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Topologia PDF
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Mauricio A. Vilches
PREFÁCIO
Mauricio A. Vilches
Rio de Janeiro
Conteúdo
1 ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 7
1.1 Topologias e Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.5 Sub-bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 Topologia Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.7 Pontos e Conjuntos Notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.8 Topologia Métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.8.1 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.8.2 Conjuntos Abertos e Fechados em Espaços Métricos . . . . . . . . 24
1.8.3 Espaços Vetoriais Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.8.4 Espaços Vetoriais com Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.9 Topologia de Zariski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.9.1 Topologia de Zariski em Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.10 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3 HOMEOMORFISMOS 45
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2 Exemplos de Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.1 Grupos de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.3 Homeomorfismos Locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4 TOPOLOGIA QUOCIENTE 61
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.2 Espaços Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2.1 O Cı́rculo como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2.2 O Cilindro como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5
6 CONTEÚDO
5 COMPACIDADE 83
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.2 Compacidade em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6 AXIOMAS DE SEPARAÇÃO 91
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.2 Espaços de Fréchet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.3 Espaços de Hausdorff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.4 Topologia Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.5 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.5.1 O Cı́rculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.5.2 O Toro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.5.3 Espaços Projetivos Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.5.4 Espaços Projetivos Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
6.5.5 Grupos Ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
6.5.6 A Faixa de Moebius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.6 Variedades Topológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7 CONEXIDADE 105
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.2 Aplicacões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.3 Conexidade por Caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Bibliografia 116
Capı́tulo 1
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Definição 1.1. Uma topologia sobre X é uma famı́lia T ⊂ P(X) tal que:
1. X, ∅ ∈ T.
3. Dados B1 , B2 , . . . , Bn ∈ T, então:
n
\
Bi ∈ T.
i=1
7
8 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1.2 Exemplos
A seguir apresentaremos uma série de exemplos que utilizaremos em todos os capı́tu-
los seguintes.
[1] Todo conjunto X não vazio possui as seguintes topologias:
Tind = {X, ∅}, chamada topologia indiscreta. Logo, os únicos subconjuntos abertos
de X são ∅ e X.
Tdis = P(X), chamada topologia discreta. Logo, todos os subconjuntos de X são
abertos.
Se X tem mais de 2 elementos Tind 6= Tdis .
1. T1 = {∅, X, {a}}.
2. T2 = {∅, X, {a}, {b}}.
3. T3 = {∅, X, {a}, {b}, {a, b}}.
{a} ∪ {b} ∈
/ T2 .
é dita de Sierpinski.
T = {∅, A ⊂ R},
onde A ∈ T se, e somente se para todo x ∈ A existe um intervalo aberto (a, b) tal que:
x ∈ (a, b) ⊂ A.
1. Claramente ∅, R ∈ T.
2. Seja {Aα ∈ T / α ∈ Γ}, então:
[
Aα ∈ T.
α∈Γ
[
De fato, seja x ∈ Aα , então existe α0 ∈ Γ tal que x ∈ Aα0 ∈ T; logo, existe (a, b) e:
α∈Γ
[
x ∈ (a, b) ⊂ Aα0 ⊂ Aα .
α∈Γ
1.2. EXEMPLOS 9
x ∈ (a, b) ⊂ B1 ∩ B2 .
n
\
Por indução: Se B1 , B2 , . . . , Bn ∈ T, então Bi ∈ T.
i=1
T = {∅, A ⊂ R2 },
onde A ∈ T se, e somente se para todo (x, y) ∈ A existe um retângulo aberto (a, b)×(c, d)
tal que:
(x, y) ∈ (a, b) × (c, d) ⊂ A.
De forma análoga ao exemplo anterior, T é uma topologia e é também chamada eucli-
diana ou usual e será denotada por Tus . Não é difı́cil ver que esta topologia pode ser
estendida a Rn .
Tk = {∅, R2 , Gk / k ∈ R},
onde:
Gk = {(x, y) ∈ R2 / x > y + k}.
Então R2 , Tk , é um espaço topológico.
1. ∅, R2 ∈ Tk , por definição.
2. Seja Gk ∈ Tk tal que k ∈ M ⊂ R:
Se M é limitado inferiormente, seja m = inf M, então:
[
Gk = Gm ∈ T k .
k∈M
[
De fato, seja (x, y) ∈ Gk ; então, existe k ∈ M tal que (x, y) ∈ Gk , isto é x−y > k ≥ m;
k∈M
logo, (x, y) ∈ Gm e
[
Gk ⊂ Gm .
k∈M
Seja (x, y) ∈ Gm ; então, x − y > m; logo, existe k ∈ M tal que x − y > k, caso contrário
x − y seria uma cota inferior de M maior que m; então:
[
Gm ⊂ Gk .
k∈M
10 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
De fato, seja (x, y) ∈ R2 , então, existe k ∈ M tal que x − y > k; caso contrário, M seria
limitado inferiormente por x − y, logo (x, y) ∈ Gk .
3. Sejam Gk1 , Gk2 ∈ Tk e considere k1 = max{k1 , k2 }; então, Gk1 ⊂ Gk2 e:
Gk 1 ∩ Gk 2 = Gk 1 ∈ T k .
T = {A ⊂ X / Ac é finito ou é X}.
De fato: [ c \
Aα = Acα ,
α∈Γ α∈Γ
Esta topologia é chamada de cofinita e denotada Tcof . Se X é finito, então Tcof = Tdis .
Seja X = R com a topologia Tcof . O conjunto (−∞, 1) não é aberto nesta topologia, pois
seu complementar é [1, +∞) e não é finito nem igual a R. Mas, o conjunto (−∞, 1) ∪
(1, +∞) é aberto. Nesta topologia os abertos são da forma:
n
[
A=R− {xi / xi ∈ R}.
i=1
Isto é, um conjunto é fechado se, e somente se seu complementar é um conjunto aberto.
Exemplo 1.1.
[1] X e ∅ são fechados em X.
[2] Seja X, Tsier ; então os fechados de X são ∅, X e {b}.
[3] Considere X = {a, b, c} com a T3 do exemplo [??]. Determinemos os conjuntos
fechados de X.
Primeiramente X e ∅ são fechados em X. Os conjuntos {a} e {b} não são fechados; de
fato:
{a}c = {b, c} ∈
/ T3
{b}c = {a, c} ∈
/ T3 .
Por outro lado {c}, {a, c} e {b, c} são fechados em X:
{c}c = {a, b} ∈ T3
{a, c}c = {b} ∈ T3
{b, c}c = {a} ∈ T3 .
Teorema 1.1. Seja X, T espaço topológico e F a famı́lia de conjuntos fechados; então:
1. X, ∅ ∈ F.
2. Sejam F1 , F2 , . . . , Fn conjuntos fechados em X; então:
n
[
Fi
i=1
é fechado em X.
3. Sejam Fα ∈ F, arbitrários tal que α ∈ Γ, então:
\
Fα ∈ F.
α∈Γ
Exemplo 1.2.
Seja R, Tus ; então todo conjunto finito é fechado. De fato, dado x ∈ R, então {x} é
fechado em R pois {x}c = (−∞, x) ∪ (x, +∞); logo se A = {x1 , x2 , . . . xn } temos que:
n
[
A= {xi }.
i=1
Uma topologia num espaço topológico também pode ser caracterizada, pelos seus con-
juntos fechados.
Exemplo 1.3.
Exemplo 1.4.
Em R2 , Tcof é menos fina que a Tus . De fato, seja A ∈ Tcof ; então Ac é finito; logo Ac é
fechado em Tus e A é aberto em Tus .
As topologias sobre um conjunto nem sempre podem ser comparadas. Por exemplo:
Seja X = {a, b} com as topologias: T1 = {∅, {a}, X} e T2 = {∅, {b}, X}. então T1 e T2
não podem ser comparadas.
Para toda topologia T sobre X temos:
Tind ⊂ T ⊂ Tdis .
1.4 Bases
Muitas vezes para introduzir uma topologia num conjunto não é necessário descrever
todos os conjuntos abertos da topologia, mas apenas alguns conjuntos especiais, os
chamados abertos básicos da topologia.
Sejam X, T um espaço topológico e B uma famı́lia de subconjuntos de X tal que
B ⊂ T.
x ∈ Bα ⊂ A.
x ∈ B ⊂ B1 ∩ B2 .
Prova : Se B é uma base de alguma topologia T, então X é aberto; logo se escreve como
união de abertos básicos.
Se B1 , B2 ∈ B, então B1 , B2 são abertos e B1 ∩ B2 é aberto; logo se x ∈ B1 ∩ B2 , existe
um aberto B ∈ B tal que x ∈ B ⊂ B1 ∩ B2 .
Reciprocamente, se B satisfaz 1 e 2 e se exitir uma topologia que tem B como base,
todo aberto nesta topologia pode ser escrito como união arbitrária de elementos de B.
Definamos:
Devemos provar que T é uma topologia sobre X. Claramente ∅ ∈ T; por outro lado
X ∈ T, pelo ı́tem 1. [
Sejam Aα ∈ T, arbitrários; cada Aα = Bα,µ , onde Bα,µ ∈ B; então:
µ
[[ [
A= Bα,µ = Bα,µ ∈ T.
α µ α,µ
[ [
Agora consideremos A1 e A2 ∈ T, então A1 = Bα e A2 = Bµ , então:
α µ
[ [ [
A1 ∩ A2 = Bα ∩ Bµ = Bα ∩ Bµ .
α µ α,µ
Exemplo 1.5.
[1] Uma topologia é base de si própria.
[2] Para Tind , a base é B = {X}.
[3] Para Tdis , a base é B = {{x} / x ∈ X}.
[4] Logo, bases diferentes podem gerar a mesma topologia.
[5] (Fundamental) Seja X = R e a, b ∈ R tal que a < b, então:
B = {(a, b)}
gera a topologia usual ou euclidiana de R.
De fato:
[
1. R = (a, b).
a<b
2. Para todo x ∈ R, (x − 1, x + 1) ∈ B.
3. Para todo x ∈ R tal que x ∈ (a1 , b1 ) ∩ (a2 , b2 ), temos:
x ∈ (a, b) ⊂ (a1 , b1 ) ∩ (a2 , b2 ),
onde a = max{a1 , a2 } e b = min{b1 , b2 }.
[6] Sejam R, B a base da topologia euclidiana e B′ = {[a, b) / a < b}. Suponha que B′ é
uma base. (Veja os exercı́cios). Então estas bases geram topologias diferentes.
Seja (a, b) ∈ B; para todo x ∈ (a, b), existe [x, b) ∈ B′ tal que x ∈ [x, b) ⊂ (a, b). Por
outro lado, dado [x, d) ∈ B′ , não existe (a, b) ∈ B tal que x ∈ (a, b) ⊂ [x, d). Logo, as
bases geram topologias diferentes.
