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História A

12º
Resumo da matéria
para exame
Unidade 1 – As transformações das primeiras décadas do século XX
1.1. Um Novo Equilíbrio Global

1918 – Fim da 1ª Guerra Mundial


1919 – Conferência de Paz (Paris)
Presença das 3 potências vencedoras:
 França (Clemenceau)
 Grã-Bretanha (Lloyd George)
 E.U.A (Wilson)
Apresenta “14 pontos” (base às negociações), que defendiam:
▬ Diplomacia transparente
Surgem os acordos de paz, concretizados ▬ Liberdade de navegação e de trocas
em tratados (destaca-se o Tratado de ▬ Redução dos armamentos
Versalhes) , que implicaram uma nova ▬ Respeito para com as nacionalidades
politica e uma nova ordem internacional. ▬ Criação de uma liga de nações

1.1.1 A geografia política após a Primeira Guerra Mundial. A sociedade das Nações

Tratados levam a uma profunda transformação do mapa da Europa e do Médio Oriente.


▬ Russo Outros estados:
▬ Alemão Perdas pesadas e violentas (França, Itália,
Queda dos Impérios
▬ Austro Húngaro (grande perdedora: Alemanha) Bélgica…) ampliam
▬ Otomano as suas fronteiras.

 Povos que viviam oprimidos no território dos impérios alcançam a independência politica: Estados Nação
 Com os impérios autocráticos abatidos e a emancipação de muitas nações por eles subjugadas, acreditou-se
no triunfo da justiça e da igualdade
 Extensão dos regimes republicanos e das democracias parlamentares
 Criação de um organismo para salvaguardar a paz e a segurança internacionais – a Sociedade das Nações

 A Sociedade das Nações: esperança e desencanto

Sede em Genebra onde se reuniam regularmente os estados-membros em assembleia-geral.


Objectivos da SDN: Porém:
▬ Cooperação entre povos ▬ Povos vencidos não aceitam tratados que não assinaram
▬ Promoção do desarmamento ▬ Povos vencedores nem todos satisfeitos (Ex: Itália)
▬ Solução dos litígios pela via da arbitragem ▬ Regulamentação de fronteiras nada pacifica
pacifica ▬ Minorias nacionais insatisfeitas
▬ E.U.A não ratificam o tratado de Versalhes e não chegam a
entrar

 SDN impossibilitada de desempenhar o seu papel de organizadora de paz

1.1.2 A difícil recuperação económica da Europa e a dependência em relação aos Estados


Unidos

A primeira guerra mundial afectou de modo desigual as economias nacionais e as trocas internacionais:
 Declínio da Europa
 Ascensões dos países extra-europeus – destacam-se os E.U.A que se tornaram primeira potência mundial

 O declínio da Europa

Após a primeira guerra: Europa arruinada, no plano humano e material


 Campos destruídos  Dificuldades de reconversão
 Extremamente dependente dos E.U.A  Desvalorização Monetária (mais grave na
(principal fornecedor) Itália e na Alemanha)
 Acumulação de dívidas  Inflação

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 A ascensão dos Estados Unidos e a recuperação europeia

▬ Possuidores de metade do ouro mundial Créditos Americanos


▬ Prosperidade da sua balança de pagamentos
▬ Prodigiosa capacidade de produção Empréstimos avultados à Europa
▬ Métodos de racionalização do trabalho (Taylorismo)  Europa em condições de reembolsar os E.U.A das
▬ Concentração capitalista de empresas dívidas de guerra e dos empréstimos entretanto
efectuados

1.2 A Implantação do Marxismo-leninismo na Rússia: Construção do Modelo Soviético

1.2.1 1917: O ano das Revoluções

 Uma situação explosiva

1917 – Império Russo à beira do abismo

Situação Política Situação Social


 Czar tem poder autocrático privilegiando a Alta Contestação protagonizada por:
Nobreza e o Clero  Socialistas – revolucionários: reclamavam a
 Guerra com Japão (1904-05) - Derrota – partilha de terras
Descrédito da Dinastia Romonov  Sociais-democratas:
 Descontentamento Popular – Domingo ▬ Bolcheviques (mais radicais)
Sangrento ▬ Mencheviques (menos radicais)
 Prisão/exílio dos opositores políticos  Constitucionais-democratas: adeptos do
 85% da sociedade – camponeses parlamentarismo à maneira ocidental

 Rússia na cauda da industrialização


 Burguesia pouco expressiva
 Riqueza nas mãos de uma elite anacrónica Insatisfação – Anseios Democráticos
 Operariado minoritário

 Da revolução de Fevereiro à Revolução de Outubro

Revolução de Fevereiro
Reunidos numa assembleia popular denominada Soviete, os operários incitavam ao derrube de czar. A adesão dos
soldados ao Soviete resultou no assalto ao Palácio de Inverno:
 Fim do Czarismo – República (Governo Provisório)

Dualidade de Poderes

Governo Provisório Soviets


(Kerensky e Lvov)  Querem o fim da guerra
 Continuam a guerra  Querem uma nova ordem social e
 Querem liberalizar a economia económica

Desejo de uma nova Revolução


Revolução de Outubro
Bolcheviques (Guardas Vermelhos) assaltam o palácio de Inverno e derrubam o Governo Provisório nele sediado.
 Poder entregue ao Conselho dos Comissários do Povo (só bolcheviques). Líderes: Lenine e Trotsky.

