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eee eee oe ae Ua icra as a Gakuin oy oe aaa LUGS eet aaa Sree Taal ts DCC go et eee Sea ea ee a Dg ee crn ee ae SOC oL LAr ac ick eee eee Su ec a ea SE ee eee te aera Perey eer tien Tec re ie eee ae CO Onc ta ene SMe eet tne CE ee ones at eee la discusso dos problemas da presente, Como se isso nai Dee ene sn cee endénclas fundamentals, fonte incontarnavel de referéncia e in ne eure Le ee eer ee Pee eur te een eee sténciainteira dedicada ao estudo do Brasil, com indisfar¢vel em sileifo, mas sem deixar-se cegar pela nessa inclinacio & aut vvoeé tem interesse em politica, ou em economia, ou Tec eee ere niet ana ler este belo livro sobre a Brasil pés-democrati ati COM menage ae Eireann an aan See ec nei) SaintPaul ii i TISVAG OAON © Prefacio de EDMAR BACHA Gi O NOVO BRASIL AS CONQUISTAS POLITICAS, ECONOMICAS, SOCIAIS E NAS RELACOES INTERNACIONAIS aintPaul BO O NOVO BRASIL AS CONQUISTAS POLITICAS, ECONOMICAS, SOCIAIS E NAS RELACOES INTERNACIONAIS 201 Eig revsada conform Albert Fishlow O NOVO BRASIL AS CONQUISTAS POLITICAS, ECONOMICAS, SOCIAIS E NAS RELAGOES INTERNACIONAIS Impresso no Brasil / Printed in Brazil Depénito Legal na Biblioteca Nacional conforme Lei n, 10,994, de 14 de dezerro de 2004, Todos os Drei Reservados ~ E proibida a reproduio total ou parcial de qualquer forma ov por «qualquer meio. A violag4o dos dictos do autor (Lei n.9.610/1998)é crime estabelecido pelo artigo 184 do Codigo Penal ISBN: 978-85-8004-012-8 Dados Internacionais de Catalogag&o na Publicacéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Bracil) Fishlow, Albert O novo Brasil ; as conquistas politicas, gcontmicas, sociais © nas relagdes internacionaie / Albert Fishlow. =- so Paulo : Saint Paul wditera, 2oil. Bibliogratia 1. Brasil - Aspectos econémicos 2. nrasil - Aspectos politicos 3. Brasil - Aspectos gociais 4. Brasil ~ Relagdes exteriores 5. Brasil - RelagSes internacionais 1. Titulo cpp-320.81 Indices para catélogo sistendtic 1. Brasil : Globalizagéo politica : Histéria sociopolitica 320.81 Para Harriet, sminba exposa e amiga eterna. PREFACIO (O Novo Brasil destina-se @ ocupar um lugar singular na historiografia econémica do pais. Tea ta-se de uma radiografa do Brasil desde o fim do regime militar até 0s dias de hoje. Um verda- deito four de forv,em que Albert Fishlow disseca a evolucio da politica, da economia, da rea social e da polities externa do pais nos iltimos vine e cinco anos, Como nos quadros dos gran~ des pintores,impressiona nesta obra nto o cuidado com anise factual, como a profundidade dda perspectiva histrica ¢ comparativa. Um estudo detalhado sobre a evolugio da politica, da sociedade e da economia desde 1985, O Nove Brasil passa a ser leitura indispensivel nio s6 ‘para of estudantes universitirios, como para todos profissionas interessados em compreender ahistéria do pais desde a redemocratizagio. Livros asim nose fazem da noite para o dia. Para entender as origens, é preciso reeuar no termpospoisoenvolvimento de Abert Fishow com o Brasil jé dura 45 anos. Tudo comegouem 1965, quando, jover profesor da Universidade da Califémia em Berkeley ele aportou no Rio de Janeiro para coordenaeo grupo de economists estrangeros que trabalhavam no Escrtério de Pesquisa Econdmica Aplicada ~ EPEA, hoje IPEA — ligado ao Ministério do Planejamen= to, Naquela época, a pesquisa econdmica apenas engatinhava no pais. No Instituto