Você está na página 1de 165

2.

3) FONTES NÃO CONVENCIONAIS DO


DIREITO INTERNACIONAL

Unidade 2 Fontes Luiz Albuquerque 1


Capítulo 3 2016/2º
Fontes Convencionais = Tratados
Fontes Não-Convencionais = Outras fontes

1. Costumes (Direito costumeiro)


2. Princípios gerais do direito internacional
----------------------------------------------------
3. Atos Unilaterais dos Estados
4. Normativas das Organizações
Internacionais
5. Decisões jurisdicionais
Luiz Albuquerque 2
Unidade 2
Cap. 2
1 DIREITO COSTUMEIRO

Luiz Albuquerque 3
Subseções
1.1 Noções gerais sobre o direito costumeiro
1.1.1 Conceito de direito costumeiro
1.1.2 Peculiaridades do direito costumeiro
1.1.2.1 Desnecessidade de manifestação do consentimento de um Estado
para ser obrigado a respeitar norma costumeira
1.1.2.2 Norma Costumeira não vincula em caso de “Objeção Persistente”
1.1.2.3 Dificuldade de se provar a existência de uma norma costumeira
1.2 Elementos caracterizadores de uma norma costumeira
1.2.1 Prática dos Estados
1.2.1.1 Distinção entre “Uso”(prática comum) e “Costume” (norma
consuetudinária)
1.2.2 A norma costumeira só pode ser formada ao longo do tempo
1.2.3 Opinio Juris
1.3 Exemplos de Norma costumeira
1.4 O costume como fundamento de uma decisão jurisdicional
1.1 Noções gerais sobre o direito
costumeiro
"O costume significa em sentido
jurídico alguma coisa mais do que um
simples hábito ou uso. Significa o uso
que se segue com a convicção de que é
obrigatório, de que a sua inobservância
acarretará provavelmente, ou pelo
menos deveria acarretar, qualquer
forma de sanção para o transgressor".
(BRIERLY, 1979, p. 59)
Relacionamento constante entre os
Estados gera costumes que passam a ser
percebidos como normas de conduta

Estados se relacionam ao longo do


tempo e adquirem o hábito de
adotar em relação à dada e repetida
situação, uma atividade
determinada a qual se atribui
significado jurídico;
7
Jus Non Scriptum
■ Trata-se, em geral, de regras não escritas,
introduzidas pelo uso continuado e com o
consentimento tácito de todas as pessoas que
as admitiram como norma de conduta.

► Conjunto de NORMAS consagradas pelo longo


uso e observadas na Ordem Internacional como
obrigatórias;
■ Direito Internacional
Consuetudinário resulta de uma
prática geral e consistente seguida
por Estados por um senso de
obrigação legal;

■ Estatuto da CIJ, Art. 38:“Costume


internacional como prova de uma
prática geralmente aceita como
sendo a expressão do direito”;
9
■ No passado Direito Internacional era
essencialmente direito costumeiro;

■ Século XX experimentou-se um forte


movimento de codificação dos costumes
através de iniciativas multilaterais
conduzidas em organizações
internacionais como a ONU;

Luiz Albuquerque 10
“La costumbre jurídica traduce al lenguaje de hechos efectivos las
convicciones que tienem los miembros de uma colectividad
respecto de aquello que reputam indispensablemente necessario
para su vida común”
(Luis Recaséns Siches)
“El Derecho Consuetidinario no
es una aventura caprichosa del
pueblo, ni una expressión feliz del
acaso, ni el producto de una
generación espontânea.
Es el resultado de uma convicción
jurídica – podria decirse que de una
conciencia jurídica – elaborada a
través de uma larga y paciente
experiencia”
(Ernest Forsthoff)
11
• For Henkin, this is “a source available
only as necessary for interstitial use, to
fill out what international law requires
but has not been recognized as customary
law because it has not yet been invoked
often and widely enough.” LOUIS HENKIN,
• INTERNATIONAL LAW: POLITICS AND VALUES 40 (1995). (p. 126)
• (KRITSIOTIS: 2010, p.
1.1.1 Conceitos de direito costumeiro
CONCEITO DA INTERNATIONAL
LAW ASSOCIATION
(i) A rule of customary international law is one which is created and
sustained by the constant and uniform practice of States and other
subjects of international law in or impinging upon their international
legal relations, in circumstances which give rise to a legitimate
expectation of similar conduct in the future.
(ii) If a sufficiently extensive and representative number of States
participate in such a practice in a consistent manner, the resulting rule is
one of “general customary international law”. Such a rule is binding on
all States.
(iii) Where a rule of general customary international law exists, for any
particular State to be bound by that rule it is not necessary to prove
either that State’s consent to it or its belief in the rule’s obligatory or
(as the case may be) permissive character.
Conceito clássico
‘those rules which have been approved
by long established custom and have
been observed for many years, by, as it
were, a tacit agreement of citizens, are
no less to be obeyed than laws which
have been committed to
writing’.(KAMMERHOFER: 2012, p.
590)
1.1.2 Peculiaridades do Direito
Costumeiro
• Desnecessidade de manifestação do
consentimento de um Estado para ser obrigado
a respeitar norma costumeira;
• Possibilidade de “Objeção Persistente” no
início da formação de uma norma costumeira
não obrigar um Estado a cumpri-la;
• Dificuldade de se demonstrar/provar a
existência de uma norma costumeira
1.1.2.1 Desnecessidade de manifestação
do consentimento de um Estado para ser
obrigado a respeitar norma costumeira
• Ao contrário dos
tratados, norma
costumeira não
precisa que o Estado a
aceite formalmente
para que ela seja
obrigatória
"A State does not have to formally
accept a customary rule in order to be
bound by it. If the practice on which a
rule is based is widespread,
representative and virtually uniform then
that rule is binding on all States."
• http://www.icrc.org/eng/resources/documents/news-release/2012/12-11-
customary-international-humanitarian-law.htm
1.1.2.2 Norma Costumeira não vincula
em caso de “Objeção Persistente”
Se, no momento em que uma norma
costumeira está em processo de
consolidação, um país se manifesta
de forma expressa e consistente sua
objeção a ela, então, em princípio, este
Estado poderia argumentar que não
estaria vinculado a esta norma
costumeira.
“Objeção Persistente” não se aplica
jus cogens
Commentators have stated, on the other
hand, that for a state to become a persistent
objector, the state must
• (1) object to the practice at the initial
stages of the formation of customary law
and continue to object in a sustained
manner; or

• (2) adopt a contrary practice at the initial


stages of the formation of customary law
and continue to do so a sustained manner.
Exemplos de objetor persistente
reconhecidos pela CIJ
• The court in the Anglo Norwegian Fisheries case held that even if a customary law
rule existed (on a ten-mile rule relating to straight base-lines),
“…the ten-mile rule would appear to be inapplicable as against
Norway inasmuch as she has always opposed any attempt to apply it to
the Norwegian coast.”

• On the other hand, in the Asylum case the court found that a state is not bound by a
customary law rule when the state refrained from becoming a party to a convention
that was the first to introduce the rule that had crystallized into custom.

“But even if it could be supposed that such a custom existed between certain Latin-
American States only, it could not be invoked against Peru which, far from having by
its attitude adhered to it, has, on the contrary, repudiated it by refraining from
ratifying the Montevideo Conventions of 1933 and 1939, which were the first to
include a rule concerning the qualification of the offence in matters of diplomatic
asylum.”
Objeção Persistente não impede a
formação da norma costumeira
“As a matter of policy, the persistent objector rule
could be regarded as a useful compromise. It
respects States’ sovereignty and protects them from
having new law imposed on them against their will
by a majority; but at the same time, if the support
for the new rule is sufficiently widespread, the
convoy of the law’s progressive development can
move forward without having to wait for the
slowest vessel.”
1.1.2.3 Dificuldade de se provar a
existência de uma norma costumeira
A difícil questão da
Prova da existência de
uma norma costumeira
no contexto de um
julgamento internacional.
1º Prova a existência da
norma costumeira
2º Provar a sua violação
A evidência da existência de uma norma
costumeira é difusa e dispersa. Ela não tem
uma origem única definida e identificável
• “the relevant evidence of customary international law
is widely dispersed and generally unfamiliar to lawyers
and judges. These difficulties are compounded by the
fact that customary international law—as the term itself
implies—is created by the general customs and practices
of nations and therefore does not stem from any single,
definitive, readily identifiable source. (CABRANES: 2011,
p.147)
Evidências de uma Norma Costumeira
In Principles of Public International Law, Ian Brownlie lists
the following sources as evidence of custom: "The material
sources of custom are very numerous and include the
following: diplomatic correspondence, policy statements,
press releases, the opinions of official legal advisers,
official manuals on legal questions, e.g. manuals of
military law, executive decisions and practices, orders to
naval forces etc., comments by governments on drafts
produced by the International Law Commission, state
legislation, international and national judicial decisions,
recitals in treaties and other international instruments, a
pattern of treaties in the same form, the practice of
international organs, and resolutions relating to legal
questions in the United Nations General Assembly."[12]
1.2 Elementos caracterizadores de
uma norma costumeira

1)Prática consistente e generalizada;

2)Longo período de tempo;

3) Opinio Juris
1.2.1 Prática dos Estados
Usos (prática comum) ≠
Costumes (dever de conduta)
But it seems that there was a discrete distinction in European legal
history between usus and customary law (even if it was ‘only’ called
consuetudo), between behavioural regularities and the law, even if this
difference was due to factors like tacitus consensus or recta ratio. In the
history of the common law tradition, so our authors seem to tell us,
‘custom-as-law’ is not based on the categorical distinction between
usages-as-factual-regularities and usages-plus-opinio/consent-as-norm.
The former seems to imply the latter – thus, ‘customs are not
merely patterns of behavior; rather they set standards for
behavior’. When looking for concrete and specific evidence for the
usage/norm distinction in the relevant historical chapters, however,
things are shown to be much less clear. (KAMMERHOFER: 2012, p.
Seleção da prática dos Estados
Esta listagem demonstra que a prática dos
órgãos executivos, legislativos e judiciais de
um Estado pode contribuir para a criação de
direito internacional consuetudinário.
(HENCKAERTS: 2005, p.3)
Seleção da prática dos Estados
Os atos dos Estados, tanto os materiais como os verbais, contribuem
para a criação do direito internacional consuetudinário.
- Os atos materiais compreendem, por exemplo, o
comportamento no campo de batalha, a utilização de certas
armas e o tratamento dado às diversas categorias de pessoas.
- Os atos verbais incluem os manuais militares, o direito interno,
a jurisprudência nacional, as instruções às forças armadas e de
segurança, as comunicações militares durante uma guerra, as
notas diplomáticas de protesto, as opiniões dos assessores
jurídicos oficiais, os comentários dos Governos sobre projetos de
tratados, as decisões e regulamentos executivos, as alegações
perante tribunais internacionais, as declarações em organismos e
conferências internacionais e as tomadas de posição dos
Governos sobre as resoluções de organizações
internacionais..(HENCKAERTS: 2005, p.3)
Avaliação da prática dos Estados
”Para determinar se a prática dos Estados é
suficientemente “densa” para criar uma norma
de direito internacional consuetudinário, há que
analisá-la. Para criar uma norma de direito
internacional consuetudinário, a prática estatal
tem de ser virtualmente uniforme,
generalizada e representativa. Mas vejamos
mais detalhadamente o que isso significa. (...)
(HENCKAERTS: 2005, p. 4)
Avaliação da prática dos Estados
(...) O primeiro requisito para que a prática dos Estados crie uma norma de
direito internacional consuetudinário é que seja virtualmente uniforme .
Para isso é preciso que diferentes Estados não tenham adoptado
comportamentos radicalmente distintos. A jurisprudência Da Corte
Internacional de Justiça tem vindo a mostrar que uma prática contrária, que à
primeira vista parece ir contra a referida uniformidade, não impede a formação
de uma norma de direito internacional consuetudinário, desde que essa prática
contrária seja condenada por outros Estados ou negada pelo próprio Governo.
Tais condenações ou negações confirmam de facto a norma em questão.
Isto é especialmente pertinente para uma série de normas de direito
internacional humanitário para as quais existem inúmeros elementos que
ilustram uma prática estatal de apoio à regra, paralelamente às múltiplas provas
de violação dessa mesma regra. Quando estas infrações foram
acompanhadas de desculpas ou justificações dos atores e/ou de
condenações por parte de outros Estados, elas não colocam em dúvida a
existência da norma em questão. ”(HENCKAERTS: 2005, p. 4)
Avaliação da prática dos Estados
O segundo requisito para que se crie uma norma geral de direito
internacional consuetudinário a prática estatal respectiva terá de ser
generalizada e representativa. Não necessita, no entanto, de ser
universal; é suficiente ser uma prática “geral”. Não é necessário um
número ou percentagem exata de Estados. Uma das razões pelas quais
é impossível determinar a participação necessária é que este critério é de
certa forma “qualitativo”, mais do que quantitativo. Isto quer dizer que
não se trata meramente de uma questão de saber quantos Estados
participam na prática, mas também que Estados . Como sublinhou a
Corte Internacional de Justiça nos casos da Plataforma Continental do
Mar do Norte, a prática deverá “incluir os Estados cujos interesses
possam ser especialmente afetados”. (HENCKAERTS: 2005, p.4)
Leitura complementar sobre
“prática de Estado”
State Practice

