Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pioneiros Crioulos
Com este texto o autor pretende mostrar de que forma é que o nacionalismo, muito
característico da Europa, se propagou nas Américas, entendendo o autor que essa
difusão se ficou a dever ao caráter fragmentado da administração imperial
espanhola, para a qual muito contribuiu a peregrinação e a imprensa. As classes
inferiores (indios, negros e mestiços) estavam do lado da metrópole aquando dos
primeiros movimentos de libertação porque o rei Fernando VII, apercebendo-se que
havia problemas entre as classes superiores e as classes inferiores da metrópole,
soube aproveitar a situação de forma a obter o apoio por parte dessas classes
inferiores. Como justificação para estas revoltas, o autor aponta diversos fatores que
se relacionam com a forma como a metrópole encarava os crioulos. O facto de todo
o comércio entre as colónias espanholas ser feito através da metrópole não agradava
às elites crioulas das colónias porque tinham de pagar várias vezes direitos de
entrada e de saída de produtos; o aumento da tensão que houve entre brancos
ciroulos e brancos peninsulares ficou a dever-se ao facto de o topo da pirâmide
social nunca estar ao alcance dos crioulos nascidos nas colónias, mas apenas aos
espanhóis peninsulares; a ideia de que os crioulos não tinham capacidade para servir
o rei e a metrópole como os brancos peninsulares também contribuiu para agudizar
essas relações. Os crioulos eram bastante importantes para o funcionamento do
império porque eram eles que faziam a aconomia colonial funcionar, sendo que a
metrópole tinha receio que os crioulos se revoltassem como havia acontecido nos
EUA. A tipografia foi muito importante para a criação da ideia de nação, a qual é
entendida pelo autor como uma comunidade política imaginada, na memida em que
até os membros da mais pequena nação nunca conhecerão nem nunca encontrarão os
restantes membros dessa nação, pelo que a nação e o nacionalismo se assumem
como produtos culturais que se tornam muito ativos e poderosos quando as pessoas
começam a acreditar neles. O Império espanhol não criou uma consciência nacional
em todo o seu território, visto que a condição política fragmentada da colónia fez
aparecer vários estados nacionais, o que acabou por ter um caráter elitista, ao excluir
índios e escravos negros. Os crioulos, que acabaram fortalecidos enquanto atot
político, construíram o discurso nacionalista para legitimar o seu poder enquanto
classe social, colocando-se assim de lado os aspetos culturais americanos.
EUA
A independência dos EUA, iniciada em 1776, durou até 1783 e foi marcada por uma
série de revoltas e de tratados desenvolvidos com o objetivo de se alcançar essa
mesma independência. A Revolução Americana foi um movimento de resistência e
de revolta a novas medidas de caráter político, militar e económico levadas a cabo
por Inglaterra, manifestando-se essa resistência sob a forma de petições enviadas ao
rei e reuniões dos órgãos locais por parte das 13 colónias que pretendiam alcançar a
independência e que contestavam o sistema de exclusividade do comércio, a
ausência de representação das colónia sno Parlamento inglês e os novos impostos
lançados sobre o açúcar, o chá e o papel selado. As colónias convocaram o I
Congresso Continental com o objetivo de mostrar ao poder britânico que não
queriam um aumento dos impostos e decidiram, no II Congresso, abrir os portos
americanos ao comércio internacional, proclamando-se a independência dos EUA a
4 de Julho de 1776, contudo a Inglaterra continuou a guerra contra as colónias de
forma a subjugá-las. Nesta guerra, as colónias foram apoiadas pela França por
razões económicas e comerciais, assinando-se um tratado de comércio e amizade e
um tratado de aliança política e militar entre França e EUA em Fevereiro de 1778,
sendo que o prinicpal objetivo do último tratado era manter a liberdade, a soberania
e a independência absoluta dos EUA, não podendo nenhum dos implicados no
tratado assinar a paz com Inglaterra sem o consentimento da outra parte. A Espanha
também se tornou aliada dos EUA, sobretudo a nível naval, em 1779, através da
assinatura do tratado de Aranjuez, que foi mais um tratado de aliança com França.
Em 1781, a Espanha entra em guerra com a Inglaterra (Batalha de Yorktown),
acabando por vencê-la, contudo as negociações entre Espanha e EUA não foram
fáceis porque, devido a possuir muitas colónias, a Espanha tinha medo que essas
colónias seguissem o exemplo das colónias americanas e procurassem a
independência. Com o tratado Anglo-Americano de 1782, a Inglaterra reconheceu a
independência dos EUA e estabeleceu fronteiras bastante generosas para o novo
país, as quais foram muito para além daquilo que os EUA tinham conquistado
militarmente, sendo que a Inglaterra teve a preocupação de tentar manter uma
aliança económica com os EUA, assinando-se o tratado de Paris em 1783 com vista
a paz coletiva entre Inglaterra, França e EUA.
