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Dicas Portugues para Concursos PDF
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Dica nº 1
Não há erro gramatical nas frases acima, mas elas ficam mais bem apresentadas
depois de efetuadas as substituições. A frase “Tenho pelo menos uma idéia na
minha cabeça” é pleonástica, isto é, redundante, pois alguém só pode ter idéias na
própria cabeça, não é?
Lembre-se de que as construções pleonásticas viciosas constituem defeito de estilo.
No geral, essas recomendações não necessitam ser seguidas rigidamente, já que há
situações nas quais quem escreve “sente” que com a colocação do artigo indefinido,
por exemplo, o texto fica melhor. Há outras situações em que a interposição do
artigo definido evita cacofonia (sonoridade desagradável), como neste exemplo:
“Enriqueça seu texto”, onde surge o encontro cacofônico “sasseu”. Isto pode ser
evitado desta forma: “Enriqueça o seu texto”.
Dica nº 2
Sintaxe - Crase
– Em princípio, crase é a fusão de duas vogais iguais. Mas quando isso acontece?
Nos textos que você lê ou escreve, a crase ocorre na fusão da preposição “a” com:
Dica nº 3
Semântica – Paronímia
– Paronímia é o fenômeno lingüístico pelo qual palavras de significados diferentes
apresentam estrutura fonética – digamos, sonoridade – e grafia semelhantes. A
rigor, os parônimos não deveriam ser estudados em Semântica, disciplina que se
ocupa do estudo do significado de elementos da língua. Entretanto, isso acontece
porque os significados dessas palavras são muitas vezes confundidos e toma-se
equivocadamente um no lugar do outro. Exemplos de parônimos: instrumentar
(dotar alguém de instrumento, de meio de fazer algo) e instrumentalizar (fazer de
instrumento alguém, um grupo de pessoas, uma organização; manipular,
manobrar). Assim, “vamos instrumentar os recém-formados para poderem sair logo
em campo” e “o que ele pretende é instrumentalizar a associação em benefício
próprio”. Instrumentar não está no dicionário com esse significado e
instrumentalizar ainda não está dicionarizada. Como se vê, os dicionários estão
sempre atrasados com relação à realidade viva da língua... Não é porque a palavra
não está no dicionário que ela não existe.
Veja outros exemplos: mandato (delegação que se concede a alguém para fazer
algo em nosso nome) e mandado (ordem escrita expedida por autoridade judicial).
Dessa maneira, os deputados recebem mandato do povo para representá-lo e
agirem no interesse popular, pelo menos é o que se espera que façam. Já o
mandado foi assinado pelo juiz para autorizar busca e apreensão de algo na casa
de alguém.
Mais um: felina (adjetivo feminino relativo a uma classe de animais, os felinos) e
ferina (adjetivo feminino relativo a fera). Dizemos, pois, “pegada felina” e “crítica
ferina”.
Dica nº 4
Esses quatro aí complicam muita gente, menos pela complexidade dos conceitos e
mais por falta de “pegar-se o touro a unha” e aprender. A grafia desses vocábulos
varia conforme o significado que apresentam e a posição na frase. Vamos a eles:
1. Por que
Uso 2 – Grafa-se da mesma maneira quando “por que” puder ser substituída por
por qual motivo, por qual razão. Exemplos: “Por que você faltou?” e “Não sei por
que a semente não germinou”.
Classe de palavra – Preposição por + pronome interrogativo que.
2. Por quê
É o mesmo caso do “uso 2”, acima, mas aqui o pronome interrogativo termina a
frase e depois dele, portanto, vem algum sinal de pontuação: “Afinal, a Marina não
veio, por quê?” e “Não me pergunte por quê, já lhe disse.” Como vimos, grafa-se
separadamente e com acento circunflexo no “e”.
3. Porque
4. Porquê
Exemplos: “Gostaria de saber o porquê disso tudo”. “Quer saber por quê? Tenho
pelo menos dois porquês.” Significa razão, motivo
Dica nº 5
Todas essas vogais são fonemas distintos, porque sua troca pode acarretar
mudança de significado. Por exemplo, se em "selo"(estampilha), trocarmos /e/ por
/e/, teremos "selo" (flexão do verbo selar, eu selo); se em "nós" (pronome reto ou
plural de "nó") trocarmos o // por /o/, teremos "nos", pronome oblíquo da primeira
pessoa do plural, e assim por diante.
Então, na verdade, temos sete vogais orais, representadas por cinco letras, a
saber:Fonema vogal
/a/
/e/
/e/
/i/
//
/o/
/u/ Letra correspondente
a
e
e
i
o
o
u.
Você vai dizer agora que está tudo explicado e acabado, não é? Ainda não. Faltam
as vogais nasais. São elas:
/ã/ ã, am, an
/ẽ/ em, en
/ĩ/ im, in
/õ/ õ, om, on
/ű/ um, un
Em resumo, temos, em português, 12 vogais, das quais sete são orais e cinco,
nasais, ou seja:
/a/, /e/, /e/, /i/, //, /o/, /u/, /ã/, /ẽ/, / ĩ /, /õ/, /ű/.
Dica nº 6
Morfologia - Verbo
Dica nº 7
Fui eu que fiz - Justificativa - O verbo que tem como sujeito o pronome relativo que
concorda em número e pessoa com o antecedente, a palavra que precede esse
pronome. Exemplos: "Foi ele que te nomeou", "Sou eu que vou agora", "Fomos nós
que escrevemos a carta" e "Serão os pais dele que receberão a herança".
Dica nº 8
"Em vez de" quer dizer "no lugar de" e usa-se tanto no primeiro caso como quando
as idéias não são contrárias, por exemplo: "Manifeste-se, em vez de se omitir",
"Em vez de crase, estude regência nominal agora" e "Por que você não usa a blusa
amarela, em vez dessa (de + essa) feiosa aí?".
Dica nº 9
É dúvida comum essa, a de como grafar as siglas. Estas são formas abreviadas,
geralmente compostas das letras iniciais dos nomes de organizações, empresas e
até de pessoas. A propósito, políticos costumam ser conhecidos pelas iniciais de
seus nomes, que formam siglas. Por exemplo, o ex-presidente Juscelino Kubitschek
era e é conhecido por JK. Jânio Quadros também foi muito citado na imprensa
como JQ. Outros personagens menos exemplares também são conhecidos por
siglas, como PC e EJ. O nome "Estados Unidos da América" pode ser convertido na
sigla EUA ou E.U.A. A Viação Aérea São Paulo S. A. corresponde a VASP ou Vasp.
Mas, afinal, como se deve escrever as siglas? Sigla - Tipo especial de abreviação
formada pelas letras iniciais de nomes de organizações (por ex., partidos políticos),
empresas, órgãos públicos, etc.
Exemplos:
· Pontos no interior da sigla - A norma oficial prevê o uso de pontos para marcar
essa forma reduzida, mas o próprio Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa (PVOLP) apresenta exemplos com e sem pontos. A tendência
generalizada é a da supressão dos pontos. Assim, E. U. A. ou EUA.
Dica nº 10
Freqüentemente, confunde-se "a" com "há", mas não há razão para isso - embora
sejam homônimas (têm a mesma pronúncia) -, pois são palavras com uso bem
distinto.
"Há" é flexão do verbo haver e usa-se para expressar noção de tempo passado.
Assim, dizemos: "Há dois anos que moro aqui" ou "Saíram de Goiânia há 23 anos".
Nestes casos, "há" pode ser substituída por "faz": "Faz dois anos que moro aqui" e
"Saíram de Goiânia faz 23 anos".
"Há" também é usada para indicar distância percorrida: "A entrada para Caldas
Novas ficou há 20 km".
Em resumo
· Há - Tempo passado e distância percorrida: "Há 30 anos = Faz 30 anos" e "Há 30
km".
· A - Tempo futuro e distância a percorrer: "Daqui a 30 anos" e "Daqui a 30 km".
Dica nº 11
O mesmo
Mesmo e mesma, próprio e própria e seus plurais são ainda empregados para
reforço de expressão, no que mantêm o princípio que norteia o uso descrito acima.
Assim, "eu mesma fiz o bolo" (eu e ninguém mais), "nós mesmos preferimos vir
para receber o prêmio" (nós, não outros) e "o próprio chefe redigiu o memorando"
(deveria ser outra pessoa, mas foi ele).
· reflexivo - Pronome pessoal oblíquo que, embora funcione como objeto direto ou
indireto, refere-se ao sujeito da oração: me, te, se, si, nos, etc. O pronome
reflexivo apresenta três formas próprias na terceira pessoa, do singular e plural: se,
si e consigo. "Guilherme já se preparou", "Ela deu a si um presente" e "Antônio
conversou consigo mesmo". Nas outras pessoas, os reflexivos assumem as mesmas
formas dos demais oblíquos não-reflexivos: me, mim, te, ti, nos, vos: "Eu não me
vanglorio disso", "Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi", "Assim tu te
prejudicas", "Conhece a ti mesmo", "Lavamo-nos no rio", "Vós vos beneficiastes
com a Boa Nova". topo
· de tratamento - Palavra ou expressão que vale por pronome pessoal. São eles: a
gente, beltrano, fulano, sicrano, sua majestade, sua senhoria (e outros similares),
você, Vossa Alteza, Vossa Excelência (e outros similares). Os pronomes de
tratamento, apesar de serem da segunda pessoa gramatical (referem-se à pessoa
com quem se fala), são considerados de terceira pessoa. Assim, levam o verbo e
outros pronomes (oblíquos e possessivos) para a terceira pessoa, como em “Vossa
Excelência esqueceu-se do compromisso”, “Sua agenda permite a Vossa
Reverendíssima encontrar-se com o prefeito e “Você foi lá?”.
Dica nº 12
Etc.
Quantas vezes você já usou "etc.", não é mesmo? Vamos, porém, comentar algo
sobre isso.
Etc. é abreviatura da expressão latina et cetera e significa "e outras coisas", "e
outros (da mesma espécie)", "e assim por diante". Originalmente, era empregada
apenas com referência a coisas, mas atualmente também se vê (e pode-se usar)
relacionada a animais e mesmo pessoas que poderiam ser mencionados, mas são
subentendidos em um texto. Assim: "lâmpadas, soquetes, conectores, plugues,
etc.", "cavalos, mulas, jumentos, etc.", "Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e
Xororó, Leonardo, Daniel, etc.".
Dica nº 13
O que acha dessa frase? Possivelmente, você dirá que está tudo certo com ela, tal é
sua familiaridade com essa enxurrada de palavras estrangeiras que pipocam nos
textos da nossa imprensa - especializada ou não -, não é mesmo?
Pois é, mas vamos aos fatos. Em primeiro lugar, a grafia das palavras no Brasil é
regulamentada por lei (Decreto-Lei n.º 2623, de 21.10.55), simplificada pela Lei n.º
5765, de 18.12.71. Dessa forma, o respeito à norma ortográfica oficial é respeito à
lei. Em segundo lugar, essa mesma norma disciplina a escrita de nomes
estrangeiros - os estrangeirismos ou barbarismos (em sentido estrito) - que, se não
forem aportuguesados, ou seja, se não se adequarem à nossa ortografia, devem
ser escritos entre aspas ou então sublinhados. Devem, enfim, ser postos em
destaque de alguma forma (tipos itálicos, por exemplo). Excetuam-se os já
consagrados, como box, watt, show, shopping, etc. (aqui em destaque apenas
para melhor visualização). A propósito, box, com significado de "compartimento",
permaneceu na grafia original, mas empregada no sentido de "luta com punhos" foi
aportuguesada para "boxe" e tem ainda sinônimo vernáculo: pugilismo. Assim, o
correto é escrever-se "link", software, upgrade.
O ideal seria que os meios de comunicação - TV, rádio, revistas, jornais e agora a
Internet - adotassem postura de defesa da nossa cultura, aí incluída a língua
portuguesa. Para isso, procurariam traduzir para o português, quando possível, os
nomes estrangeiros que através deles ingressassem em nosso meio. Caso não
fosse possível, que pelo menos adaptassem à nossa ortografia essa torrente de
palavras estrangeiras, especialmente inglesas.
Não se entende, a não ser em razão de mentalidade colonizada, que a maioria dos
estrangeirismos não possa ser traduzida. Para ficar apenas no contexto da Internet:
link não poderia ser "ligação" ou mesmo "porta"? Home page não poderia ser
traduzida por "página principal" ou "página de abertura"? Browser, não poderia ser
"navegador" ou "programa de navegação"? Em vez de download, bem que
poderíamos utilizar "baixamento", "descarregamento" ou "descarga". Se alguém
objetar que "baixamento" não está no dicionário, pois que se crie essa palavra e se
a coloque nele! Banner não poderia ser "faixa" ou "faixinha"? E o que dizer de hit,
no contexto da rede? Poderia perfeitamente ser traduzida por "visita" ou "acesso".
Lembremo-nos de que file, desde o início da expansão da Informática no Brasil, foi
apropriadamente traduzida por "arquivo". Em vez de mandar "e-mail" (abreviação
de electronic mail = correio eletrônico), eu bem que poderia mandar uma
mensagem ou até, abreviadamente, "msg.", já que é para encurtar... Este trecho,
de três linhas, foi retirado de uma revista especializada em Internet: "Às vezes,
troca-se links simplesmente, em vez de banners. Por exemplo: você tem um
site...". Total desrespeito à norma ortográfica. Que pelo menos se aportuguesem
tais palavras. Assim, vocábulos como link viram "linque"; site vira "saite"; browser,
"bráuser" e assim por diante. Já não aportuguesamos diskette? E "leiaute", já não
foi layout? Quem resiste a isso, deveria continuar a escrever football, goal, penalty,
bouquet e carnet, por exemplo.
Dica nº 14
Pela norma ortográfica brasileira, devem ser escritos com "ç" e "j" os nomes
provenientes de outras línguas – das indígenas, inclusive – os quais contenham,
respectivamente, os fonemas
· /s/ (som de "s") no meio da palavra, como araçá, Açu, Araçoiaba da Serra,
Guaçuí, Igaraçu, Moçoró, muçurana, Piraçununga, etc.;
· /ž/ (som de "j") no início ou no meio do vocábulo, como em Cotejipe,
jenipapo, Mojimirim, Potenji, Seriji. "Sergipe", pela regra, deveria ser Serjipe,
mas...
Dica nº 15
Minha mulher é do signo de Leão e minha mãe, de Libra. Tenho um irmão de Áries
e meus filhos são de Aquário.
Tudo muito natural, não é? Pode até ser, mas que há certa "salada" lingüística aí,
com certeza, há. E por quê? Porque se está misturando português com latim. Você
pode dizer como quiser - não há erro nisso -, mas, por questão de coerência,
deveria utilizar todos os nomes em português ou todos em latim. Aqui vão os
nomes dos signos do Zodíaco, nas duas línguas:
Dica nº 16
Maiores informações
Dica nº 17
Dígrafo
Vez por outra, deparamos com esse termo da Gramática, que expressa fenômeno
lingüístico interessante em português. Mas afinal, o que é dígrafo?
