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O SOFRIMENTO ETICO-POLITICO cOMO CATEGORIA DE ANALISE DA DIALETICA EXCLUSAO/INCLUSAO Bader Burihan Sawaia* “A linha que separa o bem do mal nao passa pelo ‘Retado, nem entre classes, tampoueo por partidos po- ‘cada coragdo humano, € (Sotlenitsin) ‘A defesa da tese contida no titulo acima ¢ realizada, no presente texto, em trés etapas: na primeira, justifica-se aopgao pela afetividade e em especial pelo sofrimento para estudar aexclusdo; a segunda ex- plica a qualificagéo desse sofriment de ético-politico e a terceira, a opgao pela expresso dialética exclusio/inclusdo. Por tiltimo, apre- sentam-se reflexdes sobre a pesquisa e a pratica da Psicologia Social frente a exclusao, orientadas pela citada tese. O softimento ético-politico foi escolhido como guia analitico da dialé- tica excluso/inclus4o, seguindo a recomendagao feita por ‘Souza Santos (1997) ds ciéncias humanas para usarem. categorias desestabilizadoras na anélise das questbes sociais, capazes de criar novas constelagées anallti- cas que conciliam ideias e paixdes de sentidos inesgotaveis. Aciéncia sempre avancou pela diivida e pelas perguntas, as quais mudam de qualidade nos diferentes contextos histéricos. Hoje, anovi- dade é que elas ndo sao mais feitas para obter informagoes e sim por ‘excesso de conhecimento; por isso, as perguntas: que fazem avangar 0 mnhecimento, as quais Souza Santos (1997: 117) denomina de “inter- rogagdes poderosas”, so as ‘contra-hegeménicas, com capacidade de penetrar nos pressupostos epistemoligicos € ontolégicos do saber constituido, como as indagagdes que unem ciéncia e virtude, introdu- zindo-a otdem do valor e da ética nos conceitos cientficos. Esta perspectiva epistemolégica supera moralizador e nor- matizador de conceitos cientificos que culpabilizam o individuo por + Doutora em Psicologia Social. Professora da Departamento de Sociologia da PUCSP e do PPos-Graduagio da PUCSP ¢ da EBUSP. 99 izaram em tomno da afetividade ao 's Humanas, recomendam-na como con- \dor da andlise psicossoctal da exclus4o. Uma vez, ositivamente, a afetividade nega a'neutralidade das reflexdes is sobre desiqualdade social, permitindo que, sem que se per- jor tedrico-metodolégico, mantenha-se viva a capacidade dese indignar diante da pobreza. Perguntar por softimento e por felicidade no estudo da excluso é ‘superar a concepgao de que a preocupago do pobre é unicamente a Sobrevivencia e que ndo tem justificativa trabalhar a emogo quando se passa fome. Epistemologicamente, significa colocar no centro das reflexdes sobre exclusao a ideia de humanidade e como tematica o su- jeito @ a maneira como se relaciona com o social (familia, trabalho, la- zere sociedade), de forma que, ao falar de excluséo, fala-se de desejo, temporalidade e de afetividade, ao mesmo tempo que de poder, de economia ¢ de direitos sociais. A exclusio vista como sofrimento de diferentes qualidades recu- Pera o individuo perdido nas anélises econémicas e politicas, sem per- der 0 coletivo. Da forga ao sujeito, sem tirar a responsabilidade do Estado. & no sujeito que se cbjetivam as varias formas de exclustio, a qual é vivida como motivagao, caréncia, emogao e necessidade do eu, 4. Umexemplode concatto sutitmentacxcludents 6 diade ogo cater eqo, que pressupooque ‘uz0 nao tm identidade a qual s5 é dofonida om telagio& do ogo, ocul humana, 0 cor cia particular das questoes so. ca, em outras palavras, Estudar exclusio pelas emogies “cuidado” que o Estado tem com s do (des)compromisso com o sofrimento do aparelho estatal quanto da sociedade civil e do proprio Sem o questionamento do sofrimento que mutila 0 coti pacidade de autonomia ¢ a subjetividade dos hi a clusive a revolucionéiria, torma-se mera abstrago e i 40. Essa ideia é defendida por Bourdieu em seu iiltim onde prope a substituicdo da economia de visio curta p da felicidade, Segundo ele, é preciso combater a tecnocracia e a, trazendo a tona 0 conhecimento dos homens, de seu cotidiano ¢ de seu sofrimento. Cabe a Psicologia Social colaborar com o avango desse conhect mento, pois afinal de contas esta é sua rea de competéncia, oque nao significa simplesmente introduzit a emogao como tema de de reflexo. Dado 0 papel que tem sido atribufdo a esse con: corpo teérico-metodoléaico da Psicologia, que é 0 de persona adjuvante e ma, é preciso mudar sua perspectiva ana Dai a opgao do presente texto em refletir a ex tividade, de qualificé-la de “ético-potitica” para mari epistemologico € ontolagico, que ser desenvolvido a Sofrimento ético-politico produto da linguagem ou logico, uma substncia ao ser provocado por estimulos exteriores. 