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A CIDADE DE EVORA BOLETIM DE CULTURA DA CAMARA MUNICIPAL ee Il Série NE al 1994-1995 ASINAGOGA MEDIEVAL DE EVORA (elementos para o seu estudo ) Carmen Balesteros s pelas quais ficou - conhecida a tradugdo para o grego da Torah hebraica, elaborada no século Il aC, Esta tradugao, feita por setenta e dois sdbios indicados pelo sumo sacerdote dos judeus em Jerusalém, visava integrar a biblioteca do rei egipcio >. Ptolomeu Filadelfo (285-247 a.C. ) em Alexandria. De acordo com a tradigao lho teré sido iluminado pela inspiragdio Divina, pelo que os setenta e dois so produzido versdes idénticas a partir do texto hebraico. Na Septuaginta as palavras ekklesia significando assembleia ou congregagio, e synagogé, com cado de ajuntamento ou reunido, sao utilizadas alternadamente. Contudo, to e até aos nossos dias, apesar da palavra nao ter perdido o sentido original nbleia ou reunido, ela passou também a designar 0 local ou edificio em que se aassembleia ( 1 ). as origens da instituigdo sinagogal podemos afirmar que ao tempo de Jesus a cidade de Jerusalém possuia varias sinagogas que funcionavam como centros sociais e culturais das comunidades judaicas, a0 mesmo tempo que, em cada cidades mais pequenas, se deve ter levantado pelo menos uma sinagoga. je, na margem Norte do Mar da Galileia, se encontram os vestigios, dataveis c. Il, da Sinagoga de Cafarnaum, a qual terd sido erguida sobre uma outra mais ‘onde Jesus pregou: “ Entraram em Cafarnaum e, logo no sabado, foram a E ali ele ensinava. Estavam espantados com o seu ensinamento, pois ele como quem tem autoridade e ndo como os escribas.” Me 1, 21-22 ( Biblia de ). facto 0 edificio da sinagoga tem varias fungdes servindo paralelamente para os s de culto, para o estudo e ensino da comunidade, bem como para local de simples 0¢ didlogo. A sinagoga nao se identifica necessdriamente com um edificio com as especfficas. Esta pode constituir-se em um qualquer espaco desde que ito af se reuna um minimo de dez homens, o Minyan, que a tradigao judaica er para a realizaciio de qualquer acto religioso de cardcter ptiblico. No entanto a oga conota-se geralmente com um edificio que a lingua hebraica designa de formas Os sin6nimos hebraicos para sinagoga sao bet ha-tefilla ou casa de oragao, kneset, ou casa de assembleia, ou bet ha-midrash que significa casa de estudo, undo estas designacdes das diferentes fungdes da sinagoga. Na busca dos mais antigos testemunhos sobre a origem das sinagogas, a opin predominante é a de que estas terio nascido em virtude da conquista de Jerusalém 587 a.C. por Nabucodonosor € consequente deportagao do povo bem como do 1 Sedecias. O exilio do povo judeu na Babildnia, de que nos dao noticia os livro Esdras e Neemias, ou ainda os de Daniel, Ezequiel ou mesmo Jeremias, tera cond a necessidade de, mesmo longe da patria e do Templo de Jerusalém, os exilado: reunirem ou mesmo erguerem locais de culto que, de alguma forma, lhes permitis recordar 0 culto do Templo a que nao tinham acesso. Alguns autores consideram uma referéncia significativa as palavras do profeta E quando procurava consolar os cativos: “ Portanto dize: Bis 0 que diz o Senhor Iahy E verdade afastei-os para longe entre as nagdes, espalhei-os por terras diversas, m por esse pouco de tempo, tenho sido para eles um santuério, nas terras para as qu eles se mudaram.” Bz 11,16 ( Biblia de Jerusalém ). A juntar a esta passagem do de Ezequiel é também comum referit-se 0 texto de Esdras: “ Reuni-os junto ao rio corre para Aava e Id acampamos trés dias. Encontrei ali homens do povo e sacerdote: mas nao encontrei nenhum levita. Entéo mandei procurar a Eliezer, Ariel, Sem Elnata, Jarib, Elanata, Nata, Zacarias e Mosolam, homens sabios, ¢ enviei-os a chefe da localidade de Casfia; ditei-Ihes as palavras que deviam dirigir a Ado eas irmaos, residentes na localidade da Casfia: que nos enviassem ministros para o Tem de nosso Deus.” Esd_ 8,15-17 (BJ ). Provavelmente as palavras de Ezequiel refe -se mais a um santudrio espiritual, do que a uma sinagoga prépriamente dita enqua que as de Esdras poderao ser uma referéncia a um local de culto de caréeter permanente ou simplesmente & reunidio dos crentes. A opinido de R. de Vaux é de estes textos nao provam a existéncia de locais comuns de oragio (2 ), sobretudo tiverem em conta as palavras do conhecido Salmo 137,1-2 onde o local de reu exilados parece ser sobretudo 0 espaco exterior gerado pelas condigdes da ocasi ~ A beira dos canais de Babilénia nos sentamos, e choramos com saudades de Sido; nos salgueiros que ali estavam penduramos nossas harpas. * (BJ) De acordo com R. de Vaux os versiculos 7 € 8 do Salmo 74 que sdo remetido: alguns autores para a época dos Macabeus ( 167 a.C. ) deverao antes ser relacio com a destruigio do Templo por Nabucodonosor em 587 a.C. Os * lugares dé assembleias de Deus “ poderao ser considerados como uma referéncia a locais de antepassados das sinagogas, os quais tinham sido encerrados pelo rei Josias, m estariam de novo em actividade na altura da conquista da Jerusalém: “ atearam fogo no teu santudrio, profanaram até ao chao a morada do teu nome Diziam em seu coragiio: « Arrasemo-los de uma vez! » Queimaram todos os lugares das assembleias de Deus na terra. ( BJ ) 180 stituigao _ podemos, no entanto remeté-la para o periodo final do século VIL a.C., com as condigdes especificas que 0 povo judeu conheceu, principalmente oexilico. Apés o retorno da Babil6nia em 537 a.C., os antigos exilados podem do a tradigdo de manter locais comunitarios de reunido. No entanto, 0 vai desde 0 final do exilio até A revolta contra 0 dominio dos soberanos s da Siria em 167 a.C., caracteriza-se por uma afirmago da instituigado deixando esta pouco espago para o desenvolvimento de instituigdes paralelas [Il a.C. em inscrigdes como a descoberta em Alexandria (3 ), ou em papiros, estes proseuchai fossem locais de oragdo, quer de judeus, quer de pagaios (4 nhos mais antigos da existéncia de sinagogas sao, por um lado o testemunho Flavio Josefo na Guerra dos Judeus VII III-3 onde se refere a existéncia de stivo religioso farisaico é conseguir a salvagSo individual na idade messianica a ser conseguida pelo cumprimento de um conjunto de leis elaboradas pelos entendidas como a necessaria explicagdo dos Cinco Livros de Moisés (6 ). ue a ori i fazer remontar aos