Dígrafo - do grego di, dois, e grafo, escrever - é dupla de letras que representa um
só fonema, como "an" (em santo), que representa o fonema /ã/; "ss" (em passo),
que representa /s/; "nh" (em pinho), que representa /ñ/; e outros. Portanto, nos
dígrafos, as letras não formam encontro consonantal, já que não são pronunciadas
as duas consoantes, pois se trata de um único fonema. Na verdade, a existência
dos dígrafos revela deficiência do nosso alfabeto, pois o ideal seria que cada
fonema fosse representado por uma única letra. Os dígrafos no português brasileiro
são os seguintes:
dígrafo fonema representado palavra-exemplo
am /ã/ ambos
an /ã/ antigo
ch /š/ chuva
em /ẽ/ sempre
en /ẽ/ entrada
gu /g/ guelra, guia (neste caso, usa-se "gu" somente antes de "e" e "i" e o "u"
não é pronunciado.)
ha /a/ há
he /e/ hemisfério
he, hé / e / hera, hélice
hi /i/ hipismo
ho /o/ hoje
ho, hó // homem, hóspede
hu /u/ humano
im /ĩ/ impedir
in /ĩ/ indicador
lh /l / galho
nh /ñ/ ninho
om /õ/ ombro
on /õ/ onde
qu /k/ queijo, quilo (neste caso, usa-se "qu" somente antes de "e" e "i" e o "u"
não é pronunciado.)
rr // terra
sc /s/ nascer
sç /s/ cresço
ss /s/ esse
um /ű/ umbigo
un /ű/ mundo
xc /s/ exceção
xs /s/ exsurgir
2. No final de palavras como cantam, armazém e correm, "am" e "em" não são
dígrafos, pois representam os ditongos nasais /ãw/ e /ẽy/, respectivamente, ou
seja, dois fonemas.
3. Na divisão silábica, apenas seis desses dígrafos são separáveis na escrita: rr,
ss, sc, sç, xc, xs. Assim, temos: car-ro, pas-so, des-ci-da, des-ça, ex-ce-to, ex-su-
da-çao.
Dica nº 18
Muitas outras abreviaturas são usadas com ponto, como alm. (almirante), cap.
(capitão), gen. (general), adv. (advérbio), prof. (professor), etc. Não encontram
amparo legal abreviaturas do tipo "gal." (general) ou "alte." (almirante).
Abreviaturas acompanhadas de ponto podem receber "s" como marca de plural:
págs. (páginas), Pes . (padres). Página também pode ser abreviada p. e páginas,
pp.
Dica nº 19
Infinitivo flexionado
Este tema não é dos mais simples entre os fatos gramaticais da língua portuguesa.
O infinitivo é forma nominal do verbo e pode apresentar-se nas modalidades
flexionada e não-flexionada. (Veja o verbete "Infinitivo" no Glossário Gramatical.)
Alguns autores adotam, para essas formas, a nomenclatura de infinitivo pessoal e
impessoal. O prof. Hermínio de Campos Mello contesta esse uso alegando que tanto
o infinitivo flexionado como o não-flexionado são pessoais, ou seja, referem-se a
alguma pessoa gramatical. O mestre parece ter razão quando se empregam flexões
como "Vou caminhar amanhã", "Ela vai caminhar amanhã" ou "Todos vão caminhar
amanhã". Nestes exemplos, embora em sua forma não-flexionada, ou seja,
"impessoal", o infinitivo relaciona-se sempre a uma das pessoas gramaticais.
Dica nº 20
Onde e aonde
"Onde" significa em que lugar. "Aonde" equivale a para qual lugar e emprega-se
sempre com verbos que dão idéia de movimento, como ir e levar. Exemplos:
"Aonde Viviane vai?". Com os verbos que não encerram idéia de movimento, usa-se
"onde": "Onde você mora?" e "A casa onde nasci não existe mais". Onde e aonde
são advérbios e, quanto à função, podem ser classificados como interrogativos e
relativos. Serão interrogativos se integrarem oração interrogativa, tanto direta
como indireta: "Onde está meu casaco?" e "Diga-me aonde Neusa foi". Serão
relativos se se referirem a antecedente expresso ou implícito: "Esta é a piscina
onde fui campeão" (onde = em que, na qual ® relativo) e "Vou aonde você vai".
(Aonde = ao lugar para o qual ® o qual é relativo.) Esta oração equivale a "Vou ao
lugar para o qual você vai". Observe ainda que:
1. Onde se refere a lugar e não, a tempo. É incorreto, pois, dizer-se "É esse o
momento onde entro", pois se está falando de tempo. O correto é "É esse o
momento quando (ou em que) entro".
2. O prof. Celso Cunha ressalta que a distinção de emprego entre onde e aonde
é anulada por muitos escritores de renome e para isso cita alguns exemplos de
obras de autores como Machado de Assis e Fagundes Varela. (Veja CUNHA, 2000,
pp.342-343.)
Dica nº 21
Ambigüidade
Dica nº 22
As duas, cada uma com seu sentido. Por ora equivale a "por agora" ou "por
enquanto". Por hora significa "em uma hora", "a cada sessenta minutos". Desse
modo, digo "Por ora, não vou mexer com isso = Por enquanto, não vou mexer com
isso" e "O carro chega a correr 300 km por hora = O carro chega a correr 300 km
em uma hora". Ora, nesse contexto, é advérbio e significa "agora, atualmente" e
hora é substantivo e quer dizer "fração do dia".
Dicas nº 23
Dica nº 24
Este, esse e aquele são pronomes demonstrativos e indicam a posição (no tempo
ou no espaço) de alguma coisa situada em relação a uma das pessoas gramaticais
(primeira-a que fala, segunda-com quem se fala e terceira-de quem se fala) ou
localiza algo que aparece no texto. Este, esse e aquele variam em gênero e
número, ao passo que as formas isto, isso e aquilo, vestígios do gênero neutro
latino, são invariáveis. Veja:
Dica nº 25
Dica nº 26
Dica nº 27
Ao encontro, de encontro
Dica nº 28
Negação lexical
in- Este também é prefixo de origem latina, que entra na composição de muitas
palavras, como inapto (in + apto), inviável (in + viável), insatisfeito (in +
satisfeito). Diante de palavras iniciadas com /b/ e /p/,ocorre certa acomodação na
escrita: in- transforma-se em im-, já que "b", "p" e "m" são letras que
representam, todas, fonemas bilabiais, isto é, emitidos mediante a junção dos
lábios. Assim, temos imbatível (im + batível), impatriótico (im + patriótico),
improcedente (im + procedente). É preciso não confundir este prefixo com outro
"in-", que significa "movimento para dentro", às vezes transformado em "em-" e
"en-", como em embarcar e enterrar.
não- Embora tenha caráter negativo, este prefixo não deve ser confundido com o
advérbio de negação "não". Aqui ele entra na composição de palavras como não-
alinhado (não + alinhado), não-contradição (não + contradição), não-intervenção
(não + intervenção).
Dica nº 29
O convite foi aceitado ou foi aceito?
Observações:
Dica nº 30
É necessário paciência.
Dica nº 31
A noção de isotopia
Em Lingüística, "isotopia" (do grego isos, igual, semelhante, e topos, plano, lugar)
significa plano de sentido, leitura que se faz de uma frase ou texto. Se, por
exemplo, uma frase permite apenas uma leitura, é dita monoisotópica; diisotópica
se permite duas; triisotópica, se três; etc. Dessa forma, em "Ganhei esta caneta do
meu pai" e "Nas últimas férias, descansei bastante" temos duas frases
monoisotópicas, isto é, cada uma com apenas um significado. Em "Há muito
televisor que precisa melhorar a imagem" e "Ronan, a Márcia chegou com seu pai",
cada frase admite duas leituras. No primeiro exemplo, imagem = representação
televisionada de pessoas e coisas e também conceito. No segundo, seu = de Ronan
ou de Márcia. Já em "Empresas negam oferecimento de propina", temos frase
triisotópica, em que, negam oferecimento = recusam oferecer; desmentem ter
oferecido e desmentem ter recebido oferecimento. O mesmo ocorre em
"Acadêmicos viram monólitos", em que viram = flexão do verbo ver, de virar
-1 (transformar-se) e de virar
-2 (mudar de posição). A multiplicidade de planos de sentido é geralmente
produzida por homonímia ou polissemia.
Um texto também pode permitir - parcial ou totalmente - mais de uma leitura, isto
é, pode ser mono ou diisotópico, no todo ou em parte. O texto abaixo é bom
exemplo disso:
A mulher desmaiou."
Engraçado, não? Pois é... Mas voltemos ao assunto sério. Neste texto, a diisotopia
manifesta-se para o leitor, mas para cada personagem as falas são monoisotópicas.
E essa monoisotopia, principalmente para a mulher, é reforçada por afirmações do
homem como "Ele (o trabalho) me dá muito prazer" e "Sim". (Ao responder à
pergunta se tinha sido ele quem tinha feito os bebês.) Presumo que você tenha
percebido onde a diisotopia começa: a partir da fala da mulher "Ah, já sei. Pode
entrar".
O estudo do significado das frases pertence à Semântica Frástica e o dos textos, à
Semântica Transfrástica ou Textual.
Dica nº 32
Exemplos:
"60% dos produtos importados são supérfluos", "10% das funcionárias estarão
licenciadas nos próximos seis meses" e "3% dos alunos ficaram na sala para o
reforço". O mesmo acontece se o predicado é constituído de locução verbal passiva:
o verbo e o particípio também são influenciados, como em "25% das
administrações estão sendo investigadas" e "Somente 30% dos recursos deverão
ser utilizados na área social".
Dica nº 33
Dica nº 34
Norma culta nada mais é do que a modalidade lingüística escolhida pela elite de
uma sociedade como modelo de comunicação verbal. É a língua das pessoas
escolarizadas. Ela comporta dois padrões: o formal e o coloquial:
· Padrão formal - É o modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente
as regras gramaticais. Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante
tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como porque a escrita é
supervalorizada na nossa cultura. É a história do "vale o que está escrito".
· Padrão coloquial - É a versão oral da língua culta e, por ser mais livre e
espontânea, tem um pouco mais de liberdade e está menos presa à rigidez das
regras gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita
e, embora exista, a permissividade com relação às "transgressões" é pequena.
Uniformidade de tratamento
Exemplo:
"Tu nunca te esqueces de visitar tua terra natal, não é?". Se a pessoa for a
terceira, é preciso converter os termos para ela: "Você nunca se esquece de visitar
sua terra natal, não é?". Observe que "você", embora se refira à pessoa com quem
se fala (segunda), é pronome de tratamento e, como tal, pertence à terceira pessoa
gramatical e para ela leva o verbo.
No caso da primeira do plural, a mesma coisa: "Nós nunca nos esquecemos de
visitar nossa terra natal, não é?". Nestes exemplos, o possessivo foi intercambiado
apenas para servir de mais um elemento de concordância, pois a "terra natal"
poderia ser a de quem quer que fosse. Entretanto, a primeira frase, por exemplo,
não poderia ser construída como "Tu nunca te esqueces de visitar sua terra natal,
não é?", se "terra natal" fosse a do interlocutor. Lembre-se de que pronomes de
tratamento como Vossa Senhoria, Vossa Excelência e outros, apesar do "vossa",
situam-se na terceira pessoa gramatical e, conseqüentemente, para ela levam o
verbo: "V. Ex.ª é muito previdente". É preciso estar atento para a concordância
para não se cometerem erros como "Não te falei que você iria conseguir?" e "Foi
nesse momento que eu caí em si". A primeira frase ainda é tolerável na linguagem
coloquial, mas a segunda é imperdoável se quem a pronuncia passou pela escola.
Dica nº 36
· Pedro I (primeiro)
· Paulo VI (sexto)
· Capítulo X (décimo)
· Luís XIV (catorze)
· Tomo XXI (vinte e um)
· Oitava parte
· Décimo capítulo
· Décimo quarto tomo
· Vigésimo primeiro século
· 35.º Distrito Policial (trigésimo quinto)
Dica nº 37
Dica nº 38
Lapizinho ou lapisinho?
Já o sufixo -zinho nada mais é do que -inho acrescido da consoante de ligação "z".
Dito em outras palavras, -zinho é variante alomórfica de -inho. Sempre que o
sufixo -zinho for juntado à forma normal, a grafia será evidentemente com "z",
assim:
· pé ® pé + zinho ® pezinho
· vovô ® vovô + zinho ® vovozinho
· mamão ® mamão + zinho ® mamãozinho
· cátedra ® cátedra + zinha ® catedrazinha
· árvore ® árvore + zinha ® arvorezinha
· óculos ® óculo(s) + zinhos ® oculozinhos
Dica nº 39
Ué, mas não se diz que não se pode apassivar construção de que faça parte verbo
transitivo indireto? Acontece que temos aí duas situações distintas, já que o verbo
obedecer pode ser usado na regência direta - obedecer alguém - ou indireta -
obedecer a alguém. (A propósito, veja LUFT, 1987-Verbete "Obedecer".) As duas
situações são:
Dica nº 40
· a que admite crase nas locuções adverbiais somente se, de acordo com a
regra geral da crase, houver emprego do artigo definido "a" ou se houver risco de
ambigüidade. Assim, em "Mantenha-se à distância de 30 metros", "Ele passa às
vezes por aqui" e "A irregularidade está à vista dos consumidores", percebemos o
emprego do artigo "a" e a crase é justificada. Em "Recebeu a bala" e "Já estudei a
distância", a clareza está comprometida, pois ficamos sem saber, apenas por essas
duas frases ambíguas, se a bala e a distância são objetos diretos ou adjuntos
adverbiais, razão por que, neste último caso, deve haver acento grave no "a"
dessas locuções - à bala e à distância - para precisar o significado. Entretanto, em
"Temos curso a distância nesta escola", "Os policiais foram recebidos a bala" e
"Faça a prova a tinta", as locuções assinaladas não recebem acento grave porque aí
não há crase, pois o artigo definido feminino não está sendo utilizado. Tanto isso é
verdade que se tentarmos substituir os substantivos femininos por outros
masculinos não teremos a contração "ao", mas o "a" se manterá, prova de que é
simples preposição. Teremos, por exemplo, "Os policiais foram recebidos a pau (e
não, ao pau)" e "Faça a prova a lápis (e não, ao lápis)". Além do mais, naqueles
dois exemplos, inexiste o risco de ambigüidade.
Dica nº 41
Enviamo-lhes ou enviamos-lhes?
Outros autores, como Celso Cunha (2000, p. 400, Observações, 1.ª), registram que
em casos como esses "o -s final da desinência -mos é omitido (em virtude de uma
antiga assimilação à nasal inicial do pronome seguinte)". Ele refere-se a
construções como "lavemo-nos", em que o pronome oblíquo principia com a
consoante nasal "n". Não comenta a respeito de outras formas verbais associadas a
outros pronomes oblíquos, como em "lavamos-lhes as roupas". Assim, o fator que
regula tal uso é tão-somente a eufonia ou então a facilidade de pronúncia.
Podemos, pois, construir como abaixo:
Dica nº 42
Desmistificar ou desmitificar?