1.1.2. Da democracia dos sovietes ao centralismo democrático

 A democracia dos sovietes; dificuldades e guerra civil (1918-1920)

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O novo governo iniciou funções com a publicação de decretos revolucionários que procuraram responder às
aspirações das massas populares e às reivindicações dos sovietes:
 Decreto sobre a paz
 Decreto sobre a Terra Proprietários e empresários criam obstáculos à aplicação
 Decreto sobre o Controlo Operário destes decretos
 Decreto sobre as nacionalidades
▬ Negociações em Brest-Litovsk (sob a direcção de Trotsky) – Rússia assina paz separada com a Alemanha –
perde população, terras cultivadas e minas de ferro e de carvão
▬ Débil adesão da população russa ao projecto bolchevique

Brancos Vermelhos
Opositores ao Bolcheviquismo (apoio de Bolcheviques – dispuseram de um coeso e
Inglaterra, França E.U.A e Japão) desejosos de disciplinado exército vermelho organizado por
evitar a expansão do bolcheviquismo Trotsky

Guerra Civil
Vencedores: Vermelhos

 O comunismo de guerra, face da ditadura do proletariado (1918-1921)

Ditadura do proletariado:
Etapa transitória no processo de construção da sociedade socialista.
Detendo a “supremacia politica” o proletariado retiraria “todo o capital à burguesia” e centralizaria todos os
instrumentos de produção nas mãos do Estado, que enquanto instrumento de domínio de uma classe sobre a outra
deixaria de fazer sentido e se extinguiria. Dando assim lugar ao Comunismo.
▬ Dada a situação da Rússia (Guerra Civil…) e longe de ceder, Lenine tomou medidas energéticas que conferiram
à ditadura do proletariado um carácter violento e implacável:
 Fim da democracia dos Sovietes  Partidos políticos proibidos (excepto o
 Nacionalização Económica comunista) bem como os jornais
 Trabalho obrigatório (dos 16 aos 50 anos) “burgueses”
 Assembleia constituinte dissolvida  Terror – Policia Tcheca (policia politica) –
prendia, julgava e executava rapidamente

Comunismo de Guerra
 O centralismo democrático

Desde 1922 a Rússia converteu-se na União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A conciliação da disciplina e da democracia do Estado Soviético conseguiu-se com a fórmula do Centralismo
Democrático:
 Todos os corpos dirigentes são eleitos “de baixo para cima”, enquanto as suas decisões são de
cumprimento obrigatório das bases. Assim todo o poder emana da base (sovietes) que é controlada por
duas forças: o Estado e o Partido Comunista. (doc.19, p.35)

 A Nova Política Económica

Após a Guerra Civil a economia da Rússia estava na ruína:


▬ Produção de cereais descera para metade
▬ Camponeses (obrigados à requisição de géneros) não produziam
▬ Inverno difícil e seca do verão – mortes de fome
▬ Produção industrial diminuíra
Comunismo de Guerra cede lugar à Nova Política Económica (NEP), um recuo estratégico que recorreu ao
capitalismo. Medidas:
o Camponeses podem ficar com excedências a troco de impostos – podem vendê-los nos mercados
o Desvalorizam-se as pequenas empresas – devolvem-se aos seus proprietários
o Aceitam ajuda estrangeira
o Eliminam trabalho obrigatório
 Aumento dos níveis de produção

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1.4. Mutações nos comportamentos e na cultura

1.4.1. As transformações da vida urbana

O século XX foi o século das grandes cidades. A população urbana superou a das zonas rurais. Esta urbanização
maciça, levou a transformações profundas na vida e nos valores da civilização ocidental.

 A nova sociabilidade

▬ Massificação
▬ Nos tempos livres: lugares públicos (cafés, esplanadas, cinemas…)
▬ Crescimento da classe média
▬ Melhoria do nível de vida Aceleração do ritmo de vida;
▬ Nova cultura do ócio (cidade oferece inúmeras distracções) Ruptura da rígida moral oitocentista
▬ Prazer do consumo e ânsia de divertimento
▬ Prática desportiva
▬ Convivência entre sexos mais livre e ousada
▬ Surgimento do automóvel

 A crise dos valores tradicionais

A brutalidade da primeira guerra mundial pôs em causa as instituições, os valores espirituais e morais:
 Tinham morrido 9 milhões de homens
 A miséria tomara conta das ruas das grandes cidades europeias, outrora prósperas e activas

 Sentimento de descrença e pessimismo


 Vaga de contestação a todos os níveis Relatividade de Valores
 Clima de anomia

Acelera as mudanças já em curso, de todas elas a emancipação feminina foi a que mais perturbou os
contemporâneos.

 A emancipação feminina

 Direito das mulheres casadas à propriedade dos seus bens, à tutela dos seus filhos, ao acesso à educação e a
um trabalho socialmente valorizado
 Direito de participação na vida política (direito de voto)
▬ Organizam-se associações sufragistas (querem assegurar igualdade politica)
 Homens nas trincheiras – mulheres viram-se libertas das suas tradicionais limitações como donas de casa –
assumindo a autoridade do lar e o sustento da família
 Moda: não ao espartilho; saia acima do tornozelo; cabelo à garçonne

1.4.2. A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

O positivismo estabelecera uma confiança absoluta no poder do raciocínio e da ciência. Acreditava-se num mundo
regido por leis claras e objectivas.
▬ Inicio do séc. XX – valorização de outras dimensões do conhecimento.
→ Intuição (Henri Bergson) – para compreender certas realidades é preciso para além da razão intuição. O
intuicionismo teve um grande impacto na comunidade intelectual, que viu nele uma libertação das
normas rígidas do conhecimento.
 Descrença no pensamento positivista

 O relativismo

O relativismo é uma nova concepção de ciência que admite a impossibilidade do conhecimento absoluto e acredita
que o conhecimento depende das condições do tempo, do meio e do sujeito que conhece.

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Teoria Quântica (Max Planck):
▬ As trocas de energia fazem-se em pequeníssimas unidades separadas (quantum) que se movimentam a
velocidades inimagináveis, em saltos bruscos e descontínuos
Teoria da Relatividade (Albert Einstein):
▬ O espaço e o tempo são relativos

 As concepções psicanalíticas

Segundo a psicanálise, o psiquismo humano estrutura-se em 3 níveis distintos: o consciente, o subconsciente e o


inconsciente. Por influência das normas morais o indivíduo tem tendência para bloquear desejos ou factos
indecorosos e culpabilizantes, remetendo-os para o inconsciente onde ficam aprisionados num aparente
esquecimento. No entanto, os impulsos e sentimentos assim recalcados persistem em afluir à consciência.
▬ A psicanálise permite trazer à lembrança os traumas
▬ Neuroses: doença mental que deriva da luta entre o consciente e o inconsciente
▬ A psicanálise estendeu-se também ao mundo da arte dando origem ao movimento surrealista

1.4.3. As vanguardas: Rupturas com os cânones das artes e da literatura

Nas primeiras décadas do séc. XX uma autêntica explosão de experiências inovadoras revoluciona as artes, dando
origem a uma estética inteiramente nova
→ Modernismo: assume a liberdade de criação estética repudiando todos os constrangimentos, em especial
os princípios académicos. Este movimento cultural surgiu em Paris, que era então o centro da vanguarda
cultural Europeia.
Vanguarda Cultural: movimento inovador no campocultural/artístico que rejeita os cânones
estabelecidos e antecipa tendências posteriores.