tiltimos anos do século sinagogal deve, naturalmente, ser para o perfodo pés-destruigdo do Segundo Templo que teve lugar no ano 70 era, sob as ordens do Imperador Tito. Paralelamente ao desaparecimento do o Templo, concorreu para a difusdo das sinagogas, com as caracteristicas de Ihes sao préprias, a lei de unidade do santudrio. O culto celebrado na sinagoga uma liturgia da palavra que compreende hinos e oragdes-as 18 bengios-, a da Lei, a leitura de um Profeta, a homilia a partir da Escritura, e a oragdio do Pode ainda compreender a bengdo de um sacerdote mas o culto sacrificial sé st celebrado no Templo. A preponderncia dos fariseus e a concomitante atribuida ao conhecimento da lei como forma de salvagao individual na ‘nica, devem também ser considerados como um factor de pressao para o nos primeiros séculos da nossa er: do século I da nossa era refere a existéncia de sinagogas nao s6 na Palestina que se pode encontrar a evidéncia mais antiga de uma sinagoga. A medida que ra judaica se alargou, cresceu com ela a instituigdo sinagogal. Tendo a sinagoga cter sobretudo congregacional mais do que hierarquico, estas desenvolvem-se er que uma pequena comunidade se estabeleca. diz respeito aos testemunhos mais antigos da presenga judaica na Peninsula | ¢ registando, com a precaugio que se impde quando sabemos estarmos a dados pouco precisos, importa no entanto referir a informagao dada por 181 Selomoh Ibn Verga em La Vara de Yeuhdah , (7). Num pretenso didlogo entre sabio chamado Tomas ¢ o rei D. Afonso X, O Sabio, refere 0 primeiro que aqua conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, este tera sido ajudado pelo rei Hisp Sefarad e pelo seu genro o principe Pirro da Grécia. Como despojos de guerra, aosd liltimos terdo sido dados varios cativos descendentes das linhagens de Judé & Benjamim. E provavel mas nao provado que a chegada dos dispersos A Peninsula Ib possa ter acontecido em €poca anterior 4 dominagao romana. Parece também problemético aceitar que o dominio de Roma na Peninsula possa ter acon paralelamente a instalagdo no espaco ibérico, de comunidades judaicas que ter as suas sinagogas. Até agora os dados epigraficos mais antigos permitem-nos fazer remontar a pres judaica na Peninsula aos finais do século II principio do século III da era de Cé através da leitura de uma epigafe identificada em Abdera e que parece ter servido epitafio a Junia Salonula de nagio judaica (8 ). As disposigoes restritivas tomadas a respeito dos judeus no Concilio de Elvi recentemente foi identificada em Mértola uma lapide epigrafada e na qual se dest uma Menorah, que foi datada do ano de 482 da nossa era ( 10 ). Em 1923 Samue até A pouco tempo, os testemunhos epigraficos mais antigos da presenga judaica e Portugal. Dit documentagaio mas, por outro lado, avoluma-se a informagio sobre as comunid judaicas em Portugal no perfodo pés-Reconquista. Actualmente, dispomos jé d importantes trabalhos de andlise sobre o assunto, crescendo o mimero de investigad bem como a quantidade e a qualidade dos estudos monograficos desenvolvidos. 2. A Sinagoga grande de Evora. Durante a Idade Média, a cidade de Evora foi, conjuntamente com Lisboa e Santa uma das mais importantes cidades do reino. A semelhanga do que aconteceu por tor © Pais ( 12 ) por cd se fixou também uma comunidade judaica. No periodo da Reconquista e pés-Reconquista varias sio as referéncias document comunidades judaicas estabelecidas em Portugal. No foral de 1170 dado por D. Afon Henriques aos mouros forros de Lisboa, Almada, Palmela e Alcdcer determina-se nenhum cristao ou judeu faga mal aos mouros e sob D. Sancho I ( 1185-121] )e: em Lisboa uma importante sinagoga ( 13 ). Jé em 1226 D. Sancho II, no foral dad Marvao estabelege que quem assaltar mereadores ou viajantes cristaos judeus ou mo “ pague 60 soldos ao fisco ¢ 0 dobro do gado apreendido ao seu dono” ( 14 ). reinado de _D. Afonso III( 1248-1279 ), levantaram-se comunas judaicas em Fa Miradoiro,Torres Vedras, Silves, Tavira e Loulé, e no reinado de D. Dinis (1279-1325 182 acomuna de Evora conjuntamente com as de Belmonte, Braganga, Castelo Coimbra, Faro, Guarda, Lisboa, Mogadouro, Monforte do Rio Lavre, Santarém (15). as religiosas que a maioria cristd tolera no seu seio, as comunidades judaicas esas organizam-se em fungao de uma estrutura administrativa propria do directamente ante o rei, que os considera como “ judeus seus “. Num nto da chancelaria de D. Afonso II designa-os 0 rei como judei mei , existindo nesse documento uma referéncia a um judeu que o rei chama de Cidy meo (16 ). do o governo directo das comunas entregue no geral, a um arrabi a quem petiam funcdes administrativas e legislativas, faziam ainda parte dos orgios ates da comuna judaica, vereadores, procuradores e almotacés. | comuna judaica de Evora se organizou pelo menos desde 0 século XIII, nao se ecartaque estabeleca os seus privilégios. Na carta de confirmagao dos privilégios eus de Evora feita por D. Pedro I ( 17 ) nada € dito sobre os anteriormente ites.Porém, a documentagao sobre a judiaria e os judeus de Evora mostra que los XIV e XV esta era uma comunidade bem viva, em crescimento, com os emas de governo préprios da época e de uma comunidade minoritéria que, jente, tem conflitos de interesses com o grupo religioso dominante. ea comuna judaica de Evora, constitui um acervo documental importante o Arquivo o da Sé, bem como a documentacao do Arquivo Municipal eborense, cuja do mais significativa se encontra jé pontualmente publicada e estudada ( 18 ). am 1889, 0 ilustre investigador, Gabriel Vitor do Monte Pereira, natural de Evora, blicou um conjunto documental muito significative para o estudo da comunidade cadacidade ( 19 ) e que se encontra disperso nos volumes intitulados Documentos ‘cos da Cidade de Evora. Pela sua importancia e pela abrangéncia de quase dois da vida da comuna hebraica, julgamos pertinente apresentar uma stimula dessa itagdo, organizada de forma cronolégica: de 1309 - Judeus e Mouros em Feitos da Almotacaria respondem Perante os es D’Ella. Nos Feitos Crimes Entre Judeus, ou Entre Mouros, respondem rante Seu ( Rabbino Raby ou Arraby ) ¢ os Mouros Perante o Seu Alcaide lusa em confirmagiio de D. Joao IT - 1483- e noutra de D. Manuel-1496-. Torre do , Liv. 1° de Odiana f. 147 v°). de 1309 - Tréfico do Vinho. Postura sobre Venda e Consumo. Judeus ‘iantes de Vinho. ( Confirmada