1.5. SUB-BASES 15
1.5 Sub-bases
Seja X, T um espaço topológico e S uma famı́lia de subconjuntos de X tal que S ⊂ T.
Proposição 1.1. Sejam X um cojunto não vazio e S uma famı́lia de elementos de X tais que
para todo x ∈ X existe A ∈ S tal que x ∈ A. Seja B a coleção de interseções finitas de
elementos de S. Então, a famı́lia T formada por ∅, X e as uniões arbitrárias de elementos de B
é uma topologia para X e é a menor topologia que contém S.
Prova :
Claramente ∅, X ∈ T e toda união de elementos de T pertence a T. Mostraremos que
qualquer interseção finita de elementos de T está em T, ou melhor, provaremos que se
A, B ∈ T, então A ∩ B ∈ T:
Se A ou B é vazio, está provada a proposição.
1. Suponha que A e B são não vazios. Então:
[ [
A= Aα , B = Bβ ,
α β
onde Aα , Bβ ∈ B. Logo:
[ [ [
A∩B = Aα ∩ Bβ = Aα ∩ Bβ .
α β α, β
Exemplo 1.6.
[1] Toda topologia é sub-base de si mesma.
[2] S = {(−∞, a), (b, +∞) / a, b ∈ R} é uma sub-base para a topologia usual de R.
[3] S = {(−∞, a], [b, +∞) / a, b ∈ R} é uma sub-base para a topologia discreta de R.
[4] Sejam X, T1 e Y, T2 espaços topológicos; então:
S = {U × Y, X × V / U ∈ T1 , V ∈ T2 }
TY = {A ∩ Y / A ∈ T},
Em geral, os abertos relativos não são abertos no espaço total. Veja os exemplos.
Exemplo 1.7.
[1] Seja R com a topologia usual e consideremos Q ⊂ R com a topologia relativa, então
A = {x ∈ Q / 0 < x < 1} é aberto em Q pois A = (0, 1) ∩ Q e A não é aberto em R.
[2] Seja R com a topologia usual. N e Z ⊂ R são subespacos topológicos tais que a
topologia relativa é a topologia discreta. De fato, se n ∈ Z então:
1 1
{n} = Z ∩ n − , n + .
2 2
[3] Seja R = R ∪ {+∞} ∪ {−∞} com a topologia gerada por:
Prova :
1. Imediata.
1.6. TOPOLOGIA RELATIVA 17
A = Y − Y ∩ U = Y ∩ U c.
Y − A = Y ∩ F c;
logo, A é fechado em Y .
Exemplo 1.8.
S 1 = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 = 1} ⊂ R2
com a topologia relativa é dito cı́rculo unitário. Os abertos relativos em S 1 são os arcos
abertos de cı́rculos.
x ∈ U ⊂ A.
◦
O conjunto de todos os pontos interiores a A é denotado por: A ou Int(A).
A ∩ U 6= ∅.
◦
Se A ⊂ X, então X = A ∪ ∂ A ∪ Ext A, onde as uniões são disjuntas. ∅ = ∅ e X = X.
◦
A ⊂ A e, por definição, é um conjunto aberto.
/ A se, e somente se existe uma vizinhança U de x tal que U ∩ A = ∅, isto é:
x∈
◦
x∈
/A ⇔ x ∈ Ac .
c ◦ ◦
Logo, A = Ac = Ext A e como X = A ∪ ∂A ∪ Ext A, onde as uniões são disjuntas,
temos:
◦
A = A ∪ ∂A,
1.7. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 19
Exemplo 1.9.
x ∈ (a, b) ⊂ R − Q.
Por outro lado, todo intervalo contém números racionais, logo existe q ∈ Q tal que
q ∈ (a, b) ⊂ R − Q; logo q ∈ R − Q, o que é uma contradição. Por outro lado Q ′ = R.
Proposição 1.3. Sejam X, T e A ⊂ X:
2. A = A.
Prova :
Prova : T T c S c
(⊂) Se x ∈ / F , então x ∈ F = F que é aberto; logo, existe pelo
menos um F c tal que x ∈ F c ; como F c é aberto, existe U vizinhança de x tal que
x ∈ U ⊂ F c ⊂ Ac ; então U ∩ A = ∅; logo x ∈
/ A.
T
(⊃) A é fechado e A ⊂ A; então F} ⊂ A .
Exemplo 1.10.
[1] Seja X, Tsier ; então {b} = {b} e {a} = X.
[2] Seja X, T onde T é a topologia discreta. Como todos os subconjuntos de X são
fechados, o único conjunto denso em X é X.
[3] Seja X = {a, b, c, d, e} com a seguinte topologia:
T = {∅, X, {a}, {c, d}, {a, c, d}, {b, c, d, e}}.
Pelo teorema temos que:
{b} = {b, e}, {a, c} = X e {b, d} = {b, c, d, e}.
Logo, o menor fechado que contém {b} é {b, e}. Note que {a, c} é denso em X.
◦
Teorema 1.4. Sejam X, T e A ⊂ X; então A é o maior conjunto aberto contido em A, isto é:
◦ [
A= U / U ⊂ A e U é aberto .
Prova :
◦ ◦ ◦ S
(⊂) A é aberto e A ⊂ A; então A ⊂ U .
S ◦
(⊃) Seja x ∈ U , então existe pelo menos um U tal que x ∈ U ⊂ A, isto é x ∈ A.
Proposição 1.4. Sejam X, T e A ⊂ X.
1. A = A ∪ A′ . Em particular, A é fechado se, e somente se A′ ⊂ A.
◦ c ◦
2. A = Ac . Em particular, A é aberto se, e somente se A = A.
Prova :
1. Por definição A′ ⊂ A; por outro lado A ⊂ A, então A ∪ A′ ⊂ A. Reciprocamente,
seja x ∈ A. Se x ∈ A está provado. Se x ∈
/ A, então toda vizinhança U de x é tal
′
que U − {x} ∩ A 6= ∅, isto é, x ∈ A .
2. Se U ⊂ A, então Ac ⊂ U c e os conjuntos abertos U ⊂ A são exatamente os com-
plementares dos conjuntos F fechados tais que Ac ⊂ F . Pelo teorema anterior:
◦ [
A= U / U ⊂ A e U é aberto
[
F c / Ac ⊂ F e F é fechado
=
c
\
c c
= F / A ⊂ F e F é fechado
c
= Ac .
1.7. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 21
Exemplo 1.11.
[1] Seja X, Tsier ; então:
◦ ◦
{b} = ∅, {a} = {a}. {b}′ = ∅ e {a}′ = {b}. ∂ {b} = ∂ {a} = b.
[2] Seja X, Tind ; então:
◦
Para todo A ⊂ X tal que A 6= X, temos que A = ∅. Para todo A ⊂ X não vazio, A = X.
Se A tem mais de um elemento, temos A′ = X e {x}′ = {x}c e ∂ A = X.
[3] Seja X, Tdis ; então:
◦
Para todo A ⊂ X temos que: A = A, A = A, A′ = ∅ e ∂ A = ∅
[4] Seja X, Tcof ; então:
◦
Para todo A ∈ / Tcof temos que A = ∅. Se A é infinito, A = X. Para todo A ⊂ X tal que
A é infinito, A′ = X e se A é finito, A′ = ∅. Para todo A ⊂ X aberto tal que X é infinito,
∂ A = X − A; caso contrário ∂ A = X.
◦
[5] Considere R, Tcof e A = [0, 1]. Então A = ∅ e A = A′ = ∂ A = R.
[7] Seja X, Tind ; para todo A ⊂ X tal que A 6= X, temos que ∂ A = X.
[8] Seja X, Tdis ; para todo A ⊂ X temos que ∂ A = ∅.
1. A é denso em X.
2. Se F é fechado e A ⊂ F , então F = X.
Prova :
1) ⇒ 2) Se A ⊂ F , então X = A ⊂ F = F , logo F = X.
2) ⇒ 3) Seja U aberto básico não vazio tal que U ∩ A = ∅; então A ⊂ U c 6= X, o que é
uma contradição pois U c é fechado.
3) ⇒ 4) Suponha que Int Ac 6= ∅; como Int Ac é aberto, então existe U aberto básico
não vazio tal que U ⊂ Int Ac ; como Int Ac ⊂ Ac , U ⊂ Ac e U ∩ A = ∅; logo U não
contém pontos de A.
c c
c ◦
4) ⇒ 1) A = A c = Ac = ∅. Logo, A = X.
2. AY = A ∩ Y .
3. A′ Y = A′ ∩ Y .
Exemplo 1.12.
Seja R com a topologia usual e Y = [0, 1) ∪ (1, 3) ∪ {5} com a topologia relativa. Então:
(1, 3) = (1, 3) ∩ Y ; por outro lado, (1, 3) = [1, 3] ∩ Y ; logo (1, 3) é aberto e fechado em Y .
Logo,
◦
[
(1, 3)Y = (1, 3)Y = (1, 3).
◦
[
[0, 1) = [0, 1] ∩ Y ; logo [0, 1) é fechado em Y . Logo, [0, 1)Y = (0, 1).
d : M × M −→ R,
Exemplo 1.13.
v
u n
uX
d1 (x, y) = t (xi − yi )2 ,
i=1
n
X
d2 (x, y) = |xi − yi |,
i=1
d3 (x, y) = max |xi − yi |,
1≤i≤n
é uma métrica em B(M, R). A única propriedade não trivial é a desiguldade triangular.
Seja x ∈ M, utilizando a desigualdade triangular em (R, | |). Para todo x ∈ M temos:
|f (x) − h(x)| ≤ |f (x) − g(x)| + |g(x) − h(x)|, então:
Exemplo 1.14.
[1] Seja R com a distância usual e f : R −→ R definida por f (x) = x/2. A função f é
bijetiva, por outro lado:
|f (x) − f (y)| = 1/2 |x − y|.
Logo, não é uma isometria.
[2] Sejam (Rn , d1), a ∈ Rn e Ta : Rn −→ Rn definida por Ta (v) = v + a, então f é uma
isometria.
24 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
= d1 (x, y).
Se mudamos para as outras métricas de Rn , f é isometria?
Exemplo 1.15.
[1] Seja M = R, com d = | |; então:
B(x0 , r) = (x0 − r, x0 + r);
isto é, as bolas abertas são os intervalos abertos.
[2] Seja M = R, com d1 ; então:
B((x0 , y0 ), r) = {(x, y) / (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < r 2 };
isto é, um disco aberto centrado em (x0 , y0 ).
