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Colonialismo e Descolonização na Época Contemporânea

 Causas das independências americanas (EUA, América Latina – 1776 –


1822)

Pioneiros Crioulos

Com este texto o autor pretende mostrar de que forma é que o nacionalismo, muito
característico da Europa, se propagou nas Américas, entendendo o autor que essa
difusão se ficou a dever ao caráter fragmentado da administração imperial
espanhola, para a qual muito contribuiu a peregrinação e a imprensa. As classes
inferiores (indios, negros e mestiços) estavam do lado da metrópole aquando dos
primeiros movimentos de libertação porque o rei Fernando VII, apercebendo-se que
havia problemas entre as classes superiores e as classes inferiores da metrópole,
soube aproveitar a situação de forma a obter o apoio por parte dessas classes
inferiores. Como justificação para estas revoltas, o autor aponta diversos fatores que
se relacionam com a forma como a metrópole encarava os crioulos. O facto de todo
o comércio entre as colónias espanholas ser feito através da metrópole não agradava
às elites crioulas das colónias porque tinham de pagar várias vezes direitos de
entrada e de saída de produtos; o aumento da tensão que houve entre brancos
ciroulos e brancos peninsulares ficou a dever-se ao facto de o topo da pirâmide
social nunca estar ao alcance dos crioulos nascidos nas colónias, mas apenas aos
espanhóis peninsulares; a ideia de que os crioulos não tinham capacidade para servir
o rei e a metrópole como os brancos peninsulares também contribuiu para agudizar
essas relações. Os crioulos eram bastante importantes para o funcionamento do
império porque eram eles que faziam a aconomia colonial funcionar, sendo que a
metrópole tinha receio que os crioulos se revoltassem como havia acontecido nos
EUA. A tipografia foi muito importante para a criação da ideia de nação, a qual é
entendida pelo autor como uma comunidade política imaginada, na memida em que
até os membros da mais pequena nação nunca conhecerão nem nunca encontrarão os
restantes membros dessa nação, pelo que a nação e o nacionalismo se assumem
como produtos culturais que se tornam muito ativos e poderosos quando as pessoas
começam a acreditar neles. O Império espanhol não criou uma consciência nacional
em todo o seu território, visto que a condição política fragmentada da colónia fez
aparecer vários estados nacionais, o que acabou por ter um caráter elitista, ao excluir
índios e escravos negros. Os crioulos, que acabaram fortalecidos enquanto atot
político, construíram o discurso nacionalista para legitimar o seu poder enquanto
classe social, colocando-se assim de lado os aspetos culturais americanos.

Liberty and Equality

EUA

A independência dos EUA, iniciada em 1776, durou até 1783 e foi marcada por uma
série de revoltas e de tratados desenvolvidos com o objetivo de se alcançar essa
mesma independência. A Revolução Americana foi um movimento de resistência e
de revolta a novas medidas de caráter político, militar e económico levadas a cabo
por Inglaterra, manifestando-se essa resistência sob a forma de petições enviadas ao
rei e reuniões dos órgãos locais por parte das 13 colónias que pretendiam alcançar a
independência e que contestavam o sistema de exclusividade do comércio, a
ausência de representação das colónia sno Parlamento inglês e os novos impostos
lançados sobre o açúcar, o chá e o papel selado. As colónias convocaram o I
Congresso Continental com o objetivo de mostrar ao poder britânico que não
queriam um aumento dos impostos e decidiram, no II Congresso, abrir os portos
americanos ao comércio internacional, proclamando-se a independência dos EUA a
4 de Julho de 1776, contudo a Inglaterra continuou a guerra contra as colónias de
forma a subjugá-las. Nesta guerra, as colónias foram apoiadas pela França por
razões económicas e comerciais, assinando-se um tratado de comércio e amizade e
um tratado de aliança política e militar entre França e EUA em Fevereiro de 1778,
sendo que o prinicpal objetivo do último tratado era manter a liberdade, a soberania
e a independência absoluta dos EUA, não podendo nenhum dos implicados no
tratado assinar a paz com Inglaterra sem o consentimento da outra parte. A Espanha
também se tornou aliada dos EUA, sobretudo a nível naval, em 1779, através da
assinatura do tratado de Aranjuez, que foi mais um tratado de aliança com França.
Em 1781, a Espanha entra em guerra com a Inglaterra (Batalha de Yorktown),
acabando por vencê-la, contudo as negociações entre Espanha e EUA não foram
fáceis porque, devido a possuir muitas colónias, a Espanha tinha medo que essas
colónias seguissem o exemplo das colónias americanas e procurassem a
independência. Com o tratado Anglo-Americano de 1782, a Inglaterra reconheceu a
independência dos EUA e estabeleceu fronteiras bastante generosas para o novo
país, as quais foram muito para além daquilo que os EUA tinham conquistado
militarmente, sendo que a Inglaterra teve a preocupação de tentar manter uma
aliança económica com os EUA, assinando-se o tratado de Paris em 1783 com vista
a paz coletiva entre Inglaterra, França e EUA.

