SOBRE AS
PERSEGUIÇÕES
IMPLACÁVEIS
SOFRIDAS PELA
RÁDIO K
EM CINCO ANOS
Venda proibida
Distribuição gratuita
Jorge Kajuru
Goiânia - Goiás
2002
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Kajuru, Jorge
K13d Dossiê K : uma história de corrupção e trucu-
lência / Jorge Kajuru. – Goiânia : Rádio K do
Brasil, 2002.
268p. :il.
CDU: 328.185(817.3)”1998/2002"
Projeto Gráfico:
Graça Torres
Revisão:
Auricélia de P. Rodrigues
Av. Goiás nº 174 - Ed. São Judas Tadeu - 16º andar - Centro - Goiânia
CEP 74.010-010 - Fone: (62) 213-2929 - Fax: (62) 521-0407
E-mail: kajuru@radiokdobrasil.com.br
Para meus amigos ouvintes,
minha história e consciência.
Desafio os bajuladores de
palácio a escreverem um
livro que desminta tudo
aqui escrito e provado.
Mas apresentem
documentos.
Prefácio
O que você lerá neste livro aconteceu no século passa-
do e continua a acontecer neste.
Mas lembra a longínqua Inquisição e a bem mais próxima
ditadura militar, que assolou o País nos últimos anos 60 e 70.
O que você lerá neste livro, fartamente documentado, é a
luta de um jornalista que parece não ser deste século, nem do
passado e nem do anterior.
A luta de um romântico que se imola em praça pública,
que abre o peito para levar balas e estocadas, que sabe ser
impotente para enfrentar forças tão maiores, mas que, mesmo
assim, não desiste, trava o bom combate, apesar de saber que
protagoniza um filme no qual o mocinho morre no fim.
Jorge Kajuru é o Don Quixote de Goiás, que fez de sua
Rádio K o Sancho Pança, na batalha contra moinhos de vento
bem concretos, dois governos sucessivos e adversários entre
si – um do PMDB, com Íris Rezende, outro do PSDB, com
Marconi Perillo.
Atenção, poderosos: o personagem de Cervantes aqui é
tratado como merece, como um herói em busca da justiça e
da liberdade e não como um ator de ópera bufa.
Como diz o genial Ariano Suassuna, “ser Quixote é uma
qualidade”. Quem procura fazer dele algo caricato é a socie-
dade apodrecida, tão bem retratada nas páginas que seguem.
Ao deixar seu testemunho também em forma de livro,
Jorge Kajuru dá, mais uma vez, a cara a tapa, para que seus
ouvintes o julguem.
Ao expor a sucessão de derrotas que o levaram a sepultar
seu casamento, a perder seu patrimônio e a responder a uma
série interminável de processos, Kajuru emerge vitorioso pelo
simples fato de ter se mantido fiel aos seus propósitos públi-
cos e às suas idéias, algumas vezes manifestados de maneira
caótica; muitos, com a voz do coração e não da cabeça; to-
dos, com profundidade, honestidade e santa indignação.
Chances de capitular ele teve diversas. Propostas para
sair rico da guerra não faltaram.
Mas Kajuru, tal como um Darci Ribeiro, preferiu orgu-
lhar-se de suas derrotas. À custa do bolso, do corpo que
fraquejou, do coração despedaçado, do equilíbrio, precário,
às vezes.
Porque Jorge Kajuru tem a coragem dos que têm medo e
a intuição de que a vitória não precisa, necessariamente, ser
comemorada em vida.
É a História quem dirá o nome do mocinho e dos bandi-
dos. E a História está ao seu lado no embate travado com os
pusilânimes e covardes.
Não houve nenhuma pessoa próxima a Kajuru que não
lhe tenha dito, pelo menos uma vez, para largar tudo, vender
a emissora, tratar da vida num centro maior, como São Paulo,
deixar fluir seu incomensurável poder de comunicação e alar-
gar seus horizontes.
Houve momentos em que até pareceu que Kajuru con-
cordaria. Só pareceu.
Neste libelo recheado, por um lado, de atitudes dignas e,
de outro, de torpezas quase inverossímeis, eis que emerge
não só a face miserável do poder exercido de maneira arbitrá-
ria, desonesta e corrupta, em nome de interesses pessoais e
inconfessáveis. Vem à tona, ainda, o papel nefasto, compro-
metido, calhordamente interesseiro de veículos nacionais de
informação.
Felizmente Jorge Kajuru sobreviveu para contar esta his-
tória. Por sorte e habilidade, não teve o fim de tantos jornalis-
tas de centros menores, pelo Brasil afora, que acabaram víti-
mas de pistoleiros de aluguel.
Seu testemunho, porém, está longe de se esgotar nos li-
mites do estado de Goiás. O teor de suas denúncias tem o
condão de espalhar vergonha pelo país inteiro, do Palácio do
Planalto, passando pelo Ministério das Comunicações e por
algumas redações do eixo Rio-São Paulo.
Porque, de fato, é de fazer corar a constatação de que
alguém venha lutando sozinho e, há tanto tempo, contra o
dragão da maldade.
Mas Quixote não desiste e Sancho não se cala para fazer
ranger os dentes dos moinhos de vento.
E é ai que mora o perigo para os coronéis, para os oligarcas,
para os corruptos.
Há vozes que não se calam jamais.
Juca Kfouri
Índice
11
Quanto custava o silêncio da imprensa goiana? Aqui,
a Rádio K denunciava os gastos do PMDB, somente em
mídia oficial do Governo.
J or nais - 21.565.310,00
ornais
TV - 20.533.470,00
Rádio - 6.713.160,00
Total: R$ 48.808.940,00
(Ex
(Exccluídos ggastos
astos de empr esas e autar
empresas quias
quias,, como
autarquias
Celg, Saneago, Beg, Detram, Crisa, Iquego,
Tr ansurb
ansurb,, Metr ob
Metrob us
us,, que
obus que,, somadas
somadas,,
che
hegg av am a15 milhões de rreais)
eais)
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Julho de 1998
Diretamente da França, onde cobria a Copa do Mun-
do pela Rádio K, Kajuru, em comentário de uma hora, de-
sabafou e desafiou a oposição política em Goiás, no senti-
do de que, se não houvesse um homem capaz de enfrentar
Íris Rezende, ele próprio sairia candidato de oposição ao
governo.
Agosto de 1998
Agosto
A Rádio K inicia a cobertura das eleições para o Go-
verno de Goiás, com a coragem de contar a verdadeira
história dos 16 anos do PMDB e revelar as mazelas do co-
ronel Íris Rezende.
14
Setembr
Setembroo de 1998
Dez dias antes da eleição, no primeiro turno, Kajuru
denuncia a fraude da pesquisa do IBOPE, comandada em
Goiás, pela afiliada da Rede Globo, Organização Jaime
Câmara, que dava a Íris Rezende vitória no primeiro turno,
com 26% de frente.
15
Outubr
Outubroo de 1998
Marconi Perillo vence o primeiro turno e faz agrade-
cimento histórico a Kajuru. Como Íris Rezende foi mais
criticado e denunciado, Kajuru era o máximo para o jo-
vem político.
O CANDIDATO
MARCONI PERILLO
DECLAROU, NO DIA
DA VITÓRIA:
– “...Kajuru, parabéns
a você, a toda a sua equi-
pe, pela cobertura e pelo
trabalho jornalístico exem-
plar. Corretíssimo. Você Depoimento, ao vivo,
às 19:35hs, pela Rádio K.
está dando uma lição de in- 06 de Outubro de 98.
dependência e a sua rádio
está, sem dúvida, contribu-
indo para a democracia em
Goiás. Vocês fizeram um
trabalho sério, você chegou
a ponto de colocar a sua rá-
dio em jogo para que a ver-
dade prevalecesse. Você
deu uma grande contribui-
ção à democracia em
Goiás. Você teve um gesto
de civismo, ao colocar em
jogo seu patrimônio, para
que a verdade prevaleces-
se em Goiás. Você ajudou
muito a democracia, em
Goiás, com a sua rádio e a
sua pesquisa.”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
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Kajuru denuncia na Rádio K o Caso Caixego.
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Kajuru começa a receber ameaças de morte.
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Kajuru recusa, publicamente, através da Rádio K, pro-
posta de 100 mil reais, como patrocínio de cobertura das
eleições no segundo turno, feita por um dos coordenado-
res financeiros da campanha de Marconi, Ebrahim Arantes,
que, juntamente com o repórter Weldon Paulo, foi até a
residência de Kajuru, levando dinheiro em espécie.
24
telefonema na minha residência, do senhor Ebraim
Arantes. Ele estava no Supermercado Cristal, que fica
ali no Setor Oeste, perto da galeria do Cinema Um.
Ele me falou que estava com o dinheiro, aí ele pe-
gou um envelope do Castro´s Park Hotel, eu me lem-
bro perfeitamente, escreveu no envelope, Heldon
Paulo, com H e não com W, que é meu nome e fa-
lou: ´olha, tô te entregando o dinheiro, 100 mil re-
ais’; eu telefonei pro Kajuru, falei: ´Kajuru, eu já re-
cebi do Ebraim.’ Ele pegou e falou: ‘eu não aceito
esse dinheiro.’ Eu falei: ´como é que é? Não aceito
esse dinheiro, eu não quero esse dinheiro’. Eu pe-
guei e falei: ´ó, Kajuru, eu vou na sua residência,
onde você está’; ele tava com gota, em cima da
cama, aí cheguei lá com o Ebraim Arantes, entreguei
o pacote de 100 mil reais, ele não aceitou, falou:
´não, não quero esse dinheiro.’ O Ebraim insistiu
demais pra que ele pegasse o dinheiro, e a Rádio K
tava precisando do dinheiro, o Kajuru não aceitou.
O Weldon Paulo perdeu 10 mil reais nessa brinca-
deira e o Kajuru não aceitou, Ebraim falou assim:
´Kajuru não gosta de dinheiro. `Eu falei: ´mas eu gos-
to’; eu falei assim: ‘eu vou pegar esse dinheiro, vou à
diretora financeira da rádio’. Kajuru, irritado: ´Se você
pegar esse dinheiro, eu denuncio você na Rádio K’.
Eu falei: ‘bom, então fim de papo, Kajuru não quer
mesmo. Ebraim, tchau.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no
25
"Eu, Jorge Kajuru, não tenho ne-
nhum partido, acho os dois candidatos
péssimos para Goiás, na minha opinião.
Péssimos dos péssimos. Tanto é que o
meu voto é nulo. Não vou votar em ne-
nhum.
Essa é a minha posição.
O Jorge Kajuru não tá nem aí com
nenhum dos dois. Não preciso de ne-
nhum dos dois. Conheci esse Marconi
Perillo agora. E dei a opinião antes de
começar o primeiro turno sobre os dois,
da seguinte maneira: para mim, trata-
va-se de Iris Sênior e Iris Júnior. Na mi-
nha opinião, o Íris não tem nenhum fi-
lho tão parecido com ele, como o
Marconi.
Essa é minha opinião.
Disse, aqui, que os mesmos erros
de Íris, certamente Marconi os terá da-
qui a 4 anos. A menos que ele me sur-
preenda, o Sr. Marconi Perillo.
A Rádio K do Brasil vai continuar
fazendo oposição jornalística a qual-
quer governo eleito em Goiás, porque
essa é a nossa posição de independên-
cia. Não queremos nenhuma relação
com o governo. Não aceitamos aqui, e
é o único veículo de comunicação que
não aceita publicidade oficial de gover-
no. Todo mundo, em Goiás, aceita.
Vença quem vencer as eleições,
continuaremos com esse trabalho po-
liticamente jornalístico."
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
27
Dezzembr
De embroo de 1998
A Rádio K denuncia que Jalles Fontoura foi escolhido
como secretário da Fazenda por causa de um empréstimo
na campanha eleitoral, de 3 milhões de reais, feito por seu
pai, Otávio Lage, durante o 1º turno. Até hoje, a emissora
não foi desmentida.
