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FlexSys – Grupo de Pesquisa em Sistemas Flexíveis de Energia

Desafios para sistemas isolados


fornecidos por fontes de energia
renováveis em um comunidades
remotas/isoladas: Exemplos
implementados no Brasil
Luiz Otávio Manhani Machado
Engenharia Elétrica, Grad.
Projeto: Melhoria da Qualidade de Energia em Comunidades Rurais.

Ilha Solteira – 19/01/2016


Sumário
Manual para atendimento às regiões remotas dos sistemas

Programa Luz para Todos - PLpT

Especificações Técnicas para Atendimento do PLpT

Resolução Normativa 493/2012 - ANEEL

Projetos implementados: Brasil


Materiais bases
Manual para atendimento às regiões remotas dos sistemas isolados (link)
Manual para atendimento às regiões remotas dos sistemas isolados

 Estabelecer os procedimentos, critérios técnicos e financeiros;

 Determina as atribuições de todos os agentes envolvidos em


projetos com MIGDI e SIGI;

 Parte integrante do Manual de Operacionalização do PLpT.


Programa Luz Para Todos
 Criado em 2003;

 Garantir acesso à energia elétrica para


toda a população do meio rural até 2018;

 Coordenado pelo MME;

 Os atendimentos às Regiões Remotas dos


Sistemas Isolados devem ser contratados
seguindo as regras do SIN;

 Ativos da geração são de propriedade da


Concessionário local.
Especificações Técnicas dos Programas para Atendimento às Regiões Remotas dos Sistemas Isolados no âmbito do
Programa Luz para Todos (link)
Especificações Técnicas para Atendimento do PLpT
 Estabelecer padrões e metodologias que visam agilizar os
procedimentos de análises técnico-orçamentária;

 Definições e Critérios Técnicos:


 Tipos de Atendimento;
 Dimensionamento de Sistemas dos Tipos MIGDI e SIGI;
• Disponibilidade Mensal Garantida: 45 kWh por mês;
• Sistemas de Geração: PV, Diesel, outras fontes renováveis;

 Rede de Distribuição;
 Sistema de Monitoramento Remoto e Automação;
 Método de Medição do Consumo da UC e Controle de
Demanda.
RESOLUÇÕES
NORMATIVAS
REN 610/2014 – Sistema Pré-pago de energia
 Similar ao sistema de cellular. Medidor pré-pago
em cada UC
Dinheiro

UC

Consumidor
Pontes de
venda

Adaptado : Eletrobras Amazonas, 2011


REN 493/2012 – Sistemas Isolados de Geração

MIGDI SIGFI

Fonte: Neosolar
Fonte: Manual SMA
MIGDIS implementadas no Brasil

Source: GEDAE, 2011


MIGDIS implementadas no Brasil
Amazonas:
o Amazonas Energia: 12 Mini redes solar;

Maranhão:
o Ilha de Lençóis: Projeto Piloto - MEE e UFMA;

o Ilha Grande (Humberto de Campos): CEMAR e


Guascor;

Pará:
o Projeto Piloto Araras: CELPA.
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas
• Atende 212 famílias:
o 6 municípios;
o 12 comunidades ribeirinhas.
• Potência PV total instalada: 162
kWp;
• Extensão total da rede de
distribuição: 6 km;
• Histórico: • Distância à capital Manaus (AM)
o Portaria 60/2008 – PLpT; por via fluvial:
o Res. Autorizativa o Menor: Autazes – 218 km;
2150/2009 – liberação do o Maior: Eirunepé – 3.348 km.
projeto com sistema pré-
pago de energia;
DADOS TÉCNICOS DAS MINIUSINAS
Consumer Unit Consumption Beginning
Item Place
(CU) (kWh/month.CU) operation date
1 Aracari 12 37,55
2 Sobrado 23 37,93
3 Bom Jesus do Puarí 12 38,99
4 Terra Nova 21 36,71
São Sebastião do Rio
5 15 44,06
Preto
6 Nossa Senhora do Carmo 16 34,58 2011
7 Mourão 23 36,39
8 Santo Antônio 21 36,06
9 Nossa Senhora de Nazaré 12 38,71
10 São José 14 36,4
11 Santa Maria 27 38,19
12 Santa Luzia 15 36,4
Total 212 37,66 -

Fonte:
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas
Características gerais
 Geração
 Módulos PV;

 Controlador de carga;

 Inversor de corrente;

 Sistema de sincronismo;

 Baterias monobloco Chumbo-Ácido – 12 Volts;

 Autonomia: 48 horas;

 Demanda média por consumidor: 45 kWh por mês.


