Eurídice não podia recriminar o marido, pois como haveria de censurar sua
impaciência em vê-la? — Adeus! — exclamou. — Um último adeus! E foi
afastada, tão depressa, que o som mal chegou aos ouvidos de Orfeu. Ele tentou segui-la, e procurou permissão para voltar e tentar outra vez libertá- la, mas o rude barqueiro repeliu-o e recusou passagem. Orfeu deixou-se ficar à margem do lago durante sete dias, sem comer ou dormir; depois, amargamente acusando de crueldade as divindades do Érebo, cantou seus lamentos aos rochedos e às montanhas, abrandando o coração dos tigres e afastando os carvalhos de seus lugares. Manteve-se alheio às outras mulheres, constantemente entregue à lembrança de seu infortúnio. As donzelas trácias fizeram tudo para seduzi-lo, mas ele as repeliu. Elas o perseguiram enquanto puderam, mas, vendo-o insensível, certo dia, excitada pelos ritos de Baco, uma delas exclamou: "Ali está aquele que nos despreza!" e lançou-lhe seu dardo. A arma, mal chegou ao alcance do som da lira de Orfeu, caiu inerme aos seus pés. O mesmo aconteceu com as pedras que lhe foram atiradas. As mulheres, porém, com sua gritaria, abafaram o som da música, e Orfeu foi então atingido e, dentro em pouco, os projéteis estavam manchados de seu sangue. As furiosas mulheres despedaçaram o vate e atiraram sua lira e sua cabeça ao Rio Orfeu, pelo qual desceram ainda tocando e cantando a triste música, à qual as margens do rio respondiam com plangente sinfonia. As Musas ajuntaram os fragmentos do corpo de Orfeu e os enterraram em Limetra, onde, segundo se diz, o rouxinol canta sobre seu túmulo mais suavemente que em qualquer outra parte da Grécia. A lira foi colocada por Júpiter entre as estrelas. A sombra do vate entrou, pela segunda vez, no Tártaro, onde procurou sua Eurídice e a tomou, freneticamente, nos braços. Os dois passearam pelos campos venturosos, juntos agora, indo ele, às vezes, na frente, às vezes ela, e Orfeu a contemplava tanto quanto queria, sem ser castigado por um olhar descuidado. Da história de Orfeu, Pope tirou um exemplo do poder da música, em sua "Ode ao Dia de Santa Cecília". A estrofe seguinte relata a conclusão da história: Página | 228 Muito cedo, porém, volve os olhos Orfeu E de novo ela cai, e de novo morreu! Como conseguirás as três Parcas domar? Crime não houve teu, se não é crime amar. E, agora, debruçado sobre os montes, Junto à água das fontes Ou onde o Hebro abre seu caminho Orfeu chora sozinho E, em luto e em pranto, invoca a alma querida, Para sempre perdida! Agora, todo em fogo, clama, ardente, Sobre a neve do Ródope imponente, E ei-lo, furioso como o vento, voa E, em torno, o ardor da bacanal ressoa. Está morrendo, vede, e a amada canta, Seu nome vem-lhe aos lábios, à garganta. "Eurídice", a palavra derradeira. "Euridice", dizem as matas, "Eurídice", as cascatas. Repete o nome a natureza inteira. ARISTEU, O APICULTOR O homem procura tirar proveito dos instintos dos animais inferiores. Daí surgiu a apicultura, a arte de criação das abelhas. O mel deve ter sido conhecido primeiro como um produto silvestre, construindo as abelhas suas colméias no oco das árvores, em cavidades das rochas, ou lugares semelhantes. Assim, ocasionalmente, as carcaças dos animais mortos deveriam ser ocupadas pelas abelhas para tal fim. Foi, sem dúvida, disso que surgiu a superstição de que as abelhas nasciam da carne dos animais em decomposição. E, na história que narraremos a seguir, Virgílio mostra como pode ser atribuído àquele fato imaginário a possibilidade de renovar-se a colméia perdida em conseqüência de doença ou acidente. Página | 229 Aristeu, o criador da apicultura, era filho da ninfa Cirene. Tendo morrido suas abelhas ele recorreu à ajuda de sua mãe. Chegando junto ao rio onde ela vivia, assim disse: — Oh mãe, o orgulho de minha vida me foi