Os dois vocábulos são algo mais que parônimos, pois, além da sonoridade quase
idêntica, seus significados são também muito próximos. Daí a freqüente confusão
que causam.
Dica nº 43
Escolas-modelo ou escolas-modelos?
Alguns autores, como Celso Cunha e Domingos Cegalla, ensinam que se o segundo
elemento funciona como determinante específico ou transmite idéia de finalidade
ele permanece invariável: pombo-correio/pombos-correio e manga-
espada/mangas-espada. Entretanto, Napoleão Mendes de Almeida (ALMEIDA, 1979,
§ 227, Notas, 1.ª) garante que "é falso afirmar que não varia o segundo elemento
quando este encerra idéia de finalidade". E mais adiante continua: "A extravagância
vai mais longe quando recorrem para justificar o erro ao argumento da
semelhança; porque o peixe nos lembra o boi iremos dizer peixes-boi? Vamos
então dizer couves-flor?". Cegalla, apesar da opinião acima expressa, ressalva
(CEGALLA, 2000, p. 144, item 3, Observações) que "a tendência moderna, porém,
é a de pluralizar (...) os dois elementos: pombos-correios, peixes-bois, frutas-pães,
homens-rãs...".
Dica nº 44
Se não x senão
· Mas, mas sim, porém - "Silvinha não é garota de ficar em diversões, senão de
levar a sério os estudos" e "Eu não quis criticar, senão ajudá-lo". (conjunção)
· A não ser, mais do que, além de - "Ele não o comprará, senão por bom
preço" e "Não há senão 20 passageiros a bordo". (preposição)
· Mas também (em correlação com "não só" ou "não apenas") - "Alguns são
não só cínicos, senão desonestos" e "Os aliados tentaram não apenas cooptar mais
parlamentares, senão os chantagear". (conjunção)
Dica nº 45
Dica nº 46
Ciúmes e saudades
Dica nº 47
Terapias
· Crioterapia (Do grego krýios, gelo) - Técnica terapêutica que utiliza baixas
temperaturas no tratamento de doenças, especialmente da área ortopédica,
mediante banhos, bolsas de gelo e outros meios. O mesmo que crimoterapia e
psicroterapia.
· Fototerapia (Do grego photós, da luz) - Técnica terapêutica que utiliza a luz.
· Psicoterapia (Do grego psychē, alma, sopro de vida) - Conjunto das técnicas
empregadas na busca do equilíbrio psíquico do paciente através da pesquisa, na
sua mente, de causas de comportamentos patológicos e da adoção de novos
padrões comportamentais.
Adjetivos de relação
6 Vários adjetivos que remetem a rim são compostos do elemento de origem grega
nefro, como nefrolítico e nefrológico.
Dica nº 49
Dica nº 50
Dica nº 51
Ascendência e descendência
Se quisermos nos referir a nossos pais, avós e demais antepassados, o vocábulo
correto será ascendência, que se relaciona com os ascendentes, os que vieram
antes. Assim, digo que “Minha ascendência é espanhola”, pois meus avós, bisavós e
os anteriores a eles eram espanhóis. Se eu quiser falar a respeito dos que vieram e
virão depois de mim, isto é, meus descendentes, utilizarei descendência: “Minha
descendência é brasileira”. Caso eu diga “Minha descendência é espanhola”,
quererei dizer que meus filhos e netos são espanhóis. Por outro lado, posso
corretamente dizer “Sou descendente de espanhóis”, o que significa eu provir de
família originária desse povo.
Dica nº 52
Em epígrafe ou à epígrafe?
Dica nº 53
Aprendemos que sujeito é o ser sobre o qual se declara alguma coisa e que essa
declaração é expressa pelo predicado, do qual o verbo é o elemento mais
importante. Assim, nas orações “Bruno é estudioso” e “Tiago mora em Maceió”, os
sujeitos respectivos são “Bruno” e “Tiago”. Sabemos também que o sujeito pode
ser constituído por uma oração inteira, classificada como subordinada substantiva
subjetiva, como nestas orações assinaladas: “Se ele fará o melhor possível ainda
não sabemos” e “É conveniente que você estude bastante”. Tudo bem até aí, não
é? Mas e quando o sujeito é expresso por um verbo? Esquisito? Pode ser, mas o
fato é que é possível, através de formas nominais como o gerúndio e o infinitivo.
Exemplos: “Não comparecendo é a forma de ele protestar” e “Rir é o melhor
remédio”. Não comparecendo é o sujeito de “é a forma de ele protestar” e Rir, o de
“é o melhor remédio”. Comprovam-se facilmente essas afirmativas ao se fazer a
pergunta ao verbo: “Qual é a forma de ele protestar?” e “Qual é o melhor
remédio?”. Não deixam de ser curiosas essas construções, nas quais o verbo
expressa ação ou estado relativos a um sujeito constituído por outro verbo, ainda
que este esteja em sua forma nominal.
Dica nº 54
O vocativo e a pontuação
Dica nº 55
Dica nº 56
· Gol (do inglês goal), fica gols, no plural. Essa flexão, estranha ao português,
deveria ser gois ou goles (ambos com o “o” pronunciado fechado), mas o plural
estrangeiro prevaleceu no Brasil.
Dica nº 58
Dentre e entre
Não confunda dentre com entre. O vocábulo “dentre”, constituído por de + entre, é
empregado quando os dois elementos que o compõem são exigidos. Em caso
contrário, prevalece "entre". Exemplos do emprego de "entre": "Carlos era
extrovertido apenas entre seus amigos" (no meio dos seus amigos) e "Isso é entre
mim e ele" (diz respeito a nós dois). Exemplos de "dentre": "O vencedor foi tirado
dentre os dez melhores" (de + entre os dez melhores) e "Escolha a mais bonita
dentre elas" (de + entre elas, a mais bonita delas). Nestes dois últimos exemplos,
aparece o uso da preposição "de".
Dica nº 59
Plural de modéstia
Dica nº 60
Dica nº 61
Dica nº 62
“Hoje é 28” ou “Hoje são 28”?
Dica nº 63
Dica nº 64
Estadia ou estada?
Tradicionalmente, estadia significava apenas “tempo de permanência de um navio
no porto sem acréscimo da taxa paga para tal” ou simplesmente “tempo de
permanência de um navio no porto”: “Durante sua estadia no porto de Santos, o
‘Paratii’ foi inspecionado por Amyr Klink”.Estada significa “permanência”, “ato de
estar em um lugar”: “Minha estada em Águas de Lindóia foi muito agradável” e “A
estada do elefante em Brasília foi curta”. Entretanto, o uso acabou ampliando o
significado de estadia, que atualmente também quer dizer “permanência de
pessoas ou mesmo de animais” em algum lugar: “A estadia do Carlinhos em Porto
Alegre foi paga pela empresa”. Os autores mais tradicionalistas resistem em aceitar
a evolução do idioma e condenam este último emprego de “estadia”. Entretanto, os
usuários é que são os senhores da língua, tanto é que dois ótimos dicionários aqui
disponíveis (Aurélio e Brasileiro) já registram, além da acepção tradicional,o
simples fato de estar-se em algum lugar igualmente como significado de “estadia”.
Por isso, não se pode corrigir tal uso em nenhuma redação na qual apareça. Fiquem
atentos, colegas!
Dica nº 65
Dica nº 66
Dica nº 67
Verbos vicários
Verbo vicário é o que fica no lugar de outro, que substitui um verbo para não se o
repetir. Isto é possível porque, em determinado contexto, o verbo vicário é
sinônimo daquele do qual faz as vezes. Os que mais se empregam com essa
finalidade são fazer e ser: “Renato vinha muito aqui, mas há meses que não o faz”
(o faz = vem aqui), “Ela não canta mais como fazia antigamente” (fazia =
cantava), “O concerto realizou-se, mas não foi como se esperava” (foi = realizou-
se) e “Se você não vai é porque tem medo” (é = não vai). A repetição vocabular é
defeito de estilo e revela falta de recursos ou descuido na produção do texto. Um
dos meios de evitá-la é o emprego dos verbos vicários.
Dica nº 68
Norma – Conceito introduzido pelo lingüista romeno E. Coseriu, que consiste nos
padrões de uso, na maneira como os usuários utilizam o sistema ou código
lingüístico. Assim, em razão da norma, os falantes valem-se de algumas
possibilidades e descartam ou ainda não utilizam outras. É também em função da
norma que existem lacunas na língua. Por exemplo, em português, não há nomes
coletivos específicos para designar reunião de baleias ou de ostras. É também
devido à norma que diferentes regiões de um território utilizam diferentes formas
lingüísticas. Assim, os falantes nordestinos designam determinada raiz comestível
por “macaxeira”, enquanto os do Centro-Sul a chamam de “mandioca” e “aipim”.
(Veja também a pág. Você sabia? n.º 25.) As crianças muito pequenas e outras
pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade costumam brindar-nos com “pérolas”
que achamos engraçadas e revelam como a norma determina quais formas o grupo
deve usar. Por exemplo, assim como diz “corri” e “comi”, a criança acaba dizendo
“fazi”. Nada impediria que fosse assim, mas a norma aceita pelo grupo prescreve
“fiz”. Há também frases atribuídas a famosos jogadores de futebol, como esta: “Eu
desconcordo com o que você disse”. Sintaticamente, a frase é gramatical e o
vocábulo “desconcordo” está construído conforme as regras portuguesas.
Entretanto, os falantes sempre preferiram discordo em seu lugar. Coisas da norma.
Dica nº 69
À toa e à-toa
Essas expressões diferem na grafia, no significado e na classe de palavras.
Vejamos:
À toa – Grafada sem hífen, essa locução adverbial significa “a esmo, sem objetivo
definido, sem proveito”: “Ficou andando à toa por aí”, “Está lá, escrevendo à toa” e
“Cansei-me à toa”.
À-toa – Com hífen, é locução adjetiva e significa “desprezível, sem importância,
inútil”: “Aquele é sujeito à-toa mesmo”, “É besteirinha, coisa à-toa” e “Não adianta,
é ajuda à-toa”. Apesar de funcionar como adjetivo, não varia: “São papéis à-toa”.
Dica nº 70
Por razões etimológicas, os nomes terminados em -ão passam para o plural de três
maneiras em português: com final em -ãos, -ães e -ões. Os substantivos e
adjetivos com a terminação "-ão" no singular podem apresentar, no plural, uma
daquelas formas, duas ou ainda as três. Vejamos alguns exemplos dessas
ocorrências:·
É oportuno ressaltar que a tendência dos falantes é a preferência pelo plural em "-
ões". Essas considerações valem para os nomes em que a terminação "-ão" situa-
se na sílaba tônica, caso de todos os exemplos acima. Contudo, o plural dos nomes
em que ela se localiza na sílaba átona efetua-se de acordo com a regra geral da
flexão de número dos substantivos e adjetivos: com acréscimo do morfema -s.
Assim: acórdão/acórdãos, sótão/sótãos, bênção/bênçãos. Enfim, não existe regra
completa para orientar o usuário comum da língua no emprego do plural correto.
Além das formas consagradas e de fácil memorização, o esclarecimento acerca das
que suscitam dúvida deve ser buscado nas obras especializadas: gramáticas e
dicionários.
Dica nº 71
Perda ou perca?
As duas, cada uma com seu sentido. Elas são palavras parônimas e costumam ser
indevidamente empregadas uma pela outra. Entretanto, se estivermos atentos para
seus significados, não há razão para as confundirmos. Vejamos: ·
São, pois, incorretas frases como "Não desejo que ele perda a fortuna" ® (correto:
perca) e "Isso é perca de tempo" ® (correto: perda).
Dica nº 72
Mal e mau
Em resumo:
Na dúvida, substitua “mal” por “bem” e “mau” por “bom”. Se fizer sentido, é
porque o emprego foi acertado.
Dica nº 73
Dica nº 74
Ué, mas “somente” não é advérbio e as gramáticas não ensinam que o advérbio é
palavra que modifica apenas adjetivos, verbos e os próprios advérbios? Sim, é isso
mesmo. Então, como, na frase-título, o advérbio “somente” está se relacionando
com o substantivo Paulo? Na realidade, os gramáticos têm dificuldade em classificar
certas palavras e a própria Nomenclatura Gramatical Brasileira, ao reconhecer isso,
criou a classe extraordinária das “palavras que denotam” ou “denotativas”. E
denotam o quê? Denotam, isto é, expressam noções de inclusão, exclusão,
designação, realce, retificação, situação, explanação, etc. Essas palavras – e
também locuções (grupos de palavras) – são muitas vezes consideradas advérbios,
o que não é apropriado, já que não se referem a adjetivos, verbos ou a outros
advérbios. Na verdade, em certos contextos, não se enquadram em nenhuma das
dez classes de palavras admitidas e são forçosamente incluídas na classe
extraordinária acima referida. Na análise morfológica, devem ser consideradas,
portanto, “palavras que denotam inclusão, exclusão ou designação, etc.”. Vejamos
essas categorias, uma a uma:
Dica nº 75
Dica nº 76
Pontuação em números
Ponto – Na representação de
Vírgula – Na grafia de
Dica nº 77
Darmos e dar-mos
Assim, se alguém me diz: “Aqui estão os livros.”, posso responder: “Você poderia
dar-mos?”, que equivale a “Você poderia dar-me os livros?”. Evidentemente, na
língua oral, seria pouco provável depararmos com esse uso, mas ele é legítimo. O
equívoco referido decorre da confusão entre a combinação que se acabou de
descrever e o morfema verbal -mos, que aparece na flexão dos verbos na primeira
pessoa do plural do infinitivo pessoal ou flexionado. Ao conjugar o verbo “dar”
nessa forma nominal e nessa pessoa, tem-se “darmos”, como em “É preciso
darmos atenção aos questionamentos dos alunos”. Neste caso, seria descabida a
separação “dar-mos”, pois a partícula “-mos” faz parte do vocábulo, é parte
integrante dele. O inverso acontece com outros pronomes oblíquos, como -nos (=
para nós). Como não integram a forma verbal, devem ser escritos com o hífen
separador: “Torçamos para o instituto dar-nos (dar a nós) a oportunidade que
almejamos”.
Dica nº 78
O mesmo vale para outros casos, como direito a, onde também se destaca a
preposição “a”. Em direito a pensão, o substantivo que se segue está empregado
em sentido genérico, pois não se determina de que pensão se trata nem de quanto
ela é. Entretanto, se a palavra seguinte for determinada nas condições acima, aí
ocorre crase: “Direito à pensão estipulada pelo juiz” (direito a + a pensão
estipulada pelo juiz), “Direito à elevada pensão prevista no estatuto” (direito a + a
elevada pensão...) e “Direito àquela pensão que ela reivindicava” (direito a +
aquela pensão...).