AMÉRICA LATINA

Após a independência dos EUA (1776) e a Revolução Francesa (1789) ocorreu uma
série de movimentos que levaram à independência muitas colónias na América
Latina, tendo os mesmos sido influenciados pelos ideais defendidos pelos
acontecimentos acima indicados. A independência do Haiti ocorreu em 1804
mediante um processo que não foi conduzido pelas elites crioulas, mas sim pelos
escravos negros, que representavam cerca se 90 % da população do Haiti. Um dos
pontos de partida que levou à independência do Haiti foi a Revolução Francesa com
os escravos a reclamarem os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade
provenientes de França, sendo que, de forma indireta, essa revolução também acaba
por influenciar a independência das colónias espanholas e do Brasil devido ao início
das invasões francesas na Península Ibérica em 1806/7. Comandados por Toussaint
Louverture, em 1791, os escravos negros puseram fim ao governo vigente e, 10 anos
mais tarde, o chefe negro alargou a liberdade a uma região, então colónia espanhola,
que hoje corresponde à República Dominicana, contudo, neste mesmo período,
Napoleão Bonaparte assumia o poder francês e não admitia a perda do Haiti. A
França, sob o comando de Charles Leclerc, conseguiu deter Toussaint Louverture,
contudo os revolucionários haitianos reorganizaram-se e, sob a chefia de Jacques
Dessalines, venceram o exército francês e declararam o Haiti independente, com
Dessalines a tornar-se imperador, já em 1804. O Haiti passou a ser uma República
em 1806 após o assassinato de Dessalines, sendo que a França só reconheceu a
independência do novo país em 1825. A revolta dos escravos no Haiti acabou por
influenciar outras revoltas semelhantes em várias regiões sul americanas. Ao
contrário do Brasil, que se encontrava unificado, o Império espanhol estava dividido
em vice-reinos, onde, a partir de 1809/10, se começaram a formar “juntas” que
reclamavam os direitos que tinham sido usurpados aquando da abdicação do rei
Fernando VII, em consequência das invasões francesas na Península Ibérica. Em
1814, Fernando VII regressou ao poder e teve o objetivo de recolonizar as suas
colónias e acabar com as insurreições que existiam, atitudes que levaram à revolta
nas várias colónias, que já tinham algum poder ganho em consequência da
abdicação do rei. A Argentina tornou-se independente em 1810 pelas mãos de
intelectuais e miliatres de origem crioula, justificando-se este desejo de
independência pela difusão dos ideais iluministas, pelo descontentamento das elites
crioulas em relação à rígida política metropolitana e pelo domínio napoleónico sobre
Espanha, sentimentos que eram partilhados um pouco por todas as colónias
espanholas. Em 1818, o Chile tornou-se independente num movimento comandado
por Bernardo O’higgins, contudo acabou por ficar na órbita do imperialismo inglês.
Passados 3 anos foi a vez de outras colónias se tornarem também independentes do
domínio espanhol, como foram os casos do Peru, que tinha uma larga maioria de
índios, da Costa Rica, de El Salvador, da Guatemala, das Honduras e do Nicarágua.
No México acabou por acontecer aquilo que as elites crioulas temiam, que era uma
revolução a partir de baixo, contudo este movimento foi controlado tanto pelas elites
como pelos espanhóis. O México tornou-se independente em 1821 pelas mãos de
um libertador, Augustin de Iturbide, que tinha o hábito de perseguir os insurrectos.
Em 1823 passou a ser uma República e, em 1824 tornou-se num estado federal
muito semelhante aos EUA. A independência do Uruguai ocorreu em 1828 através
da assinatura do tratado de Montevidéu, após o líder uruguaio Juan Antonio
Lavalleja, ajudado por tropas argentinas, ter expulsado as tropas brasileiras, em
1825. Nestes movimentos independentistas assumiram particular destaque Simon
Bolivar e Jose de San Martín. O primeiro foi um militar e líder político venezuelano
que comandou a Bolívia, a Colômbia, o Equador, o Panamá, o Peru e a Venezuela à
independência e ajudou a lançar as bases ideológicas democráticas na maioria dos
países da América Latina. San Martín foi um general argentino que teve uma
participação bastante ativa nos movimentos de independência da argentina, do Chile
e do Peru.
BRASIL