roubado! Perdi minhas preciosas abelhas. Meu cuidado e diligência de nada valeram e tu, minha mãe, não me poupaste esse golpe do destino. Sua mãe ouviu essas queixas quando se encontrava sentada em seu palácio no fundo do rio, tendo em torno de si as ninfas suas servas, empenhadas nas ocupações feminis, fiando e tecendo, enquanto uma delas contava histórias, para divertir as demais. A triste voz de Aristeu interrompeu sua ocupação. Uma das ninfas levantou a cabeça acima da água e, vendo Aristeu, foi comunicar o fato a Cirene, que ordenou que o filho fosse levado à sua presença. Cumprindo sua ordem, o rio se abriu e deixou passar o pastor, conservando-se ereto, como uma montanha, de ambos os lados. Aristeu desceu à região onde ficam as fontes do grande rio. Viu os enormes receptáculos e quase ensurdeceu com o barulho das águas, que corriam em várias direções, para banhar a face da terra. Chegando aos aposentos de sua mãe, foi hospitaleiramente recebido por Cirene e suas ninfas, que serviram uma mesa com as iguarias mais finas. Em primeiro lugar, fizeram libações a Netuno, depois deleitaram-se com os manjares e, finalmente, Cirene assim se dirigiu ao filho: — Há um velho profeta chamado Proteu, que mora no mar e é favorito de Netuno, cujo rebanho de focas apascenta. Nós, as ninfas, dedicamos-lhe grande respeito, pois ele é um sábio, que conhece todas as coisas, passadas, presentes e futuras. Ele pode dizer-te, meu filho, a causa da mortalidade de todas abelhas e o meio de remediá-la. Não o fará, porém, voluntariamente, por mais que lhe implores. Deves obrigá-lo a falar pela força. Se te apoderares dele e o acorrentares, ele responderá às tuas perguntas a fim de ser posto em liberdade, pois, apesar de todas as suas artes, não conseguirá escapar, se o prenderes em cadeias apertadas. Levar-te-ei à sua gruta, onde ele chegará ao meio-dia, para repousar. Será fácil, então, para ti apoderar-se dele. Quando, porém, se vir aprisionado, recorrerá ao poder que possui de mudar de forma. Transformar-se-á em um javali, em um tigre feroz, em um dragão coberto de escamas ou em um leão de amarela juba, ou produziráPágina | 230 um ruído semelhante ao crepitar do fogo ou à água corrente para tentar fazer com que soltes a cadeia, quando então, fugirá. Bastar-te-á, contudo, mantê-lo preso e ele, quando perceber que todos os seus artifícios são inúteis, voltará à sua forma primitiva e obedecerá às tuas ordens. Assim dizendo, aspergiu no filho o perfumado néctar, a bebida dos deuses, e, imediatamente, Aristeu sentiu no corpo um vigor desconhecido e no coração grande coragem, enquanto um perfume suave rescendia em torno. A ninfa levou o filho à gruta do profeta e escondeu-o entre os recessos dos rochedos, enquanto ela própria se colocava atrás das nuvens. Ao meio-dia, à hora em que os homens e os rebanhos fogem do sol ardente, para dormitar durante algum tempo, Proteu saiu da água, seguido pelo seu rebanho de focas, que se espalharam pela praia. Proteu sentou-se no rochedo e contou o rebanho, depois estendeu-se no chão da gruta e adormeceu. Sem perder tempo, Aristeu acorrentou-o e deu um grito. Acordando e vendo-se acorrentado, Proteu imediatamente recorreu às suas artes, transformando-se primeiro numa fogueira, depois em água, depois numa fera horrível, em rápida sucessão. Verificando, porém, que de nada valia, recuperou sua própria forma e dirigiu-se ao jovem, irritado: — Quem és tu, ousado jovem, que assim invades minha morada, e que queres de mim? — Já sabes, Proteu, pois é inútil tentar iludir-te — respondeu Aristeu. — E deves, tu também, cessar os esforços para iludir-me. Aqui vim com a ajuda divina, para saber a causa do meu infortúnio e o meio de remediá-lo. A estas palavras, o profeta, fixando em Aristeu os olhos penetrantes, assim falou: — Recebes a merecida