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Dedico esta singela obra a todos os meus queridos sobrinhos, os quais muito amo.
Especialmente à minha afilhada Tiphany, pois graças a ela resolvi me dedicar à literatura infantil.
Agradeço-lhe por ter me ajudado a redescobrir meus mais puros sonhos de criança.
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1a PARTE
Tiphany era uma linda garotinha que morava com os seus pais e mais dois irmãos em um
bairro simples da cidade grande. Seus cabelos eram castanhos e encaracolados, sua pele era clara, e
tinha um olhar muito tranquilo. Seu sorriso era sempre sincero, o que fazia qualquer pessoa gostar
dela desde o primeiro instante. Sua família era humilde, mas muito unida. Seus pais eram dedicados
e carinhosos e, apesar das dificuldades financeiras serem muitas, não deixavam que isso afetasse o
Tiphany sempre foi uma criança muito criativa e tinha uma imaginação fértil. Isso a
mantinha ocupada a maior parte do tempo, pois criava muitos brinquedos e brincadeiras e não lhe
sobrava tempo para pensar em qualquer outra coisa. Ela também brincava com os seus irmãos, mas
Aos sete anos de idade, Tiphany passou a frequentar a primeira série em uma escola que
ficava na rua de trás de sua casa. Foi nesta escola que ela conheceu Stephanie, que passou a ser sua
grande amiga.
Stephanie era um ano mais nova que Tiphany e um pouco menor que ela, mas era tão bonita
quanto sua amiga. Seus cabelos eram mais escuros e mais lisos que os da Tiphany. Possuia um
olhar calmo e um doce sorriso que transmitia uma grande simpatia. Stephanie morava com sua mãe
na esquina da mesma rua que Tiphany. Seus pais se separaram quando ela ainda era um bebê, por
isso não guarda nenhuma lembrança do seu pai, mas não sente sua falta. Ela tem um tio de quem ela
gosta muito e que sempre vem lhe visitar. Seu nome é Pedro e ele a trata como se fosse sua filha.
Ele tinha uma agência de turismo no interior do Estado. Ele viajava muito, e toda vez que voltava
de algum lugar, passava na casa dela para deixar presentes que trazia e para lhe contar como tinha
sido a viagem. Ele sempre trazia alguma lembrança para a Tiphany também, pois sabia que as duas
estavam sempre juntas. Quando elas sabiam que ele passaria mais um final de semana na casa da
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Stephanie, as duas aguardavam ansiosas a semana toda para poder ouvir mais uma estória de
Tiphany conheceu tio Pedro na casa da amiga e desde então ficou encantada com suas
estórias e com sua maneira única de falar: bonita, devagar e cheia de detalhes, o que lhe facilitava
imaginar aquelas ruas, aqueles prédios, aqueles museus, de uma maneira tão clara, como se
A primeira vez que Tiphany viu tio Pedro, ele tinha acabado de chegar do Egito. Como todo
sábado de manhã, ela ia para a casa de sua amiga. Naquele dia, enquanto ela entrava na sala, tio
Pedro mostrava as fotos de sua viagem para Stephanie. Assim que ela entrou, ele a cunprimentou e
lhe perguntou:
__ Então preparem-se crianças, peguem uma carona nas asas da imaginação e conheçam o
No primeiro instante, Tiphany não entendeu o que ele quis dizer. Mas logo tio Pedro
conseguiu prender-lhe a atenção. E quanto mais detalhes sobre a viagem ele contava, mais ela
queria saber. Ela nunca imaginou que pudesse existir um lugar como aquele.
Não demorou muito para que sua mãe viesse chamá-la para almoçar. Então tio Pedro deu a
ela um cartão postal do Egito com a foto da Esfinge. Ela agradeceu e se despediu.
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__ Porque hoje tio Pedro mostrou para mim e para a Stephanie as fotos da viagem que ele
fez para o Egito e nos explicou tudo que ele viu. E ele disse também para a gente nunca deixar de
usar a nossa imaginação porque com ela podemos conhecer qualquer lugar e fazer qualquer coisa.
__ Essas crianças de hoje vivem no mundo da Lua. E esse tio Pedro ainda ajuda…
Tiphany não se importou com o que a sua mãe disse. Ela sabia que adultos não usavam
muito bem a imaginação. Pensou ela em como tinha sorte em ainda ser uma criança.
Ela ajudou sua mãe a arrumar a tirar os pratos da mesa e foi brincar com os seus irmãos.
`A noite, pegou o cartão postal que havia deixado na cozinha e o guardou embaixo do
travesseiro. Ela adormeceu pensando naquele país maravilhoso em que tio Pedro esteve há pouco
tempo e como seria se ela pudesse ver de perto aqueles monumentos gigantescos no meio do
deserto.