Brsleiro de Economia, sob a batuta de Isaac Kerstenctzky ¢ Annibal Ville, o esforgo de pesquisa se ‘concentrava na produsio das contasnasionais enos indices de pregos.No Centro de Aperei- ‘oamento de Economistas ~embrifo da Escola de Pés-Crnduasio em Economia da Fundagio ‘Getulio Vargns~, Mario Henrique Simonsen priorizava a hablitagio de estudantes brasileiros para seguirem cursos de pr-graduagio nos EUA. Na Universidade de Séo Paulo, que tinha tma forte tadigdo de histriaeconémica, Dem Neto apenas dava partida a0 Instituto de Pesquisas Economicas. No escrtério da Cepal no Rio de Janeiro, sob a diregao do chileno "Anibal Pinto, a énfxe era na formagio de tznicos em descavolvimento cconémico. Finesse contesto que, a0 lado de Joao Paulo dos Reis Velloso, Fshlow organizou as atividades de pesquisa do EPEA. Ble ficou no Brasil por dois anos, depois retornou para a Universida~ de da Califoenia em Berkeley, onde continuou seus estudos sobre o pais. O tempo que aqui ppassou foi o suficente para implantar uma tradicio de pesquisa econOmica aplicada, que vitia ‘a transformar 0 IPEA no principal centro de estudos sobre a economia brasileira, para iso ‘contando inclusive com a contribuigio de diversos economistas brasileiros que se doutoraram ‘em Berkeley, sob a orientagdo de Fishlow. [A partir de sua experigncia no EPEA, nas décadas seguintes Fishlow produziu uma série de estudos clissicos sobre a economia brasileira, que ineluem anilises da inflagdo, da distribui- ‘0 de renda, da politica de comércio exterior, da divida externa e do processo de industria~ Iizagio do pais, Em dois desses artigos, Fishlow analisou a evolugio da politica econdmica ao longo do regime militar, de 1964 a 1985". O Novo Brasif segue assim uma ilustre linha de pesquisa, mas nela ocupa um Iugar especial pois se trata de uma visio gral e integrada sobre o Brasil redemocratizado, “igos desses ars eto includes em Abert Fishiow,Desenolimento na reste na América Latina: uma perspectva historic, Sao Paul: Paro Tara, 2004 © texto se divide em duas partes. Na primeira parte, Fshlow analisa em quatro captulos o dificil retomo para a democracia, envolvendo participagio civil e social mais ampla, presenga internacional e, apés sueessivos planos de estabilizacio fracassados, o alcance da estabilidade de presos com o Plano Real. Na segunda e mais longa parte do liv, organizada, como a pri= ‘eira,em tomo de quatro grandes temas a sabes, politica interna, economia, rea sociale poli- tica externa, Fishlow lida com os ltimos quinze anos, cobrindo as administagBes de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inicio Lula da Silva, Por sus abrangénciae profundidade, este € um livo de porte académico, cujos arguments so documentados e ancorados no que de melhor se produsiu no pais ¢ no exterior sobre 108 temas abordados. Mas isso ndo quer dizer que linguagem acja hermética ao contritio, 4 prosa fui escorreta, eo prazer da leitura nunca se perde, Além disso, os diversos capt los tém independéncia tematia. Assim, leitores interessados somente em politica externa poderio concentrar-se nos capitulos 5 € 9. A evolugio politica e institucional do pais é tratadarhos capitulos 2 ¢.6. Temas econdmicos io discutidos nos capitulos 3 7-0 desea~ volvimento social - na educagio, side, previdéncia eassisténcia social ~ ocupa os capitulos 4 8. Em cada caso, 0 primeiro dos capitulos abrange 0 periodo de 1985 a 1994, ¢ 0 