 O fauvismo
(Paris)
Características:
▬ Primado da cor sobre a forma (cor como forma de expressão)
▬ Cores primárias, muito intensas, brilhantes e agressivas
▬ Pinceladas soltas, violentas e grossos empastes
▬ O colorido autonomiza-se completamente do real
▬ Influência da arte primitiva (destituída de temas perturbadores ou deprimentes)
Pintores:
 Henri Matisse
 André Derain

 O Expressionismo
(Alemanha – Berlim, Dresden, Munique)
Grito de revolta individual contra uma sociedade excessivamente moralista e hierarquizada onde as inquietações da
alma raramente se podiam expressar, abafadas por normas e preconceitos
Características:
▬ Representação de emoções – temática pesada (angustia, desespero, morte, sexo, miséria social…)
▬ Figuras humanas intencionalmente deformadas
▬ Ridicularização de grupos como a Burguesia e os Militares
▬ Formas primitivas, simples e distorcidas (que deformavam a realidade para causar assombro, repulsa angustia)
▬ Grandes manchas de cor, intensas e contrastantes, aplicadas livremente
Pintores:
 Edvard Munch
 Ernst Kirchner

 O cubismo

(Paris)
Utiliza como linguagem a geometria, decompondo o objecto. Assim a visão parcelar é substituída por uma visão
total dos objectos que passam a ser representados de várias perspectivas. Revela também a influência da arte
africana (máscaras rituais).

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Cubismo Analítico Cubismo Sintético
 Geometrizam e simplificam formas  Elementos fundamentais reagrupados de uma
 Destruição completa das leis da perspectiva maneira mais coerente e lógica
 Visão total dos objectos representados  Juntam aos materiais da pintura objectos comuns
(estilhaçando a imagem em vários planos que se (papeis, cartão, tecido, corda…)
sobrepõem  Cor regressa
 Cores restringem-se: azuis, cinzas, castanhos

→ Destruiu as leis tradicionais da perspectiva e da representação


→ Abre caminho à arte abstracta
→ Alargou os horizontes plásticos introduzindo neles materiais comuns

Pintores:
 Pablo Picasso
 Georges Braque

 O Abstraccionismo
(Paris)
Formas abstractas que despertam em cada pessoa reacções diferentes, rejeitando uma realidade concreta.
Abstraccionismo Sensível ou Lírico: Abstraccionismo Geométrico
▬ Cores fortes e vibrantes ▬ Expressa a verdade essencial e inalterável das
▬ Abstracções de forma e de cor coisas
▬ Supressão de toda a emotividade pessoal
▬ Linhas rectas e figuras geométricas preenchidas
por manchas de cor
Pintores:
 Vassily Kandinsky (Lírico)
 Piet Mandrion (Geométrico)

 O Futurismo
(Milão)
▬ Rejeição total da estética do passado e ▬ Representação do mundo industrial: a cidade, a
exaltação da sociedade industrial máquina, a velocidade, o ruído
▬ Admiração pela tecnologia moderna e pela ▬ Ideia de ritmo
velocidade ▬ Movimento criado a partir da repetição de
▬ Exaltação da guerra formas e de cores
Pintores:
 Umberto Boccioni
 Luigi Russolo

 O Dadaismo

(Zurich – Suiça)
▬ Desprezo pelo mundo violento, pela sociedade ▬ Negar a arte e o seu valor
e pelas suas regras ▬ Anti-arte: troça, insulta, critica
▬ “Fome de absurdo” (destruir os fundamentos ▬ Manifestação do enorme movimento de revolta
da arte) intelectual e artística
Pintores:
 Marcel Duchamp
 Francis Picabia

 O surrealismo
(França)
▬ Influência de Freud e da Psicanálise
▬ Mundo de interioridade era procurado no inconsciente do artista
▬ Fundir a realidade e o sonho numa surrealidade
▬ Autonomia da imaginação e a capacidade do inconsciente de se exprimir sem limitações
▬ Universos absurdos, cenas grotescas e estranhas, sonhos e alucinações, cor usada arbitrariamente

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Pintores:
 Salvador Dali e René Magritte (surrealistas figurativos)
 Joan Miró (surrealista abstracto)

 Os caminhos da literatura

Tal como no campo das artes a literatura sofreu uma verdadeira revolução, que pôs em causa os valores e as
tradições literária. Destacam-se então algumas novas características:
▬ Libertação da obra literária face à realidade concreta
▬ Obras voltam-se para a vida psicológica e interior das personagens
▬ Novas formas de expressão, ao nível da linguagem e da construção frásica

1.5 Portugal no Primeiro Pós-Guerra

1.5.1 As Dificuldades Económicas e a Instabilidade Política e Social; A Falência da Primeira República

Primeira República Portuguesa:


▬ Parlamentarismo – Elevados poderes do Congresso e da República – Instabilidade Governativa
▬ Laicismo da República – separação da Igreja do Estado e violento Anticlericalismo

 Dificuldades Económicas e Instabilidade Social

1916 – Portugal entra na Guerra


 Acentuo dos desequilíbrios económicos e do descontentamento social.
 Falta de bens de consumo  Aumento das despesas
 Racionamento e Especulação  Multiplicação da massa monetária - Desvalorização
 Produção industrial em queda da Moeda – Inflação
 Crescimento do défice da balança comercial  Aumento do custo de vida
 Divida publica disparou  Poder de compra das classes médias reduzido a
 Diminuição das receitas orçamentais metade
 Agitação Social – Contornos violentos nas grandes cidades

 O agravamento da Instabilidade política

Guerra traz o agravamento da instabilidade política.