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2a PARTE
Enquanto dormia, sentiu que alguém a cutucava e ouviu uma voz chamar:
__ Tiphany… Tiphany…
Mesmo estando ela um pouco assustada, sentou-se na cama e viu um ser que parecia um
anjo. Ele vestia uma roupa branca e estava descalço, flutuando sobre a sua cama.
__ Não tenha medo, Tiphany. Só estou aqui porque seu anjo da guarda me pediu para te
__ Então você não é o meu anjo da guarda ? Quem é você ? __ indagou ela meio assustada.
__ Eu sou o Mestre dos Sonhos do Egito. Eu cuido para que apenas boas pessoas possam
sonhar com as coisas belas que há no meu país. O seu anjo da guarda me disse que você é uma
ótima garota: obediente, estudiosa, inteligente e também muito curiosa. Por isso decidi te levar para
as minhas terras para você poder ver de perto as maravilhas que você já conhece por fotos.
__ Você é o Mestre dos Sonhos do Egito. Então cada lugar tem o seu Mestre ? __ perguntou
__ Sim, Tiphany. Cada país tem o seu Mestre, cada cidade tem o seu também, cada bairro,
cada rua, cada casa e cada pessoa et m o seu também, e vocês os chamam de anjos da guarda. Cada
um é responsável por sua área, e para um poder entrar na área do outro precisa de permissão e, às
vezes, os chamados anjos da guarda procuram outros Mestres para ajudar as pessoas que estão sob
sua responsabilidade, pelos motivos mais diversos. No seu caso, o seu anjo apenas acha que você
merece esse privilégio. Também há Mestres que cuidam da saúde, que cuidam das flores e plantas,
dos animais, dos rios e tantos outros, que eu ficaria aqui a noite toda e não conseguiria te dizer
__ Se eu for com você, quando eu voltar ainda irei lembrar o que aconteceu ? __ perguntou
preocupada.
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__ Por enquanto você se lembrará nitidamente de tudo, mas quando se tornar adulta, vai
__ Como assim ?
__ Não se preocupe com isso agora, criança. O futuro ainda está tão distante. Só lhe digo
uma coisa: ouça sempre o seu coração que estará sempre dizendo para viver e aproveitar cada
minuto da sua existência no agora e deixar o depois para quando chegar a hora. Lembre-se: cada
acontecimento tem a sua hora certa, por isso não adianta ter pressa. E então, você ainda quer
__ Sim. Quero muito. Como conseguiram construir monumentos tão grandes sem ter
__ Há algumas teorias a respeito disso e uma delas está mais próxima da realidade: foram
utilizadas milhares de pessoas para transportar as pedras até os locais desejados onde foram
encaixadas umas às outras até terminarem a obra. E isso só foi possível porque os ancestrais do meu
povo herdaram poderes parecidos com o que vocês chamam de tecnologia hoje em dia, dos Mestres
__ E o que aconteceu ?
__ Bem, eles acharam que podiam controlar tudo sozinhos e com isso os Mestres ficaram
furiosos com eles e tiraram alguns de seus poderes e pararam de ajudá-los, assim as coisas foram
ficando cada vez mais difíceis para eles. Não podemos perder mais tempo. Vamos logo.
Alguns minutos depois ela abriu os olhos e percebeu que seus pés não estavam no chão, e
mesmo sentindo um grande frio na barriga não teve medo. Deu as mãos para os Mestre e partiram
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Enquanto viajavam, Tiphany, muito curiosa, resolveu esclarecer algumas dúvidas sobre o
Mestre:
__ Chegamos ao país que guarda em suas ruínas os mais inúmeros segredos da humanidade.
Enquanto chegavam mais perto das pirâmides, Tiphany ficou boquiaberta por alguns
minutos apenas observando aquelas obras de arte fenomenais, até que o Mestre quebrou o silêncio,
dizendo:
__ Tiphany, estas são as famosas Pirâmides de Gizé. Elas foram construídas para abrigar os
corpos embalsamados dos faraós com todos os seus pertences. Para os antigos egípcios, além do
faraó ser um deus em forma de gente, eles acreditavam também que a vida era eterna e que iriam
precisar do mesmo corpo e de todos os outros objetos que lhe foram úteis naquela vida.
__ Sim. E por todo o rio Nilo encontramos várias destas obras, mas as mais impressionantes
são essas, tanto pelo tamanho quanto pela precisão matemática e arquitetônica.
Depois de algum tempo, entraram em uma pirâmide de cada vez. O Mestre foi lhe
explicando tudo e lhe mostrando as inscrições ( chamadas hierógrafos ) gravadas e quase apagadas
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nas paredes. Depois, levou-a até a Esfinge, uma das mais belas e enigmáticas obras desse povo
antigo.
