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RÉU: JOSÉ MARIA, 43 anos

INCURSO NO ART. 121, § 2º, INCISOS II E IV DO CÓDIGO PENAL (motivo fútil e traição que
dificultou a defesa da vítima)

VÍTIMA: ANTÔNIO BEZERRA, casado, com filhos, agricultor, 52 anos, morte em 29/06/2008,
às 16h15min., motivo: perfuração a faca.

OBJETO UTILIZADO NO CRIME: Faca do tipo peixeira pequena

DATA: TARDE DO DIA 29/06/2008

LUGAR: BAR DO BADIM,

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que


dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

“Certeza absoluta”, como “verdade real”, é um pleonasmo, inalcançável.

A verdade forense, aquela que pode ser legalmente provada ( professora


titular da Universidade de Servilla, Espanha, MARÍA DEL MAR DÍAZ
PITA

“ethos (ética, caráter e reputação); pathos (apelo emocional); e logos (lógica)”


“cumprimentos iniciais ao juiz, ao defensor e aos jurados”

“Exórdio: O promotor pode iniciar o discurso ressaltando algo que os jurados


possam se orgulhar, sejam enquanto jurados, sejam enquanto profissionais de
suas áreas ou cidadãos. No exórdio, o tom de voz deve se iniciar baixo e
cadenciado. Tarefa: prenda a atenção dos jurados.”

“A exposição deve ser clara e sincera. A argumentação deve ser cerrada e


promover uma análise psicológica da prova. A exposição e a argumentação
podem ser executadas de forma simultânea e possuem implicações mútuas.”

“É indispensável explicar as teses jurídicas, em linguagem simples, apropriada


a um auditório universal, mas sem descurar da boa técnica.”

“O principal método utilizado para exposição dos fatos é a ordem cronológica.


Os fatos essenciais que integram o delito podem ser utilizados como marcos
referenciais para indicar, conforme a orientação do art. 6º, inciso IX, do
Código de Processo Penal, a vida pregressa do acusado, sua atitude e estado
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos
que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. Pode-se
preferir iniciar a descrição dos fatos mais emblemáticos para depois discorrer
e analisar os fatos secundários.”

“O desencadeamento dos fatos deve seguir uma ordem lógica, contudo os


fatos principais devem ser reiteradamente mencionados. A repetição é o
principal método de fixação da informação. Deve-se ter em mente que apenas
40% do que se ouve será captado. Portanto o orador deve, frequentemente,
resumir o que acabou de ser dito para aumentar as chaces de retenção dos
fatos e dos argumentos.”

“A fórmula não é nada complicada: é falar o que vai falar, dizer o que tem a
dizer e repetir o que acabou de dizer, por mais de uma vez, de preferência.”

“As teses de acusação podem ser expostas desde o exórdio, de forma sintética,
e podem ser repetidas na medida em que o discurso se desenvolve, do início
ao fim. Por sua vez, as teses defensivas podem ser mencionadas logo na
primeira fase dos debates pelo Promotor do Júri com o propósito de fazer o
confronto com as teses da acusação. Quando o advogado resolver discorrer
sobre sua tese, não terá o mesmo impacto persuasivo quando sequer é
mencionada.”

“Assim, invés de começar ou terminar com a prova ou com o argumento mais


contundente, mais recomendável é começar e terminar com o melhor. A
primeira e a última impressão são as mais lembradas e determinantes na
formação da convicção dos jurados. O mesmo vale para o combate à defesa
técnica, ou seja, é melhor criticar, do início ao final, as provas e as teses
defensivas mais relevantes.”

“Existem técnicas simples de obter mais atenção dos jurados, como mudar de
lugar, se possível e evitar longas pausas, por exemplo.”

“O promotor que se movimenta constantemente revela nervosismo e cansa,


mentalmente, os jurados. A troca de local é sempre intencional, sob pena de se
transformar em uma viagem sem propósito. As palavras e os gestuais são que
devem “correr”, não o promotor.”

“como orador não ignore a oportunidade de enfatizar um ponto com o poder


do olhar. Lembre-se: os ouvintes estão com os olhos deles nos seus. Então,
tire vantagem disso” (TRAINING, 2012).”