23 de dezembro de 1998
20 horas e 30 minutos – Cafeteria Bandeira Café
O secretário de comunicação, Luiz Felipe, pede en-
contro com Jorge Kajuru e, sem nenhum constrangimento,
faz uma proposta em nome do governador Marconi Perillo:
Um milhão de reais, em dez parcelas, para ser sócio da
Rádio K. Kajuru, estupefato, pergunta: “Quem seria meu
sócio?” Resposta de bate-pronto: “O governador, por que
não?” Imediatamente, Kajuru recusa e avisa Ronaldo Caia-
do que, no dia seguinte, vai ao governador, conta a conver-
sa, diz que Kajuru não é homem de dinheiro e, sim, de
amizade, pede uma reação de Marconi e o governador ga-
rante demissão antecipada do secretário. Moral da história:
O secretário, até hoje, faz parte da equipe de comunicação
do governo e, somente cinco meses depois deste episódio,
pediu demissão do cargo de secretário de comunicação por
outro motivo. Foi denunciado por sua própria superinten-
dente, Marialda Valente, por irregularidades e favorecimento
na licitação de agências.
28
Janeir
aneiroo de 1999
No dia 1º, na posse do governador Marconi Perillo, a
Rádio K foi a única emissora que transmitiu, recusando-se
a receber os 9 mil reais que o Governo pagava pela trans-
missão de cada rádio. Durante a cerimônia, a Rádio K criti-
cou veementemente o discurso de Marconi, declarando
que o povo de Goiás era injusto com Ari Valadão e Otávio
Lage, seus maiores aliados na eleição. Dois ex-governado-
res de tristes lembranças.
MARCONI PROMETEU
29
Ainda em janeiro, a Rádio K coloca no ar chamada
com a voz do governador Marconi Perillo, prometendo e
garantindo que, em seu governo, a imprensa seria livre para
denunciar qualquer escândalo.
MARCONI PROMETEU
“.....Quando ganhássemos
as eleições, a imprensa se-
ria livre, não haveria mais
tutela, a imprensa é livre,
pode colocar todo dia na
capa do O Popular, e dos
outros jornais, escândalos
um atrás do outro.”
om.br
Outubro/98 obrasil.c
www.radiokd
Audio no
Comício Final, na Praça Cívica.
Naturalmente, não foi cumprida
a promessa.
Fevereir
ereir o de 1999
eiro
Kajuru avisa publicamente, pela Rádio e pessoalmen-
te, ao governador Marconi Perillo, que empresários goianos,
da iniciativa privada, estavam querendo investir na Rádio
K e reclamavam que o governo não estava permitindo.
Marconi desmentiu e Kajuru deu um exemplo nominal: o
Sr. Rivas Resende confirmou essa versão com o testemu-
nho de Jorcelino Braga, na empresa Panarello.
Marconi mudou de assunto. Kajuru completou: “Pare-
ce que eu tinha razão, governador, o que Íris fez em 12, o
senhor vai fazer em quatro”. Perillo disse que estava sendo
ofendido e, assim, acabou o 2º e último diálogo entre os
dois. Mais tarde, Kajuru comprovou como o governador
era capaz de se envolver em compra ou venda de emisso-
ra. Bem mais covarde que Íris Rezende.
30
A Rádio K denuncia contrato suprapartidário e outras
avenças com loteamento de cargos do Governo na cidade
de Aparecida, com assinatura de Sérgio Cardoso, vulgo
Serjão, cunhado do governador. A revista “Veja” também
repercute a denúncia, tratando o caso como o primeiro da
História política do País.
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Essa última, é a rubrica de Serjão, que, até hoje, atua
no Governo e se enriquece de forma espetacular.
34
OBS.: Houve mesmo o loteamento de cargos.
35
O governador Marconi Perillo tenta, de todas as ma-
neiras, convencer a Rádio K a aceitar uma mídia técnica
de 150 mil reais mensais. Em troca desta mídia, o governo
pedia a imediata demissão dos funcionários da Rádio K:
Martiniano Cavalcante e Luiz César Leleco. Kajuru recusa
publicamente tal oferta, em programa das 8 horas da ma-
nhã, e mantém os funcionários na emissora.
DEPOIMENTO KAJURU
36
que o governo Marconi ofereceu pra mim, pra me
pagar, pra me comprar, e pra que eu tirasse da rádio
o Martiniano, o Leleco e o Gama, e pra que eu
parasse de fazer comentário político, que foi a pro-
posta que eu recebi de cento e cinqüenta mil reais,
com testemunhas, do senhor Manoel de Oliveira, e
os senhores secretário e superintendente da Secre-
taria de Comunicação. Essa foi a proposta feita, que
evidentemente eu não aceitei.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no
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Março de 1999
A Rádio K denuncia o uso de máquinas do governo na
Usina de Otávio Lage, pai do secretário da Fazenda Jalles
Fontoura.
A Rádio K relembra, no ar, chamadas das promessas
de campanha do governador, tais como: 100 mil empregos
em quatro meses de governo e tolerância zero em relação
à segurança, bem como melhores condições de trabalho e
de remuneração aos policiais.
Kajuru é convidado para programa de “Jô Soares”, no
SBT, com o objetivo de falar sobre as denúncias de irregu-
laridades nas campanhas de Íris Rezende e Marconi Perillo.
Exemplos de casos “Caixego” e “Ligue 900”.
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Abril de 1999
A Rádio K denuncia esquema de corrupção e movi-
mento financeiro ilegal de caixa 2 durante campanha de
Marconi Perillo. Envolvia a empresa Ligue 900, do Sr. Vilmar
Guimarães, tesoureiro de Marconi Perillo, e, naquela épo-
ca, no governo, secretário de Indústria e Comércio. O Mi-
nistério Público Federal, através do Procurador Hélio Telho,
solicita denúncia da Rádio K e começa investigação.
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Maio de 1999
A Rádio K denuncia o escândalo SECOM 2, envolvendo
o secretário Luiz Felipe, com provas de irregularidades apre-
sentadas pela própria superintendente da secretaria, Marialda
Valente.
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O governador Marconi Perillo promove sua primeira en-
trevista coletiva, onde qualquer jornalista teria o direito de
questioná-lo. Coincidentemente, foi a primeira e última de
seu governo. Motivo: Kajuru, acompanhado de documentos,
questionou o nepotismo em seu governo, tão criticado por ele
próprio no governo de Íris, e, principalmente, questionou o
comando paralelo de seu governo, na pessoa do cunhado de
Marconi, conhecido como Serjão, trabalhando dentro do Pa-
lácio. Ele ainda era assessor do prefeito Nion Albernaz e con-
selheiro do BEG. Ou seja, mantinha três empregos simultâne-
os.
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1ª Prova
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2ª Prova
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No ar, ao vivo, no programa “Hora da Verdade”, a Rá-
dio K liga e flagra pelo telefone.
62
Documento, em degravação, enviado, pelo governa-
dor Marconi Perillo, ao Ministro das Comunicações.
Em tempo: Antes de a
Rádio K ter sido suspensa
Jorge Kajuru e Martiniano
Cavalcante já haviam, no
ar, criticado de forma
veemente os palavrões
chulos usados no
programa terceirizado
contra o governador.
Fiscal da Anatel, lacrando o transmissor
da Rádio K do Brasil, em 11/05/99.
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Agosto de 1999
Agosto
A Rádio K denuncia gasto absurdo com as verbas se-
cretas, acima de 1 milhão e meio de reais em comida,
bebida, jóias, presentes e mordomias. O governo foi se
defender, e o Porta-Voz soltou uma pérola:
OBS.: O Porta-Voz tentava explicar por que tanto vinho era consumi-
do, toda noite no palácio. Depois de meses, Marcos procurou a Rádio
K e solicita: “Não coloquem no ar aquela minha declaração... o meu
filho disse que está com vergonha na escola”. A emissora atendeu ao
apelo de pai, embora o jornalista não merecesse.
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Documentos apurados no Tribunal de Contas, sobre as
verbas secretas gastas irresponsavelmente.
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OBS.: Uma das maiores criticas de Marconi contra o PMDB nas elei-
ções de 98, foi exatamente o gasto escandaloso com as verbas secretas.
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Setembr
Setembroo de 1999
A Rádio K denuncia superfaturamento na Secretaria
da Saúde. Documentos vieram da própria secretaria, atra-
vés de uma funcionária.
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Outubr
Outubroo de 1999
A Rádio K prova nepotismo no governo, com a exis-
tência de 17 parentes diretos de Marconi Perillo. A maioria
absoluta recebendo sem trabalhar. A tão criticada paneli-
nha virou caldeirão.
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A 1ª Dama Valéria Jaime Perillo sempre se considerou
uma autoridade.
Daí a relação de seus parentes no governo. Existem
mais seis parentes diretos, mas não conseguimos o docu-
mento.
82
Dezzembr
De embroo de 1999
O governador exige, de forma direta, a saída de seis
dos dez maiores patrocinadores da Rádio K. O diretor do
Poupa-Ganha, Sílvio Leite, maior anunciante da Rádio, só
volta a anunciar após saber que o Ministério Público Fede-
ral iria exigir explicações dessa pressão do governo. Três
meses depois, o Poupa-Ganha rescinde, em definitivo, um
contrato de dois anos.
83
depoimento? Falo que foi um mal-entendido? O que
eu falo?
Sílvio: Você diz que houve um mal-entendido e que
o gerente, inclusive o gerente até saiu daí, né?!
Kajuru: É!
Sílvio: É autorização minha. Eu estou lhe dando au-
torização agora. Hoje eu tomei conhecimento disso
aí, e realmente veículo nosso, produto, passa épo-
cas, tem vários aí que eu tenho contrato, que passa
seis meses , suspende e volta depois de vinte dias,
de quinze dias, um mês, e você está autorizado a
partir de agora, Poupa-Ganha, a marca da sorte.
Kajuru: Pode começar a publicidade amanhã?
Sílvio: É, agora tá bom!
Kajuru: Eu já falei tudo no ar. Como eu vou negar
para o Ministério Público?
Sílvio: Tá certo.
Kajuru: Não tem jeito!
Sílvio: Um cheiro.
Kajuru: Então vai pro pau, então?!?
Sílvio: Pode botar no ar a partir de agora!
Kajuru: Tá combinado.
Sílvio: Tá bom!
Kajuru: Um abraço!
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
84
85
Relatório de faturamento da Rádio K, no ano de 1999.
Março de 2000
A Rádio K denuncia o escandaloso e inédito caso da
Primeira-Dama de Goiás, que recebe mais de 9 mil reais
mensais de salários e gratificações. E a distribuição de fo-
tos oficiais da Primeira-Dama, confeccionadas com dinheiro
público e sendo distribuídas para todas as prefeituras do
Estado, fixadas nos gabinetes, como se ela também fosse
uma autoridade eleita pelo povo.
Foto oficial
87
Documentos referentes à servidora Valéria Perillo
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A Rádio K denuncia, com provas em fotos aéreas, o
espantoso crescimento de um sítio do governador, próximo
à cidade de Pirenópolis. O terreno, que, durante a campa-
nha de 1998, foi citado pelo governador como herança de
sua esposa, com cinco alqueires, passava a ter, um ano
depois, tamanho superior a 50 alqueires.
MARCONI DECLAROU
95
Evolução Patrimonial
Só mesmo um MÁGICO!
96
O repórter Vladimir Neto, da revista “Veja”, também
confirmou a incompatibilidade entre os salários do gover-
nador, de R$ 6.500,00, e seus gastos com a mansão. Só em
materiais de construção, apenas na loja “Irmãos Soares”, o
sr. Perillo já havia comprado 96 mil reais. Porém, não tinha
pago. O repórter da Veja conseguiu fotos aéreas da fazen-
da de Marconi. Quando desceu do avião locado para este
fim, foi surpreendido por policiais. Até hoje, não sabemos
se a Veja não quis publicar as fotos ou se os policiais lhe
tomaram a máquina.
Abril de 2000
A revista “Veja” publica, na edição do dia 19, com
detalhes, a denúncia da Rádio K sobre os salários ilegais e
imorais da Primeira-Dama. Com o título “Evita goiana”, dona
Valéria Perillo teve a coragem, em entrevista à “Veja”, de
responder: “Eu também tenho de cuidar das minhas filhas
que não contam com a presença constante do pai”. Após
essa justificativa pelos salários de Primeira-Dama, “Veja”
definiu como um caso único de maternidade remunerada
no país.
97
veja 19 de abril, 2000 47
98
Contra a Rádio K, que, em março, fez essa mesma denún-
cia, o governador e a Primeira-Dama moveram seis processos.
