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Resumo
Material utilizado como
referencial teórico e que
servirá de instrumento para
a capacitação dos discentes
inscritos no projeto
CUIABÁ - MT
2015
Alberto Bicudo Salomão
Professor Orientador
Todos os agravos à saúde, sejam casos clínicos, traumas ou psiquiátricos, devem ter o atendimento
garantido pelo sistema através do telefone 192 que deve ser capaz de acolher a clientela, prestando-lhe
atendimento e redirecionando-a para os locais adequados de tratamento (GUIMARÃES et al, 2010).
A palavra negligência tem como significado: falta de cuidado; incúria; falta de apuro, de atenção;
desleixo. É caracterizada pela inação, indolência, inércia, passividade. É um ato omissivo. O abandono ao
doente, a omissão de tratamento, a negligência de um médico pela omissão de outro (AVECONE, 1981).
De acordo com Art. 159 do código civil (1995): Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência violar direito ou causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Ainda não há lei que assegure um tempo limite de espera do acidentado para o atendimento pré-
hospitalar realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Porém, já existe
regulamentação sobre o tempo máximo de espera do paciente nos atendimentos de primeiros socorros
em pronto socorro e Unidade de Pronto Atendimento, não devendo ultrapassar duas horas (CFM, 2014).
REFERÊNCIAS
1. AVECONE, Pio. La responsabilitá penale del medico. Padova: Francesco Vallardi, 1981
2. BRASIL. Código Civil. 46 ed. São Paulo: Saraiva, 1995
3. BRASIL. Curso de Direito Penal Brasileiro - 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015
4. GUIMARÃES, H.P.; LOPES, R.D.; LOPES, A.C. Tratado de medicina de urgência e emergência: pronto-
socorro e UTI. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2010. [2 volumes] Vol 1
5. INTERNATIONAL FEDERATION OF MEDICAL STUDENTS ASSOCIATION OF Brazil – IFMSA Brazil. For Life,
Manual Traduzido. 2015
6. MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO DO SISTEMA DE RESGATE A ACIDENTADOS – Corpo
de Bombeiros do Estado de São Paulo – 2005/2006.
7. RESOLUÇÃO CFM Nº 2.077/2.014 (Publicado do D.O.U. de 16 set. 2014, Seção I, p. 80) - Dispõe sobre a
normatização do funcionamento dos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência, bem como do
dimensionamento da equipe médica e do sistema de trabalho.
FOR LIFE CAPÍTULO 1
Suporte Básico de Vida
2- URGÊNCIA I - CONSCIÊNCIA
choque com o DAE devem ser o mais curto do mento, mantendo a boca da vítima fechada
possível, permitindo-se intervalos inferiores à 10 (AMERICAN NATIONAL RED CROSS, 2015).
segundos para realização das duas ventilações A máscara de fluxo unidirecional é uma
(KLEINMAN et al, 2015). ótima barreira de proteção para o socorrista,
evitando o contato com sangue, vômito, saliva ou
II - VENTILAÇÃO expiração da vítima. Para utilizar corretamente
uma máscara de bolso, certifique-se da liberação
A ventilação pode ser realizada boca-a- das vias aéreas e posicione a máscara sobre a
boca, com máscara de fluxo unidirecional ou de boca e a narina da vítima, vedando bem. O
reanimação (ambu). Em situações de emergência, socorrista deve inspirar profundamente, ajustar
máscaras podem não estar disponíveis, sendo sua boca no dispositivo da máscara a assoprar
necessária a realização da ventilação boca-a- com força, observando a elevação do tórax.
boca. Nessa técnica, deve-se abrir a via aérea Antes de ventilar novamente, retire a boca
além da posição neutra utilizando a manobra de da máscara e respire normalmente (MARCHI et al,
inclinação da cabeça-elevação do mento (Figura 2007).
2): Por fim, a máscara reanimadora ou ambu
é a que administra maiores concentrações de
oxigênio. Pode ser e normalmente é usada por
um único socorrista, porém a melhor conduta é
com dois socorristas. Assim, após liberação das
vias aéreas, um socorrista deve posicionar e
manter a máscara sobre o nariz e a boca da
vítima, enquanto o outro ventila o suficiente para
a ascensão do tórax. O ambu é capaz de ventilar
volumes muito superiores aos necessários para a
Figura 2: Manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento em
adultos – além da posição neutra. (Fonte: The American National Red
ventilação da vítima, portanto, deve ser
Cross. Basic Life Support for Healthcare Providers Handbook. StayWell, desinflado gentilmente e sem muitos esforços,
Estados Unidos da América, 2015).
cerca de metade da sua capacidade. Qualquer
Deve-se também pinçar as narinas entre dificuldade ou resistência percebidas durante as
os dedos, vedar completamente a boca da vítima tentativas de ventilação deve ser reportada ao
com a sua própria e assoprar até que o tórax que suporte avançado de vida quando este chegar
eleve. Deve-se realizar uma ventilação por vez, e (AMERICAN NATIONAL RED CROSS, 2015).
o socorrista deve respirar normalmente antes de
realizar a próxima ventilação. Caso o socorrista III - DESFIBRILAÇÃO
não respire entre as ventilações, a segunda
ventilação provavelmente terá uma concentração Desfibriladores automáticos externos
de 0% de oxigênio, tornando-a ineficaz (DAE) são equipamentos eletrônicos portáteis
(AMERICAN NATIONAL RED CROSS, 2015). que analisam automaticamente o ritmo cardíaco
Caso não haja elevação do tórax, reabra a de um paciente e realizam a desfibrilação em
via aérea e tente novamente. Se mesmo assim ritmos chocáveis, visando ao reestabelecimento
não houver a elevação, retorne imediatamente de ritmo normal. Vítimas de parada cardíaca
para as compressões cardíacas e cheque por devem ser avaliadas e chocadas por um DAE
obstrução de vias aéreas por corpo estranho. Em quando chocáveis (fibrilação ventricular ou
casos positivos com objeto visível, remova-o e taquicardia ventricular). Caso um DAE torne-se
tente a ventilação novamente. Nunca procure disponível durante a realização de RCP,
cegamente por objetos em vias aéreas de vítimas interrompa-a depois do aparelho ligado, com as
(AMERICAN NATIONAL RED CROSS, 2015). pás posicionadas na vítima e pronto para analisar
Caso o socorrista não consiga vedar a boca o ritmo cardíaco. Caso o socorrista esteja sozinho,
do paciente, pode-se ventilar através do nariz, deve-se priorizar o uso do DAE após a
após manobra de inclinação da cabeça e elevação
Capítulo 1: Suporte Básico de Vida P á g i n a | 12
determinação de parada cardíaca. (AMERICAN fluxo de oxigênio; (American National Red Cross,
NATIONAL RED CROSS, 2015). 2015)
Assim que um DAE estiver disponível, siga
7 - RCP E DAE EM CRIANÇAS
as instruções passo-a-passo (AMERICAN
NATIONAL RED CROSS, 2015).
A maioria dos casos de parada cardíaca
1. Ligue o aparelho; em crianças ocorre devido a hipóxia secundária a
2. Certifique-se que o tórax da vítima está exposto e algum evento, como crise de asma, obstrução de
seco; vias aéreas por corpo estranho ou afogamentos.