Fonte: Eletrobras Amazonas
Sistema modular

Conceito básico de sistemas de geração modular para MIGDIs


(Fonte: Adaptado de IICA e Eletrobras, 2012)
Objetivo dos sistema modular

 Ter um sistema, que por simples adição


de outras UGs, inversão e/ou
acumulação de energia, possa atender
a expansão de demanda energética.

Tecnologia fotovoltaica
 Inerentemente modular;

 Permite expansão das UGs de forma


“simples” e com conhecimento
prévio.
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas

 Rede de Distribuição
 Rede em BT utilizando postes de madeira;

 Deve-se atender os critérios de queda de tensão


estabelecido pelo Módulo 8 – Prodist.

 Baixa complexidade de procedimentos de segurança do


trabalho;

 Simplicidade técnica;

 Comp. da linha recomendado:


1,5 km;
Rede de Distribuição

Observação: Caso a transmissão seja em MT pode haver


MIGDIs, mas para esses casos é indicado realizar um estudo
e verificar a viabilidade de substituição do sistema por
SIGFIs.
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas

 Sistema de monitoramento e transmissão de dados

 Sensores: temperatura, umidade, radiação solar e de grandezas


elétricas;

 Transmissão via satélite GSAC em cada comunidade;

 Sistema supervisório local (SAGE) local;

 Sistema concentrador com Banco de Dados na sede da


Amazonas Energia.
Sistema de medição de energia
Sistema de monitoramento e pré-pago

Fonte:
Sistema de medição de energia

 Sistemas pré-pagos

 Funcionamento similar aos créditos


de telefone celular;

 REN 610/2014 – Aneel (link)

Fonte: Eletrobras Amazonas


12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas

 Sistema de faturamento
 Medidor de energia em cada UC do tipo pré-pago;

 Venda de crédito na comunidade;

 Sede do sistema de concentração da medição pré-pagamento é


em Manaus (AM);

 Transferência das informações comercias para o AJURI:


• Sistema de gestão comercial padronizado pela
ELETROBRÁS.
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas

Custo de Operação e Manutenção e Demanda

 Custo O&M (referência) para tecnologia solar fotovoltaica:


 R$6.6446,67 por MWh;

 Após 4,5 anos :


 Aumento no consumo de energia elétrica por parte das
comunidades;

 Necessidade de expansão é da ordem de 23,42% da demanda


original.
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas: Fotos
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas: Fotos
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas: Fotos
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas: Fotos
12 Mini usinas fotovoltaicas com mini redes – Projeto Amazonas: Fotos
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
• Localização: Ilha de Lençóis, MA

• Comunidade atendida: 01
o X Consumidores Residenciais;
o 01 Consumidor Coletivo: 1
Fábrica de gelo;
o Iluminação pública.

• Sistema composto por três fontes:


o 1 PV;
o 3 Eólicos;
o 1 diesel (backup).
Fonte: Mendez et al., 2008
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Dados técnicos
 Sistema PV
o Potência Instalada: 21 kWp (162 painéis de 130 Wp cada);
o Tensão: 536,4 Volts.
 Eólico:
o Potência: 21,5 kW (7,5 kWun x 3);
o Qtd. Módulos: 126 painéis de 245 Wp cada;
o Tensão: 536,4 Volts.
 Banco de Bateriais do tipo Chumbo
o Capacidade: 1,5 Ah – 240 Vcc;
o Autonomia: 24 horas.
 Gerador Diesel:
o Potência: 53kVA em Standby ou 48 kVA em Regime Prime;
o Operação: Não continua (backup).
PS: O Banco de Baterias é configurado para permitir uma profundidade de no máximo 30%
de descarga, caso o nível seja maior, é acionado o Sistema de backup (gerador diesel).
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
(b)

(a)

(a) Sistema PV instalado sobre a casa de


controle;
(b) Tanque e gerador de backup;
(c) Turbinas eólicas prontas para operação.