Proposição 1.6. As bolas abertas num espaço métrico formam uma base para uma topologia
no espaço métrico.
[
Prova : 1. Claramente: M = B(x, 1).
x∈M
2. Seja z ∈ B(x, rx ) ∩ B(y, ry ); seja r = min{rx − d(x, z), ry − d(y, z)}; então
B(z, r) ⊂ B(x, rx ) ∩ B(y, ry ).
De fato, r > 0 e se w ∈ B(z, r); temos:
d(w, x) ≤ d(w, z) + d(z, x) < r + d(z, x) ≤ rx − d(z, x) + d(z, x) = rx ;
logo, w ∈ B(x, rx ). De forma análoga, w ∈ B(y, ry ).
A topologia gerada por esta base é chamada topologia métrica gerada pela distância
d, e será denotada por Td .
1.8. TOPOLOGIA MÉTRICA 25
Definição 1.11. O espaço topológico X, T é dito metrizável se T é uma topologia métrica.
Exemplo 1.16.
[1] Seja M, d , onde d é a métrica discreta; então B(x, 1/2) = {x}; logo Td é a topologia
discreta.
[2] Se X possui mais de 2 pontos, X, Tind não é metrizável.
A = {y / d(y, A) = 0}.
Prova : Se y ∈ A se, e somente se existe B(y, r) tal que B(y, r) ∩ A 6= ∅ se, e somente se
existe ar ∈ A tal que d(y, ar ) < r se, e somente se existe d(y, A) = 0.
k k : V × V −→ R,
1. Se x 6= 0, então kxk =
6 0.
2. kλ xk = |λ| kxk.
3. kx + yk ≤ kxk + kyk.
Exemplo 1.17.
[1] (Rn , k ki ) é um espaço vetorial normado com as seguintes normas:
v
u n
uX
kxk1 = t x2i ,
i=1
n
X
kxk2 = |xi |,
i=1
kxk3 = max |xi |,
1≤i≤n
onde x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn .
[2] B(M, R) é um espaço vetorial, sendo:
kf k = sup |f (x)|,
x∈M
d∗ (x, y) = kx − yk,
< >: V × V −→ R,
Seja (E, < >) um espaço vetorial com produto interno. Definindo:
√
kxk∗ = < x, x >,
f (x) = (x − r1 ) (x − r2 ) . . . (x − rn )
é um polinômio que tem como conjunto solução R. Por outro lado o conjunto de
soluções de um polinômio de uma variável de grau n possui no máximo n elemen-
tos.
Se n > 1 a topologia de Zariski não é a cofinita.
Por exemplo, a reta y = 1 é solução do polinômio f (x, y) = x−1 que não é um conjunto
finito em R2 .
\ X
V (Iα ) = V Iα
α∈Γ α∈Γ
2. Definimos sobre Spec(A) a topologia de Zariski, como a topologia que tem como
conjuntos fechados os V (I).
1.10 Exercı́cios
1. Quantas topologias podem ser definidas no conjunto X = {a, b, c}?
Tn = {∅, N, An / n ∈ N},
onde:
An = {1, 2, 3, . . . , n}
é uma topologia em N.
3. Seja X, T . Se para todo x ∈ X, {x} ∈ T, verifique que T = Tdis .
4. Seja X, T e Y = X ∪ {a}, a ∈/ X. Defina:
B = {[a, b)}
B = {(a, b)}
B = {U × V / U ∈ T1 , V ∈ T2 }
12. Seja X = {1, 2, 3, 4, 5}. Verifique que não existe nenhuma topologia em X que
tenha como base:
B = {{1, 2}, {2, 4, 5}, {3, 4, 5}}.
Verifique que:
B = {{a}, {c, d}, {b, c, d, e, f }}
é uma base para T.
Z b
d1 (f, g) = |f (x) − g(x)| dx
a
s
Z b
d2 (f, g) = |f (x) − g(x)|2 dx
a
Verifique que d1 e d2 são métricas em C 0 [a, b] .
1.10. EXERCÍCIOS 31
d1 = k d, d2 = d + k e d3 = d/k,
onde k ∈ R − {0}.
d(x, y)
d1 (x, y) = .
1 + d(x, y)
28. Se B 1 (x, r) é uma bola aberta em M e B 2 (y, s) é uma bola aberta em N, então:
Definamos em lp e em l∞ , respectivamente:
∞
X 1/p
p
kxkp = |xn |
n=1
kxk∞ = sup {|xn |}.
n∈N
30. Sejam E, k k1 e F, k k2 espaços vetoriais normados. Definamos em E × F :
[29]:
33. Sejam V1 e V2 espaços vetoriais com produtos internos < , >1 e < , >2 , respecti-
vamente. Definamos em V1 × V2 :
FUNÇÕES EM ESPAÇOS
TOPOLÓGICOS
f −1 V ∈ T1 .
Exemplo 2.1.
[1] Toda função constante é contı́nua. De fato, seja f : X −→ Y tal que f (x) = y0 para
todo x ∈ X e V ⊂ Y aberto, então:
(
X se y0 ∈ V
f −1 V =
∅ se y0 ∈ / V.
Em ambos os casos f −1 V é aberto, logo f contı́nua.
[2] Seja X tal que T1 e T2 são topologias em X. A função identidade:
id : X, T1 −→ X, T2
é contı́nua se, e somente se T2 ⊂ T1 . De fato, considere X = R, Tus e Y = R, Tlinf ,
então:
id−1 [a, b) = [a, b) ∈
/ Tus .
33
34 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
[3] Sejam X, T e Y, Tind . Toda função
f : X −→ Y
é contı́nua.
[4] Sejam X, Tdis e Y, T . Toda função
f : X −→ Y
é contı́nua.
Seja Y ⊂ X. A topologia relativa TY pode ser caracterizada como a menor topologia
sobre Y tal que a função inclusão:
i : Y −→ X
é contı́nua. De fato, se U ∈ T, a continuidade de i implica em que i−1 U = U ∩ Y deve
ser aberto em Y ; logo qualquer topologia onde i for contı́nua deve conter TY .
Proposição 2.1. Sejam X, T1 , Y, T2 e Z, T3 espaços topológicos.
g ◦ f : X −→ Z
é contı́nua.
f |A : A −→ Y
é contı́nua.
3. Se f : X −→ Y é contı́nua e f X ⊂ Y é subespaço topológico, então:
f : X −→ f X
é contı́nua.
Prova :
−1
1. Segue do seguinte fato: g ◦ f = f −1 ◦ g −1
3. f −1 V ∩ f X = f −1 V ∩ f −1 f X = f −1 V .
Teorema 2.1. Sejam X, T1 e Y, T2 espaços topológicos e f : X −→ Y . As seguintes
condições são equivalentes:
2.1. FUNÇÕES CONTÍNUAS 35
1. f é contı́nua.
2. Para todo F ⊂ Y fechado, f −1 F é fechado em X.
3. A imagem inversa por f de qualquer elemento da base (subbase) de Y é aberto em X (não
necessariamente um aberto básico ou subbásico de X).
4. Para todo x ∈ X e para toda W vizinhança de f (x) em Y , existe U vizinhança de x em
X tal que:
f U ⊂ W.
5. f A ⊂ f A , para todo A ⊂ X.
6. f −1 B ⊂ f −1 B , para todo B ⊂ Y .
Prova :
1) ⇔ 2) De fato, f −1 Y − A = X − f −1 A , para todo A ⊂ Y .
aberto em X. A prova da recı́proca segue de que todo aberto V ∈ T2 pode ser escrito
como: [
V = Bα ,
α∈Γ
e que: [ [ −1
f −1
Bα = f Bα .
α∈Γ α∈Γ
f A ⊂ f A = f f −1 B = B ∩ f X ⊂ B.
Logo, A ⊂ f −1 B
f −1 F ⊂ f 1− F = f −1 F .
Logo, f −1 F = f −1 F e f −1 F é fechado.
Pelo teorema, basta utilizar os abertos básicos da topologia para estudar a continui-
dade de uma função. A função f é dita contı́nua no ponto x0 ∈ X se o item [4] do
teorema anterior vale para x0 .
36 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Exemplo 2.2.
4. Nos três casos, os conjuntos f −1 (a, b) são abertos; logo f é contı́nua.
O seguinte corolário é fundamental em diversas áreas e é conhecido como teorema de
colagem.
Corolário 2.1. Seja X, T tal que X = A ∪ B, onde A e B são conjuntos fechados (abertos)
em X. Se f : A −→ Y e g : B −→ Y são funções contı́nuas tais que f (x) = g(x) para todo
x ∈ A ∩ B, então a função h : X −→ Y definida por:
(
f (x) se x ∈ A
h(x) =
g(x) se x ∈ B
é contı́nua.
h−1 F = h−1 F ) ∩ A ∪ B
= f −1 F ∩ A ∪ g −1 F ∩ B
= f −1 F ∪ g −1 F .
Como f −1 F e g −1 F são fechados, então h contı́nua.
Exemplo 2.3.
Logo, f é contı́nua.
2.2. CONTINUIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 37
Proposição 2.2. Seja X, T . Então f : X −→ R é contı́nua se, e somente se para todo b ∈ R
ambos os conjuntos:
{x / f (x) > b} e {x / f (x) < b}
são abertos.
Prova : Seja R, Tus . Consideramos (b, +∞) e (−∞, b) elementos da subbase da topo-
logia euclidiana; logo:
Exemplo 2.4.
A condição que ambos os conjuntos sejam abertos não pode ser ignorada. Por exemplo,
consideremos a função caracterı́stica de A, χA : R −→ R não é contı́nua. De fato,
considere A = (0, 1); então {x / χA (x) < 1} não é aberto e todos {x / χA (x) > b} são
abertos, Logo, na proposição ambos os conjuntos devem ser abertos.
f : M −→ N
é contı́nua em x ∈ M, se para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que d1 (x, y) < δ implica em
que d2 (f (x), f (y)) < ε. Isto é:
Então d(x, A) − d(y, A) ≤ d(x, y). Analogamente, mudando x por y e vice-versa, obte-
mos:
|d(x, A) − d(y, A)| ≤ d(x, y).
Sejam V, k k1 e W, k k2 espaços vetoriais normados de dimensão finita, toda aplica-
ção linear f : V −→ W é contı́nua.
Sejam M, d1 e M, d2 espaços métricos; então:
f : M −→ N
é uniformemente contı́nua, se para todo x, y ∈ M e ε > 0, existe δ(ε) > 0 tal que
d1 (x, y) < δ(ε); implica em d2 (f (x), f (y)) < ε.
38 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
definida por f (x) = 1/x é contı́nua e não uniformemente contı́nua. A função f (y) =
d(y, A) é uniformemente
contı́nua.
