
80,00%

60,00% 488
470
419 405
40,00%

20,00%

0,00%
Falta de efetivo para desempenhar a função de forma exclusiva

Falta de efetivo qualificado para desempenhar essa função, mesmo que na forma de
encargo
Falta de recursos financeiros

Falta de incentivo institucional

Falta de normatização e padronização


Fonte: elaborado pelo autor.

Buscando dar subsídios ao potencial abordado na questão de nº 10 empregou-se a


questão nº 12, vislumbrando, principalmente, confrontar os motivos o não uso dese
potencial, apontado na questão nº11. Nesse sentido, foram verificadas as forças e
oportunidades, que implicam em facilidade para a atuação da corporação na
coordenação, execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo.

Verifica-se que houve um embate quantitativo entre o quesito 'falta de efetivo


qualificado para desempenhar funções relativas à prática educativa para crianças e
adolescentes, mesmo que na forma de encargo' da questão nº11; o quesito 'efetivo
qualificado para desempenhar essa função'. Que e dirimido pela questão nº 14 que
será abordada mais adiante.

Após essas inferências, pode-se verificar a compilação de escolhas dos


participantes através do gráfico abaixo:
122

Gráfico 14 – Distribuição numérica e percentual das facilidades escolhidas pelos


militares do CBMMG para a coordenação, execução e fomento de ações educativas
de cunho preventivo, direcionadas às crianças e adolescentes

Fonte: elaborado pelo autor.

A questão nº 13, da mesma forma que a questão nº 9, buscou propor valores


preditivos a um futuro estudo sobre a forma mais eficaz de atuação do CBMMG.
Destaca-se que a escolha das opções baseou-se nas atividades já realizadas pela
corporação e pela forma de trabalho dos núcleos de defesa civil.

Verificou-se pelas respostas um alinhamento entre a análise sobre abrangência das


ações Bombeiro nas Escolas, Concursos de redação, poesia e desenho com a
escolha da atuação nas escolas por mais de 70% dos militares respondentes. Esse
aspecto é importante, ao se verificar que grande parte das unidades ainda utiliza das
dependências do quartel para desenvolver ações educativas. Destarte, tem-se a
síntese das respostas referentes a essa questão:
123

Gráfico 15 – Distribuição das escolha da forma mais viável para se desenvolver


ações educativas para o público infantil

Fonte: elaborado pelo autor.

A questão nº 14 buscou verificar dois aspectos, sendo o primeiro explícito, relativo a


se o militar sente-se capacitado ou não a palestrar ou ministrar cursos a crianças e
adolescentes. Por sua vez, o segundo, implícito, no qual verificava o grau de
disponibilidade desses militares à execução dessas atividades.

Pelo somatório entre militares que se sentem e os que não se sentem capacitados,
porém têm interesse em se capacitar para atuar nessa área, têm-se os militares
disponíveis a exercer tal papel, representando 55,1% dos participantes do
questionário. Já a soma entre as respostas 'não me sinto capacitado' e 'sim, mas
não tenho interesse em atuar nessa área' representa o percentual de 44,9% dos
militares respondentes que se enquadram no quesito capacitado.

Para o entendimento dessa análise, dispõe-se do gráfico a seguir:


124

Gráfico 16 – Verificação do sentimento de capacitação dos militares do CBMMG


quanto a palestrar ou ministrar cursos com temáticas preventivas ou de preparação
à crianças e adolescentes

Fonte: elaborado pelo autor.

A análise, precedente ao gráfico, ressalta a importância da seleção dos militares que


irão desempenhar essas atividades, perpassando por pontos inerentes a motivação
e interesse, além, somente, da verificação da capacidade técnica de atuação.

Outra interpreção, é que essa pergunta reforçou o embate entre os quesitos da


questão nº 11 e 12 abordados anteriormente, deixando transparecer uma certa
debilidade na capacitação dos militares do CBMMG para execução de práticas
educativas infantis.