Dica nº 79
Particularidades de regência
A regência, quer verbal, quer nominal, pode apresentar casos particulares, como o
que abordaremos agora. Trata-se da possibilidade de se omitir complemento
nominal ou verbal para evitar repetição. Tudo depende da regência dos nomes ou
verbos que participam da construção oracional. Por exemplo, na expressão "amor e
obediência aos pais", a omissão do complemento aos pais após "amor" foi operada
para evitar-se a construção repetitiva "amor aos pais e obediência aos pais". Ela foi
possível porque os substantivos amor e obediência têm a mesma regência, isto é,
seus complementos nominais têm de vir antecedidos de preposição e da mesma
preposição: "a". Em outras palavras, tais vocábulos apresentam-se como amor a e
obediência a. Se o complemento for do gênero feminino, haverá crase: "respeito e
obediência às leis". (Veja, a respeito, a Dica n.º 2.) Outros exemplos: "Apego e
carinho pelos livros" e "Atenção e deferência para com os visitantes".
"Gostei do livro e deliciei-me com ele" e não "Gostei e deliciei-me com o livro".
"Encontrei-me com Alberto, mas afastei-me logo dele" e não "Encontrei-me mas
afastei-me logo de Alberto".
Dica nº 80
A segunda frase também está correta em razão de o verbo concordar com a forma
plural "Gaviões da Fiel", referência aos participantes da citada escola de samba.
Eles são também integrantes, em geral, da torcida homônima do clube de futebol
S. C. Corinthians Paulista, aliás, a mais famosa delas. E por que "Fiel"? Porque a
torcida corintiana é considerada, muito justamente, a "Fiel Torcida".
Dica nº 81
Uso do dicionário
Outro aspecto do que falamos aqui se refere à oposição singular vs. plural. A forma
geral registrada é a singular, o que mostra considerarem os lexicógrafos
(dicionaristas) ser a palavra no plural apenas variação da forma singular e não,
outra palavra. Entretanto, as formas do singular e do plural dos vocábulos
portugueses de origem latina (a maioria) tiveram evolução paralela e autônoma.
Mesmo assim, a busca de verbetes deve, pois, ser feita pela forma singular.
Nomes compostos muitas vezes não são consignados e deve-se procurar por um de
seus elementos constituintes. Por exemplo, não se encontra ponto de vista.
Entretanto, no verbete ponto, ao final de suas acepções, há menção a "ponto de
vista" e a outros subverbetes em que aparece o elemento "ponto". O mesmo ocorre
com relação a livro de ouro, encontrado no verbete "livro" e a Semana Santa, que
aparece no verbete semana.
Por fim, enfocamos as formas verbais, que devem ser procuradas no dicionário pelo
infinitivo. De nada adianta tentar localizar cantava, comia, saía e punha, que não
serão encontradas. O apropriado é buscar cantar, comer, sair e pôr. Contudo, o
particípio sempre aparece, pois é levada em consideração sua função adjetiva.
Ainda assim, a forma feminina nem sempre é contemplada e mesmo quando ela é
substantivada às vezes não figura. Assim, o Aurélio consigna estimado, mas não,
estimada; cansado, mas não, cansada; registra amado, mas não, amada, embora
esta possa também significar a mulher que alguém ama; querido, mas não,
querida, que, como substantivo, é algo ou alguém que se quer muito.
Dica nº 82
Ofício
Observações:
9. Se for utilizada mais de uma folha na redação do ofício, o endereço será indicado
na primeira.
Exemplo de ofício:
Dica nº 83
Dica nº 84
Esta matéria pode suscitar dúvida, já que a norma ortográfica é nebulosa. Ela prevê
acentuação gráfica sempre que um vocábulo for proparoxítono, como em âmago,
básico, lâmpada e médico. Até aí, tudo claro. Acontece que há palavras paroxítonas
terminadas em ditongo crescente, como água (á-gua), ânsia (ân-sia), contínuo
(con-tí-nuo), glória (gló-ria), lírio (lí-rio), série (sé-rie), tênue (tê-nue) e outras,
que são acentuadas graficamente, pois também podem ser pronunciadas como
proparoxítonas. Neste caso, o encontro vocálico em ditongo converte-se em hiato e
agora a sílaba que era una divide-se em duas, de forma que as palavras se tornam
proparoxítonas: "á-gu-a", "ân-si-a", "con-tí-nu-o", "gló-ri-a", "lí-ri-o", "sé-ri-e", "tê-
nu-e". Você deve estar-se perguntando: ué, mas não há nada de novo, pois temos
proparoxítonos em ambas as situações. Entretanto, a regra silencia se o vocábulo
for pronunciado como paroxítono: gló-ria. Nesta situação, ele não deveria ser
acentuado graficamente, já que na regra de acentuação dos paroxítonos não estão
incluídas as palavras terminadas em ditongo crescente. Mesmo assim, elas são
acentuadas. O que ocorre é que a regra prevê tais formas poderem vir a ser
pronunciadas como proparoxítonos - são os proparoxítonos eventuais - e, pelo sim,
pelo não, inclui-as também no rol das palavras que apresentam o acento tônico na
antepenúltima sílaba. Eis o que dizem as "Instruções da Academia Brasileira de
Letras", de 12.08.1943, no capítulo XII - Acentuação gráfica, item 43, alínea 2.ª,
observação : "Incluem-se neste preceito [acentuação obrigatória dos
proparoxítonos] os vocábulos terminados em encontros vocálicos que podem ser
pronunciados como ditongos crescentes: área, espontâneo, ignorância, imundície,
lírio, mágoa, régua, tênue, vácuo, etc.". Ora, se o encontro vocálico final é ditongo,
isso significa que a palavra não é proparoxítona e sim, paroxítona. Contudo,
repetimos, não há previsão normativa, no que toca aos paroxítonos, de acentuação
dos vocábulos terminados em ditongo crescente. A norma é, pois incompleta, já
que deveria prever expressamente a acentuação desses vocábulos tanto na
condição de proparoxítonos como na de paroxítonos, uma vez que ambas as
pronúncias ocorrem nos domínios da língua.
Essa é, porém, discussão acadêmica. O que interessa para seu uso é que vocábulos
paroxítonos terminados em ditongo crescente recebem acento gráfico na vogal
tônica, já que esse ditongo pode converter-se em hiato, o que faz com que tais
palavras sejam pronunciadas como proparoxítonas: cá-rie ® cá-ri-e, gló-ria ® gló-
ri-a, ré-gua ® ré-gu-a, etc.
Dica nº 85
Além dos milhares de vocábulos portugueses de origem latina, são muitas vezes
empregadas palavras e expressões na forma original. Encontramo-las às centenas
tanto na linguagem técnica como na que utilizamos no dia-a-dia. Vejamos algumas,
seu significado e exemplo de emprego:
Ad hoc (para isso, para determinado fim) – Diz-se de pessoa (ou grupo de
pessoas) que, em certa situação, é designada para exercer função que
habitualmente não é a sua: “Na assembléia, José foi escolhido secretário ad hoc”.
Ad infinitum (até o infinito) – Indefinidamente: “Na dízima periódica, um ou mais
algarismos repetem-se ad infinitum”.
Ad referendum (para ser trazido de volta) – Para exame e aprovação posterior de
outrem. Uma decisão “ad referendum” é tomada por alguém e depois submetida à
aprovação de outras pessoas a quem esse alguém deve satisfações: “O presidente
nomeou o embaixador ad referendum do Congresso”.
Alter ego (outro eu) – Pessoa em quem se pode confiar como em si mesmo;
aquele que substitui perfeitamente o outro (Aurélio): “Por suas ações, Valmir era o
alter ego do subgerente”.
Caput (cabeça, extremidade) – Parte superior de um artigo ou parágrafo: “A
convocação da assembléia está amparada pelo estatuto social em seu artigo 12,
caput”.
Corpus Christi (corpo de Cristo) – Tradicional festa móvel católica em honra do
corpo de Deus: “As ruas de Matão enfeitam-se para a procissão de Corpus Christi”.
Curriculum vitæ (carreira da vida) – Documento que contém dados pessoais e
outras informações relacionadas à formação escolar e profissional e às atividades já
realizadas por alguém com vistas a candidatura a algum cargo ou emprego: “Os
candidatos à vaga devem apresentar o curriculum vitæ no departamento de
Recursos Humanos da empresa”.
De cujus (aquele de cuja) – Palavras existentes na expressão jurídica de cujus
successione agitur = aquele de cuja sucessão se trata. Emprega-se com
referência a alguém falecido que deixou bens de herança.
e. g. (abreviatura de exempli gratia) – Significa “por exemplo”: “O padre aparece
ali só em festas religiosas e.g. no domingo de Páscoa”.
Errata (plural de erratum = erro) – Erros, coisas erradas: “Errata – Na pág. 5,
onde se lê ‘viraram’, leia-se ‘viraram-se’. Na pág. 17, onde se lê ‘mandato’, leia-se
‘mandado’”. E assim por diante.
Et alii (e outros) – Expressão usada em notações bibliográficas para indicar a
existência de mais de um autor: “HERNANDES, Paulo et alii.”.
Ex voto [de (um) voto] – Empregada já na forma aportuguesada (ex-voto).
Objeto – fotografia, quadro ou reprodução em cera ou madeira de parte do corpo
humano – deixado em igreja para pagamento de voto ou promessa em retribuição
de graça recebida: “Na sacristia, vêem-se centenas de ex-votos”.
Ex officio (de ofício, de obrigação) – Em função do cargo ou em virtude de
obrigação do cargo: “O procurador representou ex officio ao presidente do
tribunal”.
Habeas corpus (tenhas teu corpo) – Garantia outorgada pela Constituição a
alguém que está sofrendo ou pode sofrer restrições na locomoção por parte de
autoridade: “O defensor do acusado já requereu habeas corpus preventivo”.
Habeas data (tenhas os dados) – Dispositivo introduzido na constituição brasileira
de 1988 pelo qual um cidadão pode requerer do poder público informações sobre os
dados que sobre ele existam em arquivos de órgãos governamentais e
eventualmente as retificar.
Honoris causa (para a honra) – Título conferido por universidades a pessoas, a
título de homenagem, sem que o agraciado tenha passado por qualquer exame: “O
autor recebeu da Universidade de Brasília o título de doutor honoris causa”.
Ibidem (no mesmo lugar) – Vocábulo que também aparece na forma abreviada
ibid. Em Bibliografia, termo que equivale a “no mesmo lugar, mesmo capítulo ou
mesma página”. Veja exemplo no verbete "Loc. cit.", adiante.
Idem (o mesmo) – A mesma coisa ou, em Bibliografia, o mesmo autor: “Ata da
reunião de 10.09.98. Idem, de 12.08.99”.
In loco (no lugar) – No lugar, no próprio local: “O delegado verificou in loco a
situação do prédio atingido”.
In fine (no fim) – É usada para indicar a localização de algo no final de um texto
ou de parte dele: “Veja o parágrafo 11, alínea ‘a’, in fine”.
In natura (na Natureza) – Em estado natural, tal qual: “Em vez de comercializar o
leite in natura, as empresas preferem transformá-lo em laticínios”.
In totum (no todo) – Totalmente, integralmente: “Para a computação, os dados da
pesquisa foram considerados in totum, em vez das totalizações parciais”.
Ipsis litteris (com as mesmas letras) – Literalmente, textualmente, nos mesmos
termos: “Transcrevi ipsis litteris o que ele escreveu”.
Ipso facto (mesmo fato) – Por esse mesmo fato, por isso mesmo: “O diretor da
Receita é, ipso facto, a pessoa mais abalizada para opinar a respeito de
arrecadação”.
Lato sensu (em sentido amplo) – Em sentido amplo, geral; de forma geral: “O
curso é de pós-graduação lato sensu em Língua Portuguesa”. Os cursos “lato
sensu” são geralmente os de especialização, feitos depois da graduação
universitária.
Loc. cit (abreviatura de loco citato, lugar citado) – Expressão usada em Bibliografia
com sentido de “no mesmo lugar, no mesmo livro”. Entretanto, é mais empregada
como equivalente a “na mesma página”, para não se repetir o número da tal
página: “LUFT, 1979, p. 35. Idem, ibidem, loc. cit.”. Aí, “idem” refere-se ao autor,
“ibidem” à obra – identificada pelo ano da edição, certamente constante da
bibliografia – e “loc. cit.” indica que a página é a mesma já mencionada há pouco.
Mea culpa (minha culpa) – Reconhecimento do próprio erro ou falha: “Depois do
que ocorreu, todos esperavam que ele fizesse o mea culpa ali mesmo”.
Modus operandi (modo de operar) – Maneira de agir: “A polícia já tem as
informações sobre o modus operandi da quadrilha que agiu nas privatizações”.
Mutatis mutandis (mudado o que deve ser mudado) – Fazendo-se as alterações
ou adaptações necessárias: “Empregados têm deveres com os patrões; mutatis
mutandis, têm os patrões deveres com os empregados”.
Nihil (nada) – Emprega-se para indicar ausência de dados ou informações:
“Consultas realizadas – Janeiro: 10; fevereiro; 8; março: nihil; abril: 2”.
Pro forma (pela forma, pela aparência) – Por mera formalidade: “Não há
necessidade da assembléia, mas ela será realizada apenas pro forma”.
Pro labore (pelo trabalho) – Expressão já aportuguesada como “pró-labore”.
Remuneração paga pelo exercício de certo cargo ou função ou pela execução de
determinada tarefa: “Além do pró-labore, os diretores têm outras regalias”.
Pro rata (de pro rata parte = para a parte fixada, calculada) – Em proporção, de
forma proporcional (segundo a parte contada a cada um): “A taxa foi calculada pro
rata de acordo com a despesa mensal”.
Sine die (sem dia) – Sem data marcada: “O simpósio foi adiado sine die”.
Sine qua non (de conditio sine qua non = condição sem a qual não) –
Indispensável: “A conclusão de curso superior é condição sine qua non para a
inscrição no concurso”.
Stricto sensu (em sentido estrito) – Em sentido restrito: “Estão abertas as
matrículas dos cursos de pós-graduação stricto sensu”. Tais cursos são geralmente
os de mestrado e doutorado.
Status quo (de in statu quo = no estado que) – Situação em que algo se
encontrava ou se encontra: “Nosso movimento político contraria o status quo
vigente”.
Sub judice (sob julgamento) – Sob apreciação judicial: “Não vou me manifestar, já
que a questão ainda está sub judice”.
Sui generis (de seu próprio gênero) – Peculiar, original, diferente: “Trata-se de
linha de investigação sui generis”.
v. g. (abreviatura de verbi gratia) – Significa “por exemplo”: “A Semiótica estuda
todos os sistemas de signos, v. g., a linguagem gestual”.
vs. (abreviação de versus = contra) – “No dia 3 de junho, teremos o jogo Brasil vs.
Turquia”.
Dica nº 86
A princípio ou em princípio?
Ambas são locuções (ou sintagmas) adverbiais que se parecem na forma e por isso
são freqüentemente confundidas, mas têm empregos diferentes. A princípio
equivale a "no começo", "inicialmente": "A princípio, o time estava meio preso, mas
depois se soltou e surgiram os gols", "A princípio, a seleção turca respeitou o Brasil,
mas depois começou a gostar do jogo" e "A princípio, Edmilson estava meio
nervoso, mas acabou firmando-se na partida".