1915 - Pimenta Castro dissolve o Parlamento e instala a ditadura militar
1917 - Sidónio Pais destitui o Presidente da República, dissolve o Congresso e faz-se eleger presidente por eleições
directas
▬ Dizia-se fundador de uma “República Nova”, era visto por muitos como um “Salvador da Pátria”
▬ Vai suscitar devoções fervorosas – Acaba por ser assassinado em 1918
Fim do Sidonismo - País no Caos:
 Guerra civil em Lisboa e no Norte
 Regresso ao funcionamento democrático das instituições
 Divisão dos republicanos agravou-se
 Antigos políticos eram incompreendidos e retiravam-se
 Novos lideres não tinham capacidade nem carisma para impor os seus projectos
 Instabilidade governativa e Actos de Violência

 A Falência da Primeira República

Fraquezas da República – Oposição aproveita para se reorganizar:


▬ Igreja cerrou fileiras em torno do Centro Católico Português
▬ Grandes proprietários e capitalistas criam a União dos Interesses Económicos
▬ Classes médias apoiavam um governo forte que restaurasse a ordem e a tranquilidade e lhes devolvesse o
desafogo económico.
 Portugal, sem sólidas raízes democráticas tornou-se presa fácil das soluções autoritárias

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1.5.2 Tendências Culturais: Entre o Naturalismo e as Vanguardas

 Pintura

Europa – Novas soluções pictóricas

Portugal – Acomodado aos padrões estéticos herdados do século anterior


▬ Premiavam o Naturalismo – Grandes Mestres: Malhoa e Columbano
▬ Pintura apresentava cenas de costumes e as minúcias realistas da vida popular
▬ Sociedade rural, povo analfabeto e rude, mas autêntico expressava a mais pura essência do
portuguesismo.

República propicia os primeiros sinais de mudança nos gostos e padrões estéticos.


 Agitação política fomenta o debate ideológico, o livre exame e a crítica.

Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa… Artistas e escritores mais carismáticos do modernismo
Português. (Muitos deles tinham estudado em Paris)

 Muitos revelam-se cosmopolitas Modernistas


 Substituem a iconografia rústica pelo Mundanismo boémio Estes foram: cubistas, impressionistas,
 Esquematizam em vez de pormenorizar futuristas, abstraccionistas, expressionistas,
surrealistas…
 Utilizam apenas um plano e não uma sucessão de planos
(de tudo um pouco)
 Procuram a originalidade

▬ Ao atacarem alicerces da sociedade burguesa (como os seus gostos e valores culturais) – Colheram a
indignação e o sarcasmo
▬ Afastados dos certames e publicações oficiais que os marginalizavam
▬ Veículos de afirmação: exposições independentes, publicações periódicas e espaços públicos que decoravam

 O primeiro modernismo (1911-1918)

 Exposições livres independentes e humoristas


 Desenhos apresentados (muitos deles caricaturas) tinham como objectivo a sátira politica, social e até
anticlerical
 Enquadramentos boémios e urbanos (cenas elegantes de café bem como cenas populares)
 Estilização formal dos motivos, esbatia-se a perspectiva, e usavam cores claras e contrastes

Impulso notável com a Primeira Guerra Mundial (principalmente em Portugal):


Regresso do núcleo mais talentoso dos pintores portugueses que estudavam, em Paris, e com eles o casal Delaunay.
Dois pólos activos e inovadores:
 Norte: casal Delaunay, Eduardo Viana e Amadeu.
 Lisboa: liderado por Almada Negreiros e Santa Rita aos quais se juntaram Fernando Pessoa e Mário de Sá-
Carneiro fazendo nascer a revista Orpheu, na qual o modernismo português revelou a sua faceta mais
inovadora, polémica e emblemática: o futurismo. Excêntricos e provocadores, os jovens de Orpheu deixaram o
país escandalizado, repudiando o homem contemplativo e exaltando o homem de acção. Incitando ao orgulho,
à acção, à aventura e à gloria.

▬ Criticas indignadas do escritor Júlio Dantas – Manifesto Anti-Dantas pelos futuristas, associando-o a uma
cultura retrógrada que urgia abater.
▬ Amadeu de Souza-Cardoso (também influenciado pelo futurismo) realiza duas exposições individuais que o vão
aproximar ao grupo de Orpheu, resultando num terceiro numero do mesmo, que não chegou a publicar-se.
▬ Agitação futurista culminou no Ultimatum futurista às gerações portuguesas do séc. XX, por Almada Negreiros.
▬ Logo a seguir, numero único da revista Portugal Futurista considerada “peça fundamental do movimento
futurista português”, porem sendo apreendida pela policia no momento da saída da tipografia.

 O segundo modernismo (anos 20 e 30)

 Continuou a conciliar as letras com as artes plásticas


 Mais uma vez as revistas assumiram a dinamização literária e artística – destacam-se a Contemporânea e a
Presença

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 Mais uma vez a rejeição pelos organismos oficiais
 Exposições independentes realizavam-se em cafés e clubes que decoravam e periódicos que ilustravam –
sendo estes os seus grandes espaços de afirmação

Unidade 2 – O agudizar das tensões politicas e sociais a partir dos anos 30


2.2. As Opções Totalitárias
▬ Século XX – Demoliberalismo – Direitos individuais garantidos pelo Estado – Neutro e assente na divisão de
poderes
▬ Passar dos anos 20 – Movimentos ideológicos e políticos subordinam o indivíduo a um Estado omnipotente,
totalitário e esmagador – Totalitarismo
▬ Anos 30 – Depressão económica acentua a crise da democracia liberal – Vaga autoritária e ditatorial