The practice of states must be both general and


consistent and followed by a state's sense of
legal obligation. The International Court of
Justice's website states that "The Court's
decisions show that a State which relies on an
alleged international custom practiced by States
must, generally speaking, demonstrate to the
Court's satisfaction that this custom has
become so established as to be legally binding
on the other party."
Pronouncements of States
Official pronouncements by states that undertake
to state a rule of international law are one of the best
places to find evidence of international custom as they
often describe both prongs of the definition of custom,
the general and consistent practice of the state and an
explicit description of the state's sense of legal
obligation.
Treaties
According to the Restatement, "International
agreements constitute practice of states and as such
can contribute to the growth of customary law
under Subsection (2)."[14]
State Law
A country's law (legislation, court decisions, regulations,
etc.) are sources of state practice to the extent that they
might seek to describe the country's practice and
obligations under international law.

International Organizations and International Courts


"The practice of states that builds customary law takes many
forms and includes what states do in or through
international organizations."[18] In particular, the
Restatement refers to resolutions and other documents of the
United Nations. The decisions of international courts likewise
are a good source of information.
Observações sobre prática do Estado
• Acts do not count as practice if they are not public.
• In appropriate circumstances, omissions can count
as a form of State practice.
• Acts of individuals, corporations etc. do not count
as State practice,unless carried out on behalf of the
State or adopted (“ratified”) by it.
• The activities of territorial governmental entities
within a State which do not enjoy separate
international legal personality do not as such
normally constitute State practice, unless carried out
on behalf of the State or adopted (“ratified”) by it.
Observações sobre prática do Estado II
• The practice of the executive, legislative and
judicial organs of the State is to be considered,
according to the circumstances, as State practice.
• The practice of intergovernmental organizations
in their own right is a form of “State practice”. (i)
General customary international law is created by
State practice which is uniform, extensive and
representative in character. (ii) Although normally
some time will elapse before there is sufficient
practice to satisfy these criteria, no precise amount
of time is required.
Observações sobre prática do Estado III
• (i) For a rule of general customary international law
to come into existence, it is necessary for the State
practice to be both extensive and representative.
It does not, however, need to be universal.
• (ii) For a specific State to be bound by a rule of
general customary international law it is not
necessary to prove that it participated actively in
the practice or deliberately acquiesced in it.
• If whilst a practice is developing into a rule of
general law, a State persistently and openly dissents
from the rule, it will not be bound by it
Accordingly, as our Court noted in 2003, resolutions of the
General Assembly “are not proper sources of customary
international law because they are merely aspirational
and were never intended to be binding on member States
of the United Nations.”28 And repeated adoption of such non-
binding resolutions of international organizations cannot, by
miraculous alchemy, transform those resolutions into “law”—in
international affairs, as in basic arithmetic, one hundred times zero, is,
alas, zero.29 (CABRANES: 2011, p. 151)
1.2.2 A norma costumeira só pode ser
formada ao longo do tempo
Quanto tempo é necessário
para se consolidar um
costume?
Não há qualquer determinação
quantificada de tempo para
configurar um costume.
No passado era necessário
mais tempo. Hoje é necessário
comparativamente menos.
Mas quanto? Não se pode
dizer.
Avaliação da prática dos Estados

Embora normalmente decorra algum tempo até


que se crie uma norma de direito
consuetudinário, não existe um requisito
temporal específico. Trata-se de uma questão
de acumular uma prática de densidade
suficiente, em termos de uniformidade,
generalização e representatividade .”
(HENCKAERTS: 2005, p.4)
1.2.3
Opinio Juris
Convicção de Obrigatoriedade
• “O segundo requisito para estabelecer a existência de uma
norma de direito internacional consuetudinário, a opinio
juris, tem a ver com a necessidade de que a prática seja
“de direito”. A forma como a prática e esta convicção
de obrigatoriedade se manifesta pode
eventualmente diferir dependendo se a regra
encerra uma proibição, uma obrigação ou
apenas o direito a comportar-se de certa
maneira. .” (HENCKAERTS: 2005, p. 5)
Sentimento de se estar
vinculado a uma norma
Opinio juris is thought
by the voluntarist
school, in all its different
tendencies, to be the
assent of all, to be the
feeling of being bound
by a rule to which one
consents. (STERN: 2001,
p. 98)
Opinio juris is therefore the immediate cause of the legal
obligation. It is the coming together of the wills of states,
as manifested by their behavior, that creates the rule on the
legal plane, whatever way this coming together is analyzed
and its ability to create law explained: an auto-limited will
with the ability to create international law through the
mutual recognition of states according to Jellinek, a fusion of
wills with the ability to create international law by virtue of
the constitutional rules of states according to Triepel, a tacit
pact with the ability to create international law by virtue of the
principle pacta sunt servanda, which in turn has been considered a
principle of natural law (for example, by Grotius, Charles de Visscher,
Verdross), or as a truth which is certain yet impossible to prove within
the domain of legal science even if it can be within that of legal
sociology (for example, by Perrasi), or as a hypothetical norm (by
Anzilotti in his early writings).(STERN: 2001, p. 98)
It is always the case that controversy as to the existence of a
customary rule, referring to the element of opinio juris,
undeniably gives the judge a very wide margin in which to
maneuver. And there is a great deal of truth in that which
Kelsen affirmed in his early writings where he considered that
opinio juris simply masks the role of the judge in the creation
of law. Recently this idea has been taken up again by one
author in a magisterial formula by which he describes the
customary rule as “a jurisdictional hypothesis, an inductive
reasoning sanctioned by the authority of the thing being
judged.”26 But one must go further and state that the role of
opinio juris is also to mask the role of the sovereign
appreciation of all subjects of international law when faced
with a repeated practice. (STERN: 2001, p. 101)
Bin Cheng, United Nations Resolutions on Outer Space: “Instant” International Customary
Law?, 5 INDIAN J. INT’L L. 23, 37 (1965) (suggesting as an instance of instant international
customary law General Assembly Resolutions 1721 (XVI) (Dec. 20, 1961) and 1962 (XVIII)
(Dec. 13, 1963) on outer space when, he writes, “there is no reason why an opinio juris
communis may not grow up in a very short period of time among all or simply some
Members of the United Nations with the result that a new rule of international customary
law comes into being among them” and “there is also no reason why they may not use an
Assembly resolution to ‘positivize’ their new common opinio juris”). Perhaps another
example of this phenomenon in action could derive from the 1960 Declaration on the
Granting of Independence to Colonial Territories and Peoples, G.A. Resn. 1514 (XV)
(Dec. 14, 1960), U.N. G.A.O.R. 15th Sess., Supp. 16, at 66, in which the General Assembly
declared (in the fifth operative paragraph) that “[i]mmediate steps shall be taken, in Trust
and Non-Self-Governing Territories or all ther territories which have not yet attained
independence, to transfer all powers to the peoples of those territories, without any
conditions or reservations, in accordance with their freely expressed will and desire,
without any distinction as to race, creed or colour, in order to enable them to enjoy complete
independence and freedom.” It is the timing of action which the Resolution emphasizes for
the realization of decolonization that is of interest to us here. See KAREN KNOP, DIVERSITY AND
SELFDETERMINATION IN INTERNATIONAL LAW 74−75 (2002) (KRITSIOTIS: 2010, p. 131)
Observações sobre Opinio Juris
• Whilst the will or consent of a particular State that
a practice satisfying the criteria shall be a rule of
law is sufficient to bind that State to a
corresponding rule of customary international law,
it is not generally necessary to prove that such
consent has been given by a State for it to be
bound by the rule in question. Neither is it
necessary to prove the consent of the generality of
States.
1.3 Exemplos de Norma costumeira
Outros Exemplos de costumes*:

► Pacta Sunt Servanda Todo tratado


em vigor obriga as partes e deve ser
cumprido por elas de boa-fé. (direito
dos tratados)
► relações diplomáticas,
► direito do mar,
► direito da guerra
*Como visto acima, os mais importantes
costumes foram positivados em
tratados multilaterais.
Luiz Albuquerque 53
Lista das normas consuetudinárias do
direito internacional humanitário
Lista das normas consuetudinárias do direito internacional humanitário. As siglas CAI indicam as
normas aplicáveis nos conflitos armados internacionais e CANI as que se aplicam nos conflitos
armados não-internacionais. (HENCKAERTS: 2005, p. ¨)
O PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO
Distinção entre civis e combatentes
Norma 1. As partes num conflito deverão distinguir a todo o tempo as pessoas civis e os combatentes. Os ataques só poderão ser dirigidos contra os combatentes. Os
civis não devem ser atacados. [CAI/CANI]
Norma 2. Estão proibidos os atos ou as ameaças de violência cuja principal finalidade seja aterrorizar a população civil. [CAI/CANI]
Norma 3. Todos os membros das forças armadas de uma parte num conflito são combatentes, exceto o pessoal sanitário e religioso. [CAI]
Norma 4. As forças armadas de uma parte num conflito são compostas por todas as forças, grupos e unidades armadas e organizadas que estejam sob um comando
responsável perante essa parte pela conduta dos seus subordinados. [CAI]
Norma 5. São civis as pessoas que não sejam membros das forças armadas. A população civil engloba todas as pessoas civis. [CAI/CANI]
Norma 6. Os civis gozam de proteção contra ataques, salvo se participam diretamente nas hostilidades e enquanto durar essa participação. [CAI/CANI]

Distinção entre bens de carácter civil e objetivos militares

Norma 7. As partes num conflito deverão a todo o tempo distinguir entre bens de carácter civil e objetivos militares. Os ataques só podem dirigir-se contra objetivos
militares. Os bens de carácter civil não devem ser atacados. [CAI/CANI]
Norma 8. No que diz respeito aos bens, os objetivos militares limitam-se àqueles bens que pela sua natureza, localização, finalidade ou utilização contribuam
eficazmente para a ação militar e cuja destruição total ou parcial, captura ou neutralização ofereça, dependendo das circunstâncias do caso, uma vantagem militar
precisa. [CAI/CANI]
Norma 9. São bens de carácter civil todos os bens que não são objetivos militares. [CAI/CANI]
Norma 10. Os bens de carácter civil gozam de proteção contra ataques, salvo se forem objetivos militares e enquanto o sejam. [CAI/CANI]
Ataques indiscriminados

Norma 11. São proibidos ataques indiscriminados. [CAI/CANI]


Norma 12. São indiscriminados os ataques:
a) que não são dirigidos contra um objetivo militar concreto;
b) em que se utilizem métodos e meios de combate que não podem dirigir-se contra um objetivo militar concreto; ou
c) em que se utilizem métodos e meios de combate cujos efeitos não se possam limitar como exige o direito internacional humanitário; e que, em consequência, podem atingir indistintamente, em
qualquer de tais casos, tanto objetivos militares como civis ou bens de carácter civil. [CAI/CANI]
Norma 13. São proibidos ataques por bombardeamento, quaisquer que sejam os métodos ou meio utilizados, que tratem como um objetivo militar único vários objetivos militares precisos e
claramente separados, situados numa cidade, povoação, aldeia ou outra zona em que haja uma concentração similar de pessoas civis ou bens de carácter militar. [CAI/CANI]