por D. Joao II em 1483 e por D. Manuel em . Torre do Tombo. Liv. 1° de Odiana, fol. 147 v. ) -Hordenagam dos mouros e judeus que acharem a deshoras fora da mouraria wu da judiaria... de 1384 - Capella de Rodrigo Ayres. Esmola aos Frades de S. Francisco. co Real da Comuna dos Judeus e Promessa Nova. ( Arch. Mun. ebor., L. de J. Mira, 45 v. ) no de 1385 - Bens de Vasco Martins de Mello, de D. Alvaro Pires de Castro, Rendas da Judiaria. ( Torre do Tombo. Liv. 1° de D. Joao I, fol.110. Arch. Mun. ebor. coll. Rivara ) 183 Anno de 1408 - Ampliacao da Judiaria e sua Demarcacao. ( Torre do Tombo. de D. Joao I, fl. 85, Arch. Mun. ebor. coll. Rivara. ) Anno de 1430 - Representantes dos Judeus Pobres da Comuna por Ocas Rateio de Pedido Real ou Contribuigao. ( Arch. Mun. ebor. coll. Rivara, Em testemunhivel de D. Afonso V em Lisboa, 14 de Margo de 1460. Em confirmag D. Joao II, de Sintra 19 de Dezembro de 1485. Torre do Tombo. L. 21 de D. Joao 163 v.) Anno de 1432 - Mantimento do Doutor e Prégador, e Ten¢a do Arrabi da Com dos Judeus. ( Arch. Mun. ebor. coll. Rivara. Em carta testemunhavel de D. Afonso \ em Torres Novas, 15 de Dezembro de 1461. Confirmagao de D. Joao I em Sintra, de Dezembro de 1485. Torre do Tombo Liv. 21 de D. Joao II fol. 161) Anno de 1433 - Judeus Mercadores de Prata e Ouro. Abusos dos Rendeiro Servico Real na Cobranga. Manifesto das Mercadorias. ( Arch. Mun. ebor, liv. 2°, fol 206 ) Anno de 1443 - Judeus Mercadores de Pannos de Cor. ( Liv. 27 de D. Affons fol. 36 v. ) Anno de 1480 - Que nao se Facam Penhoras nas Synagogas dos Judeus. Nem Thoras ( Touras ) e Pratas do Culto. ( Confirm, por D. Joao II em Margo de 14 Torre do Tombo. L.° de D. Joao II 158, v. Arch. Mun. ebor. coll. Rivara. ) Analisando 0 documento de ampliagio da Judiaria de Evora, datado de 1408, e public: por Gabriel Pereira, podemos afirmar que a comuna judaica ocupou, nos séculos e XV, parte da encosta poente da cidade. A judiaria das centirias de trezento quatrocentos recebeu a protecg’o dos muros da Cerca Nova que foi levantada er os anos de 1350 1450 ( 20). Nos reinados de D. Fernando e de Joao I a obra defen conheceu uma actividade mais intensa, tendo mesmo D. Joao I aplicado violen contribuig6es aos judeus e mouros da cidade, para acabamento da obra defensiva (21). Sabemos que no ano ano de 1402 ja se levantava a Porta de Alconchel ( 22 ) e é naturs que em data proxima estivesse também concluida a Porta do Raimundo, bem como trogo de muratha que une estas duas portas. Ainda que a judiaria se tivesse levan fora dos muros mais antigos, ela recebeu, portanto, a protecgaio da Cerca Nova analisando a situagaio do bairro em relagao & Porta de Alconchel, podemos afirmar © mesmo teve uma localizagao privilegiada, pela proximidade da Porta que dava a ao caminho de Lisboa. Assim, pensamos poder concluir pela importancia séci -econémica da comuna judaica que, mesmo sendo minoria religiosa, ocupou uma di zonas privilegiadas da cidade em expansao. P Sabendo nés que o testemunho datado mais antigo da presenga de judeus em Portu data dos finais do século V, é natural que em data anterior ao século XIV tenha tam! existido uma fixagao de judeus na cidade de Evora e que esta possa ter acontes interior do recinto muralhado mais antigo. Como ja referimos, no reinado de D. D havia jé uma fixagdo de judeus em Evora. A confirmar a nos: se tenha feito no espago interno da Cerca mais antiga, sabemos que em 1303 D. Dini doa a Bento, seu judeu de Evora, um espago no interior da Cerca Velha, que pega co 184 nsivo, para que ai faga sua habitagdo ¢ temos ainda a informagao colhida orias Paroquiais de 1758 a respeito das freguesias urbanas de Evora, quando “ Nas costas da Igreja ha as Ruinas de hum * (23 ). Ainda que 0 texto seja tardio é natural o tenha chegado até ao século XVIII pois € provavel que nesta zona existido uma sinagoga, ainda que nao integrada num bairro exclusivamente considerando que a fixag%o judaica mais antiga na cidade nao terd sido jamente limitada a um espago habitacional restrito, pois é apenas com D. Pedro Espanea refere, ainda que nio informando sobre a fonte documental, aexisténcia 0 Porta Nova dos Judeus ( 24 ), aplicado a Porta Nova que na segunda ie do século XIV foi aberta ou reconstruida provavelmente entre a actual fachada da Igreja do Salvador e a fachada do edificio do antigo Colégio de S. Paulo, Tal Angela Beirante, que nos informa que este topénimo € utilizado desde 1285, nos que ele pudesse aplicar-se melhor a antiga Porta de Alconchel ou da Praga -ou Selaria. momento e tendo em conta os recentes dados de que dispomos, voltémos a wr ahipotese de que 0 top6nimo Porta Nova dos Judeus possa ter-se aplicado - por informagao a nds prestada pelo Dr. Rui Arimateia a quem agradecemos, a de uma porta ogival em cantaria, que se encontra nas instalagdes do Grupo : antigo Colégio de S. Paulo. Esta porta, hoje sem utilizagao funcional, enta na sua ombreira direita uma gravagiio que atribuimos ao imaginario religioso coe judaico. A gravagao é constituida por um rasgo longitudinal aberto no granito sntando cerca de 10 cm de altura por 2 cm de largura e outros 2 cm de ade. E provavel que outra porta que se encontra na parede fronteira ao lavabo ta, possua também uma gravacao semelhante, ainda que esta se encontre cheia as portas niio apresentam hoje uma utilizagdo funcional, € natural que sejam doutro local mas, tendo em conta a bibliografia disponivel e 0 nosso trabalho Direcgio dos Edificios e Monumentos do Sul, nao pudemos, ainda assim, ar seu percurso. Sabemos apenas que obras recentes, por ineréncia as que foram no Aqueduto da Agua da Prata, na década de 50, podem ter posto a descoberto vado para 0 local estas e outras portas em cantaria que af se encontram. Porém, se s para af foram levadas pode também ter sido em época anterior e cuja data bemos precisar. do da hipétese que nos parece mais plausivel e que é a de um transporte para o julgamos de grande significado o facto de, pelo menos uma das portas, apresentar que se chama a marca na Mezuzah, palavra hebraica que significa ombreira de nas Mezuzot ( plural feminino ) identificam um antigo ritual hebraico e gico que procura dar cumprimento as palavras de Dt 6 4-9 ( Livro do Deuteron6mio, 06 versiculos 4 a9) que manda gravar nas ombreiras das portas judaicas a 185 adestio a fé monotefsta. Assim, os judeus tinham e tém por