E ainda conseguiu tirar mais seis anunciantes da emissora. Para
com a revista “Veja”, que publicou nacionalmente igual de-
núncia, e que, ao contrário da Rádio K, usou adjetivos pesa-
dos contra a Primeira-Dama, como, por exemplo: “Valéria Pe-
rigo, ops, Perillo”; “por causa de suas travessuras”; “foi manicu-
re”; “Evita de Goiás”; “primor de marketing caboclo”. Enfim, o
que fez o governador? Simplesmente, uma semana depois, dia
26 de abril de 2000, enviou uma carta-resposta à revista “Veja”,
prometendo demitir a própria mulher, informando que pagaria,
de seu próprio bolso, as fotos oficiais feitas inadvertidamente.
Era a confirmação de tudo. Kajuru decidiu arrolar Marconi
como sua testemunha, no processo de sua esposa Valéria con-
tra o jornalista, baseando-se nessa confissão do próprio mari-
do à Veja. Na página 105, as provas.
00
ril/20
26/ab
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Felizmente, a Rádio K tinha apoio do Ministério Públi-
co Federal, que questionava o motivo dessa suspensão:
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Motivados pela situação desesperadora de pré-falên-
cia da Rádio K, os jornalistas Juca Kfouri e Marcelo Rezende,
velhos amigos de Kajuru, em companhia do ator goiano
Stephan Nercesian, promoveram um encontro com o go-
vernador de Goiás, no dia 22, um sábado, às 20 horas, no
Hotel De Ville, em São Paulo, horas antes do embarque de
Marconi para a Europa. A conversa teve início com a in-
tenção de se pacificarem as relações. Quando o governa-
dor disse que daria “140 tiros na cara do Kajuru se não
fosse cristão”, Juca Kfouri decidiu se levantar e ir embora,
pois não acreditava que, um dia, fosse ouvir isso de al-
guém. Mas Juca acabou ficando, pois o governador deci-
diu contar que uma pessoa fizera, em nome de Kajuru,
proposta para o governo pagar, em publicidade, mídia de
150 mil reais mensais. O nome de Cleuber Carlos foi reve-
lado por Marconi. Cleuber, naquele momento era, além de
afilhado do governador, também um dos publicitários das
contas das estatais do governo. Marcelo Rezende imagina-
va que Cleuber fosse confirmar a versão de seu amigo go-
vernador. Engano: Cleuber Carlos declarou, na manhã se-
guinte, que o governador não estava falando a verdade e
que jamais Kajuru pedira qualquer centavo de publicidade
ao governo. E ainda completou que, ao contar essa pro-
posta ao Kajuru, imediatamente, tudo isso, em fevereiro de
1999, foi dito em detalhes no ar. Conforme Juca havia ad-
vertido ao Sr. Demóstenes Torres, testemunha do encontro
no hotel, se toda essa história fosse mentirosa, nunca mais
Kfouri voltaria a vê-los. Foi o que aconteceu, embora
Marconi tenha insistido diversas vezes para reencontrar
Juca. E ainda completou que, assim que Kajuru soube da
proposta, fez questão de, em fevereiro de 1999, leva-lá ime-
diatamente ao ar.
112
Eu, Cleuber Carlos do Nasci-
mento, brasileiro, portador da CI
2.346.237, SSP-GO;
CPF 450.596.321/72, repórter,
morador na Av. T-4,
Nº 550, Aptº 1201-B, Setor
Bueno, Goiânia, Goiás, afirmo
para quem interessar possa que:
E sobre o que disse o governador, ele não foi
correto com as afirmações dele pelo seguinte: nunca
tratei de negociação de mídia com o governador
Marconi Perillo, sobre a Rádio K em nome de Jorge
Kajuru; afirmo ainda que, em nome dos funcionários
da Rádio K do Brasil, tentei convencer Kajuru a acei-
tar mídia técnica do governo.
Kajuru recusou-se. Jorge Kajuru já foi para o ar
imediatamente e disse que não aceitava qualquer
tipo de proposta de mídia do governo, porque ele
achava que era impossível a relação Governo/Rá-
dio, recebendo a mídia, mesmo sendo a mídia téc-
nica.
Eu, em nenhum momento, conversei com o go-
vernador sobre patrocínio, publicidade na Rádio K
do Brasil . O Governador Marconi Perillo nunca ou-
viu de minha boca qualquer tipo de proposta da
Rádio K do Brasil em nome de Jorge Kajuru.
Kajuru não aceitou nem o posicionamento dos
funcionários em aceitar a mídia técnica do governo,
por achar que seria impossível esta relação. Posteri-
ormente, conversei com Marcelo Rezende, e relatei
a ele o transcrito acima.
Sem mais para o momento e, por ser verdade,
firmo a presente.
113
Eu, Juca Kfouri, jornalista ,
RG 3.337.194, declaro a quem in-
teressar possa:
Que me encontrei com o go-
vernador de Goiás, Marconi Perillo,
em maio do ano passado, num ho-
tel perto do aeroporto de
Guarulhos, em São Paulo, para dis- Juca Klouri reuniu-se
cutir as relações dele com Jorge com o governador
Marconi Perillo, dia
Kajuru e sua Rádio K do Brasil. 22 de maio de 2000
Entre outras pessoas, estavam (sábado), às
20h30min, no Hotel
presentes ao encontro o jornalista Deville, em São
Marcelo Rezende e o secretário da Paulo, horas antes do
governador embarcar
Segurança Pública de Goiás, para a Europa.
Demóstenes Xavier Torres.
Que ouvi dele muita mágoa em relação ao jor-
nalismo exercido pela emissora; que ele chegou a
dizer que, se não fosse cristão, daria “140 tiros na
cara do Kajuru”.
Ele disse, também, que as críticas ao seu gover-
no começaram depois de ele ter se recusado a pa-
gar R$ 150.000,00 mensais, em publicidade, para a
Rádio K.
Surpreso, eu disse a ele que, se aquilo fosse
verdade, eu romperia com Jorge Kajuru e faria uma
declaração pública a favor dele, governador Perillo.
Como supus, a “informação” dele não passava
de leviandade, razão pela qual, como o adverti no
encontro, não voltei a vê-lo, porque deixei de acre-
ditar minimamente no que dizia ou diz.
É o que eu tinha, em resumo, a esclarecer, ra-
zão pela qual dou fé e firmo a presente.
114
Este é o relato de Marcelo
Rezende, jornalista, RG
025846553-6, Instituto Felix
Pacheco, RJ, feito a quem interes-
sar:
"Se eu não fosse cristão, daria
140 tiros na cara do Kajuru." Esta
foi uma das últimas frases ditas
pelo governador de Goiás, Marconi
Perillo, no encontro que tivemos no
Hotel Deville, próximo ao Aeroporto de Guarulhos, São
Paulo. Lá estavam o secretário de Segurança Pública de
Goiás, Demóstenes Torres, o Chefe da Polícia Civil,
Marcos Martins, o jornalista Juca Kfouri e algumas pes-
soas ligadas ao governador, mas que se encontravam
afastadas da mesa onde estávamos.
Foi uma frase de arroubo, um desabafo, dita de ma-
neira incisiva. Como foi também a outra frase: "Ele só
me critica porque não aceitei colocar 150 mil reais de
publicidade na Rádio K." Ou também: "O que vocês
querem de mim?"
O que nós queríamos, eu e Juca, era que o governa-
dor parasse de perseguir a Rádio, lutasse pela Rádio não
ser fechada a cada instante pelo Governo Federal, en-
tendesse que críticas, às vezes, são mais saudáveis que
os aplausos e que ele entendesse, de uma vez por todas,
que a Rádio K nunca aceitou e jamais aceitaria publici-
dade de seu ou de qualquer outro governo, para manter-
se independente e fiel à verdade e aos seus ouvintes. O
dinheiro de publicidade do seu governo não teria o efei-
to de 30 moedas. Kajuru não iria trair seu ouvinte por
dinheiro algum.
A publicidade não foi aceita, os tiros eram arroubos
e o preço final foi um ataque de direito à democracia,
ao eleitor, em resumo, ao cidadão: A Rádio foi fechada,
calada, amordaçada, mas nem em silêncio a verdade se
calou. E nunca se calará.
115
Junho de 2000
Coincidência ou não, o governo de Goiás passou a
publicar anúncios de duas, três páginas coloridas na revis-
ta “Veja”. O governador, por sua vez, foi almoçar em São
Paulo com toda a direção da revista. Moral da história:
Nunca mais a revista “Veja” tocou no assunto que ela mes-
ma tanto cobrara, sobre os salários inéditos de Primeira-
Dama, ou “Evita Goiana”, conforme publicado.
Julho de 2000
A Rádio K entrevista o ex-prefeito Lilo (Francisco Agra
Alencar Filho), da cidade de Itapaci, e obtém, pela primei-
ra vez, uma confissão pública de que o prefeito e Marconi
Perillo, quando era deputado federal, dividiram uma pro-
pina no valor de 60 mil reais. Nilo desafiou Marconi a abrir
o sigilo bancário de seu pai, que, na época, depositou o
dinheiro em conta pessoal do Banco Sudameris. Até hoje,
o governador não respondeu à denúncia e tampouco per-
mitiu abrir o sigilo bancário de seu pai.
Agosto de 2000
Kajuru viaja para Austrália para dar início à cobertura
da Rádio K nas Olimpíadas de Sidney.
116
Setembro de 2000
No dia 23, a uma semana de sua volta ao Brasil, Kajuru
é surpreendido por um telefonema de sua esposa, contan-
do-lhe que, naquela noite, às 10 e meia, em frente à farmá-
cia “Farmação”, da avenida 85, em Goiânia, três homens
encapuzados disseram que seu marido deveria ir embora
de Goiás; caso contrário, ela morreria. Na madrugada se-
guinte, colocaram bilhete debaixo da porta do apartamen-
to, com a mesma promessa ameaçadora. Traumatizada,
Isabela, nunca mais voltou a ser o que era.
Outubro de 2000
Kajuru voltava ao Brasil com a esperança de ver provi-
dências tomadas pela Polícia Civil de Goiás e Secretaria de
Segurança Pública do Estado, conforme compromisso dos
responsáveis, Marcos Martins e Demóstenes Xavier Torres,
ao deputado federal Ronaldo Caiado. Como nada foi apu-
rado e , baseado nas informações seguras de que tudo acon-
teceu a mando do governador, Kajuru decidiu se mudar
para São Paulo e convenceu sua esposa, em profunda de-
pressão, a morar uns tempos nos Estados Unidos.
117
Na Pizzaria Pitigliano da avenida Portugal, em Goiânia,
aconteceu um encontro entre Jorge Kajuru, Pedro Goulart
e o secretário da Fazenda, Jalles Fontoura. A finalidade era
convencer Kajuru a deixar Pedro sozinho na direção da
Rádio K, para apagar o incêndio político de Marconi con-
tra a emissora. Jalles foi franco e honesto na conversa. Ali-
ás, foi a única pessoa decente do governo, que fez propos-
ta digna e até confessou: “Foi mesmo gente do governo
que mandou perseguir e agredir a esposa de Kajuru”. Jalles
lamentou o fato, alegando que não compactuava com aqui-
lo. Quando Kajuru citou Wilmar Guimarães como o exe-
cutor, Jalles baixou a cabeça e respondeu: “Ele é capaz dis-
so”.
118
GOVERNADOR AMEAÇANDO
119
DEPOIMENTO DO PREFEITO (um ano depois)
120
Na cidade de Catalão, o governador também amea-
çou que, se a sua candidata não ganhasse, a cidade morre-
ria à míngua, como Anápolis.
GOVERNADOR
121
Na cidade de Cumari, o governador respondeu às vai-
as de alguns eleitores, diante de seu discurso, repetindo,
por três vezes, aos berros, da seguinte maneira: “Vai pente-
ar macaco!”
GOVERNADOR
122
Novembro de 2000
No dia 6, o governador mostrava a sua estranha força
junto ao Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga. Vale
lembrar que Marconi e Pimenta são sócios em algumas
propriedades goianas, e o filho do ministro é Procurador
do Estado. Enfim, neste dia 6, a Rádio K sofreu seu terceiro
fechamento em 3 anos de vida. De novo, por irregularida-
des técnicas. O fechamento durou 3 dias. Novamente, a
emissora obteve liminar para voltar.
Dezembro de 2000
O governador chegava ao número impressionante de
15 processos pessoais contra Kajuru. Até então, não sabía-
mos se Marconi pagava seus advogados com dinheiro pú-
blico ou com dinheiro do próprio bolso.