“Por fim, é importante mencionar que DALE CARNEGIE desenvolveu uma


fórmula mágica para argumentação de impacto, que pode ser traduzida ao
Tribunal do Júri, da seguinte forma: 1º – o promotor pode contar uma
experiência pessoal intensa (pode ser uma experiência ocorrida com uma
terceira pessoa) e que seja relevante para a ação que o promotor deseja
estimular nos jurados; 2º – o promotor deve solicitar aos jurados que façam
aquela e bem definida ação desejada; e 3º – o promotor deve descrever os
benefícios que os jurados terão ao fazer ação desejada. Os jurados gostam em
ouvir estórias pessoais interessantes. Pode ser uma experiência pessoal ou
uma notícia de jornal sobre um caso pitoresco e inusitado. Este método pode
ser melhor empregado na segunda fase dos debates, em que a réplica do
Promotor do Júri deve partir da peroração, vibrante enérgica e incisiva. A
tréplica fica reduzida a um discurso redundante e inócuo. Em outra dimensão,
esta fórmula pode servir como premissa para todo o discurso deacusação, do
início ao fim.”

“Estratagemas e falácias são métodos de argumentação bastante utilizados


pelos advogados de defesa.”

“As técnicas desleais desejam sempre a relativização da verdade,


categorizando-a como a “verdade da acusação” e a “verdade da defesa”, como
se a verdade não fosse única instância de decisão.”

“Tratam-se das técnicas do cinismo, em que é mais fácil zombar das posições
dos outros do que elaborar a própria.”

“Os estratagemas e as falácias defensivas podem ser assim descritos de forma


mais específica: a) Criticar o promotor, o delegado, a vítima, os familiares da
vítima, etc. É a técnica favorita da defesa. O advogado finge profunda
indignação com a acusação e passa a “denunciar” uma rede de intrigas contra
o “réu inocente. Daí o defensor parte para criticar o inquérito policial, a seu
ver, mal elaborado, o delegado, mal intencionado, o promotor de justiça,
desatencioso ou relapso, as vítimas e testemunhas, mentirosas, o juiz,
sobrecarregado, e a própria instituição do Júri e os jurados, desacreditados, ao
passo que enaltece as supostas qualidades do acusado, por vezes, sem
comprovação nos autos, em um exercício abusivo da inteligência, sempre
alegando a prerrogativa da plenitude da defesa. b) Provocar raiva no
adversário. Pode constituir uma segunda etapa da técnica anterior ou pode ser
uma falácia autônoma. O advogado mostra-se ofensivo, insultante e
indelicado. É uma técnica recorrente da defesa, quando os argumentos
defensivo são pífios ou inexistentes, pois tendo raiva, o promotor não estará
em posição de se expressar corretamente, colocando em risco a credibilidade
de seus argumentos, ainda que sejam consistentes. c) Perguntar de forma
desordenada e repetitiva para causar confusão. A defesa se compraz em causar
tumulto, desde a instrução processual, formulando perguntas desordenadas e
repetitivas, com o único intuito de construir uma suposta contradição. Este
expediente ainda se faz presente nos debates quando a defesa inverte os
argumentos da acusação, faseando-os em um jogo linguístico, alimentado com
as técnicas do expansionismo, do reducionismo, do relativismo, etc. Esta
falácia deve ser combatida imediatamente com a intervenção da acusação para
que o defensor demonstre onde se encontra a folha dos autos em que reside a
alegação da defesa. Ainda que o juiz indefira a intervenção, alegando se tratar
de matéria ligada ao exercício da argumentação, a falácia já estará
denunciada, de modo que o seguimento da farsa não conseguirá resistir sem
um sentimento de desconfiança por parte dos jurados.”

“É sempre útil lembrar a advertência de ROBERTO LYRA de que: “O Júri


não é instituição de caridade, mas de justiça. Não enxuga lágrimas integradas
no passivo do crime, mas o sangue derramado na sociedade.”

“Apelar para autoridade. O argumento de autoridade é bastante utilizado por


promotores e advogados. A leitura de extensas passagens de doutrina e de
jurisprudência é o método favorito de adesão dos espíritos. Contudo, não se
pode deixar de mencionar que mesmo os autores de livros e os juízes de
tribunais são seres humanos, e podem se enganar.”

“Contra esta falácia, basta dizer que a verdade não tem idade e que não
escolhe a experiência em detrimento da lógica.”