A última questão buscou comparar o entendimento dos militares sobre a capacidade


das faixas etárias e o embasamento teórico abordado neste trabalho. Verificou-se
um alinhamento da teoria de Piaget com a opinião dos militares do CBMMG,
destacando-se a escolha de 40,5% da faixa de 7 a 11 anos, a qual representa o
estágio do pensamento operatório-concreto, onde se dá o início das aplicações de
operações lógicas a experiências no aqui agora. De acordo com Gallo e Alencar
125

(2012), a flexibilidade mental dessa fase, também, permite-lhes a compreensão dos


jogos de regras variadas, sendo esta a expressão lúdica maior do ser socializado.
Tem-se, também, que um valor relevante de 30,7% deu-se pela escolha de todas as
faixas etárias, que se somado ao valor anterior daria acumulado percentual de
71,2%. Nessa mesma analogia, o valor acumulado de 56,2% na faixa etária de 12 a
15 anos, também, teria um destaque positivo. Outras inferências podem ser tiradas
através do gráfico abaixo:

Gráfico 17 – Opinião dos militares sobre a faixa etária mais interessante para se
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes

Fonte: elaborado pelo autor.

Com relação às faixas etárias citadas, segundo os conceitos abordados de Piaget,


deve se atentar para empregar cada conteúdo conforme as características de cada
grupo, devido ao seu desenvolvimento cognitivo.
126

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao introduzir este trabalho monográfico, partiu-se de uma condição de vivência


geral, tomando-a como uma premissa basilar e conhecida e, por esse fato, não se
pretendeu descrevê-la. Sendo assim, seguindo a ordem dos capítulos do referencial
teórico, tem-se que o CBMMG é uma instituição centenária com uma vasta história
que envolve superação e resignação. Pode-se verificar o surgimento, em seu seio,
do sentimento prevencionista positivado em meados da década de 1950 pela
criação do dia 2 de Julho e da Semana da Prevenção. Com o passar dos anos, a
corporação evoluiu sua atuação nessa área sendo um exemplo nacional na
aplicação da legislação contra incêndio e pânico. Porém, ressaltou-se que,
culturalmente, ainda se vislumbra uma condição contrária à segurança global da
população.

Pela verificação legal e os apontamentos sobre as funções dos corpos de


bombeiros, posteriormente, do CBMMG, constatou-se o aparecimento, em diversos
níveis normativos o dever e competência em coordenar e executar ações de
[proteção] e defesa civil. Em consonância com a positivação legal, tem-se missão
institucional do CBMMG, onde, também se trabalhou as perspectivas futuras para a
corporação no que tange essa temática e as ações educativas, percebendo-se uma
preocupação formalizada da instituição com relação sobre o assunto. Diante dessas
inferências, constata-se o cumprimento do primeiro objetivo específico, que se
propôs a descrever o CBMMG histórica e legalmente, além do campo estratégico.

No segundo capítulo, pode-se constatar que o surgimento da defesa civil se deu


com o ser humano e sua característica de ser social. Porém, a formalização desse
tema no Brasil passou por vários momentos de altos e baixos, sendo que no última
década sob influência internacional o país deu um salto conceitual e legal sobre
essa temática, mudando conceitos e até a denominação passando a se chamar
proteção e defesa civil. Esse marco legal foi a Lei 12.608/2012, citada em quase
todos os pontos deste trabalho.

Nesse sentido, pode-se atribuir a ela um novo norte a atuação do CBMMG, que por
suas características abrangentes, se enquadra em diversas fases das políticas e dos
objetivos dessa lei sobre proteção e defesa civil. Outra mudança importante foi a
127

inserção desse assunto como obrigatório no ensino fundamental e médio, sendo


esse ponto crucial para o delineamento do problema da pesquisa.

Devido à nova roupagem dada pela lei 12.608/2012, o segundo capítulo deixou
algumas questões em aberto quanto ao significado e a conceituação de algumas
palavras por ela apresentada. Com isso, imbuiu-se no terceiro capítulo de discutir
algumas das principais terminologias dessa lei, dando uma maior amplitude no que
essa formulação legal trouxe ao enfrentamento do risco do desastre, sendo essas
características tratadas na atualidade como novo paradigma da proteção e defesa
civil.

