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Riscos ocultos

Por Mauro Nadruz

Ao realizar diversas análises em diferentes estabelecimentos, principalmente nos condominais e comerciais, observa-
se um elevado potencial de desastre eminente, onde pessoas comutam sem a preocupação com o risco a que estão
expostos. Refiro-me aos riscos de incêndio, estruturais e de atendimento emergencial.

Em primeiro, coloca-se as estruturas de proteção interna ou portas de grade que antecedem as portas de entrada ou
hall do andar. Há locais onde, por falta de um estudo mais aprimorado da segurança, as pessoas se encerram em
gradis e portas reforçadas com inúmeras trancas, inclusive, fechando o acesso pelo elevador através de chave ou
senha, objetivando a segurança patrimonial e física em caso de assalto ou furto. Mas o que fazer em caso de
incêndio, ou mal súbito? Protege-se da entrada de estranhos todavia, impede-se ao mesmo tempo aqueles que
poderiam ser a nossa salvação. Além de ser ilegal, na maioria dos casos continua sendo passível de intrusão.

Geralmente, nos locais são acrescentados equipamentos e estruturas gradativamente, começando por um gradil
externo onde quem determina o tipo ou design é o síndico ou serralheiro e não um profissional da segurança,
ocorrendo em erros básicos. Daí começa as tentativas de correção como reforços nas grades, adição de cerca
eletrônica, etc. O outro é a instalação das portas de grade nos apartamentos, visto que as primeiras estruturas de
muro ou gradil, continuavam sendo burladas. Após, coloca-se câmeras, alarmes, guardas e assim mesmo são
invadidos. Quanto dinheiro desperdiçado...

O erro é recorrente. A idéia foi originada por alguém, sem pensar nas conseqüências (ou análise de cenários) e
imitada multiplicadamente em vários locais por ser de fácil realização e trazer a velha “sensação de segurança”. Por
motivos óbvios, não colocamos soluções, principalmente neste problema, porque é com a informação (ou vazamento
dela) que os meliantes se utilizam para cometer seus crimes. Todavia, podemos afirmar que existem formas muito
mais eficazes de proteção, utilizando-se de avaliações e aplicações dos recursos de forma objetiva e metodológica
sem comprometer o acesso em casos emergenciais.

Segundo, é comum encontrar prédios onde os conceitos básicos de prevenção são totalmente ignorados, locais com
grande potencial de fogo serem utilizados como depósitos de materiais combustível, desde madeiras, embalagens,
jornais velhos indo ao extremo de galões de gasolina, diesel e óleo. Apenas os locais de armazenagem de gás LP
são os mais limpos, até porque, existe uma freqüência na visita e comunicação da abastecedora. Já, em sala de
caldeiras, locais de armazenagem de produtos de piscina, depósitos comunitários ou de estoque de mercadoria é
comum encontrar todo o tipo de ignitores que, em seus estados naturais são latentes, porém, em contato com outra
substância poderão produzir uma reação química, gerando calor e até fogo. Um exemplo é a reação de alto poder
calórico entre alguns tipos de cloro e derivados de petróleo. Outro ignitor conhecido, que sozinho causa poucos
danos, mas em contato com outros materiais transforma-se numa catástrofe pronta a acontecer é a fiação elétrica.
Esta, também é negligenciada, principalmente nos prédios mais antigos, devido principalmente a sobrecarga que a
vida moderna trouxe com novos aparelhos elétricos. A rede, na época da construção, fora calculada para uma
determinada demanda, sendo hoje, constantemente sobrecarregada com o excesso de equipamentos, muitos
conectados a mesma fase ou tomada. Além do risco de curto circuito por aquecimento e derretimento da capa
isolante, o consumo também aumenta, pois como já dizia o pai da química, Lavoisier “na natureza nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma”. Portanto, o aumento da carga provoca a transformação parcial da eletricidade em
calor aumentando o risco, ou no mínimo sua conta de luz.

Por fim apontamos as obras internas, principalmente em apartamentos. Nos prédios mais antigos, seu sistema
construtivo é estruturado na própria alvenaria das paredes, ou seja, a parede de baixo sustenta o próximo andar e
assim sucessivamente. Por possuírem paredes reforçadas, nem sempre comprometem a estrutura nos andares
superiores, principalmente se houver alguma reforma pequena como a abertura de uma porta, entretanto, à medida
que se realiza reformas nos andares mais baixos, um engenheiro de estruturas deve ser sempre consultado. Em
condomínios verticais encontram-se com freqüência, rachaduras em paredes causadas por reformas de
apartamentos inferiores. Isso é responsabilidade do síndico em verificar se houve inspeção de profissional
responsável, apresentando inclusive um laudo, certificando que a reforma não afetará a estrutura existente ou será
adequada, implantando nova estrutura de reforço.

Finalizando, seja qual for o seu caso, sempre observe as normas de segurança e busque um profissional qualificado
para lhe prover com as informações e análises necessárias. Você irá viver com maior segurança investindo
corretamente e economizando dinheiro (em mais de 80% dos casos avaliados), os quais poderão lhe evitar um
prejuízo, talvez, irreparável.
Mauro Nadruz é Administrador, Gestor de Segurança Pública e Privada e Diretor da Activeguard
(www.activeguard.com.br), com certificação nacional de especialista em segurança [CES] pela ABSO – Associação
Brasileira de Segurança Orgânica, especializações em análise de risco corporativo, patrimonial e condominal,
projetos de segurança e estruturas aplicadas além de tecnologia da segurança.

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