Em princípio significa "em tese", "preliminarmente", "de modo geral", como em "Em
princípio, concordo com o esquema tático da seleção brasileira", "Em princípio, a
Seleção era favorita no jogo de estréia" e "Em princípio, quase todas as equipes
têm chance".
Dica nº 87
Pontuação
"Um homem rico estava muito mal de saúde. Pediu caneta e papel e escreveu
assim:
'Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
alfaiate nada aos pobres'.
Morreu antes de fazer a pontuação. Afinal, a quem ele deixou a fortuna? Eram
quatro concorrentes: a irmã, o sobrinho, o alfaiate e os pobres. O escrito chegou às
mãos deles e cada um fez a pontuação que lhe conveio, como veremos a seguir:
O sobrinho fez a seguinte pontuação: 'Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu
sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres'.
A irmã chegou em seguida. Pontuou assim: 'Deixo meus bens à minha irmã. Não a
meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres'.
O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa para a sua sardinha: 'Deixo meus
bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate.
Nada aos pobres'.
Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta leitura: 'Deixo
meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do
alfaiate? Nada! Aos pobres'.
“O valor da vírgula
Leia o texto abaixo e ponha nele apenas uma vírgula. Quase sempre, os homens
colocam-na em um lugar e as mulheres, em outro. Tente descobrir onde isso
ocorre.
‘Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria ansiosamente à sua
procura.’
Dica nº 88
Nas palavras compostas cujos elementos são separados por hífen, é o seguinte o
emprego das letras maiúsculas:
Tal ocorre porque "os elementos hifenizados têm autonomia fonética, mórfica e
gráfica. Mantêm portanto as maiúsculas respectivas" (LUFT, 1979: 76).
Dica nº 89
Cerca de, acerca de, há cerca de
Essas três formas costumam produzir confusão pela semelhança, mas têm emprego
preciso, como veremos a seguir:
Dica nº 90
Feminino de ídolo
Dica nº 91
Dica nº 92
Dica nº 94
Qual seja
É correto o emprego dessa expressão? Sim, pois se trata de pronome relativo tanto
quanto "que" e exerce a função de sujeito da oração que introduz. A frase "O autor
tem grave dever, qual seja o da lealdade processual" equivale a "O autor tem grave
dever, o qual é o da lealdade processual". Se o antecedente está no plural,
empregamos então "quais sejam": "Antônio possui algumas propriedades, quais
sejam uma casa, um apartamento e uma chácara".
Dica nº 95
Nos casos em que o sujeito composto antecede o verbo, este vai naturalmente para
o plural por serem mais de um os praticantes da ação. Por exemplo, “Carlos e
Marina são pessoas íntegras” e “Vanessa e Gabriel viajaram para Alagoas”.
Entretanto, quando o sujeito composto está posposto, isto é, quando está posto
depois do verbo, este pode permanecer no singular, como faz Manuel Bandeira em
“Rua da União, onde todas as tardes passava a preta das bananas com o xale
vistoso de pano da Costa e o vendedor de roletes de cana” (CUNHA, 2000: 498).
Assim também “Chegou o novo televisor de 30 polegadas e o revolucionário DVD” e
“Apareceu a ilha Redonda e a Siriba”.
Observe o que diz Napoleão Mendes de Almeida: “Preste atenção o aluno aos
dizeres da regra: ‘...poderá o verbo...’ – Não há obrigação de ficar no singular o
verbo; preferem muitos pô-lo no plural, talvez por temor de críticas de ignorantes
em assuntos gramaticais. Segundo Cândido de Figueiredo, o verbo anteposto aos
sujeitos deve ficar sempre no singular, mesmo nos casos em que os últimos
elementos do sujeito estejam no plural (“Morreu Pedro e todos os que lá estavam”),
porque assim exige a índole da língua e a prática dos melhores mestres” (ALMEIDA,
1999: 449, § 727, Notas, 1.ª).
Dica nº 96
De modo geral, não cabe o emprego da vírgula juntamente com a conjunção aditiva
“e”, pois nesse caso ambos os elementos estarão funcionando como conetivos no
mesmo lugar. Contudo, há casos em que é possível a presença da vírgula
juntamente com o “e” e em outros ela não só é possível como necessária. Vejamos
alguns deles:
Como informação de caráter prático, saiba que se coloca vírgula depois do “e”
somente se há intercalação depois dele. Evidentemente, se se trata de intercalação,
temos aí duas vírgulas: uma antes e outra depois do elemento ou oração
intercalada. Exemplo: “Norma chegou e, exultante, logo foi contando as
novidades”. Se também houver intercalação antes do “e”, este ficará entre vírgulas,
como em “Renato pediu informações, muito aflito, e, em seguida, dirigiu-se à
Prefeitura”.
Dica nº 97
Eis
Afinal de contas, o que significa essa palavra? “Eis” origina-se do latim ecce e como
outras que há não se enquadra em nenhuma classe de palavras de acordo com a
Nomenclatura Gramatical Brasileira. Por isso, esta a inclui na categoria dos
vocábulos “que denotam alguma idéia”, no caso, a de “designação”. “Eis” tem força
de verbo e é por esse motivo que pode ser empregada com pronome oblíquo, à
guisa de complemento: “Ei-lo”, “Eis-nos”. Tal complemento é objeto direto: “Eis o
aluno”. Equivale a “aqui está”: “Eis o homem = Aqui está o homem”. Repare que
depois de “eis” o pronome oblíquo “o” (e “a”, “os”, “as”) transforma-se em “lo” (e
em “la”, “los”, “las”) porque se pospõe a forma terminada em “s”.
Dica nº 98
• Originalidade – Procure ser original ou, como se costuma dizer, “ser você
mesmo”. É claro que o que é bom pode ser utilizado, mas de forma moderada, sem
cair na imitação servil. A originalidade na expressão revela o estilo de cada um e,
como já dizia Buffon, “o estilo é o próprio homem”. Com o tempo, seu estilo vai-se
definir mediante certas preferências vocabulares e de construção frasal e isso vai
evidenciar sua marca e mostrar visão própria do mundo.
Para aperfeiçoar seu texto, evite as cacofonias, a repetição vocabular (por isso, a
importância dos exercícios com sinônimos e do uso do dicionário) e faça economia
do “que”, dos pronomes possessivos e dos artigos indefinidos. Leia mais sobre isso
na Dica n.º 01. Texto com palavras repetidas muito proximamente demonstra
desleixo na escrita ou pobreza de recursos vocabulares.
Dica nº 99
Tópico frasal
Expressão utilizada por Othon M. Garcia (GARCIA, 1988: 206) como tradução do
inglês topic sentence, “tópico frasal” designa um ou dois períodos curtos iniciais que
contêm a idéia-núcleo do parágrafo em texto dissertativo, descritivo ou narrativo. O
tópico frasal é eficiente e prática maneira de estruturar o parágrafo, pois já de
início expõe a idéia que se quer passar, a qual é comprovada e reforçada pelos
períodos subseqüentes. O autor diz que, embora haja outras formas de se construir
parágrafo, a maioria (mais de 60%) é assim estruturada, de acordo com suas
pesquisas.
Ainda segundo Othon Garcia, aprendemos que o tópico frasal pode-se apresentar
sob diferentes formas, quais sejam:
Note que no exemplo acima a declaração inicial aparece sob forma negativa,
justificada pelo período seguinte. A seguir, acrescentam-se mais informações a
essa fundamentação: “Essa árvore...”.
Definição – Muitas vezes, o tópico frasal apresenta-se sob a forma de definição, o
que lhe confere característica didática:
Dica nº 100
Dica nº101
Anexo ou em anexo?
Na correspondência, usa-se anexo para indicar que algo está junto do texto em que
se escreve. Nesse contexto, “anexo” é adjetivo, que concorda com o substantivo
que acompanha. Assim, “Segue cópia anexa”, “Envio documento anexo”, “As
faturas vão anexas”.
Por tudo isso, se algo vai simplesmente junto com a carta, ele vai anexo e não, “em
anexo”.
Dica nº 102
Meio
Tratamos aqui de “meio” enquanto advérbio ou numeral. Como advérbio, não varia
e modifica adjetivos. Assim, temos “Leonardo estava meio preocupado” e “Lourdes
bebeu e ficou meio tonta”. Nestes exemplos, meio significa “um pouco”, “mais ou
menos”. Meio pode também funcionar como numeral – significa “metade de um” –
e nesse caso concorda com o substantivo que acompanha. Exemplos: “Rosário
tomou meio litro de chope” e “Joabel comprou 12 meias garrafas de cerveja”.
Fiquemos atentos para esses empregos em expressões do tipo “meio acabada/meia
acabada”, “meio terminada/meia terminada” e “meio aberta/meia aberta”. Se digo
que o pedreiro entregou a parede meio terminada (meio = advérbio), quero dizer
que a entregou ainda por terminar. Se, porém, digo que ele entregou a parede
meia terminada (meio = numeral), isso significa que ela está construída pela
metade. O mesmo vale para “porta meio aberta”, ou seja, porta entreaberta. Se
digo porta meia aberta, quero dizer que está aberta pela metade. Caso curioso é o
de “meio” ao acompanhar meio-dia. Por princípio lógico, devemos dizer “meio-dia e
meia”, pois estamos querendo dizer que se trata de metade do dia mais meia hora,
substantivo aí subentendido. Entretanto, por influência do gênero masculino de
“meio-dia”, é comum ouvirmos “meio-dia e meio”. Contudo, isso significará,
literalmente, “meio-dia mais metade de um dia”. Essa contaminação de gênero
também é freqüente em exemplos como “Depois da cerveja, Leo ficou meia
alegrinha”, quando na verdade não se quer dizer que ela ficou “alegre” pela
metade, mas um pouco, mais ou menos. Estes últimos exemplos indicam evolução
lingüística e são admitidos na linguagem coloquial, mas se quisermos ficar em paz
com a prescrição da Gramática, especialmente na língua escrita, devemos atentar
para o real sentido que os vocábulos tradicionalmente têm.
Dica nº 103
O mais possível
Dica nº 104
Que lhe parece? Os gramáticos tradicionais torcem o nariz para essa construção e a
condenam. Por quê? Porque com a combinação da preposição de com o artigo o o
sujeito do infinitivo (Brasil) acaba dependendo do substantivo “hora”, que o
antecede, o que dá origem ao sintagma hora do Brasil. O sujeito ficaria
indevidamente regido de preposição. E não se tem isso aí. Na verdade, o que há é
a expressão “está na hora”, completada por infinitivo, no caso, “fazer”. Assim, o
que queremos dizer é que “está na hora de fazer reformas”. Quem? O Brasil.
Reconstruindo a frase, podemos dizer “Está na hora de fazer reformas o Brasil” ou,
em outra ordem, “Está na hora de o Brasil fazer reformas”. Lembremo-nos pois
que, em casos como esse, a expressão “está na hora” deve ser seguida da
preposição de e de um verbo no infinitivo: “está na hora de sair”, “está na hora de
almoçar”, “está na hora de voltar”, etc. O sujeito desse infinitivo pode posicionar-se
antes ou depois do verbo: “Está na hora de levar a sério o estudo o aluno” ou “Está
na hora de o aluno levar o estudo a sério”.
E aí, como ficamos? Bem, qualquer que seja a opção escolhida, você estará
respaldado. Contudo, a prudência recomenda, especialmente em provas escolares
ou concursos, o emprego da construção tradicional, isto é, sem a combinação:
“Está na hora de a onça beber água”. Se você insistir na combinação e seu texto for
corrigido, haverá possibilidade de recurso e sua posição deverá prevalecer, pois
conta com respaldo de gramático respeitado. É preciso, porém, nessa atitude,
pesar a relação custo/benefício.
Dica nº 105
Verbos causativos
Categoria curiosa é a dos verbos chamados “causativos”. E o que vem a ser verbo
causativo? Também chamado “factitivo”, é o verbo transitivo direto (o que se liga
ao complemento sem auxílio de preposição) cujo objeto se constitui de um ser que
age por força do sujeito. Em outras palavras, o sujeito faz com que o objeto faça ou
torne-se alguma coisa. Exemplos: "João afugentou os cães" (pela ação de João, os
cães fugiram), "Roma civilizou a Pensínsula Ibérica" (pela ação de Roma, a
Península tornou-se civilizada), "Os portugueses cristianizaram a Terra de Santa
Cruz" (pela ação dos portugueses, a Terra de Santa Cruz tornou-se cristã),
"Notifiquei-o do atraso" (pela minha ação, ele tomou conhecimento do atraso).
Repare que os auxiliares causativos não formam locução verbal com o infinitivo.
Assim, cada verbo tem seu sujeito, e o verbo no infinitivo pode ser substituído por
forma modal: “Fiz com que Leo estudasse”, “Mandei que os alunos ficassem” e
“Deixei que o copo caísse”. (Leia também, a respeito do infinitivo, a Dica n.º 19.)
Dica nº 106
Orações interrogativas
Dica nº 107
Para redigir com acerto e qualidade, é preciso muita leitura e constante treino. É
útil fazer curso específico, quer para reforçar os conhecimentos adquiridos na
escola regular, quer para suprir deficiências desse aprendizado. Aqui vão algumas
recomendações e comentários, que poderão ajudar na tarefa:
1. Observe com atenção o tema proposto, que deve ser religiosamente seguido.
De modo geral, nos concursos, a fuga ao tema é pecado capital, pago com a
retirada da redação do certame sem sequer ser totalmente corrigida. Há redações
ótimas reprovadas porque o autor escreveu sobre tudo, menos acerca do que foi
pedido.
2.
Mesmo que você respeite o tema, evite fazer circunlóquios e circunvoluções em
torno dele. Isso, na área de correção de provas, tem nome: “encheção de lingüiça”,
pecado também penalizado. Em outras palavras, seja objetivo sem jamais perder o
tema de vista.
3. Se você não tem noção clara do que vai escrever, anote em rascunho, na
forma de tópicos, as idéias a medida que forem surgindo, o chamado brain storm
(tempestade cerebral). Esses itens poderão constituir os tópicos frasais da redação,
que serão desenvolvidos, um a um, para constituir o texto. Veja, a propósito, a
Dica n.º 99.
4. Depois, releia os tópicos e examine a conveniência de manter todos. É hora
de ordená-los para concatenar as idéias. Dito de outro modo: trata-se de encadear
os conteúdos de forma lógica. Se, ao final da redação, você escrever “Portanto, etc,
etc, etc.”, o que vier a seguir tem de ter tudo a ver com o que foi dito antes. É o
princípio da coerência.
5. Nas provas e concursos, costuma-se determinar o número total ou mínimo de
linhas a serem escritas. É conveniente respeitar esses parâmetros. Não recorra ao
estratagema infantil – ao mesmo tempo inútil – de aumentar o tamanho da letra
para conseguir volume de texto. O prof. Paulo Hernandes é do ramo e sabe que
esse expediente geralmente não funciona.
6. Se a redação for do tipo dissertativo e a prova permitir consulta ou você
lembrar-se, reforce seus argumentos com as idéias de algum autor, inclusive
mediante citação textual. Neste caso, o trecho citado deve estar entre aspas e o
nome do autor, consignado. Se você puder mencionar a obra de onde a citação foi
extraída, melhor ainda.