5 acima citados concebem a emosao positivament como constitutiva do pensamento e da ago, coletivos ou indivi bons ou ruins, e como pracesso imanente que se con: ricas. Portanto, um fendmeno objetivo e subjetivo, que cor ‘téria-prima basica a condigao humana. Nao 6 por acaso que-a principal obra de Espin tratado das emogdes. Nela, para discutir democracia reflete sobre paixao. _) O problema que o alligia e o levou a estiidar os afel tender porque os homens, em sua maioria, aceita os bens préprios por monarcas e eutoridades aml seus interesses para melhorar os outros. Sua hipétese 6 a de da ago coletiva democrética, tormando-se negativa, quan da a ignoréncia e a superstigao. 4°) Segundo Espinosa, a superstigdo é condigao tica, que constitui a base da legitimidade de um gover GRI 1993: 172), sendoo medo e as condigdes Politica di iio: “Se os homens pudessem resolver todos 03 do um designio definido ou ainda se a sorte sem eles nunca seriam prisioneiros da superstig Ao introduzir as emogées corporar 0 corpo do st va, Alma é ideia de seu corpo, po. O desejo, como expresso cons: juntamente com seu corpo ¢ ativo junta sao ativos ou passives juntos ¢ por 102, 8 escapar a la realidad de 1S aquellas interacciones con otr existéncia, su naturaleza y su ligada a emocion o afeto «i ao livro II ¢ Hl da Etica (1! Espinosa apresenta los eles fendmenos étic io ética da ontolog! 100 ela equivale a esta exclusao através do conceito de afetividade. A vergo- ‘#0 aprosentadas como sentimentos morals genorativos ados com a fungéo de manter a ordem social exclucento, de que a vergonha das pessoas e a exploragao social constituem as duas faces de uma mesma questo. Por serem sociais, as emogdes si fendmenos histéricos, cujo contetido e qualidade esto sempre em constituigao. Cada momento hist6rico prioriza uma ou mais emogdes como estratégia de controle © coercao social. No século passado, predominou a vergonha do olhar do outro, que exigia a expiagao publica. Hoje, a culpa tende a substi- tuir a vergonha, mudando o carter da expiagao, de publica a indivi- dual ¢ privada. “Nas sociedadesatuais, a possibilidade de agao permi- tida ao homem e.ao pensamento determinados por elas produzem e fi- xam sentimentos particularistas, perpetuuam e reproduzem a aliena- ‘¢40 dos sentimentos eo caréter de certos afetos” (HELLER, 1985: 13) Vygotsky é outro autor que inspirou a opgao pelo sotrimento ¢ a sua qualificagao de ético-polltico, como categoria de andlise da exclu- so. Sua grande preocupagao tedrica fol a de buscar uma unidade de anélise do comportamento humano capaz de incluir todas as manifes- ‘tagdes psicolégicas, das mais elementares as mais complementares. ‘ssa unidade analitica, segundo ele, é 0 significado, o qual desempe- nha papel importante na interligagio das diferentes fungdes psicologi- cas @ destas com 0 corpo € a sociedade (VYGOTSKY, 1993: 20). significado o principio orgatiizador de desenvolvimento da consciéncia, é insepardvel da palavra (embora no idéntica a esta). enrodar pelo corporatismo de qual= et, sec humano gunético 60 que nto s ‘bem maior 0 ser humano, ‘2 dproxima da humanidede, sentinda 104 eflete que a emogaoe as ou légicas do nosso psiqi ver cotidiano, que afetam nosso das intersubjetividades. Os processos psi or@s € 0 organismo biolégico se conec mi6ticas, configurando motivos, que séo estados Valor emocional estavel, desencadeadores da acéio e do p No seu livro Pensamento e linguagem (1993a), Vygotsky que 0 eérebro reage ds ligagdes semanticas e ndo apenas as cas. Pode-se inferir desta afirmacao que as substdncias res; ela fungdes do cérebsro que promovern a emogao e harmonia do: Mentos, as quais, hoje, sd denominadas de neurotiansmissores, como & serotonina @ a dopamina, so da ordem do simbélico. O significado Penetra na comunicagéo neurobiologica levando o homem a agir, no em respostaa uma estrutura e organizagao