Buscou-se, neste capítulo, deixar clara a cisão da redução do risco de desastre em


duas fases: a gestão do risco de desastre e a gestão do desastre, positivado lei
12.608/2012, respectivamente, como prevenção, preparação e mitigação, na
primeira fase e recuperação e reconstrução na segunda fase. A partir desse ponto,
pretendeu-se relacionar as características sobre a atuação do CBMMG, com esse
novo paradigma, sendo apresentadas algumas denominações complementares,
como a relação do período de normalidade e anormalidade; e a inserção da
expressão ocorrência evitável.

Somado a disso, foram exemplificados vários dados referentes a desastres e


acidentes, sendo ambos capazes de resultar numa preocupação clara, para os
órgãos envolvidos, dando-se destaque ao CBMMG. Com base na campanha do
PNUD, vislumbrou-se a aplicação da redução do risco de desastre para qualquer
forma de risco, seria capaz de poupar, não só dinheiro, mas também vidas e bens.

Ressaltou-se, que para essa identificação dos riscos, deve se apoiar nas
características locais da unidade de bombeiro, verificando também os números
referentes às ocorrências recorrentes e sazonais desta região. A partir desse ponto,
o CBMMG dentro de sua esfera de competência deve atuar em consonância com
outros agentes de proteção e defesa civil, para exercer seu papel de na GRD, de
maneira amplificada, além do risco de desastre, agindo sobre qualquer forma de rico
identificável.

Sobre as esferas educativas almejou sair de um campo macro do termo educação


até a verificação da capacidade dos militares do CBMMG, quanto essa atuação.
128

Primeiramente, vislumbrou-se abordar o papel do estado na educação, depois


passando por exemplos da atuação de entes públicos ou privados no auxílio dessa
tarefa, que foi atribuída tanto ao estado e a família. Enfim, retomou-se a lei
12.608/2012 fazendo um paralelo com atuação do CBMMG.

Nesse paralelo se tem um dos pontos cruciais desta monografia, que se iniciou no
fim do segundo capítulo, até chegar à inferência de que a atuação do CBMMG em
projetos sociais ou de responsabilidade social, então agora positivado no que tange
a promoção da incorporação dos preceitos de proteção e defesa civil no ensino
fundamental e médio. Ressaltou-se nesse pensamento, que não visa suprimir as
características existentes e seculares da corporação, mas dar a ela um novo norte
as essas práticas sociais, que pela imposição da Lei 12.608/2012 agora podem ser
tratados, também, como ações educativas.

Sobre o ensino fundamental e médio, verificou-se que eles estão inseridos no que se
chama de ensino básico. Constatou-se que nesse ramo da educação brasileira o
CBMMG tem terreno fértil para sua atuação, pois como descrito nos preceitos legais,
é onde o estado intenta, junto da família, formar valores básicos da vida em
sociedade. No que tange a fase da infância pode-se se constatar que, segundo
preceitos de Piaget, a criança passa por estágios de desenvolvimentos cognitivos,
sendo esses marcados por momentos diferenciados de consecução de experiências,
hábitos e respostas. Com isso a fase da infância tem sua relevância em consolidar
aprendizados que são carregados ao longo da vida.

Sobre a capacitação dos militares do CBMMG pode-se considerar que os militares


formados no CFO, CFS e no CHO, indiretamente, recebem uma capacitação,
mesmo que básica em didática e proteção e defesa civil. Além disso, nesses cursos
são trabalhados de forma mais complexa as disciplinas abordadas no CFSd,
ressalvada a disciplina de APH que tem a mesma ementa e carga horária. Com isso,
inferiu-se pela formação mais básica do CFSd que estes podem atuar na área da
educação como auxiliares ou de maneira coordenada por sargentos ou oficiais.
Considerou-se, também, que essa capacitação dada somente pelos cursos de
formação poderia não ser suficiente para uma atuação coerente e eficaz em ações
educativas, devido à grande variedade de assuntos e de público. Com isso,
129

apresentou-se o curso Bombeiro Educador, oferecido pela SENASP, como uma


alternativa para essa capacitação.