costume, colocar na ombre da porta das suas casas e da Sinagoga, um pequeno estojo onde se guardava pergaminho ou um papel no qual eram inscritas as palavras da sua oragao fundam © Shema, titulo que deriva da primeira palavra hebraica que constitui a oragao e podemos encontrar em Dt 6 4-9: “ Ouve, 6 Israel: Iahweh nosso Deus Deus é 0 tinico Iahweh! Portanto am Tahweh teu Deus com todo o teu coracado, com toda a tua alma e com toda a| Sorca. Que estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coragao! Twas inculcaré aos teu filhos, e delas falards sentado em tua casa, andando e em teu ca deitado e de pé. Tu as atardés também & tua mao como um sinal, e seréo como Srontal entre os teus olhos; tu as escreverds nos umbrais da tua casa, e nas portas. “ ( Biblia de Jerusalém ) pertencido a um edificio da fa judiaria dos meados do século XIV e XY, protegida Cerca Nova, mas também pode ter sido proveniente de um edificio préximo do Colégio de S. Paulo, no interior da Cerca Velha, dado que sabemos que ainda no do século XIV se fixavam judeus no espago interior da Cerca Velha. Em qualquer casos podemos estar perante o esforco de cristianizagéio de um artefacto em q religioso, no que parece ser uma clara manutengao do sentido de pertenga e definiga de um espago sagrado. a estar relacionada com a Porta Nova que se levantou algures entre a actual Igreja d Salvador e 0 antigo Colégio do Espirito Santo, bem como com a existéncia do topén Porta Nova dos Judeus ( 26 ). Meyer Kayserling na sua Hist6ria dos Judeus em Porti refere que Menasse ben Israel ( séc. XVI ) relata em Nishamath Hayim, II, cap. uma hist6ria que pode ter-Ihe sido transmitida oralmente. Diz essa hist6ria que o rei | Joao visitara Abraao Zacuto ( 1450-1522 ), famoso astrélogo, e que Ihe langara ut desafio: Zacuto deveria escrever num papel qual 0 portao pelo qual o Rei faria a st prxima entrada em Evora. Pretendendo refutar a profecia do judeu, D. Joao mandado romper a muralha da cidade ¢ entrado deste modo por um portio nov Acontece que Zacuto havia escrito que a entrada do rei seria feita por um portao Analisando © teor da lenda verificamos fiicilmente que existem quase 100 an diferenca entre D. Jodo Le © célebre Abraao Zacuto que viveu entre a 2 metade século XV e os primeiro anos do século XVI. Por issso Meyer Kayserling diz : provavel a lenda referir-se a D. Joao II. Contudo 0 texto de Nishamat Hayim, identit © rei como tendo sido D. Joao Te aceitando este ja estariamos mais proximo da da terd sido aberta ou beneficiada a Porta Nova. Aceitando D. Joéo I como um intervenientes na historia, j4 nao podemos é continuar a aceitar o mesmo Abraao Zack Quando muito poderia ter-se tratado de seu bisavé! Devemos, no entanto, ter presé que trabalhamos com uma informagao lendéria e que parece ser comum aos a 186 m judaica, caso de Menasse ben Israel, revelarem discrepancias cronolégicas relatados num provavel objectivo de enaltecer um personagem famoso. E 0 ‘Selomoh Ibn Verga ( Séc. XV/XVI ), que no seu Sefer Sebet Yehudah coloca dos seus personagens, inserido cronologicamente no século XIV, a ter um sado com Abravanel ( 1473-1550 ), existindo entre eles uma diferenga cade cerca de 100 anos. E portanto provavel que se tratasse de Joao Ie mais ite de D. Fernando, altura em que a Porta Nova foi aberta ou beneficiada e \cia a Abréao Zacuto possa ter como objectivo realgar as suas capacidades 0. Importante, no entanto, é que mais uma vez, o nome e a figura de um so possam aparecer ligados ao topGnimo Porta Nova dos Judeus. -comprovar a nossa actual suposigdo de que a Porta Nova dos Judeus ea Porta nchel da Cerca Velha tivessem sido duas portas diferentes, dispormos agora de pubicado no n° 1121 do Jornal Noticias d’Evora de 23 de Junho de 1904, na n’ 2. Num conjunto de pequenas de pequenas notas histéricas de publicacao a é divulgado nesta edigAo do jornal o seguinte texto ( 27): tade D. Diniz. dando de foro a Domingos Martiz tres casarias que elle Rey ha em na das quaes ¢ & porta nova dos judeus sobela ponte como parte com Gongalo se com Joao Estevies, e as duas além da porta d’ Alconchel por dez libras daem Montemor-o-Novo 14 de Dezembro. Era de 1332. “ do Tombo L® 2° de D. Dinis fl. 87 v. ) judaica de Evora dos séculos XIV e XV teve naturalmente a sua sinagoga, ‘mais que uma sinagoga. Se o documento de ampliacao da judiaria datado de § mostra uma comuna em expansio, maior tera sido a pressdio demografica Marco de 1492 os Reis Catélicos Fernando e Isabel, expulsaram os judeus eino. Aceitando a soma de cerca de 23320 judeus entrados no pais, dos quais le 20000 se terao distribuido pelas comunas mais populosas do Pais, Evora e a primeira cidade tera recebido entre os 8256 e os 11164 judeus ( 28 ). Um tio iimero dos que chegam mostra que a comuna de Evora atingiria também s milhares de membros! Natural serd que nao tenha existido uma tnica sinagoga, José Ferro Tavares ( 29 ) nos chama atengaio de que a toponimia medieval ia essa possibilidade, ou que a primitiva sinagoga tenho sido objecto de io de modo a comportar a comunidade crescente. una judaica possuiu pelo menos uma sinagoga que em 1458 emprestava 0 seu Rua da Esnoga Grande (30 ). Esta comuna também teve aquilo a que se chamou velha “ tendo em conta 0 texto do Cod, CEC. 6-IX fl, 50 do Arquivo do da Sé de Evora, em que na relagao das casas foreiras do Cabido sdo referidas * Casas na Judiaria a esnoga velha “ que eram de Jaco Gadique. 