A independência do Brasil foi diferente de todas as outras dependências e por isso


tornou-se num caso único nas independências americanas. Esta situação deveu-se ao
facto de o Brasil se ter tornado independente pelas mãos de um rei e de ter sido uma
independência relativamente calma e pacífica, embora tenham existido alguns
movimentos independentistas mais violentos, como aquele que ocorreu na provincia
de Minas Gerais em 1789, organizado por elites portuguesas americanas,
influenciadas pela Revolução Americana. Com a fuga da família real de Portugal
para o Brasil em consequência das invasões francesas em 1807, pela primeira vez o
centro de um Estado europeu não estava na metrópole, mas sim na América. D. João
VI abriu o mercado brasileiro ao comércio externo e, em 1815, o novo estatuto do
Brasil foi reconhecido juridicamente quando o rei fez da colónia um reino, tal como
Portugal. Contudo, em Portugal, a permanência do rei e da sua corte no Brasi não
agradava às elites portuguesas e os revolucionários liberais acabaram por tomar o
poder, formando uma Junta Provisória e convocando as Cortes para escrever uma
constituição. Esta Junta Provisória exigiu o regresso de D. João, o que acabou por
acontecer em Abril de 1821, ficando o seu filho, D. Pedro como regente no Brasil.
Em 1822, as Cortes portuguesas ordenaram o regresso de D. Pedro, atitude que
mostrou às elites brasileiras que a hora da independência havia chegado, o que
acabou por ocorrer a 7 de Setembro desse mesmo ano, pelas mãos de D. Pedro, que
foi coroado imperador em Dezembro. Foi elaborada uma Constituição em 1824, que
criou uma legislatura bicamaral, uma Câmara dos Deputados e um Senado, sendo
que o imperador podia vetar a legislação, sendo que esta constituição durou até
1889, ano em que a monarquia foi abolida. A independência do Brasil apresenta-se
assim como um caso único porque resultou da consciência de uma elite crioula
liderada por um princípe europeu que era necessário para uma colónia separar-se da
sua metrópole, sendo que esta separação foi quase inteiramente pacífica e não
envolveu o recrutamento e a participação de massas.

 Colonização na Ásia ( a sua evolução até à 1ª Guerra Mundial)