7. Para dar qualidade ao texto, procure relê-lo, oportunidade em que poderá
eliminar os equívocos, as repetições vocabulares e demais defeitos. Evite os vícios
e dê atenção especial às qualidades da boa linguagem. Veja a este respeito a Dica
n.º 98.
Dica nº 108
Dica nº 109
Onomatopéias
Dica nº 110
Sabemos que objeto direto é o complemento que se liga ao verbo diretamente, isto
é, sem auxílio de preposição. Assim, em “Devemos amar nossos semelhantes”,
nossos semelhantes é objeto direto do verbo amar porque se liga a ele sem a
presença de preposição.
Uso facultativo
• Com certos pronomes: “Ele beneficiava a todos a sua volta” e "Gato a quem
mordeu a cobra tem medo à corda".
• Nos casos de objeto direto constituído de pronome oblíquo seguido de aposto:
“Os maus ofendem-nos, aos bons, porque estes os incomodam” e “Seguiu-o, ao
prático, sem o perder de vista”.
• Como reforço à clareza: “Cumprimentei-o e aos que com ele estavam” e
“Expulsou-o e aos asseclas”. Sem a preposição, podemos imaginar ser o segundo
elemento do objeto direto sujeito de algum verbo, que na realidade não existe.
Uso obrigatório
• Para evitar ambigüidade, mais precisamente, para não haver confusão entre
o sujeito e o objeto: “A Felipe Marina contratou” e “A onça ao caçador
surpreendeu”. Sem a preposição, teríamos as construções ambíguas “Felipe Marina
contratou” e “A onça o caçador surpreendeu”. Nelas, não se sabe quem contratou
quem nem quem surpreendeu quem. É claro que a ordem direta resolve muito bem
a dificuldade – “Marina contratou Felipe” e “A onça surpreendeu o caçador” –, mas
se o escritor quiser manter a ordem inversa a preposição é indispensável para a
clareza da frase.
Dica nº 111
Expressões de cortesia
Desde cedo, percebemos que as palavras mágicas obrigado e por favor abrem as
portas com mais rapidez. Assim, frases como “Muito obrigado por avisar-me”,
“Fico-lhe grato pela indicação”, “Ficaremos agradecidos por sua presença”, “Por
favor, preencha este formulário”, “Entre, por obséquio”, “Tenha a bondade de me
acompanhar”, “Faça-me a gentileza de recebê-lo” e “É possível o senhor me ensinar
o caminho?” tornam suave e agradável o trato com as pessoas e as predispõem a
cooperarem conosco. Na escrita, as expressões por favor, por gentileza, por
obséquio são seguidas ou precedidas de vírgula e, se queremos enfatizar a
expressão polida, ficam entre vírgulas: “Por favor, venha aqui”, “Entre, por
gentileza” e “Peço-lhe, por obséquio, não comentar nada disso”.
Formas verbais também podem ser usadas para denotar delicadeza. As mais
comuns são o futuro do pretérito e o presente do subjuntivo.
Se você não tem o hábito de utilizar tais expressões, experimente fazê-lo e verá a
diferença.
Dica nº 112
Pós-graduação lato sensu ou stricto sensu?
As duas formas são usuais, cada uma com seu sentido. Pós-graduação é todo o
estudo realizado depois da graduação, isto é, depois de curso concluído em alguma
faculdade. Esses cursos podem ser:
• lato sensu – Expressão latina que significa “em sentido lato, amplo, extenso”.
Exemplo: “A política, lato sensu, é a arte de governar”. A denominação lato sensu é
também aplicada a cursos de pós-graduação, geralmente aos de especialização, os
mais elementares na escala daqueles cursos. Exemplo disso é o curso de
especialização em Língua Portuguesa, destinado aos alunos que concluíram o curso
de Letras.
• stricto sensu – Expressão igualmente latina que quer dizer “em sentido
restrito, palavra que se refere a algo no sentido mais restrito”, como em “Nos dias
de hoje, ‘tráfico’ stricto sensu acabou-se referindo ao comércio de drogas ilícitas”.
Relativamente aos cursos de pós-graduação, a expressão stricto sensu aplica-se
aos de mestrado, doutorado e pós-doutorado. São cursos de maior profundidade
que os de especialização e geralmente mais longos. Exemplo é o mestrado em
Lingüística.
Dicas nº 113
Implantar ou implementar?
Dica nº 114
Ter que ou ter de?
Ter que – O verbo ter pode integrar a locução verbal ter (flexionado ou não) que +
infinitivo quando, além da idéia de obrigatoriedade que o conjunto encerra, o que
assume a função de pronome relativo. Neste caso, há a óbvia necessidade da
existência de antecedente do tal pronome. Assim, temos: “Meu advogado tem caso
importante que estudar”, “Tenho muito que fazer no sábado” e “Amanhã, Joana vai
ter coisa mais urgente que tratar”. Nas três orações, que é pronome relativo e seus
antecedentes são “caso importante”. “muito” e “coisa mais urgente”,
respectivamente. Repare que ele é objeto direto de “estudar”, “fazer” e “tratar”.
Na maior parte das construções em que aparece a dupla ter + infinitivo, cabe,
segundo os gramáticos, a preposição de em vez de que. Este, como vimos, só deve
ser empregado se se referir a algum antecedente. A relutância dos especialistas
deve-se à dificuldade de atribuir função sintática ao que sem antecedente em
contextos daquele tipo. Então, a opinião dominante entre eles é a de condenar o
uso, mesmo que amplamente disseminado, por impossibilidade meramente
taxionômica, ou seja, de classificação. Não vemos problema em aceitar tal uso, pois
a própria Gramática admite a existência de palavras “inclassificáveis”, chamadas
então de palavras “que denotam algo”, como, por exemplo, somente, em “Somente
João poderia ter feito isso” (denotação de exclusão), e aliás, em “Não escrevi nada,
aliás, só uma página” (denotação de retificação). É verdade que estamos falando de
coisas diferentes: sintaxe, no assunto desta página, e morfologia, nestes últimos
casos apresentados. Entretanto, se em um tópico admitimos haver formas que não
se enquadram em nenhuma categoria, por que não admitir também o emprego do
que sem função definida?
Dica nº 115
Redundâncias locativas
Com alguma freqüência, deparamos com certas expressões que visam, de forma
desnecessariamente redundante, explicitar localização, mormente em textos
institucionais e comerciais. Por exemplo: “A fazenda mencionada é a São Jorge,
localizada neste município de Barretos”. Outras vezes, nas organizações, quer-se
referir a determinada diretoria, departamento, divisão ou setor e pratica-se
também a redundância citada: “Referimo-nos a sua carta de 04.05.04, endereçada
a este SECOM (Setor de Comunicações), a qual trata da manutenção de aparelhos
telefônicos”.
Dica nº 116
Verbos abundantes
Na dica n.º 29, tratamos dos verbos com duplo particípio, enquadrados na
categoria dos verbos abundantes. Estes compreendem também verbos que
apresentam mais de uma forma em alguma pessoa de alguns modos e tempos.
Dica nº 117
As duas estão corretas, pois o verbo "vir" e seus compostos (advir, convir, provir,
revir, sobrevir, etc.) são os únicos, na língua portuguesa, que têm a mesma forma
para o gerúndio e o particípio: vindo, advindo, convindo, provindo, revindo,
sobrevindo. Assim, se considerarmos que o verbo está no gerúndio, empregaremos
"vindo" de forma invariável, no singular, quer se refira a veículo ou veículos, a
automóvel ou a motocicleta. Neste caso, na oração "Cuidado com veículos vindo da
esquerda", está subentendido o segmento que estão: "Cuidado com veículos que
estão vindo da esquerda". Por outro lado, se considerarmos o verbo no particípio,
ele estará em forma nominal e aí exercerá função adjetiva: "Cuidado com veículos
vindos da esquerda". É como se disséssemos: "Cuidado com veículos que vieram da
esquerda" ou "Cuidado com veículos surgidos da esquerda". Neste caso, o particípio
concorda em gênero e número com o substantivo que modifica e integra a locução
adjetiva vindos da esquerda. Sintaticamente, essa expressão classifica-se como
adjunto adnominal. Poderemos assim ter as seguintes opções:
1. "Cuidado com veículo vindo da esquerda".
2. "Cuidado com veículos vindos da esquerda".
3. "Cuidado com moto vinda da esquerda".
4. "Cuidado com motos vindas da esquerda".
Notemos que os sentidos das duas formas são algo diferentes. Pelo primeiro
(gerúndio) – veículos vindo –, entendemos que os veículos estão vindo, a ação está
acontecendo. Pelo segundo (particípio) – veículos vindos –, depreendemos que eles
já vieram, surgiram da esquerda; a ação de vir já aconteceu.
Dica nº 118
Dica nº 119
Das 9 h 30 m às 11 h 30 m ou de 9 h 30 m a 11 h 30 m?
Dica nº 120
Ratificar ou retificar?
Essas duas são palavras parônimas e por isso mesmo confundem muita gente.
Vamos, pois, precisar o sentido de cada uma:
Assim, temos: “Estou pronto para praticar todos os atos que este mandato me
permite”, “O prefeito garantiu cumprir o mandato até o fim” e “O Presidente já está
no meio do mandato”.
Dca nº 122
Aquelas construções não devem ser confundidas com outras em que o verbo “ser” é
empregado eruditamente com o sentido de existir: “Aqui foi (existiu) Vila Bela do
Espírito Santo”, “Nesta mina, o ouro era (existia) em grande quantidade” e “Essa
cachaça é (existe) para tomarmos”. Nestes exemplos, podemos introduzir
explicitamente particípios (foi erguida, era encontrado ou extraído, é produzida),
mas se o verbo “ser” for utilizado sozinho aquelas formas nominais não estarão
subentendidas, como no caso anterior, e tal verbo equivalerá a existir.
Dica nº 123
O que acha dessa construção, que muitas vezes ouvimos nos dias que correm? Ela
na verdade é mais um exemplo de gerundismo, o uso abusivo e inadequado do
gerúndio, certamente inspirada em modelo alienígena.
Ricardo Freire*
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa
estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar
falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o
gerundismo.
Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar
enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão
vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem
sabe, consiga até mesmo estar-se dando conta da maneira como tudo o que ela
costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar
escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando
necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por
esta epidemia de transmissão oral.
Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que,
sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de
estar falando desse jeito. Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo
obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a
estar ouvindo frases assim o dia inteirinho.
_______________________
Dica nº 124
No sentido de
Nada contra os neologismos, que são bem-vindos desde que signifiquem realmente
alguma coisa.
Dica nº 125
Respostas a agradecimentos
Situação 1 – As respostas geralmente são de nada, por nada, não há de quê. O que
elas significam? Respectivamente, “Você não fica obrigado de nada”; “Você não fica
obrigado por nada”; “Não há nada de que você fique obrigado”.
Dica nº 126
Com relação aos nomes de estados brasileiros, também prevalece o uso. A maior
parte deles acompanha-se de artigo; outros, não. Vejamos:
Quanto a Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, não é raro encontrarmos textos em
que esses nomes estão empregados com o artigo, embora na maioria das vezes o
uso seja sem ele.
Os nomes de países seguem a mesma linha: o Brasil, os Estados Unidos, a França,
a Itália, a Espanha, mas Portugal, Moçambique, Uganda, Israel, Bangladesh.
Dica nº 127
Xeque ou cheque?
As cinco, cada uma com seu sentido. As cinco???!!! Calma, veremos já.
É oportuno observar que “xeque-1” e “xeque-2” configuram caso de polissemia,
pois houve derivação de sentido. Já “xeque-3” com relação às outras duas é
exemplo de homonímia, uma vez que houve coincidência de formas importadas ao
entrarem no léxico português.
Por fim, "cheque" e "xeque" são, uma em relação à outra, homônimas homófonas
por provirem de formas importadas que se tornaram idênticas, fonicamente, no
português.
Cada “xeque” (1, 2 e 3) ou “cheque” (1 e 2), como visto acima, constitui palavra
distinta, pois tem seu próprio sentido conforme o contexto.
Dica nº 128
Evitar a silabada
______________
(*) Vários acentos gráficos, inexistentes na escrita normal, foram colocados apenas
para localização do acento tônico.
Dica nº 129
O emprego dessas formas às vezes causa dúvida. Vejamos como devem ser
utilizadas conforme a norma culta:
Junto pode também integrar locução prepositiva com “a” e “de” e assim se manter
igualmente invariável, pois tal sintagma também se vincula ao verbo: “O ex-
presidente foi nomeado embaixador junto ao (= adido ao) governo italiano”, “Jorge
comprou chácara junto à minha (junto a + a = do lado da)”, “Construíram duas
casas junto ao lago”, “Esperei o socorro junto do carro” e “Quero trabalhar junto
dela”. Sabemos que tal locução liga-se ao verbo porque podemos perguntar a este:
“Para trabalhar onde o embaixador foi nomeado, onde Jorge comprou a chácara,
onde construíram as casas, onde esperei o socorro e onde quero trabalhar”? As
respostas são adjuntos adverbiais, ou seja, elementos que modificam o verbo.
Deve-se evitar empregar a locução junto a como equivalente de “com”, “de”, “em”
e “para”, a exemplo de “Os deputados trataram das reivindicações de suas
comunidades junto ao diretor” (melhor, “trataram com o diretor”); “Conseguimos
autorização junto à Agência Nacional de Telecomunicações” (melhor, “conseguimos
autorização da Agência”); “Pleiteamos empréstimo junto ao Banco do Brasil”
(melhor, “pleiteamos empréstimo no Banco do Brasil); “O vereador levará a notícia
junto à associação de bairro” (melhor, “levará a notícia para a associação”).
Dica nº 130
Há dois casos de ortografia que costumam produzir muita dúvida nos que
pretendem escrever com acerto. Trata-se do emprego de letras maiúsculas ou
minúsculas nas seguintes situações:
Dica nº 131
Anacoluto irritante
Entre os modismos lingüísticos de mau gosto que assolam o Brasil de nossos dias
encontra-se desnecessário e irritante anacoluto, que consiste na colocação
redundante de pronome pessoal reto como segundo sujeito de verbo. É o caso de
“Nossa empresa, ela encontra-se em franca expansão”, “O povo brasileiro, ele
precisa escolher melhor seus representantes” e “Meu cachorrinho, ele não pára de
morder meu pé”.
Dica nº 132
Semana retrasada
Assim, temos:
• última semana antes da atual – passada;
• semana anterior à passada – atrasada;
• semana anterior à atrasada – retrasada.
Isso decorre de confusão com a etimologia dos nomes dos dias da semana, que
têm relação com feiras que ocorriam em festejos religiosos do passado. Na
verdade, a semana começa mesmo é na segunda. Prova disso é a expressão fim de
semana. Que você entende por “fim de semana”? Se entender que é a reunião do
sábado e do domingo, considerará que estes dias finalizam a semana. Se o
domingo é o último dia semanal, ela começa de fato na segunda-feira.