“A defesa gosta de anunciar que “sentar no banco dos réus já significa uma
condenação certa”, que “se foi denunciado, o réu já está condenado”, “acusar
é tarefa fácil”, etc. O Promotor do Júri deve refutar este estratagema,
colocando as coisas na sua real dimensão. Se o defensor não entende a tese de
acusação é porque não é pago para acolhê-la ou defendê-la. Se o réu deve se
fazer presente no julgamento, em algum local deve se sentar, no banco mais
próximo a seu defensor. A denúncia é apenas o início do processo, que se
baseia nas ações praticadas pelo acusado, última instância que justifica a
existência do julgamento. Acusar não é nada fácil, na medida em que, no
Brasil, existe uma enorme taxa de inquéritos policiais cuja autoria não é
conhecida e que o tempo de tramitação do inquérito policial e do processo
judicial é muito elevado.”

“No processo penal, para alcançar a verdade é preciso examinar as provas dos
autos. A prova é o instrumento que nos auxilia a concluir se uma informação é
verdadeira ou não.”

“Verdade processual – o juiz na sentença consegue atingir a verdade


processual – é o raciocínio que ele faz com base nas provas apresentadas e
pode ser que essa verdade processual não seja a verdade real. No processo
penal a regra moral e a ética impõe restrições a busca da verdade,
prejudicando a reconstituição fiel dos fatos (esse é o preço em benefício da
preservação de direitos e garantias individuais.”

Testemunhas de Acusação:

- FRANCISCO DANIEL LIMA MENDES (T.A- Condutor da Prisão em


Flagrante)

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 71-72: “que os presentes no bar do Badim,


reconheceram o acusado como autor dos golpes de faca na vítima, que pelas
informações que colheu a vítima não estaria armada. Que tinha conhecimento
que havia uma rixa entre o acusado e vítima e que já tinham tido outras
discussões anteriormente, por motivos políticos (motivo fútil). Que o acusado
agiu rapidamente ao atingir a vítima, sacando a arma rapidamente e a vítima
não esperava essa reação dele”

- ROBERTO CÉSAR DO NASCIMENTO LINO (T.A. Policial Militar)

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 100: “Sabe que a vítima costumava a


apelidar o acusado. Que segundo populares, a vítima, em nenhum momento
pegou algum objeto para se defender do acusado, tendo sido surpreendida pelo
acusado. Que isso ocorreu durante o período da campanha política. Que
segundo informações a vítima não esperava pelo ocorrido. A discursão teria se
dado em razão de apelidos dados pelo acusado a vítima e vice-versa. Que
segundo populares, não houve nenhum contato físico entre autor e vítima.”

- JEAN CARLOS PEREIRA DUARTE (T. A. Testemunha Ocular)


INQUÉRITO, fls. 11: “Viu quando o acusado deu uma facada no peito da
vítima, mas não sabe o motivo.”

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 73-74: “Que estava dentro do bar e o


ocorrido deu-se do lado de fora. Que ouviu falar que acusado e vítima
estariam dançando quando o acusado puxou a faca e atingiu a vítima. Que
pelos comentários que ouviu não houve agressão mútua entre acusado e
vítima, que não ouviu falar que houve uma discussão entre eles, e nem que a
vítima teria agredido o acusado antes de este reagir com a faca.”

- ANTONIO SILVA SOUSA- “BADIM” (T. A. Testemunha Ocular)

DEPOIMENTO DELEGADO, fls. 110-111: “ Que sempre via acusado e


vítima juntos, até mesmo bebendo alguma coisa.”

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 119-120: “Que não escutou, nem viu briga
entre vítima e acusado. Que lhe disseram que o acusado e a vítima estariam
dançando, quando o acusado desferiu uma facada na vítima e saiu correndo.
Que ouviu comentários que os dois haviam brigado antes do ocorrido. Que se
todos se surpreenderam com o homicídio, pois sabiam que acusado e vítima
eram amigos.”

- FRANCISCO RILSON CAVALCANTE DE SOUSA- “RILSÃO” (T. A.


Testemunha Ocular)

DEPOIMENTO DELEGADO, fls. 110-111: “ Que ocorreu uma confusão,


digo uma briga entre o acusado e a vítima. Que ouviu falar que existia uma
rixa entre os dois.”

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 118: “Ouviu falar que vítima e acusado


tinham uma rixa. Que não viu briga entre o acusado e a vítima naquele
momento. Que enquanto socorria a vítima, percebeu que a mesma não estava
armada, pois caso tivesse seria fácil saber pela roupa que usava. Que não falou
os dizeres “caceteiro” e destemido” na oportunidade em que foi ouvido na
delegacia.”