A Investida do Ocidente na Ásia Oriental

Em 1912, com a queda do império chinês, dá-se o nascimento da nação chinesa


através do aparecimento da república chinesa. A China foi atravessada por um
período de lutas entre nacionalistas e comunistas, que conheceu uma fase de tréguas
aquando da invasão japonesa, pelo que se pode dizer que o antagonismo entre EUA
e URSS começou primeiro na China porque apoiavam partidos diferentes, antes de
ocorrer em qualquer outro lugar. A China, ao contrário do Japão, nunca se abriu
muito ao estrangeiro, sendo que estas potências não tiveram relações comerciais
entre si. O Japão foi obrigado a abrir as suas portas ao estrangeiro e aproveitou essa
oportunidade para retirar os conhecimentos dos europeus e desenvolver-se, sendo
esta potência vista pelo Ocidente como uma força poderosa para controlar as
intenções expansionistas chinesas. As Guerras do Ópio, ocorridas entre 1842 e
1858, tiveram um efeito devastador sob a China, visto que a obrigaram a várias
concessões e a abrir alguns portos ao exterior. Estas guerras opuseram a China, que
tentava evitar a importação ilegal de ópio, à Inglaterra e também à França, que na
segunda fase destas guerras se aliou ao poder britânico. Com a vitória, as duas
nações europeias ganham privilégios territoriais e comerciais na China, que fica
exposta ao imperalismo. Mediante estes acontecimentos, é possível que a China
tenha ganho a longo prazo com a queda do Império. No caso do Japão, a revolução
Meiji acabou por trazer benefícios ao país que permitiram o seu desenvolvimento.
Esta revolução consistiu numa série de manifestações de cariz nacionalista
opositoras ao domínio absoluto do xogunato. O imperador Meiji levou a cabo uma
série de reformas, nomeadamente a substituição do antigo poder político dos donos
de terra por um sistema de prefeituras locais subordinadas ao poder local e a
instalação de um poder legislativo formado por um parlamento bicamaral. Com
estas medidas e com a ajuda dos conhecimentos trazidos da Europa pelos
emigrantes japoneses, o país desenvolveu-se e, no final do século XIX/início do
século XX, era já uma grande potência mundial. Com a 1ª Guerra Mundial
terminam os império continentais no mundo, ficando apenas os impérios
ultramarinos. O autor do texto destaca a ideia de que há mudanças da 1ª fase para a
2ª fase na investida do Ocidente na Ásia Oriental. Numa 1ª fase, que decorreu até
1890, existiu comércio livre, com as potências a quererem abrir os portos na China e
no Japão, a prosperidade no regime colonial media-se pelo volume das trocas, não
havia rivalidade entre as potências ocidentais por serem poucas, sendo também nesta
fase que tiveram início os tratados desiguais, que se prolongaram na 2ª fase. Nesta 2ª
fase, que ocorreu entre 1890 e 1937, a prosperidade passou a avaliar-se pelo volume
dos investimentos, devido ao facto de os bancos europeus terem começado a investir
nas infra-estruturas asiáticas de forma a poderem retirar o máximo de lucros de
possível, passou a haver uma rivalidade entre as potências externas devido à entrada
de novas potências neste “jogo” de colonização, como EUA e Japão, que fez com
que deixasse de haver espaço para todos, havendo ainda investimentos em infra-
estruturas, exploração mineira, plantações para exportação que eram feitos ao
império em decadência a juros muito altos. Da 1ª para a 2ª fase ocorreu uma
mudança do capitalismo comercial para o capitalismo financeiro, passando o
Ocidente a financiar o desenvolvimento do Oriente. Os tratados desiguais foram
uma série de tratados assinados entre nações asiáticas, como China, Japão e Coreia,
e as potências industrializadas ocidentais nos finais do século XIX/inícios do século
XX, na medida em que os estados orientais não tinham capacidade para resistir às
pressões económica e militar feitas pelas principais potências ocidentais, como
Inglaterra e França. Na China, este sistema dos tratados desiguais, numa 1ª fase, não
levou à substituição do aparelho de Estado chinês pelas potências ocidentais,
ocorrendo apenas quando as necessidades do comércio ocidental tornavam essa
substituição necessária, como aconteceu quando as alfândegas imperiais, impedidas
desde 1842 de determinar taxas acimas dos 5% sobre a smercadorias estarangeiras,
passaram a ser geridas desde 1861 por um corpo de funcionários ocidental. Já o
Japão, em 1858, também teve de aceitar tratados desiguais, que levaram à limitação
dos direitos aduaneiros e à extraterritorialidade, a qual significava que quem não
fosse japonês e cometesse um crime no Japão não era julgado pela lei japonesa, mas
sim pela lei do seu país de origem.