124
Eu, Juarez Soares
Moreira , RG 2.997.974,
SSP-SP, CPF 504.293.698/
53, residente na Rua
Faustolo, nº 648, Vila Roma-
na, São Paulo, Capital. Ve-
nho declarar a quem inte-
ressar possa:
A reunião foi realizada
no dia 19 de dezembro de
2000, no gabinete do minis-
tro das Comunicações, Pimenta da Veiga, em Brasí-
lia. Estiveram presentes o próprio ministro, o gover-
nador de Goiás, Marconi Perillo, o vereador pela
cidade de Goiânia, Elias Vaz, o diretor da Rádio K,
Pedro Goulart, e eu, jornalista Juarez Soares.
A Rádio K nessa data estava suspensa, por 30
dias fora do ar. A intenção da reunião foi tentar um
acordo, para a solução do problema. O governador
Perillo disse ao ministro que gostaria que a Rádio K
voltasse a funcionar imediatamente e que, para isso,
estava disposto a retirar o processo, que ocasionara
a suspensão da emissora. O ministro ouviu, disse
que “tudo bem”, mas que seu assessor direto que
cuidava dessa parte jurídica, não se encontrava pre-
sente, pois estava em viagem, a serviço do Ministé-
rio. Afirmou que, tão logo ele voltasse, cuidaria do
assunto.
Eu pedi ao ministro para se empenhar a fim de
resolver o problema antes do Natal, para que as fa-
mílias dos funcionários pudessem passar essa data
mais tranqüila. Nada disso aconteceu, a rádio cum-
priu, até o último dia, a suspensão imposta. O argu-
mento usado foi o de que depois de estabelecida a
pena, não se poderia suspender ou diminuir o prazo
da punição.
125
Na continuidade da conversa, o governador
Marconi Perillo afirmou que estava disposto a reti-
rar os outros processos em andamento contra a
emissora Rádio K. Assim, não haveria outras puni-
ções. Para tal, estava sua Excelência o governador
pronto para assinar um documento, oficializando
sua proposta. Com o mesmo argumento de que o
diretor jurídico estava viajando, tal ato não se con-
cretizou. O governador de Goiás pedia apenas que,
a partir daquele momento, não fosse mais
adjetivado, nos comentários feitos pela emissora a
respeito de sua administração. Todos os que repre-
sentavam a Rádio K se declararam de acordo,
achando justa a reivindicação. Assim, todos espera-
vam uma convivência profissional e respeitosa, na
relação Rádio K/Administração do Estado de Goiás.
Como se verificou através de fatos posteriores, a
emissora cumpriu sua parte; o governador, não.
Por ser verdade, firmo a presente.
126
Eu, Elias Vaz de
Andrade, Vereador por
Goiânia, RG 1.345.642,
SSP-GO, CPF
422.894.401-91, residente
à rua T-64, nº 186, Setor
Bueno, Goiânia, Goiás,
declaro a quem interessar
possa:
Preocupado, como
cidadão goiano, com as
constantes ameaças de intervenção e com as inter-
rupções das transmissões da Rádio K do Brasil, efe-
tivamente determinadas pelo Ministérios das Comu-
nicações, me reuni, em São Paulo, com Jorge
Kajuru e Martiniano Cavalcante, e ficou decidido
que eu trabalharia como interlocutor frente ao go-
vernador Marconi Perillo, para tentar buscar uma
solução para o problema.
Marconi Perillo atendeu ao apelo e nos reuni-
mos, ele, eu, Marcos Villas Boas, e os jornalistas
Juarez Soares e Marcelo Rezende. O governador
reclamou do que chamou de excesso de
adjetivação nos comentários políticos emitidos na
Rádio K. Chegou a afirmar que Jorge Kajuru teria
ofendido a primeira-dama do Estado. Ponderei que
era de meu conhecimento e realmente havia ocorri-
do comentário agressivo na Rádio, mas que eles não
haviam partido de Kajuru e, por sua vez, questionou
publicamente os autores dos comentários.
Logo após essa reunião, a Rádio voltou a ter
suas transmissões interrompidas. Pedi, então, ao Se-
cretário Estadual de Infra-estrutura, Carlos
Maranhão, que sugerisse ao governador uma inter-
venção no Ministério das Comunicações em favor
127
da Rádio. A reunião foi agendada e, por sugestão
do governador, eu e Juarez Soares fomos convida-
dos a participar, para testemunhar o empenho do
governo do Estado em solucionar o impasse.
Marconi Perillo voltou a reclamar das adjetivações.
O Governador pediu ao ministro, no entanto, auto-
rização para que a Rádio K voltasse a funcionar e se
comprometeu a retirar todos os processos do gover-
no do Estado, contra a emissora, no Ministério.
Marconi Perillo disse, ainda, que a Rádio poderia
manter sua posição crítica frente aos fatos políticos,
mas pediu que a emissora interrompesse as
adjetivações ou comentários pessoais. Isso foi o que
ficou acertado.
Desde então, a Rádio K do Brasil vem cumprin-
do com a sua parte do acordo até hoje, por sua vez
o governador e o ministro não estão cumprindo
nada, tanto assim que a Rádio K foi tirada do ar,
uma vez mais, em junho passado, por uma semana,
e mais dezenas de processos foram abertos.
Sendo verdade o que acabei de relatar, firmo o
presente.
128
129
OBS.: Espontaneamente, o promotor enviou esse artigo para o Diário
da Manhã. Marconi não gostou e foi tirar satisfação com o jornalista
Batista Custódio, presidente do jornal. Batista, aliás, que tentou, diver-
sas vezes, convencer o Governador a parar com essa briga. E Batista
sabe e propaga que Kajuru não teve culpa. E que não mostrou radicalis-
mo. Foi Ronaldo Caiado quem ouviu esse depoimento de Batista Cus-
tódio em julho de 2002.
130
Para surpresa do governador, o líder do governo na
Assembléia, deputado José Lopes (PSDB), confessou em
entrevista ao vivo, que foi mesmo o governo quem man-
dou fechar a Rádio K. Presidente da Assembléia Legislativa,
Sebastião Tejota, também governista, em visita à emissora,
disse que foi uma loucura de Marconi. Martiniano Caval-
cante ouviu tudo e registrou no ar, na hora.
131
nham a força e o desprendimento como Jorge Kajuru
para conquistar uma imprensa livre tanto aqui em
Goiás, que Goiás seja o estado a iniciar essa im-
prensa livre, mas de forma alguma é livre e aqui
quero prestar a minha homenagem ao Jorge Kajuru
e dizer, se ele, um dia, realmente for calado, se a
sua rádio for fechada, não se preocupe, onde passa
uma idéia, dez milhões de anos depois, passam os
canhões para defendê-la, e precisa de alguém com
a força com a determinação de Jorge Kajuru para
defender a imprensa livre que é o melhor para o
povo.
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no
132
Janeiro de 2001
No dia 3, o jornal “O Globo” repercutiu, em nota
publicada pelo jornalista Ricardo Boechat, que a suspen-
são de 30 dias, aplicada à Rádio K, foi a mais longa puni-
ção do gênero na História do Brasil. Terminou a nota de
“O Globo”, com a seguinte definição: “Nem a ditadura
fez igual”.
133
Abril de 2001
No dia 9, a esposa de Kajuru volta ao Brasil. Com sigi-
losa chegada, sem que ninguém soubesse do fato, à exce-
ção exclusiva de pai, mãe e marido. Dois dias depois, em
Goiânia, na residência dos pais, que já tinham mudado o
número de telefone e instalado bina, Isabela volta a sofrer
ameaça de morte, via telefone. Em dois dias, a própria Po-
lícia Civil de Goiás veio a confirmar que o número do apa-
relho pertencia ao Sr. Marcos Perillo, primo do governador
e dono de uma loja de equipamentos para ginástica, no
Shopping Flamboyant. Kajuru pediu socorro a seus amigos
Ronaldo Caiado e Jorcelino Braga, também amigos de Mar-
cos Martins e Demóstenes Torres, respectivamente diretor
da Polícia Civil e secretário de Segurança Pública. Provi-
dências foram tomadas. Um policial de nome Ronaldo fez
o serviço completo, localizando, inclusive, o primeiro
agressor e perseguidor da esposa de Kajuru, quando do iní-
cio desses lamentáveis episódios, em setembro de 2000.
Esperava-se, por parte do governo, as providências cabí-
veis que, até hoje, não aconteceram. Kajuru decidiu, en-
tão, separar-se da esposa. Na verdade, foi uma renúncia ao
casamento, para segurança maior à esposa e à sua família,
os quais não suportavam mais tanta pressão. Parece ter sido
melhor, pois até o lançamento desse livro não voltaram a
fazer qualquer tipo de ameaça ou perseguição. Por parte
de Kajuru, ficou a triste ferida de ter perdido uma família. E
um amor, até hoje, insubstituível.
134
135
136
Junho de 2001
A Rádio K e a revista “IstoÉ” apresentam uma bombás-
tica denúncia sobre o esquema de propina no governo de
Goiás, envolvendo empreiteiras e lobistas, arrecadando
fundos para as campanhas de Marconi. Teve acesso à gra-
vação feita por Aniceto de Oliveira Costa, uma das seis
pessoas participantes da reunião que definiu quem iria re-
ceber a propina final. Um fato estranho ocorreu. A Rádio K
exibiu a íntegra da gravação, onde, no final da conversa,
ficou 100% claro que era o governador o responsável por
receber e distribuir o dinheiro: Jair Lage Filho, o primo do
secretário da Fazenda, Jalles Fontoura, terminou a grava-
ção revelando, aos empreiteiros e lobistas da reunião, o
que acabara de ouvir em seu telefone celular, na frente de
todos, de seu primo Jalles, ou seja, “este dinheiro é para
entregar para o Marconi”. Já a revista “IstoÉ”,
inexplicavelmente, não publicou essa conversa final, ten-
do a mesma gravação da Rádio K em mãos.
138
139
Patrimônio preservado: na Cidade
de Goiás investimento de R$ 3,5
milhões atendeu todas as exigências
de tombamento feitas pela Unesco
Referência
internacional: clínicas de
olhos como a CBCO, de Alta produtividade: investimentos de
Goiânia, estão à altura R$ 46 milhões em irrigação alavacam
das melhores do mundo resultados do campo
140
141
142
143
Gravação, na íntegra, da conversa sobre os pagamen-
tos de propina, que somente a Rádio K exibiu:
Participaram da reunião:
• Aniceto de Oliveira Costa, agrimensor, ex-prefeito
de Pontalina.
• Francisco de Assis Camargo, ex-chefe do escritório
da Triunfo em Goiânia e ainda ligado à construtora.
• Eduardo Manara, chefe do escritório da Triunfo em
Brasília e Goiânia.
• Brasil Leite Camargo, sub-empreiteiro.
• Marcelo Sampaio, corretor e lobista.
• Jair Lage Filho, o Jairzinho, primo do deputado esta-
dual pelo PFL e secretário da Fazenda, Jalles
Fontoura.
144
Jair – Isso. Ele (Jalles) ficou responsável de fazer isso
para o governador. E eu, na época, conversei com o
Dito (Benedito Wilson do Nascimento Júnior, um dos
cinco donos da Triunfo). Falei: 'Oh, Dito, você já
tinha me falado lá no veinho um dia que tava preci-
sando receber isso. Tem essa oportunidade, eu tô re-
cebendo isso e tal... se você quiser, eu converso lá,
eu acho que...
145
Manara – Eu não estou discutindo percentual. Só que-
ro saber se tem conversa.
Jair – Tudo bem.
146
Começa uma discussão. Ambos falando alto.
Manara – Não, eu não tenho que achar nada. Não,
não, não... veja você...
Jair – O problema é... Eu, por exemplo...
Manara – Não, eu vou pagar(vai ser) o valor estipula-
do para pagamento do recebimento. Agora, vocês dois
são os dois articuladores do negócio. Vocês três, vocês
quatro, não interessa...
Jair – Eu conversei com o Brasil e o Brasil virou para
mim e falou assim: 'Então, estou fora disso'.
147
didato a prefeito, o Adailton, um baixinho...
Manara – Que me ligou algumas vezes também.
– De onde que é?
Brasil – De São Miguel do Araguaia, então eu tinha
conversado com ele. Tô fora. Eu falei isso para você,
não falei?
Manara – Falou.
Brasil – Chico, tá assim, eu tinha avisado você... aí o
Chico virou e falou pra mim. Brasil, eu conversei com
o Dr. Queiroz e com o Manara. É para mandar o trem
pra frente? Foi isso, não foi, Chico?