Foram a outros lugares também, como às ruínas dos templos de Karnak. Em Luxor, o
Mestre lhe mostrou o templo onde, em frente existiam dois obeliscos enormes de granito e lhe disse
Foram tantos os templos e estátuas visitadas que Tiphany começou a ficar cansada. Então o
Mestre a levou de volta para a Esfinge onde sentaram para descansar e ele disse:
__ Eles acreditavam em tantos deuses naquela época, mas deixaram de lado o maior de
__ Porque passaram a acreditar mais em suas riquezas e nos deuses criados por eles
mesmos, deixando de acreditar em seus próprios sentimentos. Mas não pense você que isso
aconteceu apenas com o meu povo. Aconteceu com muitos outros e ainda vejo acontecer. É uma
pena…
__ Claro que sim, Tiphany. Para isso é preciso que os seres humanos mantenham seus
corações sempre puros, não deixando que nenhum tipo de riqueza material os corrompa. Isso não é
tão difícil. Mas o que acontece no seu mundo é que as pessoas más iludem as pessoas boas, e as
pessoas boas se perdem na sua própria ilusão. Mas não desanime garota, porque ainda há tempo
__ Claro que pode. É só manter o seu coração cheio de entusiasmo e paixão pela vida que
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3a PARTE
Era sua prima mais velha, Katherine. Ela ia passar alguns dias com ela.
Tiphany abriu os olhos mas não disse nada. Lamentava por tudo ter sido apenas um sonho,
Olhando para os pés, Tiphany viu seus sapatos ainda sujos de areia. E gritou de felicidade:
__ Bem… Isso é apenas um jogo que eu e a Stephanie inventamos… Mas não podemos
__ Que bobagem é essa ?… Você ainda é tão criança. __ Retrucou sua prima, sem entender
nada.
Katherine saiu do quarto, deixando ela sozinha com todas as recordações que trouxe consigo
a noite passada. Pegou o cartão postal que tio Pedro havia lhe dado e, enquanto o observava, ouviu
__ Tiphany, você não pode contar o nosso segredo para ninguém. Isso não se aprende.
Todos vocês já nascem com esse dom, mas a maioria não o utiliza, por isso não vão acreditar em
você. Mas vá brincar com a sua prima, viva a sua vida como se nada tivesse acontecido e quando
__ Muito obrigada, Mestre, por esta incrível experiência. __ agradeceu ela ao Mestre.
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A partir daquele dia, apesar de Tiphany tentar viver como antes, como se nada tivesse
A cada estória de viagem que ouvia de tio Pedro, mais curiosa e exigente na escolha do local
Conheceu muitos outros Mestres que a levaram a vários lugares tão misteriosos quanto
Com o passar do tempo, ela já não precisava mais dormir para “ viajar “. Simplesmente
Muitos anos se passaram sem que tio Pedro visitasse Stephanie. Mas Tiphany já não
precisava mais de suas incríveis estórias para poder descobrir um novo lugar para conhecer, pois ela
já estava tendo aulas de Geografia e História na escola e o que ela não aprendia com os professores,
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4a PARTE
Seus pais estavam muito orgulhosos de sua querida filha, mas às vezes ficavam preocupados
porque ela deixava de sair com os amigos, até mesmo com a Stephanie, para ficar em casa
estudando. Stephanie adorava sair com os amigos para se divertir, mas Tiphany não se sentia muito
à vontade nesses passeios, onde só se falava em coisas que estavam na moda – assunto que não lhe
chamava muito a atenção. Por isso, com o tempo seus caminhos foram se distanciando cada vez
mais.
Com o passar do tempo, sua curiosidade e dedicação a levou a seguir os passos de tio Pedro,
tornando-se uma guia turística, o que a fez rever os seus locais preferidos e compartilhá-los com
outras pessoas . Desocupando assim, os Mestres, para que outras crianças tão curiosas e criativas
quanto ela, pudessem ser levadas aqueles locais maravilhosos e inesquecíveis para terem a
Tiphany estudou muito para que isso se tornasse possível. Conheceu tantos lugares que
atualmente possui até um baú para guardar a sua coleção de cartões-postais que adquiriu em suas
viagens pelo mundo afora. Mas, um deles se encontra em um lugar especial, enquadrado em uma
linda moldura e pendurado na parede da cabeceira de sua cama: o cartão-postal da Esfinge, aquele
que ela ganhou de tio Pedro, quando ainda era uma garotinha. Ele tem um significado muito
especial porque representa o ponto de partida para a realização de seus maiores sonhos.
Ela abraçou o maior de todos, que era poder conhecer o mundo inteiro. Aprendeu com um
dos Mestres, que para alcançar os seus objetivos, não precisava ter dinheiro, apenas entusiasmo e
paixão pela vida, e isso ela nunca deixou de lado, mesmo nos momentos mais difíceis que passou
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