3. Aplique as pás apropriadas para a vítima nas Diferente dos adultos, quando uma criança sofre
posições adequadas (pás de adultos: acima de 8 de parada cardíaca deve-se iniciar a RCP
anos, acima de 25kg) – uma pá no canto superior imediatamente e por 2 minutos antes de
direito do tórax na linha média da clavícula, à
interromper para buscar um DAE. Caso algum
direita do esterno, e a outra no lado esquerdo do
tórax, na linha axilar média, um dedo abaixo dos
evento de natureza respiratória seja confirmado
mamilos; como causa da parada cardíaca, a RCP deve iniciar
4. Conecte e pressione o botão “analisar”; por 2 ventilações, seguidas das 30 compressões.
5. Avise para todos os presentes se afastarem da Entretanto, caso haja suspeita de que a origem da
vítima enquanto o DEA analisa o ritmo e não parada é realmente cardíaca, deve-se buscar por
permita que toquem-na nesse momento, um DAE antes de iniciar a RCP (AMERICAN
incluindo algum socorrista realizando RCP; NATIONAL RED CROSS, 2015).
6. Observe a análise do DEA;
7. Se indicado pelo aparelho, pressione o botão
I - COMPRESSÃO
“choque” e aguarde;
8. Após o choque, retome as compressões
imediatamente por 2 minutos ou 5 ciclos de 30 O posicionamento das compressões em
compressões e 2 ventilações até segunda análise crianças acima de um ano é muito similar aos
do DEA, retorno da circulação espontânea do adultos. O socorrista deve posicionar suas mãos
paciente ou chegada do suporte avançado de vida; no centro do tórax na porção inferior do esterno
e realizar entre 100 e 120 compressões por
minuto (Figura 3):
O socorrista deve se atentar ao modelo de
DEA disponível e possíveis instruções presentes
com o equipamento. Esses aparelhos também
são seguros para utilização em superfícies
molhadas ou de metal, próximas à água, sob
chuva ou neve, em pacientes portadores de
marca-passo. Porém, deve-se manter o paciente
seco sempre que possível e sem contato direto
das pás com metais (AMERICAN NATIONAL RED
CROSS, 2015).
Entretanto, existem algumas práticas Figura 3: Compressões torácicas em crianças acima de 1 ano da idade
(Fonte: The American National Red Cross. Basic Life Support for Healthcare
perigosas em relação ao uso do DAE e que devem Providers Handbook. StayWell, Estados Unidos da América, 2015)
ser evitadas:
Contudo, a profundidade é diferente em
• Não passe álcool no tórax da vítima – álcool é crianças: cerca de 5 centímetros. Já em crianças
inflamável; abaixo de um ano, as compressões, também
• Não toque a vítima enquanto o DAE analisa o ritmo
devem ser na taxa de 100 a 120 compressões por
cardíaco – pode afetar a análise;
• Não toque a vítima enquanto o DAE desfibrila –
minuto, porém, quando realizadas por um único
você ou alguém pode levar um choque também; socorrista, deve-se utilizar dois dedos sobre o
• Não desfibrile vítimas próximo de materiais esterno, e a profundidade entre 3,5 e 4
inflamáveis ou combustíveis, como gasolina ou centímetros (Figura 4):
Capítulo 1: Suporte Básico de Vida P á g i n a | 13
Em crianças abaixo de 1 ano de idade, Figura 6: Manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento em
quando atendidas por mais de um socorrista, o crianças acima de 1 ano da idade – um pouco além da posição neutra
(Fonte: The American National Red Cross. Basic Life Support for
procedimento é diferente. Um dos socorristas Healthcare Providers Handbook. StayWell, Estados Unidos da América,
deve realizar as compressões posicionando-se 2015)
12 - REFERÊNCIAS
TABELA 2 – Diferenças do Suporte Básico de Vida entre
Adultos, Crianças a partir de 1 ano e Crianças de até 1 ano
1. Ferreira AVS, Garcia E. Suporte básico de vida. Rev
Soc Cardiol Estado São Paulo. 2001;11(2):214-25.
Crianças – a Crianças – do
Adultos partir de 1 ano nascimento até 1 2. The American National Red Cross. Basic Life
até a puberdade ano de vida Support for Healthcare Providers Handbook.
Caso esteja Caso esteja
StayWell, Estados Unidos da América, 2015.
Chamada para sozinho, 2 sozinho, 2 3. Kleinman ME, Brennan EE, Goldberger ZD, Swor
Imediatamente, e
recursos
depois iniciar RCP
minutos de RCP minutos de RCP RA, Terry M, Bobrow BJ, Gazmuri RJ, Travers AH,
adicionais antes de parar antes de parar
para chamar para chamar
Rea T. Part 5: adult basic life support and
cardiopulmonary resuscitation quality: 2015
Um pouco além
Além da posição American Heart Association Guidelines Update for
Vias aéreas da posição Posição neutra
neutra
neutra Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency
1 ventilação a Cardiovascular Care. Circulation. 2015;132(suppl
Ventilação 1 ventilação a 1 ventilação a
cada 5-6
segundos
cada 3 segundos cada 3 segundos 2):S414–S435.y
Taxa de 4. Marchi JC, Nazário NO. Suporte Básico da Vida:
100-120/minuto 100-120/minuto 100-120/minuto
compressões livro didático. Design institucional Carmen Maria
Profundidade Pelo menos 5 Cerca de 5 Entre 3,5 e 4 Cipriani Pandini. Unisul Virtual. Palhoça – RS, 2007.
da compressão centímetros centímetros centímetros 5. MUNIZ, Elaine Cristina S. et al. Utilização da Escala
• Em um • Em um • Em um de Coma de Glasgow e Escala de Coma de Jouvet
Compressões:
taxa de
socorrista: 30:2 socorrista: 30:2 socorrista: 30:2 para avaliação do nível de consciência. Rev. esc.
• Em dois • Em dois • Em dois enferm. USP, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 287-303,
ventilações
socorristas: 30:2 socorristas: 15:2 socorristas: 15:2
1997.
• Pás de criança: Pás de criança:
entre 1-8 anos, até 1 ano de
Pá de adulto: abaixo de 25kg; idade
Pás do DEA acima de 8 anos, • Usar pás de • Usar pás de
acima de 25kg adulto caso não adulto caso não
tenha de criança tenha de criança
disponível disponível
• Canto superior
direito do peito,
abaixo da
clavícula direita
• Canto superior e à direita do
direito do peito, esterno
• Anteriormente
abaixo da •Peitoral
no meio do
clavícula direita e esquerdo, abaixo
Colocação das peitoral
à direita do da linha
pás do DEA • Posteriormente
esterno mamilar;
entre as
• Peitoral • Se houver risco
escápulas
esquerdo, abaixo das pás
da linha mamilar encostarem uma
na outra,
posicioná-las
anterior e
posteriormente
Tabela 2 : FONTE: Kleinman ME, Brennan EE, Goldberger ZD, Swor RA, Terry M
Bobrow BJ, Gazmuri RJ, Travers AH, Rea T. Part 5: adult basic life support and car
diopulmonary resuscitation quality: 2015 American Heart Association Guidelines
Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care
. Circulation. 2015;132(suppl 2):S414–S435.