 Colonização em África ( a sua evolução até à 1ª Guerra Mundial)

Colonial Invasion

As civilizações mais importantes em África localizavam-se ao longo da costa do


Mediterrâneo e ao longo da costa do Mar Vermelho, sendo este território um posto
de abastecimento para as trocas com o Ocidente e um posto de abastecimento de
escravos para os europeus durante a época moderna. Em meados do século XIX, a
presença europeia em África não era ainda muito significativa, ao contrário do que
se registou à beira da 1ª Guerra Mundial, com todo ou praticamente todo o território
a ser repartido pelas potências europeias, havendo muitos focos de resitência por
parte dos africanos, que começaram a perceber que podiam tirar partido se fizessem
tratados com os europeus. Com a expansão do capitalismo industrial, nos inícios do
século XIX, iniciou-se o neocolonialismo em África, com as principais potências
europeias a desenvolverem uma autêntica “corrida a África” e a ocuparem a maior
parte do continente através da criação de inúmeras colónias, sendo o período final
do século marcado pelo aparecimento d enovas potências concorrentes, como
Alemanha, Bélgica e Itália. A partir dos anos 80 do século XIX registou-se uma
intensificação da competição entre as potências europeias pelo domínio das regiões
em África, para a qual contribuiu a Conferência de Berlim (1884/85), na medida em
que instituiu normas para a ocupação do território, ficando estipulado que as
potências dividiriam o continente e não invadiriam as áreas ocupadas pelos outros
países. Os únicos territórios africanos que não se tornaram colónias foram a Etiópia,
embora tenha sido brevemente invadida pela Itália durante a 2ª Guerra Mundial, e a
Libéria, que se havia constituído recentemente por escravos libertos dos EUA.
Quando se chega à 1ª Guerra Mundial, 90% do território africano era controlado e
dominado pela Europa, contudo a partilha das várias regiões foi feita de forma
arbitrária e não respeitou as características étnicas e culturais de cada povo, o que
acabou por contribuir para muitos dos conflitos que ainda hoje se verificam em
África, na medida em que se registaram inúmeros episódios de separação e de união
de tribos. Antes do século XIX, os franceses já se tinham estabelecido no Senegal,
as Seychelles e as atuais Reunião e Maurícia, contudo o seu verdadeiro interesse só
se manifestou em 1830, ao invadir a Argélia, e em 1881, ao estabelecer um
protetorado na Tunísia. Expandiram-se também para o sul e para o interior do
território e formaram, em 1880, a colónia do Sudão Francês, que atualmente
corresponde ao Malí, tendo noa anos seguintes ocupado grande parte do Norte de
África e também da zona ocidental e central. A liderança da colonização africana
pertenceu à Inglaterra, devido ao seu poderio económico e naval, que passou a
implantar um sistema administrativo fortemente centralizado na mão dos colonos
brancos ou dos representantes da coroa inglesa. Os ingleses acabaram por
estabelecer possessões coloniais em alguns países da África Ocidental, no Nordeste,
no Sudeste e no Sul. A África do Sul inicialmente começou por ser uma colonização
holandesa, mas quando os britânicos chegaram no rescaldo das guerras napoleónicas
entraram em guerra com os holandeses e o território passou a estar sob o domínio
inglês. A presença espanhola era bastante ténue, limitando-se à zona da África
Ocidental e à atual Guiné Equatorial, a presença portuguesa concentrava-se em S.
Tomé e Princípe, Guiné, Angola e Moçambique, a ocupação italiana localizava-se
na zona oriental do continente, sendo que a Alemanha colonizou as regiões que hoje
correspondem ao Togo, Camarões, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia. A
unificação da Itália e da Alemanha, sendo um processo mais recente, fez com que
ambos os países dessem uma forte importância ao expansionismo colonial, que era
também uma forma de se afirmarem na cena internacional e de conquistarem a
opinião pública interna. A partilha do território africano não terá acontecido tanto
por razões económicas, mas sim por razões geo-estratégicas, na medida em que era
prestigiante possuir colónias, sobretudo para os estados recém-formados, sendo a
malária o principal obstáculo à ocupação dos territórios africanos por parte das
potências europeias. A administração dos territórios africanos podia ser feita
mediante 2 formas: governo indireto ou governo direto. No primeiro caso, o
governo metropolitano concedia uma série de poderes às elites coloniais, os
chamados chefes tradicionais que administravam todas as questões do dia-a-dia.
Nesta forma de governo, o poder metropolitano reservava para si a política externa,
a defesa militar e a cobrança de impostos, sendo sempre a metrópole a definir os
interesses militares. O governo indireto fazia com que a metrópole pudesse poupar
recurso, sendo mais fácil para o povo das colónias ser governado pelos seus chefes
tradicionais. Esta forma de governa foi característica da Nigéria, do Quénia e dos
Estados Principescos Indianos. No caso do governo direto, cabia à metrópole decidir
sobre o destino das suas colónias, as quais tinham pouca margem de manobra. Era
uma forma de governo que não era bem aceite pelos governos coloniais porque
dava-lhes a ideia de que estavam a ser governados por uma metrópole longíqua que
não está preocupada com os seus interesses. Esta forma de governo existiu
sobretudo nas colónias francesas.