segundo, o de 1995 a 2010. O capitulo 1, introdutério, eo dévimo, de conclusdes, ornccem 20 leitor um panorama do conteido do livro e de suas principais conclusbes Sob a Nova Repiblics,o Brasil experimentou mudangas tansformadoras. Com o fim do regime nila uma nova Constituigo foi promulgad, a partcipasto popular no process eleitoral se cxpandiu eos partidos politicos passaram a se alternar no poder Na economia, cepois de um tur- bulento periodoinicial, com o Plano Real a regras ganharam permanéncia co avango ficou mais regular, Na dcea social, importantes avangos ocorreram, a pair de condigesinicias precirias, A politica exterma deixou de ser apenas para especialistas¢ se tomnou tema relevante, tanto no debate interno como por seu impacto externo, Falta um intérprete, com sélida formagio, profundo conhecimento, distanciamento critio ¢, por que nio dizes, amor eonfesso pelo pais, para explicar como se deu essa transformagio, Agora o temos.E Albert Fshlow com O Novo Bras Rio de Jancito, 23 de setembro de 2010, Edmar Lisboa Bacha Diretor do Institut de Estudos de Politica Bzonémica Casa das Gargas APRESENTACAO Quando os enssios de Desenvolvimento no Brasil e na América Latina foram publicados no rasil,em 2004, me desculpe na introducio porque o texto nfo continha nada sobre o periodo da Nova Repiblica Isso no aconteceu porque eu tives deixado de acompankar os acontecimento ro pais, ou mesmo escrever sobre alguns dels. Assumsi, naquela introdugio, © compromisso de acetar esse desafio. No entanto, esponsabildades académicas de alguma forma impediram que fa preduzisee um ensio importante, de escopo semelhante aos que escrevera em duas ocasides ‘passadas,a primeita nos anos 1960 ea segunda nos anos 1970 e comego dos 1980. 1a po ter me aposentad dos ans ars da Universidad Columbia, tive a oportunidad ecu rome, Par compeos pla emo ul ln pot in Bo qu barca tals qe «economia ou meso a economia politica, abrangee tam pole, pla tou lage intenaionis No wo fig que domino todon cn assunts to ves ladon De hit, dee confer que tn determine momento srg feos os ais finds pester casinalmente—de qu as abies do trabalho excdesem minha apacida- de Biko produ find pa que sauna rac ulgue, Por dec dliberada 0 texto ser pune primar pret. (0s kimos 25 anos viram madangas dramsticas en todo 0 mundo: final do dominio sovié- tio sobre a Buropa Oriental crescent importinca da China eda Inia eragao da Unio Europea e de sua moeda nificada,o cu; 0 relative declni econdmico do Japs ede forma alguma menos importante, a ascensto de um Brasil vibrante em meio a esse novo mundo, ‘Biso que tent expla buscando formulae star hipdtsesem gus casos de forma explita ‘em oton de forma implict sobre ese proceso evolve, Como rest, otal cntém titan eels edagrarnas. Continuo a ser mas empsco que tein ews e me benefice’ do {ande volume de pequs bras sobre eada um dees importantes pices, come st noas sb ext evelario. bora nem todo mundo dev sci alegrement todas as mis conclsbes taper qu a maivia do etre ee satis com clas plo menos parialmente Sou grato a José Claudio Securato, o diretor da Stint Paul Edtora, por sua excepcional disposi- ‘lo em permitir meu envolyimento ativo no processo de publicagio. Ble me concedeu liberdade Tara no que tange a realizar mudangas. Gostaria de agradecer a assisténcia paciente e prestativa de Karine Hermes e Bianca Fratelli, ao longo da produsao do livo. Paulo Migliacei que traduzia ‘minhas