Através do capítulo principal desta monografia, pode-se responder à hipótese


proposta, a qual se verificou a atuação do CBMMG de diversas facetas de ações
educativas. Porém, no que tange à caracterização de preceitos de proteção e defesa
civil, não estão de forma explícita na descrição de todas as atividades. Porém,
através do embasamento teórico trabalhado, podem-se identificar vários preceitos
da fase da gestão do risco de desastre, sendo eles caracterizados por conceitos
ligados, principalmente, à prevenção e à preparação. Em segundo plano, discutiu-se
a relativização do uso dos termos projetos sociais ou responsabilidade social,
buscando propor ampliação para a expressão ação educativa, que trabalhada no
quinto capítulo demonstrou-se capaz de dar uma maior impulsão à execução ou
colocação dessas ações em prática.

Após a descrição das ações educativas, por meio da análise dos dados coletados,
verificou-se que cada unidade executa determinadas atividades, de acordo com
suas interações institucionais com órgãos públicos e privados, por meio da criação
de convênios. No que tange à capacidade de cobertura populacional, teve destaque
o Grupo de Teatro Pelotão 193, o Teatro da Turma do Foguinho, os concursos de
redações, poesia e desenho e o Bombeiro nas Escolas. O destaque para esse
último se deu por seu enfoque mais formal à prevenção.

No que tange às atividades de preparação, estas possuem uma abrangência menor,


porém impulsionam um ganho qualitativo a respeito do conteúdo. Teve destaque
nesse quesito o Bombeiro Mirim, o Voluntários da Cidadania, os cursos de primeiros
socorros e todas as atividades aquáticas (PRODINATA, o Projeto Golfinho, Bom na
Água e de Bem com a Vida). Já o projeto Novos Horizontes além de sua
característica de preparação e se torna uma ação de inclusão social de relevância.

Sobre aspectos da dependência de convênios, verificou-se uma fragilidade, pois,


caso haja a cessação da prestação pela outra parte, as unidades relataram não
conseguir dar andamento nas ações. Sobre a forma de registro empregado a essas
ações, verificou-se que a maioria das unidades não usa o REDS, empregando
130

mecanismos de arquivo interno, reduzindo a viabilidade de um estudo mais


aprofundado sobre as consequências/legado deixado por essas ações.

Sobre o aspecto metodológico, ressalta-se que uma pesquisa in loco seria mais
fidedigna, pois os dados fornecidos não tiveram sua comprovação in situ. Porém,
ressalta-se que os dados disponibilizados foram de grande valia para análise das
ações educativas de cada unidade operacional de maneira individual e comparativa.

Com relação à utilização do questionário, esse mecanismo de pesquisa foi


importante para verificar, dentro da população amostrada do CBMMG, aspectos que
reforçassem a verificação da hipótese. Desse modo, apesar de as ações educativas
em sua descrição não carregarem de forma clara a aplicação da proteção e defesa
civil, por meio do questionário vislumbrou-se um entendimento de que as ações
educativas ou projetos sociais correspondem sim a ações de proteção e defesa civil.

Porém, mesmo tendo constatado que uma grande parcela da amostra pesquisada
tem um entendimento condizente com o significado de proteção e defesa civil, há
uma grande parcela que ainda não tem conhecimento da lei 12.608/2012.

Outro ponto relevante foi a constatação, segundo a opinião dos respondentes do


questionário, de que o CBMMG não utiliza ou utiliza em parte do seu potencial na
coordenação, execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo
direcionadas a crianças e adolescentes. Isso pode caracterizar um ponto positivo
para a corporação, pois, diante das ações educativas já realizadas, inferiu-se que os
participantes da pesquisa acreditam que o CBMMG tem uma capacidade ainda
reprimida. Isso pode ser reforçado pela escolha dos fatores dos facilitadores como o
alto grau de aprovação social e a aceitação das ações educativas por parte da
população.