2.2.1. Os fascismos, teoria e práticas

 Uma nova ordem nacionalista, antiliberal e anti-socialista

Liberalismo Totalitarismo
• Democracia Parlamentar • Estado sobre o indivíduo
(população representada no governo) (acima do indivíduo esta o interesse da
• Divisão dos poderes colectividade, a grandeza da Nação e a
• Socialismo supremacia do estado)
(defende a propriedade publica e a çita de • Reforço do poder executivo
classes) • Corporativismo
(aceita a propriedade privada mas tendo
como necessária a intervenção do estado, e
cria coorporações que procuram solucionar
entre si os problemas laborais)

Estado Totalitário Fascista Oposição firme ao Liberalismo, à Democracia parlamentar e ao Socialismo

 Oposição política – Aniquilada


 Actividades económicas – Rigorosa regulamentação
 Sociedade (estimulada pela propaganda) – Enquadra-se em organizações afectas ao regime, que a
controlam
 Estado impede a liberdade de pensamento e de expressão

 Elites e enquadramento das massas

Fascismo Homens não são iguais Elites

Homens providenciais, chefes, promovidos à categoria de heróis.


▬ Simbolizavam o Estado Totalitário
▬ Encarnavam a Nação e guiavam os seus destinos
▬ Deviam ser seguidos sem hesitação
▬ Prestando-se-lhes um verdadeiro culto que raiava a idolatria

Faziam parte das Elites:


 Raça dominante (ariana)
 Soldados e forças militarizadas
 Filiados no partido
▬ Mulheres Nazis destinadas ao lar e à subordinação ao marido

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o Sociedade profundamente hierarquizada e rígida
o Respeito das massas pelas Elites
o Nação submissa

Itália:

4 anos – ingressavam nos “Filhos da Loba” Aprendiam o culto do Estado e


8 aos 14 – faziam parte das “Balilas” do Chefe, o amor pelo desporto
Juventude Fascista
14 – eram vanguardistas e pela guerra e o desprezo pelos
18 – entravam nas Juventudes fascistas valores intelectuais

Organizações de enquadramento de massas:

 Partido Único (Nacional-Fascista na Itália, Nacional-Socialista na Alemanha)


 A frente do trabalho Nacional-Socialista e as corporações Italianas
 A Dopolavoro na Itália E A Kraft Durch Freude na Alemanha

Enquadramento de Itália Alemanha Portugal


Massas
Organizações de Juventude Juventudes Fascistas Juventudes Hitelarianas Mocidade
Portuguesa
Partido Único P.Nacional Fascista P.Nacional Socialista União Nacional

Organizações do trabalho Corporações Frente de trabalho Nacional Corporações


Fascista
Tempos livres e Cultura Dopolavoro Kraft Durch Freud FNAT
(Federação
Nacional
Alegria no
Trabalho)

Em Itália:

Ministério da Imprensa e da propaganda controlou as publicações, a rádio, e a partir dos anos 30 o cinema.

Alemanha:

Ministério da cultura e da propaganda exerceu uma ditadura intelectual:


▬ Suprimindo Jornais
▬ Obras de autores proibidos queimadas (Voltaire, Marx, Einstein)
▬ Intelectuais Judeus perseguidos

 Rádio e cinema – Armas indiscutíveis para o totalitarismo nazi (1938 - 10 milhões de aparelhos
radiofónicos estavam espalhados por toda a Alemanha)

 O culto da força e da violência e a negação dos direitos humanos

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 Anti-Semitismo

• Primeira Fase: Segregados, boicotados e excluídos.

• Segunda Fase:
‐ Privados de nacionalidade bem como do casamento e relações
sexuais com arianos.
‐ Destruição dos locais de culto e de actividade económica.
‐ Deixam de poder exercer qualquer profissão e de frequentar lugares
públicos.
‐ Uso obrigatório da estrela Amarela.

• Fase mais cruel (Segunda Guerra Mundial):


‐ Genocídio
‐ Perseguidos, aprisionados e encurralados em guetos
‐ Campos de concentração

Itália Alemanha Portugal


Secções de
Assalto (S.A)
Milícia Voluntária de Segurança Legião
Milícias Secções de
Nacional Portuguesa
Segurança
(S.S)
Política Política OVRA Gestapo PVIDE
Campos de
Concentração

 A Autarcia como Modelo Económico

Estado Totalitário Fascista serve-se do corporativismo para:


▬ Evitar a luta de classes
▬ Bons desempenhos Económicos

Adopta-se a Política Económica Intervencionista e Nacionalista Autarcia


▬ Propôs-se a auto-suficiência económica
▬ Apelou-se ao empenho do povo trabalhador
▬ Prometeu-se fim do desemprego e da Nação

Itália:

 Estado reforçou a intervenção na economia


 Corporações facilitaram planificação económica
 Batalhas de produção (exaltadas pela propaganda)
 Aumentou a produção de cereais – diminuíram as importações
 Recuperação de terras e criação de novas povoações
 Comércio subiu os direitos alfandegários e controlou o volume das importações e exportações
 Estado financiou as empresas em dificuldade e interveio fortemente no sector industrial

Alemanha:

 Política de grandes trabalhos – arroteamentos, construção de auto-estradas,


pontes, linhas férreas Recuperação Económica
 Estado reforçou a autarcia e o dirigismo económico Diminuição do Desemprego
 Fixaram-se os preços
 Programa de rearmamento

▬ Política económica Intervencionista


▬ Política económica Nacionalista
▬ Política económica procurando a auto-suficiência
▬ Apelo ao Heroísmo; Ao empenho do povo; À glória da Nação

Autarcia

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2.2.2 O Estalinismo

Lenine falece – Sucessão de Estaline – Chefe incontestado da União Soviética


▬ Construção da sociedade Socialista
▬ Transformação da Rússia em Potência mundial

 Colectivização dos campos e planificação económica

Colectivização dos Campos - Imprescindível ao avanço da Industria:


 Liberta mão-de-obra para as Fábricas
 Fornece alimentos para os operários

▬ Terras e gados confiscados aos Kulaks (camponeses relativamente ricos)