colunas para a Folha de S, Paulo, uma vez mais produziu um texto capaz de satsfazer 0s meus exigentes padrbes. Ofereso um agradecimento especial a Teresa Aguayo, que trabalhow ‘omigo por mais de 13 anos no Council on Foreign Relations e na Universidade Columbia. Bla ‘me oferecea ajuda acima da comurm, nto apenas neste como enn muitos outros projetos. Acumulei grandes dividas de geatidio nos anos transcorridos desde minha primeira visita ‘0 Brasil, em 1965, Meus orientandos brasileiros de mestrado e doutorado foram muitos, € muito contribuiram para o meu desenvolvimento intelectual. Tornaram-se amigos pessoas « instrutores apreciados, e © mesmo se aplica a outros brasileiros, de todas as profiss6es, {que tive a sorte de conhecer ¢ com os quais pude aprender, Essa lista, inchuindo alunos € professores de instituigdes académicas ¢ representantes do setor de negécios, do governo, ddas ONGS ¢ de ainda outros grupos, cheya aos milhares de nomes. Alguns deles generosa- ‘mente ofereceram suas reagdes, no preficio e para a quarta capa, pelo que agradego. Outzos, tna América Latina, Estados Unidos e outras partes, sio também numerosos demais para que os destaque. Nas minhas instituigdes académieas, Berkeley, Yale e Columbia, meus co- Jegas e alunos também tiveram influtncia positiva, Mas os ersos factuais e de interpretagio que venham a restar so meus apenas. Por fim, nessa categoria, vem minha familia. A ordem thes parecerd apropriada. Ao longo dos nos, meus trésflhos e nove nets vieram a aceitar e eompreender meu compromisso para com © Brasil eas consequentes auséncias frequentes, tanto fisias quanto ments. Acima de tudo, dedico este volume & minha esposa Harriet, com minha apreciagio e profundo amor. volume um contraponto, 45 anos mas tac, 20 meu primero lvro sobre as ferovias dos Estados Unidos antes da Guerra Civil. Sem seu apoio, oferecido de tantas maneiras,nenhumn dos dois livros, €tampouco minha evolugio rumo a0 sul no periodo interveniente, teria sido possvel. SUMARIO CAPITULO 1 CAPITULO 2 ‘Mudanga politica. CapiTULO 3 Em busca do crescimento econémico 53 CAPITULO 4 A divida social herdada. 87 CAPITULO 6 A democracia se aprofunda.. 137 CAPITULO 7 Comega 6 avango econdmico CAPITULO 8 Politica social seguramente implantada... 201 CAPITULO 9 Brasil como protagonista mundial 241 CAPITULO 10 Olbando parao futuro. Bo CAPITULO 5 Politica externa em um mundo em mutasio. - ° as 273 CAPITULO 1 Introducao “Diretas J" erao grito cada ver mais ouvido no Brasil, no final de 1983 e inicio de 1984. Grandes mulidées sairam is ruas em Sto Paulo e no Rio de Janeiro, bem como em outros loais do pais, em busca de tim retorno das eleigbes diretas para determinaro sucessor do presidente Figueiredo. [Em abril, aconteceu a votagio decsiva na CAmara. Embora a emenda constitucional tenha sido aprovada por esmagadora maioria de 298 a 65 voto, fooa 22 votos abaixo dos 6086 requeridos. A abstengio de 112 membros forgou a reeigo, Mas aquela foi apenas primeira salva na batalla [A despeito do fracassoo PMB, eno o mais importante patio politico brasleim, dei Inga ‘um candidato nas eleigbes indiretas marcadas para o ano segunte. primeira vista tentative pare Poo = = > Nd tran oe route |- > Sisto mais Fond 0 sais el hisrco, porque © mumento nominal incl € menor garante que a inBasosubse~ ents sem peso de umaalta nos cots reais vena se tbe menor Uma estmativa da in- fo fra abe & noes yam determina