FOR LIFE CAPÍTULO 2
Suporte Avançado de Vida
Não existe uma diretriz que indique o Deve-se monitorar bradicardia, hipotensão e
número mínimo de ciclos de RCP e choques a toxicidade gastrointestinal.
serem administrados antes do uso das drogas,
sendo que estas devem ser utilizadas durante o
RCP e nunca devem ser utilizadas em pacientes
hipotérmicos.
Os medicamentos podem ser
administrados tanto por via Intravenosa quando
por endotraqueal. Sendo que na Intravenosa
devem ser administrados em bolus para que seus
níveis subam rapidamente no organismo,
juntamente com 20mL de fluido IV.
Já na endotraqueal a dose é 2 a 2,5 vezes
maior que pela via IV, podendo ser administrados
epinefrina, lidocaína, vasopressina e atropina
sendo estas diluídas em 5-10mL de água ou Figura 6: Procedimento em ritmos chocáveis (Acesso em:
http://www.laccv.sites.ufms.br)
solução salina.
O tratamento com drogas se inicia com o
5 – PROCEDIMENTOS NÃO CHOCÁVEIS
uso de drogas vasopressoras que otimizam o
débito cardíaco, a frequência e a pressão arterial.
Utiliza-se epinefrina 1mg por via intravenosa ou Em ritmos não chocáveis (Atividade
intraóssea a cada 3-5 minutos e por via Elétrica Sem Pulso e Assistolia) deve-se realizar
endotraqueal aumenta-se a dose. Pode-se utilizar um pequeno diagnóstico diferencial a fim de se
Vasopressina 40 U IV/IO para substituir a primeira seguir a melhor conduta para o caso.
ou a segunda dose de epinefrina. Atualmente, são divididos em 5H’s e 5T’s
cada um com um procedimento diferente.
Caso a FV/TV persistirem após 2 ou 3
choques e a administração de vasopressores, Novamente, as drogas devem ser
deve-se considerar o uso de antiarrítmicos. Um administradas durante a RCP. Utiliza-se
destes é a Amiodarona que deve-se utilizar a inicialmente um vasopressor, como nos ritmos
primeira dose de 300mg IV/IO e uma segunda chocáveis. Sendo este a epinefrina 1mg IV/IO,
150mg após 3-5 min. Outra é a Lidocaína 1 – 1,5 repetindo a dose a cada 3 – 5 minutos ou
mg/kg IV/IO, depois aumentar 0,5 – 0,75 mg/kg vasopressina 40U IV/IO para substituir a primeira
em intervalos de 5 – 10 min até 3 doses ou 3 e segunda dose de epinefrina.
mg/kg Em seguida, analisa-se o ritmo após a
Para um tipo específico de taquicardia, administração de vasopressores e se necessário
conhecido como Torsades de Pointes (taquicardia considera-se o uso de atropina. Caso o paciente
com QRS largo – relacionado com a presença de melhore, começa a manutenção pós-
QT longo – secundário a fármacos ou congênito) ressuscitação
utiliza-se Magnésio com uma dose ataque 1 – 2g
IV/IO diluídos em 10mL de Soro Glicosado 5% com
administração continua de 5 – 20 min.
Após as manobras, caso o paciente
ressuscite, vem a manutenção pós ressuscitação
que visa impedir um novo episódio de parada
cardíaca. Para tal fim, utiliza-se amiodarona com
uma dose máxima de 2,2 g/ dia. Iniciando com
bolus de 150 mg por via IV em 10 min.
Adicionando 1 mg por minuto nas primeiras 6 Figura 7: Causas de AESP e Assistolia (Acesso em:
horas e 0,5 mg por minuto nas próximas 18h. http://www.slideplayer.com.br)
Capítulo 2: Suporte Avançado de Vida P á g i n a | 21
6 - REFERÊNCIAS
ANEXO 1
FOR LIFE CAPÍTULO 3
Sinais Vitais e Equipamentos
Figura 3: Termômetro Retal. Retirado de FIgura 7: Termômetro de tira descartável. Retirado de <http://mlc-s1-
<http://www.mercadodobebe.com/images/pTRU1-2788632dt[1].jpg> p.mlstatic.com/23259-MLC20245838076_022015-O.jpg> Acesso em
Acesso em 03/11/2015 03/11/2015.
Capítulo 3:Sinais Vitais e Equipamentos P á g i n a | 26
3 – PULSO
Tabela 1: Locais de pulso e suas vantagens. Retirado de POTTER, Patricia A; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de Enfermagem. 7 ed. Página 521. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
Capítulo 3:Sinais Vitais e Equipamentos P á g i n a | 27
5 – P RESSÃO ARTERIAL
4.3 - EQUIPAMENTOS
É definida como força exercida pelo
O estetoscópio pode ser utilizado para a sangue sobre a parede dos vasos, promove uma
avaliação da frequência respiratória. Já o boa perfusão dos tecidos e permite trocas
oxímetro de pulso, avalia a saturação de oxigênio metabólicas. Apesar das dificuldades técnicas,
e hemoglobina, importantes para a avaliação da deve ser aferida em todas as idades. (PORTO,
difusão e perfusão. (BICKLEY, 2010). 2009).
RELAÇÃO: PA = DC X RPT
Tabela 2: Alterações no padrão respiratório. Retirado de: POTTER, Patricia A; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de Enfermagem. 7 ed. Página 532. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
Capítulo 3:Sinais Vitais e Equipamentos P á g i n a | 29
Figura 13: Etapas para determinar a pressão arterial. Retirado de: BICKLEY,
Lynn S. Bates propedêutica Médica. 10 ed. Página 70. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
• Se houve algum acontecimento prévio que possa 2010). Outro diagnóstico a ser cogitado seria de
ter motivado o desmaio; HSA (TUMAS, 2015a). Indivíduos que manifestam
• Se apresentou quadro convulsivo antes, durante HIC comumente desfalecem na ocorrência de
ou após o desfalecimento;
trombose venosa cerebral (TUMAS, 2015a).
• Se a pessoa está tomando alguma medicação.
Além disso, nos casos de AVE em que a
perda de consciência é constatada, o paciente
A) RELAÇÃO ENTRE OS DADOS OBSERVADOS E A acorda apresentando sequelas, tais como:
SUSPEITA DE AVE paralisia dos membros, boca torta, desorientação
ou incapacidade de falar (PINHEIRO, 2014).