biologica, mas a uma ideia! _Epreciso destacar que, na concepgaio de Vygotsky, o significado’ fendmeno intersubjetivo, portanto, social ¢ historico, que se reverts €m ideologia e fungdes psicolégicas distintas, ‘apesar de que nelo Permanece certa raiz blolégica, em virtude do qual surgem as emo- ses” (Vygotsky 1993: 127), Além desses autores", intmeros fatos his- t6ricos podem ser citados para justificar a escolha do concoito de soft. mento ético-politico, como o “banzo", doenga misteriosa que matava © negro escravo brasileiro, Ela é emblematica deste conceito, por indicar que-um so! psicossocial pode redundar em morte biolégica. O banzo 6: ‘tristeza advinda do sentimento de estar s6 e humilhado, por ¢ ages legitimadas pela politica de exploracdo e dominag} intemacional daquele momento histori ‘do da exclusio, com suns tflexbea do 105 fl A literatura é fonte de dramaticos exemplos de softimento ético-politi- co, ede como ele varia historicamente, de acordo com a mediago pri- ada no proceso de exclusio social: raga, género, idade e classe. A conagem Ana Karenina do romance homénimo de Tolstoi exempli- © sofrimento ético-politico mediado esp : isto é, um sofrimento imposto pela normas disciplinadoras do compor- tamento femninino, cuja expiagdo 66 foi possivel pela morte. Jé 0 perso- nagem Riobaldo de Grande sertéo— Veredas, de Guimaries Rosa, tern uma frase exemplar para retratar o sofrimento provocado pela exclu- 40 genérica, onde se entracruzam, além do género outras mediagSes logitimadoras da desigualdace social como a classe e araga: “Bu tinha mado do homem humano”. f ! oi AaDe Em sintese, 0 sofrimento ético-politico abrange as miltiplas afec- ‘98es do corpo e da alma que mutilam 4 vida de diferentes formas. Qua- lifica-se pela maneira Gomo sou tratada ¢ trato 0 outro na intersubjeti- vidade, face a face ou andnima, cuja dinamica, contetido e qualidade so determinados pela organizacé co-politico retrata a viv tes em cada época hi (gio social de ser tratado como inferior, subalterno, sem valor, apéndi- ce imitil da sociedade. Ele revela a tonalidade ética da vivéncia cotidi- ana da desigualdade social, da nega¢ao imposta socialmente as possi- bilidades da maioria apropriar-se da produgéo material, cultural e so- cial de sua época, de se movimentar no espago pubblico e de exprossar “* desejo © afeto (SAWALA, 1995). ‘Seu contraponto é a felicidade puiblica, que é diferente do prazer e da alegria. Estes ultimos séo emogdes imediatas e contingentes, ma- nifestagdes do que Heller define como dor, citcunscritas ao instante de sua ocorréncia, e aparecem como flashs na vivéncia do sofrimento €tico-politico, sem alterar-Ihe a qualidade. O sofrimento ético-politico a felicidade publica nao se tornam fim em si mesmo, encontrando em si proprio, pelo ensimesmamento, a satisfagao, como ocorre com a dor e a alegria. Para esclarecer a distingao do sofrimento e felicidade de dor e s0- frimento tomemos como exemplo as emogées vivenciadas por partici- pantes de movimentos sociais. Todos sentem alegria e prazer com a conquista das reivindicagdes, mas nem todos sentem a felicidade pa- blica. Esta 6 experienciada apenas pelos que sentem a vitéria como 106 conquista da cidadania e da emancipa nas de bens materiais circunseritos. A da quando se ultrapassa a pratica do individ! mo para abtit-se 4 humanidade. Simone Weil e Hanna Arendt também fazem et Arendt (1988) distingue esses duas dimens6es afeth bre compaixéio e piedade. A compaixao ¢ softimento que nos faz, vo agdo social, pode adquitir um carater publico e unificar os hom nando © homem ao seu proprio sentimento”. Weil descreve de forma emocionada 0 sofrimento ético- politico, distinguindo-o da dor que todos sentem, ao relatar sua vivéncia como operaria: “Estando na fabrica.... a infelicidade dos outros entra na minha came e na minha alma... Eu recebia marca da escravidao (1979: 120). ‘Na sua fala, fica claro que a emogao vivida nao diz respeito ao eu individual, mas ao sofrimento do excluido, portanto, aos fundamentos da coesao social e da legitimidade social. Ela revela o sofrimento pela consciéncia do como a logica excludente (a qualidade das formas de produgao e distribuigao da riqueza e dos direitos humanos) opera no plano do sujeito e é amparada pela subjetividade assim constitufda. De acordo com essas reflexdes, conhecer 0 sofrimento.