Réu:

- JOSÉ MARIA LOIOLA FILHO


INQUÉRITO, fls. 12: “Que estava ingerindo bebida no bar do Badim,
juntamente com a vítima, Antônio Loiola Bezerra, a qual conhecia, gostava e
era amigo. Que a vítima passou a dar na cara dele e que por isso não gostou.
Que estava na posse de uma faca, momento em que desferiu dois pequenos
(riscos) golpes no corpo da vítima, no entanto não tinha intenção de mata-lo.”

INTERROGATÓRIO EM JUÍZO, fls. 116-117:

Testemunhas de Defesa:
- EDIVAL XIMENES MADEIRA

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 121: “Que não chegou a ver o ocorrido. Que
nunca viu a vítima brigar com ninguém. Ouviu falar que o acusado
surpreendeu a vítima com uma faca, quando a vítima veio para cima dele o
acusado estava na parte de baixo da calçada o que acabou fazendo com que o
acusado segurasse a vítima com a faca. Acredita que a vítima não previa que
seria esfaqueada, pois teria se defendido. Nunca ouviu falar que a vítima
andasse armada. A vítima já teve várias oportunidades para matar o acusado,
se quisesse, porém nunca tentou.

- OTÁVIO NUNES ARAÚJO

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 124: “Não viu o crime.

- FRANCISCO VIEIRA VERAS

DEPOIMENTO EM JUÍZO, fls. 122: “Em nenhum momento a vítima fez


ameaça de morte ao acusado”

- ACELINO SIQUEIRA FERNANDES

LAUDO CADAVÉRICO, fls. 34-35:

-2 Ferimentos com características daqueles produzidos por instrumento


pérfuro cortante.

- O primeiro ferimento, acertou a região esternal, o esterno, como devemos ter


aprendido nas aulas de biologia, é esse osso localizado na parte anterior do
tórax, serve para sustentação das costelas e da clavícula, formando a caixa
torácica onde ficam protegidos os pulmões, coração, timo e os grandes vasos
(aorta, veia cava, artérias e veias pulmonares), órgão vitais;

- Não obtendo êxito em seu objetivo de tirar a vida da vítima na primeira


tentativa, desferiu o segundo golpe, na região precordial, logo abaixo do
mamilo esquerdo da vítima, no peito, buscando acertar o coração, sem
dúvidas, perfurando o pulmão e coração da vítima, sendo este golpe fatal.

- Vindo a vítima a falecer por hemorragia cardíaca, em função dos ferimentos.

ARGUMENTOS DA DEFESA:

- A vítima tentou bater na cara do acusado sem motivo algum (Ninguém,


decide bater na cara de outro sem nenhum motivo e depois é muito fácil, jogar
toda a culpa em quem não se encontra mais vivo pra poder se defender, pois o
acusado ceifou a vida do Sr. Antônio Loiola Bezerra, o qual não poderá mais
se defender dessa ou de qualquer outra acusação que lhe façam);

- O acusado afirmou em plenário que a vítima caiu em cima da faca por duas
vezes, afirmação ridícula e sínica;

- Desclassificação para Homicídio culposo;

- Legítima defesa da honra, em razão de ulteriores humilhações e lesões e que


no momento do crime foi atacado por socos pela vítima: Então porque não há
nenhum Boletim de Ocorrência registrado pelo acusado contra a vítima, como
alguém vem sendo ofendido e apanhando por diversas ocasiões, segundo
alega o acusado, e nunca procurou a polícia, que é o que qualquer cidadão de
bem faria?

- Legítima defesa, requisitos:

Art. 25 do Código Penal - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.

3.1- Reação a uma agressão atual ou iminente e injusta: Injusta, quem pode
afirmar isso? O Sr. Antônio Loiola Bezerra não está mais vivo pra se defender
e as testemunhas não souberam

3.2- Defesa de um direito próprio ou alheio:

3.3- moderação no emprego dos meios necessários à repulsa: A vítima não


encontrava-se armada e era quase 10 anos mais velha que o acusado. Não é
razoável falar-se em moderação no presente caso, pois o acusado, não
precisava usar uma faca para defender-se de um senhor, quase 10 anos mais
velho que ele, por isso sem o mesmo vigor físico que o acusado possuía e,
ainda desarmado, a não ser, que desejasse não somente repelir a suposta
agressão, mas também matar a vítima, como o foi, conforme fartamente
comprovado pelas provas dos autos, como o laudo cadavérico, e os
depoimentos das testemunhas ouvidas.