▬ Novas quintas colectivas – Kolkhozes
▬ Parte da produção p/ o Estado e restante para os camponeses (distribuída de acordo com o trabalho
efectuado)
▬ P.Comunista cria as Estações de Máquinas e Tractores (alugavam maquinas e técnicos a grupos de kolkhozes)
▬ Controlo político dos campos

Planificação Económica:

Primeiro Plano Quinquenal (1928-1932)

 Incremento da indústria pesada Contribui para fixar os operários e


 Quase desaparecimento do sector privado
aumentar a produtividade
 Conjunto de medidas coercivas

Segundo Plano Quinquenal (1933-1937)

 Incidiu no sector da indústria ligeira e dos bens de consumo (vestuário e calçado)

Terceiro Plano Quinquenal (1938-1945)

 Industrias pesada, hidroeléctrica e química

 O Totalitarismo repressivo do Estado

Estado Estalinista Omnipotente e Totalitário

▬ Culto ao chefe (Estaline)


▬ Cidadãos privados das liberdades fundamentais
▬ Sociedade enquadrada em organizações
▬ Partido Comunista (profundamente burocratizado e disciplinado):
 Monopoliza poder político
 Superintende economia (colectivização e planificação)
▬ Reforço dos poderes do Estado
▬ Estado totalitário – Ditadura do Partido Comunista
▬ Repressão (purgas e processos políticos)

2.3 A Resistência das Democracias Liberais

2.3.1. O Intervencionismo do Estado

A depressão dos anos 30 revelou as fragilidades do capitalismo liberal. Verificou-se então necessário o
intervencionismo do Estado. Este consistiu no papel activo desempenhado pelo Estado no conjunto das actividades
económicas a fim de corrigir os danos ou os inconvenientes sociais derivados da aplicação rigorosa do liberalismo
económico. Concretizou-se:
▬ No controlo dos preços
▬ Nas leis sobre os salários

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▬ Na legislação do trabalho e social.
▬ Na origem da participação do estado como empresário e produtor de serviços públicos

 As ideias do economista britânico John Keynes revelaram-se, então, fundamentais ao atribuírem ao Estado o
papel intervencionista. Insurgindo-se contra as medidas deflacionistas que os Estados aplicaram de imediato
(diminuição de gastos, limitação da produção, proteccionismo), Keynes advogou uma política “expansiva” que
fomentasse a produção e o consumo, através do investimento, do aumento dos salários e da dinamização das
trocas.

 O New Deal

Novo presidente dos EUA: Franklin Roosevelt - influenciado por Keynes Intervenção do Estado federal

Põe em prática um conjunto de medidas: New Deal


Primeira fase (1933-1934)

 Encerramento temporário de instituições bancárias


 Sanções contra os especuladores
 Dólar desvinculado do padrão-ouro e desvalorizado
 Política de grandes trabalhos
 Dinheiro para os mais necessitados e campos de trabalho para os desempregados mais jovens
 Protecção à agricultura – empréstimos aos agricultores e indemnizações pela redução das áreas cultivadas
 Protecção à industria e ao trabalho Industrial – fixação de preços, salário mínimo

Metas: Relançamento da economia e luta contra o desemprego e a miséria – Superar os efeitos da Grande Depressão

Segunda fase (1935-1938)

 Liberdade Sindical e direito de greve ▬ Cunho vinculadamente social


 Reforma por velhice e invalidez ▬ Estado-Providência – promove a segurança social
 Fundo de desemprego e auxilio aos pobres de modo a garantir a felicidade o bem-estar e o
 Redução da duração semanal do trabalho aumento do poder de compra

2.3.2 Os governos de frente popular e a mobilização dos cidadãos

A crise de 1929 teve vastas consequências em todo o mundo. O intervencionismo do Estado permitiu às
democracias liberais, como a americana, resistirem à crise económica e recuperarem a credibilidade política. O
mesmo não ocorreu em França, onde a conjuntura recessiva quase pôs em causa o regime parlamentar. Esta
parecia eternizar-se devido à insistência dos governos em políticas deflacionistas que nada remediavam.
Os governos, desacreditados perante a opinião pública, encontravam-se no centro das críticas de esquerda e da
contestação da direita. Enquanto que os primeiros reivindicavam medidas inspiradas em Keynes e no "New Deal",
os partidos de direita, que formavam ligas nacionalistas de pendor fascista, acusavam a ineficácia dos governos
democráticos, reclamando uma solução autoritária.
Perante a força de extrema-direita, a esquerda formou uma associação que integrava comunistas, socialistas,
socialistas e radicais. Governos de Frente Popular

França - Liderado por Léon Blum, sem o Partido Comunista (1936-1938) - Movimento Grevista

Intervenção do governo na mediação do conflito – “Acordos de Matignon”


▬ Contractos colectivos de trabalho
▬ Liberdade Sindical
▬ Semana de 40 horas de trabalho
▬ Férias pagas (15 dias por ano)
▬ Escolaridade obrigatória até aos 14 anos

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▬ Massificação do desporto e da cultura
▬ Controlo do Estado sobre o Banco de França
▬ Nacionalização das fábricas de armamentos
▬ Controlo do preço dos cereais pelo Estado

Em 1936 também em Espanha triunfara uma Frente Popular:

▬ Separação da Igreja do Estado


▬ Direito à greve
Reacção da Frente Popular contra a República Democrática
▬ Promoção da ocupação de terras não cultivadas
 Guerra Civil de Espanha
▬ Aumento de salários em 15%

2.5. Portugal: o Estado Novo

2.5.1 O triunfo das forças conservadoras; a progressiva adopção do modelo italiano nas
instituições e no imaginário político

 Da ditadura ao Estado Novo

1926 – golpe de Estado promovido pelos militares pôs fim à Primeira República parlamentar Portuguesa
Instalou-se uma ditadura militar, porém:
 Impreparação dos chefes ditatoriais
 Agravamento do défice orçamental
 Adesão diminuiu
 Fracasso da ditadura militar