Dica nº 133
Sendo que
Insossa porque não tem sentido, uma vez que não encerra idéia circunstancial de
causa nem de concessão. Na verdade, idéia nenhuma. No exemplo dado, o numeral
que representa aquela soma não está “sendo” nada.
Incorreta porque:
Dica nº 134
Nesta altura, você pode justamente questionar: “Ué, mas ele também não é
pronome pessoal reto? Como pode figurar como complemento e eu não pode?”. É
verdade, mas isso depende do uso que os falantes cultos fazem e eles querem
assim.
O mesmo vale quando temos pronomes de tratamento: "Esse assunto fica entre
mim e o senhor", “Diga que aquilo se passou entre mim e você” e “Isso fica entre
nós e Vossa Excelência”.
Dica nº 135
Para comunicar de forma perfeita e com bom estilo, um texto deve estar livre de
incorreções e defeitos. Saiba que isso é possível, embora exija muita leitura e
prática da escrita. Como, porém, distinguir erros de defeitos? Vamos lá:
Assim, erra quem escreve pondo acento gráfico onde não há, como em “côco”, e
não pondo onde deveria, como em “chama-lo”. Quem escreve (e diz)
“bicabornato” em vez de bicarbonato), pois essa palavra é formada de “bi +
carbonato”. Quem escreve “Consta do relatório três denúncias” (em vez de
“constam”); "Desviei-me e depois removi a pedra", em lugar da construção
correta "Desviei-me da pedra e depois a removi" (leia mais clicando aqui); “Se
diz que haverá aumento”, em vez de “Diz-se que haverá aumento”. Quem
escreve “mandato de segurança” em lugar de “mandado de segurança”.
Esses desvios são erros mesmo e devem a todo custo ser evitados, não só por
prejudicarem a expressão verbal como por afetarem a imagem de quem os
produz. Além disso, em certas situações, como em provas de exames
vestibulares e concursos, costumam ser fatais.
Como não incorrer nesses erros? Já dissemos antes: muita leitura de bons
autores, prática constante da escrita sob supervisão de professor e estudo nas
gramáticas. Agora, você também conta com a internet, a exemplo deste saite
mesmo.
Dica nº 136
Dica nº 137
Dica nº 138
Esta e está
Dica nº 139
Dica nº 140
Mas e mais
A dúvida que muitas pessoas têm com relação ao emprego dessas duas palavras
decorre da tendência de os falantes, na língua oral, ditongarem, ou seja,
produzirem ditongo em vocábulos terminados em /as/ (rapais = rapaz), /es/
(meis = mês), /os/ (pois = pôs) e /us/ (luis = luz). Assim, tanto “mas” como
“mais” acabam tendo a mesma sonoridade (mais). Na escrita, porém, devemos
evitar tal uso em benefício da correção e da clareza.
Dica nº 141
E/ou
Outros exemplos:
1. “Há situações em que o chefe de culto, através do jogo de búzios e/ou tarô
conclui que o mal que aflige a pessoa é puramente orgânico” – Considera-
se que pode ser praticado o jogo de búzios juntamente com o de tarô ou
um deles somente.
Dica nº 142
Até e Até a
Quando liga dois termos oracionais, "até" classifica-se como preposição, como
em (1) “Correu até o poste”. Nessa condição, pode ser usada sozinha, como
nesse exemplo, ou acompanhada da preposição "a". Assim, (2) "Vou até o
boteco/Vou até ao boteco" e (3) "Caminharei até a praça/Caminharei até à
praça".
Na hipótese de usar-se a locução “até a”, cuide-se para verificar se o nome que
a segue é feminino e se está sendo usado com o artigo “a”. Neste caso, haverá
crase, como acabamos de ver em (3). As coisas ocorrem assim: “Vou até a + a
praça ® Vou até à praça”. Da mesma forma, (4) “Chegamos até à vila de São
João” e (5) “Caminhamos até às ruínas de Tiahuanaco”.
Dica nº 143
Mas o especialista não considera qualquer afirmação como “científica” se ela não
for comprovadamente verificável e coerente. É preciso checar a validade das
definições. Isso só pode ser feito em outra instância, isto é, em nível hierárquico
superior, no nível epistemológico.
Acabamos de ver que tanto Celso Cunha como Cegalla declaram que o sujeito é
um “ser”. É mesmo? No período “Saudade é sentimento gostoso e ao mesmo
tempo faz doer”, consideremos a oração “Saudade é sentimento gostoso”. Sem
dúvida, seu sujeito é “saudade”. Saudade é “ser”? O Aurélio consigna que “ser”
é “o que existe ou supomos existir”, “aquilo que é real” ou “o que se põe como
existente”. O Houaiss diz que “ser” é “aquilo que realmente existe” ou “aquilo
que possui realidade”. Se a saudade é algo real ou que tem existência, ela pode
ser considerada “ser”. Neste caso, aqueles gramáticos estão dizendo algo
coerente, que pode ser considerado válido. Entretanto, teríamos ainda, para
realizar procedimento completo, de verificar também a consistência das
definições da palavra “ser” conforme registrada pelos lexicógrafos (dicionaristas)
mencionados.
Vimos assim que a discussão onde se questiona a validade das definições situa-
se em nível quaternário, no nível epistemológico. Evidentemente, o aprendiz da
norma culta da língua não necessita enveredar por esses meandros da Filosofia
– filosofia da comunicação e da linguagem –, mas é bom o professor ter clareza
sobre essas distinções para executar seu trabalho com segurança e proficiência,
com “pé no chão”.
Por fim, é oportuno esclarecer que as proposições teóricas em que este texto se
baseou, de autoria do eminente semanticista A. J. Greimas, focaram
especificamente a formulação de descrição semântica verdadeiramente
científica. Contudo, consideramos perfeitamente possível extrapolar seu
arcabouço para outros níveis gramaticais.
Dica nº 144
Tapar e tampar – “Tapar” significa fechar, vedar, como em “Quero que vocês
tapem este buraco” (quero que vocês fechem este buraco) e “Tape os ouvidos”
(feche os ouvidos). “Tampar” quer dizer pôr tampa, como por exemplo “Vou
tampar a panela” (vou pôr tampa na panela) e “Já tampei o latão” (já coloquei
tampa no latão). O Aurélio, o Houaiss e o Dicionário Barsa endossam a confusão
que muitas pessoas fazem entre “tapar” e “tampar” e consignam no verbete
“tapar”, como primeira acepção, cobrir com tampa. Se quisermos ser exatos,
demos a cada palavra o sentido que lhe cabe.
Isso tudo, obviamente, vale também para outros cumprimentos, como “bom dia” e
“boa noite”:
Dica nº 146
Acentuação objetiva
A “acentuação objetiva” considera apenas a vogal tônica e não, a sílaba tônica. Tal
sistema leva em conta também as vogais realmente pronunciadas e numera-as da
direita para a esquerda, como abaixo:
1. Se a terminação for das fracas ou átonas (a, e, o, am, em, ens), a tonicidade
estará na vogal 2. Exemplos: datilografo, datilografas, datilografam,
datilografe, datilografem, item, itens, publico, publicas, coco, cocos, celebre,
domino, irmão, corações, porem, amaras, camelo.
2. Se a terminação for do rol das demais (as não incluídas nos casos acima), ela
será forte e a tonicidade fixar-se-á na vogal 1. Exemplos: abacaxi, urubu,
urubus, barril, lençol, jasmim, jasmins, motor, audaz, feliz, revolver, algum,
alguns, animal, semitom, semitons, sutil, sutis, repetir, anu, maçã, irmãos,
veloz, talvez.
3. Apesar dos dois roteiros anteriores, “i” e “u” quando antecedidos de vogal
“encostada” (em ditongos ou hiatos) e não tendo apoio seu no lado direito
(nasalização ou consoante sua) cedem a tonicidade para a vogal anterior – 2
ou 3 – encostada. Exemplos: flauta, leite, eu, ai, douto, doidos, ainda,
sairdes, constituinte, transeunte, ruim, ruir, ruis, Raul, maus, saindo, Romeu,
possui, possuis, maio, caiam.
Nota: no processo de acentuação, o “s” final não influi.
O acento gráfico, em 99,6% dos casos, anula a tonicidade natural verificada nos
itens acima e tonifica outra vogal. Dito de outro modo: torna tônica a vogal que,
sem o sinal, seria átona. Exemplos: sabia ® sabiá, sábia; camelo ® camelô; maio
® maiô; dai ® daí; fluido ® fluído; magoa ® mágoa; duvida ® dúvida; exercito ®
exército; vicio ® vício; seria ® séria; doido ® doído; caiamos ® caíamos; cara ®
cará; copia ® cópia.
Em nossa ortografia oficial, há sinais inúteis, pois não têm qualquer objetivo na
tonificação. Fora do contexto, sem acento, as palavras que os recebem teriam
exatamente a mesma pronúncia. Exemplos: os vocábulos monovocálicos lá, vá, cá,
má, lê, vê; flexões e substantivos derivados de verbos terminados em “oar”:
magôo, vôo, enjôo, abotôo. E as quatro formas verbais crêem, dêem, lêem, vêem e
seus compostos (descrêem, relêem, prevêem, etc.).
Dica nº 147
Resenha
Modelo resumido
• Título da obra
• Autoria
• Cidade onde foi publicada, editora, ano de publicação, número de páginas, preço
(se possível)
• Credenciais da autoria (quem é o autor)
• Comentários sobre a obra. Indicação do tipo de leitor a quem o resenhista
recomenda a leitura.
Normalmente, esses tópicos não aparecem explicitados, mas apenas os dados a
que eles se referem.
Modelo completo
5. Cidade de publicação:
IX – APRESENTAÇÃO DA RESENHA
(Se a resenha for apresentada em ambiente escolar ou acadêmico, os dados a
seguir serão pertinentes.)
19. Disciplina:
Neste modelo, os tópicos são explicitados. Ele foi confeccionado pelo saudoso
professor Antonio Rubbo Müller (São Paulo-SP) e simplificado e adaptado pelo
professor Paulo Hernandes.
Dica nº 148
Às vezes, surgem dúvidas com relação à grafia de nomes próprios como parte de
substantivos comuns. Sabemos que os nomes próprios devem ser escritos sempre
com inicial maiúscula, como Carlos, Marina, Barretos, Brasília, Paraná, etc.
Entretanto, não raro acontece de palavras como essas comporem nomes comuns.
Neste caso, de acordo com a norma ortográfica brasileira, são escritos com as
iniciais minúsculas, exceto, é claro, se iniciarem período.
Dica nº 149
Quem é doutor?
Para colocar as coisas em seus devidos lugares, vamos esclarecer o assunto sob a
ótica do bom senso. Quem é de fato doutor?
Dica nº 150
Substantivação
• Conjunção – “O ou não ficou bem colocado aí” e “Só quero saber o porquê”.
Como se sabe, “porque”, na função substantiva, é graficamente acentuado.
Leia mais sobre isso clicando aqui.
Dica nº 151
Frase nominal
Assim, podemos ser tentados a considerar como frases nominais as em que o verbo
não está explícito, mas ele de fato existe. Está apenas subentendido ou, como diz o
prof. Francisco Dequi, “mentalizado”. É por isso que aquela declaração inicial deve,
na verdade, ser acompanhada do advérbio “aparentemente”: “a frase expressa
idéia sem aparentemente nada afirmar ou negar”.
Há inúmeras frases com verbo mentalizado ou elíptico e nem por isso deixam de
ser autênticas orações, como podemos ver a seguir nos seguintes provérbios:
• “Cada macaco, no seu galho.” = “(Que) cada macaco (fique) no seu galho.”.
• “Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.” = "Por fora, (nós vemos)
bela viola; (o que existe) por dentro (é na verdade) pão bolorento.".
• “Vox populi, vox Dei.” = “Voz do povo, voz de Deus.” = “(A) voz do povo (é
a) voz de Deus.”.
• “Lágrimas de herdeiros, risos secretos.” = “Lágrimas de herdeiros
(escondem) risos secretos.”.
• “Filho criado, trabalho dobrado.” = “Filho criado (representa) trabalho
dobrado.”.
Observe que não por acaso aparece a vírgula em todas essas frases. Ela marca
justamente a elipse do verbo.
Outros exemplos:
Nas orações ditas “semióticas”, parece que temos frase nominal, mas sem dúvida o
verbo está subentendido e este variará conforme a situação:
Vimos então, por todos esses exemplos, que não existe frase propriamente
“nominal”, mas verdadeira oração em que o verbo está subentendido, oculto ou
mentalizado. Essa omissão dá-se geralmente devido à lei do menor esforço: se o
termo é claramente entendido, embora não explícito, deixa de ser enunciado e o
sentido não se prejudica.
Dica nº 152
Vemos com freqüência essa expressão inadequada ser empregada por pessoas
desatentas, inclusive por locutores e apresentadores de televisão. E por que é
indevida? Vejamos: segundo o Aurélio, um dos sentidos de “caro” é: que custa
preço alto ou elevado. Portanto, “caro” já significa preço alto, ou seja, seu
significado já contém a idéia de preço. Se, na expressão “preço caro”, substituirmos
“caro” por seu equivalente (“preço alto”), teremos a redundância “preço preço
alto”. Não faz sentido, não é? O mesmo vale para “barato”.
Em conseqüência, utilizemos frases, expressões e palavras coerentes, que tenham
sentido. No caso, “preço alto, elevado”, “preço baixo, reduzido” ou simplesmente
digamos que tal ou qual produto, serviço ou atitude são ou estão caros ou baratos:
“O ingresso tem preço alto”, “Esse casaco está barato”, “Ela vai pagar caro (preço
alto) pelo erro”, “As verduras na banca do Cícero não são baratas”, etc.
Dica nº 153
Sobre o "não"
Repare ainda que às vezes o “não” pode aparecer em contextos similares aos do
parágrafo precedente e você pode ser tentado a colocar o hífen depois dele. Fique
atento a isso, pois, na verdade, trata-se de outro caso, o de verbo subentendido,
como em “Tânia é pessoa não submissa” e “Não satisfeito, ele ainda rompeu
relações com o vizinho”. Explicitado o verbo, as construções oracionais ficam:
“Tânia é pessoa que não é submissa” e “Não tendo ficado satisfeito, ele ainda
rompeu relações com o vizinho”. Naquelas condições, não cabe, pois, o hífen.
Lembramos ainda que o “não” pode ser classificado como substantivo (e nesse caso
pode-se flexionar) se antecedido de artigo – definido ou indefinido –, adjetivo ou
numeral, como em “O (artigo definido) não que você proferiu foi vigoroso, hem?”,
“Recebi um (artigo indefinido) não como resposta”, “Rodrigues distribuiu vários
(adjetivo) nãos aos subordinados” e “Eu não disse dois, foi apenas um (numeral)
não”.