No que circunda a pesquisa sobre educação infanto-juvenil, atrelada a preceito de


proteção e defesa civil, pode-se afirmar que esta pesquisa é muito pequena diante
da vastidão dessa temática. Porém, pontos relevantes são destacados para futuras
pesquisas, como por exemplo: a relação dessas ações educativas com a redução de
índices de acidentes e desastres a curto e longo prazo; a relação entre a difusão de
preceitos de proteção e defesa civil e a mudança cultural frente às situações de
131

risco; a análise da expectativa da população, de uma determinada área, sobre esse


tipo de atuação do CBMMG; entre outros assuntos.

No que tange a falhas dessa pesquisa, pode-se atribuí-las ao enfoque dado ao


bombeiro como educador, sem vislumbrar a capacitação de professores para a
difusão de preceitos de proteção e defesa civil de maneira transversal, visando à
promoção da percepção do risco.

Destarte, salienta-se que outras inferências poderiam permear este capítulo de


considerações finais, porém trabalharam-se as mais relevantes, sendo que muitas
outras estão contidas no próprio corpo do trabalho. Por fim, reforça-se que essa
pesquisa apesar de incipiente, corresponde a uma temática muito relevante para a
sociedade como um todo. Por isso, não se teve como objetivo exaurir o tema
proposto, mas fornecer subsídios para novas pesquisas.
132

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Ensino Profissional do Corpo de Bombeiros Militar (DEPCBM), e dá outras
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implantação, padronização e utilização e-mail institucional no CBMMG. Resolução
Nº 651, de 11 de Fevereiro de 2016. Belo Horizonte, 2016c.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS. Eleva a Academia de


Bombeiro Militar à condição de Unidade de Direção Intermediária, absorve as
atribuições da Diretoria de Ensino e altera a Resolução nº 644 de 17 de novembro
de 2015, que aprova o Quadro de Organização e Distribuição - QOD e o
Detalhamento e Desdobramento do Quadro de Organização e Distribuição
(DDQOD) do CBMMG. Resolução Nº 645, de 25 de Novembro de 2015. Belo
Horizonte, 2015d.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS. Revoga a Resolução 394,


de 28 de dezembro de 2010 e Aprova e Institui o Plano Estratégico do Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais para o período 2014-2024. Resolução 572, de
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UNITED NATIONS INTER-AGENCY SECRETERIAT OF INTERNATIONAL


STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION. Terminology on Disaster
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<http://eird.org/esp/educacion2/files/7817_UNISDRTerminologyEnglish.pdf>. Acesso
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VIEIRA, Sonia. Como Elaborar Questionários. São Paulo: Atlas S.A., 2009. 159 p.
140

APÊNDICE A – Ofício para coleta de dados nas seções B/5 das OBM

ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR

Ofício nº 3404/2016 – Corpo de Alunos I – Oficiais

Assunto: Disponibilização de dados das B-5 das sedes dos Batalhões de


Bombeiros

Anexo: Conteúdo da planilha em formato de tabela

Belo Horizonte, 03 de maio de 2016.

Senhor Comandante,

Tendo em vista a necessidade de realizar uma pesquisa para a


monografia, do nº 161.388-4, Cad BM, Matheus Felipe Cimino Mota Rocha, solicito a
disponibilização de dados das seções de B-5, através do preenchimento de uma
planilha do Excel padronizada, com limitação das informações pedidas. Apesar do
conteúdo da planilha está em anexo, o discente enviará o documento 'padrão' às
respectivas seções, para isso o mesmo poderá fazer um contato prévio para dirimir
qualquer dúvida e confirmar o recebimento.

Solicito ainda, que os dados sejam transcritos no documento


disponibilizado pelo discente e reencaminhado via o e-mail abaixo:

 matheus.rocha@bombeiros.mg.gov.br

Respeitosamente,

Erlon Dias do Nascimento Botelho, Tenente Coronel BM (a)


Respondendo pelo Comando da ABM
141

ANEXO – OFÍCIO N. 3404/2016 – ABM

NOME UNIDADE Informar unidade onde ocorre a ação/atividade.