5 provavel que ga grande “e “a esnoga velha “ tenham tido uma localizagao proxima ou que oga velha tenha dado origem a grande, depois de ampliada. a-nos Maria José Ferro Tavares ( 31 ) que 0 topénimo Beco do Bardo substituiu ada Sinagoga Velha, e que em 1497 D. Manuel I doaria ao Bispo de Tanger, D. Ortiz Vilhegas “ todo ho assento e casas da synoga desta cidade d’ Evora con ‘suas entradas ¢ saydas, casas de homens e de moiheres, quyntaes, pocos, madeira dae por lavrar, asentada e por asentar ( 32 ). Mais nos informa a autora que no “ mento de rentincia da sua habitagao, feita a favor do Cabido por Henrique Reinel, 187 cristdo-novo, se pode ler que este mora nas casas do Bispo de Ceuta, as quais tinh sido a sinagoga grande “. Este Bispo de Ceuta pode continuar a ser D. Diogo 0 Vilhegas, que em 1500 foi transferido da diocese de Tanger para a de Ceutae provavelmente, a referéncia as casas do Bispo, agora de Ceuta. Porém, em 4 de de 1505 jd o mesmo D. Diogo Ortiz Vilhegas estava escolhido para o bispado de (33). on O topénimo Beco do Bardo, Arco do Barao a partir de 1595 ( 34) e hoje uma p Travessa do Bardo, parece advir do facto do barao de Alvito, provavelmente D. D Lobo da Siveira ( 1525 ), 2° barao de Alvito, ou seu filho, 0 3° bario de Alvito Rodrigo Lobo ( 1559 ), af ter possuido umas casas. Estas foram provavelmente mesmas onde funcionou a sinagoga velha que pode ter passado a denominar-se sinag grande depois de ampliada. Em 1497 as casas da sinagoga passaram para a posse d Bispo de Tanger que em 1500 foi transferido para a outra diocese do Norte de Aft assim se explica 0 encontrarem-se referéncias do Bispo de Ceuta. Em 1. deve ter entrado na posse das antigas casas da nagoga grande. : A existéncia actual do topénimo Travessa do Bardo que Claudino de Ali trabalho intitulado Ruas de Evora..., diz verificar-se desde 1515, prende-se pois con bardo de Alvito que a partir do inicio do século XVI af teve umas casas, que localizaram entre a antiga Rua de Vila Nova dos Mercadores, actual Rua dos Mei e a antiga Rua do Tinhoso, actual Rua da Moeda. Da mesma maneira os top6nimos. século XVI, Beco do Bardo e Arco do Bardo, este tiltimo desde 1595, compreen apenas uma parte da actual Travessa do Bardo entre a Rua dos Mercadores e a Rua Moeda. A parte da actual Travessa do Bardo, entre a Rua da Moeda e a Rua S¢ Pinto, conheceu, pelo menos a partir de 1676 (35) ¢ até pelo menos 1849 ( 36 top6nimo de Travessa do Postigo, que Ihe advinha do postigo que ai deve ter existi e que funcionou durante a [dade Média, como um dos limites do bairro judaico. T sido apenas em 1869 (37 ) que foi dado o nome de Travessa do Baro ao arruame anteriormente composto pela Travessa, Arco, ou Beco do Bardo e pela Travess Postigo. A existéncia do top6nimo Arco ou Beco do Bardo, explica-se também pelo facto ainda em 1849, existirém neste arruamento, antes do primeiro Angulo na direccao El a OSO,”... vestigios de um arco de passadigo que pertencia a um palicio que ali e do Conde Bardo d’ Alvito, e que dé o nome a esta travessa. “(38 ). r que este arco de passadico ligava as casas da sinagoga grande ao espaco actualm pertencente ao grande quintal do Solar Manuelino da Rua da Moeda e cujo primit proprietario se desconhece, podendo ele ter sido entdo 0 2° barao de Alvito? Ou e arco teré ligado as casas do bardo, localizadas na face Oeste da rua, a0 edi edificio a que correspodem os n°sql7 e 19 pode entio, ter-se relacionado, ou nao, co © Solar da Rua da Moeda, visto que a sua parede Norte ligou ao actual quin 188 Wr através de portas ogivais em cantaria, hoje parcialmente aterradas, e ainda edveis. Também pode ter acontecido que o actual quintal do solar fosse terreiro com 0 qual confrontasse a fachada sul do solar bem como a fachada norte casa do bario ( 39 ). Resta-nos ainda referir © seguinte apontamento: no ode Tilio Espanca sobre 0 Solar Manuelino da Rua da Moeda ( 40 ) 0 autor diz ero nome do fundador do Solar, mas interroga-se também sobre a lidade da capela do solar ter sido uma sinagoga. Muito nos intriga a manifestagao io! Sabemos que niio provém da tradigAo oral visto a actual proprietaria, a Rato, ¢ os moradores da zona referirem sempre a sua informacgao como do trabalho de Espanca. Qual a razo desta suspeita do autor que alias nao qualquer fonte documental que a justifique? Tera esta sido construida sobre aedo documental nebulosa que Ihe tivesse permitido ligar o proprietario ar ao proprietirio dos edificios da sinagoga, sendo esta sinagoga a da Trave: ) Estas so, provavelmente, questées a que s6 poderemos responder com o (0 da judiaria para ocidente, que as casas da sinagoga tiveram uma localiza¢ao privilegiada no contexto 0, quer antes quer depois do seu alargamento. Antes de 1408 a sinagoga ficava no de uma das portas e provavelmente de um postigo da judiaria, quase obrigando entravam e safam na direcgAo de Lisboa, a passar pelo edificio religi do alargamento do bairro judaico, a sinagoga, centro religioso social tivo e educacional da comuna, localizava-se no centro do bairro. ANNO DE 1408 - Ampliacio da Judiaria e Sua Demarcagio. ente mandou tirar a porta da judiaria que sta am a rua do Tinhoso [ esta ava-se provavelmente em direcgao ao Sul logo a seguir ao inicio do antigo que se garasse a travessa do canto da rua que vay sair na rua d’ Alconchel [ 0 que provavelmente jé existia na antiga Travessa do Postigo pode ter sido para mais préximo da rua de Alconchel ] em direito da casa de Lourengo Rosa e deulhe por judiaria essa rua a suso ataa outra travessa seguinte [ actual da Parreira | onde sta o forno da ponte e que hi se carrasse contra a rua ynchel, [ a Travessa da Parreira parece de facto ter sido fechada por casas visto je é limitada a Norte pela Rua da Moeda. O ediffcio que a deve ter fechado hoje ao n° 70 da Rua da Moeda que deve ter ficado com fachada virada judiaria, visto que a este se adossou um outro com fachada virada para a dade e que corresponde ao n° 3 do Beco do Alconcel Je deulhe mais outra trav Travessa do Pocinho | que entesta na casa de Joham afom alvané dito Romaio, ii seja carrada_[ a Travessa do Pocinho parece também ter sido fechada por . visto que a Norte é limitada pelo edificio que faz parte do Restaurante Jeom entrada pelo n° 12 da Rua Serpa Pinto. Inicialmente este edificio pode mespondido a duas habitagdes mantendo ainda hoje duas fachadas. |. Item deulhe travessa seguinte [ Travessa do Contreiras | onde mora o hortellam a qual de Maria Pires molher do Gallego, ¢ que hi seja garrada [ hoje a Travessa do as também é fechada por uma casa que confronta com a Rua da Moeda J. Item 189 Ihe deu outra travessa | a actual Travessa da Bota ] onde tem atafona Rodrigo 4 marido de Maria d’Eiraboa, e que seja feita hua porta na rua direita [ Rua dos Je atravessa em diante que vay direita A Palmeira [ referéncia a uma porta na Te da Bota J, e que hy se ponha a porta da carnigaria da Judiaria em essa rua direi entesta em hum pardieiro que hi sta que foi pellomem. E repartidas assy as d nés mandamos que sejam assy garradas em Judaria como per el som divis: emo faser das portas como em o tapar das ruas [ consideramos de grande i esta afirmago visto existir referéncia ndo s6 a novas portas que foram fe também a ruas que foram fechadas provavelmente por postigos, ¢ algumas certi por edificios] que