1928 – António de Oliveira Salazar entrou no Governo e sobraçou a pasta das Finanças, com a condição de
superintender nas despesas de todos os ministérios. Consegue saldo positivo no Orçamento, ganhando assim
prestígio e sendo nomeado para a chefia do Governo
Não escondendo o seu propósito de instaurar uma nova ordem política, Salazar empenhou-se na criação das
necessárias estruturas institucionais.
1930 – Lançaram-se as bases orgânicas da União Nacional e promulgou-se o Acto Colonial.
1933 – Publicação do Estatuto do Trabalho Nacional e da Constituição de 1933

Ficou então consagrado um sistema governativo conhecido por Estado Novo, no qual sobressai:
 o forte autoritarismo
 o condicionamento das liberdades individuais aos interesses da Nação

Salazar
Repudiou Proclamou (carácter)
 Liberalismo  Autoritário
 Democracia  Corporativo
 Parlamentarismo  Conservador
 Nacionalista

O Estado Novo abraçou um projecto totalizante, que se socorreu de fórmulas e estruturas politico-institucionais
decalcadas dos modelos fascistas (particularmente do Italiano). Porém, Salazar condenou o carácter violento e
pagão dos totalitarismos.

 Conservadorismo e tradição

Salazar foi uma personalidade extremamente conservadora que sempre repudiou os exageros republicanos. Assim
sendo, o Estado Novo distinguiu-se entre os demais fascismos pelo seu carácter conservador e tradicionalista. Este:
→ Repousou em valores e conceitos morais que jamais alguém deveria questionar: Deus, a Pátria, a Família, a
Autoridade, a Paz Social, a Hierarquia, a Moralidade, a Austeridade.
→ Respeitou as tradições nacionais e promoveu a defesa de tudo o que fosse genuinamente português
→ Enalteceu o mundo rural
→ Protegeu a religião católica
→ Reduziu a mulher ao papel passivo
→ Protegeu as manifestações culturais de influências estrangeiras

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 Nacionalismo

O Estado Novo adoptou um nacionalismo exacerbado.


▬ Fez dos portugueses um povo de heróis, dotados de qualidades civilizacionais sem igual
▬ Diferença das suas instituições – demarcadas do cariz agressivo e violento das experiencias totalitárias
europeias
“Tudo pela Nação, nada contra a Nação”

 A recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo

À semelhança do fascismo Italiano o Estado Novo afirmou-se antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar.


 A nação representava um todo orgânico e não um conjunto de indivíduos isolados
 O interesse da Nação sobrepunha-se aos direitos individuais
 Os partidos políticos constituíam um elemento desagregador da unidade da Nação
 A valorização do poder executivo era o único garante de um Estado forte e autoritário

Por isso, a Constituição de 1933 reconheceu a autoridade do Presidente da Republica como o primeiro poder
dentro do Estado, completamente independente do Parlamente e atribuiu vastas competências ao Presidente do
Conselho (actualmente equivale ao primeiro-ministro), havendo uma partilha de poderes entre as presidências da Republica e
do Conselho.
A Assembleia Nacional limitava-se à discussão das propostas de lei que o Governo lhe enviava para aprovação.
→ Inferiorizado o poder legislativo
→ Salazar – chefe providencial
→ Culto ao chefe – Salazar o “Salvador da Pátria”

 Corporativismo

O Estado Novo, empenhado na unidade da Nação e no fortalecimento do Estado, propõe o Corporativismo como
modelo da organização económica, social e politica.
O corporativismo concebia a Nação representada pelas famílias e por organismos onde os indivíduos se agrupavam
pelas funções que desempenhavam e os seus interesses se harmonizavam para a consecução do bem comum. A
estes organismos dava-se o nome de Corporações (universidades, casas do povo, agremiações desportivas,
literárias…). Porém, embora a constituição de 1933 programasse uma diversidade de corporações, na prática só
funcionavam as de natureza económica (que compreendiam a agricultura, a industria, o comercio, os transportes e
o turismo, a banca e os seguros…). Acabando as corporações por se transformar num meio de o Estado Novo
controlar a economia e as relações laborais.

 O enquadramento de Massas

A longevidade do Estado Novo pode explicar-se pelo conjunto de instituições e processos que conseguiram
enquadrar as massas e obter a sua adesão ao projecto do regime.
 1933 – Secretariado da Propaganda Nacional (SPN): papel activo na divulgação do ideário do regime e na
padronização da cultura e das artes
 1930 – União Nacional (chefiada por Salazar): não partidária, tinha o papel de congregar “todos os Portugueses
de boa vontade” e apoiar incondicionalmente as actividades politicas do Governo.
Porém, a unanimidade pretendida só foi possível com a extinção dos partidos políticos e a limitação severa da
liberdade de expressão.
→ União Nacional transformada em partido único
→ Recorreu-se a organizações milicianas

Legião Portuguesa Defender “o património espiritual da Nação”, o Estado


Corporativo e conter a ameaça Bolchevista
Inscrição obrigatória para os estudantes do ensino
Mocidade Portuguesa primário e secundário, destinava-se a incutir valores
nacionalistas e patrióticos do Estado Novo
Obra das Mães para a Educação Nacional Formação das “futuras mulheres e mães”
Controlar os tempos livres dos trabalhadores,
Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) providenciando actividades recreativas e “educativas”
orientadas pela moral oficial.

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→ Controlou-se o ensino (expulsavam-se professores oposicionistas e adoptavam-se “livros únicos” oficiais, que
veiculavam os valores do Estado Novo”
→ Impregnou-se a vida familiar com os valores conservadores e nacionalistas

 O aparelho repressivo do Estado

 Ditadura intelectual – Censura prévia à imprensa, ao teatro, ao cinema, à rádio e, mais tarde à televisão
 “Lápis Azul” – proibição da difusão de palavras ou imagens “subversivas” para a ideologia do Estado Novo
 Polícia Política: Policia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), em 1945 designada por Policia Internacional
e de Defesa do Estado (PIDE) – prender, torturar e matar opositores ao regime

2.5.2. Uma economia submetida aos imperativos políticos

O autoritarismo do Estado Novo levou ao abandono das políticas económicas liberais e à adopção de um modelo
económico fortemente intervencionista e autárcico. Assim sendo, o fomento económico deveria ser orientado e
dinamizado pelo Estado, sujeitando-se todas as actividades aos interesses da Nação.
 Dirigismo económico do Estado Novo

 A estabilidade financeira

A estabilidade financeira converteu-se na prioridade de Oliveira Salazar e do Estado Novo.


