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ESTABILIDADE DE TALUDES

Prof.ª Naiara de Lima Silva


Mestrado em Geotecnia – NUGEO/ UFOP
Engenheira Ambiental - UESB
E-mail: nls.naiara@gmail.com
INTRODUÇÃO
Chama-se talude qualquer superfície inclinada em
relação a horizontal que delimita massa de solo, rocha
ou outro material qualquer (minério, escória, lixo etc.).
Podem ser naturais (encostas) ou construídos pelo
homem (cortes e aterros).
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
• Elementos de um talude
INTRODUÇÃO
Sob condições específicas, uma porção do material de
um talude pode deslocar-se em relação ao maciço restante,
desencadeando um processo genericamente denominado de
movimento de massa, ao longo de uma dada superfície
chamada superfície de ruptura.
MOVIMENTOS DE MASSA
MOVIMENTOS DE MASSA
FORÇAS ATUANTES EM UM TALUDE
FORÇAS INSTABILIZADORAS
• Induzem o movimento de massa ao longo da superfície de
ruptura por meio das tensões cisalhantes mobilizadas
• Comumente forças gravitacionais e/ou de percolação

FORÇAS RESISTENTES
• Se opõem a ação do movimento de massa, em função da
resistência ao cisalhamento do material

A instabilidade do talude é deflagrada quando as tensões


cisalhantes mobilizadas se igualam à resistência ao
cisalhamento.
CAUSAS DOS MOVIMENTOS DE MASSA
FATORES PREDISPONENTES
• Geometria do talude
• Condicionantes geológicos-
geotécnicos
• Presença ou não de vegetação
• Posição do NA no terreno
• Condições climáticas locais
• Ocupação urbana, etc.

CAUSAS
• Externas: aumento das solicitações atuantes
• Internas: diminuição da resistência do solo
INFLUÊNCIA DA ÁGUA INTERSTICIAL
• Aumento do peso específico do solo pela retenção
parcial das águas de infiltração.
• Desenvolvimento de poropressões no terreno, com
consequente redução das tensões efetivas.
• Eliminação coesão aparente (sucção) em solos não
saturados.
• Perda da cimentação existente entre as partículas de
solo.
• Introdução de uma força de percolação na direção do
fluxo, que tende a arrastar as partículas do solo.
INFLUÊNCIA DA AÇÃO ANTRÓPICA
• Execução de cortes com geometria incorreta.
• Execução deficiente de aterros (geometria,
compactação e fundação).
• Lançamento de lixo, entulho nas encostas ou nos
taludes.
• Remoção da cobertura vegetal.
• Lançamento e concentração de águas pluviais e/ou
servidas.
• Vibrações produzidas por tráfego pesado, explosões
etc.
FORMAS DE RUPTURA DE UM
TALUDE DE TERRA
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE
O objetivo da análise de estabilidade é avaliar a possibilidade
de ocorrência de escorregamento de massa do solo presente
em talude natural ou construído.
• Métodos probabilísticos: análise quantitativa expressa sob
a forma de uma probabilidade ou risco de ruptura;

• Métodos determinísticos: análise quantitativa expressa


sob a forma de um coeficiente ou fator de segurança (FS).
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE
• Equilíbrio de forças

• Equilíbrio de momentos

• Resistência ao Cisalhamento

cm e φm são a coesão
e o ângulo de atrito
que se desenvolve ao
longo da superfície
potencial de ruptura.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE
O FSadm de um projeto corresponde a um valor mínimo a ser
atingido e varia em função do tipo de obra e vida útil.
A definição do valor admissível para o FS vai depender, entre
outros fatores, das consequências de uma eventual ruptura,
em termos de perdas humanas e/ou econômicas.

NBR 11682 (ABNT, 2008)


ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE
ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE
A análise da estabilidade de taludes é feita avaliando-se as
condições de equilíbrio da massa de solo num estado de
ruptura iminente.
Hipóteses básicas:
(i) a superfície potencial de ruptura é pré-definida e de geometria
qualquer;
(ii) o talude encontra-se em condição de ruptura iminente (estado
de equilíbrio limite);
(iii) validade do critério de ruptura ao longo de toda a superfície de
ruptura considerada;
(iv) FS é constante ao longo de toda a superfície de ruptura
considerada.
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
Determinação de FS contra uma possível ruptura de talude ao
longo de um plano AB, a uma profundidade H.

Forças F são
iguais e
opostas,
podendo ser
ignoradas
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
Considerando um elemento do talude, abcd, com comprimento
unitário na direção perpendicular ao plano da seção.

O peso W pode ser decomposto em duas componentes:

Força que tende a causar o deslizamento ao longo do plano


SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
A tensão normal e tensão cisalhante efetivas na base do
elemento do talude são:

A reação ao peso (W) é uma força igual e oposta R. As


componentes normal e tangencial de R em relação ao plano AB:
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
Para o equilíbrio a tensão de resistência ao cisalhamento que se
desenvolve na base do elemento é igual a:

OU

A substituição da tensão normal na equação anterior resulta:


SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
Portanto:

O FS em relação à resistência foi definido:

Substituindo as relações:
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
Para solos granulares (c’ = 0):

Um talude infinito em areia, o FS independe de H e o talude é


estável enquanto β < φ’.
Se o solo possui coesão e atrito, o equilíbrio crítico ocorre
substituindo FS = 1 e H = Hcr:
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Infinito
• ESTABILIDADE COM PERCOLAÇÃO:
Se houver um estado constante de percolação através do solo e
a lâmina de água coincidir com a superfície do solo, o FS pode
ser determinado como:
EXEMPLO
Para um talude infinito em estado de percolação constante
determine:
a) O FS contra deslizamento na interface solo-rocha.
b) A altura, H, que fornecerá um FS = 2
contra deslizamento ao longo da
interface solo-rocha.
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Finito - Método de Culmann
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Finito - Método de Culmann

Comprimento
Unitário
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Finito – Método de Culmann
SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Finito - Método de Culmann
• Para solos com c’ = 0 (Areias puras)

• Para solos com φ’ = 0 (Argilas puras)


SUPERFÍCIE PLANA DE RUPTURA
Talude Finito - Método de Culmann
• A expressão anterior é obtida para um plano tentativa de
ruptura AC.

• Para um dado maciço, γ, c e φ são constantes, logo a


inclinação do talude (α) dependerá de h e θ, sendo θ a
inclinação da superfície de ruptura.

• A altura máxima do talude no qual ocorre equilíbrio crítico:


EXEMPLO
É feito um corte em um solo com γ = 16,51 kN/m3, c’ = 28,75
kN/m2 e φ’ = 15°. A face do corte formará um ângulo de 45°
com a horizontal. Qual deve ser a profundidade do corte para
que tenha fator de segurança igual a 3?

A altura máxima do talude no qual ocorre equilíbrio crítico


pode ser substituindo c’m = c’ e φ’ m = φ’

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