Proporcionalidade no ataque
Norma 14. É proibido lançar um ataque quando seja previsível causar acidentalmente mortos e feridos entre a população civil, danos a bens de carácter civil ou ambas as coisas, que sejam
excessivos em relação à vantagem militar concreta e direta prevista. [CAI/CANI]
Norma 47. É proibido atacar uma pessoa quando se reconheça que está fora de combate. Está fora de combate toda a pessoa:
(a) que está em poder de uma parte adversária
(b) que não pode defender-se porque está inconsciente, naufragou ou está ferida ou doente; ou
(c) que expresse claramente a sua intenção de render-se; sempre que se abstenha de todo o cato hostil e não procure fugir. [CAI/CANI]
Norma 48. É proibido atacar, durante a sua descida, toda a pessoa que se tenha lançado de paraquedas de uma aeronave em perigo. [CAI/CANI]

Destruição e confisco de bens


Norma 49. As partes num conflito podem confiscar o material militar pertencente ao inimigo como saque de guerra. [CAI]
Norma 50. É proibido destruir ou confiscar os bens inimigos, a não ser que tal seja exigido por uma necessidade militar imperiosa. [CAI/CANI]
Norma 51. Nos territórios ocupados:
(a) poderão ser confiscados os bens públicos móveis que possam ser usados para operações militares;
(b) os bens públicos imóveis devem administra-se em conformidade com a norma do usufruto; e
(c) os bens privados devem respeitar-se e não podem ser confiscados; a não ser que uma necessidade militar imperiosa exija a destruição ou confisco desses bens. [CAI]
Norma 52. É proibida a pilhagem. [CAI/CANI]

Fazer passar fome e acesso à ajuda humanitária


Norma 53. É proibido, como método de guerra, fazer a população civil passar fome. [CAI/CANI]
Norma 54. É proibido atacar, destruir, subtrair ou inutilizar os bens indispensáveis para a sobrevivência da população civil. [CAI/CANI]
Norma 94. São proibidos a escravatura e o comércio de escravos em todas as suas formas. [CAI/CANI]
Norma 95. É proibido o trabalho forçado não retribuído ou abusivo. [CAI/CANI]
Norma 96. É proibido fazer reféns [CAI/CANI]
Norma 97. É proibida a utilização de escudos humanos. [CAI/CANI]
Norma 98. São proibidos os desaparecimentos forçados [CAI/CANI]
1.4 O costume como
fundamento de uma
decisão jurisdicional
Jurisprudência comprova existência
da norma costumeira
Embora as decisões dos tribunais internacionais sejam fontes
subsidiárias de direito internacional , não constituem prática dos
Estados, sendo que as referidas instâncias, ao contrário dos tribunais
nacionais, não são órgãos estatais. As decisões dos tribunais
internacionais foram incluídas no estudo, porque se uma dada
jurisdição conclui pela existência de uma regra de direito
internacional consuetudinário, esta constitui um elemento
probatório a esse respeito. Para além disso, tendo em conta o valor
jurisprudencial das suas decisões, os tribunais internacionais
também podem contribuir para o surgimento de normas de
direito internacional consuetudinário, influenciando assim a prática
subsequente dos Estados e das organizações internacionais.
(HENCKAERTS: 2005, p. 4)
The Paquete Habana (1900)
• A case about the Rules of Engagement, going into customary international law.
• Rules of Engagement — Before the military engages in an action, it is governed
by standing instructions on what they can and cannot do. These are frequently
classified, of course.
• The Paquete Habana and the Lola were Cuban fishing boats that were seized
by the U.S. during the Spanish-American war.
• The U.S. District Court said that the Navy had acted within its authority, under
Federal statute.
• The Cubans argued that customary international law prohibited US from
seizing the ships. The U.S. S. Ct. agreed, holding that “international law is part
of our law.”
• This established rule of international law had existed to protect peaceful
fishermen from wartime seizures. Coastal fishing vessels, their cargoes, and
their crews, are exempt from capture as prizes of war. (As a result, every US
ROE since then has said to leave fishing boats alone if involved in the peaceful act
of fishing [but not if using fish to camouflage silkworm missiles, however].)
Luiz Albuquerque 58
Corfu Channel Case,
United Kingdom v. Albania (1949).
• Albania, in anticipation of an invasion that has never
come, littered the Strait of Corfu with mines. Then it
didn’t tell anyone. Some British ships got blown up,
and they also fired at British ships from shore
batteries.
•The ICJ held that elementary considerations of
humanity are binding as customary international
law. Therefore, laying mines require you to tell
those who sail there. Failing to notify violates
elementary considerations of humanity.
Luiz Albuquerque 59
Asylum Case (1950)
• Under the Vienna Convention on Diplomatic Relations, when you get inside the walls
of an embassy, you are inviolable, because others cannot go in and get you without that
embassy country’s permission.
• A deposed Peruvian political leader sought asylum in the Colombian embassy in
Peru. The Colombians granted asylum, and wanted to transport him through
Peru to Colombia unscathed, as a matter of law.
Colombia relied on a treaty that Peru had not signed on to. Peru claimed it had no
legal obligation.
• There was no bilateral agreement between Peru and Colombia.
• There was no multinational agreement binding on Peru. Peru had even repeatedly
repudiated the Montevideo agreement, so that it would have the status of a
nonconsenting state.
• A multinational agreement can still be binding as customary international law,
even if you didn’t sign on. Only if you repeatedly repudiate it do you earn the status
of a nonconsenting state.

60
• The ICJ said cases went both ways. Colombia pointed to
numerous and frequent examples where American
countries allowed safe transport like this. However, the
custom was only for political expediency — it was not done
out of a sense of legal obligation.
• Mere uniformity of external regularity never justifies a
conclusion of normativity. Governments attach importance
to distinguishing between custom by which they hold
themselves bound, and the mere practices often dictated by
consideration of expediency and therefore devoid of definite
legal meaning. The inductive reasoning that establishes the
existence of custom is a tied reasoning: the matter is not only
one of counting the observed regularities, but of weighing
them in terms of social ends deemed desirable.
61
Portugal v. India (1960)
• Customary relations between nations becoming binding.
• Portugal had territory within India, and India wouldn’t
let the Portuguese move their military and ammo back and
forth to the enclaves.
• India asserted the rights that England had enjoyed, and the
right of passage only applied to civil activities.
• If you don’t take the measures to assert your rights, and
protest, you acquiesce. You may even create legal
precedent for a customary international law contrary to
your interests.

Luiz Albuquerque 62
OPINIO JURIS — North Sea Continental Shelf Cases (1969)
• Germany’s coastline was concave, so the Dutch/Danish method of equidistant lines would have
reduced German sea control drastically. Germany had actually signed an agreement to that effect at a
party, but when it sobered up it decided not to ratify it.
• The agreement didn’t say it was binding upon being signed, so it wasn’t binding on Germany until it was
ratified. (Geneva Convention of 1958.)
• That didn’t mean Holland & Denmark couldn’t argue that it was binding as customary international
law, since everyone else was doing it.
• There are 3 ways the treaty could have become binding customary international law:
• The treaty re-stated a pre-existing custom.
• The treaty’s rule crystallized customary law that had been in the process of formation.
• The treaty’s rule generated a new customary law following its adoption.
• Holland & Denmark argued that this treaty had generated a new customary law, a new norm of
international law binding on everyone.
• That wasn’t such a good argument, because Germany had repudiated the treaty.
• Also, there had been very little time since the treaty [customary international law can be created in a
short time, but the presumption is that it isn’t].
• Also, only a few countries were using this rule, and even then they had resorted to equidistance out of
frustration, not because they felt it was a binding legal obligation.
• Also, it was not apparent that the provision was a norm-creating provision. It was a secondary provision
only.
• Also, the treaty permitted reservations, and many countries had made their reservations known. That was
hardly acceptance of a norm-creating law.
• The ICJ therefore held that there was no customary international law for the Dutch/Danish position.

Luiz Albuquerque 63
Case Concerning Military and Paramilitary
Activities in and against Nicaragua (1986)
“There is no reason to doubt the usefulness of this mode of analysis
for customary international law: as the International Court of Justice
found in Case Concerning Military and Paramilitary Activities in and
against Nicaragua, “that in customary international law, whether
of a general kind or that particular to the inter-American legal system,
there is no rule permitting the exercise of collective self-defence in
the absence of a request by the State which regards itself as the victim
of an armed attack.” […] At another point, the Court spoke of “the
existence, and the acceptance by the United States, of a customary
principle which has universal application.” (KRITSIOTIS: 2010, p.
123)
Legality of the Threat or Use of
Nuclear Weapons
We see this holistic engagement with the formal sources of public international law steadily at work in the advisory
opinion of the International Court of Justice in Legality of the Threat or Use of Nuclear Weapons in July 1996, where the
Court was prepared to consider what it called the “present corpus juris” of nuclear weapons in its entirety.59 It did so by
examining the conventional position on nuclear weapons before turning to the position of custom on such weapons,60
where it took account of the resolutions of the General Assembly; for the Court, these could hold “normative value”61
in terms of the evidence they provide of the opinion juris sive necessitatis of States,62 but also in terms of their actual
content: “that application,” by the General Assembly, in Resolution 1653 (XVI) of November 24, 1961, “of general
rules of customary law to the particular case of nuclear weapons indicates that, in its view, there was no specific rule
of customary law which prohibited the use of nuclear weapons.”63 No conventional or customary prohibition of
nuclear weapons was found to exist by the Court,64 but it then moved to consider the principles and rules of
international humanitarian law that were applicable.65 The Court spoke of the “large number of customary rules” that
had been developed by States for the regulation of international armed conflicts as well as the neutral relations of States for
the duration of those armed conflicts (i.e. as between belligerent States and non-belligerent States), before it made
reference to “a body of legal prescriptions”66 and “cardinal principles” that constituted what the Court called “the fabric
of [international] humanitarian law.”67 Those cardinal principles were identified as the principle of distinction
between combatants and non-combatants and the principle of unnecessary suffering,68 and it is in this context that
the Court formed its conclusion that: It is undoubtedly because a great many rules of humanitarian law applicable in armed
conflict are so fundamental to the respect of the human person and “elementary considerations of humanity” as the Court
put it in its Judgment . . . in the Corfu Channel case . . . that the Hague and Geneva Conventions have enjoyed a broad
accession. Further these fundamental rules are to be observed by all States whether or not they have ratified the
conventions that contain them, because they constitute intransgressible principles of international customary law.
(KRITSIOTIS: 2010, p. 136)
The Court was therefore approaching these “cardinal
principles” from the angle of their status as custom—hence
“intransgressible principles of international customary
law.”70 At this precise moment, it was not resorting to the
patois of general principles of law—to Article 38 (1) (c) of
its Statute—to render the formal validity of the two principles
that it had in its sights,71 even though one is tempted to ask
after the place and had deftly accorded them the ranking of jus
cogens,74 and that it had devised an imaginative vocabulary
for conferring peremptory status upon them for, whatever else
this term might or might not mean, it would appear to
foreclose any possibilities of and for persistent objection to
the customs under discussion.75 (KRITSIOTIS: 2010, p. 139)
Jurisprudência dos tribunais de Direitos Humanos está
sendo considerada direito costumeiro
With the recent growth, in the international system, of self-contained international criminal
tribunals, new challenges facing international law have emerged. Institutionally structured as
self-contained legal regimes, international legal tribunals such as the ICTY, ICTR, and now
the ICC have nevertheless contributed to a new paradigm within international law. The
jurisprudence of these international criminal tribunals, on a wide range of international
legal questions, has slowly begun to be elevated into norms of customary international law.
Given this fact then, the debate over whether consistent state practice and opinio juris are
the only building blocks of customary international law is over, because clearly, for better or
for worse, they no longer are. The new question, the new debate, will be over what the
implications of this shift in the traditional building blocks of customary international law are,
not only on the international system as a whole, but also, surprisingly perhaps, on national
(domestic nation state) legal systems as well. The domestic law angle is key, for in the past few
years the jurisprudence of these international tribunals has, aside from finding its way into
customary international law, also begun to seep into the domestic (mainly criminal) law of
several countries. (BAKER: 2010, p. 173)
Observações da ILA sobre Costumes
• There is no general presumption that a
treaty codifies existing customary
international law.
• A treaty concluded in order to settle a
specific issue between States does not of
itself provid
• e any indication that the general customary
law is (or is not) the same as that laid down
in the treaty. The same applies to a
succession of such treaties.
Observações da ILA sobre Costumes
• Multilateral treaties can provide the impulse or model for
the formation of new customary rules through State
practice. In other words, they can be the historic
(“material”) source of a customary rule. However, there is
no presumption that they do so.
• Multilateral treaties can assist in the “crystallization” of
emerging rules of customary international law. But there is
no presumption that they do.
• Resolutions of the United Nations General Assembly may
in some instances constitute evidence of the existence
customary international law; help to crystallize emerging
customary law; or contribute to the formation of new
customary law. But as a general rule, they do not ipso facto
create new rules of customary law.
2 PRINCÍPIOS GERAIS DE
DIREITO INTERNACIONAL