Sejam V, k k1 e W, k k2 espaços vetoriais normados de dimensão finita. Toda aplicação
linear f : V −→ W é uniformemente contı́nua.
Sf = {f −1 V / V ∈ T2 }.
Sf é uma subbase para uma topologia T(f ) sobre X que torna f contı́nua.
pr1 : X × Y −→ X
pr2 : X × Y −→ Y
pr1−1 U = U × Y,
pr2−1 V = X × V,
pr1−1 U ∩ pr2−1 V = U × V.
Note que:
são a subbase e a base que geram uma topologia sobre X × Y , que torna as projeções
contı́nuas. Esta topologia é dita topologia produto.
Esta é a menor topologia com esta propriedade. Isto é, W ⊂ X × Y é aberto se para
todo x ∈ W existe U × V , U aberto em X e V aberto em Y tal que x ∈ U × V ⊂ W .
2.3. TOPOLOGIA INICIAL 39
XxV V UxV
UxY
Observação 2.1.
Todos os argumentos desta seção são válidos para uma quantidade finita de espaços
topológicos.
Exemplo 2.5.
[1] Rn = R × R × . . . × R tem a topologia produto induzida pela topologia de R. Se
consideramos em R a topologia usual, então a topologia em Rn também é a topologia
euclidiana ou usual.
[2] S n ⊂ Rn+1 é um conjunto fechado. De fato, seja Rn com topologia usual e conside-
remos a função f : Rn+1 −→ R definida por:
f (x1 , x2 , . . . , xn , xn+1 ) = x21 + x22 + . . . + x2n + x2n+1 − 1.
f é contı́nua e S n = f −1 {0} ; logo, S n é fechado.
[3] O cilindro S 1 × R tem a topologia produto induzida pela topologia de R3 .
4. Seja S 1 com a topologia induzida de R2 ; então T 2 = S 1 ×S 1 com a topologia produto,
é dito toro.
Proposição 2.4. Sejam X, T1 , Y, T2 , Z, T3 espaços topológicos, Y × Z, Tp espaço
topológico produto, f1 : X −→ Y e f2 : X −→ Z e definamos:
f : X −→ Y × Z
por f (x) = (f1 (x), f2 (x)). Então, f é contı́nua se, e somente se f1 e f2 são contı́nuas.
40 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
f −1 U × V = f1−1 U ∩ f2−1 V ;
logo, f é contı́nua.
Proposição 2.5. Sejam X, T1 , Y, T2 , Z, T3 , H, T4 espaços topológicos, X × Y, Tp ,
Z × H, Tp espaços topológicos produto, f1 : X −→ Z e f2 : Y −→ H. Definamos:
f1 × f2 : X × Y −→ Z × H
por (f1 × f2 )(x, y) = (f1 (x), f2 (y)). Se f1 e f2 são contı́nuas, então f1 × f2 é contı́nua.
f1 ◦ pr1 : X × Y −→ Z
f2 ◦ pr2 : X × Y −→ H
f + g :X −→ E
x −→ f + g (x) = f (x) + g(x).
α f :X −→ E
x −→ α f )(x) = α(x) f (x)).
Observação 2.2.
A prova de que S e m são contı́nuas segue do fato de serem ambas contrações. Veja
[EL2].
2.4. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 41
Exemplo 2.6.
H = {(x, y) ∈ R2 / x y = 1}.
f (F ) = f (X − U) = Y − f (U);
logo, f é fechada.
42 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1. f é aberta.
◦
◦
2. f (A) ⊂ \
f (A) , para todo A ⊂ X.
f (x) ∈ W ⊂ f (U).
Prova :
◦
◦ ◦ ◦
1) ⇒ 2) A ⊂ A; então f (A) ⊂ f (A); por outro lado f (A) é aberto e \
f (A) é o maior
◦
◦
\
aberto contido em f (A); logo f (A) ⊂ f (A) .
◦
2) ⇒ 3) Seja U aberto básico de X; U = U; então:
◦
◦
f (U) = f (U) ⊂ \
f (A) ⊂ f (U);
então, f é aberta.
f (F ) ⊂ f (F ) ⊂ f (F ) = f (F );
então, f (F ) = f (F ) e f (F ) é fechado.
2.5. EXERCÍCIOS 43
2.5 Exercı́cios
1. Sejam X = {1, 2, 3, 4, 5} e Y = {a, b} com as seguintes topologias:
(a) T1 = {∅, X, {1}, {3, 4}, {1, 3, 4}} e T2 = {∅, Y, {a}}, respectivamente. Ache
todas as funções contı́nuas entre X e Y .
(b) T1 = {∅, X, {2}, {3, 4}, {2, 3, 4}} e T2 = {∅, Y, {b}}, respectivamente. Ache
todas as funções contı́nuas entre Y e X.
f :X −→ R, Tus
1/n −→ (−1)n n
é contı́nua?
são contı́nuas?
(a) f é fechada.
44 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
7. Toda função f : R, Tcof −→ R, Tus é fechada? Justifique sua resposta.
8. Toda função f : R, Tcof −→ R, Tcof é aberta e fechada? Justifique sua res-
posta.
f X = {f (x) / x ∈ X} ⊂ Y.
Verifique que f : X −→ Y é contı́nua se, e somente se f : X −→ f X é contı́nua.
HOMEOMORFISMOS
3.1 Introdução
Um dos problemas centrais em Topologia é poder decidir se dois espaços são diferentes
ou não. Por exemplo, não é trivial dizer sob o ponto de vista da Topologia que uma
esfera, se uma esfera é diferente de um toro ou se Rn é diferente de Rm , se n 6= m.
Neste capı́tulo começaremos com os primeiros conceitos que nos permitirão responder
a algumas destas questões.
Sejam X e Y espaços topológicos.
X∼
= Y.
Exemplo 3.1.
f : [0,2 π) −→ S 1
t −→ (cos(t), sen(t)).
f −1 : S 1 −→ [0, 2 π)
45
46 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
tn p
zn
Figura 3.1:
1
Então f −1 (zn ) = tn e |f −1 (zn ) − f −1 (p)| = |tn | = 2 π −
> π = ε, para todo n ∈ N. Logo,
n
f é uma bijeção contı́nua que não é um homeomorfismo.
A seguir apresentaremos os primeiros exemplos de homeomorfismos. Alguns detalhes
serão deixados para o leitor.
Exemplo 3.2.
[1] Seja R com a topologia usual. Então, todo intervalo aberto (a, b), com a topologia
induzida pela topologia usual de R, é homeomorfo a R. De fato:
Seja f : (a, b) −→ (−1, 1) definida por:
2 t − (b + a)
f (t) = ,
b−a
f é bijetiva, contı́nua e sua inversa:
(b − a) y + (a + b)
f −1 (y) = ,
2
também é contı́nua. Logo, (a, b) ∼
= (−1, 1). Definamos f : R −→ (−1, 1) por:
t
f (t) = ,
1 + |t|
f é bijetiva, contı́nua e sua inversa:
y
f −1 (y) = ,
1 − |y|
também é contı́nua. Logo, R ∼
= (−1, 1). Pela transitividade do homeomorfismo, temos
que:
R∼= (a, b).
3.1. INTRODUÇÃO 47
H∼
= Rn−1 .
Definamos f : H −→ Rn−1 por:
As translações :
Ta : E −→ E
v −→ v + a
a ∈ E, são homeomorfismos.
As homotetias:
hλ : E −→ E
v −→ λ v
De fato:
Ta são bijetivas, contı́nuas e as inversas Ta−1 = T−a , que são contı́nuas.
hλ são bijetivas, contı́nuas e as inversas h−1
λ = hλ−1 , que são contı́nuas.
B(v, r) ∼
= B(w, s)
para todo v, w ∈ E e r, s > 0. Agora definamos f : E −→ B(v, 1) por:
u
f (u) =
1 + kuk
que é contı́nua e bijetiva com inversa contı́nua:
w
f −1 (w) = ;
1 − kwk
48 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
logo, f é um homeomorfismo.
Pela transitividade do homeomorfismo, temos que:
E∼
= B(v, r).
[3] Sejam R2n e Cn ambos com a topologia usual. Então:
R2n ∼= Cn ,
para todo n ≥ 1.
Se z ∈ C, z = x + i y, onde x, y ∈ R. Por outro lado, Cn = C × C × . . . × C (n-vezes) e
R2n = R × R × . . . × R (2n-vezes). Definamos:
f :C × C × . . . × C −→ R × R × . . . × R × R
(z1 , z2 , . . . , zn ) −→ (x1 , y1, x2 , y2 , . . . , xn , yn ).
f é, claramente, um homeomorfismo. Logo:
Cn ∼
= R2n .
A é um anel; então:
A∼
= S 1 × [a, b].
S1 ∼
= Q.
u v
a b
z w
d c
onde ai ∈ R − {0}, ambos com topologia induzida pela topologia usual de Rn+1 . Então,
Sn ∼
= E.
E
n
S
[4] Consideremos R2 − {(0, 0)} ⊂ R2 com topologia induzida pela topologia usual de
R2 e os conjuntos
H = {(x, y, z) ∈ R3 / x2 + y 2 − z 2 = 1}, e S 1 × R,
=H∼
R2 − {(0, 0)} ∼ = S 1 × R.
f −1 (x, y, t) = x et , y et .
R2 − {(0, 0)} ∼
= S 1 × R.
H∼
= S 1 × R.
52 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
Figura 3.7: H e S 1 × R
[5] Seja S n ⊂ Rn+1 com a topologia induzida pela topologia usual de Rn+1 . Conside-
remos Rn+1 ∼ = Rn × R; então (x, t) ∈ S n se, e somente se kxk = 1 − t2 . Denotemos
por:
Consideremos a projeção:
p : Rn × R −→ Rn
(x, t) −→ x.
Se (x, t) ∈ S n , k(x, t)k = 1, logo kp(x, t)k ≤ 1; então p(S n ) ⊂ B[x, 1] ⊂ Rn . Via projeção,
temos que
= B[x, 1] ∼
S−n ∼ = S+n .
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 53
De fato, a função:
q : B[x, 1] −→ S+n
p
x −→ (x, 1 − kxk2 )
é bem definida, contı́nua bijetiva e com inversa contı́nua pS n .
+
[6] Projeção Estereográfica : Seja S n ⊂ Rn+1 com a topologia induzida pela topologia
usual de Rn+1 e p = (0, 0, . . . , 0, 1), então:
S n − {p} ∼
= Rn .
(
px = p + t (x − p), t ∈ [0, 1]
xn+1 = 0,
1
logo, 1 + t (xn+1 − 1) = 0 e t = ; então:
1 − xn+1
1
Φ(x) = (x1 , x2 , . . . , xn ).