Fonte: Mendez et al., 2008.

(c)
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Diagramas de blocos do Sistema de geração da Ilha de Lençóis

Fonte: Mendez et al., 2008.


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Características técnicas gerais
 Potência instalada: 40 kVA - 240 Vcc.
 Autonomia do sistema de armazenamento: 9h para condições atuais de carga,
demanda de pico de 10 kW e consumo noturno médio de 84 kWh por noite;
 Tensão de suprimento às cargas: Trifásica em 380 V entre fases e 220 V fase -
neutro, 60 Hz:
o Mini rede com comprimento de 2,2 km.
 Tipo de operação: Automática, controlada por um CLP.
 Monitoramento Remoto: Realizado por uma central de medição e processado por
um CLP. Os dados transmitidos para a sede da UFMA - São Luís;
 Casa de Força e Controle do Sistema: 04 ambientes
o Sala de baterias;
o Sala de controle e processamento da energia;
o Sala de apoio para a equipe técnica;
o Terraço coberto para serviços de montagens e reuniões.
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Casa Força e Controle com layout interno dos equipamentos

Fonte: Mendez et al., 2008.


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Casa de Força e Controle – vista externa
Casa de Força do gerador de
backup – vista externa

Fonte: Mendez et al., 2008.


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis

Vista interna com detalhes do banco e Inversores de Tensão em Operação no


da sala de baterias. Sistema de Geração da Ilha de Lençóis

Fonte: Mendez et al., 2008.


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Cargas dos consumidores e iluminação pública
 Iluminação pública:
o 46 lâmpadas fluorescente de 20 W cada (92 W);
o Funcionamento: 18 as 05 horas – controle feito por programador horário.
 Consumidores residenciais:
o Kit PLpT:
 2 pontos de tomadas;
 3 pontos de luz com lâmpadas fluorescentes compactadas de 15 W;
 Disjuntor monofásico: 10 A.
Sistema de medição e cobrança
 Sistema de pagamento:
o cobrança de uma tarifa escalonada, com base na carga
instalada de cada consumidor;

 Instalado em cada consumidor um medidor eletrônico


convencional. Fonte: Landisgyr, 2016
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Iluminação pública

Fonte: Mendez et al., 2008.


CEMAR – Sistema Híbrido: Solar / Diesel (Ilha Grande)
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis

• Localização: Ilha Grande – Município de Humberto de Campos, MA

• Comunidade atendida: 01
o 48 Consumidores Residenciais;
o 02 Consumidores Coletivos: 1 Igreja e 1 escola;
o 01 Bomba d’água;
o 01 Sistema de tratamento de água.

• 1 sistema composto por duas fontes:


o 1 PV;
o 1 diesel (backup).

Cia. Energética do Maranhão


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Dados técnicos
 Sistema PV
o Potência Instalada: 30,87kWp;
o Qtd. Módulos: 126 painéis de 245 Wp cada;
o Tensão: 536,4 Volts.

 Banco de Bateriais do tipo Chumbo


o Capacidade: 206,4kWh – 344V;
o Autonomia: 24 horas.

 Gerador Diesel:
o Potência: 30kVA
o Tempo estimado de uso: 390 h/ano;
o Operação: Não continua (apenas em emergência)

PS: Sistema do tipo híbrido utiliza-se de by-pass para ligar o gerador


diesel quando a demanda é maior que a geração PV.
Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Diagrama elétrico

Fonte: Guascor, 2014


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis

Fonte: Guascor, 2014


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
ZIGOR INVERTER –HIT 50 – Sistema de Gerenciamento

Fonte: Guascor, 2014


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Planta PV e casa de controle ao fundo

Fonte: Guascor, 2014


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Banco de bateriais e Gerador Diesel Banco de bateriais e Gerador Diesel

Fonte: Guascor, 2014


Sistema Híbidro de Geração da Ilha de Lençóis
Sistema em operação na comunidade

Fonte: Guascor, 2014


Projeto piloto Araras – CELPA (PA)
Projeto piloto Araras – CELPA (PA)
• Localização: Curralinho, PA
• Município atendido: 01
o 4 mini redes;
o 78 Ucs atendidas.
• 4 sistemas:
o 3 PV;
o 1 híbrido.
Projeto piloto Araras – CELPA (PA)
Comunidade Número de Ucs Potência Instalada Comprimento da mini rede
(kWp) (km)
Araras Grande Sul 15 9.6 1,68
Araras Pequena 18 11.7 1.09
Araras Grande Norte 38 * 2.96
Araras Micro 4 2.5 0.33
* Sistema híbrido: Potência instalada (PV: 15.6 kWp; Eólica: 6 kW; Diesel: 7.5 kW).