Chico – Você virou pra mim e perguntou: é para man-
dar pra frente ou para parar? Eu falei: eu não sei falar
para você. Tenho que falar com o Manara, e o Manara
vai me retornar. Eu falei com você que é pra mandar
a coisa pra frente, isso foi na véspera do recebimen-
to, ou dois dias antes do recebimento.
Manara – Olha, eu... não quero saber... Só quero sa-
ber pra quem e de que forma, e eu acho que não
devia ser na mão tua.
Jair – Não, pra mim não tem problema nenhum.
Manara – Então, quem leva lá pra conversa com o
Jalles.
Jair – Eu te levo lá agora.
Manara – (...) Só vou marcar, não vou entregar hoje
não. Nós vamos marcar...
Jair – Tudo bem.
Marana – Fica ruim pra você?
Jair – Porque o problema de você ta achando ruim
com o Milton...
Manara – Eu não tô achando ruim com ninguém,
chefe. Eu tô ficando mal-humorado...
Jair – O Milton entrou nisso aí, vamos dizer, de gaia-
to, como eu também entrei, tá certo?
148
tirar vantagem do dinheiro liberado.
Manara – Eu só vou dizer pra você o seguinte, para
não deixar sem deixar de falar, em momento algum
nos últimos dois meses, você, Jair, nos procurou, você
só nos procurou uma hora depois que tinha avisado
o Chico.
Jair – Não, não, eu conversei com ele, Queiroz, uns
dois meses antes. Um dia, antes de sair, eu falei: ’ ó,
Dito, o negócio tá de pé.
Manara – ...eu tava junto...eu tava em São Paulo, o
Dito ligou umas duas e meia e três horas da tarde
para Queiroz em Porto Alegre. E o Queiroz te ligou.
Eu falei Queiroz, o Dito falou com o Manara. O Jair
Lage tá recebendo 25%. É melhor do que negociar
pelos 30%.
Chico – Deixa eu te falar... o Jair Lage não tinha nada
a ver com isso. Meu negócio era o meu negócio que
eu tinha para receber no estado. Eu apenas fiz por-
que o Dito me falou que estava precisando receber.
Tá certo, como eu tinha uma amizade com ele, pe-
guei e liguei para ele, ver ser ele me orientava. Tá
certo? Eu não tenho nada com isso. Eu entrei tam-
bém de bobo que sou.
149
Jair – Não, lógico.
Marcelo – Peraí, deixa eu acabar de falar. Eu falei: ´ó,
o prefeito tá precisando'. Ele falou: ‘me dá o papel
aqui, eu vou no Samuel Almeida (deputado estadual
do PSDB) que é um deputado, e foi no governador e
pegou o “autorizo” do governador'. Uma semana
antes de qualquer coisa, eu liguei pra esse aqui, ele
ligou pra São Paulo. Eu falei: 'eu quero um contrato
desse negócio'. Uma semana antes. Nem tinha fala-
do(...) Foi quando o prefeito falou que já tinha falado
com o governador. Isso foi o que ele me passou.
150
Jair – Agora, se o (deputado estadual) Samuel foi lá e
falou com o governador e o governador autorizou, aí
eu acho que vocês devem entregar o dinheiro pra
ele. A minha posição é a seguinte: pra ir agora...(...)
151
,graças a Deus. A empresa Triunfo é idônea, é uma
empresa muito séria, é um grupo forte.
Manara – Tem no Brasil inteiro
Jair – Conheço a Triunfo de São Paulo, Triunfo de
Minas, conheço aqui em Goiás,é uma empresa. Dis-
so aí , pode ficar tranqüilo.
Manara – Nunca deixamos de cumprir nenhum de
nossos acordos (ruídos) E aí, agora eu ouvi vocês. Por
mim, a minha preocupação de procurar o secretá-
rio...
152
turma aqui em Brasília, que eu vou pagar os paga-
mentos atrasados da obra depois. Dei cheque para
um, para outro, pra outro e acabou ,e não temos nada
a ver com Goiás. Não estamos trabalhando aqui.
Barulho de martelo
Brasil – Senta aí, Manara. Você se considera meu ami-
go?
Manara – Como amigo seu, quero falar duas coisas
procê. Primeiro, pega o Jalles e vai a São Paulo(...)
Jair – Não, isso eu já falei com ele. (Mais barulho).
153
foi conversa do governador com ele. Ele chamou o
Valdivino (da AGE), certo..?
Brasil – O Valdivino tá recebendo um.
Jair – Não, tá recebendo um não. Tá recebendo de
várias pessoas. Pegou todo mundo que tinha crédito
alto lá... de verba de 98. Ligou pra cada um... Eu não
tinha visto o nome da Triunfo na lista. Eu falei: 'oha,
Jalles, a Triunfo eu sei que tem, posso falar com eles?
'Pode'. Aí eu liguei pro Dito, conversei com o Dito:
'pode pôr'. Depois, quando nós fomos chegar, na
hora que fui levantar, tava no nome da Queiroz, e a
Queiroz já estava na lista... do Jalles. Ele pegou todos
os créditos altos lá. Aí a Tratex não quis receber...a
Andrade Gutierrez não quis receber. Falou assim:
‘Não, nós não queremos receber para pagar 25%...’
Brasil – E eu aqui encarrascado(sic). Nós aqui pagan-
do 26%... Eu como subempreiteira. E tô com o papel
por escrito.(...)
(...) Então o governador mandou ele passar o dinhei-
ro...
Jair – O Valdivino ficou responsável por contactar
com as empresas e acertar isso. E a Triunfo, como eu
já tinha combinado com o Dito(...) Ali foi
operacionalizado, isso foi feito em três etapas, nós
inclusive fomos a segunda a receber. A primeira foi(...)
a Coesa, nós recebemos segundo... levantar esse di-
nheiro, passar para a Agetop, providenciar os contra-
tos todos(...) e pagar.
154
ra depois, não.
Jair – Não, eu não, não tenho nada a ver com isso,
não.
Brasil – Você vai ver o tanto que vocês vão se ma-
chucar...
Jair – Eu? Eu não vou ser machucado... não tenho
nada a ver com isso não.
Manara – Só vou deixar bem claro: a Triunfo não tem
nada a ver com isso. Não tem não. Não tem.
Manara – Meu telefone o Chico tem, a hora que qui-
ser você me liga. Fala: 'Manara, vamos marcar a data,
a hora e local'...Não é isso? - Agora, se você quer
pagar pra ele...
Jair – Essa opção... Eu não quero nada...(...)
155
tô com o Brasil. É aquele problema que eu já tinha te
adiantado, você se lembra? Hem? Pois é, o Aniceto tá
falando aqui que esteve com você, que conversou
com você... Hem? Você não... Hã...É do Marconi. Sei...
Certo. É, né? Tá. Então tá bom. Não, ele quer marcar
pra entregar aqui semana que vem. Hem? Que dia
que você pode estar aqui? Hem? Tá. Como é que é?
Jair – Tá certo, então tá bom. Nada, um abraço, tchau.
Ele disse que o Marconi falou que esse dinheiro é
para entregar para o Marconi.
– Então vão marcar pra entregar pro Marconi.
– Esse dinheiro é... o Marconi é que está distribu-
indo.
– Então, entrega pro Marconi.
– Você marca pra entregar pro Marconi?
– Tá resolvido, não tá? (...)
– Quinta-feira, ele viaja para São Paulo, só volta
na outra quarta. Vamos combinar para quarta-feira.
Tem que marcar com o governador na quarta. Então
pode marcar para quarta-feira.
156
No dia 21, pela quinta vez em dois anos, os transmis-
sores da Rádio K foram lacrados. Mais uma suspensão por
motivos “técnicos”. O fechamento durou sete dias. A Rá-
dio só foi reaberta depois de conseguir liminar na Justiça.
157
Julho do 2001
A mando do governador, um grupo de empresários
goianos procura Kajuru em São Paulo e tenta mais uma vez
comprar a Rádio K. Para se preservar, Kajuru exigiu que a
proposta fosse feita por escrito, em forma de minuta de
contrato. A proposta foi curiosa e inusitada:
158
6) Kajuru mostrou essa proposta aos amigos Juca Kfouri
e Juarez Soares. Jorcelino Braga foi testemunha do recebi-
mento da proposta pessoalmente em São Paulo na agência
FTPI, ao lado do sr. Rivas Rezende e da advogada dele,
Dra. Fátima.
159
160
161
OBS.: Kajuru reconheceu que os dois empresários foram pressionados
por Marconi, pois ambos, antes dessa proposta, fizeram empréstimos
decisivos à Kajuru para evitar a falência da emissora.
Ninguém ajudou mais Rádio K do que Odilon e Paulo. O Odilon, in-
clusive, dizia que aquilo era por amizade à família de sua esposa e para
existir pelo menos uma emissora independente em Goiás.
162
OBS.: No dia 5 de Julho, ao meio dia, uma quinta-feira, Kajuru revelou
a proposta recebida, ironizou Marconi perguntando como o Governo
devolveria os milhões aos empresários que jamais quiseram comprar a
Rádio. Até porque, se quisessem, comprariam por 1 milhão e meio no
máximo, mas nunca por 8 milhões.
Enquanto estiver vivo, não vendo a Rádio K para ninguém, só permi-
tirei arrendá-la para os próprios funcionários em 2003, se esse “Meni-
no Maluquinho” (Marconi) for reeleito. Porque aí não aguentarei en-
frentar, por mais 04 anos, esse Íris Jr.; Deus não vai permitir 20 anos de
coronéis.
Agosto de 2001
Em entrevista a programa da TV Brasil Central de
Goiânia (emissora estatal), o governador atacou Kajuru com
mentiras e sem nenhuma prova. Marconi achava, nesse dia,
que Kajuru já tivesse vendido a Rádio K para os empresári-
os. No dia seguinte, Kajuru pediu direito de resposta à emis-
sora, que, por sua vez, negou. Kajuru, então, foi à Justiça e
obteve liminar, na 12ª Vara Criminal de Goiás, para res-
ponder a Marconi no mesmo programa, mesmo horário,
na semana seguinte, pelo tempo de oito minutos e trinta
segundos. Assim se esperava que acontecesse. Kajuru lá
esteve, no dia 9. Dez minutos antes de começar o progra-
ma, chega uma liminar, concedida pelo Desembargador
Joaquim Henrique de Sá. O governador impedia, na Justi-
ça, o direito de resposta de Kajuru. Conclusão: Só restou a
Kajuru o direito de exibir, na Rádio K, o que falaria na tele-
visão. Em tempo: tal Desembargador foi nomeado por
Marconi, de quem é amigo pessoal.
163
Direito de resposta de Jorge Kajuru, no programa
Opinião e Debate, na TBC Cultura, concedido pelo juiz
Benedito do Prado, da 12ª Vara Criminal de Goiás,
e cassado no dia 09 de agosto, pelo desembargador
Joaquim Henrique de Sá.
Veja, na página 26 do
Dossiê K, o depoimento
de Jorge Kajuru.
Veja, na página 16 do
Dossiê K, o depoimento
de Marconi Perillo.
164
Como o governador Marconi Perillo citou aqui,
neste programa, o nome de seu afilhado, amigo, e
meu funcionário há muitos anos, o repórter Cleuber
Carlos, aqui eu o convido para falar desse episódio
com as suas palavras e jamais as minhas, sobre a
proposta de R$ 150.000,00 em mídia para a Rádio
K. Eu não só recusei, como fui para o ar, no dia 09
de fevereiro de 2001, comentar publicamente sobre
a proposta. E Cleuber Carlos se lembra como isso
foi discutido no ar.
Martiniano -
“o que nós pensa-
mos, os funcioná-
rios, é que deve-
mos aceitar a pu-
blicidade de um
governo ou de um
empresário, desde
Martiniano Cavalcante - comentarista que ela seja uma
político da Rádio K do Brasil
publicidade mera-
mente técnica. Agora, o mínimo de liberdade que
foi conquistada tem que ser mantido, e não é justo,
165
eu quero dizer isso ao ouvinte, é minha opinião,
não é justo que um veículo como a Rádio K, se
submeta a um espectro, sendo o veículo que tem a
maior participação em mídia particular aqui em
Goiás. Não é justo que a rádio K fique espremida,
sem poder usufruir de um mercado público, pas-
sando dificuldades que os outros não passam por-
que estão vendendo falcatruas, opiniões falsas etc..
nós temos que manter a dignidade.”
166
Deixo aqui, publicamente, uma minuta do úni-
co contrato que aceito negociar. É tão público que
até o senhor, governador, pode comprar, sem a ne-
cessidade de se esconder e mandar representantes
bem orientados.