o el de juste nmial anal. Ese principio se tacando ctospregoa da economia. A comeo monetea se fenon era universal. suse dos ‘cmos sobre iestmento em itl pen, dos mpostos devidos ao govern, dos contratos {Tones hipereas slut urbanen ds mprétimosbactios paso ase sear no prin pio de toma proceso mune ina Até mesmo a ta de mbio pasion a Funcionar sob est Fegime em 1968. O guste mena repurchase em uo fn de pegs evtava desvaarzagses Cipro iepular ede mor mont, qe eostumavar er euidas por surts de inl. Porcera de duas déadas, até 1985,0 Bri vveu so esas repr, Com o passa do tempo & media ‘que economia ganhava em sofisticaso,0salrio-minimo se tomava menos importante x ditadura afrouxava seu controle passaram a ocorer mais negociashes dre entre as empresa os sindcatos O siuste dos pregos do setor piblico jamais seguin essa gms e, com o erescimento no niimeto © jmmporticia das estatais, seus pregs pasaram a ser determinados de aconto com outros objets. De fio, com a ala da info, o gorern passu a adiar aumentos, e permit também uma valorzago das taxas de cimbio. Os dois tecuros se tornaram mecansmos de controle de surtosnflaconstos. oT (Nowe Bas As conus pots, condi, sai eas ogs acon Por volta da metade dos anos 1980, andlise da inflago estava se afistando cada vez mais do modelo favorecido pelo FMI, em diresio a alternativas heterodoxas.? Havia bons motivos. A sabedoria convencional ndo parecia fancionar muito bem no contexto de uma estrtura inde sada. Brasil havia passado por sete verses revisadas de planos do FMI, de 1982 em diante. A inflagi0 dobrou, eo creseimento real da renda no conseguiu reeuperagio, O governo civil {que estara assumindo pela primeira vez em mais de 20 anos decidiw procurar outros métodos. A alternativa mais atraente era heterodoxa, como as adotadas em junho de 1985 pela Argenti- ‘nae no comego de julho do mesmo ano por Israel. Essa eterodaxia se baseava em duas premissas.’ A primeira era uma aplicasao prévia de po- Iitica Sisal e monetiria que eliminaste a pressio de demanda excessiva. Os pregos relativos cstavam rlativamente bem ajustados, 0 pregos administrados jf nio mosteavam defasager. Hlaia acimulo de reserva cambiis, 0 que eliminava as restrgbes anteriores is importagdes necesiras. Em segunda lugar, «inlagio acori, antes de eudo, em consequeéncia da index 60: "Os presos sobem hoje porque subiram onter, de acordo com o mecanismo perverso de 74 | ae apo 3—Em busca go casi eomtnco Femando Henrique Cardoso se tornou ministo da Fazenda em maio remediou o desequll- bo fiscal como prekidio para o Plano Real. Embora tenha havido sinais de interesse em uma privatizasio mais abrangente, que inchiia novos setores dominados pelo Estado, e um novo Gecreto que centralzava 0 controle no programa no Ministério da Fizenda, 2 questio nio sanbou impeto.™ Apenas metade das empresas cuja venda havia sido aprovada no comego de 1990 foram vendidas até o final de 1994, FHC mesmo afrma que “o process de privatizacio vangou muito pouco no periodo de preparagio para aetabilidad. Faperamos prudentemente por um momento mais oportuno, fim de realizar um gjuste de maior escopo.”