OPERACIONAL
Informar o nome da ação educativa ou de responsabilidade
NOME DA AÇÃO EDUCATIVA/ social. Caso seja possível ou existente favor encaminhar a
ATIVIDADE DE
ementa do curso ou conteúdo pragmático ou qualquer
RESPONSABILIDADE SOCIAL
documento que explique o desenvolvimento da atividade/ação
Informar entre a situação de ativo ou inativo, além da data de
SITUAÇÃO
implantação e de paralisação.
REGULAMENTAÇÃO DENTRO Informar se existe alguma regulamentação interna, ordem de
DO CBMMG serviço ou normas expedidas pelo comandante da unidade.
Informar o número de pessoas atendidas de três maneiras.
Nº DE PESSOAS ATENDIDAS Durante o período ativo desde a implementação, durante o
NO PERÍO DE UM ANO período ativo de 2015 (se houver) e durante o período ativo de
2016 ( se houver)
Informar o nº de militares envolvidos, classificando-os entre
Nº DE MILITARES
atuantes como encargo ou de forma exclusiva.
ENVOLVIDOS

Informar as formas de recursos, além da mão de obra dos


RECURSOS militares envolvidos. Informar os materiais utilizados. Ex:
equipamentos de mídia, cartilhas, etc.

Informar a existência de convênio que viabiliza ou auxilia a


CONVÊNIO
existência da ação/atividade.
Informar o local de realização. Ex: área da unidade BM, escolas
LOCAL DE REALIZAÇÃO
da rede municipal, etc.
Informar a duração dos cursos e de quanto em quanto tempo
PERIODIZAÇÃO
ele acontece (ciclos).
Informa dentre as formas abaixo quais são utilizadas para a
divulgação das ações/atividades. Obs: essa divulgação é relativa
FORMA DE DIVULGAÇÃO
ao chamamento do público a participar da atividade. Ex: rádio,
televisão, internet, ofícios, outros.
Informar a existência de registro. Ex: REDS, fichas de
FORMA DE REGISTRO
catalogação e outros.

Erlon Dias do Nascimento Botelho, Tenente Coronel BM (a)


Respondendo pelo Comando da ABM
142

APÊNDICE B – Ofício para envio do questionário via e-mail institucional

ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR

Ofício nº 3403/2016 – Corpo de Alunos I - Oficiais

Assunto: Disponibilização de contatos de e-mail dos militares do CBMMG.

Belo Horizonte, 03 de maio de 2016.

Senhor Tenente Coronel BM, Chefe do CTS


Tendo em vista a necessidade de realizar uma pesquisa para a
monografia, do nº 161.388-4, Cad BM, Matheus Felipe Cimino Mota Rocha, solicito a
disponibilização dos endereços de email de todos os militares do CBMMG, para o
envio de um questionário online através da plataforma 'Google Formulários'.
O processo partirá com o envio dos questionários do e-mail institucional
do solicitante para os e-mails institucionais dos militares do CBMMG. Saliento que,
sem essa ferramenta de correio eletrônico institucional, o desenvolvimento desse
formato de pesquisa se torna inviável devido ao elevado número de militares, mas a
utilização dessa ferramenta em conjunto com o questionário online torna esse tipo
de pesquisa muito ágil e segura, facilitando também a contabilização e o registro.

Informa-se ainda que, somente, será disponibilizado um link de acesso ao


questionário por militar em seu respectivo e-mail institucional e não haverá
necessidade de identificação. Ressalta-se que em nenhum momento o pesquisador
terá acesso a alguma informação pessoal dos participantes, a não ser o contato do
e-mail institucional.

Diante do exposto, reforça-se o pedido de disponibilização dos contatos


de email dos militares do CBMMG, e que os mesmos sejam compilados e fornecidos
no formato digital ao discente, através do seguinte email.

 matheus.rocha@bombeiros.mg.gov.br
Atenciosamente,

Erlon Dias do Nascimento Botelho, Tenente Coronel BM (a)


Respondendo pelo Comando da ABM
143

APÊNDICE C – Cópia do e-mail enviado a amostra

Prezado(a) Senhor(a),

Meu nome é Matheus Felipe Cimino Mota Rocha, sou Cadete do Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais, e atualmente encontro-me realizando o Curso de Formação de Oficiais (CFO), na
Academia de Bombeiros Militar (ABM).