AMÉRICA LATINA
Após a independência dos EUA (1776) e a Revolução Francesa (1789) ocorreu uma
série de movimentos que levaram à independência muitas colónias na América
Latina, tendo os mesmos sido influenciados pelos ideais defendidos pelos
acontecimentos acima indicados. A independência do Haiti ocorreu em 1804
mediante um processo que não foi conduzido pelas elites crioulas, mas sim pelos
escravos negros, que representavam cerca se 90 % da população do Haiti. Um dos
pontos de partida que levou à independência do Haiti foi a Revolução Francesa com
os escravos a reclamarem os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade
provenientes de França, sendo que, de forma indireta, essa revolução também acaba
por influenciar a independência das colónias espanholas e do Brasil devido ao início
das invasões francesas na Península Ibérica em 1806/7. Comandados por Toussaint
Louverture, em 1791, os escravos negros puseram fim ao governo vigente e, 10 anos
mais tarde, o chefe negro alargou a liberdade a uma região, então colónia espanhola,
que hoje corresponde à República Dominicana, contudo, neste mesmo período,
Napoleão Bonaparte assumia o poder francês e não admitia a perda do Haiti. A
França, sob o comando de Charles Leclerc, conseguiu deter Toussaint Louverture,
contudo os revolucionários haitianos reorganizaram-se e, sob a chefia de Jacques
Dessalines, venceram o exército francês e declararam o Haiti independente, com
Dessalines a tornar-se imperador, já em 1804. O Haiti passou a ser uma República
em 1806 após o assassinato de Dessalines, sendo que a França só reconheceu a
independência do novo país em 1825. A revolta dos escravos no Haiti acabou por
influenciar outras revoltas semelhantes em várias regiões sul americanas. Ao
contrário do Brasil, que se encontrava unificado, o Império espanhol estava dividido
em vice-reinos, onde, a partir de 1809/10, se começaram a formar “juntas” que
reclamavam os direitos que tinham sido usurpados aquando da abdicação do rei
Fernando VII, em consequência das invasões francesas na Península Ibérica. Em
1814, Fernando VII regressou ao poder e teve o objetivo de recolonizar as suas
colónias e acabar com as insurreições que existiam, atitudes que levaram à revolta
nas várias colónias, que já tinham algum poder ganho em consequência da
abdicação do rei. A Argentina tornou-se independente em 1810 pelas mãos de
intelectuais e miliatres de origem crioula, justificando-se este desejo de
independência pela difusão dos ideais iluministas, pelo descontentamento das elites
crioulas em relação à rígida política metropolitana e pelo domínio napoleónico sobre
Espanha, sentimentos que eram partilhados um pouco por todas as colónias
espanholas. Em 1818, o Chile tornou-se independente num movimento comandado
por Bernardo O’higgins, contudo acabou por ficar na órbita do imperialismo inglês.
Passados 3 anos foi a vez de outras colónias se tornarem também independentes do
domínio espanhol, como foram os casos do Peru, que tinha uma larga maioria de
índios, da Costa Rica, de El Salvador, da Guatemala, das Honduras e do Nicarágua.
No México acabou por acontecer aquilo que as elites crioulas temiam, que era uma
revolução a partir de baixo, contudo este movimento foi controlado tanto pelas elites
como pelos espanhóis. O México tornou-se independente em 1821 pelas mãos de
um libertador, Augustin de Iturbide, que tinha o hábito de perseguir os insurrectos.
Em 1823 passou a ser uma República e, em 1824 tornou-se num estado federal
muito semelhante aos EUA. A independência do Uruguai ocorreu em 1828 através
da assinatura do tratado de Montevidéu, após o líder uruguaio Juan Antonio
Lavalleja, ajudado por tropas argentinas, ter expulsado as tropas brasileiras, em
1825. Nestes movimentos independentistas assumiram particular destaque Simon
Bolivar e Jose de San Martín. O primeiro foi um militar e líder político venezuelano
que comandou a Bolívia, a Colômbia, o Equador, o Panamá, o Peru e a Venezuela à
independência e ajudou a lançar as bases ideológicas democráticas na maioria dos
países da América Latina. San Martín foi um general argentino que teve uma
participação bastante ativa nos movimentos de independência da argentina, do Chile
e do Peru.
BRASIL
Colonial Invasion