ético-po- litico 6 analisar as formas sutis de espolié¢ao humana por tras da apa- réncia da integragdo social, e, portanto, entender a exclusao ¢ a inclu- ‘so como as duas faces modernas de velhos e dramaticos ‘problemas — a désigualdade social, a injustica e a exploragao. — Aqui cabe um alerta sobre o perigo que ronda a analise ea praia do enfrentamento da exclusdo pela afetividade, mas que paradoxal- mente reafirma ser mais necesséria que nunca a introdugao da mesma na anélise das questées sociais e da pratica emancipadoras. +s. Uma dag ideias-forga deste momento historico é a subjetividade e seus carrélatos, a emocao ¢ 0 sentido pessoal. Porém, ao mestfio.temn- po que se valoriza o afeto e a sensibilidade individual, assiste-se a ba- nalizacao do mal do outro, a insehsibilidade ao sofrimento do outro. O L-y abdo eof 6. Roles de Brito (1999) desenvetve casa relexo do Arondt oa utliza como maciagao teadeana anilise das emopbes que emerger na eafora publica do sindicato. 107 com ele mesmo. Esta: no, malhacao. Falamos lagdo intima, a exposi © e890 ou sao desencarnado: em nome da liberagdo das emogies e do exercicio da sensibilidade, estamos, sutilmente, formatando e despotencializando nosso “cona- tus"”e aceitando velhos argumentos higienistas, morais e racionais, que s6 modernizaram sua roupagem. Também, com a &nfase no pr6- prio , desencamado e solitario, estamos nos afastando das ques- ‘tes piiblicas, nos mobilizando apenas, enquanto multidao, pelo evan- gelho e pela musica pop* Areferéncia ao sofrimento e & felicidade ético-politica éa negagéo desta afetividade narcisica do final do milénio. Ela remete 4 utopia so- cialista do inicio do século XIX, onde significava a procura de uma ou- tra gestao da tensio entre raz0 e paixdo, entre individuo e cormunida- do, entre desejo e dever. “Fiador do lao ameagado pela razo calcula dora, 0 direito &felicidade, cuja realizagao orienta os desejos @ as pal x6es miiltiplas, toma-se a medida com a qual se julga uma politica que sacrifica 0 justo ao eficaz, e que vé na multiplicidade humana apenas um perigo mortal, ¢ néo um potencial inexplorado de possibilidades sociais nao realizadas (VARIKAS, 1997: 63). Dialética exclusdo/inclusio vo toras naa 7: 132 uma circularidade como aquela do entre si, mesclando-se, substit nas, na relagao. E mais, “as oposigdes paradigmaticas nao sao apenas instrumontos de uma anélise semiol discrlminantes tragos ndo 86 formalmente dit cialmente distintivos" (1995: 31). [As reflexées de Foucault servern de referéncia tedrica A cont cdo de exclusdio como processo dialético de inclus4o. Sua obra é brilhante argumentago em favor da ideia de que a incluso processo de disciplinarizacao dos exclufdos, portanto, ‘um proce: controle social e manutengao da ordem na desigualdade social. Dessa forma, ele insere a exclusao na luta pelo poder. "Mas 6 a concepctio marxista sobre o papel fundamental da miséria © da servidao na sobrevivéncia do sistema capitalista que constitu a idoia central da dialética exclusao/inclusao, a ideia de que a socieciade inclui o trabalhador alienando-o de seu esforco vital. Nessa concep¢ao a exclusio perde a ingenuidade e se insere nas estratégias historicas de manutencdo da ordem social, isto é no movimento de reconstitui- do sem cesar de formas de desigualdade, como o proceso de mer- cantilizacao das coisas e dos homens ¢ o de concentragao de rique- zas, os quais se expressam nas mais diversas formas: segregagio, apartheid, querras, miséria, violéncia legitimada. 86 essa ideia pode explicar por que um gaverno prioriza a satide de bancos em detrimento & satide da populagao, Um exemplo. dramatioo da manifestagéo da exclusio, at campanha de “limpeza étnica" em defesa no nacionalismo, deada na Iugoslavia, que nada mais € do que uma rei6rica para justificar 0 exterminio ¢.a exclusio de seus cidadaos (p ‘croatas e depois os kosovares albaneses). 