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MICROBIANAS – AVI

Data: 13.02.2015
Prof: José Luís

DERMATOFITOSE

Esse grupo de dermatófitos é composto basicamente por 3 gêneros e inúmeras espécies, eles são os únicos que
conseguem utilizar uma escleroproteína que as outras espécies não utilizam, que é a queratina. Eles são os únicos
capazes de produzir uma enzima que abre as duas fitas da escleroproteína, que é uma fita helicoidal dupla ligada a
pontes de enxofre. Então a enzima queratinase que eles produzem, vai agir diretamente nessas pontes, então as fitas se
soltam e naquele momento eles conseguem utilizar a queratina.
Dentro da veterinária os gêneros de relevância são: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton.
Basicamente, o Epidermophyton floccosum está só no homem, principalmente no sexo masculino, conhecido como pé
de atleta ou frieira.

 Diagnóstico:
Para diagnóstico devemos mandar uma amostra de pelo, mas quanto de pelo devemos mandar? De onde
devemos coletar? Devemos levantar dados para fechar o diagnóstico, vamos fazer um inquérito epizootiológico.
Na pele a última camada, a camada mais externa é queratinizada, então quando a camada é acometida ela se
desestrutura, ela se fragmenta e vamos ter a formação de crostas, vulgarmente chamada de caspas. Então clinicamente
esse paciente vai apresentar prurido ou não? Depende, se o fungo for mais agressor a formação de crosta vai ser maior
e o prurido vai ser maior. O prurido nem sempre vai estar presente, isso vai depender do fungo. Além disso, o fungo tem
uma parede que dá estrutura para ele e imunologicamente essa parede causa uma reação de hipersensibilidade, então
tem liberação de histamina e o prurido acontece. É uma resposta inflamatória eosinofílica.
- Material coletado: devemos coletar o pelo da borda da lesão, retirando o pelo com bulbo. Então devemos
prender uma pinça nos pelos e fazer um arrancamento, para que eles saiam com o bulbo. Puxar o pelo com
a mão é dolorido e pode quebrar o pelo, deixando o bulbo. A crosta também pode ser enviada para o
laboratório. De preferência devemos usar luvas e a quantidade de material enviada deve ser o suficiente,
nem muito e nem pouco. O material não deve ser enviado úmido, a amostra deve ser mantida seca, senão
bactérias se proliferam.

 Modo de ação dos dermatófitos:


Onde são encontrados esses fungos? Nos animais (zoofílicos) em função da abundância de queratina, no
ambiente (geofílicos) e no homem (antropofílicos). O fungo vive em harmonia com o animal e quando tem uma situação
de queda de imunidade ele se dissemina. Ex: fases de lactação, gestação, estresse, etc.
Eles ficam mais localizados na área do pescoço, lombo e início de membros. Pode acontecer do fungo
antropofílico passar para o animal e o zoofílico pode passar para o homem também. Se for um fungo geofílico o animal
vai apresentar lesões na parte ventral, nas patas, no focinho e no homem também faz lesões significativas.
- Características gerais dos dermatófitos: desenvolvimento de lesões arredondadas, lesão em crescimento
centrifugo por causa da necessidade fisiológica + processo inflamatório eosinofílico local. Normalmente nos
gatos as lesões são hipotricóticas, dificilmente vamos ver lesões perfeitamente arredondadas, na verdade
vamos ver falhas no pelo. Já nos cães são lesões alopécicas. Eles vão estar sempre em busca de áreas com
pelos. No homem é comum lesão no cabelo, na barba, nas unhas, nos membros.
- Lâmpada de Wood: é um aparelho que emite um comprimento de onda quando temos a presença de um
dermatófito, porque o dermatófito acaba emitindo uma fluorescência discreta, mas nem todo dermatófito
fluoresce e com isso podemos ter um falso negativo. Além disso, algumas medicações também fluorescem
principalmente a base de ácido salicílico, o que pode dar um falso positivo. Então devemos ter cuidado ao
usar a lâmpada de Wood, porque pode dar falso negativo e falso positivo.

 Coleta de amostra:
Devemos coletar o material da borda da lesão, podemos usar uma pinça para arrancar os pelos da borda da
lesão ou podemos passar uma escova nova e encaminhar a escova com os pelos. Se o pelo for muito grande devemos
cortar as pontas, porque na verdade o fungo vai estar no bulbo do pelo. O envio da amostra deve ser feito colocando o
material num envelope de papel identificado.
Quanto tempo posso demorar para mandar o material para o laboratório? O ideal é que mande imediatamente,
mas já sabemos que o fungo fica viável por meses.

 Microscopia direta do pelo:


Todo dermatófito é um fungo micelial, ou seja, tem uma coleção de hifas e eles fazem reprodução assexuada e
sexuada. Na reprodução assexuada vamos ter os conídeos e na sexuada teremos os esporos. Esses fungos fazem mais a
parte assexuada.
Então teremos a produção de artroconídeos, ou seja, teremos uma hifa e na extremidade da hifa vamos ter uma
célula especializada em produzir estruturas de reprodução assexuada chamada de artroconídeo, que na verdade são
conídeos que estão interligados. Esses artroconídeos precisam chegar até a queratina para se desenvolver, então ele
pode chegar no pelo e ir ao redor do pelo fazendo uma lesão chamada de ectotrix e quando ele invade o pelo é
chamada de endotrix. Só os dermatófitos fazem artroconídeos.
Então quando recebemos uma amostra com artroconídeo podemos afirmar que é um dermatófito, quando a
lesão está por fora vamos pensar em algumas espécies que fazem ectotrix e quando está por dentro vamos pensar nas
espécies que fazem endotrix. Chamamos esse exame de tricograma ou pesquisa direta de artroconídeos. Então se
acharmos artroconídeo vamos afirmar que é positivo para dermatófito, mas qual? Tem interesse em saber a espécie?
Sim, devemos fazer o inquérito epizootiológico.
Podemos clarificar o pelo para achar as estruturas com mais facilidade, então usamos hidróxido de sódio ou
hidróxido de potássio a 10-30%, depende da sua capacidade em ver as estruturas, porque quanto mais clarificante mais
rápido ele destrói o pelo.
Se não acharmos estruturas no pelo devemos fazer uma cultura e se for positivo em até 30 dias vamos ter o
crescimento.

 Transmissão:
Máquina de tosa que veicula de um animal para o outro, animal na terra, areia, animais que ficam úmidos o
tempo todo, etc.

 Dermatofitose canina e felina: as espécies mais comuns são Microsporum canis (zoofílico), Microsporum
gypseum (geofílico) e Trichophytom mentagrophytes (geofílico).
 Dermatofitose equina: temos geralmente o Microsporum canis e o Trichophytom mentagrophytes. Os equinos
têm um pelo mais curto e ralo, então vamos ver que normalmente em região de pescoço tem uma hipotricose,
principalmente na região de orelha. A preocupação aqui é que muitas vezes não percebemos as lesões e na hora
de escovar o animal acabamos passando para outro. Além disso, devemos ter cuidado com material de monta
que usa em mais de um animal, materiais que são compartilhados.
 Dermatofitose porcina (suínos): mais comum é o Microsporum nanum (geofílico), porque o suíno tem muito
contato com a terra que pode estar contaminada. Então as lesões vão estar localizadas mais na área de focinho
e glúteos.
 Dermatofitose bovina: mais comum é o Trichophytom verrucosum (zoofílico) e as lesões vão estar mais
localizadas na área do pescoço e da cabeça. Só que ele normalmente é auto limitante, só com uma mudança no
manejo já melhora.

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