Unidade 2
Luiz Albuquerque 70
Cap. 3
3.1 NOÇÕES GERAIS SOBRE OS
PRINCÍPIOS
A sociedade interestatal é estruturada sobre
princípios que regem os parâmetros pelos quais
os Estados interagem, nos seus relacionamentos
políticos (diplomacia), nos procedimentos
normativos (tratados), nos modos de solução de
controvérsias, etc. Se não fosse por princípios
como a igualdade soberana, imunidade de
jurisdição e o pacta sunt servanda, não haveria
como a sociedade internacional se organizar
juridicamente.
Princípios Reconhecidos pela Constituição Federal
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações
Luiz Albuquerque 72
Outros princípios do direito internacional
▪ Boa-fé;
▪ Estoppel
▪ Continuidade do Estado;
▪ Responsabilidade Internacional do Estado;
▪ Res Judicata
▪ Reciprocidade;
▪ lex posterior derogat priori (a lei posterior derroga a
anterior);
▪ nemo plus iuris transferre potest quam ipse habet
(ninguém pode transferir mais do que possui).
▪ uti possidetis, ita possideatis (quem possui de fato,
deve possuir de direito),
Luiz Albuquerque 73
Princípio da
Igualdade Soberana
Convenção de Viena sobre
Direitos e Deveres do Estado.
Article 4 States are
juridically equal, enjoy the
same rights, and have equal
capacity in their exercise. The
rights of each one does not
depend upon the power which
it possesses to assure its
exercise, but upon the simple
fact of its existence as a person
under international law. Luiz Albuquerque 74
Princípio da Não Intervenção
Convenção de Viena sobre Direitos e
Deveres do Estado.
Article 8 No state has the right to
intervene in the internal or external affairs
of another.

Luiz Albuquerque 76
Principais Golpes de Estado e Mudanças de regimes
secretamente apoiados pelos EUA desde a 2ª Guerra
Mundial
• 1949. Síria: Golpe Husni al-Za'im derrubou governo civil, fez paz com Israel e
autorizou construção de oleoduto americano.
• 1953. Irã: Operação Ajax depôs democracia de Mossadegh, instaurou ditadura do Xá
Reza Pahlevi e desfez nacionalização do petróleo.
• 1954. Guatemala: Para proteger United Fruit Company derrubou governo democrático
e instaurou ditadura Castillo que gerou guerra civil de 10 anos)
• 1958: Indonésia: Desestabilizar Sukarno, movimento de não-alinhamento.
• 1959. Cuba: Operação Mongoose (assassinar Castro); desembarque Baia dos Porcos
• 1963. Iraque: Derrubada de Qasim e apoio ao Ba’ath
• 1961. República Dominicana: Deposição de Trujillo.
• 1963. Vietnã do Sul Derrubada e assassinato de Diem.
• 1964. Brasil: Operação Brother Sam ("covert support for pro-democracy street
rallies... and encouragement [of] democratic and anti-communist sentiment in
Congress, armed forces, friendly labor and student groups, church, and business […]
may be requesting modest supplementary funds for other covert action programs in
the near future."
• 1965. Congo: Apoio a Mobutu.
• 1973. Chile: Apoio a Pinochet para bombardear palácio e
derrubar/matar Allende.
• 1976. Argentina: Apoio a Videla na derrubada de Isabela Perón.
• 1979. Afeganistão: Apoio aos mujahideen contra o governo
• 1980. Turquia: Apoio militar ao golpe.
• 1981. Polônia: Apoio ao Movimento Solidariedade (“supplies and technical
assistance in terms of clandestine newspapers, broadcasting, propaganda, money, organizational
help and advice“)
• 1983. Nicarágua: Financiamento, treinamento, armamento dos
“Contras” ("sabotage ports, refineries, boats and bridges”)
• 2002. Venezuela: Apoio a carmona na tentative de derrubar Chavez.
• 2005. Irã: EUA aprova lei “Iran Freedom and Support Act” que
autoriza financiamento público para missões secretas de
desestabilização do Irã.
• 2012. Síria: EUA canalizou mais de 1 bilhão de doláres de recursos
públicos para o “Free Syrian Army”.
Princípio do Estoppel

“Estoppel by inconsistent positions”


• Princípio pelo qual uma parte em um processo fica
impedida de negar ou alegar certo fato em virtude de
conduta, alegação ou negação prévia relacionada a este fato.
• Princípio da coerência;
• Estoppel decorre de ações, omissões. condutas, declarações,
admissões,
• Nemo contra factum suum venire potest.
• No man can contradict his own act or deed.
• Un ne doit prise advantage de son tort demesne.
• One ought not to take advantage of his own wrong

80
“[e]l estoppel es un concepto de origen
anglosajón y reprueba un cambio de conducta
caprichoso y arbitrario, y no precisamente de
buena fe”.
El estoppel, al decir de Francisco Jiménez
García, “supone la reprobación de la
contradicción, no de cualquier contradicción,
sino de aquella que pone en entredicho la
coherencia y la consistencia de los Estados en
la realización de sus comportamientos y
conductas en el marco de una determinada
81
situación o relación jurídica internacional”
▪ Verdross: Art. 38 has the effect of incorporating “natural
law” in international law and even claim that positive rules
of international law are invalid if they conflict with natural
law.
▪ The Court, it must be admitted, has shown restraint in its
recourse to “general principles of international law” as
authority for its own pronouncements, although individual
judges have been less reluctant to invoke them in support
for their opinions.
▪ Chorzow Factory Case: a party cannot take advantage of its
own wrong, as a principle.
└ ICJ: “It is a general conception of law that every violation
of an engagement involves an obligation to make
reparation”
▪ Fitzmaurice: a rule answers the question “what”; a principle
in effect answers the question “why”.

Luiz Albuquerque 82
UN GENERAL ASSEMBLY RESOLUTION 2625 (XXV). DECLARATION ON
PRINCIPLES OF INTERNATIONAL LAW FRIENDLY RELATIONS AND CO-
OPERATION AMONG STATES IN ACCORDANCE WITH THE CHARTER
OF THE UNITED NATIONS
The General Assembly,
Recalling its resolutions 1815 (XVII) of 18 December 1962, 1966 (XVIII) of 16
December 1963, 2103 (XX) of 20 December 1965, 2181 (XXI) of 12 December 1966,
2327 (XXII) of 18 December 1967, 2463 (XXIII) of 20 December 1968 and 2533
(XXIV) of 8 December 1969, in which it affirmed the importance of the progressive
development and codification of the principles of international law concerning friendly
relations and co-operation among States, […]
Considering the desirability of the wide dissemination of the text of the Declaration,
1. Approves the Declaration on Principles of International Law concerning Friendly
Relations and Co-operation among States in accordance with the Charter of the United
Nations, the text of which is annexed to the present resolution; […]
so as to secure their more effective application within the international community,
would promote the realization of the purposes of the United Nations,
Having considered the principles of international law relating to friendly relations and
co-operation among States,
1. Solemnly proclaims the following principles:
1. Solemnly proclaims the following principles:
The principle that States shall refrain in their international ~ relations from the threat or use of force against the territorial
integrity or political independence of any State or in any other manner inconsistent with the purposes of the United Nations
Every State has the duty to refrain in its international relations from the threat or use of force against the territorial integrity
or political independence of any State, or in any other manner inconsistent with the purposes of the United Nations. Such a
threat or use of force constitutes a violation of international law and the Charter of the United Nations and shall never be
employed as a means of settling international issues.
A war of aggression constitutes a crime against the peace, for which there is responsibility under international law.
In accordance with the purposes and principles of the United Nations, States have the duty to refrain from propaganda for
wars of aggression.
Every State has the duty to refrain from the threat or use of force to violate the existing international boundaries of another
State or as a means of solving international disputes, including territorial disputes and problems concerning frontiers of
States.
States have a duty to refrain from acts of reprisal involving the use of force.
Every State has the duty to refrain from any forcible action which deprives peoples referred to in the elaboration of the
principle of equal rights and self-determination of their right to self-determination and freedom and independence.
Every State has the duty to refrain from organizing or encouraging the organization of irregular forces or armed bands
including mercenaries, for incursion into the territory of another State.
Every State has the duty to refrain from organizing, instigating, assisting or participating in acts of civil strife or terrorist
acts in another State or acquiescing in organized activities within its territory directed towards the commission of such acts,
when the acts referred to in the present paragraph involve a threat or use of force.
The territory of a State shall not be the object of military occupation resulting from the use of force in contravention of the
provisions of the Charter. The territory of a State shall not be the object of acquisition by another State resulting from the
threat or use of force. No territorial acquisition resulting from the threat or use of force shall be recognized as legal. Nothing
in the foregoing shall be construed as affecting: […]
3. Declares further that: The principles of the Charter which are embodied in this Declaration constitute basic
principles of international law, and consequently appeals to all States to be guided by these principles in their
international conduct and to develop their mutual relations on the basis of the strict observance of these principles.
As examples of “this type of general principle,” Brownlie mentions the principles of consent, reciprocity,
equality of States, finality of awards and settlements, the legal validity of agreements, good faith,
domestic jurisdiction and the freedom of the high seas.. The principle of proportionality might
constitute another such example, but, in its advisory opinion, the Court found that “[t]he submission of the
exercise of the right of self-defence to the conditions of necessity and proportionality is a rule of customary
international law.” Legality of the Threat or Use of Nuclear Weapons, Advisory Opinion, 1996 I.C.J. at
245. This considers the “principle” of proportionality in the context of the jus ad bellum; as far as its
relevance for the jus in bello is concerned, the Court observed that “any right of recourse to [belligerent]
reprisals would, like self-defence, be governed inter alia by the principle of proportionality.” Id. at 246. But
see Christopher Greenwood, Jus ad bellum and jus in bello in the Nuclear Weapons Advisory Opinion, in
INTERNATIONAL LAW, THE INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE AND NUCLEAR WEAPONS, supra note 1, at 261-62; see also JUDITH
GARDAM, NECESSITY, PROPORTIONALITY AND THE USE OF FORCE BY STATES 169 (2004). It is Judge Rosalyn Higgins who
gave a fuller understanding of the function of the principle of proportionality in respect of the jus in bello
in her dissenting opinion, when she wrote: “The principle of proportionality, even if finding no specific
mention, is reflected in many provisions of Additional Protocol I to the Geneva Conventions of 1949. Thus
even a legitimate target may not be attacked if the collateral civilian casualties would be disproportionate
to the specific military gain from the attack.” Legality of the Threat or Use of Nuclear Weapons, Advisory
Opinion, 1996 I.C.J. at 587 (dissenting opinion of Judge Higgins). To be sure, the Court had earlier said
that “States must take environmental considerations into account when assessing what is necessary and
proportionate in the pursuit of legitimate military objectives. Respect for the environment is one of the
elements that go to assessing whether an action is in conformity with the principles of necessity and
proportionality.” Legailty of the Threat or Use of Nuclear Weapons, Advisory Opinion, 1996 I.C.J. at 242
(emphasis added). The Court was addressing the matter of the protection of the environment during an
armed conflict. (p. 138)
•(KRITSIOTIS: 2010, p. 138)
Unidade 2
3 ATOS INTERNACIONAIS Cap. 4