109 ee Ee, | lulr € reproduzir a miséria, quer rejeitando-a e expulsando-a da le, quer acolhendo-a festiva. mente, incorporando-a a paisagem como algo exético ou pelo retormo do lirismo ou da retérica exondmica co potencial turfstico. y>_Enfim, o que queremos enfatizar ao optar pela expresstio dialética “exclusdo/inclusdo 6 para marcar que ambas nao constituem catego- tias em si, cujo significado é dado por qualidades especificas invarian- tes, contidas em cada um dos termos, mas que so da mesma subs- tancia e formam um par indissocidvel, que se constitui na prop las demonstra a capacidade de uma soci existir como um Essa linha de r arafraseando Castel (1998), que a dialética exclusao/inclusao 6 a aporia fundamental sobre a qual nossa sociedade experimenta 0 | “enigma de sua coesio e tenta conjurar os iiscos de sua fratura” Na literatura sobre exclusdo encontramos varios conceitos que re- ‘tratam a mesma busca empreendica no presente texto: a busca de um conceito-processo capaz de explicitar as contradigées e complexida- de da exclustio como 0 conceito de “participagdo/excludente” de Ma- ta Alice Foracchi (1974), “incluséo perversa ou marginal” € “exclu- séo-integrativa” de José de Souza Martins (1997) e o de "inclusao for- ada" de Virginia Fontes (1997). Esses conceilos representam a busca de outros referencials de anélise da exchusdo, capazes de desorganizar os consensos que muti- Jam a vida nas pesquisas, especialmente os que consideram que 0 x- cluido constitui uma categoria homogénea e inerte, ocupada apenas com a sobrevivéncia fisica e presa as necessidades. Para desestabilizar esses conhecimentos, que configuram teorias no democraticas no corpo das cléncias humanas, Souza Santos (1997) recomenda a utilizagao de conceito-processo, que nao indica essencia- lidade, mas movimento, ¢ s6 adquire sentido quando recheado com a / vida pulsante nos diferentes cantextos historicos. Para tanto, 6 preciso realizar pesquisas com aqueles que esto sendo instituidos sujaito des- qualificado socialmente (deixando-se ser ou resistindo), isto 6, com aqueles que estdo incluidos socialmente pela exclusio dos direitos hu: manos, para ouvir e compreender os seus brados de softimento. Pesquisas que vimos realizando co} resultados que motivaram a denoi co-politico. Blas revelam que o soft de ser tratado como inferior, sem valor, ape pelo impedimento de desenvolver, mesmo que uma p seu potencial humano (por causa da pobreza ou za restritiva das circunsténcias em que vive), é um dos s mais verbalizados. E 0 que é mais importante, na génese dese so! mento esta a consciéncia do sentimento de desvalor, da des! dade social e do desejo de "ser gente”, conforme expresso dos pro: prios entrevistados. 52 Um résultado que merece ser destacado, pois exemplifica as refle xGes Le6ricas acima citadas, é 0 de que cada emogao contém uma iplicidade de sentidos (positivos e negativos), os quais, para se- ios, precisam ser inseridos na totalidade psicossocial de cada individuo. Nao basta definir as emogées que as pessoas sén- ‘o motivo que as originaram eas direcionaram, ra implicagéo do sujeito com a situagao que os emock idade pode ser boa ou ma, dependendo de sua direcjonali dado, falou Aristoteles, bem como de sua consciéncta, ressaltou Espi- ‘sa. Segundo ele, nem todas as formas de alegtia so igualmenteim- hantes. As nossas palxOes podem classificar-se $6- A do fildsofo (Et. M1, prop. LVU, p. 187)". (Omedo também varia de qualidade, como nos explica uma joven de 18 anos com dificuldade de aprendizagem, ao distinguir 0 medo que sentia da mée do medo que sentia da professora (CAMARGO, 1997), Este tiltimo era “pavoroso”, pois, aliado da humilhagao eda ver- gonha provocadas pelo.clhar inferiorizador da professora, e gerava ages atabalhoadas ou paralisia,O medo bom éta provocado pelas re- ‘primendas e castigos que recebia da mée, porque ela acreditava que a filha tinha capacidade para se alfabetizar. Era um medo gerador de po- téncia de ago, que a impulsionava a superar os problemas. ‘9,0 Nexin (nile de ests da extusofincusio da PUCSP) desanvelvo um progr de pa daisasoat oofrmento too poltice, cwvindo os elatnsdclerenbs categoria do exch, 10, Eases rtlexbes sto desenvolvides por Teixeira, 1997: 460. ut Indimoros pensadores buscaram a compreenséo e esbogaram des- ctigdes desse processo, segundo pressupostos ontolégicos e episte- mol6gicos diferentes. ipesar da diversidade de abordagem, a maioria das andllises baseia-se em valores éticos universais, isto 6, ele- ge um principio regulador sobre