E quanto a dizer, governador, que eu pedi algu-
mas vezes, encontro com o senhor. Proponho aos
seus amigos e auxiliares Paulo Beringhs, Floriano
Gomes e Lizandro Nogueira que contem publica-
mente o que foram fazer em São Paulo, no ano pas-
sado, levando inclusive o recado que o senhor esta-
va com o coração aberto e, caso não queiram con-
tar aqui, por favor, autorize que eu ponha no ar, a
fita gravada da nossa conversa...
167
Marconi -” Com relação ao sigilo bancário, eu
não tenho a menor preocupação, queria até pedir
uma coisa aqui, pedir ao doutor Desmóstenes, que
traga hoje aos candidatos uma proposta de quebra
imediata de sigilo bancário meu, do senador, da
minha mulher, da mulher dele, dos nossos parentes
todos e também dos nossos assessores, porque mui-
tas vezes escondem maracutaias, corrupção com as-
sessores. Faça um favor a Goiás: peça a quebra dos
nossos sigilos bancários, para que Goiás não tenha
dúvida nenhuma com relação à evolução
patrimonial, eu também peço que quebre a evolu-
ção patrimonial e o sigilo bancário."
Por falta de tempo, nada mais devo falar. Só
pedir que o senhor cumpra agora o que prometeu,
há dois anos e meio, sobre os seus sigilos...
168
No dia 14, pela segunda vez, Kajuru é convidado de Jô
Soares. Dessa vez, para seu programa na Rede Globo. Du-
rante a entrevista, Jô pergunta sobre a Rádio K. O jornalista
aproveita e pede publicamente a FHC que não permita mais,
em seu governo, punições à emissora. Jô brincou que, se o
presidente não estivesse viajando, poderia me ouvir.
169
Kajuru: Comentários, denúncias... A Rádio faz de-
núncias. A Rádio faz um jornalismo muito forte.
170
Setembro de 2001
A Rádio K relembra, no ar, chamada com a voz do pró-
prio governador, prometendo 400 mil novos empregos em
quatro anos. Afinal, já se passavam três anos e o desempre-
go, em Goiás, era o maior de s ua história.
PROMESSA DE
EMPREGO
171
A Rádio K relembra, também, as promessas não cum-
pridas, com relação à redução de impostos e à segurança
pública.
PROMESSA
IMPOSTO
“O imposto de Goiás é o
mais caro do Brasil, é o mais
vergonhoso do Brasil, e eu, no
primeiro dia, vou enviar uma
mensagem para a Assembléia
reduzindo o imposto da ener-
gia, da água, da gasolina, do
gás de cozinha, porque isso é
cidadania, esse é um compro-
misso que eu assumo aqui. Eu
vou acabar com essa indecên-
cia, se Deus quiser.”
PROMESSA
SEGURANÇA PÚBLICA
172
Outubro de 2001
O governador toma conhecimento do comentário pú-
blico que Kajuru fizera na Rádio K, informando à socieda-
de que estava se afastando da direção geral da emissora.
Cansado de tudo, Kajuru pedia, no ar, aos funcionários,
que tomassem conta da Rádio, mas que jamais vendessem
a opinião e linha editorial independente. Kajuru teria Mar-
celo Rezende na direção de jornalismo e, por sua vez, aban-
donaria os comentários políticos. Marconi Perillo procu-
rou Ronaldo Caiado e Jorcelino Braga, melhores amigos de
Kajuru, propôs uma reunião, onde queria dizer que ajuda-
ria a Rádio K no que fosse necessário. Kajuru aceitou a
reunião, pela primeira vez, para que ninguém em Goiás
nunca mais o culpasse pelo radicalismo de jamais ter
aceitado conversar. Mas Kajuru condicionou as presenças
de Marcelo Rezende e Edmo Pinheiro no encontro. Kajuru,
de forma objetiva, comunicou ao governador que, a partir
daquele momento, Marcelo Rezende e Jorcelino Braga to-
cariam a Rádio K. E que não tinha nada a dizer a Marconi,
exceto deixar claro que não aceitaria nenhum favor por
parte do governo. E que, se o governador quisesse mostrar
algum gesto de boa vontade para com a Rádio, que então
deixasse claro aos empresários de Goiás que não haveria
perseguição fiscal a quem desejasse anunciar na emissora.
Kajuru foi para o ar, contou tudo sobre a reunião e confir-
mou que ficaria muito surpreso, porém satisfeito, se, dessa
vez, o governador cumprisse sua parte. Marcelo Rezende
também relatou como foi a reunião e começou a trabalhar.
Durou pouco. Vinte e dois dias depois, estranhamente, a
Rede Globo pediu que Marcelo deixasse a Rádio, imedia-
tamente. Sem entender, o jornalista pediu explicações à
Globo. Ouviu apenas que era uma questão política. Moral
da história: Kajuru teve que voltar à direção da emissora e
continuar enfrentando a asfixia comercial, promovida por
Marconi, com a saída de anunciantes, em média, de cinco
por semana. E por que o governador não cumpriu a sua
parte? Simples: para ele, não bastava a saída de Kajuru do
173
jornalismo. Ele queria o fim das críticas a seu governo e o
início de uma relação semelhante ao que ocorre com o
restante da imprensa goiana. Ou seja, só falar bem de seu
governo. E Marcelo Rezende, como novo diretor de jorna-
lismo, jamais concordaria.
174
Novembro de 2001
OBS.: Em julho de 2.002, dia 03, Jorge Kajuru pediu demissão, no ar, da Rede TV. Como
Alberico Sousa Cruz não teve contrato renovado, Kajuru, solidário, decidiu sair junto.
Motivos de amizade e lealdade não faltavam, mas uma das maiores razões foi a postura
de Alberico neste episódio em que o dono da Rede TV queria convencer Kajuru a
vender a rádio K.
175
Dezembro de 2001
Com provas documentais e oficiais do Tribunal de Con-
tas do Estado, a Rádio K denuncia o maior escândalo de
gastos com propaganda pessoal da história dos governos
de Goiás. Marconi gastou, somente no ano de 2001, mais
de R$ 90 milhões em mídia. Kajuru, com os números ofici-
ais dos governos de São Paulo e Rio, provou, em compara-
ção, que Marconi gastara cinco vezes mais que Alckmin,
em São Paulo, e três vezes mais que Garotinho, no Rio,
candidato à presidência da República.
Até mesmo o Jornal “Oficial” O Popular, talvez por
descuido, publicou uma charge mostrando a verdadeira es-
tratégia do governo Marconi, na diferença do que gastava
com publicidade em comparação com saúde e educação.
176
177
Janeiro de 2002
O governador resolve bancar cinco rádios goianas jun-
tas para a transmissão da Copa do Mundo: Anhanguera,
Brasil Central, Aliança, São Francisco e Pousada. O gover-
no desembolsa mais de 2 milhões de reais em compra dos
direitos e demais despesas na cobertura da Copa. Cada
emissora recebeu 404 mil reais. O objetivo era impedir a
Rádio K, em crise financeira, de transmitir o evento espor-
tivo mais importante. O governo já vinha repassando esses
valores as emissoras desde 2001.
178
179
A Rádio K denuncia e antecipa como serão os contra-
tos particulares de Marconi Perillo com os cantores serta-
nejos Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano. Confirma os
valores de 5 milhões de reais para Leonardo e 4 milhões e
meio de reais para Zezé di Camargo e Luciano. A Rádio K
revela que os cantores farão shows nas festas pecuárias e,
de surpresa, terão que parar de cantar e chamar o governa-
dor ao palco, e, ainda, elogiá-lo como o melhor governa-
dor da história de Goiás ou o mais honesto.
LEONARDO
“Obrigado a vocês
por estarem aqui, tá, cur-
tindo o show, participan-
do dessa festa maravilho-
sa, e lembrando a vocês
que se eu estou aqui é
um presente do governa-
dor Marconi Perillo, que
mandou pra vocês aqui
o show, tá, essa festa ma-
ravilhosa. Tá bom? Bele-
za?”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
180
Fevereiro de 2002
Kajuru anuncia que a Rádio K cobrirá a Copa do Mun-
do, exclusivamente com dinheiro dos patrocinadores da
iniciativa privada e completará as despesas investindo 80%
de seus rendimentos na Rede TV!, por cinco meses. Termi-
nou dizendo que desafiava as outras emissoras goianas a
vender uma só cota de patrocínio da Copa, que viesse da
iniciativa privada e, não, dos cofres públicos, via Marconi.
Março de 2002
A Rádio K denuncia de uma reunião do governador
com prefeitos do PFL, realizada no Palácio. Um dos parti-
cipantes entregou à Rádio K uma fita, onde Marconi decla-
ra, sem constrangimentos, que seu governo precisa mesmo
gastar dinheiro com a comunicação. Surpreendentemente,
revelou aos prefeitos que, por causa desse dinheiro gasto
com a imprensa, ele liderava todas as pesquisas para a ree-
leição, contra seus adversários, na cidade de Goiânia. O
Ministério Público Federal iniciou investigações e concluiu
que a Justiça Eleitoral deveria punir Marconi. Por sua vez a
juíza, Dra. Carmecy apenas multou o Governador.
MARCONI
PEDRINHO ABRÃO
182
sição eu não discutiria, e que eu discutiria a questão
de respaldo para os nossos candidatos, apoio políti-
co para os nossos candidatos, e ele disse: quanto
você precisa pra eleger quatro estadual e dois fede-
ral, eu disse que a minha discussão era política e,
não, dinheiro.
Jorje Kajuru: ... Aliás, me permita uma curiosidade,
Pedrinho Abrão, aquela área sua, na Avenida Inde-
pendência, está avaliada em quanto? Se você pode
me dizer isso publicamente.
Pedrinho Abrão: Ah, não tenho noção porque não
existe interesse em vendê-la né, Kajuru?
Jorje Kajuru: ... Mas, é uma área valiosíssima ali?
Pedrinho Abrão: É uma área grande, né , é um área....
Jorje Kajuru: ... Alguém aí no fundo cochichou, se
você não tem noção do que vale, se você não tem,
como é que eu vô tê? Como é que o Martiniano vai
tê? Você não tem noção de quanto vale?
Pedrinho Abrão: Vale em torno de três, quatro mi-
lhões de reais.
Jorje Kajuru: ... Três, quatro milhões de reais. É ver-
dade ou mentira que você tem testemunha dessa
conversa com o Marconi?
Pedrinho Abrão: Tenho, tenho testemunha, sim, ti-
nha uma pessoa presente do meu lado, que você
conhece bem.
Jorje Kajuru: ... Essa pessoa é o Ademir Lima?
Pedrinho Abrão: Exatamente.
Jorje Kajuru: ... É ela?
Pedrinho Abrão: Ademir Lima estava do meu lado.
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
198
OBS.: Aqui, o curioso fica por conta do valor pago pela missa transmi-
tida, via canal fechado, só para Goiânia.
199
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201
202
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206
A Rádio K denuncia relatório do Ministério Público,
que revela: o dinheiro que o governo Marconi arrecada
com infrações de trânsito não está sendo aplicado na edu-
cação de motoristas e pedestres, conforme manda o Códi-
go Nacional de Trânsito. O escândalo é maior ainda ao se
constatar que esse dinheiro está sendo usado em shows
sertanejos.
207
Alex, Fernando e Banda R$ 1.000,00
TOTAL R$ 2.110.000,00
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216
Em almoço no Palácio, nove dirigentes do futebol
goiano receberam do governo um patrocínio de um milhão
e duzentos reais para ajuda de custo na disputa do Campe-
onato Goiano. Durante a conversa, um dirigente começou
a falar sobre Kajuru. O governador, sem constrangimentos,
na frente de todos, disparou: “Várias pessoas ligadas a mim
estão me procurando para matar o Kajuru, mas agora eu
acho que não compensa matá-lo”. Dos nove cartolas, dois
deles tiveram a coragem de, pelo menos, revelar tudo ao
Kajuru, por telefone. Como os dois jamais quiseram ser iden-
tificados, com o natural medo de perseguição, José Luiz
Datena e Jorge Kajuru decidiram contar todo esse triste epi-
sódio no ar, durante o programa “Datena Repórter Cida-
dão”, pela Rede TV! Para não serem identificadas, as vozes
dos dois dirigentes foram distorcidas.