Existem inúmeras explicações plausíveis
para que um desmaio ocorra. Dentre as causas 2.2 – S ÍNCOPE NEUROCARGIOGÊNICA
mais graves estão: doenças neurológicas e
acidente vascular encefálico. Tendo em vista a Desmaios originados por irritações ou
vastidão de possibilidades, a observação dos danos ao nervo vago não são sempre associados
sintomas serve para que algumas delas possam aos acidentes vasculares encefálicos, pois, em
ser descartadas ou ponderadas. geral, é necessário saber primeiro, qual foi o tipo
Em se tratando de um AVE, a recuperação de acidente vascular e se houve ou não o
do paciente é lenta e raramente completa desfalecimento total ou apenas uma perda de
(PINHEIRO, 2014). consciência que se assemelhe a um desmaio
Segundo Bösiger e Souza (2010), quando (TUMAS, 2015a).
o reestabelecimento é considerado completo, Na ocasião de um AVE, quando a síncope
mesmo se a síncope foi comprovadamente se faz presente dentre os demais sintomas, tendo
associada a um acidente vascular encefálico, é ela sido constatada como consequência de
quase certo que um caso de Acidente Isquêmico estresse ortostático, posteriormente levando à
Transitório Vertebrobasilar possa ter sido o inconsciência, é denominada Síncope
responsável pelo desmaio, apesar de que, não é Neurocardiogênica (GARDENGHI et al., 2004).
tão comum e nem sempre é considerado um Neste caso, conforme Ladeira et al., (2015),
quadro de síncope, pelo fato de não apresentar houve um aumento considerável na regulação
hipoperfusão global cerebral. vagal no coração, reduzindo a atividade do
Casos de AIT carotídeo não apresentam sistema nervoso simpático.
perda de consciência, mas também podem ser Apesar da incidência expressiva nos AVEH,
confundidos com uma síncope (BÖSIGER; SOUZA, existem algumas circunstâncias menos
frequentes nas quais um desmaio do gênero pode tornando uma sequela, de modo que alguns
ocorrer durante a instalação de um acidente pacientes passam a ser epiléticos após um terem
vascular isquêmico, pelo fato de envolver tido, geralmente, um acidente vascular encefálico
alterações no nervo vago (OLIVEIRA; CARDEAL; isquêmico. A recorrência dessas crises epilépticas
LIMA, 1997). surge quando, de alguma forma, os danos
Um estudo feito com base na causados pelo AVE afetam alguma estrutura do
manifestação conjunta de ectasia da artéria encéfalo (FUKUJIMA; CARDEAL, 1997).
basilar e AVE indica a maior ocorrência de AVE do
tipo isquêmico entre os indivíduos portadores de 3.1 – C ONVULSÕES NO ADULTO COMO
EB. Posteriormente, notou-se que a maior parte
PREDIÇÃO DE AVE
dos quadros clínicos de AVEI decorria da
compressão do nervo vago. Sendo ele o mais
acometido, foram atribuídos ao nervo vago Martins et al. (2005), destaca um estudo
lesionado sintomas como disfonia e disfagia, relacionando convulsões que se iniciam na fase
característicos do acidente vascular encefálico adulta, sem motivo aparente, com a
isquêmico (OLIVEIRA; CARDEAL; LIMA, 1997). probabilidade das crises precederem um AVE.
Chegou-se à conclusão de que convulsões de
início tardio estão realmente ligadas a um risco
2.3 – S ÍNCOPE NEUROLÓGICA
maior de o indivíduo ser portador de uma doença
cerebrovascular. Isso compõe um novo fator a
Para Fukujima (2007), a anamnese que se atentar, pois, o diagnóstico não se limita
confere uma abordagem essencial na descoberta aos exames neurológicos. Ele também se baseia
da origem da síncope e para que o paciente possa na história clínica (OLIVEIRA, 2013).
ser atendido nos aspectos devidos relativos à
condição que o afeta, pois, entre 30 e 50% dos
pacientes avaliados não obtém uma resposta
3.2 – C OMO LIDAR COM UMA CRISE
conclusiva (LUIZ et al., 2014). CONVULSIVA
A síncope neurológica se caracteriza pela
perda total ou parcial de consciência, resultante Os quesitos mais importantes, no
de condições neurológicas, como o AVE. momento de classificar um quadro convulsivo,
Comumente surge relacionada à outros sinais de são: sua origem e o tempo de duração. Como nem
acidente vascular encefálico, os quais merecem a sempre é possível identificar a causa – motivo
atenção dos profissionais de saúde, para que a pelo qual é necessário cogitar a possibilidade de
melhor estratégia diagnóstica seja colocada em um AVE –, nem, ao menos, determinar se a
prática (FUKUJIMA, 2007). primeira crise convulsiva foi realmente a primeira.
Durante os episódios, a pressão de Resta o período de persistência da crise
perfusão cerebral que é uma variável da pressão para servir como principal meio de avaliação
arterial e da resistência vascular periférica, primária (MANICA, 2009).
diminui. Em seguida, a PA também é reduzida, O diagnóstico errado pode trazer
seguida pela desaceleração dos batimentos consequências para o paciente, uma vez que,
cardíacos (TEIXEIRA, 2007). para o caso de um AVE, por exemplo, o uso de
anticonvulsivos pode vir a piorar o estado do
3 - C ONVULSÕES indivíduo (BRANDÃO NETO, 2014).
decorrentes das queimaduras (AZULAY et al, Queimadura de segundo grau: Pode ser diferenciada em
2013). superficial e profunda, sendo a superficial mais branda,
chegando a conservar razoável quantidade de folículos
pilosos e glândulas sudoríparas (Figura 2). Caracteriza-se
2 – A PELE pela presença de bolhas, eritema, exsudação e dor intensa.
No caso da profunda, há uma destruição quase completa da
derme. Sua coloração é mais pálida e menos dolorosa
Entre os órgãos atingidos pelas (AZULAY et al, 2013; BELDA JUNIOR et al, 2014).
queimaduras, a pele é a mais frequentemente
afetada. Considerada o maior órgão do corpo
humano, 6 a pele é a parte do organismo que
recobre e resguarda a superfície corporal, tendo
algumas funções, tais como controlar a perda de
água e proteger o corpo contra atritos. A pele
desempenha também um papel importante na
manutenção da temperatura geral do corpo,
devido à ação das glândulas sudoríparas e dos
capilares sanguíneos nela encontrados.
A pele forma uma barreira protetora
contra a atuação de agentes físicos, químicos ou
bacterianos sobre os tecidos mais profundos do Figura 2: Queimadura de segundo grau em mão
(Fonte:http://www.queimados.com.pt/Queimaduras/Classifica%C3%A
organismo. Além disso, a pele é composta por 7%C3%B5esdequeimaduras/tabid/62/Default.aspx, Acessado em
camadas que detectam as diferentes sensações 06/11/2015)
1- I NTRODUÇÃO 3 - T RIAGEM
da ferida, a qual se caracteriza por ser maior que O pulso deve ser avaliado bilateralmente
dois terços do diâmetro da traqueia (FERRADA e para verificação de qualidade, frequência e
RODRIGUES, 2010). regularidade; preferencialmente deve ser feito
A gravidade do tórax instável depende da num pulso central de fácil acesso, como femoral
lesão pulmonar associada. Não se constitui em e carotídeo. Segundo Oliveria (2007), em vítimas
indicação imediata de intubação endotraqueal; conscientes pode-se avaliar o pulso radial
mas o paciente deve receber ventilação e inicialmente (ATLS, 2012).
oxigenação adequadas imediatamente (FERRADA Pulso rápido e filiforme é habitualmente
e RODRIGUES, 2010). um sinal de hipovolemia, embora possa ter outras
O hemotórax maciço, é manifestado por causas. Uma frequência normal de pulso não é
hipotensão ausência de murmúrios vesiculares ou garantia de normovolemia; porém, uma
macicez à percussão; não possui ingurgitação das frequência alterada geralmente é um sinal de
veias devido à hipovolemia. Deve ser feita alerta para potencial disfunção cardíaca. A
introdução de cristaloides e sangue o mais rápido ausência de pulsos centrais, não relacionada a
possível, e o tórax deve ser drenado por um dreno fatores locais, indica necessidade imediata de
de calibre 38 French. A depender do volume reanimação para recuperar débito cardíaco
sanguíneo, a toracotomia pode ser indicada adequado (ATLS, 2012).
