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ALIMENTOS GRAVÍDICOS

O caso deve ser solucionado através da propositura de uma ação indenizatória,


com fundamento no Artigo 186 c/c o Artigo 927, ambos do Código Civil.

A ação visará obter a reparação do dano material correspondente a tudo o que


foi dispendido e todas as despesas havidas com o arbitramento dos alimentos,
tais como honorários advocatícios, etc., além do dano moral (Inciso X, Art. 5º,
CF e Súmula 227, STF), pelo constrangimento de lhe ser atribuída uma
paternidade, indevidamente.

Os alimentos pagos, em si, não poderão ser repetidos, por força do Artigo 879,
do Código Civil, contra a criança alimentada.

Na hipótese do caso concreto ter mencionado a determinação do pai biológico,


haveria, ainda, a possibilidade de requerer, na Justiça, contra este, a repetição
do indébito, no tocante ao valor dos alimentos pagos.
Os alimentos gravídicos são aqueles destinados a mulher gestante para custear
as despesas da sua gestação, tais como consultas médicas, medicamentos,
exames relativos à gravidez, tratamentos psicológicos, internações, além de
outras necessidades que o juiz considere pertinentes.

Os critérios para fixação do quantum são diferentes dos utilizados para a fixação
da pensão alimentícia, no entanto o raciocínio é o mesmo, pois é indispensável
à análise do binômio “necessidade x possibilidade da mãe e do suposto pai”,
sendo fixado assim o quantum proporcional ao rendimento de ambos.

A ação de alimentos gravídicos diferencia-se da ação de alimentos comum que


já existe prova pré-constituída de paternidade, enquanto que na ação de
alimentos grávidos tem-se se apenas “indícios de paternidade”, na forma do
Artigo 6º, da Lei dos Alimentos Gravídicos.

Quanto à legitimidade passiva, deverá figurar como réu o suposto pai, ou seja,
aquele que manteve relações sexuais com a gestante na época da concepção.
Não é possível o litisconsórcio passivo na possibilidade da gestante ter mantido
relação sexual com mais de uma pessoa, pois geraria incerteza quanto à
condição de suposto pai do nascituro e prejudicaria a existência de indícios
consistentes de paternidade, acarretando assim na improcedência do pedido.

Após o recebimento da inicial deferida, o réu terá um prazo de 5 (cinco) dias para
oferecer defesa (conforme art. 7o da Lei dos Alimentos Gravídicos) que poderá
negar suposta paternidade. No entanto, tal negativa não impede a fixação dos
alimentos e nem a manutenção do seu pagamento.

Com o nascimento do bebê, é cabível a revisão dos alimentos nos moldes do


art. 1699 do Código Civil bem como a investigação de paternidade que é feita
através de exame de DNA.

O Artigo 10 da Lei 11.804/2008 (Lei dos Alimentos Gravídicos), que tratava da


responsabilidade objetiva da gestante quanto à presunção da paternidade da
criança foi vetado.

Mesmo assim, persiste a responsabilidade subjetiva da mãe, por força do Artigo


186 c/c o Artigo 927, ambos do Código Civil.

Em assim sendo confirmada a negativa da paternidade, pode a mãe ser


condenada por danos materiais e/ou morais (Inciso X, Art. 5º, CF e Súmula 227,
STF) se provado que, ao exercitar regularmente suposto direito, esta sabia que
o suposto pai realmente não o era, mas se valeu do instituto para obter um auxílio
financeiro de terceiro inocente.

O dano moral deverá ser indenizado, independente da prova de sua existência,


mas tão somente do fato que o gerou, na forma da Jurisprudência, a saber:
Indenização - Dano moral - Prova - Desnecessidade. "Não há falar em
prova do dano moral, mas, sim, na provado fato que gerou a dor, o
sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato,
impõe-se a condenação, sob pena de violação do art. 334 do Código de
Processo Civil” (Atual Artigo 374, do CPC de 2015). (Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios. Apelante: G. T. S. S. Apelado: D. M.
M. Ap. Cível n⁰: 20120110337228APC. 6⁰ Turma Cível do TJDFT, DJ
31/05/2012.)

Assim, a mãe da criança poderá ser demandada por dano material (quantia paga
a título de alimentos gravídicos), e por dano moral, aplicando-se a regra do Artigo
186 c/c o Artigo 927, do Código Civil, por responsabilidade subjetiva, uma vez
que o Artigo 10 da Lei 11.804/2008, que tratava da responsabilidade objetiva da
gestante, foi vetado.

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