217
PROGRAMA DATENA REPÓRTER CIDADÃO – REDE TV
DIA 23/05/2002
(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)
“Várias pessoas ligadas a ele já pediram para aca-
bar com você, te matar e tal... que ele não ia perder
tempo em fazer isso, não, que hoje não compensa-
va”.
(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)
“ ...ele disse que não gosta de você, você não gosta
dele, que o problema é o seguinte, já procuraram
ele oferecendo para matar você.”
218
Datena: “Kajuru, você conversou com essas pesso-
as ontem? Traz o Jorge Kajuru aqui.”
219
Datena: “Mas não é isso. O governador, segundo eu
entendi... ele disse que foi procurado por pessoas
que se dispuseram a matar o Kajuru, é isso que me
deixa preocupado. Nós não podemos viver num país
de jagunços. Nós já estamos em 2001. Mas isso é
brincadeira, estamos no século XXl.”
220
Datena: “Mas é a questão colocada desde o princí-
pio aqui. Como ele recebe uma proposta indecoro-
sa dessa, ele deveria procurar as autoridades, a polí-
cia civil, e falar: ´Um sujeito me procurou e ofere-
ceu pra matar o Kajuru por mim. Isso é o mínimo
que a gente espera... Mostrando quem são essas
pessoas que fizeram essas propostas.”
221
Julho de 2002
Aproveitando o fato de kajuru estar fora do vídeo em
São Paulo, ainda acertando sua saída da Rede TV!, por ter
pedido demissão, em solidariedade a Alberico Souza Cruz,
o que fez o governador de Goiás? Foi a Brasília, entrou
com uma representação processual, solicitando do minis-
tro das Comunicações, Juarez Quadros, a cassação, em
definitivo, da Rádio K, via decreto presidencial. E, ainda,
pediu sigilo de todas as suas acusações no referido proces-
so. Também exibiu cópia dos 34 processos que, pessoal-
mente, move contra Kajuru. Enfim, são 670 páginas, com o
governador relatando tudo o que, para ele, aconteceu nes-
ses quatro anos, suficientes, perante seu julgamento, para
cassar uma emissora de rádio, pela primeira vez, neste país.
222
223
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225
Durante esse período de quatro anos, ainda poderia se
falar de casos e escândalos, como:
226
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230
CASO – UNI-RIO
O que você vai ler agora é revoltante.
231
Entrevistamos, em Copacabana, no Rio de Janeiro,
em um hotel, uma testemunha-chave. Uma pessoa
que sabe exatamente como funcionou todo o es-
quema da fraude envolvendo a CELG e a fundação
PRO-UNIRIO, fraude essa de 4 milhões e meio de
reais. E vocês vão descobrir que isso foi apenas o
começo, porque essa fraude poderia ter sido muito
maior. Dona Rita – gerente de documentação téc-
nica de projetos da UNIRIO:
232
A fundação PRÓ-UNIRIO tem competência para
fazer um trabalho pelo qual foi contratado?
“Não, inclusive esse foi o primeiro trabalho nessa
área que a PRÓ-UNIRIO assinou um contrato.”
233
PRÓ-UNIRIO, a taxa que cabia pra PRÓ-UNIRIO e
a PRÓ-UNIRIO fazer o repasse, o pagamento à em-
presa Novafase, por ter realizado o trabalho. Só que
isso não foi feito, a PRÓ-UNIRIO repassou três mi-
lhões e oitocentos e noventa e um, no dia 6 de
setembro, por intermédio para o IBDU; o dinheiro
sairia da CELG, viria para a conta da PRÓ-UNIRIO
e da PRÓ-UNIRIO, ia para um instituto, para esse
instituto, então, movimentar e repassar o dinheiro
novamente para o estado de Goiás.”
234
Se a senhora for chamada pelo Ministério Público
para depor, a senhora reafirma tudo que esta di-
zendo aqui agora nesse momento?
“Reafirmo e falo a verdade, o que eu sei e o que
aconteceu.”
235
B) A propaganda pessoal do Cheque-Moradia, onde o
governador colocou sua assinatura pessoal no impresso,
com o abuso de propaganda extemporânea.
236
Agosto 2002
Após essa absurda, ditatorial e criminosa legislação
eleitora em vigor, Jorge Kajuru decidiu sair do ar até o final
das eleições. Como cidadão, Jorge Kajuru gravou depoi-
mentos aos partidos políticos PMDB e PT, para serem vei-
culados em comícios e serviços de alto-falante, para alertar
a população sobre o que a imprensa goiana (bem paga)
esconde.
237
238
239
240
241
Setembro 2002
Aqui, os depoimentos de Jorge Kajuru, ao vivo, pela
na Rádio K, nos quais são relatados assuntos pessoais, edi-
torial, esclarecimentos e chamada de alerta e orientação
aos eleitores:
1ª) EDITORIAL
242
graves denúncias políticas de dois governos diferen-
tes em 5 anos de nossa existência como rádio. Nem
os advogados, tampouco os acusados, conseguiram
nos desmentir em nenhum dos escândalos aqui re-
velados.
O povo goiano, em sua maioria absoluta, é do bem,
sabe que aqueles de bens vão passar, e sempre fica-
rá a nossa confiança na dimensão e potencialidade
do Estado de Goiás, que transcendem as mazelas do
poder contingente.”
243
2ª) ALERTA
244
Kajuru : “É verdade, quem tenta comprar o seu voto,
quer comprar a sua dignidade, principalmente, por-
que a dele já se foi a muito tempo.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no
3ª) ESCLARECIMENTO
245
ples é essa: É saber se eu vou ter motivação, vontade
de voltar, enfim, saber o que vai acontecer em Goiás,
o que vai acontecer com a Rádio K, que vive uma
situação muito difícil, muito humilhante, com novas
e covardes perseguições, uma situação financeira das
piores que sofremos, nesses quatro anos, superior até
àquela de 1998, na Copa do Mundo da França. Essa
é a verdade! Mas, a gente sempre saiu de todas de
cabeça erguida, com muita honradez, com muita dig-
nidade. Estamos tentando sair dessa. Tá muito difí-
cil, por isso, essa é a outra razão. Não sei o que vai
ser da minha vida, e propriamente o que vai ser da
vida da Rádio K.
Mas, esse esclarecimento é definitivo e importante
por alguns motivos. Eu, quando voltar, no dia 23, eu
vou falar muita coisa, tenho muitos agradecimentos
a fazer sobre tudo o que aconteceu com a minha
carreira, nesse período, e especialmente com a mi-
nha doença, onde tenho muita coisa para falar, e tem
muita gente para ser citada em tudo o que aconteceu
comigo. Mas hoje aqui nesse esclarecimento, eu pre-
tendo ser breve, e é por se tratar de um assunto que
aconteceu, nas últimas 24 horas, que eu nem redigi
o que estou falando aqui. Quero falar do coração e
da minha alma. Não redigi nada. Tô aqui de impro-
viso conversando com vocês.
Todo mundo sabe, em Goiás, e porque não no Brasil
inteiro, porque agora houve um exemplo brasileiro,
eu nunca aceitei participar de campanha política de
ninguém, de forma direta, ou seja, botando a minha
cara no dia a dia do horário de rádio e televisão.
Nunca, em minha carreira, eu aceitei. Continuo vir-
gem, politicamente falando, em horário de rádio e
televisão. Nunca fiz isso por dinheiro nenhum. Se
quisesse agora faria nacionalmente; eu fui convida-
do para ser o âncora nacional, em todo o Brasil, na
246
campanha de José Serra! Os jornais do Rio e São
Paulo noticiaram e, inclusive, publicaram a minha
declaração, a minha resposta à proposta que o pu-
blicitário Nizan Guanaes me fez. Eu fui o escolhido
do Nizan Guanaes, ele não queria mais ninguém.
Queria apenas eu, Kajuru, ancorando o horário do
José Serra na Televisão e no Rádio. Evidente que Gugu
continuaria porque é cem mil vezes mais importan-
te que eu, mas o âncora, o apresentador do progra-
ma seria eu, a proposta foi me feita no valor de R$
1.200.000,00 pagos à vista! Enfim, durante uma se-
mana, conversamos sobre o assunto e eu declarei
aos jornais, à Folha de São Paulo publicou a minha
declaração na íntegra, na época, de que eu não acei-
tava pelos seguintes motivos:
1 – Eu não concordaria em fazer nenhuma crítica ao
meu amigo Lula do PT, candidato à presidência da
república. Meu amigo e meu candidato, sempre foi
e sempre será. È meu amigo pessoal. Essa foi a pri-
meira discordância minha que a campanha do Serra
já não gostou.
2 – Eu não aceitaria fazer parte de resposta todo dia,
essa baixaria contra o Ciro Gomes, não sou amigo
do Ciro, jamais vou votar no Ciro nessas eleições.
Mas não queria participar.
3 – Essa foi decisiva para a coordenação da campa-
nha de José Serra evidentemente não me querer. Eu
fiz, exatamente sabendo que na campanha do Serra
ninguém iria aceitar essas minhas exigências. Eu não
aceitaria falar bem do Governo Fernando Henrique,
porque foi um Governo de quem eu sempre falei
mal. Eu não poderia aparecer para todo o Brasil, ago-
ra, numa campanha política falando bem do Gover-
no do Fernando Henrique, então, a única coisa que
aceitaria para fazer esse horário do Serra, seria ape-
nas se fosse para falar das qualidades do candidato
247
José Serra, que tem qualidades indiscutíveis. Mas,
evidentemente, eu gostaria de saber antes o que eu
teria de falar, se eu não concordasse, eu não grava-
ria. É claro que a campanha não concordou. Então,
eu não aceitei nenhuma campanha nacional como
essa de José Serra, repito o valor R$1.200.000,00 (um
milhão e duzentos mil reais).
Em Goiás, evidente que eu não aceitei até hoje fazer
campanha de ninguém. Aparecer na campanha de
rádio e televisão por nada, e muito menos por di-
nheiro. Porque, se fosse dinheiro, para mim em Goiás,
eu teria aceitado, nesses últimos quatro anos, o di-
nheiro que me ofereceram. Eu já falei publicamente
e não preciso repetir. Chegaram até a R$8.000.000,00
(oito milhões de reais) para comprar a rádio ou en-
tão a metade R$3.000.000,00 (três milhões de re-
ais), quase a metade R$3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil reais) por 50% (cinqüenta por cento)
da rádio e bastava eu não falar mais de política, eu
tinha que falar só de futebol. Só isso, era só eu não
falar de política. Então, se fosse a questão de dinhei-
ro, evidentemente que eu teria fechado. Todo mun-
do sabe com quem, né? Muito antes e não agora em
eleição. Eu jamais iria fazer isso, evidente, né?
Bom, por que estou fazendo esclarecimentos? Isso é
apenas complemento ou recheio desse meu comen-
tário. Na verdade, esse esclarecimento é para pesso-
as maldosas, irresponsáveis, que ficam fazendo fofo-
cas sempre em direção a mim, com a finalidade de
me prejudicar e, principalmente, de me jogar con-
tra os meus melhores amigos em São Paulo. Esse foi
o objetivo da fofoca, que provocou gente a procurar
donos de televisão em São Paulo, querendo saber
se era verdade ou não. Quero deixar bem claro aqui,
eu não uso amigo meu para nada, ninguém jamais
vai falar em meu nome, ninguém jamais vai fazer
248
proposta em meu nome. Jamais em hipótese algu-
ma! Nunca, ninguém foi autorizado a em meu nome
pedir qualquer coisa pra alguém, especialmente pra
político, E usar amigo meu, eu jamais faria isso em
hipótese alguma! Estou me referindo a José Luiz
Datena, da Rede Record de Televisão, Juca Kfouri,
da RedeTv, Marcelo Rezende, da RedeTv e tantos
outros amigos que tenho no Brasil, especialmente
esses, que, mais que amigos, são irmãos. Juca Kfouri,
inclusive, quem duvidar pergunte a ele, mande car-
ta, mande e-mail,... se é verdade ou não. Ele vai res-
ponder. Ele veio me oferecer espontaneamente para
fazer um depoimento em Goiás, contra um candi-
dato, que o Juca conhece bem, e não quer vê-lo
nunca mais. Pergunte ao Juca se eu aceitei? Se eu
telefonei pro Juca pedindo pra ele a gravação desse
depoimento? Nunca fiz esse pedido pro Juca, em-
bora ele tenha oferecido a mim. Isso eu não fiz, isso
eu não quis. O mesmo com Marcelo Rezende que
também se ofereceu e está à minha disposição na
hora que eu quiser pra fazer depoimento em relação
a um candidato em Goiás, e muito menos faria isso
com o José Luiz Datena, que não acompanhou mi-
nha história em Goiás, como o Juca e o Marcelo
acompanharam, e porque ele tem um contrato com
a Rede Record de Televisão, que eu respeito. Então
jamais iria fazer, jamais iria pedir, mesmo que ele se
oferecesse, eu jamais, porque se eu não aceitei o do
Juca porque que iria aceitar o do Datena. Jamais faço
isso, eu não preciso disso, Graças a Deus. Não pre-
ciso, primeiro, tudo que eu falo tenho provas docu-
mentais do que eu falo. Vocês vão ler no livro que
eu estou lançando pra minha consciência, pros meus
amigos, pra minha história, o livro que terá distri-
buição gratuita. Vocês vão ver nesse livro o Dossiê
K tudo documentado.