(FERRADA e RODRIGUES, 2010).
II - HEMORRAGIA
ABCDE – CIRCULAÇÃO E CONTROLE DA
HEMORRAGIA A hemorragia pode ser capilar, venosa ou
arterial. A primeira é causada por escoriações
Principais fatores circulatórios a superficiais e geralmente cessa rapidamente; a
considerar: volume sanguíneo e débito cardíaco, venosa, apesar de atingir tecidos mais
hemorragia. profundamente, pode ser controlada por pressão
aplicada no local e, em geral, não ameaça a vida.
A hemorragia arterial, por outro lado, é a mais
I – VOLUME SANGUÍNEO E DÉBITO CARDÍACO difícil de ser controlada; causada por lesão em
uma artéria, é caracterizada por sangue muito
A hemorragia é um das principais causas vermelho e que jorra da ferida; mesmo uma
de morte evitável pós-trauma. Uma vez sendo pequena ferida perfurante em uma artéria pode
descartado o pneumotórax como causa de ser ameaçadora à vida (PHTLS, 2011).
choque, a hipotensão deve ser considerada Deve-se identificar se a fonte da
hipovolêmica até que haver confirmação hemorragia é interna ou externa. Esta, deve ser
contrária. Para que o estado hemodinâmico seja, identificada e controlada durante a avaliação
então, avaliado rapidamente, são importantes os primária, sendo significativa, deve ser tratada por
elementos clínicos: nível de consciência, cor da compressão manual direta sobre o ferimento;
pele e pulso (ATLS, 2012). caso essa ação não seja efetiva, o torniquete pode
O nível de consciência reflete a perfusão ser usado, sendo efetivo no controle da
cerebral, diminuída em situações de hipovolemia. hemorragia em membros, ainda que apresente
No entanto, um paciente que esteja consciente risco de lesões isquêmicas. Em geral, os
também pode ter perdido grande volume torniquetes são descritos como “último recurso”
sanguíneo (ATLS, 2012). e devem ser utilizados quando a manobra de
A cor da pele é importante na compressão direta for insuficiente para controlar
identificação de um paciente hipovolêmico, de a hemorragia (PHTLS, 2011; ATLS, 2012).
modo que, um paciente com pele de coloração As principais áreas de hemorragia interna
rósea, principalmente na face e extremidades, são tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos
raramente está em estado hipovolêmico crítico longos, e a fonte geralmente é identificada
(ATLS, 2012). através de exame físico e de imagem. O
tratamento pode incluir descompressão do tórax,
Capítulo 7:Trauma P á g i n a | 49
compressão da pelve, uso de imobilizadores e Tabela 1 – Pontuação na Escala de Coma de Glasgow para
intervenção cirúrgica (ATLS, 2012). avaliação do nível de consciência
O tamponamento cardíaco pode ser Indicador Resposta Observada Pontuação
confundido com pneumotórax hipertensivo.
Dificilmente a tríade de Beck (distensão das veias Espontânea 4
Sem resposta 1
Uma rápida avaliação neurológica deve
Obedece comandos 6
ser feita ao final da avaliação primária e Localiza dor 5
estabelecer nível de consciência do paciente, Reflexo de retirada
4
tamanho e reatividade das pupilas, sinais de Melhor resposta
motora Flexão à dor
lateralização e nível de lesão da medula espinhal 3
O exame físico na avaliação secundária 1. Advanced Trauma Life Suport; Suporte Avançado
segue a sequência: cabeça, estruturas de Vida no Trauma – ATLS, Manual do Curso para
maxilofaciais, pescoço e coluna cervical, tórax, Alunos. 9ª edição; Chicago: Copyright, 2012.
2. FERRADA, R.; RODRIGUES, A. Trauma: sociedade
abdome, períneo/reto/vagina, sistema
panamericana de trauma. São Paulo: Atheneu,
musculoesquelético e sistema neurológico (ATLS,
2010.
2012). 3. OLIVEIRA, B.F.M.; PAROLIN, M.K.F.; TEIXEIRA
Como medidas auxiliares à avaliação JUNIOR, E.V. Trauma: atendimento pré-
secundária, a contínua monitorização e elevada hospitalar. 2 ed. Revis e ampl. São Paulo:
suspeição ajudam a detectar possíveis lesões Atheneu, 2007
desapercebidas até então. Ademais, podem ser 4. PHTLS/NAEMT. Atendimento pré-hospitalar ao
realizados testes diagnósticos especializados para traumatizado, PHTLS. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
identificar lesões específicas, como radiografias
da coluna e extremidades; TC de crânio, tórax,
abdome e coluna; urografia excretora e
arteriografia; ultrassonografia transesofágica;
broncoscopia; esofagoscopia e outros
procedimentos diagnósticos (ATLS, 2012).
11 - REAVALIAÇÃO
hemorragias e de mais difícil controle (PORCIDES, episódio anormal do sistema cardiovascular que
2006). causa déficit na perfusão orgânica e na
No caso de lesão de veias calibrosas, a oxigenação tecidual. Essa definição é também útil
hemorragia venosa aprsentará sangue de ao diagnóstico inicial do choque, visto que esse
coloração vermelho escuro, com fluxo continuo e processo de reconhecer esse estado é baseado na
de baixa pressão. Lesão de veias de calibres avaliação clínica (ATLS, 2012).
menores não são consideradas graves (PORCIDES,
2006). 2.1 – A VALIAÇÃO INICIAL DO DOENTE
As hemorragias capilares não são graves,
pois surgem de vasos pequenos, pressão menor Após ter assegurado o bom
que a hemorragia arterial e geralmente são de funcionamento das vias aéreas e da ventilação do
fácil controle (PORCIDES, 2006). paciente, deve-se iniciar uma avaliação minuciosa
do estado circulatório para que qualquer
1.3 – MÉTODOS DE CONTROLE DA HEMORRAGIA manifestação precoce do choque não passe
EXTERNA despercebida (ATLS, 2012).
A pressão sistólica pode ser um indicativo
Pode ser feita a pressão direta utilizando do choque, porém devido a mecanismos
luvas, compressas e realizando bandagens, como compensatórios da regulação da pressão arterial,
na figura 1. Caso seja feita bandagem é necessário a queda significativa da pressão pode ocorrer
verificar se há pulso nos segmentos distais ao apenas em estágios mais avançados do choque.
ferimento, caso não haja a bandagem deve ser Então é necessário prestar atenção nos sinais
reajustada para manter a circulação. A precoces, sendo eles a frequência cardíaca,
compressão direta é útil, pois diminui o frequência respiratória, perfusão cutânea e
extravasamento de sangue e favorece a pressão de pulso (ATLS, 2012).
coagulação. Elevar a área do ferimento acima do No adulto as manifestações de choque
nível do coração faz com que a gravidade diminua mais comuns são a vasoconstrição periférica,
o sangramento, porém não deve ocorrer em caso diminuindo a perfusão em extremidades e
de fraturas ou luxações. Torniquetes não são deixando a pele fria, taquicardia e diminuição da
recomendados (PORCIDES, 2006). pressão de pulso que evidencia a ativação de
mecanismos compensatórios devido a perda
sanguínea (ATLS, 2012).