 Explicações do colonialismo (1830 – 1913); 1ª Fase: Mercantil/2ª Fase:


Financeira/Novo Imperialismo

The “New Imperialism”: Colonialism to the First World War

Neste texto, o autor defende que existem 5 teorias/explicações sobre o novo


imperialismo que surgiram no século XX, a mais antiga em 1902 e a mais recente
em 1961. Para o autor, nenhuma das teorias é um fator único, nenhuma delas explica
por si só o novo imperialismo, na medida em que todas são diferentes e apontam
para fatores diferentes. A expressão “new imperialism” pertence a Hobson, que a
usou pela primeira vez em 1902, sendo que em 1916 Lenine escreveu uma obra
muito semelhante à de Hobson, mas com diferentes conclusões. Ao longo deste
texto, o autor desenvolve as seguintes teorias/explicações: explicação psicológica,
explicação económica, explicação psico-sociológica, explicação cultural e
explicação geo-estratégica. No final do século XIX, para além de Portugal, Espanha,
Inglaterra e França, África conhece novos atores colonizadores, como Alemanha,
Bélgica, Itália, Japão e EUA, sendo este continente aquele que apresentava uma
maior percentagem de território colonizado (90,4%), seguindo-se a Ásia com 56,5%
e a América com 27,2%. O Pacífico apresentava uma percentagem de colonização
que rondava os 100% (98,9%). No que diz respeito à 1ª explicação, esta baseia-se no
facto de as potências europeias, sobretudo as recém-formadas Alemanha e Itália,
considerarem prestigiante ter colónias, contudo nem todos os países europeus
seguem esse caminho, como foi o caso da Dinamarca. Com a explicação económica,
que foi elaborada por Hobson e Lenine, o 1º autor defende que existe uma
sobreprodução industrial (excesso de produção) porque não há poder de compra
devido aos salários baixos (estagnação do mercado interno), o que leva à diminuição
dos lucros e à procura de novos locais para investir o capital financeiro. Hobson
defende que o novo imperialismo está relacionado com a necessidade do capital
financeiro ser investido, havendo assim uma viragem para as colónias. Lenine não
se afasta muito desta ideia, mas acredita que o colonialismo não vai salvar o
capitalismo porque as potências, em busca de lucro, vão acabar por se destruir
mutuamente. A 3ª explicação, que foi elaborada por Schumpeter, pretende
demonstrar a importância dos militares no processo da colonização. Os governos
europeus, a partir de 1880, quando surgiu a grande disputa pelos territórios
africanos, começaram a ser arrastados para lutas militares nas colónias e é neste
contexto que os militares assumem particular destaque porque são importantes para
convencer a opinião pública de que era necessário ir para África para ensinar e
colonizar os povos nativos, como aconteceu no caso francês. A 4ª explicação
relaciona-se com o poema “The White Man’s Burden”, de Rudyard Kipling e aponta
para a missão religiosa que a colonização podia ter, sendo que a Europa e os EUA,
estando mais desenvolvidos, tinham a ideia de que tinham a obrigação de levar o
progreso aos locais menos desenvolvidos. A última teoria, desenvolvida por
Robinson & Gallagher, defende que economicamente os impérios não foram assim
tão importantes e que o novo imperialismo foi a continuação do que já existia. A
expansão colonial era feita para garantir possessões por razões geo-estratégicas,
como foi o caso da conquista do Egito por parte da Grã-Bretanha, que não se deveu
muito a interesses económicos, mas sim a razões geo-estratégicas.

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