1 − xn+1
54 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
Φ ( z)
Φ ( x)
Φ é bijetiva e contı́nua e:
2 y1 2 yn kyk2 − 1
Φ−1 (y) = , . . . , , ;
1 + kyk2 1 + kyk2 1 + kyk2
kΦ−1 (y)k2 = 1 e Φ−1 é contı́nua.
Ψ : Mn×m R −→ Rn×m
Ψ é claramente
um isomorfismo de espaços vetoriais. Via o isomorfismo Ψ, o espaço
Mn×m R herda toda a estrutura linear e topológica de Rn×m
. Utilizaremos a métrica
usual de Rn×m para introduzir uma topologia em Mn×m R .
De fato, dada A = (aij ) ∈ Mn×m R , definamos:
n
X 1/2
kAk1 = kΨ(A)k = a2ij .
i,j=1
k k1 é uma norma em Mn×m R que o torna um espaço vetorial normado. Logo, um
√
espaço topológico. Note que kAk1 = AAt , onde At é a matriz transposta de A. É
imediato que Ψ é bijetiva, contı́nua com inversa contı́nua. Logo:
Mn×m R ∼ = Rn×m .
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 55
Denotemos por Mn R = Mn×n R ; então:
Mn R ∼
2
= Rn .
definida indutivamente:
1. Se n = 1, det((a11 )) = a11 .
A ∈ O(n) ⇔ AAt = I,
A ∈ SO(n) ⇔ det(A) = 1.
SO(n) é um grupo, chamado ortogonal especial. O(n) e SO(n) são fechados em Mn R .
De fato:
f é um isomorfismo de grupos.
56 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
Gl(n, C) = det−1 C∗
U(n) = {A ∈ Gl(n, C) / A∗ A = I}
SU(n) = det−1 ({1}).
De forma análoga, os grupos Gl(n, C), U(n) e SU(n) são ditos, linear complexo, unitário
e especial unitário, respectivamente.
U(n) é isomorfo a SU(n) × S 1 . De fato:
f :U(n) −→ SU(n) × S 1
A −→ (A/det(A), det(A)).
f é um isomorfismo de grupos.
f : Ux −→ Vx ,
Exemplo 3.3.
Seja R com a topologia usual e S 1 ⊂ C com a topologia induzida pela topologia usual
de C. Então:
f :R −→ S 1
x −→ e2πix
3.3. HOMEOMORFISMOS LOCAIS 57
é um homeomorfismo local.
1. Consideremos os seguintes subconjuntos do cı́rculo:
S1
S4
S3
S2
Figura 3.11:
p1 ◦ f1 : I1 −→ (−1, 1).
Como e2πix = (cos(2πx), sen(2πx)), então p1 ◦f1 (x) = cos(2πx). Logo, pelas propieda-
des básicas de Trigonometria p1 ◦ f1 é um homeomorfismo:
1
1 1.5
-1
6. Logo, p−1 −1
1 ◦ p1 ◦ f1 : I1 −→ S1 é um homeomorfismo e f1 = p1 ◦ p1 ◦ f1 é um
homeomorfismo.
7. Definamos: p2 : S2 −→ (−1, 1) por p2 (x, y) = y.
8. A função p2 é um homeomorfismo. De fato, p2 possui a seguinte inversa contı́nua
√
q2 (t) = (t, − 1 − t2 ).
Exemplo 3.4.
f :R2 −→ S 1 × R
(x, y) −→ (e2πix , y)
e:
f :R2 −→ S 1 × S 1
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
3.4 Exercı́cios
1. Sejam X × {y} e {x} × Y ⊂ X × Y . Verifique que para todo y ∈ Y e para todo
x ∈ X, temos:
X × {y} ∼
=X e {x} × Y ∼
= Y.
Em particular, Rn ∼
= Rn × {0} ⊂ Rn+1 .
2. Verifique que R, Tus não é homeomorfo a R, Tcof .
3. Sejam M, d1 e M, d2 espaços
Dizemos que as métricas d1 e d2 são
métricos.
equivalentes se id : M, Td1 −→ M, Td2 é um homeomorfismo.
8. Seja X, T1 um espaço topológico e denotemos por:
G(X) = {f : X −→ X / f é homeomorfismo}.
Verifique que:
60 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
ψ :G(X) −→ G(Y )
f −→ f Y
TOPOLOGIA QUOCIENTE
4.1 Introdução
A Topologia quociente é a fonte dos mais importantes exemplos de espaços topoló-
gicos, que constituirão a parte central desta notas. Neste capı́tulo introduziremos os
exemplos clássicos na Matemática, como a faixa de Möebius, os espaços projetivos
reais e complexos e a garrafa de Klein.
Sejam X, T , Y um conjunto não vazio e f : X −→ Y sobrejetiva. Definamos em Y a
seguinte topologia:
Tf = {V ⊂ Y / f −1(V ) ∈ T}.
Claramente, Tf é uma topologia sobre Y .
Exemplo 4.1.
Então, Tf = {X, ∅, {a}, {b}, {a, b}} é a topologia quociente em X induzida por f .
Proposição 4.1. A topologia quociente Tf é a mais fina sobre Y que torna f contı́nua.
61
62 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Definição 4.2. Sejam X, T , Y, TY e f : X −→ Y sobrejetiva. A função sobrejetiva f que
induz a topologia quociente é chamada uma identificação se TY = Tf .
Faixa de Möebius
Considere o cilindro C = {(x, y, z) / x2 + y 2 = 1, |z| ≤ 1} com a topologia induzida por
R3 . Definamos o conjunto dos pares não ordenados:
M = {{c, −c} / c ∈ C}.
De forma natural, temos a seguinte função sobrejetiva:
Π : C −→ M
tal que Π(p) = {p, −p}. O par M, TΠ é dito faixa de Möebius.
Proposição 4.2.
1. Sejam X e Y espaços topológicos, f : X −→ Y uma função sobrejetiva, contı́nua e aberta
(fechada); então f é uma identificação.
2. Sejam X e Y espaços topológicos, f : X −→ Y uma função contı́nua. Se existe uma
função g : Y −→ X tal que f ◦ g = idY , então f é uma identificação.
Prova :
1. Seja TY uma topologia em Y ; como f é contı́nua, então TY ⊂ Tf . Como f é
aberta, para todo U ∈ Tf , U = f f −1 (U) é aberto em TY ; logo TY = Tf .
2. Como f ◦ g = idY então f é sobrejetiva.
Seja A ⊂ Y tal que f −1 (A) seja aberto;
−1 −1 −1
então A = (f ◦ g) (A) = g f (A) é aberto em Y ; logo f é uma identificação.
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 63
Exemplo 4.3.
[1] A função:
pr1 :R2 −→ R
(x, y) −→ x
f :R −→ S 1
x −→ e2πix
f :R2 −→ S 1 × S 2
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
é uma identificação.
onde [x] é a classe de equivalência que contém x; Π é dita projeção canônica e é natu-
ralmente sobrejetiva.
64 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Definição 4.3. Seja X, T um espaço topológico. O par X ∼, TΠ é dito espaço quociente
de X.
A projeção canônica:
Π :X −→ X ∼
x −→ [x]
é naturalmente uma identifição. Note que V ⊂ X ∼ é aberto ⇔
Π−1 V = {x ∈ X / [x] ∈ V }
é aberto em X.
Se x ∈ (0, 1); então [x] = {x}. Se x = 0; então [0] = {0, 1}. Se x = 1, então [1] = {0, 1};
logo [0] = [1].
1 1
[0]=[1]
0 0
I ∼ ∼= S 1.
é um homeomorfismo.
Nos seguintes exemplos, as setas indicam o sentido dos pontos que estão na mesma
classe de equivalência.
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 65
Observe que se x 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, y)].
Em particular, [(0, 0)] = [(0, 1)] e [(0, 1)] = [(1, 1)]. Então Π : I 2 −→ I 2 ∼ é uma
identificação. Note que Π é bijetiva salvo para (0, y) e (1, y) e
I2 ∼ ∼= S 1 × I.
Observe que se x 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, 1 − y)].
Em particular, [(0, 0)] = [(1, 1)] e [(0, 1)] = [(1, 0)]. Então, Π : I 2 −→ I 2 ∼ é uma
identificação. Note que Π é bijetiva salvo para (0, y) e (1, 1 − y) e
I2 ∼ ∼
= M,
(0,b)
(0,1-a)
(0,a)
(0,1-b)
(x, y) ∼ (x1 , y1) ⇔ (x, y) = (x1 , y1 ) ou (0, y) ∼ (x, 0) e (x, 1) ∼ (1, y),
Se x, y 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)}, [(x, 0)] = [(0, y)] e [(x, 1)] = [(1, y)]. Em particular,
[(0, 0)] = [(1, 0)] = [(0, 1)] = [(1, 1)].
Note que Π é bijetiva salvo para (0, y), (1, y), (x, 0) e (x, 1) e
I2 ∼ ∼= S2.
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 67
Observe que se x, y 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, y)] e se y = 0, então
[(x, 0)] = [(x, 1)].
Em particular, [(0, 0)] = [(1, 0)] = [(0, 1)] = [(1, 1)]. Então, Π : I 2 −→ I 2 ∼ é uma
identificação.
Note que Π é bijetiva salvo para (0, y), (1, y), (x, 0) e (x, 1).
I2 ∼ ∼= S 1 × S 1.
é homeomorfismo.
Nos próximos capı́tulos, verificaremos que o toro é homeomorfa a uma superfı́cie pa-
rametrizada em R3 :
(x, y) ∼ (x1 , y1) ⇔ (x, y) = (x1 , y1), ou (0, y) ∼ (1, y) e (x, 0) ∼ (1 − x, 1),
Se x, y 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, y)] e [(x, 0)] = [(1 − x, 1)].
Em particular, [(0, 0)] = [(1, 0)] = [(0, 1)] = [(1, 1)]. Então, Π : I 2 −→ I 2 ∼ é uma
identificação.
Note que Π é bijetiva salvo para (0, y), (1, y), (x, 0) e (1 − x, 1).
I 2 ∼ é chamada garrafa de Klein. Note que a garrafa de Klein contém uma faixa de
Möebius.
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 69
(x, t) ∼ (x′ , t′ ) ⇔ t = t′ = 1.
I Xx I CX
(x, t) ∼ (x′ , t′ ) ⇔ t = t′ = 0 ou t = t′ = 1.
XxJ SX
-1
CS n ∼
= B[0, 1] e
n ∼ n+1
SS = S ∀n ∈ N.
4.3. TEOREMAS 71
4.3 Teoremas
Definição 4.4. Sejam f : X −→ Y , ∼ e ⋍ relações de equivalência em X e Y respectivamente.