se faga todo aa custa da comuna, e que pague em ello ¢: segundo os bées que ouver, e se faga todo bem e direitamente sem outro en malicia, e mandamos a todoll ses € justigas dos nossos regnos que Ih assy aver e Ihe nom ponham outro embargo em nenhua guisa que seja. Eem teste desto Ihe mandamos dar esta nossa carta. dante em a dita cidade dEvora XXML mes d’ Abril Elrey 0 mandou per Joahnne Meendes corregedor em a sua corte. Bei Anes a fez era de mil IIII.c R bi annos, * (Arq. Mun, ebor. Coll. Rivara ) A existéncia da sinagoga da comuna judaica de Evora é atestada pela docume escrita 0 que nos permitiu ja com alguma precisao. A mesma documen permite-nos também saber da existéncia do top6nimo Rua da Esnoga Grande, em memG6ria da Sinagoga Grande que ai se localizaria. Sabemos ja que em I. casas da sinagoga foram doadas por D. Manuel I ao Bispo de Tanger que em passou para a diocese de Ceuta. E muito provavel que 0 2° barao de Alvito, D. da Silveira ( 42 ), tenha ficado com essas casas quando em 1505 0 Bispo de transferido para a diocese de Viseu. Da andlise que temos vindo a fazer sab portanto, que a sinagoga se localizou algures na actual Travessa do Bardo (43 ). nos agora perceber a evolugdio da Rua da Esnoga Grande, top6nimo que Cla Almeida e Gil do Monte identificam desde 1458, ¢ que pode ter desapare toponimia oficial 4 data da expulsao dos judeus de Portugal em 1496, mas identificar na actual Travessa do Bardo o edificio onde se tera localizado a Si Grande de Evora. Ainda que que 0 top6nimo Rua da Esnoga Grande possa ter desaparecido da topo oficial apés a expulsao dos judeus de Portugal, é natural que a memoria da sua a existéncia tenha perdurado e que a documentagao do século XVI guarde a sua existéncia. E 0 que parece provar a documentagao transcrita por Claudino de Almeida e Monte nos seus trabalhos sobre a toponimia eborense: “ « casas na Vila Nova que Judaria, na rua da esnoga grande que foi dos judeus, e partem com casa que cozinha ao bardo. » Tombo de1535, p. 34. « Casas com sete arcos, sendo sei paredes € um arco grande pelo meio, tem um pogo e uma chaminé, esté na rua chamava da esnoga grande que era uma travessa que corria entre as casas dob a rua do tinhoso, que agora est tapada e metida em azinhaga nas ditas bard da parte do norte; e tinham (0s bachareis ) outras trés moradas, sendo um beco do barao, outra na travessa do cachiche e outra na rua direita dos mercadore tudo se chamava vilanova dos judeus ou Judaria.» Relatério de 1600 p. 47. « No 190 uveram os bachareis as casa da travessa do bardo no canto da rua dos se outras na rua da esnoga grande, estas estavam por detras da rua do tinhoso, que depois tapou 0 bargio e meteu nas suas casas, que vinha ter junto do dos mercadores.» Relatério de 1600, p. 52.“ (44 ). documentagao transcrita por Claudino de Almeida julgamos poder concluir uma rua chamada Rua da Esnoga Grande. No relat6rio de 1600 é feita esse topénimo no passado pelo que na altura jé nao existia, o que é de dua rua desapareceu, o que também pode ter acontecido, como veremos. Esnoga Grande e a Travessa do Bardo referem-se a arruamentos diferentes a descrigdo das casas que os bachareis possuem se diz que estes tinham que estio na Rua da Esnoga Grande e tinham ainda outras trés moradas, a no beco do bard, outra na travessa do cachiche et | da Esnoga Grande corria entre as casas do barao e a rua do Tinhoso e foi i a, presumimos la Esnoga Grande tenha desaparecido por o bardo ter fechado essa travessa, mente, por ser o proprietério da maior parte das casas da zona. nsio Portalegre. que funciona no n* 18 da Travessa do Bari, vindo dar a Vila Nova dos Mercadores, actual Rua dos Mercadores. Um dos nentos da Travessa do Bardo tera resultado do bario de Alvito ter fechado a do norte, ¢ té-Ia integrado na sua propriedade conjuntamente com as casas s provavel icionado a sala de oragiio da Sinagoga Grande de Evora, tenha sido o im, & esquerda de quem entra, nas instalagdes da Pensiio Portalegre. iF 0 porto de entrada do edificio deparamo-nos imediatamente com um outro onteiro a0 primeiro, dando acesso a um 2° jardim, e que mostra os sinais eos de uma cristianizagao. E provavel que esta cristianizagdo possa ser atribuivel no primeiro jardim verificamos rapidamente que se aqui funcionou a sala de la Sinagoga Grande, esta foi completamente arrasada e reutilizada. Na parede ado a0 culto catélico. Na direcgao deste nicho, do lado de fora do quintal, j4 sa do Bardo identifieamos uma porta ogival em cantaria apresentando uma Mezuzah em tudo semelhante as identificadas no antigo Colégio de S. Paulo, 1 Medieval de Castelo de Vide e em Albuquerque ( Espanha ) ( 46 ). Julgamos aqui estar perante o testemunho da cristianizagao de um espago e de um artefacto Areligiosidade judaica. edificio de habitacio identificado actualmente com 0 n° 20 da Travessa do lence & mesma proprietaria do n° 18, a Sra. D. Francisca Tavares, fazendo que juntamos em presentadas & Camara Municipal de Evora pelo proprietario do imével em 191 1970, aquando do pedido de autorizacao para realizagao de obras, sabemos que 0 edi hoje identificado com o n° 20 e na altura identificado como arrecadagao, apres as seguintes medidas médias internas de projecgdo horizontal da divisdo: 9. comprimento e 3.25m de largura. J o logradouro que se anexa a esta divisao, julgamos ter funcionado a sala de oragao da sinagoga, apresentava as medidas m de 10m de comprimento por 7.90m de largura. No estudo que publicmos sobre a Sinagoga de Valéncia de Aledntara - Céc Espanha (47 ), noticimos a existéncia de uma proximidade muito grande nas médias internas de projec¢Zo horizontal apresentadas por este edificio e pelo da Sin de Tomar. Propusemos também, no mesmo estudo, que a grande proximid estas medidas, nos pudesse estar a colocar no caminho para a identifieagao métrica a que tivesse obedecido a edificagao das sinagogas medievais sefardit acordo com © modelo proposto por Carol Krinsky para as sinagogas medie sefarditas, estas apresentam também uma sala principal quadrangular ( 48 ) facto verificamos em Tomar, em Valéncia de Alcantara e também em Evora. A possivel existéncia desta métrica podera ser explicada pelos Livros do A\ Testamento quando se descrevem as medidas do Templo de Salomao:_—“S. dispds um Debir no interior do Templo para nele colocar a Arca de Iahweh, O tinha vinte cévados de comprimento, vinte