recompensa pelos teus atos, que fizeram Eurídice encontrar a morte, pois, fugindo de ti, ela pisou numa serpente, de cuja dentada morreu. Para vingar sua morte, as ninfas, suas companheiras, lançaram a destruição às tuas abelhas. Tens de apaziguar a ira das ninfas e, para isso, assim deves fazer: escolhe quatro touros, de perfeito formato e tamanho, e quatro vacas de igual beleza, constrói quatro altares para as ninfas e sacrifica os animais, deixando suas carcaças no chão do bosque coberto de folhas. A Orfeu e Eurídice deveras render honras fúnebres suficientesPágina | 231 para aplacá-los. Voltando depois de nove dias, examinarás as carcaças dos animais e verás o que aconteceu. Aristeu seguiu fielmente essas instruções. Sacrificou os animais, deixou suas carcaças no bosque, prestou as honras fúnebres às sombras de Orfeu e Eurídice. Então, voltando no nono dia, examinou as carcaças dos animais e — maravilha! — um enxame de abelhas tomara posse das carcaças e trabalhava como numa colméia. No poema "A Tarefa", Cowper faz alusão à história de Aristeu, quando se refere ao palácio de gelo construído pela imperatriz da Rússia, descrevendo as formas fantásticas que o gelo assume com relação a quedas d'água etc: Novidade sem par por mão humana feita, Senhora imperial da Rússia poderosa Com obra cobssal e frágil a um só tempo, Maravilha do Norte. Uma floresta inteira Derrubada não foi, Senhora, quando a ergueste. Nem a pedra, também, revestiu-lhe as paredes. De água congelada e pura era o seu mármor. Foi em palácio assim que Aristeu procurou Cirene, e sua mãe de seus lábios ouviu A triste narração das colméias perdidas. Também Milton parece que tinha em mente Cirene e sua cena doméstica quando nos descreve Sabrina, a ninfa do Rio Severn, na canção do espírito guardião, no poema "Comus":
axis is at right angles to the others—that is, "see" it coming out
of the page at you. This is "Euclidean" space. It is obvious, in this context, why Euclidean space was the first kind of space discovered by mathematicians, and by artists, and why it still seems "natural" to us; why some have great difficulty in imagining the non-Euclidean kinds of space used in modern physics. Euclidean space is a projection outward of the way our nervous systems stacks information on the bio-survival, emotional and semantic circuits. Thus, the imprint sites of this circuit are located in the left cortex and closely linked with the delicate muscles of larynx and the fine manipulations of right-handed "dexterity." The cortex itself is so recent in evolution that it is often called "the new brain"; it is found only in the higher mammals and is most developed in humans and cetaceans (dolphins and whales). Those extreme cases who take their heaviest imprint on the third circuit tend to grow up cerebrotonic. They are tall and skinny, because energy is perpetually drawn upward from the body into the head. The caricatured evil genius, Dr. Syvlanus in Superman, who was virtually all head, represents the extreme toward which this type seems to be evolving. Popular speech calls them "eggheads." Almost always, these cerebrotonic Third-Circuit types ignore or are hostile to their first and second circuit functions. Playfulness puzzles them (appears silly or eccentric) and emotions both baffle and frighten them. Since we all contain this circuit, we all need to exercize it regularly. Make up a schematic diagram of your business or home and try to streamline it for more efficiency. Design a chart that explains the whole universe. Every few years, study a science you know nothing about, at an Adult Education center. And don't neglect to play with this circuit: write poems, jingles, fables, proverbs or jokes. REMEMBER, MR. CROWLEY SAID: YOU TOO ARE A STAR P.S. HE ALSO SAID: DO NOT LUST AFTER RESULTS