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INCURSO NO ART. 121, § 2º, INCISOS II E IV DO CÓDIGO PENAL (motivo fútil e traição que
dificultou a defesa da vítima)
VÍTIMA: ANTÔNIO BEZERRA, casado, com filhos, agricultor, 52 anos, morte em 29/06/2008,
às 16h15min., motivo: perfuração a faca.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
“A fórmula não é nada complicada: é falar o que vai falar, dizer o que tem a
dizer e repetir o que acabou de dizer, por mais de uma vez, de preferência.”
“As teses de acusação podem ser expostas desde o exórdio, de forma sintética,
e podem ser repetidas na medida em que o discurso se desenvolve, do início
ao fim. Por sua vez, as teses defensivas podem ser mencionadas logo na
primeira fase dos debates pelo Promotor do Júri com o propósito de fazer o
confronto com as teses da acusação. Quando o advogado resolver discorrer
sobre sua tese, não terá o mesmo impacto persuasivo quando sequer é
mencionada.”
“Existem técnicas simples de obter mais atenção dos jurados, como mudar de
lugar, se possível e evitar longas pausas, por exemplo.”
“Tratam-se das técnicas do cinismo, em que é mais fácil zombar das posições
dos outros do que elaborar a própria.”
“Contra esta falácia, basta dizer que a verdade não tem idade e que não
escolhe a experiência em detrimento da lógica.”
“A defesa gosta de anunciar que “sentar no banco dos réus já significa uma
condenação certa”, que “se foi denunciado, o réu já está condenado”, “acusar
é tarefa fácil”, etc. O Promotor do Júri deve refutar este estratagema,
colocando as coisas na sua real dimensão. Se o defensor não entende a tese de
acusação é porque não é pago para acolhê-la ou defendê-la. Se o réu deve se
fazer presente no julgamento, em algum local deve se sentar, no banco mais
próximo a seu defensor. A denúncia é apenas o início do processo, que se
baseia nas ações praticadas pelo acusado, última instância que justifica a
existência do julgamento. Acusar não é nada fácil, na medida em que, no
Brasil, existe uma enorme taxa de inquéritos policiais cuja autoria não é
conhecida e que o tempo de tramitação do inquérito policial e do processo
judicial é muito elevado.”
“No processo penal, para alcançar a verdade é preciso examinar as provas dos
autos. A prova é o instrumento que nos auxilia a concluir se uma informação é
verdadeira ou não.”
Testemunhas de Acusação:
DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 119-120: “Que não escutou, nem viu briga
entre vítima e acusado. Que lhe disseram que o acusado e a vítima estariam
dançando, quando o acusado desferiu uma facada na vítima e saiu correndo.
Que ouviu comentários que os dois haviam brigado antes do ocorrido. Que se
todos se surpreenderam com o homicídio, pois sabiam que acusado e vítima
eram amigos.”
Réu:
Testemunhas de Defesa:
- EDIVAL XIMENES MADEIRA
DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 121: “Que não chegou a ver o ocorrido. Que
nunca viu a vítima brigar com ninguém. Ouviu falar que o acusado
surpreendeu a vítima com uma faca, quando a vítima veio para cima dele o
acusado estava na parte de baixo da calçada o que acabou fazendo com que o
acusado segurasse a vítima com a faca. Acredita que a vítima não previa que
seria esfaqueada, pois teria se defendido. Nunca ouviu falar que a vítima
andasse armada. A vítima já teve várias oportunidades para matar o acusado,
se quisesse, porém nunca tentou.
ARGUMENTOS DA DEFESA:
- O acusado afirmou em plenário que a vítima caiu em cima da faca por duas
vezes, afirmação ridícula e sínica;
3.1- Reação a uma agressão atual ou iminente e injusta: Injusta, quem pode
afirmar isso? O Sr. Antônio Loiola Bezerra não está mais vivo pra se defender
e as testemunhas não souberam
TESES:
1) A defesa pode trazer aqui a versão dos fatos que melhor lhe aproveite, mas
o fato é que nenhuma versão dos fatos, por mais mirabolante que seja, vai
trazer de volta a vida da vítima, uma vida foi tirada, nenhuma justificativa do
acusado vai mudar isso;
2) Qual o intuito de sair armado de casa? Sim porque, o argumento do réu que
esqueceu de guardar a faca que usava para trabalhar, não é razoável, quem
esquece uma faca no cós da roupa? Depois em plenário, percebendo quão
irreal era essa afirmativa, disse que tava com a faca por que estava indo
trabalhar, o crime ocorreu por volta de 16h15min., que agricultor inicia seu
trabalho no final da tarde?
5) Das Qualificadoras:
- “A tese de que houve legitima defesa não merece prosperar, já que o réu não
demonstrou que estava sob ameaça de lesão grave pela vítima. Com efeito, a
vítima se encontrava desarmada, não havendo indícios de que o réu reagiu a
uma lesão anterior.
Logo, ainda que o réu estivesse sendo provocando pela vítima, resta evidente
que não havia causa para a sua reação, mormente que não havia indícios de
uma possível agressão injusta a ser repelida. Portanto, a intenção de lesionar a
vítima resta demonstrada pelos depoimentos colhidos no sumário da culpa,
que foram coesos em afirmar a intenção do acusado em atingir a vítima.”
- a legítima defesa da honra, além de não ter previsão legal, antes de “cair no
desuso”, teve uma ampla divulgação, tendo sido antes banalizada ao seu grau
máximo, se é que se pode usar a palavra banalização para um instituto que, na
realidade, já nasceu como a banalização da real legítima defesa, descrita no
nosso Código Penal.