™ O procesto seguiu adiante, sem aceleragio. Ainda que tanto a Light quanto a Esclesa, do setor de cletricidade, constassem da lista de 64 empresas cuja venda foi aprovada sob o PND, no hhouve avangos reais nesse sentido. E tampouco houve vendas no setor fertovirio. Mas o obje- tivo de tornar a privatizago um curso accitivel no futuro -a ser seguido posteriormente, e em busca de recursos muito maiores, no governo FHC- foi realizado. As privatizagdes no periodo Tamar renderam cerca de US$ 4,6 bilhdes, um aumento modesto com relag20 aos anos Collor. Certo volume de dividas, USS 1,9 bilhao, foi transferido 20 setor privado.” [A Tabela 3.2 oferece informagoes sobre as vendas entre 1985 ¢ 1994, Da venda da Cosipa em agosto de 1993, quando a estabilizacio da inflagio se tormou a questio politica central, até 0 final de 1994, apenas USS 1,9 illo, incluindo transferéncias de dividas, foram registrados em receitas, ou menos de um texgo do total arrecadado, O Plano Real no teve efeito positive. 28 Montero, p82, rumen ue opriodo FH vais tng a ama, Ele fu mas eset, ms como ea event pols rime Conrts das vendas-queconnaram bas al 1995-, seufoco er uo. 2 Cardoso, p. 160, 30 Mania, p. 58, sugere um tll de apenas USS 2 bites em vendas no period amare também inca ‘mangas mito maloresno programa depos que ee chegu &presincia. Os dads usados aqu rovém ‘6 BNOES, Pivazago no Basi 1990-94, 1995-2002, jl. 2002 avaiago dee incorpora un forte aust Pro nas rectus, procedimento comm ete os eis do prcesso de prvaizacdo. 5 ‘ONov Bras ~As angus potas, acontmias, soa ras rues racons — Capo Em busado crescent ean “abla 32 Privaizagdo brasil, 1985-1904 (USS bes) Fortes: Samey — Velasco, Lich, Pratzaion: mths and fae gerceptins, 2. Collar amar DES, “A nova fase daprvatizaco", en cojunto como mo de venas relat em ‘Avat Neo, Francesca eta, “Cash and benefits ol rivatization evidence from Brazil.” Research ‘Network Working Paper, R458, pbc 1 Nas tabelas 3.93.5, hd mais deales: o recurs uizados os principe investidores mas gran= des prvatizagées ¢, por fim, sew tio nacionas ou estangeitos, instituiges fnanceiras et. O resultado foi um sicesso ou consti simples redisuibuiglo de atvosvaliosos para ecipientes Drivados privilegiados, como os crticos do process nas filers do PT sempre sustentaram?" Dinheiro os Diva interna Total BNDES: 18 43 57 86 PEA 12 13 55 80 “abla 83 Fundos usados ra compra de enpresas esas, 1990-1804 (USS bihae) Fortes: BNDES Priatiacdo no Brest IPEA — Pio, armenda Case, “Sroctrl adjustment and privatization in Bra, p. 28-29, ao qual fo acescenta vend da Embraer em dezembro de 194 ‘37 Para uma vs recente, especiamentecrtica quanto a vendas de maor porte nos anos posteroes do ‘overno FHG, vor Guido Manga, "O programa deprivaiagdes brasioase sua repercussdo na diniica ‘condmia,"Rlalrio de Posqusan. 53, EAESP/FGWNPR 2001 76 ‘ila ‘lr atid ep een Reside do elo Prriodo Pere tegen ‘Wal See Data | Emp Selor | Finthes de USS) Compradores ee era i ne 7 = cut 1067 |Utminas | Ago 2310 | Nppon Sta CVRD, Pre, Funcondfas Col 00002 40 14 a4 18 1.1992 [Pratni__| Ago 709 [ceria ie 2A i ns S ab 1992 [Peo _|Peogunicos 255 | Sar, Funcortos eons a @ 16 = mal 1882 | Copesul | Ptoqumicos Bri Odebecr, Szan,Pevobras Fetes a2 a as = ju, 1002 [5 Toado| go {837 | Baro Simonsen, Unbanco, CVRD us at a a = ago. 1002 [Foster ertzantes 226 | ConsrcioFertes Tana, 2 46 1 1A ar et 1902 |Polsul | Paoqumins a oo a a2 15 a = cut 1992 [Aceseta | Ago 607 Pro, Sisto, Banco Safa = : : Fanclonios, Dserane, cua, EH Poains as a os nc 1988 fos | A ze ‘| farlnis, Pct 98 fs 02 3 jon 108 [Urata | Frais 226 Fest, Funciondos os as a3 m7 = 90.193 |OSIPA [Ago +470 sins, Fncosos mS a 3s = sa et 1985 | Agomias | Ago 721 Grupo Mendespa