Fonte: Olivieri,2011.
Projeto piloto Araras – CELPA (PA)
Características gerais
• Geração
o Usina de geração automatizada
com monitoramento remoto;

• Sistema de medição
o Pré-pagamento;

• Técnicos especializados sitiados na


localidade:
o Inspeção periódica;
o Manutenções básicas;
o Descarregas dados operacionais.
Projeto piloto Araras – CELPA (PA)
A comunidade - Fotos
Projeto não implementados

Fonte: Manual SMA


Projeto “Curralinho” – CELPA (PA)
Projeto “Curralinho” – CELPA (PA)
Dados gerais
• Localização:
o RESEX Verde para Sempre;
o Município: Porto de Moz (PA)

• Quantidade de Comunidades:
o 11 com MIGDIs (substituído por
SIGFIs)
o 1.202 SIGFIs.

• Total de UCs: 1422;

• Potência PV Total instalada: 670 kWp;

• Distância fluvial entre Belém e a sede


do município (Porto de Moz): 600 km.
Projeto “Curralinho” – CELPA (PA)
Dados técnicos
• Geração:
o Módulos PV;
o Controlador de carga;
o Inversor de corrente;
o Inversor de corrente;
o Baterias: Chumbo-ácido OPzS 2 Volts;
o Autonomia: 48 horas;
o Demanda média por MIGDI: 45 kWh por mês;
o Demanda média por SIGFI: 30 kWh por mês

• Distribuição
o BT utilizando postes de fibra
Projeto “Curralinho” – CELPA (PA)
Dados técnicos
 Sistema de monitoramento e transmissão de dados

 Base em Porto de Moz conectado ao COS da CELPA;

 Dados das usinas e consumidores podem ser concentrados em


Porto de Moz e transmitidos via internet convencional a sede
(não há especificações no projeto)

 Sistema de medição

 Medidor de energia convencional.


Principais
problemas/dificuldades
Logística e gerenciamento
complexos
 Sem infra-estrutura básica;

 Plano de obra e execução


meticuloso e bem feito.

Source: Olivieri, 2011.

Source: Neto, 2015.


 Acesso à informação e ao estudo pela população

Source: Adapted from Kulatunga, 2016.


 Necessidade de expansão
o Projeto Amazonas (exemplo):
 Depois de 4,5 anos:
• 23.42% da demanda original.

 Technologia incipiente ou em desenvolvimento;

 Regulamentação técnica de equipamentos e para instalação,


incompletas ou em implementação;

 Uso não racional de energia -> Demanda insatisfatória.


Considerações finais
Considerações finais

 As grandes distâncias e tempo de descolamentos até as


comunidades, normalmente, são de horas ou dias o que dificulta
a Operação e Manutenção dos Sistemas e aumenta seus custos;

 A eletrificação rural de áreas remotas e/ou isoladas é um grande


desafio para o governo e também para as concessionárias local:
o Principalmente na utilização de mini redes de energia;
o Requerendo treinamento, comprometimendo e “boa
vontade” por parte de todos os envolvidos (governos,
concessionárias e comunidade).
DÚVIDAS?

Luiz Otávio M. Machado - manhani.luizotavio@gmail.com


Dionízio Paschoareli Júnior - dionizio@dee.feis.unesp.br
Mariana Costa Falcão - marianacostafalcao@gmail.com
FlexSys – Grupo de Pesquisa em Sistemas Flexíveis de Energia
CONSORTIUM FOR RAPID SMART GRID
IMPACT (CRSGI)

U.S. Department of State,


Bureau of Educational and Cultural Affairs

FlESys – Grupo de Pesquisa em Sistemas Flexíveis de Energia

Obrigado

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