Dizemos que f preserva as relações de equivalência se para todos x1 , x2 ∈ X tais que x1 ∼ x2 ,
então f (x1 ) ⋍ f (x2 ).
F ([x]) 6= G([x]),
como Π1 é sobrejetiva, existe pelo menos um x ∈ X tal que G ◦ Π1 (x) 6= Π2 ◦ f (x).
Isto é uma contradição, pois o diagrama comuta.
4. Como Π1 , Π2 e f são contı́nuas., pelo teorema [4.1], F é contı́nua.
x ∼ x1 ⇔ f (x) = f (x1 ),
então, existe F : X ∼ −→ Y contı́nua e bijetiva.
Prova : Consideremos:
X FF
FF f
FF
Π FF
FF
##
X ∼ F // Y
Corolário 4.1. Com as hipotéses do teorema 4.2, são equivalentes as seguintes afirmações:
1. f é uma identifição.
2. F é um homeomorfismo.
Prova : 1) ⇒ 2) Pelo teorema [4.2], basta provar que F é aberta. De fato, observe que
para todo A ⊂ X ∼ temos que Π−1 (A) = f −1 (F (A)).
X ∼ ∼
= Y ⋍ .
Prova : Seja
f
X −−−→ Y
Π1 y
Π
y 2
F
X ∼ −−−→ Y ⋍
1. Pelo teorema [4.2], definamos F por F ([x]) = [f (x)].
2. F é bijetiva e contı́nua.
3. F −1 é contı́nua, pois F −1 ◦ Π1 = Π2 ◦ f −1 e f −1 é contı́nua.
Exemplo 4.4.
Sejam X = (0, +∞) e Y = R. Consideremos Y com a topologia usual e X com a
topologia induzida. Definamos:
Então,
ln(x1 ) = ln(en x2 ) = ln(en ) + ln(x2 ) = n + ln(x2 ),
logo f (x1 ) ⋍ f (x2 ). Pelo teorema:
X ∼ ∼= Y ⋍ ∼= S1.
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 73
⊛ :G × X −→ X
(g, x) −→ g ⊛ x,
tal que:
Exemplo 4.5.
[1] Sejam X um espaço topológico e
G = {f : X −→ X / f é um homeomorfismo}.
⊛ :G × X −→ X
(f, x) −→ f ⊛ x = f (x).
Então, X é um G-conjunto.
[2] Seja G o grupo gerado pelos homeomorfismos h, g : R2 −→ R2 definidos por:
⊛ :G × R2 −→ R2
(f, (x, y)) −→ f ⊛ (x, y) = f (x, y).
Então, R2 é um G-conjunto.
[3] Sejam X = S n e Z2 , · . Definamos:
⊛ :Z2 × S n −→ S n
(±1, x) −→ ±1 ⊛ x = ±x,
⊛ :Z × R −→ R
(n, x) −→ n ⊛ x = n + x.
74 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Então, R é um Z-conjunto.
[5] Sejam X = R2 e Z2 , + . Definamos:
⊛ :Z2 × R2 −→ R2
((n, m), (x, y)) −→ (n, m) ⊛ (x, y) = (n + x, m + y).
Então, R2 é um Z2 -conjunto.
[6] Sejam X = {(x, y) ∈ R2 / y ∈ − 1/2, 1/2 } e Z, + . Definamos:
⊛ :Z × X −→ X
(n, (x, y)) −→ n ⊛ (x, y) = (n + x, (−1)n y).
Então, X é um Z-conjunto.
[7] Seja S 1 ⊂ C; então S 1 tem uma estrutura de grupo multiplicativo induzida por C.
De fato, se e2πit , e2πis ∈ S 1 , então e2πit · e2πis = e2πi(t+s) . Consideremos S 2n+1 como
subconjunto de Cn+1 :
Definimos:
⊛ : S 1 × S 2n+1 −→ S 2n+1 ,
onde:
e2πit ⊛ (z1 , z2 , . . . , zn+1 ) = (e2πit z1 , e2πit z2 , . . . , e2πit zn+1 ).
Logo, S 2n+1 é um S 1 -conjunto.
[8] Seja S n−1 ⊂ Rn e G = O(n) o grupo ortogonal. Definamos:
θg : X −→ X,
1. O estabilizador de x ∈ X por:
Gx = {g ∈ G / g ⊛ x = x}.
Gx é um subgrupo de G.
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 75
2. A órbita de x ∈ X por:
Gx = {g ⊛ x / g ∈ G}.
Exemplo 4.6.
Consideremos S 3 como um S 1 -conjunto, com a ação:
⊛ :S 1 × S 3 −→ S 3
(e2πit , (z1 , z2 )) −→ n ⊛ (z1 , z2 ) = (e2πit z1 , e2πit z2 ).
4.4.1 G-espaços
Se X é um G-conjunto, podemos definir sobre X a seguinte relação de equivalência:
isto é:
x ∼ y ⇔ y ∈ Gx.
Π : X −→ X/G.
CPn = S 2n+1 S 1 ,
Exemplo 4.7.
[1] Note que ∼ identifica cada cı́rculo de S 2n+1 a um ponto.
= S 2 . Isto é S 3 /S 1 ∼
[2] CP1 ∼ = S 2.
Exemplo 4.8.
[1] S n Z2 é um Z2 -espaço.
[2] R/Z é um Z-espaço.
[3] R2 /Z2 é um Z2 -espaço.
[4]. CPn é um S 1 -espaço.
[5] Seja G o grupo gerado pelos homeomorfismos h, g : R2 −→ R2 definidos por:
Ψ : G −→ Homeo(X)
g −→ θg .
Π : X −→ X/G
é aberta.
Prova : Seja U ⊂ X aberto. Devemos provar que Π(U) é aberto em X/G, o que é
−1
equivalente a provar que Π Π(U) é aberto em X. De fato:
Lema 4.2. Sejam X um G-espaço e Y um H-espaço, onde G, ∗ e H, ◦ são tais que:
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 77
⊛ :G × X −→ X
⊚ :H × Y −→ Y
θg : X −→ X, homeomorfismo
θh : Y −→ Y, homeomorfismo
ΠX : X −→ X/G, sobrejetiva e contı́nua
ΠY : Y −→ Y /H, sobrejetiva e contı́nua.
: G × H × X × Y −→ X × Y
((g, h), (x, y) −→ (g, h) (x, y) = (g ⊛ x, h ⊚ y)
Θ(g,h) : X × Y −→ X × Y
(x, y) −→ (θg (x), θh (y)).
Não é difı́cil provar que X × Y é um G × H -espaço e Θ(g,h) é um homeomorfismo.
G×H ∼
X ×Y = X/G × Y /H .
Prova :
Definamos F ([x, y]) = ([x], [y]), isto é, F ◦ (Π1 , Π2 ) = Π:
(Π1 ,Π2 )
X×Y // X × Y /G × H
ll
llll
Π lll
l
lvv ll F
X/G × Y /H
logo:
Π−1 f −1 [U] × [V ] = Π−1 −1
X ([U]) × ΠY ([V ]),
Exemplo 4.9.
Sejam X = R2 e G = Z2 . Definamos:
⊛ :Z2 × R2 −→ R2
((n, m), (x, y)) −→ (n, m) ⊛ (x, y) = (n + x, m + y).
Então, R2 é um Z2 -espaço, e:
R2 Z2 ∼
= R Z × R Z.
f : R −→ S 1
f (x) = f (y) ⇐⇒ x − y ∈ Z.
y = n + x ⇐⇒ f (x) = f (y).
Nos próximos capı́tulos provaremos que f é uma identificação. Logo, pelo corolário
[4.1] teremos:
f
R // S 1
{{==
F {{
Π {{
{
{
R Z
R/Z ∼
= S 1.
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 79
f :R × R −→ S 1 × S 1
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
f (x + y) = f (x) f (y),
isto é, f é um homomorfismo de grupos com núcleo Z2 .
Consideramos o seguinte diagrama comutativo:
f
R2 // S99 1 × S 1
F sss
ss
Π ss
ss
R Z2
2
R2 /Z2 ∼
= S 1 × S 1.
80 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
4.5 Exercı́cios
1. Sejam X, Y espaços topológicos, f : X −→ Y uma função e A ⊂ X tal que
f (x) = x0 , para todo x ∈ A. Dado [x] ∈ X A definamos g([x]) = f (x). Verifique
que f está bem definida e é contı́nua.
∼
= S 1,
X/ ∼
(x1 , x2 , x3 , . . . , xn ) ∼ (y1 , y2 , y3 , . . . , yn ) ⇐⇒ xi = yi ,
(b) Rn é contrátil.
COMPACIDADE
Do Cálculo sabemos que funções contı́nuas definidas sobre conjuntos limitados e fe-
chados possuem um ponto de máximo e um de mı́nimo absoluto (Teorema de Weiers-
trass) e da Análise conhecemos o teorema de Heine-Borel sobre intervalos encaixados.
As formulações de compacidade em espaços topológicos envolve muito mais do que
o conceito de fechado e limitado, os quais não são equivalentes. A importância prin-
cipal da compacidade é que ela nos permite obter propriedades globais a partir de
propriedades locais. Existem várias formas de introduzir o conceito de compacidade
em espaços topológicos. Nós escolhemos a seguinte.
5.1 Introdução
Seja X um espaço topológico e S ⊂ X.
Definição 5.1.
1. Uma cobertura de S é uma famı́lia de subconjuntos U = {Ui ⊂ X / i ∈ J} tal que:
[
S⊂ Ui .
i∈J
Exemplo 5.1.
Seja R com a topologia usual. Se (0, 1) ⊂ R; então U = {[1/n, 1 − 1/n] / n ∈ N} é uma
cobertura não aberta de (0, 1). Por outro lado, U = {(1/n, 1 − 1/n) / n ∈ N} é uma
cobertura aberta de (0, 1). U = {(n, n + 3) / n ∈ Z} é uma cobertura aberta de R.
Definição 5.2. Sejam U = {Ui ⊂ X / i ∈ J} e V = {Vk ⊂ X / k ∈ K} coberturas de S ⊂ X.
Se para todo k ∈ K existe i ∈ J tal que Ui = Vk , então, dizemos que V é uma subcobertura de
U.
83
84 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Exemplo 5.2.
V = {(n, n + 3) / n ∈ Z} é um subcobertura aberta de U = {(r, r + 3) / r ∈ R}.
A seguir e nos próximos capı́tulos, somente consideraremos coberturas abertas.
1. X é compacto.
2. (Propriedade da interseção finita) Se {Fα ⊂ X / α ∈ J} é tal que os Fα são fechados
e: \
Fα = ∅,
α∈J
então existe uma subfamı́lia finita {Fα1 , Fα2 , . . . , Fαn } tal que:
n
\
Fαi = ∅.
i=1
Corolário 5.1.