Funindros “ir Giada nae ae pro Calo, ve Pao, Avant Castar, Gg Fao “al ee paitin he lle a8, para Ora prope do axe at, com maga & ects Gi, Paa © jen. 1906 [POU | Peroqunics ze | combrcaPoaves, Pobre do Rao aes nm ote ton oa do arn 6 SES cat cae ua de mde boleate aout avs ua, 0 pode ereenar peta subestat iro zs vas on oat cet. ez, 1994 [iivaer | Aerondueo 55___| Bono Sinerson, Ste Pro Fronts ‘hs vei as evr programas pr uta demir de 1982 so cetas a eon Cola, enna Tala 34 — Principals inesiores as maorespraizagtes tanar estes wands co reise cri. As ins xara ai toma os «tua retina lr de USS 10 lies o parte 180-1008 Fares: “Costs and benef of privatization" p43 Goldstein, Anca "rain prhatization in inrratoral perspec.” industria and corparte chang, 1 4,¥. 81999, p.710 BNDES, confome reproduzido om Bond, layla. 0 Bas prvatizado. Sao Palo, 1999, pp. 42 Tipo de invest Rendimentos Percentual Empresas navorals 3.116 36 Insuigdes fnancaras 2.200 % Thavdues| 1701 20 Fundos de pens 1198) 14 Invesidoresestangeras| 388 5 Total 8.608 100 Tabla 3.5 —Pivalizagbes prio de investidr, 1990/1094 USS Mihdes| Fone: BNDES ~ Priva no Bras, p12. A visio negatva critica 0 uso de moedas podres como forma de pugamento. As empresas foram ‘vendidas a prego baixo demas, afrma ese argumento, porque acetaram como pagamento ttlos Ade diva alquisdos pelos compradones abixo do valo de fice. A tabela 3.2 inci uma estimativa {quanto a essa supervlorizasio dos proventos das vendas. Ela indica que o valor receid foi ponco ‘menos que a metade do anonciado pelo BNDES no periodo Collor esa supervalorizacio se ein Posteriorment, quando passou ser queria uma proporyio maior de pagamento em dink, 7 Noo Brast—As const potas, ecanéicas, sca mas lates inaracials ‘Ainda assim, uma conclusio contriia no € automdtica. Nos easos em que as vendas foram realizadas por lilo ~e todas as grandes estatas foram vendidas desse modo~,é improvivel ‘que 0s vencedorestenham recebido ganhos ocultos.* A diversidade de compradores, como de- tmonsta a tabela 34, também nega esse pont, 0 mesmo se apica ao subsiio concedido aos funcionérios que puderam adquiritpartcipagio com descontos nas empresas prvatizadas. ‘Ao recomendar 0 prego minimo de oferta, as consultoriaslevavam em conta 0 desconto quanto ao vilor de face dos ttulos acetos em pagumentoy isso resultava em um prego nominal mais ato [No caso de uma produtora de fertilizantes cujo valor de venda foi inicialmentecriticado como baixo demais,o novo valor caleulado por uma tercera consultoria nfo se alterou, Determinar um valor incial de avaliagio mais baixo oferesia vantagens: os égios registrados nos leildes ajudavam aadguirir maior apoio publica. ‘A esguerda nto ficou satsfitn com a privatizagio, Houve tentativas de deter as endas. No ‘as6 da Usiminas,a primeica venda do goveeno Coll, surgiram 37 processos que bloquearam aoperasio eforgatam o governo a responder judicialmente.® Essastentativas prosseguiram em privatzagoessubsequentes, Sindicatos partidos politicos aderirum ao esfrpo. Mas a politica de oferecer 10% das ages tos Funciondtios,comn desconto nos precos, comesou a dar resultado Os trabalhadores da Usiminas, qu favoreceram a pevatizagio por margem de 55% a 4596 em 1991, romperam com a CUT A revista Yéj estimou em junho de 1995 que mais 100 mil trabathadores hava participado das privatizagoes, obtendo ganhos de eaptal equivalents a tots vezeso valor nici investido.