2 - C HOQUE Os parâmetros de frequência cardíaca
variam de acordo com a idade, sendo taquicardia
acima de 160 batimentos por minuto no lactente,
A definição do choque é diversa na
140 em idade pré-escolar, 120 até a puberdade e
literatura, entretanto é tratado como um
100 no adulto (ATLS, 2012).
dólares recursos mais do que suficientes para uma característica única, a singularidade em que
promover campanhas nacionais de prevenção. está sujeita a este tipo de ocorrência. Por sua
Embora alguns países tenham demonstrado posição geográfica continental, sua imensa
redução no número de óbitos e incidentes população, sua heterogeneidade em renda e
aquáticos, as Nações Unidas antecipam que o educação, posição em dois hemisférios com
problema afogamento deve crescer nos próximos estações diferentes, e seu clima tropical durante
anos, principalmente nos países de baixa renda se todo ano o Brasil possui, uma das se não a maior
não houver intervenção drástica como o uso da área espelhada e utilizável no mundo, o que gera
prevenção. o maior número de resgates aquáticos e um dos
A maior parte dos afogamentos no mundo maiores números de óbitos no mundo. Embora
ocorre de forma não intencional, diferente dos com todos estes fatos em andamento, a
países como Irlanda, Japão e Holanda, onde o mortalidade por afogamento vem declinando no
suicídio é uma das formas mais freqüentes. Os Brasil nos últimos 34 anos (1979-2012) em
fatores de risco para o afogamento estão número absoluto e mais importante em número
associados a idade menor de 14 anos, uso de relativo (óbitos/100.000 habitantes) conferindo
álcool, baixa renda, baixa educação, uma redução no número de óbitos de 1979 a
comportamento de risco, e falta de supervisão. O 2012 da ordem de 39% e a redução do risco de
risco em pessoas epilépticas é de 15 a 19 vezes acidente aquático em nosso país.
maior. No mundo, homens se afogam e morrem
em média cinco vezes mais que as mulheres. O
afogamento é a maior causa de óbito em homens
de 5 a 14 anos e a 5ª entre mulheres. Na China é
a primeira causa de óbito na faixa de 5 a 14 anos
de idade. Nos EUA é a segunda causa de morte
não intencional na faixa de 1 a 14 anos de idade.
Em crianças de 1 a 4 anos, o afogamento é a
segunda causa de morte por trauma na África do
Sul e a primeira na Austrália.
Os afogamentos em água doce são mais
frequentes em crianças, principalmente menores
de 10 anos. Estima-se que existam mais de 4.500 Gráfico 1: Óbitos por afogamento no Brasil (Fonte: Szpilman David.
casos de morte por ano só nos EUA, onde 50.000 Afogamento - Perfil epidemiológico no Brasil - Ano 2012)
Estes dois mecanismos de lesão provocam cardíaca e consequente morte. Sabemos que
a diminuição ou abolição da passagem do O2 para todas as vítimas afogadas têm hipotermia,
a circulação e do CO2 para o meio externo, e mesmo aquelas afogadas em nosso litoral
serão maiores ou menores de acordo com a tropical.
quantidade e a velocidade em que o líquido foi 3. Afogamento- descrito adiante.
aspirado. Se o quadro de afogamento não for
interrompido, esta redução de oxigênio levará a 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS AFOGAMENTOS
parada respiratória que consequentemente em
segundos ou poucos minutos provocará a parada
cardíaca. Há alguns anos, pensava-se que os A Classificação de afogamento permite ao
diferentes tipos de água produziam quadros de socorrista estabelecer a gravidade de cada caso,
afogamento diferentes. Hoje, sabemos que os indicando a conduta a ser seguida. Foi
afogamentos de água doce, mar ou salobra não estabelecido com o estudo de casos de
necessitam de qualquer tratamento diferenciado afogamento no Centro de recuperação de
entre si. Afogados (CRA) de Copacabana e seu
acompanhamento no Hospital Municipal Miguel
Couto durante 20 anos. A classificação não tem
5 – TIPOS DE LESÃO NA ÁGUA caráter evolutivo, devendo ser estabelecida no
local do afogamento ou no primeiro
1. A Hidrocussão ou Síndrome de Imersão atendimento, com o relato de melhora ou piora
(vulgarmente conhecida como "choque do quadro. O primeiro passo no entendimento do
térmico") é um acidente desencadeado por processo de afogamento é diferenciarmos entre
uma súbita exposição á água mais fria que o um caso de Resgate e Afogamento.
corpo, levando a uma arritmia cardíaca que
poderá levar a síncope ou a parada Resgate: vítima resgatada viva da água que não
cardiorrespiratória (PCR). Parece que esta apresenta tosse ou espuma na boca e/ou nariz -
pode ser liberada no local do acidente sem
situação pode ser evitada se molharmos a
necessitar de atendimento médico após avaliação
face e a nuca antes de mergulhar.
do socorrista, quando consciente. Todos os casos
2. Hipotermia - A exposição da vítima à água fria podem apresentar hipotermia, náuseas, vômitos,
reduz a temperatura normal do corpo distensão abdominal, tremores, cefaleia (dor de
humano, podendo levar a perda da cabeça), mal estar, cansaço, dores musculares,
consciência com afogamento secundário ou dor no tórax, diarreia e outros sintomas
até uma arritmia cardíaca com parada inespecíficos. Grande parte destes sintomas é
Tabela 2: Resumo quanto à Classificação e Tratamento
Fonte: Szpilman D. Manual EMERGÊNCIAS AQUATICAS. Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – SOBRASA. 12/2013.
Capítulo 10:Afogamentos P á g i n a | 67
Afogamento: pessoa resgatada da água que 1. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: por estímulo tátil ou
apresenta evidencia de aspiração de líquido: sonoro
tosse, ou espuma na boca ou nariz - deve ter sua 2. EFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA: ver, ouvir, sentir e pela
auscultação pulmonar
gravidade avaliada no local do incidente, receber
3. EFICIÊNCIA CIRCULATÓRIA: pela verificação do
tratamento adequado e acionar se necessário pulso carotídeo
uma equipe médica (suporte avançado de vida). 4. AUSCULTAÇÃO PULMONAR. São vários sintomas
que podem ocorrer com vítimas de afogamento,
Também se pode classificar o afogamento como cansaço, náuseas, mal-estar entre outros
quanto à água e quanto à causa do afogamento. que podem levar uma pessoa a morte se não
receber um atendimento de resgate eficiente.