UNILATERAIS
Casos dos Testes
Nucleares da França
In the Nuclear Test case
(Australia v. France), the ICJ
held that France was legally
bound by publicly given
undertakings, made on behalf
of the French Government, to
cease the conduct of
atmospheric nuclear tests. The
criteria of obligation were: the
intention of the state making the
declaration that it should be
bound according to its terms; and
that the undertaking be given
publicly:
"It is well recognized that declarations made by way of unilateral acts,
concerning legal or factual situations, may have the effect of creating
legal obligations. Declarations of this kind may be, and often are, very
specific. When it is the intention of the State making the declaration
that it should become bound according to its terms, that intention
confers on the declaration the character of a legal undertaking, the
State being henceforth legally required to follow a course of conduct
consistent with the declaration. An undertaking of this kind, if given
publicly, and with an intent to be bound, even though not made within
the context of international negotiations, is binding".
Caso Do Estatuto Da Groelândia
Oriental (Dinamarca V. Noruega

In a meeting, Denmark agreed not to object to any


claim to Spitsbergen which Norway might submit at
an upcoming peace conference, if Norway would not
oppose the Danish claim at the same conference to the
whole of Greenland. This was on 4 July 1919. At the
time, Norway occupied certain parts of East
Greenland.
In response, Foreign minister of Norway, Nils Claus
Ihlen, made the declaration on 22 July 1919 that
"...the plans of the Royal [Danish] Government
respecting Danish sovereignty over the whole of
Greenland...would be met with no difficulties on the
part of Norway."
The declaration became an issue
when the question was raised whether
the statement was binding on Norway.
The question eventually went all the
way to the Permanent Court of
International Justice in the form of the
Eastern Greenland Case in 1933
The International Court at the Hague
awarded the disputed territory to
Denmark. The Court declared that the
Ihlen declaration constituted an
unconditional and definitive
promise. The decision was accepted
by both countrie
ATOS INTERNACIONAIS
• Ato internacional é todo instrumento pelo qual uma
Pessoa de Direito Internacional Público (Estado ou
Organização Internacional, por exemplo) assume
obrigações e adquire direitos, por escrito, sobre
determinada matéria, perante outra ou outras Pessoas
de Direito Internacional.
• Os atos internacionais constituem instrumentos formais
da execução da política exterior, em particular dos
princípios inscritos no art. 4º. da Constituição Federal, com
vistas a estabelecer, expandir e diversificar relações
diplomáticas e serviços consulares. (MINISTÉRIO DAS
RELAÇÕES EXTERIORES: 2010, p. 5)
Comissão de Direito Internacional tem
feito estudos sobre Atos Unilaterais
• “(a) In their conduct in the international sphere, States frequently
carry out unilateral acts with the intent to produce legal effects.
The significance of such unilateral acts is constantly growing as a
result of the rapid political, economic and technological changes
taking place in the international community at the present time and,
in particular, the great advances in the means for expressing and
transmitting the attitudes and conduct of States;
• (b) State practice in relation to unilateral legal acts is manifested in
many forms and circumstances, has been a subject of study in many
legal writings and has been touched upon in some judgments of ICJ
and other international courts; there is thus sufficient material for the
Commission to analyse and systematize;
• http://legal.un.org/ilc/summaries/9_9.htm
Atos Unilaterais Externos Com
Reflexos Internacionais
• Notificação,
• Reconhecimento,
• Protesto,
• Renúncia
• Promessa
• Denúncia
Notificação
A notificação é o ato pelo o qual um
sujeito de direito internacional dá
conhecimento a outro de uma situação
fática com capacidade de gerar efeitos
jurídicos.
Convenção de Viena Sobre Direito dos Tratados:
Artigo 16. Troca ou Depósito dos Instrumentos de Ratificação, Aceitação, Aprovação ou
Adesão.
A não ser que o tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, aceitação,
aprovação ou adesão estabelecem o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado
por ocasião:
a)da sua troca entre os Estados contratantes;
b)do seu depósito junto ao depositário; ou
c)da sua notificação aos Estados contratantes ou ao depositário, se assim for convencíonado.

Artigo 65. Processo Relativo à Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execução de


um Tratado
1. Uma parte que, nos termos da presente Convenção, invocar quer um vício no seu
consentimento em obrigar-se por um tratado, quer uma causa para impugnar a validade de um
tratado, extingui-lo, dele retirar-se ou suspender sua aplicação, deve notificar sua pretensão às
outras partes. A notificação indicará a medida que se propõe tomar em relação ao tratado e as
razões para isso.
2. Salvo em caso de extrema urgência, decorrido o prazo de pelo menos três meses contados do
recebimento da notificação, se nenhuma parte tiver formulado objeções, a parte que fez a
notificação pode tomar, na forma prevista pelo artigo 67, a medida que propôs.
5. Sem prejuízo do artigo 45, o fato de um Estado não ter feito a notificação prevista no
parágrafo 1 não o impede de fazer tal notificação em resposta a outra parte que exija o
cumprimento do tratado ou alegue a sua violação.
Reconhecimento
O Reconhecimento é o ato unilateralmente
exercido pelo Estado soberano, no qual este
reconhece a existência de uma situação
jurídica no cenário internacional e o dá
validade. Tal atributo decorre do exercício da
soberania que é exclusiva dos Estados.
Reconhecimento
“Acto pelo qual o Estado verifica a existência de
certos factos (aparecimento de um Estado,
efectividade de um governo) de certos actos
jurídicos (nacionalidade concedida a um
individuo por um Estado, convenção concluída
entre terceiros) e admite que lhe são oponíveis.
É sem dúvida o mais importante e o mais
frequente dos actos unilaterais”. (DINH,
DAILLIER; PELLET: 2003. p. 370)
Protesto
O protesto é o ato pelo qual o Estado deixa
expressa sua não aceitação de
determinada situação jurídico-fática,
para que a situação não gere efeitos
jurídicos contrários aos seus interesses.
Protesto

“O protesto constitui uma vertente


negativa do reconhecimento; trata-se de
um acto pelo qual o Estado reserva os seus
próprios direitos face às reivindicações de
outro Estado ou contra uma regra em via de
formação.” (DINH, DAILLIER; PELLET:
2003. p. 370)
Promessa

A promessa é o ato unilateral, que a nosso ver,


merece mais atenção. Promessa é o ato no qual o
Estado declara com grande publicidade sua
vontade de comprometer-se perante os outros
sujeitos do Direito Internacional Público criando-
se assim a expectativa da conduta declarada aos
demais membros da comunidade internacional.
Promessa
Refere-se a compromissos futuros que são
assumidos pelo Estado que a formula em
benefício de um outro. Deve o fato objeto da
promessa que beneficia o Estado ter sido
decorrente de boa-fé, o que motiva a geração de
efeitos jurídicos, ficando o Estado formulador da
promessa vinculado a seu cumprimento sob pena
de sanções. A promessa gera os mesmos efeitos
de um acordo celebrado.
Promessa

“Diversamente dos actos unilaterais


precedentes, que incidem sobre factos
ou actos existentes, a promessa (ou a
garantia) dá origem a novos direitos
em proveito de terceiros.” (DINH,
DAILLIER; PELLET: 2003. p. 370)
Renúncia
A renúncia é o ato unilateral do Estado pelo
qual há o abandono de seu direito. O
abandono do direito deve ser manifestado
de forma expressa e clara, uma vez que
não há renuncia tácita.
Renúncia
“Não são os actos ou os direitos dos outros
Estados que estão em causa, mas os do Estado
que renuncia. Em conformidade com o princípio
segundo o qual ‘as limitações à independência
não se presume’(T.P.J.I., Lotus, acórdão de 1927,
série A, nº 10, p. 18), as renúncias devem ser
expressas e não se presumem” .” (DINH,
DAILLIER; PELLET: 2003. p. 370)
Denúncia

Ato formal pelo qual um Estado comunica


oficialmente aos demais signatários de um tratado a
sua decisão de se desvincular dos compromissos
jurídicos firmados naquele tratado. Há que se respeitar
o prazo previsto para o aviso prévio antes que a
denúncia produza os seus efeitos jurídicos.
Atos Unilaterais Internos Com
Reflexos Jurídicos Internacionais
O Estado poderá por atos puramente internos se
vincular a compromissos externos. A produção
legislativa é o maior exemplo desse tipo de ato
unilateral. O Estado quando cria normas que
podem gerar reflexos em outros entes do Direito
Internacional Público, ele também está criando o
que convencionamos a denominar ato unilateral
interno com reflexo internacional. (Pietter
Mourão)
Exemplo de Ato Unilateral: A Abertura
da Navegação no Rio Amazonas
Decreto nº 3.749, de 7 de Dezembro de 1866
Abrindo os rios Amazonas, Tocantins, Tapajós, Madeira, Negro e S. Francisco á navegação dos navios mercantes de todas as
nações.
No intuito de promover o engrandecimento do Imperio, facilitando cada vez mais as suas relações internacionaes, e
animando a navegação e o commercio do rio Amazonas e seus affluentes, dos rios Tocantins e S. Francisco, ouvido o Meu
Conselho de Estado, Hei por bem Decretar o seguinte:
Art. 1º Ficará aberta, desde o dia 7 de Setembro de 1867, aos navios mercantes de
todas as nações, a navegação do rio Amazonas até á fronteira do Brasil, do rio
Tocantins até Cametá, do Tapajós até Santarem, do Madeira até Borba, e do rio
Negro até Manáos.(...)
Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque.
(Fonte: Coleção de Leis do Império do Brasil - 1866, Página 362 Vol. 1 pt. II )
“Se a jurisprudência do Tribunal é clara quanto
ao princípio do efeito obrigatório do ato
unilateral válido, dá lugar a incertezas quanto ao
regime desse mesmo acto.
Quais são os princípios para a interpretação do
conteúdo do compromisso unilateral? Segundo o
T.I.J., no caso dos Ensaios nucleares, o alcance
do compromisso depende das circunstâncias e
dos termos utilizados.” (DINH, DAILLIER;
PELLET: 2003. p. 370)
4) NORMATIVAS DE
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Unidade 2
Luiz Albuquerque 109
Cap. 5
2) O Tratado T cria uma organização
ABC internacional e regula os
Organização Internacional procedimentos pelos quais ela poderá
Normativa N criar normativas juridicamente
vinculantes.