249
Então, quem documenta e prova que nem eu, eu não
preciso de usar ninguém, amigo meu pra me avalisar.
E, graças a Deus, eu tenho credibilidade suficiente
pra não precisar de aval de ninguém, os meus ami-
gos presenciaram e falaram e fizeram depoimentos
sobre fatos que eles presenciaram, não que eu con-
tei pra eles, não que eu relatei pra eles. É bem dife-
rente. Agora, como cidadão Jorge Reis da Costa, fora
do ar, fora do microfone, fora da Rádio K, fora da
televisão, fora de jornal, eu tenho direito de falar o
que eu quiser, inclusive já falei, já gravei depoimen-
to pra quem quiser usar em comício! Em comício!
Em carro de som, mas não em horário político de
rádio e televisão. Fiz! Fiz com muito prazer e muito
gosto!!!
Agora, nenhum amigo meu pode e será usado, eu
não autorizo, de forma alguma, a usar qualquer coi-
sa de amigo meu, seja Datena, seja Juca, seja Marce-
lo, seja quem quiser e eu tampouco vou pedir, pra
Datena, pra Juca, ou pra Marcelo, entrar na campa-
nha política de alguém, pra entrar em horário políti-
co de rádio e televisão. Jamais! Perguntem a eles se
algum dia eu pedi isso. A eles, embora, eu repito, o
Juca e o Marcelo tenham espontaneamente ofereci-
do a mim depoimentos deles, eu não quis, não pedi;
nunca disse a eles quero gravar com vocês. Porque,
como jornalista, eu procuro fazer a coisa com maior
isenção possível. Como cidadão, eu tenho motivos.
O que eu sofri como homem, como cidadão, como
homem de família, como ex-esposo, pelo que eu já
sofri na minha vida, eu tenho esse direito de reagir
como cidadão. Isso eu tenho, isso eu tenho, isso eu
faço, e como a situação da Rádio tá chegando de
novo aquele ponto de covardia de perseguição, man-
daram até o Ministério do Trabalho pra pegar a Rá-
dio pra autuar, pra multar. De novo, suspenderam a
250
Rádio, há poucos dias, com multa de R$22.000,00
(vinte e dois mil reais) e, todo mundo sabe, que isso
é 100% (cem por cento) político, é pra levar a Rádio
de uma vez por todas à falência, porque sabem que
a Rádio está de novo à beira da falência, em função
de que eu saí da RedeTv por solidariedade a um
amigo e não tenho mais os recursos financeiros que
tinha até maio deste ano e que eram recursos finan-
ceiros suficientes para bancar os prejuízos mensais
de quarenta, cinqüenta mil reais que a Rádio K tinha
e tem, até hoje, todo mês e eu bancava com o meu
salário da Rede TV; agora não posso mais, desde o
mês de junho, quando deixei a emissora no dia três,
e a Rede TV não me pagou, até hoje. Portanto, desde
junho, eu não tenho recursos financeiros. E até na
minha doença eu tive ajuda do irmão, do pai Juca
Kfouri, inclusive ajuda financeira. Quero dizer aqui
publicamente, senão eu não teria condições de pas-
sar pelo que eu passei, de enfrentar, com tantos gas-
tos com medicamentos, embora a minha cirurgia te-
nha sido gratuita, tenha sido feita no Hospital das
Clínicas, porque eu não tenho plano de saúde, e não
tinha condições de pagar uma cirurgia tão cara e tão
grave como a que eu fiz, porque eu corri risco de
vida realmente. Conforme a equipe médica informou,
o meu caso quase se tornou uma síndrome de furniê,
que é um caso quase que mortal proveniente do dia-
betes, da prostatite. Então, é por saberem da situa-
ção da rádio, a rádio voltou a sofrer perseguições
covardes de todo o tipo: saída de anunciantes, tudo.
Não tem problema, mas já que a situação tá assim,
já que fazem esse tipo de fofoca pra me jogar contra
amigo, então quero dizer, aqui, hoje , nesse mo-
mento como cidadão, a partir de agora, eu estou á
disposição de qualquer horário político de rádio e
televisão. Qualquer candidato que me der espaço
251
para atuar como cidadão com provas, documentos
para mostrar as verdades que a imprensa de Goiás
esconde. Eu quero dizer publicamente que estou à
disposição seja quem for. Eu não vou pedir voto! Pedir
voto eu não vou, mas mostrar as verdades que a im-
prensa goiana esconde eu faço.
Vou pra televisão, pro rádio e faço isso pela primeira
vez na minha carreira já que o jogo é esse, eu topo
entrar no jogo e quero dizer aqui que,, espontanea-
mente, gratuitamente, não quero um centavo pra fa-
zer isso todo mundo sabe que se fosse por dinheiro
eu aceitaria o dinheiro do Zé Serra nacionalmente
um milhão e duzentos! Ou aceitaria o dinheiro, mais
de milhões que me ofereceram, nesses quatro anos,
pra tudo e pra calar a boca. Então, não tem dinheiro
que me compre neste mundo, não existe cor de di-
nheiro que me compre neste mundo, não tem valor,
não tem quantidade que me compre. A única coisa
que me resta, e eu morro com ela, é minha dignida-
de. Mas já que o jogo é esse, como cidadão, eu topo.
O candidato que quiser, eu vou pra televisão, pro
rádio, pronto! Já que chegaram a esse ponto, eu tava
quieto, calado até por questão de saúde, todo mun-
do sabe disso, eu tava no meu canto, mas tão me-
xendo comigo, querem briga, querem fazer jogo sujo,
me jogar contra amigo, portanto, eu vou entrar no
jogo, com uma diferença, eu não vou entrar brin-
cando, eu entro com documento com tudo provado,
não entro com minha boca, entro com papel, até
porque, se eu não provar, me tiram do ar imediata-
mente e se quiserem me botem na cadeia, se o que
eu falar não for provado, documentado. Portanto,
agora estou à disposição. Era isso. Entendam, como
esclarecimento ou como desabafo, muito obrigado,
espero que tenha sido definitivo”.
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
252
Às 09h45, do dia 17/09/02, o Procurador Regional
Eleitoral, Marco Túlio Oliveira e Silva, entrou em contato
com o jornalismo da Rádio K do Brasil, para informar que
havia impetrado uma abertura de investigação judicial elei-
toral contra o candidato Marconi Perillo, no TRIBUNAL RE-
GIONAL ELEITORAL. A ação foi movida em razão de uso
indevido de meio de comunicação social, abuso de poder
político e abuso de autoridade.
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Uma entrevista sem cortes, com o jornalista Marcelo
Rezende, que é um dos amigos de Jorge Kajuru que mais
contribuíram na construção desse patrimônio moral, cha-
mado Rádio K. Marcelo também foi o que mais insistiu na
tentativa de convencer o Governador Marconi Perillo a sa-
ber conviver com a democracia, a liberdade de imprensa.
262
tem de pior é as pessoas não saberem viver com seus
críticos. Elas querem destruir. Um exemplo típico de
personalidade, de prática política, o ACM. Ele só
enxerga o inimigo. E aí vem o maior traço de
coronelismo de Marconi. Ele é tão antigo, no senti-
do da política, que é pior que o Íris Rezende. O Íris,
mesmo quando você combatia a opinião dele, ele
era incapaz de querer matar, destruir. Ele queria te
convencer nos argumentos ou por algum esquema,
mas não pensava em te eliminar, deixá-lo morrer
devagarzinho. Já, no Marconi, se revela uma alma
muito carregada, literalmente da treva. Marconi é
um retrocesso ao processo político e democrático
do país. Um jovem que possivelmente vai ter vida
longa na política, trazendo todos os esquemas anti-
gos, que nós, brasileiros, cidadãos e democratas, de-
sejamos ver enterrados. O Marconi é o perfil de um
Brasil que produz políticos de quinta categoria. O
que me espanta é olhar para o povo de Goiás, e não
imaginá-lo vendo. Porque tudo é feito na base do
assistencialismo e clientelismo. Sempre com promes-
sas. Se dá alguma coisa na época da eleição. Caren-
tes, as pessoas se apegam àquilo como a uma tábua
de salvação. É a mais absoluta falta de educação
nesse país. Tudo é feito de propósito. No governo
Marconi, me chocava assistir a cenas de foguetes,
comemorando a chegada da merenda escolar. Fazer
festa porque estava alimentando barrigas de crian-
ças. O cúmulo do cúmulo. Em síntese, aquele ho-
mem (Marconi), que sentava em nossa frente, é este
mesmo homem. O mesmo que se comprometeu, vá-
rias vezes, a deixar a Rádio K fazer seu jornalismo
de verdade, e nunca cumpriu nada. Muito pelo con-
trário. Marconi consegue olhar na sua cara, parece
estar tudo certo e, por trás, ele está te traindo. Ele foi
um aproveitador da minha boa crença. O Juca Kfouri
263
não acreditou nele hora nenhuma. Foi mais sensato
e arguto do que eu. Eu acreditei no primeiro encon-
tro. E, talvez por isso, a minha decepção foi maior. A
palavra de homem tem um valor muito grande pra
mim. Infelizmente, para o Marconi Perillo, palavra
não existe. A alma dele é muito feia, é uma alma
suja. Porque um homem que dá a palavra dele e não
cumpre, ele não merece o perdão de ninguém.
Marconi terá que prestar contas a Deus. Um dia há
de prestar!
264
cumpriu, Caiado tinha que vir a público, denunciar
e se afastar dessa pessoa. Goiás me ensinou muitas
coisas. Principalmente a fraternidade. Tenho gran-
des amigos em Goiás. A beleza de um povo recepti-
vo. Mas também me ensinou como a política pode
ser rasa, como pode, cada político que você olha
no olho se transformar num Calabar. Eu me sinto
assim. Se eu tivesse que criar um paralelo na histó-
ria do mundo, eu diria que o Marconi Perillo foi um
Calabar. Ele traiu alguém que ele disse que não iria
trair. E aí, não é o Jorge Kajuru ou a Rádio K; é, na
verdade, a democracia. Marconi não se imagina
Deus, ele tem certeza de que é Deus. Íris Rezende
também se achava e, um dia, apareceu um Marconi
Perillo na vida dele. Eu espero que, na vida do
Marconi Perillo, apareça um outro Marconi, só que
esse, espero, seja um homem voltado para a demo-
cracia, a palavra e, fundamentalmente, para a famí-
lia. Porque um homem que trata seu semelhante
dessa maneira, não gosta de ninguém e, sim, só de
seu poder. O dia que este poder escapar de suas
mãos, ele vai aprender o que é a vida. Outros já
aprenderam.
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rem meter a “mão na massa”agora. Têm que consu-
mir tudo agora, num espaço de tempo curto. O
Kajuru só vai recuperar o estado de ânimo e a vida,
no dia em que rasgar esse livro. Do contrário, vou
continuar vendo um amigo doente, cansado, amar-
gurado, sem razão de viver. Enfim, a história do
Kajuru já está feita.
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sil.com.b
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Audio no
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Em Tempo:
Antes de imprimir o livro “DOSSIÊ K”, na gráfica,
aconteceu um fato:
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coração. Se assim o povo goiano decidir nas urnas, até a
venda da emissora será admitida. Desde que seja exclusi-
vamente por valores semelhantes às dívidas, hoje acumu-
ladas pela emissora. Jamais com objetivos de lucro, pois
um sonho pode até acabar. Mas com dignidade. E na cer-
teza de Kajuru voltar. Quatro anos passam e serão suficien-
tes para consolidar, em São Paulo, sua vida profissional e
financeira, podendo adquirir nova emissora em Goiás.
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