cvados de largura e vinte cévados dea revestiu-o de ouro purissimo, fez um altar de cedro diante do Debir e 0 reves ouro. “ IR 6,19-20 ( Biblia de Jerusalém ). i © Debir era o local mais sagrado do Templo, onde se encontrava depositada aA Alianga e onde s6 os sacerdotes entravam em ocasides especiais. O Debir € tan chamado Santo dos Santos e era separado do Heikal ,ou Santo por um yéu, medida de referéncia que nos é dada pelo texto do 1° Livro dos Reis para 0 Debi 20 cOvados. Nao existe ainda uniformidade entre os investigadores dos textos bibl no que diz respeito A equivaléncia métrica do cévado, se bem que sejam propos este as medidas de 45 cm e a de 52 cm, podendo esta esta tiltima reportar-se aU cévado mais antigo, utilizado em Ez 40,5. Em nossa opinido, se existiu uma para sinagogas medievais sefarditas esta poderd ter estado mais préxima das m do cévado mais recente, o de 45 cm, visto podermos considerar a instituigdo sin uma realidade recente no contexto da hist6ria de Israel. Considerando a Sinagoga de Tomar verificamos que esta apresenta as seguintes med médias internas de projeccao horizontal do monumento: TOMAR: N- 8,20 m E-0=9,65 m Medida média= 8,92 m 8,92 = 19,8 cdvados 0,45 8.92 = 44,6 cm 20 192 's permitem-nos concluir que, se existiu uma métrica para as sinagogas ais sefarditas, 0 monumento de Tomar teve como referéncia 19,8 covados de ou 20 cévados de 44,6 cm cada, valores que arredondados nos remetem para os 20 cévados de 45 cm cada. DE ALCANTARA Medida média = 9,77 m 9,77 = 21,7 cévados 0,45 977 = 48,9 em 20 éncia de Alentara os valores calculados permitem-nos afirmar que a ter referéncia dos 20 cévados biblicos, este cévado teria medido 48,9 cm. o entanto que a medida do cévado biblico varia entre os 45 e os 52 cm! médias identificadas para o edificio de Evora. @ que nos temos vindo a Medida média = 8,95 m 8,95 = 19,8 cévados 0,45 8,95 = 44,8 cm 20 i para © caso de Evora e considerando a referéncia dos 20 cévados jcovados de 44,8 cm que podemos arredondar para os 45 em! a proximidade existente entre as medidas apresentadas por estes trés sendo ainda mais notéria a proximidade entre o monumento de Evora e 0 nar, Notivel é também que o edificio de habitagao hoje identificado com 0 n° 20 ss do Barfio ¢ que se adossa imediatamente ao jardim que temos vindo a nte medidas semelhantes ao que em Tomar tem vindo a ser considerado das mulheres na sinagoga. No caso de Evora 0 local reservado as mulheres ‘sido o actual n° 20 da Travessa do Barao. nos também que a entrada principal na Esnoga Grande de Evora se tera processado Rua da Esnoga Grande, que no século XVI foi fechada pelo barao deAlvito. o sido, a parede de oragao deverd ter sido a parede sudeste do jardim o que ide acordo com as regras de orientagado das sinagogas que devem estar viradas 193 na direcgao da Cidade Santa de Jerusalém. As prescrigdes talmtidicas pret congregagao deveria estar virada para Jerusalém durante a recitagiio das dezo apoiando-se no texto de Daniel 6,11 para reforgar esta prescrigdio: “ Ao sab documento havia sido assinado, Daniel subiu para sua casa. As janelas do superior estavam orientadas para Jerusalém, trés vezes por dia ele se punha’ de orando e confessando a seu Deus: justamente como havia feito até entio, * Jerusalém ). A porta ogival em cantaria, apresentando a marca na Mezuzah que hoje se pode na Travessa do Bardo, era certamente uma das varias portas que a Sinagoga Evora teré possuido. ‘Terminamos este nosso estudo referindo ainda um significativo elemento arg No jardim onde julgamos ter funcionado o espago dos homens da Sinagoga Gt Evora encontra-se ainda hoje, funcionando como mesa, aquilo que parece | base e capitel de uma coluna de grandes dimensdes. Ainda que nao tenhamosel para saber se esta base e este capitel fariam parte da estrutura arquitecténiea do monumento, é contudo vulgar que as sinagogas medievais possuam coluna pelo seu valor simbélico, quer como elementos arquitecténicos préprios d casos da Sinagoga de Valéncia de Alcantara e da Sinagoga de Tomar. DEZEMBRO 1% NOTAS pp. 191-193 3- E. Mri« Synagogue », in AAVV, Enciclopaedia Britannica, Vol. 21, William Benton, Publi 1973, p.563 4- Carol Krinsky, Press. 1985, p.6. 5- Simon ¢ Benoit, Judaismo e Cristianismo Antigo - de Antioco Epifanio a Constantino, « No historia e seus problemas », n° 10, So Paulo, Ed. Pioneira, 1987, p. 334. 6- Carol Krinsky, Idem, Ibidem. 7- Selomoh Ibn Verga, La Vara de Yehudah, Sefer Sebet Yehudah , Introduci6n, Traduci6n nots José Cano, « Biblioteca Nueva Sefarad », Volumen XVI, Barcelona, Riopiedras Edicones, 1991, 8 - Leite de Vasconcelos, Eimografia Portuguesa, Vol IV, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da p.6s. 9 -Leite de Vasconcelos, Einografia Portuguesa, Vol LV, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moe p.65 : Diamantino Sanches Trindade, Castelo de Vide Subsidios para o Estudo da Arqueologia Lisboa, Assembleia Distrital de Portalegre, 1979, p.131. 10- Fernando Diaz Esteban, « Lapidas Judias en Portugal », Estudos Orientais, Revista do Institu da Universidade Nova de Lisboa, Vol. Il, !991, pp. 207-215. a 11- Samuel Schwarz, Inscrigdes Hebraicas em Portugal, Separata da Revista « Arqueologia e His Lisboa, 1923 4 12- Leite de Vasconcelos, Emografia Portuguesa. Vol 1V, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Mo p. 73 13- Leite de Vasconcelos, Idem: Maria José Tavar Nova de Lisboa EC.S.H., 1982, pp. 46-54. 