Tratado T
Cria e regula uma
organização internacional
dotada de competência
normativa.
3) A organização internacional A, B, C
cumpre os procedimentos
previstos no Tratado T e
produz uma Normativa N que
é uma fonte de direitos e
obrigações para os países A, B
e C.
1) Países A, B e C decidem
soberanamente celebrar o
Tratado T para criar uma
A B C organização internacional
dotada de competência
para reger um assunto ‘A’
Fundamentação jurídica da obrigatoriedade do
cumprimento da normativa de organização internacional
• Os Estados, por serem soberanos, tem a competência para decidir
qual será sua própria competência.
• Dentro desta competência está o poder de atribuir parte de suas
competências para uma outra instituição, como, por exemplo, uma
organização internacional.
• Neste sentido, o Estado, através de sua soberania, pode decidir
voluntariamente se submeter a uma organização internacional dotada
de competência formal para regular determinados assuntos com
normativas que serão obrigatórias para os países membros.
• O Estado se vinculou soberanamente ao acordo que criou tal
organização e, com isso, aceitou formalmente a competência
normativa desta organização.
• Consequentemente, por sua própria vontade soberana, o Estado
se obrigou a acatar as normativas da organização internacional.
■ Polêmica sobre a Juridicidade e Eficácia
▪ Algumas organizações internacionais foram dotadas – por decisão
voluntária e soberana de seus Estados membros – de competências
específicas para elaborar normas de observância obrigatória. Estas
são fontes de direito.
∟Regulamentos na União Européia
∟ Decisão do Conselho de Segurança
∟Resoluções só obrigam a totalidade dos Estados-membros quando
tomadas por unanimidade; quando majoritárias, obrigam apenas os
que com ela consentiram, a não ser que os estatutos da organização
determinem assim a competência do órgão;
▪ Em outros casos, os Estados membros desejaram que as organizações
só tivessem poderes para elaborar decisões de natureza sugestiva, não
obrigatória. Nestes casos trata-se de soft law, e não de fontes de
direito.
▪ Não é a eficácia que determina a natureza jurídica de fonte de DIP, por
isso não cabe a crítica quanto às decisões que, por uma questão
conjuntural, não foram devidamente observadas
Luiz Albuquerque 112
ATOS UNILATERAIS
• Ato unilateral é o ato imputável a um único sujeito
de direito internacional, o qual produz efeitos
jurídicos na esfera da atuação do Direito
Internacional Público.
Os atos unilaterais das
organizações internacionais
• Apesar de não constar da enumeração
exemplificativa do Estatuto da Corte Internacional
de Justiça, artigo 38 como fonte do Direito
Internacional, é incontestável que os atos das
organizações internacionais fazem nascer a norma
jurídica internacional
• Os órgãos das organizações podem adotar resoluções,
recomendações e decisões, emitir pareceres consultivos, redigir
acórdãos ou proferir sentenças. Todos estes atos são atos unilaterais
das organizações internacionais.
• Ainda que haja diversidade nas práticas e nos textos, pode-se dar um
sentido genérico às denominações mais frequentes, distinguindo os
atos dos órgãos não jurisdicionais daqueles dos órgãos jurisdicionais.
• Em 1956 M. Virally propôs a seguinte definição para recomendação:
“resolução de um órgão internacional dirigida a um ou vários
destinatários (e implicando) um convite à adoção de um determinado
comportamento, ação ou abstenção”. O termo decisão será usado nos
atos unilaterais obrigatórios e resolução em qualquer ato emanado
de um órgão coletivo de uma organização internacional.
• A resolução não coincide com a noção de ato unilateral não
jurisdicional. A categoria dos atos é mais extensa, compreende o
conjunto dos atos adotados pelos órgãos compostos por agentes
internacionais.
Decisões
• A decisão é um ato unilateral que nasce de uma
manifestação de vontade de uma organização, logo
imputável a esta, que cria obrigações a cargo do
seu ou dos seus destinatários.
• Um exemplo seria uma decisão do Conselho de
Segurança das Nações Unidas adotada conforme o
artigo 25 da Carta. No entanto, um ato adotado em
virtude de outras disposições da Carta e qualificado
como decisão, pode ser na realidade uma
recomendação. O termo neste caso tem sentido de
deliberação.
As decisões
• Dentro dos atos unilaterais existem os atos autonormativos
e os heteronormativos. Os primeiros dirigentes própria
organização ou aos Estados como elementos da organização
e submetidos ao seu direito próprio; os segundos dirigem-se
a sujeitos de direito autônomos face à organização (outras
organizações, por exemplo).
• Alguns atos unilaterais das organizações são ao mesmo
tempo auto e heteronormativos. É o caso da resolução pela
qual o orçamento é adotado nas organizações financiadas
por contribuições estatais, e é a hipótese mais freqüente para
os atos da Comunidades Européias. Sob estas reservas, o
exame dos defeitos de cada resolução permite,
normalmente, avaliar os seus efeitos internos e externos e
deduzir sua qualificação mais pertinente.
Os atos autonormativos
•Todas as organizações internacionais têm
poderes de decisão necessários para
atingir os objetivos fixados pela sua
carta constitutiva, para garantir a
continuidade do seu funcionamento e para
permitir a sua adaptação às alterações de
circunstâncias ou de situações
internacionais.
As decisões ligadas ao funcionamento da organização
• Algumas decisões possuem um alcance individual, como a nomeação dos agentes da
organização e dos juízes dos tribunais internos ligados às organizações, criação de
órgãos subsidiários, etc.
• Outras decisões são atos normativos de alcance geral, como a regulamentação interna
dos diferentes órgãos (os artigos 21 e 30 da Carta das Nações Unidas para a
Assembléia Geral e o Conselho de Segurança, servem como exemplo), regulamentos
financeiros, estatuto dos agentes, etc.
• Estas decisões, ligadas ao funcionamento da organização, são, como já visto
anteriormente, atos jurídicos internacionais, portanto, vinculam os órgãos que as
adotaram.
• A distinção feita entre os atos segundo seu alcance individual ou geral é mais
importante no direito das organizações internacionais do que nas relações
interestatais. Dirige em parte a aplicação do princípio da hierarquia das fontes,
princípio que encontra melhor aplicação num quadro institucionalizado. Desta forma,
como exemplo, os agentes das Nações Unidas estão submetidos a um Estatuto,
estabelecido pela Assembléia Geral, e ao Regulamento emanado do Secretário Geral
da O.N.U. A base da pirâmide normativa é constituída por decisões individuais de
aplicação.
Recomendações
(Atos unilaterais da OI que não criam direitos ou deveres)
• A recomendação é um ato que emana, em princípio, de um
órgão intergovernamental e que propõe aos seus
destinatários um determinado comportamento.
• Os destinatários destas recomendações são em primeiro
lugar os Estados, membros ou não membros da organização,
e os órgãos de uma mesma organização; são também outras
organizações internacionais quando existe um principio de
hierarquia entre elas; podem ser por vezes particulares ou
empresas.
• Esta diversidade de utilização da recomendação explica que
o seu alcance jurídico possa variar e que, mesmo quando
não tem força obrigatória, a sua contribuição para a
elaboração do direito mantém-se importante.
Alcance jurídico da recomendação: a falta de força
obrigatória
• A recomendação é um ato desprovido de efeitos
obrigatórios. O sentido jurídico do termo coincide
com o seu sentido corrente. Os seus destinatários
não são obrigados a submeterem-se-lhe e não
cometem infração no caso de não a respeitarem.
• Em relação aos Estados membros ou não da
organização, o poder de recomendação está
totalmente adequado à função de coordenação.
Qualquer recomendação só se toma obrigatória
após aceitação expressa ou tácita.
Alcance jurídico da recomendação: a falta de força obrigatória
• A adoção de uma recomendação por um órgão de uma organização não pode ser
considerada uma intervenção nos assuntos dependentes essencialmente da competência
nacional dos Estados. A proteção concedida a este respeito pelo artigo 2°, § 7°, da Carta das
Nações Unidas, pressupõe uma violação jurídica às soberanias nacionais; convém não
estender o seu campo de aplicação inoportunos políticos de uma tomada de posição da
organização.
• Ainda que não sejam obrigatórias de um ponto de vista jurídico, as recomendações podem
tomar-se politicamente coercitivas, fusionando como meios de pressão políticos.
• Com efeito, a posição de um Estado a uma recomendação sustentada por um grupo mais ou
menos vasto de -Estados, obriga-o a manter-se na defensiva, a explicar a sua posição,
sobretudo se o órgão internacional procedeu a uma qualificação da situação-ocupação,
ameaça à paz, agressão que se impõe a órgãos subsidiários.
• A carta constitutiva de organização implica que o seu conteúdo não é obrigatório.
Legitimamente os estados regulam a sua conduta em função desta consideração:
freqüentemente um Estado vota a favor de uma recomendação porque tem consciência que o
seu voto não o empenha. Sustentar o contrário conduziria a uma grave paralisia do
funcionamento das organizações internacionais.
• Impõem-se as mesmas soluções nas relações entre organizações independentes, entre órgãos
iguais de uma mesma organização e para as recomendações de um órgão inferior a um órgão
superior. Só ocorre de forma diversa se houver uma exceção expressa ou um compromisso de
cooperação entre organizações teoricamente independentes.
• 1761 (XVII). The policies of apartheid of the Government of the Republic of South Africa
• The General Assembly,
• Recalling its previous resolutions on the question of race conflict in South Africa resulting from the policies of apartheid of the Government of the Republic of South
Africa,
• Further recalling in resolutions 44 (I) of 8 December 1946, 395 (V) of 2 December 1950, 615 (VII) of 5 December 1952, 1179 (XII) of 26 November 1957, 1302 (XIII)
of 10 December 1958, 1460 (XIV) of 10 December 1959, 1597 (XV) of 13 April 1961 and 1962 (XVI) of 28 November 1961, the question of the treatment of peoples of
Indian and Indo-Pakistan origin,
• Noting the reports of the Governments of India1 and Pakistan2 on that subject,
• Recalling that the Security Council in its resolution of 1 April 19603 recognized that the situation in South Africa was one that had led to international friction and, if
continued, might endanger international peace and security,
• Recalling further that the Security Council in its aforesaid resolution called upon the Government of South Africa to initiate measures aimed at bringing about racial
harmony based on equality in order to ensure that the present situation does not continue or recur, and to abandon its policies of apartheid and racial discrimination,
• Regretting that the actions of some Member States indirectly provide encouragement to the Government of South Africa to perpetuate its policy of racial segregation,
which has been rejected by the majority of that country's population,
• Deplores the failure of the Government of the Republic of South Africa to comply with the repeated requests and demands of the General Assembly and of the Security
Council and its flouting of world public opinion by refusing to abandon its racial policies;
• Strongly deprecates the continued and total disregard by the Government of South Africa of its obligations under the Charter of the United Nations and, furthermore, its
determined aggravation of racial issues by enforcing measures of increasing ruthlessness involving violence and bloodshed;
• Reaffirms that the continuance of those policies seriously endangers international peace and security;
• Requests Member States to take the following measures, separately of collectively, in conformity with the Charter, to bring about the abandonment of those policies;
a. Breaking off diplomatic relations with the Government of the Republic of South Africa or refraining from establishing such relations;
b. Closing their ports to all vessels flying the South African flag;
c. Enacting legislation prohibiting their ships from entering South African ports;
d. Boycotting all South African goods and refraining from exporting goods, including all arms and ammunition, to South Africa;
e. Refusing landing and passage facilities to all aircraft belonging to the Government of South Africa and companies registered under the laws of South Africa;
• Decides to establish a Special Committee consisting of representatives of Member States nominated by the President of the General Assembly, with the following terms
of reference:
a. To keep the racial policies of the Government of South Africa under review when the Assembly is not in session;
b. To report either to the Assembly or to the Security Council or to both, as may be appropriate, from time to time;
• Requests all Member States:
a. To do everything in their power to help the Special Committee to accomplish its task;
b. To refrain from any act likely to delay or hinder the implementation of the present resolution;
• Invites Member States to inform the General Assembly at its eighteenth session regarding actions taken, separately or collectively, in dissuading the Government of
South Africa from pursuing its policies of apartheid;
• Requests the Security Council to take appropriate measures, including sanctions, to secure South Africa's compliance with the resolutions of the General Assembly and
of the Security Council on this subject and, if necessary, to consider action under Article 6 of the Charter.
6) Decisões Jurisdicionais

Unidade 2
Luiz Albuquerque 123
Cap. 6
2) O Tratado T cria uma jurisdição
internacional e regula os
Jurisdição Internacional procedimentos pelos quais ela poderá
Decisão Jurisdicional resolver controvérsias e proferir
decisões jurisdicionais juridicamente
vinculantes.