1. Se X é compacto e f : X −→ Y é contı́nua e sobrejetiva, então Y é compacto. Em
particular, se Y tem a topologia quociente induzida por f , então Y é compacto.
2. Se X ∼
= Y , então X é compacto se, e somente se Y é compacto.
Exemplo 5.4.
O traço de uma curva contı́nua γ : [a, b] −→ X é compacto. Em particular, seja f :
[a, b] −→ R2 definida por f (t) = (cos(t), sen(t)) tal que b − a ≥ 2π. Então S 1 = f ([a, b])
é compacto em R2 .
Nem todo subconjunto de um espaço compacto é compacto. (0, 1) ⊂ [0, 1] não é com-
pacto.
Seja B = {Bδx (x) / x ∈ X}; B é uma cobertura aberta de X; por compacidade, admite
um cobertura finita {Bδxi (xi ) / i = 1, 2, . . . , n}. Denotemos por δ = min{δxi (x) / i =
1, 2, . . . , n}, então dados x, y ∈ X tais que d1 (x, y) < δ, temos d2 (f (x), f (y)) < ε. Isto é,
se x ∈ Bδxi (xi ) para algum i, d1 (x, xi ) < δxi e:
d(y, xi) ≤ d(y, x) + d(x, xi ) < 2 δx , logo d2 (f (y), f (xi)) < ε/2,
Proposição 5.6. Seja M, d um espaço métrico. Se A ⊂ M é compacto, então A é fechado e
limitado.
Prova : Provemos que A é fechado. Se x ∈ A e x ∈ / A, então para todo y ∈ A, existe
ε > 0 tal que d(x, y) = 2 ε; logo A possui uma cobertura {Bε (y) / y ∈ A}; como A é
compacto, existe uma cobertura finita {Bεi (y) / i = 1, . . . n}; então Bεi (x) ∩ Bεi (y) 6= ∅ o
que é uma contradição, pois x ∈ A; logo A = A. Por outro lado, para todo x0 ∈ M:
logo, é limitado.
Em geral, a recı́proca desta proposição é falsa. De fato, consideremos M com a métrica
discreta etal que A ⊂ M é infinito; então A é fechado e limitado, pois A ⊂ B2 (x) = M
para todo x ∈ M e não é compacto. No caso M = Rn temos:
5.2. COMPACIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 87
Exemplo 5.6.
[1] S n é compacta.
[2] PRn é compacto.
[3] O toro e a esfera não são homeomorfos a R2 .
[4] O toro e a esfera não são homeomorfos ao cilindro S 1 × R.
[5] A faixa de Moebius é compacta.
[6] Os grupos O(n) e SO(n) são compactos.
√
De fato, sabemos que são fechados e para toda A ∈ O(n), temos que kAk1 = n. Logo,
O(n) é limitado.
Lema 5.1. (Lebesgue) Todo conjunto compacto num espaço métrico possui um número de
Lebesgue.
5.3 Exercı́cios
1. Rn , (n = 2, 3) com a topologia usual. Verifique se os seguintes conjuntos são ou
não compactos.
AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
6.1 Introdução
Consideremos M, d um espaço métrico com mais de dois elementos. Sempre pode-
mos escolher ε > 0 tal que d(x, y) = 2 ε com x, y ∈ M e x 6= y, então Bε (x) ∩ Bε (y) = ∅.
Esta propriedade natural dos espaços métricos, que nos permite diferenciar os pon-
tos dos espaços, não é válida, em geral, em espaços topológicos arbitrários. Neste
parágrafo estudaremos que tipo de espaços possuem esta propriedade, que por exem-
plo, é fundamental para provar a unicidade do limite de uma sequência em espaços
métricos. Veja [EL2].
Exemplo 6.1.
[1] X, Tdis e os espaços topológicos metrizavéis são T1 .
[2] X, Tind não é T1 .
isto é, X −{x} é aberto. Reciprocamente, se {x} e {y} são fechados em X; então X −{x}
e X − {y} são abertos, y ∈ / X − {x} e x ∈
/ X − {y}; logo X é T1 .
91
92 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
Exemplo 6.2.
[1] R, Tus é de Hausdorff
[2] X, Tdis e os espaços topológicos metrizavéis são de Hausdorff.
[3] X, Tind não é de Hausdorff.
[4] R, Tcof não é de Hausdorff. De fato. Para todo U, V ∈ Tcof , temos U ∩ V 6= ∅. De
fato, sejam U = R−F1 e V = R−F2 , onde F1 e F2 são finitos; então U ∩V = R− F1 ∪F2 ;
como F1 ∪ F2 é finito, então U ∩ V 6= ∅; logo não pode ser de Hausdorff. Note que
R, Tcof é T1 .
[5] Utilizando propriedades dos anéis de polinômios é possı́vel verificar que topologia
de Zariski não é de Hausdorff.
Corolário 6.1.
∆X = (f × f )−1 ∆Y .
f : X × X × Y × Y −→ X × Y × X × Y
(x, x1 , y, y1) −→ (x, y, x1, y1 ).
f é um homeomorfismo e:
f ∆X × ∆Y = ∆X×Y .
Logo, ∆X×Y é fechado em X × Y × X × Y e X × Y é de Hausdorff.
U é vizinhança de x tal que U ∩ Vai = ∅ para todo i; logo U ⊂ Ac , isto é, para cada
x ∈ Ac existe um aberto tal que x ∈ U ⊂ Ac , logo Ac é aberto e A fechado.
A condição de ser de Hausdorff e de compacidade são essenciais no teorema anterior.
Vejamos os seguintes exemplos:
Exemplo 6.3.
[1] Considere X = {a, b, c} com a seguinte topologia T = {∅, {a}, {b, c}}. Então
A = {c} é compacto e Ac = {a, b} ∈/ T, logo A não é fechado. Note que X não é
de Hausdorff.
94 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
[2] Seja X = N com a topologia dada no exercı́cio [2], ı́tem 2. Seja A = {1}, A é
compacto e A = N pois para todo aberto An temos A ∩ An = {1}. Isto é, para todo
n ∈ N, n ∈ A e N não é compacto. De fato:
[
N= Gn ,
n∈N
onde Gn = {1, n}. Logo, o fecho de um compacto pode não ser compacto.
6.2. Sejam T1 e T2 topologias em X tal que T1 ⊂ T2 . Se X, T1 é de Hausdorff e
Corolário
X, T2 é compact, então T1 = T2 .
Prova : Seja U ∈ T2 ; logo F = U c é fechado em T2 ; então F é compacto em T2 . Por
outro lado, como T1 ⊂ T2 , todo recobrimento aberto de X em T1 é um recobrimento
aberto de X em T2 ; então F é compacto em T1 . Como X, T1 é de Hausdorff, segue
que F é fechado em T1 ; logo U ∈ T1 e T2 ⊂ T1 .
Proposição 6.2. Sejam X espaço topológico, Y espaço de Hausdorff e f, g : X −→ Y contı́-
nuas. Então:
1. {x ∈ X / f (x) = g(x)} é fechado em Y .
2. Se D ⊂ X é denso e f D = g D então f = g em X.
3. O gráfico de f é fechado em X × Y .
4. Se f é injetiva, então X é de Hausdorff.
Prova :
1) Seja h : X −→ X × Y onde h(x) = (f (x), g(x)); h é contı́nua e:
{x ∈ X / f (x) = g(x)} = h−1 (∆)
e ∆ é fechado em X × Y .
2) Segue, de imediato, pois {x ∈ D / f (x) = g(x)} ⊂ {x ∈ X / f (x) = g(x)}. Como
{x ∈ X / f (x) = g(x)} é fechado e D é denso, então:
{x ∈ D / f (x) = g(x)} = {x ∈ X / f (x) = g(x)}.
1. f é um homeomorfismo.
2. f bijetiva.
Prova : Sejam y1 , y2 ∈ Y tal que y1 6= y2 , então f −1 (y1 ) e f −1 (y2 ) são compactos disjun-
tos. Seja x ∈ f −1 (y1 ) e b ∈ f −1 (y2 ), então existem Ux,b e Vx,b abertos disjuntos tais que
x ∈ Ux,b e b ∈ Vx,b. Por outro lado, {Vx,b / b ∈ f −1 (y2 )} é uma cobertura de f −1 (y2 ); logo
existe uma subcobertura finita {Vx,b / b ∈ B}, onde B ⊂ f −1 (y2 ) e B finito. Sejam:
\ [
Ux = Ux,b e Vx = Vx,b,
b∈B b∈B
96 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
Logo, Π é fechada.
É comum na literatura denotar-se X ∼ por X A.
Corolário 6.6. Se X é um G-espaço compacto, de Hausdorff e G é finito, então X/G é compacto
e de Hausdorff.
Prova : Seja F ⊂ X fechado, então:
[
Π−1 Π(F ) = θg (F ),
g∈G
6.5 Homeomorfismos
Nas seguintes aplicações utilizaremos o seguinte corolário:
X∼
= Y.
Exemplo 6.6.
B[0, 1] ∼
= S n−1 × I S n−1 × {0} .
F ◦ Π = f.
Denotemos por X = S n−1 × I S n−1 × {0} , temos o seguinte diagrama comutativo:
Π
S n−1 × I // B[0, 1]
88
rrr
f rr
rr
rrrr F
X
Como X é compacto e B[0, 1] é de Hausdorff, então F é um homeomorfismo o qual é
definido por F ([(x, t)]) = f (x, t).
6.5.1 O Cı́rculo
Consideremos S 1 ⊂ C com a topologia induzida pela usual de C,
I/ ∼,
98 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
onde x ∼ y ⇔ x = y ou {x, y} = {0, 1}. Por outro lado, seja f : I −→ S 1 definida por
f (x) = e2πix . Consideremos o seguinte diagrama comutativo:
f
I // S 1
yy<<
F yy
Π yy
y
y
I ∼f
R/Z ∼
= S 1.
Finalmente, temos que:
S1 ∼ ∼
= I/ ∼ = R/Z.
6.5. HOMEOMORFISMOS 99
6.5.2 O Toro
O Toro como Espaço Quociente
De forma análoga ao cı́rculo, consideramos:
f :I × I −→ S 1 × S 1
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
Seja I 2 ⊂ R2 com a topologia induzida pela topologia usual de R2 e para todo (x, y),
(x1 , y1 ) ∈ I 2 , consideremos a relação de equivalência:
(x, y) ∼ (x1 , y1 ) ⇐⇒ (x, y) = (x1 , y1) ou (0, y) ∼ (1, y) e (x, 0) ∼ (x, 1).