14 - Possidénio Laranjo Coelho, Terras de Odiana, 2* Ed. Revista ¢ Anotada por Diamanti Trinadade, Lisboa, Camaras Municipais de Castelo de Vide e Marvao, 1988, p. 82 ynagogues of Europe, 2 Ed. Cambridge, Massachussets and London, Engl 194 concelos, Etmografia Portuguesa, Vol. IV, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, ite. Evora na Idade Média, Dissertagio de Doutoramento em Histéria apresentada na a Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1988, p. 1020. ose Tavares, os Judeus em Portugal no Século XV, Nol 1, Universidade Nova de Lisboa EC.S.H., iversidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1988, ira, Documentos Historicos da Cidade de Evora, |* ¢ 2* Parte, Evora, Typographia Econémica ira, 1886, Paleseros, ia Mira, As Murathas de Evora, Separata de "A Cidade ~ Jornadas Inter ¢ es“, Actas I, Lisboa, Cmara Municipal de Evora e Escola Secundaria Gabriel Pereira, 1994. me, Inventro Arvistico de Portugal - Concetho de Evora,Vol. I, Lisboa, Academia Nacional ante, ob. cit. p.64. Maria Ludovina Grilo, « 0 Concelho de Evora nas Memérias Paroquiais arte)», A Cidade de Evora, 1995. « Miscelinia Hist6rico Artistica ( 4* Série ) - Subsidios para a Histéria do At “Paulo », A Cidade de Evora, n°s 31 © 32, Ano X, Janeiro-Junho, 1953, pp.183-186; Tilio io Artistico de Portugal - Concetho de Evora, Vol. VII, Lisboa, 1966, p. 5 e pp.236-238; Bvora, « Cidades e Vilas de Portugal », Lisboa, Editorial Presenga, 1993, p.62. alesteros, « A Tradicdo das Gravagdes de Simbologia Religosa Judaica e Crista em Ombreiras do 2” Encontro de Histéria Regional ¢ Local de Portalegre, Org. A.P-H. e Escola Superior Portalegre, (no prelo ). ainformagio prestada pelo Dr. Rui Arimateia, mos a imformacio prestada pelo Sr. Francisco Bilou. INE Tavares, os Judeus em Portugal no Século XV. Vol I, Universidade Nova de Lisboa RC.S.H. Almeida, Subsidios para a Explicagao dos seus Nomes, Grafica Eborense, 1934, p. 34; Gil ondrio da Toponimia Eborense, \° Vol., Evora 1981,p.126. Pimenta Ferro Tavares, ob. cit. p. 57. iia José Pimenta Ferro Tavares, Judaismo e Inquisig&o - Estudos, j05 », Lisboa, Ed. Presenga, 1987, p. 37. ode Almeida, Historia da Igreja em Portugal, Vol. Il, Nova Edigao Preparada e Dirigida por Porto-Lisboa, Livraria Civilizagao Editora. ( Monte, Diciondrio da Toponimia Eborense, 2° Vol., Evora 1982, p. 70; Claudino de Almeida, wa Fxplicacto dos seus Nomes, Grafica Bborense, 1934, p. 19. dino de Almeida, Subsidios para a Explicagao dos seus Nomes, Grifica Bborense, 1934, p.61. gusto Butler Flerpek, « Synopsis de Todas as Ruas, Pragas, Travessas, Becos, Igrejas, Conventos, notiveis, ¢ algumas antiguidades da Cidade D’Evora... », A Cidade de Evora, Anos XXXV- 61-62, 1978-79.p. 250 no de Almeida, Substdios para a Explicacdo dos seus Nomes, Grifica Eborense, 1934, p. 19; |Queimado, Alentejo Glorioso, Evora suas Ruas ¢ seus Conventos - Uma Achega para a Historia iio do Autor, 1975, p.18. Butler Elerpek, « Synopsis de Todas as Ruas, Pragas, Travessas, Becos, Igrejas, Conventos, is notdveis, e algumas antiguidades da Cidade D’Evora... », A Cidade de Evora, Anos XXXV- 61-62, 1978-79,p. 210. a gue ligar D. Diogo da Silveira ao Solar da Rua da Moeda seja apenas uma hipotese, nao deixa de nte verificar a grande semelhanga de gosto ¢ estilo, entre este solar e © pago dos Lobos da Alito, tanto mais que ambos os edificios sio manuelinos e tero sido construfdos em época emos que cerca de 1472 0 Dr. Joao Fernandes da Silveira, pai de D. Diogo Lobo, possuia uma :outraem Alvito e ainda uma outra em Evora, junto da cava e Cerca Velha, mas pode ter acontecido queira ter edificado um solar, agora na Cerca Nova e na proximidade de edificios que eram sua Aste respeito ver Ant6nio Joao Feio Valério, O Paco dos Lobos da Silveira em Aivito - Notas da Arte, Camara Municipal de Alvito, 1994. « Biblioteca de Textos 195 40 - Tilio Espanea, « Breve nétula histérica e arqueolégica de trés iméveis manuclinos cénicos », A Cidade de Evora, n°s 31-32, Ano X, Janciro-Junho, 1953, pp. 450-451 41 -Claudino de Almeida, Subsidios para a Explicagao dos seus Nomes, Grafica Eborense, 1934 do Monte, Diciondrio da Toponimia Eborense, \° Vol., Evora 1981, p. 126. 42 - Parece-nos defensivel que tenha sido D. Diogo Lobo da Silveira, 0 2° bardo de Alvito, afi casas do bispo de Ceuta, tal como é provavel que cle ou 0 seu filho D, Rodrigo Lobo, construtores do arco de pi em 1525. Sabe-se também que em 1490 D. Diogo da Silveira participou como juz nas justas em Evora durante as comemoragdes do casamento do Principe D. Afonso com D. Isabel de C: 1515, como nos informa Claudino de Almeida, ja © respeito ver: AntGnio Joao Feio Valerio, O Pago dos Lobos da Silveira em Alvito - Notas de His Camara Municipal de Alvito, 1994 e ainda Cataldo Parisi Sfeulo, Martinho Vardadeiro Salo da Cruz Vieira e Américo da Costa Ramalho, Instituto de Estudos Clasicos, Coimbra, 1974 43 - A primeira investigadora a suspeitar que a Sinagoga Grande e a Sinagoga Velha de Evora selo algures naTravessa do Bario, ainda que nio identificando claramente os edificio, foi a Profs no trabalho ja citado e intitulado os Judeus em Portugal no século XV. também Tullio Espanea no wabalho Evora, da coleccao « Cidades ¢ Vilas de Portugal », divulg refere ter existido uma sinagoga na Travessa do Bario. 44 - Claudino de Almeida, Subsidios para a Explicagdo dos seus Nomes, Grafica Eborense, 19 45 - Aexisténcia desta cruz remete-nos para uma nitida cristianizagao do espaco. Mas também ps -nos a casa ao proprio bispo. Diogo Pereira de Sotto Maior, na p.39 do Tratado da Cidade de P conjunta da Imprensa N Este Optato mostra ser bispo e santo, porque s6 aos bispos era permitido porem-Ihes eruzes na: chamarem-se servos de Deus mostrava serem santos. * 46 - Carmen Balesteros, « As Marcas de Simbologia Religiosa Judaica ¢ Crista como um Patri a Preservar. », Actas do VI Congresso Nacional dos Amigos de Defesa do Patrim6nio, », Palme, prelo ); 47 -Carmen Balesteros; Jorge Oliveira, « A Sinagoga de Valéneia de Aledntara - Caceres (Element Foto 1 - Aspecto da Travessa do Bardo, podendo ver-se uma das portas da Sinagoga Foto 2 ana Mezuzah da Sinagoga Foto 3 Antigo Colégio de S. Paulo. Porta apresentando marca de Foto 4 Albuquerque - Calle Derecha. Porta apresentando a marca na Mezuzah 198 Foto 5 - Nicho no interior do jardim da Pensao Portalegre (espago da sala de oragao da sinagoga de Evora) See capitel de uma coluna servem Sino jardim da Pensao Portalegre 199 Foto 7 - Entrada do n.° 18 da Travessa do Bardo. Continuagao da Rua da Esnoga Grande Foto 8 Portal encimado por cruz no n° 18 da Travessa do Bariio 200 oto 9 - Coruchéu cénico do Solar Manuelino da Rua da Moeda 202 LEG! DA: IDENTIFICACAO DAS LOCALIDADES REFERIDAS NO TEXTO fide (sinagoga) ea) 4- Evora (sinagoga) 5 Albuquerque (marca na mezuzah) CALLE GASCA LEGENDA: Castelo de Vide - Corte do edificio onde funcionou a Sinagoga de Castelo de Vide viividal vd vow TRAVESSA LEGENDA: . Planta da Sinagoga Medieval de Evora na travessa do Bardo n° 18 206 “arrecadagdo (r/chdo) PLANTA DOS IMOVEIS N°18. Travessa do Bardo - 19 PLANTA CEDIDA PELO N.C.HLE. / PLO DO R./CHAO 208 209 PATE O 210 MURO DO 22 ANDAR ESCALA 1-700 VEL N°18 - 1934 DIDA PELO N.C.HLE. / C.M.E. 211

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