Tratado T
Cria e regula uma
instituição internacional
dotada de competência
jurisdicional.
3) A jurisdição internacional A, B, C
cumpre os procedimentos
previstos no Tratado T e
produz uma decisão
jurisdicional que é uma fonte
de direitos e obrigações para os
países cujo litígio foi
1) Países A, B e C decidem
submetido à jurisdição.
soberanamente celebrar o
Tratado T para criar uma
A B C instituição internacional dotada
de competência jurisdicional
para resolver controvérsias
sobre o assunt ‘A’
“Quando um litígio é resolvido a partir de
um tratado, por um organismo,
especialmente por um tribunal autorizado a
solucionar litígios aplicando normas de
justiça, equidade, etc. a decisão do tribunal
constitui norma jurídica individual,
sendo as partes do litígio juridicamente
obrigadas a aceitá-la.” (KELSEN: 2010, p.
469)
Fundamentação jurídica da obrigatoriedade
do cumprimento da decisão jurisdicional
• Assim como o Estado tem a capacidade de se submeter a um acordo
que cria uma organização internacional e a dota de competências
normativas, o Estado também tem a capacidade de soberanamente se
submeter a um acordo que cria um outro tipo de instituição de
direito internacional: uma jurisdição.
• Neste sentido, o Estado, através de sua soberania, pode decidir
voluntariamente se submeter a uma jurisdição internacional dotada de
competência formal atribuída pela partes para resolver uma
controvérsias através do pronunciamento de uma normativa
individualizada (a sentença ou decisão jurisdicional).
• O Estado se vinculou voluntariamente ao acordo que criou tal
jurisdição, no qual se comprometeu antecipadamente a cumprir a
decisão, mesmo que lhe fosse desfavorável.
• Consequentemente, por sua própria vontade soberana, o Estado
se obrigou a acatar a decisão jurisdicional.
Fonte Normativa Jurisdicional

• Os modos jurisdicionais de solução de controvérsia são


caracterizados por uma capacidade-competência de produzir
normas jurídicas específicas e individualizadas relacionadas a
um determinado conflito internacional.
• Esta capacidade-competência, aqui batizada de “poder
normativo-jurisdicional” produz um tipo de fonte de direito
internacional – a decisão jurisdicional – que tem sido
bastante negligenciado pela doutrina enquanto um objeto de
estudo na Teoria das Fontes.
• É portanto, pelo compromisso arbitral, acordo especial ou pela
adesão a uma jurisdição compulsória que os Estados
conferem aos tribunais a capacidade-competência de
produzir uma norma jurídica individualizada – a decisão
jurisdicional - que irá vinculá-los.
Luiz Albuquerque 127
Decisões Jurisdicionais

Decisões Judiciais Decisões Arbitrais Decisões


Institucionais
- Sentenças - Laudos proferidos - Decisões de outros
proferidas por por tribunais tipos de instituições
tribunais com arbitrais; com competências
jurisdição jurisdicionais (Órgão
permanente (CIJ; de Solução de
Corte IDH; TJUE;); Controvérsias da
OMC);
“Obrigatoriedade” da decisão jurisdicional
é resultado de uma sucessão de fatores:
Inicialmente, há que se considerar a existência de uma
controvérsia internacional.
• Os Estados partes nesta controvérsia decidem de
comum acordo submeter tal conflito a um sistema de
solução de controvérsias de natureza jurisdicional
através de um ato expresso, formal, voluntário e
soberano pelo qual cada Estado cria uma norma jurídica
que obriga a si próprio a cumprir e acatar a decisão
jurisdicional que dali advier. Este ato pode ser um
acordo especial ou a prévia adesão a uma organização
internacional dotada de jurisdição compulsória.
Luiz Albuquerque 129
•A obrigatoriedade do cumprimento da decisão
jurisdicional é uma decorrência da capacidade dos
Estados soberanos atribuírem competências para
outras instituições:
•A capacidade jurídica para um Estado realizar tal ato
de submissão formal à uma jurisdição decorre
diretamente do exercício da sua própria soberania. É
através dos seus poderes soberanos que os Estados
criam uma norma jurídica que:
• i) estabelece uma jurisdição arbitral; ou
•ii) sujeita o Estado a uma jurisdição permanente
já existente
Uma “Decisão Jurisdicional” é uma fonte d
direitos e obrigações
O tribunal ou a instituição responsável pelo julgamento conduz
um procedimento contraditório no qual as partes apresentam
seus dados e argumentos a fim de convencer os juízes.
•Ao final deste procedimento, o tribunal produz um documento
formal no qual prolata sua decisão devidamente fundamentada
e estabelece, de maneira definitiva direitos e obrigações
relacionados às partes no que se refere ao caso sub judice. (Res
Judicata)
•Este documento tem a natureza jurídica de uma “decisão
jurisdicional”, cujo cumprimento é obrigatório para os Estados
partes, configurando-se assim um tipo específico de fonte formal
de direito internacional: uma fonte de obrigações jurídicas.
Luiz Albuquerque 131
A obrigatoriedade é um elemento
caracterizador fundamental dos tribunais
internacionais. Kelsen enfatiza que a
obrigatoriedade de cumprir uma decisão
judicial independe da concordância das
partes com seu conteúdo: “Quando
Estados submetem um litígio à decisão de
um órgão internacional, são obrigados a
executar a decisão ainda que não
concordem com ela.” (KELSEN: 2010, p.
464)
Jurisdicional ≠ Judicial
“O órgão internacional pode ou não ter caráter de tribunal.
O órgão internacional, ou seja, aquele criado por acordo
internacional, é tribunal (1) quando os membros do órgão são
juízes; (2) quando o órgão é competente para solucionar
litígios internacionais aplicando o Direito Internacional e,
(3) sendo o órgão um colegiado, se for competente para
solucionar o litígio por decisão de voto majoritário. O
indivíduo ou os indivíduos indicados para solucionar o litígio
são juízes no verdadeiro sentido do termo quando são
independentes, e particularmente independentes dos governos
que os indicaram. Isso significa que não estão juridicamente
vinculados a instruções de seus países em relação à decisão a
ser tomada pelo tribunal.” (KELSEN: 2010, p. 464)
Fundamento da Norma
Jurisdicional

• Em outras palavras o poder normativo-jurisdicional dos


tribunais internacionais e a conseqüente obrigatoriedade do
cumprimento da decisão jurisdicional decorrem, em última
análise:
• da conjugação do poder soberano de estabelecer
competências;
• da capacidade dos Estados criarem instituições través do
princípio Pacta Sunt Servanda; e, por fim,
• da capacidade-competência destas instituições – que foram
criadas a partir da vontade soberana dos Estados (direito
originário) – de produzir novas normas jurídicas (direito
derivado).
Luiz Albuquerque 134
O consenso é necessário para a escolha
do modo de solução de controvérsia. Mas,
uma vez que uma jurisdição judicial foi
escolhida, então a decisão é obrigatória,
mesmo que a parte condenada não
concorde com ela: “Geralmente a aplicação
do Direito existente a um conflito de
interesses é sempre satisfatória para uma e
insatisfatória para a outra parte.”(KELSEN:
2010, p. 471)
Exemplos de Jurisdições Internacionais
• Corte Internacional de Justiça. C.O.N.U., Artigo 94§1. Cada membro das
Nações Unidas se compromete a se conformar com a decisão da Corte Internacional
de Justiça em qualquer caso em que for parte.
• Corte Interamericana de Direitos Humanos: Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) ARTIGO 68. §1. Os
Estados-Partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em
todo caso em que forem partes.
• Mercosul: Protocolo de Olivos, Artigo 26. Obrigatoriedade dos laudos.
• 1. Os laudos dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc são obrigatórios para os Estados partes
na controvérsia a partir de sua notificação e terão, em relação a eles, força de coisa
julgada se, transcorrido o prazo previsto no artigo 17.1 para interpor recurso de
revisão, este não tenha sido interposto.
• 2. Os laudos do Tribunal Permanente de Revisão são inapeláveis, obrigatórios para
os Estados partes na controvérsia a partir de sua notificação e terão, com relação a
eles, força de coisa julgada.

136
Unidade 2

7) Meios Auxiliares: Cap. 7

Doutrina & Jurisprudência


(Meio Auxiliar ≠ Fonte)

Estatuto da CIJ, Art. 38, §1º d) sob ressalva da


disposição do art. 59*, as decisões judiciárias [leia-
se: “j-u-r-i-s-p-r-u-d-ê-n-c-i-a”] e a doutrina dos
publicistas mais qualificados das diferentes Nações,
como meio auxiliar para a determinação das regras
137
de direito.
7.1 DOUTRINA

Luiz Albuquerque 138


Doutrinas dos juristas mais
qualificados das diversas nações

“Se é verdade que “qualquer


internacionalista está ligado a uma
escola filosófico-jurídica que domina o
seu ensinamento”, nenhuma
preferência teórica substitui a
indispensável observação da realidade,
na sua diversidade e na sua
heterogeneidade”. (DINH, DAILLER,
PELLET: 1999, p. 98)
Luiz Albuquerque 139
► Do ponto de vista epistemológico, o estudo
e a interpretação do Direito Internacional,
assim como em qualquer matéria, sempre
foram moldados, condicionados,
influenciados, e legitimados pelas “verdades
científicas” proferidas pelos grandes
doutrinadores. Os conceitos não existem na
natureza para serem observados, eles são
construídos pela ação do pensamento humano
∟ Ainda que a idéia de aplicação direta seja
complicada, indiretamente juízes,
diplomatas, professores se valem, ainda que
inconscientemente, das doutrinas que
embasam o seu conhecimento sobre a matéria;
Luiz Albuquerque 140
Doutrina
Quando os redatores do Estatuto da Corte da Haia concederam a
qualidade de meio auxiliar para a determinação a determinação das
regras de direitos à doutrina dos publicistas mais qualificados das
diferentes nações’, estavam a prestigiar um instrumento homogêneo em
suas grandes linhas. Mal assentara ainda, em 1920, a poeira levantada
pela revolução russa, e em parte alguma daquilo que mais tarde viria a
chamar-se terceiro mundo surgiria algum sinal expressivo de
abordagem crítica. A doutrina existente era assim a expressão de um
pensamento eurocêntrico, em regra preconceituoso e colonialista. A
escola soviética importaria teses inéditas a todos os ramos da ciência
direito, e mais tarde, gradualmente, passar-se-iam a produzir no
hemisfério sul, sobre temas elementares em direito das gentes, ideias
destoantes do breviário clássico (REZEK: 2011. p. 173.)
▪ “Upon a long view, there would seem to be no legal
order wherein the publicist – a peculiar term – has
played a greater part than international law”.
└ Grotius (1583-1645), Pufendorf (1632-1694),
Bynkershoek (1673-1743) Vattel (1714 – 1767)
▪ Jessup: Who shall decide when doctors disagree?
▪ Parry: As the body of judicial decisions
increases, the authority of the commentator is
diminished.
▪ Writers display a great deal of national bias.
▪ Harris: today the influence of writers is behind the
scene and anonymous
Luiz Albuquerque 142
7.2 JURISPRUDÊNCIA
(Não confundir com decisão jurisdicional)
Julgamento do caso A vs B influencia Jurisprudência
Decisão Jurisdicional

Vincula as partes
influencia

Julgamento do Caso C vs. D


Pais A Pais B

Luiz Albuquerque 143


Exemplos de Tribunais Permanentes
• Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos;
• Corte Centroamericana de Justiça;
• Corte de Justiça da Comunidade Andina;
• Corte de Justiça da Comunidade Econômica e
Monetária da África central ;
• Corte de Justiça das Comunidades Europeias;
• Corte Europeia de Direitos Humanos;
• Tribunal de Justiça do CARICOM;
• Tribunal Internacional de Direito do Mar;
• Tribunal Penal Internacional;

144
Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.
Polêmica sobre o alcance da Jurisprudência entre
acadêmicos e juízes:
▪ the difference between the binding and the persuasive authority of
judgments should not be overestimated.
▪ ICJ did not hesitate to refer to, and to quote from, its previous
judgments and advisory opinions.
Harris: Cases do not make law.
- ICJ, Art. 59: “the decision of the Court has no binding force except
between the parties and in respect to that particular case.”
▪ Azevedo InAsylum Case: “It should be remembered … that the
decision in a particular case has deep repercussions, particularly in
international law , because views which have been confirmed by that
decision acquire quasi-legislative value, in spite of the legal
principle to the effect that he decision has no binding force except
between the parties and un respect of that particular case”.
▪ Harris: International courts and tribunals not only do not make law,
they are also not bound by their previous decisions as to the law
which they apply. ICJ relies heavily over its jurisprudence and only
occasionally refers to that of other courts and tribunals
Luiz Albuquerque 145
Equidade (não é fonte de DIP) e sim um
método alternativo de solução de
controvérsias sem a aplicação do direito

Artigo 38. 2. A presente disposição não prejudicará a


faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono
[por equidade], SE as partes com isto concordarem
Exemplo de Aplicação da Equidade:
Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar
((neste caso é princípio de DIP))
Artigo 83.º Delimitação da plataforma continental
entre estados com costas adjacentes ou situadas frente
a frente
1 - a delimitação da plataforma continental entre
estados com costas adjacentes ou situadas frente a
frente deve ser feita por acordo, de conformidade com
o direito internacional a que se faz referência no artigo
38.º do estatuto do tribunal internacional de justiça, a
fim de se chegar a uma solução equitativa.
Unidade 2

8. Soft “law” (?) ≠ Law Cap. 5

Roosevelt e Churchill: o Acordo de Cavalheiros (soft law) conhecido como a “Carta do


Luiz Albuquerque 148
Atlântico” mudaria o mundo pós-guerra, mas NÃO era um tratado (law).
Esclarecimentos iniciais

• O “soft law” não é “law” (direito).

• Se os Estados quisessem fazer uma norma


juridicamente vinculante fariam “law”, por
exemplo: um tratado.