3.4- elemento subjetivo: queria somente cessar a suposta agressão, buscando


por duas vezes acertar o coração da vítima? Que como é de conhecimento de
todos, é um dos órgão mais importantes do corpo sendo vital, quando se
atinge o coração de alguém não causa-se apenas dor, ou faz com que a pessoa
desista de qualquer ação, mas sim mata a pessoa, em quase cem por cento dos
casos. O próprio acusado admitiu em seu interrogatório em juízo que em outra
ocasião chegou a ameaçar a vítima. Consta no referido interrogatório que o
acusado afirmou que já tinha avisado a vítima para parar de lhe bater, isso
muito antes de acontecer o homicídio, até alertou que um dia podia ser pior,
pegar ele bêbado. Ninguém esquece uma faca no cós da calça.

- Desclassificação para lesão corporal seguida de morte; Não foi uma


fatalidade acertar o coração da vítima, já que, conforme aponta o laudo, foram
dois golpes no mesmo sentido e com o mesmo intuito de acertar o coração da
vítima e mata-lo, o acusado sabia exatamente o queria, tentou uma vez, não
obteve êxito e por isso tentou a segunda vez, vido a atingir seu vil objetivo.

TESES:

1) A defesa pode trazer aqui a versão dos fatos que melhor lhe aproveite, mas
o fato é que nenhuma versão dos fatos, por mais mirabolante que seja, vai
trazer de volta a vida da vítima, uma vida foi tirada, nenhuma justificativa do
acusado vai mudar isso;

2) Qual o intuito de sair armado de casa? Sim porque, o argumento do réu que
esqueceu de guardar a faca que usava para trabalhar, não é razoável, quem
esquece uma faca no cós da roupa? Depois em plenário, percebendo quão
irreal era essa afirmativa, disse que tava com a faca por que estava indo
trabalhar, o crime ocorreu por volta de 16h15min., que agricultor inicia seu
trabalho no final da tarde?

3) Diante da grande quantidade de pessoas que havia na rua, devido a uma


festa de uma convenção partidária que ocorria no momento, muitas acabavam-
se esbarrando-se e, em um desse encontros, acusado e vítima vieram a
protagonizar o referido crime;

4) Demonstrar que autoria e materialidade estão comprovadas;

5) Das Qualificadoras:

- Motivo Fútil: discussões políticas, rixa, várias testemunhas (dizer quais)


afirmam ser este o motivo das discussões, a testemunha (dizer qual) afirmou
que ambos diziam apelidos um com o outro reciprocamente.

- Traição: Várias testemunhas afirmaram que a vítima tinha amizade com o


acusado, este próprio admitiu o fato em seu interrogatório na delegacia.
Algumas testemunhas afirmam não ter havido discussão, acusado e vítima
encontravam dançando, quando esta foi surpreendida pelos golpes de faca.
Amizade e parentesco, sendo este último admitido em plenário pelo
acusado(dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido);
- São plausíveis as qualificadoras, pois a prova testemunhal não comprovaram
a existência de atrito ocorrido entre o acusado e a vítima, pouco antes do
crime.

- “A tese de que houve legitima defesa não merece prosperar, já que o réu não
demonstrou que estava sob ameaça de lesão grave pela vítima. Com efeito, a
vítima se encontrava desarmada, não havendo indícios de que o réu reagiu a
uma lesão anterior.

Logo, ainda que o réu estivesse sendo provocando pela vítima, resta evidente
que não havia causa para a sua reação, mormente que não havia indícios de
uma possível agressão injusta a ser repelida. Portanto, a intenção de lesionar a
vítima resta demonstrada pelos depoimentos colhidos no sumário da culpa,
que foram coesos em afirmar a intenção do acusado em atingir a vítima.”

- “A vítima é uma figura esquecida no processo penal. Nós temos produção


acadêmica e científica hoje massificada a favor do réu. Não que isso não seja
importante, mas é necessária a construção de teses também a favor da
sociedade”

- a legítima defesa da honra, além de não ter previsão legal, antes de “cair no
desuso”, teve uma ampla divulgação, tendo sido antes banalizada ao seu grau
máximo, se é que se pode usar a palavra banalização para um instituto que, na
realidade, já nasceu como a banalização da real legítima defesa, descrita no
nosso Código Penal.

- Eliza Nagier Eluf:

(...) mesmo havendo provocação da vítima, se o agente já comparece ao local


do crime armado, demonstrando estar preparado para matar, não se pode
reconhecer o privilégio. A premeditação é incompatível com a violenta
emoção.

- Ver fls. 60-66, 89-93, 107-112 da parte 2

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