Dica nº 154
Dica nº 155
Esse par de homônimos pode eventualmente levar-nos a pensar haver erro onde
não há. Ambos podem ser adjetivos e substantivos. Vejamos os sentidos dessas
palavras na condição de substantivos em diferentes contextos:
Dica nº 156
Dia a dia/dia-a-dia
Já a forma com hífen é substantivo composto e quer dizer diário, cotidiano e pode
exercer várias funções sintáticas. Em "Esta roupa é destinada ao uso no dia-a-dia",
"dia-a-dia" é adjunto adnominal; em "O dia-a-dia do trabalhador das minas é muito
árduo", o composto integra o sujeito "O dia-a-dia do trabalhador das minas"; em
“Considero que o dia-a-dia daqueles estudantes é equilibrado”, a função é a de
objeto direto; em “Não é raro isso ocorrer no dia-a-dia das pessoas”, adjunto
adverbial; e assim por diante.
• Dia a dia (sem hífen) – Locução adverbial. Funciona como adjunto adverbial e
assim vincula-se geralmente a verbos. Não é precedida por artigo ou
pronome e significa todos os dias, cada dia.
Dica nº 157
Através de
Em primeiro lugar, não nos esqueçamos de esse grupo vocabular ser escrito com
“s” final. Em segundo lugar, deve ficar claro que, para atender-se ao que
recomenda a Gramática, não é possível a utilização de “através” sem a necessária
preposição “de”: “através de”. Por isso, são incorretas frases como “Ouvi a notícia
através o rádio”.
Depois, desfaçamos aqui equívoco em que incorre muita gente desavisada, que não
se aprofunda no estudo e “chuta” opiniões sem base: dão vazão ao mito segundo o
qual a locução “através de” só pode ser empregada com o sentido de de um lado
para o outro, ou seja, com idéia física de movimento de lado a lado. Essas pessoas
ignoram que a língua evolui e que o sentido das palavras e expressões altera-se
conforme a vontade do grupo falante. Além do mais, “através de”, com a
equivalência de “por meio de”, “mediante” é abonada por escritores consagrados. E
ainda: entre os gramáticos eméritos brasileiros, um dos mais conservadores e
intransigentes foi o mestre Napoleão Mendes de Almeida. Pois bem, em seu
“Dicionário de questões vernáculas”, ele escreve sobre o assunto:
“Se constitui erro empregar através de para indicar o agente da passiva (O
gol foi feito através do jogador Tal), não se deve por outro lado cair no
exagero oposto de julgar que a locução só é possível quando significa ‘de um
lado para o outro’, ‘de lado a lado’ (Passou através da multidão – Passou a
espada através do corpo). Não vemos erro em: ‘A palavra veio-nos do latim
através do francês’”.
Dica nº 158
Quando se trata de artigo indefinido, “um” tem por plural “uns” e sua contraparte é
o adjetivo “outro”: “Fiquei conhecendo um advogado de que há muito ouvia falar” e
“Fiquei conhecendo uns advogados de que há muito ouvia falar”. E mais: “Vou
tomar um banho hoje/Vou tomar uns (alguns) banhos hoje”. E ainda: "Um quer
vinho; outro, cerveja". Neste último exemplo, “um” significa alguém, uma pessoa.
No geral, o artigo indefinido pode ser suprimido sem prejuízo para a clareza, como
em “Estamos preparando um relatório para o diretor” e “Tenho uma coisa para
contar-lhe”. Sem o artigo, as orações ficam: “Estamos preparando relatório para o
diretor” e “Tenho coisa para contar-lhe”. Com a supressão do indefinido, não só o
sentido do texto mantém-se preservado como se verifica melhora na qualidade da
escrita. (Leia também sobre isso clicando aqui.)
Quando alguém me diz que vai tomar "um banho", pergunto brincando: "Um ou
dois?". Aí ocorre trocadilho com "um", artigo e numeral.
Devemos reconhecer que às vezes não se torna fácil a distinção de que tratamos.
Assim, em “Vi um homem na estrada”, o “um” tanto pode ser considerado numeral
(vi apenas um homem) como indefinido (vi um homem = vi certo homem). O
mesmo se passa com “Peguei um CD na estante, está bem?”. O contexto ampliado
ajudará a precisão do sentido textual.
Dica nº 160
Às vezes, as pessoas têm dúvidas sobre a ordem que deve nortear a divisão dos
textos de leis, estatutos e regulamentos. Vamos esclarecer então.
Exemplifiquemos:
• Nossa posição está embasada no artigo 4.º, § 3.º, alínea “c”, inciso IV.
• Refiro-me ao inciso IV da alínea “c” do § 3.º do artigo 4.º.
Dica nº 161
Tal estudo revelará também quais os tipos de ajuste – a concordância – que deve
haver entre aqueles termos. Assim, a concordância é verbal quando o verbo se
harmoniza com o sujeito e nominal, quando o adjetivo se ajusta ao substantivo; o
predicativo, ao sujeito e o pronome, ao nome a que se refere.
O que nos interessa agora é saber como a ordem direta ajuda a precisar a
concordância, tanto a verbal como a nominal. Comecemos pela verbal.
Vejamos a oração “Há de concorrer para isso, certamente, além da fé, outros
fatores que proporcionam estabilidade emocional às pessoas”. A antecipação do
predicado e seu distanciamento do sujeito facilitam a falta de concordância. Vamos
pôr os termos da oração principal em seus devidos lugares, ou seja, na ordem
direta: “Outros fatores há de concorrer certamente para isso além da fé”. Não há
concordância, vê-se claramente. O sujeito plural, “outros fatores”, requer o verbo
também no plural. Por isso, temos de construir “Outros fatores hão de concorrer
certamente para isso além da fé”.
Outro exemplo: “Que entre os bons, pois os melhores estão saindo". Parte da
estrutura está na ordem inversa. É só pormos os termos na ordem direta e a
concordância torna-se clara: “Que os bons entrem, pois os melhores estão saindo".
Como o sujeito é plural, "os bons", o verbo deve necessariamente concordar com
ele e também ir para o plural: "entrem".
Dica nº 162
Veja agora mais dois casos de uso ou não do artigo definido. Repare na diferença
entre “Felipe vai voltar para casa” e “Felipe vai voltar para a casa”. Na primeira
frase, queremos dizer que Felipe vai voltar para o lar, para o lugar em que mora,
independentemente do tipo de construção de que se trate. Já na segunda, a volta é
para o tipo de edificação denominado “casa”, de um ou dois pavimentos, da mesma
forma que diríamos “Felipe esteve na casa”. Contudo, se acrescentarmos algum
qualificativo, tal oração poderá readquirir o primeiro sentido, como em “Felipe vai
voltar para a casa dos pais”, em que não se sabe se se trata de casa térrea ou
apartamento. Concluímos, pois, que no sentido de lar, lugar onde se mora, “casa”
geralmente não é acompanhada de artigo: “Ficaremos em casa”, “Saímos de casa”.
Dica nº 163
Invariabilidade do advérbio
Consta também que o advérbio, por ser invariável, não está sujeito a variações de
grau (diminutivo, aumentativo, superlativo). Entretanto, não é isso que se vê no
dia-a-dia da língua.
Há uma série de variações de grau que atingem o advérbio, palavra que se pode
situar no grau comparativo e no superlativo. Assim, podemos, com uso de
advérbio, expressar idéias de comparação de igualdade (com auxílio de “tão” e
“como” ou “quanto”), superioridade (valendo-nos de “mais” e “que” ou “do que”) e
inferioridade (com emprego de “menos” e “que” ou “do que”): “Norma chegou tão
cedo como (ou “quanto”) Mercedes”, “Norma chegou mais cedo que (ou “do que”)
Mercedes” e “Mercedes chegou menos cedo que (ou “do que”) Norma”.
O advérbio pode ainda variar no grau superlativo: “Nas férias, Gabriel estudou
pouco e Vanessa, pouquíssimo”, “O Corinthians vai muitíssimo bem” e “O foguete
subiu rapidissimamente”.
Ø “Vem cedinho, vem logo que amanheça!” (E. de Castro, “Últimos versos”).
Ø “Era mais de meia-noite quando ele entrou lento, devagarinho” (Coelho
Netto, “Obra seleta”).
Por tudo o que há pouco vimos, melhor seria os especialistas reverem o conceito de
invariabilidade do advérbio. Poderiam inclusive admitir como correta, ainda que de
forma limitada, mas também na escrita, a flexão da citada classe de palavras.
Dica nº 164
Vale lembrar que no ditongo existem sua vogal tônica – que não é necessariamente
a tônica da palavra – e a semivogal. Assim, em “ca-ra-gua-tá”, o “a” assinalado é a
vogal tônica do ditongo /wa/ e não é a tônica da palavra, que é o último “a”, em
“tá”. Dizemos “vogal tônica do ditongo” porque, na verdade, a semivogal é também
vogal. Então, no ditongo, há a vogal tônica e a semivogal, átona.
Saiba que nem todas as sílabas possuem fonemas nessas três posições: há sílabas
que têm fonema no aclive e ápice (“pa”, em “ca-pa”); outras, no ápice e declive
(“ar”, em “ar-co”) e outras só no ápice (“a”, em “a-mor”).
Agora, você vai ver alguns exemplos de fonemas na estrutura de sílabas que
apresentam elementos nas três posições. Tomemos, nas palavras “bo-lor”, “fil-tro”
e “de-mais”, as sílabas “lor”, “fil” e “mais”. No alfabeto fonético (que representa
tecnicamente os fonemas), elas são escritas /lor/, /fil/ e /mays/. Vejamos agora
como essas sílabas dispõem-se nos diagramas que as representam:
Repare que as vogais sempre ocupam o ápice ou centro da sílaba. Nesta altura,
você deve-se estar perguntando: ué, onde estão os ditongos crescentes e
decrescentes? Calma, estamos quase chegando lá. A explicação que acabou de ser
dada é necessária para o entendimento do que vem a seguir.
Acreditamos você haver notado que o último exemplo de sílaba – /mays/ – contém
ditongo. Se pensou isso, acertou. Realmente, na sílaba /mays/, existe o ditongo
/ay/. Observe que, no diagrama, a vogal, /a/, do ditongo ocupou o ápice e a
semivogal, /y/, o declive. É assim mesmo que as coisas se passam: a vogal tônica
do ditongo está sempre no ápice ou centro da sílaba e as semivogais (/y/ = “i” ou
/w/ = “u”), no aclive ou declive. Bem, agora chegamos ao ponto que interessa: a
posição, na estrutura da sílaba, dos fonemas que compõem os ditongos.
Você, com sua esperteza, já percebeu que todas essas sílabas contêm ditongos.
Pois é isso mesmo. Na sílaba 1, o ditongo é /oy/ = oi; na 2, é /ew/ = eu; na 3,
/wa/ = ua e na 4, /ya/ = ia.
Agora, ficou fácil entender por que se diz que os ditongos podem ser “crescentes” e
“decrescentes”, não ficou? Assim, o ditongo é crescente quando a semivogal está
no aclive, antes da vogal e, portanto, cresce-se da encosta (aclive) para o topo
(ápice) da sílaba. Ele é decrescente quando a semivogal situa-se no declive, depois
da vogal e desse modo decresce-se do ápice para a encosta (declive) da sílaba.
Você pode ainda perguntar: cresce e decresce o quê? A intensidade da emissão
sonora: da semivogal (fraca) para a vogal (forte) há crescimento da intensidade do
som vocal. Da vogal (forte) para a semivogal (fraca), há decréscimo.
Exemplos de mais palavras que contêm ditongos crescentes: “á-gua”, “ân-sia”, “lí-
rio”, “qua-se”, “sa-güi”, etc.
Dica nº 165
Você vai estranhar: ué, mas o sufixo não é “-dade”?! Como temos aí “amabil-i-
dade”? É que – e as principais gramáticas brasileiras não falam nisso – nesse caso
é acrescida vogal de ligação por motivo de eufonia e facilidade de pronúncia. Então,
ora podemos ter o sufixo “-dade”, como em “bondade”, ora “-idade”, como em
“volatilidade”.
Dica nº 166
Adéqua ou adequa?
E por que isso ocorre? As causas são várias: para evitar confusão com flexões de
outros verbos de emprego mais freqüente ou por questão de eufonia ou mesmo por
desuso. Dessa maneira, a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo “falir”
não é utilizada por já haver a forma “eu falo”, do verbo “falar”; à pronúncia
desagradável e/ou difícil é atribuída a falta da primeira pessoa do presente do
indicativo e as do presente do subjuntivo do verbo “abolir”; pelo desuso, justifica-
se a defectividade de “fremir”, “fulgir”, “haurir”, “jungir”, “ungir” e outros.
Dica nº 167
Ortoepia/Ortoépia
Assim, o uso que a grande maioria dos falantes faz é o fator determinante da
pronúncia aceitável das palavras. Quem se põe a falar diferente, chama a atenção
dos demais, quando não é corrigido.
Portanto, se quisermos estar com o “passo certo”, isto é, afinados com a maioria
dos membros do grupo falante, devemos atentar para a pronúncia usual.
Dica nº 168
Prosódia
Oxítonas
Gibraltar
Nobel (é)
recém- (ê)
refém (ê)
sutil (Existe “sútil”, adjetivo e substantivo, com outros sentidos.)
ureter (ê-é)/ureteres (ê-é-ê) (Já houve a pronúncia paroxítona.)
Paroxítonas
Proparoxítonas
arquétipo
ávaro (O substantivo e o adjetivo relacionam-se com os ávaros, povo bárbaro
oriundo da Ásia Central, que assolou a Europa entre o século VI e o VIII e acabou-
se tornando europeu.)
bávaro
brâmane
cânone
cômputo (Substantivo; a forma paroxítona é flexão do verbo “computar”.)
édito (Como já vimos, há também a forma paroxítona, com “ê”.)
ínterim
Lúcifer (ê) (A pronúncia popular é oxítona, com “é”.)
monólito (A pronúncia paroxítona, com três “ôôô” é muito comum.)
Niágara
ômega
protótipo
végeto [Há também “vegeto” (ê-é), flexão do verbo “vegetar”.)
zênite
Há palavras que, mesmo na língua culta, admitem dupla prosódia, como “acróbata
(ó)/acrobata (ô)”, “ambrósia (ó)/ambrosia (ô)”, “anídrido/anidrido”,
“boêmia/boemia”, “crisântemo/crisantemo (ê)”, “hieróglifo (ó-ô)/hieroglifo (ô-ô)”,
“homília/homilia”, “Ortoepia ê)/Ortoépia (é)” (veja a propósito a dica n.º 167),
“projétil (é)/projetil (ê)”, “réptil (é)/reptil (ê)”, “xérox (é)/xerox (ê)”,
“zangão/zangão”.
Dica nº 169
O prefixo “re-“
Muitos outros vocábulos iniciados pela sílaba “re” não contêm o prefixo referido e o
aluno ou o “concurseiro” devem estar atentos para não ser vítimas de armadilhas. É
o caso de “rebentar” (explodir ou quebrar com violência), “recordar” (lembrar-se),
“registrar” (escrever ou assinalar), “relatar” (fazer relato), “reparar” (consertar ou
notar), “reter” (guardar ou segurar com firmeza), “retificar” (tornar reto, corrigir ou
purificar), “revelar” (descobrir ou divulgar), “revoltar” (indignar, sublevar), etc.
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BIBLIOGRAFIA