Os gastos públicos foram submetidos a um apertado controlo por parte de Salazar, que sob o lema de diminuir
despesas e aumentar receitas conseguiu o tão desejado equilíbrio orçamental.
o Administraram-se melhor os dinheiros públicos
o Criaram-se novos impostos
o Aumentaram-se as tarifas alfandegárias sobre as importações – redução das dependências externas
o Criaram-se mais receitas com as exportações
o As reservas de ouro atingiram um nível significativo – estabilidade monetária

Estabilização Financeira
Dá ao Estado Novo uma imagem de credibilidade e de competência governativa

 Defesa da Ruralidade

O Estado Novo privilegiava o mundo rural, porque nele se preservava tudo o que de melhor tinha o povo português.
Assim sendo, o Portugal dos anos 30 viveu um exacerbado ruralismo:
→ Destinaram-se verbas para a construção de numerosas barragens – resultou numa melhor irrigação do solo
→ Junta de Colonização Interna (1936) – fixar a população em algumas áreas do interior
→ Politica de Arborização
→ Fomentou-se a politica da vinha – crescimento da produção vinícola
→ Alargaram-se a produção do arroz, batata, azeite, cortiça e frutas
→ Campanha do trigo (1929-37) – alargar a área de cultura deste cereal – crescimento significativo da produção
cerealífera – conseguiu a auto-suficiência do país
→ Estado concedeu grande protecção aos proprietários adquirindo-lhes produções e estabelecendo o
proteccionismo alfandegário

 Obras públicas

O Estado Novo levou a cabo a politica de obras públicas, que recebeu um impulso notável com a Lei de
Reconstituição Económica (1930). Procurou-se combater o desemprego e dotar o país das infra-estruturas
necessárias ao desenvolvimento económico.
 Rede viária duplicou até 1950  Obras de alargamento e de beneficiação de
 Unificação do mercado nacional portos e aeroportos
→ Maior acessibilidade aos mercados  Construção de barragens
externos  Expansão da electrificação
→ Edificação de pontes  Construção de hospitais, escolas, edifícios
 Expansão das redes telegráfica e telefónica universitários…

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 O condicionamento industrial

Num país de exacerbado ruralismo a industria não constituiu a prioridade do Estado. O débil crescimento verificado
deveu-se à política de condicionamento industrial concretizada pelo Estado entre 1931 e 1937. Este modelo
determinava que qualquer indústria necessitava da prévia autorização do Estado para se instalar, reabrir, efectuar
ampliações, mudar de local, ser vendida a estrangeiros ou até para comprar máquinas.
Suspendeu-se ainda a autorização de grandes novas indústrias ou de novos processos produtivos.
Frisou-se que o condicionamento se orientava fundamentalmente para as indústrias que exigissem grandes
despesas e produção ou que produzissem bens de exportação.
O condicionamento industrial (que reflecte o dirigismo económico do Estado Novo) fez assim parte de uma política
conjuntural anti-crise, destinada a garantir o controlo da indústria por nacionais e a regulação da actividade
produtiva e da concorrência. Procurava evitar-se a sobre produção, a queda dos preços, o desemprego e a agitação
social. Contudo, o condicionamento industrial acabou por se converter em definitivo, moldando a estrutura da
indústria durante o Estado Novo, e passando assim a criar um obstáculo à modernização.

 A corporativização dos sindicatos

As iniciativas empresariais dependiam de um conjunto de condições fornecidas pelo Estado.


Em 1933, o Estado Novo publicou o Estatuto do Trabalho Nacional, que estipulava que nas várias profissões da
indústria e dos serviços (excepto função publica), os trabalhadores se deveriam reunir em sindicatos nacionais e os
patrões em grémios, depois agrupados em federações, uniões e finalmente em corporações económicas, que
negociariam entre si os contratos colectivos de trabalho, estabeleceriam normas e cotas de produção e fixariam
preços e salários. Ao estado competiria então superintender tais negociações.
Porém, considerados um instrumento da política governamental autoritária e da submissão dos trabalhadores ao
capitalismo, os sindicatos nacionais nunca contaram com a adesão entusiástica dos trabalhadores, enfrentado
algumas resistências.

 A política colonial

O Acto Colonial de 1930 imprimiu um cunho permanente à política colonial do Estado Novo. Nele se afirmava a
missão histórica civilizadora dos Portugueses nos territórios ultramarinos.
Em consequência daquele pressuposto, reforçou-se a tutela metropolitana sobre as colónias e insistiu-se na
fiscalização da metrópole sobre os governadores coloniais e no estabelecimento de um regime económico em que
as colónias seriam um mero fornecedor de matérias-primas para a indústria metropolitana.
Proclamando a sua vocação colonial, incutia-se no povo português uma mística imperial.

2.5.3. O projecto cultural do regime

O Estado Novo deteve uma produção cultural submetida ao regime.


→ Promoveu a censura e o controlo da produção cultural
→ Concebeu um projecto totalizante, que fez de artistas e escritores instrumentos privilegiados da inculcação e
da propaganda do seu ideário
→ Apercebeu-se da importância das manifestações culturais para o regime se revelar às massas. As impregnar e
cultivar
→ As artes e letras deveriam inculcar no povo o amor da pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares… ou
seja, o ideário do Estado Novo (porém, a adesão dos escritores foi escassa)
→ Através de exposições nacionais e internacionais (das obras publicas do regime, de festas populares, do teatro,
do cinema, do bailado…) patrocinaram-se artistas e produções que divulgassem sobretudo as tradições
nacionais e populares e enaltecessem a grandeza histórica do país e a dimensão civilizadora dos Portugueses.

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