Consideremos o seguinte diagrama comutativo:
f
1
I2 //
S99 × S1
ttt
Π tt
tt
tt F
I2 ∼
Pelos mesmos argumentos utilizados no cı́rculo: como I 2 ∼ é compacto e T 2 é de
Hausdorff, então F é um homeomorfismo:
S1 × S1 ∼
= I 2 ∼.
R2 /Z2 ∼
= S 1 × S 1.
Seja T 2 é o toro de revolução em R3 , parametrizado por:
Tn ∼
= Rn Zn ∼
= I n/ ∼ .
X∼
= RPn .
Considere S n ⊂ Rn+1 com a topologia induzida pela topologia usual de Rn+1 . Seja:
f : S n −→ X
definida por f = Π ◦ i, onde i : S n −→ Rn+1∗ é a inclusão e Π : Rn+1
∗ −→ X é a projeção
canônica. f é contı́nua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
f
Sn // RPn
y y<<
Π yyy
y
yyy F
X
n n
Como S é compacta e RP é de Hausdorff, então F é um homeomorfismo F .
É claro que RP0 é um ponto e RP1 ∼
= S 1 . De fato, basta considerar a função f : S 1 −→ S 1
2
tal que f (z) = z , por argumentos análogos aos anteriores, temos o seguinte diagrama
comutativo:
f
S1 // S 1
==
z
zzz
Π zz
zz F
RP1
Logo, temos que RP1 ∼
= S 1.
6.5. HOMEOMORFISMOS 101
f : S 2n+1 −→ X
definida por f = Π ◦ i, onde i : S 2n+1 −→ X é a inclusão e Π : Cn+1
∗ −→ X é a projeção
canônica. f é contı́nua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
f
S 2n+1 // CPn
vv::
v
Π vv
vvv F
vv
X
X∼
= CPn .
O(n) O(n − 1) ∼
= S n−1 .
f
O(n) // S n−1
77
pp
pppp
Π ppp
ppp F
O(n)/O(n − 1)
x(t, s) = (x2 − y 2) (2 + x z)
y(t, s) = 2 x y (2 + x z)
z(t, s) = y z,
onde (t, s) ∈ R2 .
Lembremos que M = C ∼ , onde C = {(x, y, z) / x2 + y 2 = 1, |z| ≤ 1}. Seja
p = (x, y, z) ∈ C e f : C −→ R3 definida por:
Note que f (p) = f (x, y, z) = f (−x, −y, −z) = f (−p). A função f é injetiva, contı́nua,
M compacto e f (M) ⊂ R3 de Hausdorff; logo
M∼
= f (M) = F.
1. X é de Hausdorff.
6.6. VARIEDADES TOPOLÓGICAS 103
x U
Exemplo 6.7.
6.7 Exercı́cios
1. Verifique que se X é compacto e de Hausdorff, então CX é compacto e de Haus-
dorff.
10. Verifique se a união do eixo dos x e do eixo dos y como subespaços de R2 é uma
variedades topológicas de dimensão 2?
CONEXIDADE
7.1 Introdução
Definição 7.1. Seja X um espaço topológico. X é dito conexo se não existem A e B abertos
disjuntos não vazios tais que X = A ∪ B. Caso contrário X é dito desconexo.
Observação 7.1.
Exemplo 7.1.
[5] R, Tcof é conexo. De fato, nesta topologia não existem abertos não vazios disjun-
tos.
Proposição 7.1. Seja R com a topologia usual. Os únicos conjuntos conexos em R com mais
de um ponto são os intervalos (abertos, fechados, etc).
105
106 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
1. X conexo.
2. Os únicos subconjuntos abertos e fechados em X são X e ∅.
3. Não existe função f : X, T −→ {0, 1}, Tdis contı́nua e sobrejetiva.
Prova :
1) ⇒ 2) Se A ⊂ X é aberto, fechado e não vazio ou X, então X = A ∪ Ac , então X
desconexo.
2) ⇒ 3) Suponha que f : X, T −→ {0, 1}, Tdis é contı́nua e sobrejetivaa, logo
−1
f (0) 6= ∅, como {0} é aberto e fechado em {0, 1}, Tdis , então f −1 (0) é aberto e fe-
chado em X.
3) ⇒ 1) Se X = A ∪ B ondeA e B são abertos disjuntos não vazios, então A e B são
fechados e a função χ : X, T −→ {0, 1}, Tdis definida por:
(
1 se x ∈ A
χ(x) =
0 se x ∈ B
é contı́nua e sobrejetiva.
Exemplo 7.2. Segue do teorema que R, com a topologia usual é conexo.
Corolário 7.2.
é conexo.
7.1. INTRODUÇÃO 107
Exemplo 7.3.
[1] S 1 ⊂ R2 com a topologia usual é conexo. De fato; seja f : [0, 1] −→ R2 definida por
f (t) = e2πi t que é contı́nua e S 1 = f ([0, 1]. Em particular:
S 1 ≇ R,
-1
Figura 7.1: X = X ∪ Z.
[6] Seja a famı́lia Sr1 = {(x, y) ∈ R2 / (x − r)2 + y 2 = r 2 }, logo (0, 0) ∈ Sr1 para todo r > 0.
é conexo.
7.2 Aplicacões
A primeira aplicação que estudaremos é relativa as variedades topológicas:
Corolário 7.3.
1. Toda f : [0, 1] −→ [0, 1] contı́nua admite, pelo menos menos um, ponto fixo. Isto é, existe
x ∈ [0, 1] tal que f (x) = x.
Prova : 1. Seja F (x) = f (x) − x; então F (1) ≤ 0 ≤ F (0). Pelo teorema do valor
intermediário, existe x ∈ [0, 1] tal que F (x) = 0.
2. Utilizando coordenadas polares, podemos denotar os elementos de S 1 pelo ângulo
θ, medido em radianos. Logo, os pontos θ e θ + π são antı́podas; consideremos a função
F (θ) = f (θ) − f (θ + π); então como f (0) = f (2 π) e F (0) = −F (π), pelo teorema do
valor intermediário, existe θ1 ∈ [0, π] tal que F (θ1 ) = 0.
Prova : Sem perda de generalidade, podemos supor que a origem 0 ∈ / A (caso contrário,
n
por translação, movemos a origem). Seja x ∈ R − A. Provaremos que a origem e cada
x, estão contidos num conjunto conexo de Rn − A e pelo corolário [7.2], Rn − A será
conexo. Denotemos por 0x ~ a semi-reta que liga a origem à x e por L uma reta qualquer
que intersecte 0x~ em único ponto diferente de 0 e x. Para todo z ∈ L, seja LZ = 0z
~ ∪ zx.
~
Pelo corolário [7.2] cada Lx é conexo e LZ ∩ Lz ′ = {0, x}.
x
Lz
z
A
Figura 7.3:
110 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
Denotamos por C(x) a componente conexa de x. Pelo corolário [7.2], C(x) é o maior
conexo que contém x. Se X é conexo, então C(x) = X, para todo x ∈ X.
Prova : Sabemos que C(x) ⊂ C(x), para todo x ∈ X e que C(x) é conexo. Como C(x) é
o maior conexo que contém x, então C(x) ⊂ C(x).
Exemplo 7.4. S n ⊂ Rn∗1 , com a topologia usual, é conexo.
S n = S n − {p}.
Os pontos α(a) e α(b) são ditos ponto inicial e final do caminho, respectivamente. Um
caminho não é um conjunto em X. Por exemplo, considerando R com a topologia
usual, então:
α1 : [0, 1] −→ R e α2 : [0, 1] −→ R,
definidos por α1 (t) = t e α2 (t) = t2 são dois caminhos ligando 0 e 1.
Definição 7.4. X é dito conexo por caminhos ou conexo por arcos, se para todo x1 , x2 ∈
X, existe caminho ligando x1 a x2 .
7.3. CONEXIDADE POR CAMINHOS 111
Exemplo 7.5.
[1] Rn é conexo por caminhos. Em geral, todo espaço vetorial é conexo por caminhos.
[2] O grupo O(n) não é conexo por caminhos. De fato, se consideramos duas matri-
zes em O(n), tais que uma tenha determinante positivo e a outra determinante nega-
tivo, qualquer caminho contı́nuo ligando estas matrizes, necessariamente deverá pas-
sar pela matriz nula.
Proposição 7.7. Seja {Xλ / λ ∈ Γ} uma famı́lia arbitrária de espaços conexos por caminhos
tal
\ que
Xλ 6= ∅, então:
λ∈Γ [
X= Xλ
λ∈Γ
Exemplo 7.6.
Figura 7.4:
Note que α([1 − δ, 1]) é conexo. Denotemos por α(1 − δ) = (x0 , y0) e pr1 (x, y) = x a
primeira projeção
de R2 ; então pr1 ◦ α : [0, 1] −→ R e contı́nua e o seguinte conjunto
C = pr1 ◦ α ([1 − δ, 1]) é conexo com 0 ∈ C, pois α(1) = (0, 1)); também x0 ∈ C.
Por outro lado, C é um intervalo e contém [0, x0 ]; logo para todo x1 ∈ (0, x0 ], existe
t ∈ [1 − δ, 1] tal que α(t) = (x1 , sen(1/x1 )). Em particular, se m = 2 n π − π/2, para n
grande, temos que se x1 = 1/m, então 0 < x1 < x0 e sen(1/x1 ) = sen(−π/2) = −1; logo
o ponto (1/m, −1) = α(t), para algum t ∈ [1 − δ, 1], ou seja, o ponto (1/m, −1) está a
uma distância menor que 1/2 do ponto (0, 1). Istoe é uma contradição, pois (1/m, −1)
esta a uma distância de pelo menos 2 do ponto (0, 1).
Proposição 7.9. Seja Rn com a topologia usual, se A ⊂ Rn é aberto, então A é conexo por
caminhos.
7.4 Exercı́cios
1. Rn com a topologia usual. Verifique se os seguintes conjuntos são ou não conexos.
Note que se Y = R, então o intervalo (a, b) = Ra ∩Lb . A topologia gerada por esta
subbase é chamada topologia da ordem e Y é dito espaço odenado. Verifique que
o teorema do valor intermediário, pode ser estendido a espaços ordenados.
3. Verifique que:
(a) R ≇ S 1 .
(b) S 1 ≇ S n se n > 1.
4. Sejam X, T e R com a topologia usual. Dizemos que f : X −→ R é localmente
constante se, para todo x ∈ X existe U vizinhança de x tal que f : U −→ R é
constante. Verifique que:
6. Verifique que todo espaço com a topologia indiscreta é conexo por caminhos.
7.4. EXERCÍCIOS 115
117