™ As tabelas 3.3 e 3.4 ofercem indicis dessa participasio. ‘A presenca dos fundos de pensio dos funcionitos das estaais como importantes ompradores ajudou a dvidir ainda mais a oposicio. ‘Um grupo divesficado de interesesprvados estava em formagio no Brasile seu desenvolvimen- t ainda prossegue. A capaciagio administratva e o interesse em técnicasefcientes de produsio ‘resceram. Isso foi o comego. A privatizago, empreendida como um process si, tecnoeritico, sobreviveu ao fracasso da estabilzagio, Como afiemou o Banco Mundial em 1992, mas poderia ter afirmado em 1994, ‘mais tempo devera ser dedicadol..] a0 estudo das mudaneasjudiciai, politics e regulatérias necessras. Ito vai se tornar especialmente importante para a privatizacio de ferrovas, energiacétia, portos,telecomunicagSes edo setor petoeiro."* Com 0 tempo, o processo de privatizaco no Brasil x tornou mas sofisticado. Foram estabele~ cidas agncias egulatérias para fiscalizar 0 desempenho. Esses temas sio tratados na segunda parte deste live. [32 Mtr, p58, parooe esa afimando isso a asseverar que “o uso dentro vivo tnanciu 0 govern de ‘manor etcente sem odeséio que subsicava os compradoes das empresas epenalzava as conta pb ‘cas, De fat, anda que a propor dos pagamerins em cn tena subidodramateamarte em 194, fa anda assim respondeu por apenas pouco mas de um tego dos provers das vendas nos anos Rama Vor Taal 3.2 33 Pino e Gambia, Macroecanami background . 12 34 Manteo, pp. 47-48. 35 World Bank “Sra privatation and the ste! sector, 1982, mimeo, tl como cdo por Armando Castelr Piet," prvatzapo tem elo, IPER Texto para Discussdo , 338, malo 1984, pp. 19-14 78 _— Capo 3m usa do cescnen cominico jeralizagao comercial Desde o inicio da Grande Depressio,e mesmo antes a opie do Brasil sempre fi por um setor industrial intern protegido contra a concorréncia dos importados. Iso aconteceu antes que a teoria da subtitugao de importagies fost formulada por Ral Pebsch ea CEPAL. Essa estat, peo- movida deforma agressiva nos anos 1950, persist ao longo da ditadura militar. Quando emergiu ‘uma necesidade premente de controlar as importagoes, depois da evse da divida de 1982, foram impostos controle substancais, de narueza quantiatva, os quai foram mantidos dante a presi dencia de Surney. Bes eram acompanhados por subsidios para encorajarexportages industria, ‘A diplomacia comercial era uma responsildade consderivel em 1985 e nos anos segues Negociagdes do GATT preliminares & Rodada Urogua, postsiormente as negociages da o- dai em s, estavam em curso. ambém continuavam a existe diferenga,progressivamente mais séras,com os Estados Unidos, em relagi a uma série de esos expecificos. Os subsidis &expor- tag estivam em disputa, Acusagoes de protesio desea prokigo nacional de computadores fare surgram na agenda, e 0 mesmo se aplicaa ques da Associagéo dos Produtores Far= tmacéutics dos Estados Unidos quanto ao dsrespeito a patents. ss levou a um bem-suceido proceso nos terms da lei norte-amercana conhecca como Super 301, em 1987/1988, no qual punigdesconcreta 9 foram evitadas porque o Braise dspés a um acordo, Em circunstincias como esas reforma tarifiria brasileira de 1988 veo em certa medida de forma inesperada, A intengo er ampliar a recta fiscal ao aplcar as cliusulas do céigo tif em hygar de concede senses. Em 1985, dois texgos das importages ocomiam sob regimes especais que con

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