Neste caso uma guarnição bem preparada e de
A. Quanto ao Tipo de água (importante para
grande importância para segurança dos banhistas.
campanhas de prevenção): 1 - Afogamento em
água Doce: piscinas, rios, lagos ou tanques. 2 -
Afogamento em água Salgada: mar. 3- De acordo com o Corpo de Bombeiros de
Afogamento em água salobra: encontro de água
Santa Catarina (2011), o afogamento pode ser
doce com o mar. 4 – Afogamento em outros
líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro
classificado do grau I ao grau VI, levando em
material e outros. consideração os sinais vitais da vítima como,
B. Quanto à Causa do Afogamento (identifica a respiração, batimento cardíaco, pressão cardíaca.
doença associada ao afogamento): 1 - Afogamento Sendo que para cada grau existe uma forma
Primário: quando não existem indícios de uma correta de procedimento pré-hospitalar.
causa do afogamento. 2 - Afogamento Secundário:
quando existe alguma causa que tenha impedido a Afogamento de Grau 1: o Corpo de Bombeiros
vítima de se manter na superfície da água e, em
Militar de Santa Catarina identifica a vítima com
consequência precipitou o afogamento: Drogas
(36,2%) (mais frequente o álcool), convulsão,
os sintomas de tosse sem espuma na boca ou
traumatismos, doenças cardíacas e/ou nariz. O Corpo de Bombeiros da Policia Militar do
pulmonares, acidentes de mergulho e outras. Estado de São Paulo complementa afirmando
que: as vítimas que apresentam esse grau de
afogamento aspiraram uma quantidade mínima
7 – A TENDIMENTO PRÉ - HOSPITALAR À de água, suficiente para produzir tosse.
VÍTIMA DE AFOGAMENTOS Geralmente têm um Aspecto geral bom, e a
ausculta pulmonar normal ou com sibilos ou
roncos, sem o aparecimento de estertores sendo
Logo após a retirada da vítima da água e já
que seu nível de consciência é bom com a vítima
tendo ideia do grau de classificação de
apresentando lucidez, porém podem estar
afogamento em que a vítima se encontra, será
agitadas ou sonolentas. Tais vítimas sentem frias
aplicado o atendimento pré-hospitalar na vítima,
e têm suas frequências cardíacas e respiratórias
que são procedimentos imediatos e temporários
aumentadas devido ao esforço físico, estresse do
com objetivo de manter a vítima viva até a
afogamento e também pela descarga
chegada de um ASU ou outro tipo de transporte
adrenérgica. Não apresentam secreções nasais e
de emergência. Partindo-se desse princípio, deve
bocais e podem ainda estar cianóticas devido ao
se analisar os sinais vitais da vítima como
frio e não devido à hipóxia. Quanto os
respiração, batimento cardíaco, pressão cardíaca.
procedimentos, são necessários deixar a vítima
O Corpo de Bombeiros da Policia Militar
em repouso, aquecida e tranquila.
do Estado de São Paulo, relaciona os sinais e
Frequentemente, não há necessidade de oxigênio
sintomas que a vítima apresenta, com o grau de
ou atendimento médico.
afogamento, podendo assim classificá-lo. Para
Capítulo 10:Afogamentos P á g i n a | 68
ANEXO 1
Tabela 3: Revista FLAMMAE. Revista Científica do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco Seção 2 – Resenhas Críticas Resenha
publicada no Volume 01, Nº02 - Edição de JUL a DEZ 2015 – ISSN 2359-4837 Versão on-line disponível em:
http://www.revistaflammaecbmpe.wix.com.
FOR LIFE CAPÍTULO 11
Catástrofes e Atendimento às Múltiplas Vítimas
Para que estes três princípios básicos A triagem também se aplica à classificação
sejam plenamente atendidos é necessário que dos doentes no local e à escolha do hospital para
haja comando, comunicação e controle, que são o qual o doente deverá ser transportado. E de
pontos capitais, indispensáveis para o sucesso do responsabilidade da equipe pré-hospitalar e de
atendimento. seu diretor médico assegurar que o doente
É preciso que haja um comandante da apropriado seja transportado para o hospital
área no local, junto a um Posto de Comando, apropriado. Por exemplo, é inadequado que a
identificável por todos e que todos obedeçam a equipe pré-hospitalar transporte um doente
suas ordens e orientações; um coordenador gravemente traumatizado para um hospital não
médico para chefiar as atividades médicas locais especializado no tratamento do trauma quando
e um coordenador operacional (Oficial de um centro de trauma está disponível noutro
Socorro) para as atividades de salvamento, todos hospital (ATLS,2012)
trabalhando conjuntamente. Escalas pré-hospitalares de trauma são
É necessário que haja comunicação entre úteis para a identificação dos doentes portadores
as equipes de atendimento, bem como de lesões graves e que devem ser transportados
comunicação com a central de operações. Tal a centros de trauma.
comunicação não deve interferir na rede de
comunicações da unidade, para evitar 3.2. Princípios de Triagem
congestionamento.
Congelar a área mediante o controle total 1 - Faça o Melhor para o Maior Número de Doentes Usando
do local do acidente é o primeiro objetivo do os Recursos Disponíveis: esse é o princípio orientador
comandante da área. Este objetivo visa limitar a central que baseia todos os outros princípios de
extensão do acidente, organizar ações e medidas triagem, regras e estratégias. Eventos com
efetivas de segurança proteção e atendimento múltiplas vítimas por definição não excedem os
pré-hospitalar a todas as vítimas envolvidas, no recursos disponíveis. Eventos com vítimas em
menor tempo possível. massa, entretanto, excedem os recursos médicos
A função de comando tem por objetivo disponíveis e requerem triagem; os profissionais,
evitar três grandes transtornos: o local, o sistema e/ou a instituição são incapazes
de gerenciar o número de vítimas utilizando
• Ocorrência de novos acidentes; métodos usuais. Intervenções padronizadas de
• Tratamento e transporte inadequado das vítimas atendimento, evacuações e procedimentos não
aos hospitais; podem ser completados (para cada lesão) em
• Que o caos local seja transferido ao hospital mais cada doente dentro do intervalo de tempo usual
próximo.
(ATLS, 2012).
Os princípios de triagem são aplicados
3 - TRIAGEM quando o número de vítimas excede as
capacidades médicas que estão imediatamente
disponíveis para prestar o atendimento usual e
3.1. Definição de Triagem rotineiro (ATLS, 2012).
Triagem é o processo pelo qual se prioriza 2 - Tome uma Decisão: o tempo é essencial durante a
o tratamento de doentes durante eventos de triagem. O aspecto mais difícil desse processo é
vítimas em massa. tomar a decisão médica sem as informações
A triagem envolve a classificação dos completas. Aquele que realiza a triagem (ou
doentes de acordo com o tipo de tratamento oficial de triagem) deve ser capaz de avaliar
necessário e os recursos disponíveis. O rapidamente a cena e o número de vítimas, deter-
tratamento prestado deve ser baseado nas se em doentes individuais por curtos períodos e
prioridades ABC (Via aérea e proteção da coluna realizar determinações imediatas de triagem para
cervical, Ventilação, Circulação com controle da cada doente (ATLS, 2012).
hemorragia) (ATLS,2012).
Capítulo 11:Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas P á g i n a | 74
Decisões de triagem são normalmente tenha sido treinado na gestão de desastres (ATLS,
realizadas decidindo que lesões dos doentes 2012).
constituem o maior risco imediato à vida. Assim,
as prioridades de via aérea, respiração, circulação 5 -Planejamento e Treinamento:a triagem deve ser
e incapacidade do ATLS são as mesmas planejada e treinada sempre que possível.
prioridades usadas para a tomada de decisão na Eventos que possuem grande probabilidade de
triagem. Dessa forma, geralmente, problemas da ocorrer na área local são um bom ponto de
via aérea são mais rapidamente letais do que partida para o planejamento e o treinamento do
problemas da respiração, que por sua vez são atendimento de vítimas em massa. Por exemplo,
mais rapidamente letais do que problemas da simule um evento de vítimas em massa de uma
circulação, os quais são mais rapidamente letais queda de avião caso a instituição fique próxima a
do que lesões neurológicas (ATLS, 2012). um grande aeroporto, derramamento químico se
Todas as informações disponíveis, próxima a uma ferrovia movimentada, ou de
incluindo os sinais vitais, devem ser usadas para terremoto se em uma região de tremores de terra
tomar cada decisão de triagem. (ATLS, 2012).