No momento estou produzindo um trabalho monográfico com o tema referente às ações educativas
desenvolvidas pelo CBMMG direcionadas para crianças – uma análise com ênfase em Proteção e
Defesa Civil.

Autorizado e apoiado pelo comando da ABM, em consonância com o ofício nº 3403/2016-ABM


GOSTARIA DE CONTAR COM VOSSA VALIOSA COLABORAÇÃO, NO SENTIDO DE RESPONDER ÀS
PERGUNTAS CONTIDAS NOLINK ABAIXO. Ressalta-se o caráter impessoal e sigiloso da pesquisa, onde
não será necessária identificação pessoal do militar participante. O questionário possui apenas 15
questões objetivas, o tempo em média para responder o questionário é de 10 minutos. Demais
informações estão contidas no questionário.

CLIQUE NO LINK: https://docs.google.com/forms/d/1Ysfgvi_N0TqVw-


yWuH6tGn3Apiak8f7LLXsc1MqPZFs/viewform

Somente será aceito uma resposta por participante.

As informações serão oportunas até o dia 18 de maio de 2016.


Na certeza de vossa colaboração, antecipadamente agradeço, deixando à disposição me endereço
para contato: Telefone (32) 99198-1995 / matheus.rocha@bombeiros.mg.gov.br

Respeitosamente,

Matheus Felipe Cimino Mota Rocha, Cad BM

REMETIDO POR:

Cap BM Carolina
"Para que os outros possam viver"

Ana Carolina Nunes de Oliveira, Capitão BM


CENTRO DE TECNOLOGIA E SISTEMAS
(31) 3379-3638
144

APÊNDICE D – Cópia física do questionário aplicado

QUESTIONÁRIO REFERENTE À PESQUISA MONOGRÁFICA APLICADO AOS


MILITARES DO CBMMG

Antes de iniciar o preenchimento desse questionário, deve-se levar em consideração


que o objetivo dessa pesquisa monográfica é analisar as ações educativas,
direcionadas para as crianças e adolescentes, que são desenvolvidas e executadas
pelo CBMMG. Cabe ressaltar que o caráter desse questionário é sigiloso e visa ser
crítico, imparcial e científico.
Desde já agradeço sua participação. Saiba que seu retorno é de suma importância
para verificar os resultados pretendidos nessa pesquisa.
Por gentileza, preencha os campos a seguir, não se esqueça de CLICAR EM
ENVIAR:
1- Qual é a unidade do CBMMG que o senhor (a) pertence?

___________________________________________________________________

2- Qual é o seu posto/graduação?

___________________________________________________________________

3-Se o CBMMG disponibilizasse, rotineiramente, cursos básicos de primeiros


socorros, para crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, o
senhor (a) entenderia esses cursos como uma ação de proteção e defesa civil?

(__) Sim (__) Sem opinião definida sobre o assunto

(__) Não

4-Marque dentre as opções abaixo qual a definição melhor representa seu


entendimento sobre o termo Defesa Civil:

(__)Defesa civil é um conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e


recuperativas destinadas a evitar desastres e minimizar seus impactos para a
população e restabelecer a normalidade social.

(__)Defesa Civil é um órgão que executa ações preventivas, de socorro,


assistenciais e recuperativas destinadas a evitar desastres e minimizar seus
impactos para a população e restabelecer a normalidade social.

(__) Sem opinião definida sobre o assunto

5-O senhor (a) já recebeu algum treinamento, no âmbito interno ou externo,


sobre proteção e defesa civil?

(__) Sim (__) Não


145

6-O senhor (a) conhece a lei 12.608/12 que Institui a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção
e Defesa Civil SINPDEC e dá outras medidas?

(__) Sim (__) Não

7-O senhor (a) conhece o Curso Bombeiro Educador disponibilizado


gratuitamente na plataforma de ensino a distância da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP)?