o qual se pode agi para minimizar os seus efeitos ¢ atingir a emancipagao. Esse principio é a humanidade (SAWAIA, 1999). Espinosa denominou-o de poténcia de aco €.0.contrapés & po- téncia de padecer. A filosofia politica de Espinosa é ética e remete a humanidade. Ela fundamenta-se no conceito de poténcia (FERREIRA, 1997: 502), entendido como o direito que cada individuo tem de ser, de se afirmar e de se expandir (ESPINOSA, 1988), cujo desenvolvimento & condigéo para se atingir a liberdade. O seu contrario, a poténcia de pa- decer (paixdes tristes e alegrias passivas) gera a servidao, situagdo em que se colocam nas maos do outro as ideias sobre as afecg6es do prd- 11. Pesquisa replizada por Femada Cinta rlatada no presante ro na parte 2 12, Sequncio Vygotsty, ale do signo emocional omum &a tendancla a uni tudo oque proved lum efetoemocional conckdivel. As imagens agrupacas em tomo ce signos emacioras cnc vel catecem de vinculos racionalsw por isso #80 mats fequentes em Sonos. A analiso de Mant sobre alionaéo, conc para si, e sobre a passagem de uma para outra, co Cada Classe trabalhadora, traz implicta a ideia de humanidade Tir-se a essa passagem, Marx usa a nogo de apropriagéo. “A apropriaga conceme & energia fisica e espiritual dispendida pela atividade vital dos Heller (1987) vai na mesma diregdo. Orientada pela andlise marxista de alienacao, distingue dois polos no processo de objetivacao do ho: mem no cotidiano: o de “ser humano particular" e ode “: nérico”. O primeiro 6 o homem que se preocupa coma indo pel - teresses proprios, alienado de sua espécie. Sua motivagao é particular e corporativista. O segundo é o homem que se relaciona conscients ‘te. coma genericidade e se indigna com o mundo e consigo m: ‘questées universais. Portanto, a passagem de uma condigiio a definida pela maior ou menor consciéncia da espécie humana. Habermas (1989) adota de Kolberg os estagios de: evolugéo moral do individuo e o amplia a sociedade, indicando um sentido de justiga cres- cente. O desenvolvimento histrico esté fundado no desenvolvimento da consciéncia moral, que passa por seis estados de obediéncia as nor- mas sociais: pelo medo do castigo, pela reciprocidade concreta (é dan. do que se recebe), pela reciprocidade ideal, pela teciprocidade medi pelo sistema, pela orlentacdo legalista de contratos e, finalmente, respeito aos princfpios éticos unlversais (estagio de justiga social) Na literatura francesa sobre excluséio encontram-se tentativas de 14, Atwalmente, ele ca ampliar eso resultados, aplicande a mesma meta paises, tendo elaborado um programa de pesquisa interculizl, do qual 0 Nev ‘Nossas pescuuisas sobre morador de rua revelam formas de conti guragao do pensar, sentir ¢ agir na exclusdo, que vao desde os que re- sistem A exclusio, sabe que sdo excluidos, querem sair dela e de- senvolvem poténcia de ago para tanto; aos que se subjugam a exclu- so, sabem que sd excluidos, querem sair, mas afirmam que ndo po- dem; até os que falam que nao quetem sai da situagao atual, porque ela é boa. Serd que a afirmagao de nao querer sair da rua é experiéncia de l- berdade? Nao seria a revelag4o da ruptura psicolégica e social com a incluso? Ou o abandono do direito de sex dono de sua propria liberda- de, segundo expresso de Negri referindo-se a Espinosa (1993: 173)? ua cristalizagao de uma identidade negativa{PAUGAM, 1997)? Ova autorrepresséo de quem interiotiza téo profundaniente a servidéo e a miséria que j nem sequer sabe desejar umd coisa quando ela Ihe é oferecida (BAUDRILLARD, 1995: 219). Buscar essas respostas para orientar politicas puiblicas significa incorporar aos célculos econdmicos os cusios sociais e humanos das decisées econdmicas. Para colaborar com a obtengao das mesmas a Psicologia Social deve oferecer conceitos e teorias que permitam com- preender.0 subtexto dos discursos obtidos nas entrevistas, isto é, a bas¢ afetivo-volitiva tue os motiva. Interessa saber quais os ingredi- entes psicossociais que sustentam os discursos dos excluidos no pla- no intra ¢ intersubjetivo e o que custa a exclusdo a longo.prazo em ter- mos de softimento. Precisamos continuar pesquisando para conhecer o8 sentidos que 0s sujeitos do a suas experiéncias, os comportamentos que adotam emrelagéo asi e aos outros ¢ os sentimentos vivenciados no process. A poténcia de acao como objetivo da praxis da Psicologia Social frente a dialética exclusdo/inclusao ‘Tomando como referencia as reflexes anteriores, propomos a substituicéo dos dois conceitos centrais 4 praxis psicossocial cléssica, “conscientizagao” e “educacao popular”, pelo conceito de “poténcia, de ago” por causa do excesso de racionalidade, instrumentalizagao’e normatizagao a que aqueles foram aprisionados. Potencializar, como citado anterlormente, significa atuar, ao mesmo tempo, na configura- do da ago, significado e emogao, coletivas e individuais. Ele realca 0 14 papel positive das emogoes deixa de set fonte de desordem tivo do pensar e agir racionais, No livolV di capacidade do homem de ser afetado e 0 modo co nante & constituicao dos valores éticos, pois 0 a1 ma 6 0 afeto de que deriva (FERREIRA, 1997: 474). 8 6 a (inter)subjetividade face a face e também andnim: . mas de sociabilidade compuls6rla ou néo, a8 relagées intragrupais, mas também as relagdes virtuais e suas mediagdes que divulgam e le- gitimam significados ¢ valores ideolégicos. O conceito de poténcia faz critica a racionalidade contida no con- ceito de conscientizagao e de educagéo, mas mantém & ideia de rigor, de aprendizagem e de planejamento. Também une mente corpo, pois “tudo que aumenta ou diminui, favorece ou eprime a poténcia de agao do meu corpo, aumenta ou cia de pensar de minha mente" (ESPINOSA, 1957, livro I). Ao uni-las em uma mesma substAncia, coloca-as como forga que, enquanto tais, nao se definem apenas pelos encontros e choques ao acaso. Defi- nem-se por relagées entre as infinidades de afecgées memorizadas no corpo e na mente. Potencializar pressupée o desenvolvimento de valores éticos na for- ma de sentimentos, desejo e necessidades, para superar 0 softimento 6tico-politico, Segundo Espinosa, a ética s6 aparece no homem quando ele percebe que o que maior bem faz para o seu ser 6 um outro ser hu- mano. Dessa formna, o homem se toma ético em fungao dessa paixao. ‘Ao se introduzir a afetividade ea Ideia de poténcia de agéo na anali- se da exclusio e da servidao, na perspectiva espinosana, introduz-se também uma concepgéo de necessidade humana que transcende os vinculos biolégicos e as‘contingénoias, superando a dicotomia entre ética e necessidade. O homem da necessidade nao 6 antagénico ao ho- mem da ética, ¢ ndo é preciso superar um patamar mais alto de conforto -material para pensar ¢ agir eticamente, como sugerem algumas teorias, como ge fosse prociso ter bens para ser ético e ter sutilezas emocionais, Segundo Chaui, Espinosa sublinha que ¢ livre o que age por necessida- de de sua natureza e ndo por causalidade da vontade (1999: 81) Os moradores de rua demonstram empiricamente a tese de que o desejo e a ética nao esto atrelados as necessidades da espécie. Nao 115 jassa 0 subtexto de todo: jo de igualar-se, mas de distin- dos moradores de rua como biissola 1, aprendemos que é preciso associ- mento da exchisdo, uma de ordem ma- ica e outra de orclem afetiva e intersubjetiva (compreensiio € apreciacao do excluido na luta pela cidadania). A 1 estratéaia 6 de responsabilidade do poder piblico, a 2° depende de cada um de nés. Unindo essas duas dimensées, as politicas ptiblicas se humanizam, capacitando-se para responder aos desejos da alma ¢ do corpo, com sabedoria. Nessa perspectiva, a préxis psicossocial, quer em comuni- dads, empresas ou escolas, deve preocupar-se com 00 fortalecimen- to da legitimidade social de cada um pelo exercicio da legitimidade in- dividual, alimentando “bons encontios", com profundidade emocio- nal e continuidade no tempo, mas atuando no presente. A preocupa~ cao com a afetividade leva 0 psicSlogo social a encarar o presente como tempo fundante da exclusio, recusando o paradigma da reden- do, dominante nas teorias transformacoras, que remete ao futuro a realizago dos desejos ¢ da justia social, como se 0 presente fosse apenas aparéncia, © menosprezo do presente fez as ciéncias humanas esquece~ rem-se de que arte, a teligiao e a politica s40 exercidas no presente, & que este tem que ser olhado de forma capacitadora, cabendo ao psics- logo social evitar atividades que mutilam a sensibilidade, alimentam a passividade, limitam 0 conhecimento ¢ a teflexao critica no presente imediato. A preocupagaio com a potencializacao de ceda um e da coletivida~ de derruba a frontelra artificial entre a universalidade ética ¢ a particu laridade do desejo de cada um, ¢ a entre 0 coletivo e 0 individual, que sempre marcou a praxis psicossocial. 