Treino específico para cada tipo de
3 - A Triagem Ocorre em Múltiplos Níveis: triagem não é desastre possível é inviável, mas o planejamento
um evento ou uma decisão de uma única vez nem e uma afinação precisa da resposta institucional
em um único lugar. Triagem ocorre baseada na prática de exercícios são possíveis e
primeiramente na cena ou local do evento, necessárias (ATLS, 2012).
quando as decisões são tomadas em relação a
qual doente tratar primeiro e a sequência em que 6 -Determine os Tipos de Categoria de Triagem: o título
e
os doentes serão evacuados. A seguir, triagem a cor de cada categoria de triagem devem ser
ocorre normalmente fora do hospital para determinados no nível de sistema como parte do
determinar para onde os doentes serão planejamento e treinamento. Várias opções são
transportados dentro da instituição (serviço de utilizadas ao redor do mundo. Um método
emergência, sala de cirurgia, unidade de terapia simples e comum é usar etiquetas com as cores
intensiva, enfermaria ou ambulatório). Triagem do semáforo: vermelho, amarelo e verde.
então ocorre na área pré-operatória, quando Vermelho indica lesão com risco de vida que
decisões são tomadas sobre a sequência em que requer intervenção imediata e/ou cirurgia.
os doentes serão operados (ATLS, 2012). Amarelo indica lesões que podem se tornar
comprometedoras da vida ou de um membro,
4 - Conheça e Esteja Familiarizado com os Recursos caso o atendimento seja retardado por várias
Disponíveis: as decisões de triagem ideais são feitas horas. Doentes verdes são os feridos que
com conhecimento e entendimento dos recursos caminham e sofreram apenas traumatismos leves
disponíveis em cada nível ou estágio do (ATLS, 2012).
atendimento do doente. O oficial de triagem Esses doentes podem, às vezes, ser
também deve estar imediatamente alerta para as usados para auxiliar seu próprio atendimento e o
modificações dos recursos, tanto para mais cuidado de outros. Preto é frequentemente
quanto para menos (ATLS, 2012). usado para marcar os doentes mortos (ATLS,
Um cirurgião é o oficial de triagem ideal 2012).
para triagem hospitalar porque ele compreende Muitos sistemas acrescentam outra cor,
todos os componentes do funcionamento do como a azul, para doentes "expectantes" -
hospital, incluindo as salas de cirurgia. Esse aqueles que apresentam lesões tão graves que,
arranjo não funcionará em situações com um diante do número de vítimas que necessitam de
número limitado de cirurgiões e não se aplica ao atendimento, a decisão é tomada para apenas
local do incidente. O comandante médico do oferecer-lhes tratamento paliativo enquanto se
incidente (que pode ou não ser escolhido para atende primariamente os doentes vermelhos (e
trabalhar como oficial de triagem) deve ser o talvez alguns amarelos). Doentes que são
profissional médico mais graduado na cena e que classificados como expectantes devido à
Capítulo 11:Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas P á g i n a | 75
gravidade de suas lesões seriam, normalmente, a que necessitam de um transporte rápido até o
primeira prioridade em situações nas quais hospital para serem estabilizados no centro
existem apenas duas ou três vítimas necessitando cirúrgico. São os pacientes com:
de atendimento imediato. Entretanto, as regras,
protocolos e padrões de atendimento mudam • Choque;
diante do evento de vítimas em massa. Lembre- • Amputações.
se: "realize o melhor para o maior número de • Lesões arteriais;
doentes utilizando os recursos disponíveis" (ATLS, • Hemorragia Severa;
2012). • Lesões por inalação;
• Queimaduras em face;
• Lesão de face e olhos;
7 - A Triagem é Contínua (Retriagem): a triagem deve ser
• Lesões intra-abdominais;
contínua e repetida a cada nível ou local onde for • Insuficiência Respiratória;
necessária. Vigilância constante e reavaliação vão • Pneumotórax Hipertensivo
identificar doentes cujas circunstâncias • Lesões extensas de partes moles;
mudaram-se já por mudanças no estado • Queimaduras de 2º grau maior que 20% a 40%,
fisiológico ' ou por mudanças na disponibilidade ou de 3º grau maior que 10 a 30%;
de recursos. A medida que o evento de vítimas
em massa continua a se desdobrar, a necessidade Na área destinada às vítimas com Cartão
de retriagem torna-se evidente. A fisiologia de Amarelo vão aquelas vítimas que necessitam de
doentes traumatizados não é constante nem algum atendimento médico no local e posterior
previsível, especialmente considerando a transporte hospitalar, porém que não possuem
avaliação rápida e limitada exigida durante a risco de vida imediato. São os pacientes com:
triagem. (ATLS, 2012)
• Fraturas;
Alguns doentes pioram inesperadamente
• TCE leve, moderado;
e requerem uma "elevação" na categoria de
• Queimaduras menores;
triagem, talvez de amarelo para vermelho. Em
• Traumatismos abdominais e torácicos;
outros, uma fratura exposta pode ser descoberta • Ferimentos com sangramento que necessitam
depois do término da triagem inicial, exigindo suturas.
uma "elevação" na categoria de verde para
amarelo. Um grupo importante que requer Na área destinada às vítimas com Cartão
retriagem é a categoria expectante. Embora a Verde vão as vítimas que apresentam pequenas
triagem inicial classifique um doente como lesões, geralmente estão sentadas ou andando,
portador de traumatismos irrecuperáveis, isso sem risco de vida e que podem ser avaliadas
pode mudar depois que todos os vermelhos (ou ambulatoriamente. São os pacientes que causam
talvez vermelhos e alguns amarelos) tenham mais problemas na cena do acidente, geralmente
sidos atendidos ou evacuados (por exemplo, um estão com dor e em estado de choque e tendem
doente jovem com 90% de superfície corporal a ser pouco cooperativos. Não entendem o fato
queimada pode sobreviver caso surja a de estarem agrupados numa certa área
disponibilidade de um centro de queimados). recebendo cuidados mínimos. É extremamente
(ATLS, 2012) importante um apoio psicológico para manter
essas vítimas nessas áreas, pois do contrário elas
tendem a deixar o local, indo sobrecarregar o
4 – D ETALHAMENTO DAS ÁREAS DE hospital mais próximo. São os pacientes com:
PRIORIDADE DA TRIAGEM
• contusões;
Na área destinada às vítimas com Cartão • hematomas;
Vermelho vão todos os pacientes com risco de • escoriações;
vida imediato e que terão uma evolução favorável • pequenos ferimentos.
se os cuidados médicos forem iniciados
imediatamente. Aqui também irão os pacientes
Capítulo 11:Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas P á g i n a | 76
5.1 – Respiração
ANEXO 1
Figura 2: Fonte: American College of Surgeons, Advanced Trauma Life Supportl Student Course Manual, 9º edição - Chicago, 2012