(__) Sim, conheço (__)Não conheço, nem ouvi falar

(__)Não, somente ouvi falar

8-Quais das ações educativas abaixo o senhor (a) tem conhecimento que o
CBMMG desenvolve? Marque todas que tenha conhecimento.

(__)Bombeiro Mirim (__)Projeto Golfinho


(__)Bombeiro nas escolas (__)PRODINATA
(__)Bombeiro amigo do peito (__)Novos Horizontes
(__)Curso de APH/ Primeiros socorros (__)Grupo de teatro Pelotão 193
(__)Bom na água e de bem com a vida (__)Teatro de Bonecos turma do Foguinho
(__)Bombeiro Senior (__)Voluntários da Cidadania
(__)Concurso de desenhos e poesias (__) NÃO TENHO CONHECIMENTO DE
NENHUMA DAS AÇÕES CITADAS

9-Dentre os assuntos abaixo, quais o senhor (a) acha viável para serem
trabalhados com crianças e adolescentes do ensino básico (fundamental e
médio), objetivando o aumento da percepção de risco e a redução de acidentes
? Escolher no ATÉ MÁXIMO OITO itens.

(__) Prevenção de Incêndios residenciais (__) Prevenção de Incêndios florestais


(__) Prevenção de Acidentes de trânsito (__) Prevenção de Acidentes domésticos
(__) Prevenção de afogamentos (__) Prevenção ao uso e consumo de drogas
(__) Primeiros socorros (__) Proteção e Defesa Civil
(__) Normas de prevenção contra incêndio e (__) Orientações sobre o uso indevido do tridígito 193
pânico (trote)
(__) Enchentes (__) Incentivo de práticas esportivas
(__) Elevadores (__) Uso de extintores
(__) Informação sobre uso do solo, habitação (__) Prevenção a acidentes envolvendo animais e
e movimentos de massa (deslizamentos) insetos

10-Na sua opinião, o CBMMG utiliza de todo seu potencial na coordenação,


execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo, direcionadas às
crianças e adolescentes?

(__) Sim (__) Em parte

(__) Não
146

11-Caso sua resposta na questão anterior seja 'NÃO' ou 'EM PARTE'. Selecione
até TRÊS possíveis causas dentro das opções abaixo que o senhor (a) entende
como inviabilizadora dessa atuação:

(__) Falta de efetivo para desempenhar a


(__) Falta de incentivo institucional
função de forma exclusiva
(__) Falta de efetivo qualificado para
desempenhar essa função, mesmo que na (__) Falta de normatização e padronização
forma de encargo
(__) Falta de recursos financeiros
12-Dentre as opções abaixo escolha até TRÊS características institucionais
que o senhor (a) entende como facilitadora da atuação do CBMMG na
coordenação, execução e fomento de ações educativas de cunho preventivo,
direcionadas às crianças e adolescentes:

(__) Competência e dever legal para desempenhar


(__) Alto grau de aprovação social
essa função
(__) Efetivo qualificado para desempenhar
(__) Aceitabilidade das ações educativas
essa função
(__) Facilidade de comunicação com outros
instituições públicas e privadas

13-Dentre as opções abaixo escolha uma forma de atuação que o senhor (a)
entende como mais viável para se desenvolver ações educativas para o
público infantil?

(__) Atuar nas escolas da cidade onde a unidade está lotada

(__) Fornecer cursos utilizando as instalações do quartel

(__) Formar grupos comunitários ou de bairro

14-O senhor (a) sente-se capacitado a palestrar ou ministrar cursos com


temáticas preventivas ou de preparação à crianças e adolescentes?

(__) Sim, sinto-me capacitado

(__) Sim, mas não tenho interesse em atuar nessa área

(__) Não, porém tenho interesse de me capacitar para atuar nessa área

(__) Não me sinto capacitado

15-Na sua opinião qual é a faixa etária mais interessante para o CBMMG
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes?

(__) 2 a 7 anos (__) 12 a 15 anos

(__) 7 a 11 anos (__) 15 a 18 anos

(__)Todas as faixas etárias apresentadas

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