• Estados que não querem uma norma


juridicamente vinculante fazem “soft law”.
Soft Law: Quasi - Direito
♦ Caráter “Normativo” em sentido genérico: pretensão de induzir
comportamentos, sem se utilizar para isto de um instrumento
próprio do direito que seja juridicamente vinculante;
∟ “Normativo” sem usar normas “jurídicas”, cujo descumprimento
NÃO acarreta sanção;
∟ Pode declarar direito (hard law) já existente;
∟ Pode abordar compromissos que Estados pretendam cumprir, mas
por algum motivo preferem que seja um compromisso político e
não jurídico
∟ Pode tentar orientar os comportamentos futuros dos Estados em
temas polêmicos;
∟ Pode tentar influenciar comportamento de entes privados e não
estatais;

♦ Soft Law não é obrigatório porque os Estados não quiseram que


ele fosse;
Luiz Albuquerque 150
Razões para a criação do Soft Law
(ao invés de Hard law)
▪ Informalidade faz com que sejam
aprovados rápida e facilmente (sem
solenidades);
▪ Não há necessidade de publicação e
registro;
▪ Término e modificação facilitados;
▪ Confidencialidade;
▪ Descumprimento não implica em ato
ilícito;
Luiz Albuquerque 151
• Harris: “Soft law consists of written instruments that spell out rules of
conduct that are not intended to be legally binding, so they are not
subject to the law of treaties and do not generate opinion juris
required for them to be state practice contributing to custom. Not
being legally binding, they cannot be enforced in court.” (Harris:
1998, pp. 64-65)
• └ Helsique Final Act of 1975;
• └ Bonn Declaration of International Terrorism 1978;
• └ Rio Declaration of Environment and Development 1992
• Sztucki: Primo, the term is inadequate and misleading. There are no
two levels or “species” of law – something is law or is not law.
Secundo, the concept is counter productive or even dangerous. On
the one hand it creates illusory expectations of (perhaps even
insistence on) compliance with what no one is obliged to comply; and
on the other hand, it exposes binding legal norms for risks of neglect,
and international law as a whole for risks of erosion, by blurring the
threshold between what is legally binding and what is not.”
• Van Hooe, Rethinking the sources of international law: “The soft-law
approach is an important asset to the doctrine of international law. Its
main contribution is that Luizit Albuquerque
has started to map out the 152legal
implications of legally non-binding instruments.
Instrumentos Não-Obrigatórios
▪ Gentlemen’s Agreement;
Tratado ≠ Gentlemen´s Agreement
∟entre Estados ∟entre estadistas;
→ “Carta do Atlântico” (1941) entre Churchill e Roosevelt; “Declaração Quadros-Frondizi”
∟Declaração política de propósitos comuns que não tem qualquer efeito legal;
∟ Apenas vincula politicamente ou moralmente os as pessoas que o celebraram;
▪ troca de notas não constitui tratado
▪ Declarações* Conjuntas (Rendição Alemã, 1945) e de Conferências Internacionais
(Declaração do Rio, 1992) Declarações de Organizações Internacionais (Declaração
Universal dos Direitos Humanos, ONU, 1948);
▪ Agendas e programas de ação (Agenda 21, 1992)
▪ Recomendações (Grupo de Ação Financeira contra Lavagem de Dinheiro);
▪ Resoluções Não-obrigatórias das organizações internacionais;
▪ Recomendações das organizações internacionais (Assembléia Geral da ONU);
▪ Códigos de Conduta* (Estados ou entes privados, Distribuição e Uso de Pesticidas)
(*=nomes também usados em tratados obrigatórios)
▪ Atas Finais* (Ata Final de Helsinque sobre Segurança na Europa, 1975)
▪ Memorandos de Entendimento* (M.O.U. EUA x URSS: “Telefone Vermelho”, 1963)
Luiz Albuquerque 153
Conclusões sobre o Soft Law
► Dentre as diversas manifestações do direito
internacional, genericamente considerado, encontram-se
alguns “instrumentos não-obrigatórios” (soft law) ou atos e
decisões que não determinam obrigações específicas, como
memorandos de entendimento, declarações, recomendações,
etc. Mas isto não significa que o direito internacional
(Law) não seja – em si – obrigatório.
►Apesar de não ser “Law”, as normas (não-jurídicas) de
soft law são, geralmente, cumpridas, quase como se fossem
“law”. A efetividade do soft law é um fenômeno
interessante para o estudo do direito internacional.
► Confusão ao chamar impropriamente normas de
direito internacional de soft law provoca reação que parece
legitimar, como direito, aquilo que é apenas soft law.

Luiz Albuquerque 154


Recapitulando:
SÃO FONTES DE DIP NÃO SÃO FONTES DE DIP
• Tratados; • Doutrina;
• Costumes; Art. 38 • Jurisprudência;
• Princípios; • Equidade;
• Atos Unilaterais; • Soft law
• Normativas de O.I.
• Decisões jurisdicionais
9. CONCLUSÕES SOBRE A
TEORIA DAS FONTES
• Há diferentes tipos de normas de DIP;
• Há diferentes tipos de fontes de direito internacional;
• Não há, a priori, uma hierarquia entre normas
baseadas em suas respectivas fontes;
– Ex. um tratado NÃO prevalece sobre um costume só por ser
um tratado; costume NÃO prevalece sobre princípio só por
ser costume
• Em caso de conflito de normas é necessário adotar
técnicas de solução de conflito entre normas do
Direito (posterior; específica; ponderação)
10. QUESTÕES DA OAB SOBRE
TEORIA DAS FONTES

Vejam mais questões da OAB no site do Observatório de Relações Internaiconais.


http://neccint.wordpress.com/questoes-de-direito-internacional-nas-provas-da-oab/
Dentre as principais fontes do direito internacional, conforme
estabelecido pelo artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de
Justiça, é CORRETO afirmar que:
a) Os tratados internacionais de natureza geral devem ser
concluídos por escrito ou por via oral entre Estados e são regidos
pelo Direito Internacional. As Convenções internacionais especiais
não podem, contudo, ser consideradas fontes do direito
internacional.
b) O costume internacional é reconhecido como meio auxiliar para
a determinação das regras de direito internacional.
c) A equidade é admitida como fonte do direito internacional.
d) Por estarem desvinculados da vontade dos Estados, a
jurisprudência internacional, a doutrina e os princípios gerais de
direito não podem ser consideradas fontes do direito
internacional.

Luiz Albuquerque 158


De acordo com o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, são
fontes do direito internacional as convenções internacionais,
a) o costume, os atos unilaterais e a doutrina e a jurisprudência, de forma
auxiliar.
b) o costume internacional, os princípios gerais de direito, os atos unilaterais e
as resoluções das organizações internacionais.
c) o costume, princípios gerais de direito, atos unilaterais, resoluções das
organizações internacionais, decisões judiciárias e a doutrina.
d) o costume internacional, os princípios gerais de direito, as decisões
judiciárias e a doutrina, de forma auxiliar, admitindo, ainda a possibilidade de
a Corte decidir ex aequo et bono, se as partes concordarem.

Em razão de sua natureza descentralizada, o direito internacional público


desenvolveu-se no sentido de admitir fontes de direito diferentes daquelas
admitidas no direito interno. Que fonte, entre as listadas a seguir, não pode
ser considerada fonte de direito internacional?
a) Tratado.
b) Decisões de tribunais constitucionais dos estados.
c) Costume.
d) Princípios gerais de direito.
Luiz Albuquerque 159
PRINCÍPIOS: São princípios das relações internacionais no Brasil, EXCETO:
a) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.
b) concessão de asilo político.
c) erradicação da pobreza e das desigualdades internacionais.
d) independência nacional.

ATO UNILATERAL: O ato unilateral por meio do qual um Estado manifesta sua
vontade de deixar de fazer parte de acordo internacional é chamado:
a) ratificação;
b) altercação;
c) denúncia;
d) retração.

A declaração unilateral do Estado visando excluir ou modificar o efeito jurídico de certas


disposições de um tratado internacional é denominada:
a) denúncia;
b) exceção de executividade;
c) reserva;
d) renúncia.
Luiz Albuquerque 160
COSTUMES: A norma consuetudinária internacional,
conforme a Corte Internacional de Justiça, para ser
formada depende:
a) somente de prática geral, uniforme e consistente dos
Estados;
b) de aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas;
c) de prática geral, uniforme e consistente dos Estados,
somada à convicção destes que tal prática compõe obrigação
jurídica;
d) de aprovação pela Assembleia Geral das Nações Unidas

Luiz Albuquerque 161


QUESTÕES DE OUTROS CONCURSOS

(CESPE/Procurador BACEN/2009) Em relação a atos unilaterais, assinale a opção


correta.
a) São aplicados pela Corte Internacional de Justiça como fontes do direito internacional,
conforme disposto em seu estatuto.
b) Criam apenas obrigações morais para os Estados.
c) Esses atos são conhecidos também como estoppel.
d) A Comissão de Direito Internacional da ONU se dedicou a estudar tais atos.
e) O Estado brasileiro mantém-se em oposição persistente ao costume que prescreve a
existência desses atos.

(ESAF/Analista de Comércio Exterior/2002) Não constitui(em) fonte(s) de Direito


Internacional Público, segundo o estatuto da Corte Internacional de Justiça,
a) a jurisprudência internacional
b) o costume internacional
c) os princípios gerais de direito
d) os usos e práticas do comércio internacional
e) as convenções internacionais

Luiz Albuquerque 162


(ESAF/Procurador BACEN/2002) Após considerar o seguinte trecho: "O
costume significa em sentido jurídico alguma coisa mais do que um simples
hábito ou uso. Significa o uso que se segue com a convicção de que é obrigatório,
de que a sua inobservância acarretará provavelmente, ou pelo menos deveria
acarretar, qualquer forma de sanção para o transgressor". [in BRIERLY, J.
Direito internacional. 4ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1979, p. 59, ênfase
acrescida], assinale o item correto.
a) Demonstrada a uniformidade e generalidade da prática, verifica-se o elemento
temporal do costume, que deve ser imemorial.
b) Um Estado pode se subtrair à obrigatoriedade de um costume durante seu processo
de formação.
c) A parte que invoca um costume tem de provar (ônus da prova) que esse costume
está estabelecido, sendo desimportante saber se ele vincula a outra parte.
d) Para o direito internacional público, o elemento material do costume deve vincular,
de modo necessário, a totalidade dos Estados.
e) A "convicção de que é obrigatório" é o elemento subjetivo ou psicológico do
costume, que não está previsto no Estatuto da Corte Internacional de Justiça já que ele
não é de fácil demonstração.

Luiz Albuquerque 163


(ESAF/CGU/2008) A respeito das fontes de Direito Internacional,
assinale a opção correta.
a) O desrespeito a um costume internacional não é suficiente para que
haja uma violação ao Direito Internacional. Apenas o desrespeito a um
tratado internacional pode ser considerado uma quebra do Direito
Internacional.
b) É possível que um país se vincule a um tratado internacional cuja
versão autêntica não tenha sido adotada em seu próprio idioma.
c) As normas de jus cogens vinculam apenas os países que ratificaram
os tratados internacionais que as contêm.
d) Preâmbulos e anexos de tratados internacionais não criam obrigações
jurídicas para os Estados Partes, servindo apenas de meio para auxiliar a
interpretação da parte dispositiva do tratado internacional.
e) Emendas a tratados internacionais apenas entram em vigor após o
aval da Organização das Nações Unidas.

Luiz Albuquerque 164


(CESPE/Juiz Federal TRF 5/2009) A CF deu especial destaque ao
direito internacional público, ao dispor a respeito dos princípios
que devem nortear as relações internacionais brasileiras. Supondo
que um país vizinho da América do Sul decretasse a prisão de um
ex-presidente ditador, após o devido processo legal, e os EUA
diplomaticamente condenassem essa decisão por simpatizarem com
o ex-dirigente, o Brasil deveria:
a) agir da mesma forma que os EUA, tendo em vista a importância
desse país no mundo.
b) interferir na decisão daquele país vizinho, a fim de garantir a sua
hegemonia política na América Latina.
c) respeitar a decisão do país sul-americano, tendo em vista o princípio
da independência nacional e da igualdade entre os Estados.
d) agir da mesma forma que os EUA, visando ao princípio da
concessão de asilo político.
e) condenar a prisão por ser ela contrária ao princípio da prevalência
Luiz Albuquerque 165
dos direitos humanos

Você também pode gostar