116 field do uma colotividade organizad tade comum a todos & mais poderosa do qu coletivo é produto do consentimento e nao do pa Quando a doenga da escravidio jé esta instalada, os ci cisam unir-se para alcangarem juntos um poder comum, pedir todos os excessos desproporcionais entre seus compo (BODEI, 1997: 37). Para auxiliar esse processo de emancipagao, a pra pode inspirar-se na terapia relativa as paix6es cont nosa, onde a alegria ocupa papel crftico seletivo, mens devem sempre ser determinados a agir por un mas nao qualquer alegria, s6 as positivas, sendo a pr pensar sem submisséo e afastar tudo o que nos causa medo gera superstigao. Isto implica que a préxis psicossocial relativa as pal comitantemente 4 potencializagéo da agdo e como cone ‘combater a miséria e a banalizacao do mal do outro, duas das d nagoes sociais mais poderosas da excluséo, no final do milénio. Enfim, introduzir a afetividade na anélise e na pratica de ‘tamento da exclusao € colocar a felicidade como critério de di Ge cidadania e do cuidado que a sociedade e o Estado tem para como seu cidadao, sem cair no excesso de negar as determinagoes est rais e juridicas, e enaltecer a estatizagéo individualista, promover enfraquecimento da politica e das agdes na esfera publica o ‘os homens em egos escravizados pela tirania do narci intimidade. Referencias bibliogréficas ARENDT, H. (1996). A vida do Rspitito: O pensar ~ Querer € 0 julgi Rio de Janeiro: Relume-Dumara. __( 1988 ), Da Revolugao. So Paulo/Brasilia: Atica/Ed da UNB. 17 RAUDRILLARD, J. (1996). Para uma critica da economia politica do signo, Rio de Janeiro: Eifos. 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S40 08 indlios ‘protegides’ em reservos, que S60 considerados inelut- Jos, apesor da autodestrvic6o. E, muito mois. Seré esta o democracio que almejamos? 'A Psicologia Social pode e deve entrar nesse debate para orientar ian pore além dos criterias econdmicos e NNT do cemprometendo-0s com a felicidade publica & Reflexdes instigantes nesta diregao € 0 ve © livro.” 7 Silvia Tatiana Maurer Lane AS ARTIMANHAS DA EXCLUSAO Andlise psicossocial e ética da desigualdade social 112 Edigao fina Carreteiro (© 100, Rditora Vorss L200, Toa Pri Lu, 100, ‘Tvs co ctoeresrvados. Numa parte desta cra pode er oproai o sins por qalqer fa eoa quaqer iets fetrricn cu mecinic, nando foots e ravagin ou arqaivaa em qunquer sera em poise esta da Bat, Dinetor editorial Fe Antnio Moser Eaivores ‘Raterago: Nobeto Coronel Garda joo ico: AGT Des. Grfco ISBN 7 86-925 2061-7 Dados Internavionais de Catalogacio na Publicagio (CIP) Cémata Brosiloiza do Livro, SP, Bra ‘Ap atimanias da exloso : ndizeplocssocal tion da dosigualdade oc / "Bone Sawai org). ~ 11. ed ~ Petri, RI: Voues, 2013, 1, Bycusto social 2, Marginaliade scl 8, Polnera~ Aspocice mort fe btcos 4 Psion soc T. Sawa, Bodor ona cop 38.5 Insoes para catalog sistemdtico: 1. Desai social: So 2058, 2. Matginaldede socal: Socologa 9055 aitado confame © novo acc rt wo fa compotoe impreso pela Hara Vous Lida Introdugao; Excluséo ou inclustio perverse? Bader Sawaia, 7 PRIMEIRA PARTE: Reflexes acerca do conceito de exclusio 1, Refletindo sobre 4 nogao de exclusdo Mariangela Belfiore Wanderley, 17 || - Um problema brasileiro de 500 anos (notas SHGUNDA PARTE: ‘Andlise psicossocial e ética da excluséo ~ Categorias analiticas 3, Os processos psicossociais da exclusiio Denise Jodelet, 95 4, O enfraquecimento @ a ruptura dos vinculos sociais ~ Uma dimenséo essencial do processo de desqualificagao social Serge Paugam, 69 6. "A doenga como projeto" ~ Uma contribuigao a anise de formas de afiliagdes e desailliagées sociais ‘Tereza Cristina Carreteizo, 89 6. 0 softimento ético-politico como categoria de anélise da dialética exciuséo/inclusao Bader Sawala, 99 7, Identidade ~ Uma ideologia separatista? Bader Sawaia, 121 . 8, A violéncia uthana e a exclusdio dos jovens Silvia Leser de Melio, 131

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